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soja e milho

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Prévia do material em texto

CADEIAS 
PRODUTIVAS DA 
SOJA E DO MILHO
Professor Me. Julyerme Matheus Tonin
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdos
Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Coordenador de Conteúdo
Silvio Silvestre Barczsz
Supervisão de Projetos Especiais
Daniel F. Hey
Design Educacional
Camila Zaguini Silva, Fernando Henrique Mendes, 
Nádila de Almeida Toledo, Rossana Costa Giani 
Iconografia
Amanda Peçanha dos Santos
Ana Carolina Martins Prado
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Editoração
Humberto Garcia da Silva 
Qualidade Textual
Hellyery Agda
Ana Paula da Silva, Keren Pardini
Ilustração
Humberto Garcia da Silva, Nara Emi Tanaka Yamashita, 
Robson Yuiti Saito
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; TONIN, Julyerme Matheus.
 Cadeias Produtivas da Soja e do Milho. Julyerme Matheus 
Tonin. 
 Reimpressão - 2018.
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016.
 158 p.
 “Graduação - EaD”.
 
 1. Cadeias Produtivas. 2. Soja. 3. Milho. 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-8084-839-7
CDD - 22 ed. 338
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo 
competências e habilidades, e aplicando conceitos 
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais 
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos 
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser 
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente 
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de 
professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Professor Me. Julyerme Matheus Tonin
Mestrado em Economia Aplicada, pela Universidade Federal de Viçosa, 
Brasil (2009). Professor Assistente TIDE (Efetivo) da Universidade Estadual de 
Maringá, Brasil.
A
U
TO
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SEJA BEM-VINDO(A)!
Olá, caro(a) aluno(a)! Bem-vindo(a) ao livro da disciplina de CADEIAS PRODUTIVAS DE 
DA SOJA E DO MILHO. Sou o Professor Julyerme Matheus Tonin, fui o autor deste livro, 
e vou brevemente apresentar o conteúdo feito especialmente para você, disponível ao 
longo de cinco unidades. 
Antes de apresentar cada etapa da nossa análise, cabe destacar que o tema apresentado 
neste material vai ao encontro de uma grande preocupação da atualidade: a constante 
busca por informações sobre as cadeias produtivas, o entendimento do seu funciona-
mento e gestão. Então, eu pergunto: quem não tem um amigo, familiar ou conhecido 
que tira o seu sustento do meio rural? 
No dia a dia dos produtores rurais, estão sempre presentes preocupações como: cortar 
custos, aumentar a produtividade, incorporar novas áreas de lavoura, reduzir os des-
perdícios, buscar a capacitação para melhorar o gerenciamento da atividade e vender 
melhor a produção. E quanto à comercialização, as preocupações não se resumem a que 
preço será vendido o produto. Tanto os produtores rurais quanto os demais envolvidos 
com as atividades agrícolas necessitam constantemente de informações sobre a produ-
ção, consumo, estoques, preços, barreiras comerciais, subsídios, entre outros aspectos.
É nesse momento, caro(a) aluno(a), que você desempenha um importante papel, o de 
desvendar como funciona e o que influencia uma determinada cadeia produtiva, bem 
como o de desenvolver a capacidade de planejar cenários e vislumbrar o comportamen-
to do preço de diversas commodities, fatores esses que se constituem em grandes vanta-
gens competitivas para os produtores, as instituições e os profissionais que atuam nessa 
área. Segue, então, uma breve introdução das informações disponíveis nesse material. 
Na INTRODUÇÃO, fazemos uma contextualização histórica da evolução da agricultura 
brasileira e sua trajetória até os dias atuais, mostrando as principais fases pelasquais o 
setor passou, para chegar ao nível atual, com amplos complexos produtivos que aten-
dem tanto ao mercado doméstico como ao mercado exterior. Inclusive, destaca-se a 
“Revolução Verde”, processo de evolução global da produção agropecuária, que teve 
uma série de repercussões sobre o Brasil.
Nesse contexto, busca-se evidenciar a evolução no campo teórico, com a introdução do 
termo agronegócio. Nas últimas décadas, uma série de terminologias foi utilizada, como 
cadeias produtivas, complexos agroindustriais, sistemas agroindustriais, supply chain 
etc. Apesar de tratar do mesmo problema, essas abordagens têm espaços de análise 
distintos e, desse modo, buscamos evidenciar essas diferenças. 
Como consequência dessa abordagem histórica, encerramos essa primeira unidade 
com um diagnóstico da situação atual, apresentando alguns fatores que explicam as 
potencialidades e vantagens do nosso agronegócio e, de outro lado, os gargalos, ou 
seja, os problemas e questões que ainda precisam ser equacionados. No campo teórico, 
fechando a unidade 1, discutimos a questão do novo rural, em que o espaço físico entre 
campo e cidade torna-se cada vez mais difícil de visualizar, pois muitas são as conexões 
entre esses espaços.
APRESENTAÇÃO
CADEIAS PRODUTIVAS DA SOJA E DO MILHO
APRESENTAÇÃO
A unidade 2 aborda o mercado do milho, especificamente no contexto externo, ou 
seja, as variáveis macroeconômicas associadas ao mercado mundial de milho, que 
tem repercussão sobre a formação de preços no mercado doméstico. Nessa unida-
de, são apresentadas informações sobre os principais países produtores, consumi-
dores, exportadores e importadores de milho. Inicia-se com a história do milho, sua 
importância em termos de segurança alimentar e, mais recentemente, energética. 
Posteriormente, apresentam-se os elementos que compõem a cadeia produtiva do 
milho. 
Nessa unidade, pretende-se apresentar um panorama atual do mercado mundial 
do milho, mas não apenas isso, com uma série histórica, desde a década de 1960, 
buscou-se também contar a história recente dessa cultura, enfatizando as principais 
transformações que ocorreram. Então, temas como a lei agrícola norte-americana 
e a destinação de milho para a produção de etanol também são debatidos nesse 
contexto.
Em seguida, partimos para a análise do mercado interno do milho. Nessa unidade, 
busca-se captar os efeitos das principais transformações no mercado externo e suas 
repercussões no mercado interno. Para o milho, são diagnosticados dois fenôme-
nos: o deslocamento temporal e o deslocamento espacial, em que se busca avaliar 
os desdobramentos desses efeitos ao longo das últimas décadas. Nessa unidade, 
é realizado também o acompanhamento da área plantada, da produtividade, do 
consumo e da disponibilidade interna de milho.
Na sequência, você tem acesso às mesmas análises, agora para a soja. A unidade 4, 
semelhante ao que a unidade 2 foi para o milho, conta a história da soja e apresenta 
os componentes da cadeia produtiva da soja. No mercado externo, busca-se fazer 
um balanço da oferta e demanda desse produto. E, dado o crescente dinamismo das 
exportações, demonstra-se como a soja vem ocupando espaço, ao compará-la com 
outros produtos.
Para a soja, o destino das exportações mundiais, especificamente as exportações 
brasileiras, é importante, de modo que, nessa unidade, parte-se para essa análise. 
Sendo que essa abordagem abre espaço para a discussão de um tema não menos 
importante, que é a atuação da China e o fato que ficou conhecido como embargo 
chinês.
Por fim, na unidade 5, a temática é o mercado interno da soja. Juntamente com a 
expansão da soja, discute-se a expansão das fronteiras agrícolas no Brasil. E apro-
veita-se para demonstrar a grande transformação que ocorreu no mapa agrícola 
brasileiro desde a década de 1960. Como a tropicalização da soja tornou o cerrado 
brasileiro uma vasta área apta ao cultivo dessa cultura. E para finalizar a nossa aná-
lise, aspectos como área, produção e produtividade também são abordados, assim 
como a questão dos custos de produção em distintas regiões e, da mesma forma, a 
questão ambiental não poderia ser deixada de lado na análise desse pujante setor 
da economia brasileira.
APRESENTAÇÃO
09
Cabe ressaltar que, para o aprofundamento nos temas propostos nesse material, 
faz-se necessário que vocês recorram aos diversos autores citados na bibliografia, 
bem como às demais obras indicadas, como leituras complementares, além das 
páginas eletrônicas apresentadas neste material. No corpo de cada parte deste 
material, você encontrará momentos de reflexões denominados REFLITA e SAIBA 
MAIS. Esses são recursos didático-pedagógicos que, como o próprio nome sugere, 
permitirão reflexão com mais calma e com maior profundidade científica sobre os 
subtemas apresentados. Tais recursos propiciarão novas avaliações, estimulando a 
pesquisa em outras fontes além deste livro.
Além disso, você observará que, na indicação da reflexão, será exigida uma breve 
composição sobre o assunto. Essa reflexão estará contextualizada dentro de uma 
problemática que, por sua vez, estará sintetizada por meio de uma pergunta. Assim, 
o questionamento é para nortear o início da sua escrita, podendo ser utilizado como 
pergunta central. Enfim, e para atingir os desafios propostos nesta disciplina, reforço 
a indicação das leituras complementares, além das referências que se encontram 
no final deste material, que serão de grande valia para você, e desejo-lhe boa sorte, 
bons estudos e muito êxito profissional.
Não se preocupe, a ideia aqui é despertar o interesse, pois as dúvidas que surgirem 
são um dos componentes essenciais do processo de aprendizagem, e vou me es-
forçar para sanar essas dúvidas durante as aulas ao vivo. Além do mais, neste livro, 
além de se apresentar os conceitos, buscou-se indicar o “caminho das pedras”, apre-
sentando os principais institutos de pesquisa e como obter as informações que são 
o insumo básico da nossa análise.
Muitos tópicos abordados neste material são alvo de diversas pesquisas empíricas. 
Então, não deixe de consultar as referências bibliográficas deste livro (referências 
que vão desde uma abordagem inicial até alguns aspectos avançados). Enfim, o 
conteúdo deste material foi dosado tanto para instruir quanto para instigar e esti-
mular a busca por novos conhecimentos.
Conto com sua atenção nesta caminhada. Espero que a troca de conhecimentos, 
informações e experiências seja útil para o conhecimento desse importante setor 
da economia brasileira. Bom estudo!
Professor Me. Julyerme Matheus Tonin
SUMÁRIO
11
UNIDADE I
CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES
17 Introdução
19 Trajetória da Agricultura Brasileira 
23 Modernização da Agricultura 
26 Definição de Agronegócio e Cadeias Produtivas 
33 Contexto Atual da Agricultura: Desafios e Oportunidades 
39 O que é ou em que Consiste uma Commodity? 
47 Considerações Finais 
UNIDADE II
COMMODITY AGRÍCOLA - MILHO NO MERCADO EXTERNO
53 Introdução
53 Considerações Iniciais sobre o Milho 
59 Apresentação da Cadeia Produtiva do Milho 
64 Panorama da Produção Mundial de Milho 
70 Comércio Mundial de Milho 
73 Balanço da Oferta e Demanda de Milho 
78 Considerações Finais 
SUMÁRIO
UNIDADE III
COMMODITY AGRÍCOLA - MILHO NO MERCADO INTERNO
85 Introdução
86 Mercado de Milho no Brasil 
88 Deslocamento Espacial e Temporal da Produção de Milho 
92 Principais Estados Produtores de Milho 
97 Termos de Troca na Produção de Milho 
101 Considerações Finais 
UNIDADE IV
COMMODITY AGRÍCOLA - SOJA NO MERCADO EXTERNO
107 Introdução
108 Soja: Considerações Iniciais 
110 Apresentação da Cadeia Produtiva da Soja 
114 Panorama da Produção Mundial de Soja 
120 Comércio Mundial de Soja 
121 Atuação daChina no Comércio da Soja 
127 Considerações Finais 
SUMÁRIO
13
UNIDADE V
COMMODITY AGRÍCOLA SOJA NO MERCADO INTERNO
133 Introdução
134 Novas Fronteiras Agrícolas 
137 Produção de Soja no Brasil 
142 Soja Orgânica 
143 Considerações Finais 
147 Conclusão
153 Referências
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Professor Me. Julyerme Matheus Tonin
CONSIDERAÇÕES BÁSICAS 
SOBRE COMMODITIES
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Analisar os aspectos históricos que contribuíram para que a 
agricultura atingisse o estágio recente de desenvolvimento.
 ■ Definir as terminologias empregadas como agronegócio, complexo 
agroindustrial e cadeia produtiva.
 ■ Analisar as potencialidades do Brasil para produção de commodities.
 ■ Entender o que vem a ser uma commodity.
 ■ Identificar os padrões de medidas utilizados no mundo.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Trajetória da agricultura brasileira
 ■ Definição de agronegócio e cadeias produtivas
 ■ Contexto Atual da Agricultura: desafios e oportunidades
 ■ O que é ou em que consiste uma commodity?
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina sobre as Cadeias Produtivas 
de Soja e Milho. O processo de reconfiguração do espaço econômico mundial, 
protagonizado pelos avanços na informática e telecomunicações, estreitou a 
relação entre as diferentes partes do globo, fazendo com que as turbulências nas 
economias de países desenvolvidos fossem sentidas com maior intensidade no 
mercado doméstico. Nesse sentido, torna-se um grande desafio estudar essas 
cadeias produtivas, que são suscetíveis aos reveses do comércio, às intempéries 
climáticas e às adversidades de todos os gêneros. O desafio se agiganta quando 
trazemos ao centro do debate a busca por um crescimento sustentável, ambien-
talmente correto e economicamente viável.
Em mercados competitivos e complexos como os de commodities, ter a capa-
cidade de planejar cenários e vislumbrar o comportamento do preço em cada um 
deles constitui-se em uma grande vantagem competitiva para as instituições e 
para os profissionais que atuam nessa área. A competitividade no agronegócio 
mundial cria a necessidade de entender como funciona a inter-relação entre os 
agentes envolvidos em uma cadeia produtiva. No caso das cadeias produtivas 
estudadas, é necessário entender a atuação dos principais players no contexto 
internacional, como a China, que afeta o preço dessas commodities, e os Estados 
Unidos, que reconfiguraram o mercado do milho, destinando uma parcela sig-
nificativa desse cereal para a produção de etanol. 
É nesse momento, caro(a) aluno(a), que você desempenha um importante 
papel, o de desvendar a sistemática de funcionamento das diferentes cadeias pro-
dutivas e como ocorre a interação entre os agentes que a compõem, bem como 
desenvolver a capacidade de planejar cenários e vislumbrar o comportamento 
do preço de diversas commodities, fatores esses que se constituem em grandes 
vantagens competitivas para os produtores, as instituições e os profissionais que 
atuam nessa área.
Nosso objetivo principal é a disseminação de informações sobre os prin-
cipais fatores que afetam importantes setores do agronegócio brasileiro, a soja 
e o milho. Primeiramente, abordaremos os conceitos de agronegócio, com-
plexo agroindustrial e cadeia produtiva, para entender o espaço analítico de 
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Introdução
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CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I
cada um deles. Posteriormente, apresenta-se a cadeia produtiva da soja e do 
milho. Assim, você ficará sabendo da situação da cultura no contexto inter-
nacional e no mercado interno, do plantio à comercialização, bem como de 
aspectos relacionados à formação de estoques, comportamento do consumi-
dor e perspectivas de mercado.
Em um mundo globalizado como o nosso, a ameaça do esgotamento dos 
recursos naturais, a crescente poluição ambiental, a descapitalização dos agri-
cultores e uma série de outros fatores afetam os sistemas agroindustriais da 
soja e do milho. 
Antes de abordar diretamente os conceitos e aspectos relacionados às cadeias 
produtivas da soja e do milho, optei por fazer uma breve revisão histórica da agri-
cultura brasileira, elencando as transformações e fatos históricos que explicam 
ou contribuíram para que a agricultura atingisse o estágio de desenvolvimento 
em que se encontra. Nesse contexto, o próprio papel da agricultura e o enten-
dimento da sua importância para a economia como um todo foi revisto, com 
o conceito de agronegócio. A relação entre campo e cidade também não é tão 
simples como parece, pois existem grandes interações entre esses dois espaços, 
sendo que essas interações são retratadas pelo conceito de novo rural.
Os condicionantes históricos também foram responsáveis pelos atuais gargalos 
existentes, que reduzem a competitividade da nossa agricultura, principalmente 
no que tange à questão logística. Porém, demonstra-se que o atual estágio da 
agricultura brasileira é repleto de desafios e oportunidades. Assim, acredito que 
a base para o sucesso passa pela correta tomada de decisão de futuros agentes 
e gestores, como você, que podem atuar em atividades relacionadas com essas 
cadeias produtivas.
Ademais, será apresentado, nesta unidade, o conceito de commodity, demons-
trando que o presente estudo busca entender a soja e o milho como commodity 
e não como cultura. Ou seja, serão avaliados pontos, como: produção, consumo, 
estoque, comércio da soja do ponto de vista econômico, isto é, como esses fato-
res afetam a oferta e demanda do produto e, consequentemente, os preços e não 
aspectos agronômicos realizados ao desenvolvimento da cultura.
Bom estudo!
Prof. Me. Julyerme Matheus Tonin
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Trajetória da Agricultura Brasileira
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TRAJETÓRIA DA AGRICULTURA BRASILEIRA
O desenvolvimento da agricultura brasileira está diretamente ligado ao pro-
cesso de formação econômica do Brasil. A pujança dos modernos complexos 
agroindustriais, a liderança na exportação de diversos produtos agroalimenta-
res e a utilização de tecnologia de ponta em diversos segmentos fazem parte da 
história recente do meio rural brasileiro, mas nem sempre foi assim. Homem 
de Mello (1979) destaca que esse desenvolvimento foi profundamente marcado, 
entre outras razões, pela herança colonial da economia brasileira, alicerçada na 
grande propriedade, e pela lucratividade das monoculturas de exportação.
Nesse ínterim, Espírito Santo (2001) destaca que, durante um período dema-
siadamente longo, a base do nosso agronegócio esteve fundada nas culturas do 
açúcar e do café, voltadas para a exportação, período esse retratado como o perí-
odo dos ciclos produtivos. Isso ocasionou dois grandes problemas: estreiteza da 
base exportadora, ou seja, poucos itens para garantir as divisas do país, e demora 
na formação de seu mercado interno, com atraso da ocupação do interior do país. 
A concentração fundiária e a monocultura causaram uma série de impactos na 
modernização agropecuária do Brasil, que, conforme Graziano da Silva (1981), 
pode ser classificada como “modernização dolorosa”, uma vez que foi lenta e res-
trita, privilegiando algumas regiões, produtores, produtos e fases da produção.
CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penale Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I
A respeito do papel desempenhado pelo agronegócio na ocupação do país, 
Espírito Santo (2001) destaca: 
A epopéia da conquista de região tão extensa está e continuará acon-
tecendo, sendo levada adiante por uma gente aguerrida, que, obstina-
damente, está escrevendo uma das páginas mais marcantes da história 
econômica mundial contemporânea. O complexo de subdesenvolvi-
mento tem nos induzido a enaltecer epopéias de outros países, como a 
do oeste norte-americano (ESPÍRITO SANTO, 2001, p. 23).
Assim, foram-se praticamente quatro séculos de histórias, em que o objetivo da 
coroa portuguesa de ocupação geográfica e econômica do seu território foi moro-
samente se concretizando. Somam-se, nesse contexto, as contribuições históricas 
dos heroicos bandeirantes, dos imigrantes e dos migrantes que cruzaram o país, 
no sentido sul-norte, contribuindo para a expansão da fronteira agrícola. A dis-
ponibilidade de terras agricultáveis e as condições edafoclimáticas adequadas 
foram motivadoras desse processo, enquanto a tecnologia arcaica e a infraestru-
tura precária foram as principais dificuldades enfrentadas.
Em meados do século XX, a sociedade brasileira vivenciou um amplo pro-
cesso de transformação cultural, econômica e social, com a intensificação do 
processo de industrialização que repercutiu em transformações no campo e 
na cidade. Nesse contexto, Graziano da Silva (1996) destaca que houve uma 
ruptura na dinâmica da agricultura, com a crise de 1929, com a ampliação do 
mercado interno, dada a intensificação da urbanização e o início do processo 
de industrialização. Porém, segundo o autor, o processo de transformação da 
agricultura, baseado no aumento das áreas cultivadas, perdurou até o final 
da década de 1960. 
Nesse contexto, Suzigan (1974) acrescenta que o período conhecido como 
Grande Depressão (pós-crise de 1929) marca a ruptura do modelo primário-
-exportador (ciclos do café, da cana, da borracha, do cacau, entre outros). No 
modelo de desenvolvimento inaugurado a partir de então, o setor exportador 
perde a característica de determinante do crescimento da renda interna, para se 
tornar estratégico na geração de capacidade de importar bens de capital, essen-
ciais para o investimento na indústria de transformação. Inicia-se, assim, um 
amplo processo de industrialização da economia brasileira capitaneado pelo 
Estado envolto por uma áurea nacionalista. 
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Trajetória da Agricultura Brasileira
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Nesse cenário, reconheceu-se o papel da agricultura, a qual deveria 
desempenhar uma série de funções que ficaram conhecidas como funções 
“clássicas” da agricultura. Nesse âmbito, Johnston e Mellor (1961) desta-
cam essas funções: 
 ■ Transferência de recursos produtivos, força de trabalho do setor agrí-
cola para o setor não agrícola e contribuição para a formação de capital. 
 ■ Criação de mercado para os produtos industriais. 
 ■ Geração de divisas por meio de saldos na balança comercial. 
 ■ Produção de matérias-primas e alimentos.
Porém, com a consagração da produção industrial, também cresceu o menos-
prezo pela produção agrícola. Espirito Santo (2001) ressalta que, para a época, 
“o bom desafio era tentar produzir o mesmo que os europeus”, e não só isso, 
“deveríamos ser como eles, sofisticados e urbanizados, e não rurícolas e pobres, 
a dedicar-se à atividades nada nobres como a criação ou a lavra da terra”. A obra 
literária de Monteiro Lobato, com o estereótipo do “Jeca Tatu”, demonstra a visão 
da época do setor agropecuário.
Com a intensificação do crescimento dos setores industrial e de serviços, 
a partir da década de 1940, o modelo de produção agropecuária de baixa tec-
nologia, vigente naquela época, passa a ter dificuldades em atender a demanda 
crescente por produtos agropecuários. Esse aumento da demanda é resultado 
da migração de pessoas do campo para os centros urbanos, as quais deixam de 
produzir e passam a demandar alimentos, fato que gerou uma pressão para a 
modernização da agricultura.
Com o fim da 2ª Guerra Mundial, criou-se um cenário adverso para o setor 
agrícola, com preços elevados, escassez de mão de obra, redução do comércio 
mundial etc. A solução foi o aumento da produtividade via incorporação de 
inovações tecnológicas do pós-guerra. O resultado foi a aceleração do processo 
de mecanização, utilização de fertilizantes e calcários, empregos de variedades 
melhoradas, adoção do milho híbrido, entre outros exemplos. 
Para Graziano da Silva (1996), no período pós-guerra, empreendeu-se um 
amplo esforço para importação de tratores e fertilizantes, buscando um aumento 
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Reprodução proibida. A
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de produtividade dos produtos agrícolas. Com isso, intensificaram-se as transfor-
mações na agropecuária brasileira, com a incorporação crescente de capital no 
processo produtivo, provocando transformações na base técnica e nas relações 
de produção. Homem de Mello (1979) argumenta que o setor agrícola, que era 
negligenciado pelas políticas públicas até então, passa a usufruir de um aporte de 
recursos provenientes de programas intervencionistas do governo, como recur-
sos subsidiados, preços mínimos e seguro rural. 
Entretanto, segundo Santos (1988), o desenvolvimento e implementação 
de novos processos produtivos na agropecuária foram dificultados pela estru-
tura fundiária das décadas de 1950 e 1960, caracterizadas pela presença de duas 
estruturas produtivas: 
 ■ Latifúndios administrados sem a preocupação com a busca de maximi-
zação de lucros, ou seja, em muitos casos, a posse de grandes extensões 
de terra era meramente especulativa, para manter o valor das riquezas 
com o decorrer do tempo. 
 ■ Minifúndios cujos produtores estavam mais preocupados com o atendi-
mento das próprias necessidades de alimentos do que com o mercado. 
Enfim, para Santos (1988), o processo de modernização só foi consolidado com 
maior intensidade a partir de 1970, quando foram implementadas políticas dire-
cionadas à elevação do nível tecnológico do setor.
Ainda analisando as principais transformações na década de 1960, Pereira 
(1999) ressalta que, a partir de 1965, tornou-se indispensável aumentar a produ-
tividade da agropecuária e isso não seria possível com os instrumentos existentes. 
Surgiu, então, a necessidade de investimentos elevados para a adoção de novos 
processos produtivos que possibilitassem a expansão da produção brasileira. 
Dessa necessidade, surgiu a iniciativa do Governo, com a criação do Sistema 
Nacional de Crédito Rural (SNCR), que marca o início da fase conhecida na 
literatura como
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Como a estrutura agrária não apresentou avanços, não existia uma classe dinâ-
mica de pequenos produtores capazes de absorver avanços tecnológicos, visto 
que não tinham, à época, nível de escolaridade suficiente. Assim, as políticas de 
aumento da produtividade foram implementadas apenas por grandes e médios 
produtores, os únicos em condições de se adequarem ao processo de inovação.
Desse modo, as políticas sugeridas pelo Governo eram de curto prazo, como 
preços mínimos, crédito e assistência técnica, políticas que beneficiavam apenas 
grandes e médios produtores, e mantinham a estrutura agrária vigente e apoiada 
em vultosos subsídios. Nessas condições, iniciou-sea ampliação do uso da meca-
nização, de fertilizantes, defensivos agrícolas e outros insumos, o que viabilizou 
a utilização de grandes áreas em uma mesma propriedade e permitiu a expan-
são de culturas de larga escala, como a soja, o milho, o trigo e a cana-de-açúcar. 
A modernização da agropecuária brasileira foi simultânea à tendência mundial 
de uso intensivo de insumos industriais poupadores de terra e trabalho nos proces-
sos produtivos desse setor, transformação que ficou conhecida como Revolução 
Verde. Nesse sentido, estava em curso um amplo processo de modernização da 
agricultura brasileira, com a transformação da base técnica da produção agropecu-
ária e com a adoção de um pacote tecnológico, preconizado pela Revolução Verde.
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Enfim, a Revolução Verde resultou em um novo modelo tecnológico de 
produção agrícola, caracterizado principalmente pela combinação de insumos 
químicos (fertilizantes, defensivos agrícolas), mecânicos (tratores e implementos) 
e biológicos (sementes híbridas e, posteriormente, melhoradas geneticamente). 
Em outras palavras, insumos químicos industrializados, mecanização agrícola 
e a adoção de variedades adaptadas às distintas regiões brasileiras são os traços 
marcantes da Revolução Verde.
Estados Unidos e países europeus foram 
pioneiros na incorporação de tecnologia 
na produção agrícola. Desde meados do 
século XIX, existem máquinas a vapor 
substituindo a força humana na agricul-
tura na Europa. Em 1914, os Estados Uni-
dos desenvolveram e difundiram a utili-
zação do milho híbrido. Porém, ao final 
da segunda guerra mundial, o modelo 
tecnológico de produção agrícola, já con-
solidado nos Estados Unidos, começou a 
se propagar para os demais países, o que 
ficou conhecido como Revolução Verde. 
A justificativa para a difusão desse mo-
delo de produção agrícola baseava-se no 
argumento de proporcionar a solução para a erradicação da fome no mundo. 
Objetivo atingido com sucesso, dado que a produção mundial mais do que 
dobrou no período compreendido entre as décadas de 1960 e 1990. 
O cientista Norman Borlaug ficou conhecido como o pai da revolução verde 
e recebeu o prêmio Nobel da Paz, em 1970, por suas contribuições.
Para obter informações adicionais, consulte: 
ALBERGONI, L.; PELAEZ, V. Da revolução verde à agrobiotecnologia: ruptura 
ou continuidade de paradigmas? Revista de Economia, v.33, n.1 (ano 31), 
jan./jun. 2007.
http://mikejackson1948.files.wordpress.
com/2012/03/norman-borlaug.jpg
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A partir da década de 1990, a agricultura brasileira atinge um novo estágio 
de desenvolvimento, com a abertura de mercado e a crise fiscal do Estado, 
sendo que esse cenário provocou a falência do modelo intervencionista 
adotado. Diante do esgotamento da tradicional política agrícola, o governo 
iniciou um conjunto de movimentos que, sistematicamente, modificou a 
atuação do poder público no setor agropecuário. Nesse sentido, as interven-
ções do Governo se voltaram para a solução dos problemas conjunturais, em 
uma visão de curto prazo, com medidas inconsistentes no longo prazo e, por 
vezes, incoerentes entre si.
Espera-se, portanto, que, no estágio atual de desenvolvimento rural e 
em um ambiente de estabilidade econômica, existam grandes heterogenei-
dades inter e intrarregionais, seja em termos de desenvolvimento agrícola, 
seja em termos de diferenças na absorção de tecnologia ou no nível de inte-
gração aos mercados, cada vez mais globalizados. Esse breve diagnóstico do 
setor agropecuário e agroindustrial, regido pelas leis de mercado, mostra um 
setor amplo e diverso, sendo que o Brasil desfruta de uma posição privile-
giada no contexto internacional.
É nesse ambiente de transformação que estudaremos duas das principais 
cadeias produtivas da agricultura brasileira e paranaense – as cadeias produtivas 
de soja e milho. Porém, inicialmente, faz-se necessário elencar alguns aspectos 
que são comuns a todas as cadeias produtivas e explicam o sucesso da agricul-
tura brasileira – o que eu chamo de potencialidades e também alguns pontos 
que afetam negativamente esses modernos complexos produtivos – os entraves 
ou gargalos.
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DEFINIÇÃO DE AGRONEGÓCIO E CADEIAS 
PRODUTIVAS
Concomitantemente às mudanças no cenário econômico, ocorreram mudanças no 
enfoque acadêmico, tanto na análise da questão do desenvolvimento rural quanto 
na análise da importância do setor na economia. Primeiramente, abordaremos a 
noção moderna de desenvolvimento rural, ressaltando as transformações recen-
tes e, posteriormente, definiremos terminologias, como: agronegócio, sistema 
agroindustrial, complexo agroindustrial e cadeias produtivas, para depois apre-
sentar a contribuição de Davis e Goldberg, com a criação do termo agronegócio.
Para Veiga (1997), termos como desenvolvimento social ou desenvolvimento 
humano foram utilizados, além de alguns cortes setoriais e espaciais, como agrí-
cola, industrial, florestal, pesqueiro, turístico ou rural, urbano, costeiro etc., 
mostrando a multiplicidade de aspectos que o desenvolvimento abarca. Ainda 
segundo o autor, o desenvolvimento rural é parte integrante de uma única dinâ-
mica sistêmica de desenvolvimento. Seguindo o enfoque de Johnson e Clark 
(1982), o desenvolvimento rural está assentado na modernização agrícola, na 
disponibilização de serviços sociais e em programas organizacionais para melho-
rar as habilidades gerenciais e a infraestrutura institucional. 
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Nesse sentido, ao analisar a política agrícola europeia, Estrada (2005) denota 
que a concepção “restringida” de desenvolvimento agrícola está sendo superada, 
sendo que o desenvolvimento rural tem que ser visto de forma integrada e multi-
funcional, tentando integrar a concepção agrária e territorial com novas noções 
de sustentabilidade, eficiência e competitividade, a fim de dinamizar todos os 
recursos existentes nas comunidades rurais. Com o avanço das preocupações 
ambientais nas últimas décadas, emergiu, em meados dos anos 1980, uma visão 
mais totalizante de desenvolvimento sustentável, articulada pelo tripé econô-
mico-social-ambiental. Essa noção foi inserida em âmbito global pelo Relatório 
Bruntland1 e definitivamente consagrada pela Agenda 21, lançada no encon-
tro RIO-92.
Enfim, a importância do desenvolvimento rural foi evidenciada pelo relatório 
do Banco Mundial (2002), que constata que não se pode pensar em desenvolvi-
mento econômico se não estiver presente o desenvolvimento rural. 
Na literatura sobre o tema, é atribuída a Hayami e Ruttan (1988) a tenta-
tiva de se construir, de forma abrangente, uma teoria de desenvolvimento rural, 
com o reconhecimento de caminhos múltiplos nesse processo. Para os autores, 
as mudanças técnicas, sejam elas de cunho mecânico ou de cunho químico-
biológico, são consideradas endógenas ao sistema produtivo. Para os autores, as 
mudanças de cunho mecânico são impulsionadas, em geral, pela substituição 
do fator mão de obra, devido à sua relativa escassez, ao passo que inovações de 
cunho químico-biológico são estimuladas, em geral, com o objetivo de substi-
tuir o fator terra.É a disponibilidade de cada um destes fatores (mão de obra e terra) que 
estimula a sociedade a trilhar seu caminho “inovativo” por um destes proces-
sos (mecânico ou químico-biológico). Nesse sentido, Hayami e Ruttan (1988) 
destacam que o desenvolvimento agrícola é fruto da interação de diversos fato-
res, de cunho inovativo ou institucional, sendo que o desenvolvimento pode ser 
explicado por um Modelo de Inovações Induzidas.
1 Relatório produzido em 1987 pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, teve como 
uma de suas principais recomendações a realização de uma conferência mundial para direcionar os 
assuntos ambientais – o que culminou com a Rio-92.
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Para os autores, para que esse Modelo de Inovações Induzidas funcione, é 
necessário que o sistema de preços vigente reflita a real condição das forças de 
oferta e demanda dos fatores de produção. Além disso, é necessário que as ins-
tituições sejam aprimoradas, para que o desvio do foco dessas instituições não 
priorize apenas alguns membros integrantes da cadeia produtiva, gerando, assim, 
um viés no que seria o padrão tecnológico adequado a cada região.
Destacado o caráter multidimensional do conceito de desenvolvimento, é 
necessário avaliar a importância do setor agrícola nesse contexto. Historicamente, 
a literatura sobre o tema apresentava a economia dividida em três setores: setor 
primário – o qual está relacionado com a exploração de recursos da natureza 
(agricultura, mineração, pesca, pecuária e extrativismo), setor este que fornece 
a matéria-prima para a indústria de transformação; setor secundário – respon-
sável pela transformação das matérias-primas, termo empregado historicamente 
para definir o setor manufatureiro; e o setor terciário – setor de serviços, por 
exemplo, alimentação, comércio, educação, informática, saúde, seguros, trans-
porte, telecomunicações, turismo etc.
Kon (1999) destaca que essa terminologia (primário, secundário e terciário) 
foi introduzida por Fisher em 1935. Com a inclusão do setor terciário na análise, 
destaca-se a preocupação com o bem-estar social, além da preocupação com as 
atividades essenciais para a sobrevivência. Para o autor, uma economia desen-
volvida, denominada sociedade pós-industrial, seria a sociedade em que o setor 
de serviço fosse dominante, o mais representativo.
Essa classificação não captava a real importância do setor agropecuário para 
a economia como um todo. Com a visão sistêmica de Davis e Goldberg (1957), a 
definição de agronegócio conseguiu captar as inter-relações entre a agropecuária 
e a agroindústria. Na Tabela 1, pode-se verificar que, em 2011, contabilizando a 
agricultura e pecuária, em termos de atividade primária, a agropecuária repre-
senta apenas 6,38% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Mas, levando em 
conta o caráter sistêmico dessas atividades, o agronegócio passa a representar 
22,15% do PIB. 
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Tabela 1: Participação do Agronegócio no PIB Brasileiro de 1994 a 2011
Fonte: Elaborada com base em CEPEA/ESALQ (2012)
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Em termos absolutos, o agronegócio é responsável por R$ 917,65 milhões, 
dos R$ 4.143,01 milhões do atual PIB brasileiro. Ou seja, não reconhecer os 
efeitos da produção agropecuária e seus desdobramentos nos demais setores 
relacionados seria o mesmo que se esquecer de computar na conta do PIB o 
correspondente a 1/5 do seu valor. Com essa abordagem sistêmica, a comer-
cialização de produtos agropecuários e agroindustriais passa a ser analisada 
da ótica da cadeia agroindustrial, aumentando assim a amplitude e a impor-
tância da comercialização.
O estudo do agronegócio pode ser compreendido a partir de diferentes 
perspectivas teóricas. Para Mendes e Padilha (2007), o estudo dos aspectos 
relacionados ao agronegócio pode ser dividido em duas metodologias de aná-
lise distintas. Embora destoem quanto ao tempo e local de origem, essas duas 
metodologias guardam entre si muitos pontos em comum, principalmente, a 
abordagem sistêmica empregada.
A primeira corrente retrata as contribuições dos professores Ray Goldberg 
e John Davis da Universidade de Harvard, que criaram o termo agronegócio2, 
e, posteriormente, em um trabalho de Goldberg3 tem-se a primeira utilização 
da metodologia de análise para estudar o comportamento dos sistemas de pro-
dução, conhecida como Commodity System Approach (CSA). Conceitualmente, 
Davis e Goldberg (1957) postulam que o agronegócio envolve o conjunto de ope-
rações de produção, armazenamento, distribuição e comercialização de insumos 
e produtos agrícolas, bem como seus derivados.
A segunda corrente tem como origem a escola francesa que, no decorrer da 
década de 1960, refere-se à analyse de fílière, a qual, conceitualmente, refere-se 
à cadeia de produção. Embora esse conceito não tenha sido desenvolvido espe-
cificamente para estudar a problemática agroindustrial, foi nesse setor que ele 
encontrou seus principais defensores. Na revisão empreendida por Mendes e 
Padilha (2007), pode-se sintetizar em três elementos os aspectos ligados àvisão 
de cadeia produtiva: 
2 Agronegócio é originário do termo em inglês agribussines que foi criado na Boston Conference on 
Distribution of Agricultural Products, em outubro de 1055.
3 GOLDBERG, R. A. Agribusiness coordination: a systems approach to the wheat soybean and Florida orange 
economies. Division of research. Graduate Sebool of Business Administration. Boston Harvard University, 1968.
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I. A cadeia de produção é uma sucessão de operações de transformação 
dissociáveis, capazes de serem separadas e ligadas entre si por um enca-
deamento técnico.
II. A cadeia de produção é também um conjunto de relações comerciais e 
financeiras que estabelecem, entre todos os estados de transformação, um 
fluxo de troca, situado de montante a jusante, entre fornecedores e clientes. 
III. A cadeia de produção é um conjunto de ações econômicas que presidem a 
valoração dos meios de produção e asseguram a articulação das operações.
Enfim, ambas as abordagem tratam do encadeamento e da articulação gerada 
entre as diferentes atividades econômicas e tecnológicas envolvidas na produção 
de determinado produto agroindustrial. Por sua vez, Zylbersztajn (2006) des-
taca que o conceito de cadeias de agronegócios difundiu-se no Brasil no início 
dos anos 1990, período no qual o setor agrícola deixou de ser avaliado isola-
damente, agregando, assim, os setores de suprimento e distribuição, em uma 
análise conjunta. 
Nesse contexto, grande foi a contribuição do Programa de Estudos e Negócios 
do Sistema Agroindustrial (PENSA), que introduziu duas novas vertentes ao 
debate: as contribuições de Douglas North (Universidade de Washington) e Oliver 
Williamson (Universidade de Berkeley), focando principalmente o estudo da 
competitividade e o papel das instituições e dos custos de transação nas cadeias 
produtivas, respectivamente.
Para Mendes e Padilha (2007), denominações como sistema agroindustrial, 
complexos agroindústrias, cadeia produtiva, supply chain, entre outras, são indis-
criminadamente utilizadas e com superposições conceituais. Embora as diferentes 
terminologias estejam associadas ao mesmo problema de pesquisa, representam 
espaços de análise distintos e se prestam a diferentes objetivos. 
Para Batalha e Silva (2001), Sistema Agroindustrial é conjunto de atividades 
que concorre para a produção de produtos agroindustriais, desde a produção de 
insumo, até a chegada do produto final ao consumidor. Desse modo, a definição 
de sistema agroindustrial se aproxima da definição de agronegócio, abordada até 
então, porém, para o segundo o autor, um determinado Sistema Agroindustrial 
pode ser decomposto em até seis elementos básicos: 
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1. agricultura, pecuária e pescas; 
2. indústrias agroalimentares; 
3. distribuição agrícola e alimentar; 
4. comércio internacional; 
5. consumidor; 
6. indústrias de serviços de apoio.
Nesse contexto, Mendes e Padilha (2007) destacam que esse ferramental de aná-
lise pode ser utilizado para demonstrar a organização desses seis elementos, ou 
seja, dar uma visão sistêmica ampla dos setores à montante e à jusante da pro-
dução agropecuária, conforme apresentado na Figura 1.
Mercado
Externo
DistribuiçãoAgriculturaPecuária
Indústria Agro
Alimentar Consumidor
Final
Recursos
Humanos
Indústrias não
Alimentar
Indústrias de
Apoio
Figura 1 – Organização do Sistema Agroindustrial
Fonte: Adaptado de Mendes e Padilha (2007)
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Para Bacha (2003), a visão sistêmica do Complexo Agroindustrial abrange o 
conjunto de atividades realizadas pela agropecuária e pela sucessão de atividades 
vinculadas à produção e transformação de produtos agropecuários e florestais. 
Em outras palavras, a análise do complexo agroindustrial parte de determinada 
matéria-prima de base, por exemplo: complexo soja, complexo leite, complexo 
cana-de-açúcar, complexo café, entre outros. Enfim, a arquitetura de análise de 
um complexo agroindustrial permeia a análise de um conjunto de cadeias de 
produção, cada uma delas associada a um produto ou família de produtos.
Não obstante, Marques e Mello (1999) abordam o tema Cadeia Agroindustrial 
como a sequência de operações envolvidas na produção de determinado produto 
agropecuário, tendo por objetivo sua produção e distribuição. Sendo assim, a 
cadeia agroindustrial é definida a partir da identificação de determinado produto 
final. Como exemplo, têm-se a cadeia de produção agroindustrial da manteiga.
Caro(a) aluno(a), nessa conceituação das terminologias adotadas nos dife-
rentes níveis de análise, cabe destacar que a eficiência do sistema não depende 
apenas da eficiência produtiva dentro da porteira, mas também da forma eficiente 
de condução das operações antes e depois da porteira. Com base no exposto, 
no presente estudo, pretende-se analisar as cadeias produtivas de soja e milho.
CONTEXTO ATUAL DA 
AGRICULTURA: DESAFIOS E 
OPORTUNIDADES
Até então, elencamos as transformações na 
base técnica, fruto da revolução tecnológica 
que o meio rural brasileiro sofreu no período 
recente. A inovação no campo é perceptí-
vel, não é difícil ver tratores, colheitadeiras, 
máquinas e implementos de última geração 
rodando pelas fazendas ou em exposição em 
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feiras agropecuárias por todo o país. São exemplos dessa evolução: a difusão 
da técnica de plantio direto, o lançamento constante de novos cultivares, refor-
mulações de fertilizantes e novos princípios-ativos de defensivos, a agricultura 
de precisão e o uso crescente de biotecnologia. Essas transformações colocam 
nossos agricultores em pé de igualdade com os agricultores de países desenvol-
vidos. O campo transpira inovação, as inovações estão em ebulição nesse setor.
Além disso, houve uma redefinição da relação da agricultura com os demais 
segmentos da economia. Nesse contexto, cabe destacar a existência de novo 
padrão de produção agrícola, o qual passou a incorporar elementos de desenvol-
vimento urbano. Dessa forma, o campo deixou de ser exclusivamente agrícola, 
como afirmam Melo e Parré (2007), iniciando um processo de separação entre 
o rural e o agrícola, ou seja, o meio rural já não representa apenas as ativida-
des agropecuárias.
A linha que separa o rural do urbano se tornou cada vez mais tênue, pois a 
pluriatividade tornou-se permanente nas unidades familiares rurais, ou seja, o 
espaço rural tem sido foco de valorização para fins não agrícolas. Vários são os 
exemplos: condomínios habitacionais são instalados no espaço rural; indústrias 
têm transferido suas plantas do meio urbano, como forma de reduzir o custo de 
produção dada a proximidade das matérias-primas (ou para reduzir os custos com 
impostos); empresas têm se especializado no turismo rural, com a proliferação 
de hotéis-fazenda; o lazer tem sido explorado no espaço rural, com a dissemi-
nação de pesque-pague, clubes temáticos e balneários, entre outros exemplos. 
De outro lado, muitos produtores rurais, ou seja, os executores das atividades 
agrícolas, muitas vezes, não residem na propriedade e também desempenham 
outras atividades no meiourbano.
A partir de meados da década de 1980, com a emergência cada vez maior 
das dinâmicas geradoras de atividades rurais não agrícolas e da pluriatividade 
no interior das famílias rurais, observa-se uma nova conformação do meio rural 
brasileiro, a exemplo do que já ocorre há tempos nos países desenvolvidos, fato 
que Graziano da Silva e Del Grossi (1998) chamaram de “novo rural”. Desse 
modo, o meio rural pode ser vislumbrado como um espaço para o desenvolvi-
mento de atividades agropecuárias, mas o conceito novo rural mostra uma vasta 
gama de possibilidades para a ocupação desse espaço, sob diferentes perspectivas.
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A Figura 2 mostra que, historicamente, rural e urbano eram reconhecidos 
como espaços distintos. Agora, o meio rural é ocupado por personagens do mundo 
urbano, ex-habitantes da cidade que utilizam o campo para moradia (profissio-
nais liberais, assentados etc.) ou para empreender uma atividade que até então 
era reconhecidamente urbana (recreação, lazer, agroindústrias etc.). Em contra-
partida, habitantes convencionais do campo se instalam no meio urbano (filhos 
de agricultores em busca de formação, agricultores adquirem terrenos urbanos 
para diversificar seu capital e ter um fluxo de renda mais regular etc.).
RURALURBANO
Atividades agrícolas
Atividades não agrícolas
Figura 2: Novas relações e atividades no meio rural
Fonte: Adaptada de Graziano da Silva e Del Grossi (1998)
Entendendo a composição atual do meio rural, seguimos em nossa análise, enfa-
tizando algumas potencialidades do agronegócio brasileiro. Devido às condições 
edafoclimáticas favoráveis, a disponibilidade de terras e demais recursos naturais, 
o jargão ufanista “celeiro do mundo”, que destaca as potencialidades agropecu-
árias e agroindustriais do Brasil, está cada vez mais próximo de se concretizar. 
Nesse ínterim, cabe destacar que os estudos do Economic Research Service 
(ERS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em 2002, 
já apontavam o Brasil, principalmente devido à disponibilidade de terras, como 
o país que reúne melhores condições para suprir o esperado aumento do con-
sumo mundial. Para a instituição, áreas de pastagem irão ceder espaço para a 
futura expansão da produção de grãos e oleaginosas, sendo que o país poderá, 
futuramente (previsão para 2050), contar com uma área de até 170 milhões de 
hectares destinados à agricultura.
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EUA (atual) EUA (atual) Brasil (potencial)
Pastagens
Cultivos
Figura 3: Disponibilidade de Áreas Agricultáveis no Brasil
Fonte: Embrapa (2002) e USDA (2002)
Segundo a Embrapa (2011), a agricultura é um setor da economia real que pro-
duz alimentos, fibras e outras matérias-primas para o setor agroindustrial, sendo 
responsável por impulsionar setores a “montante” e a “jusante”. Nesse contexto, 
a agricultura contribui também para a desconcentração urbana, ao viabilizar a 
existência de cidades de pequeno e médio porte e permitir qualidade de vida 
para populações que vivem no campo.
Historicamente, a efetiva ocupação do território nacional deu-se com a 
interiorização da produção, com a expansão da fronteira agrícola rumo ao 
Centro-Oeste. A ocupação dos cerrados ou, em outros termos, a “marcha para 
o oeste” (para fazer um paralelo com o desenvolvimento norte-americano) é um 
dos feitos da atividade agrícola. Na Revista Veja (2005), com base em informa-
ções de institutos nacionais, foi retratada a disponibilidade de terras agricultáveis 
no Brasil. 
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Figura 4: Disponibilidade de terras no Brasil
Fonte: Revista Veja (2005)
Nesse ponto, existe a disponibilidade de incorporação de, aproximadamente, 50 
milhões de hectares de terras ainda “virgens” (áreas remanescentes do cerrado e 
terras devolutas) aptas para a produção e outros 56 milhões de hectares de ter-
ras secundárias (pastagens degradadas), totalizando, segundo a publicação, 106 
milhões de hectares. Com isso, o Brasil tem um grande potencial de expansão 
sem o temido desmatamento da floresta amazônica.
Porém, é salutar observar que o aumento da terra agrícola brasileira é 
um processo lento. Fatores econômicos, sociais, ambientais, entre outros 
têm influência sobre a produção agrícola. Ao longo das últimas décadas, a 
produção agrícola alterna ciclos de expansão, com ciclos de estagnação e 
até retração da área agrícola. De acordo com CONAB (2014), o recorde de 
área plantada da safra 1987/88 só foi superado na safra 2002/03 e, mesmo 
na década de 2000, uma série de crises contribuiu para a estagnação entre as 
safras 2004/05 e 2010/11 (Figura 5).
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Figura 5: Evolução da área plantada no Brasil, culturas selecionadas (1976/77 - 2012/13)
Fonte: CONAB (2014), levantamento Mar. 2014
*estimativa
Por fi m, a importância do setor agropecuário, há muito tempo, é reconhecida, 
sendo um importante setor na formação econômica do Brasil, porém a agroin-
dústria ainda é jovem, mas com potencial de grande evolução. Desse modo, com 
a expansão de agroindústrias de oleaginosas, fi bras, carne, madeira, entre outros, 
o mercado, continuamente, demanda profi ssionais qualifi cados, com conheci-
mentos especializados no setor agroindustrial e inseridos no contexto regional. 
Nesse sentido, neste material, o estudante vai encontrar noções sobre as carac-
terísticas e comportamento dos mercados de commodities, como a soja e milho, 
que são relevantes na produção regional. Bem como apresenta-se a relação dos 
agentes envolvidos nesses setores produtivos e a inter-relação com outros setores.
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O QUE É OU EM QUE CONSISTE UMA COMMODITY?
Bom, primeiramente, preparamo-nos para mais um módulo do curso de Gestão 
de Agronegócio, porém, antes, é necessário fazer uma pergunta básica: o que efe-
tivamente você entende por commodity? Ou no plural, commodities? 
Uma das teorias sobre a origem da palavra commodity vem dos aventuro-
sos portugueses que, no século XVI, colocaram-se ao mar em busca de riquezas, 
territórios e, notadamente, especiarias. Foi Vasco da Gama, ao dobrar o cabo da 
Boa Esperança, que firmou o entreposto português na Índia, concretizando o 
comércio tão caro e raro das especiarias. Entre elas, destacavam-se a pimenta, o 
cravo, a seda, a canela, a noz-moscada etc. Curiosamente, os portugueses usavam 
essas especiarias para conservar os alimentos, utilizando o termo “comodida-
des” para caracterizá-las, sendo utilizado o termo commodities pelos ingleses. 
De acordo com Sandroni (2001), o termo commodity designa, nas rela-
ções comerciais internacionais, um tipo particular de mercadoria em estado 
bruto ou produto primário de importância comercial, com pequeno grau de 
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industrialização, de qualidade uniforme ou passível de classificação, produzido 
em grandes quantidades, por um grande número de produtores e que pode ser 
estocado por determinado período, sem perda significativa de qualidade. 
De fato, as commodities são mercadorias – naturais ou industriais – bastante 
similares ou idênticas, cujas principais características, segundo Pinho (2002), são: 
i) padronização em um contexto de mercado internacional; ii) possibilidade de 
entrega em datas acordadas entre comprador e vendedor; iii) possibilidade de 
armazenagem ou de venda em unidades padronizadas. Dessa forma, uma vez 
que um material atenda às especificações exigidas pelo mercado, não há dife-
rença significativa para um comprador escolher entre uma fonte e outra. 
Enfim, um produto, para ser chamado de commodity, tem que ter caráter 
negociável, padronizável e possuir liquidez, sendo que a liquidez pode ser definida 
como a capacidade de algo se transformar em dinheiro rapidamente, em qual-
quer parte do mundo. Outra característica importante é que a procura e oferta 
de commodities movem-se em ciclos previsíveis, fazendo com que, igualmente, 
os preços possam também ser previamente estimados. Porém, essa estimação 
dos preços dependerá da análise das variáveis que têm efeito sobre a oferta e 
demanda dessa commodity.
Desse modo, as commodities podem ser de divididas nos seguintes grupos:
 ■ Financeiras - moedas negociadas em vários mercados, títulos públicos 
de governos federais, taxas de juros, índices.
 ■ Minerais - carvão, petróleo e seus derivados, metais preciosos (ouro, prata, 
platina etc.), metais não preciosos (alumínio, cobalto, cobre, chumbo, 
estanho, zinco etc.).
 ■ Agropecuárias - grãos (arroz, milho, trigo etc.), farelos (algodão, soja, 
sorgo etc.), óleos (algodão, canola, girassol etc.), farinhas (trigo, fécula de 
mandioca etc.), carnes (aves, boi, suínos etc.), recursos pesqueiros (pei-
xes, crustáceos etc.), culturas perenes (borracha, café, laranja etc.) e fibras, 
produtos têxteis, couros, óleos vegetais não comestíveis.
 ■ Ambientais - água, energia, produtos florestais ou de reflorestamento 
(madeira cortada, celulose etc.), reciclagem e controle de emissão de 
poluentes, ou seja, os créditos de carbono.
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Um exemplo interessante é o caso da cooperativa Veiling Holambra, que foi 
criada em 1989 e, atualmente, é o maior centro de comercialização de flores e 
produtos ornamentais do Brasil. Com o pregão e o formato de leilão de venda de 
flores, essa instituição conseguiu “commoditizar” o mercado de flores no Brasil. 
A possibilidade de entrega em datas acordadas entre comprador e vendedor 
possibilita que as commodities sejam passíveis de negociação em mercados futu-
ros. As transações em bolsas de mercadorias e futuros referem-se à entrega futura 
de mercadorias, mas não significa, necessariamente, que há movimento físico de 
produtos nas bolsas, sendo que o que se negocia são contratos. Existem bolsas de 
A conferência de Kyoto (1997), que contou com 125 ministros de Estado, 
foi o principal palco das discussões relacionadas à redução de emissão 
de poluentes por meio do sequestro de carbono. Resultante desse even-
to, o Protocolo de Kyoto trata da redução da emissão de gases poluentes, 
agentes causais do efeito estufa na atmosfera, estabelecendo que os pa-
íses desenvolvidos (39 países relacionados) terão a obrigação de redu-
zir, até 2012, a quantidade desses gases em, pelo menos, 5% em relação 
aos níveis de 1990. Nesse sentido, Kunz e Palhares (2004) destacam que 
uma contribuição desse protocolo foi a formação de um mercado inter-
nacional para a comercialização de crédito de carbono. Nesse sentido, é 
facultativo às empresas ou países que não conseguiram alcançar a redu-
ção esperada desenvolverem projetos em países em desenvolvimento, 
para contribuir com a redução das emissões de gases de efeito estufa, 
mediante a transferência de recursos financeiros e tecnologias sustentá-
veis para esses países, contribuindo para a redução global das emissões. 
Essa estratégia, conhecida como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo 
(MDL), poderá ser aplicada em setores florestais, de transporte e energé-
tico, visando diminuir a dependência dos combustíveis fósseis nos países 
pobres.
Sobre o tratado de Kyoto e MDL, consulte: 
MARCOVITCH, J. Para mudar o futuro: mudanças climáticas, políticas públi-
cas e estratégias empresariais. São Paulo: Saraiva, 2006. 378 p.
GOVERNO FEDERAL. Conferências das partes: convenção – quadro das mu-
danças climáticas. 
Disponível em: <http://www.cop15.gov.br/pt-BR/indexef6a.html?page=pa-
norama/conferencia-das-partes>. 
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valores específicas para negociar commodities. Alguns exemplos de commodities 
seriam: café, algodão, soja, cobre, petróleo etc. No caso das flores, a “bolha das 
tulipas” de 1634 demonstra a utilização de contratos futuros para esse produto.
No atual estágio de globalização econômica e financeira, as operações com 
derivativos vêm apresentando um expressivo crescimento e ganhando relevân-
cia no cenário internacional, devido à possibilidade de realização de operações 
de cobertura de risco sobre a mais variada gama de ativos. Para Future Industry 
Association (FIA, 2014), uma prova disso é a expressiva expansão do número 
de contratos, sendo que, no período de 2000 a 2013, o volume de derivativos 
transacionados no mundo passou de 2,99 para 21,64 bilhões de contratos (um 
aumento de mais de 7 vezes). Com isso, os agentes envolvidos com o setor pro-
dutivo têm o acesso a esses instrumentos cada vez mais facilitado. 
As recentes mudanças institucionais da bolsa brasileira, juntamente com o 
ambiente de estabilidade da economia brasileira, proporcionaram uma maior 
liquidez aos contratos futuros de soja e milho. Cabe destacar que, nos mercados 
futuros (como é o caso dos mercados futuros 
de soja e milho), são negociados contratos 
futuros que, por definição, são “obrigações 
legalmente exigíveis, para a entrega ou rece-
bimento de determinada quantidade de um 
ativo padronizado, por um preço ajustado em 
pregão, para liquidação em uma data futura” 
(MARQUES et al., 2006, p. 68).
Dessa forma, os produtores e outros 
agentes envolvidos no mercado de uma 
determinada commodity participam do mer-
cado futuro, assumindo a posição de hedger. 
Esse mecanismo de proteção contra varia-
ções indesejadas de preço é conhecido como 
hedge. Para Marques et al. (2006), ao “hed-
gear”, ou seja, realizar uma operação de hedge, 
o agente procura travar o preço de venda 
ou compra de mercadorias em operações 
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inversas às realizadas no mercado físico. Assim, as perdas em um mercado serão, 
ao menos parcialmente, cobertas pelo ganho em outro. De modo geral, Hull 
(2006) caracteriza esse mecanismo como uma ferramenta de repasse do risco 
de preço, dos hedgers para outros agentes que resolvem assumi-lo, com base nas 
expectativas do mercado. Nesse sentido, os mecanismos de redução de riscos 
devem ser incorporados na gestão de risco de diversas commodities. 
De modo geral, pode-se verificar um expressivo crescimento do número 
de contratos futuros negociados, tanto de soja quanto de milho. Nota-seque, 
a partir de 2005, o número de contratos negociados ampliou-se de forma mais 
significativa, demonstrando que esse instrumento de gestão de risco, o contrato 
futuro, está cada vez mais presente no cotidiano dos agentes que produzem ou 
comercializam essa commodity. A evolução dos contratos futuros de milho, na 
BM&F, pode ser verificada na Tabela 2, enquanto que a evolução dos contratos 
de soja é apresentada na Tabela 3. 
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Tabela 2: Contratos Futuros de Milho Negociados ao mês na BM&F
Fonte: BM&F (2014)
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O que é ou em que Consiste uma Commodity?
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Tabela 3: Contratos Futuros de Soja Negociados por mês na BM&F
Fonte: BM&F (2014)
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13
CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I
Enfim, o preço da commodity está sempre sujeito à lei universal e, ao mesmo 
tempo, básica de oferta e demanda. Por exemplo, um fazendeiro nos Estados 
Unidos “arrisca” o custo de produzir um produto para mercado, previsto para 
um determinado período, no futuro, porque ele desconhece a que preço de venda 
será negociado. Esses contratos denotam posições de negociações vindouras, ao 
passo que representam um penhor com vistas a uma determinada transação em 
uma data futura, sob uma unidade mínima de peso (no caso específico das com-
modities agrícolas, adota-se o BUSHEL).
Faz-se necessário um recorte no texto para explicar, de forma mais detalhada 
e compreensível possível, o significado de Bushel em função da nossa forma-
ção de aprendizagem.
Bushel: embora adotemos quilo (kg) ou tonelada (t.) para expressar peso, 
em praticamente todos os textos referentes a cotações das principais commodi-
ties agrícolas negociadas pelas bolsas de mercadorias (CBOT – Chicago Board 
on Trade; NYCE – New York Cotton Exchange; NYBOT – New York Board on 
Trade, entre outras) você encontrará a expressão bushel.
Contudo, podemos dizer que bushel é uma medida de capacidade para cereais. 
Ou seja, o peso de um determinado cereal atrelado a um volume pré-determi-
nado, sendo um padrão de medida norte-americano, mundialmente divulgado. 
O termo bushel demonstra que as medidas adotadas pelos norte-americanos, 
em muitos casos, divergem das medidas que convencionalmente utilizamos. Isso 
ocorre com a temperatura (Graus Celsius e Farenheit), distância (quilômetros e 
léguas), área (hectares e acres) e assim por diante.
Matematicamente falando, observa-se que bushel é relacionado a uma medida 
de volume (1 bushel = 35,239072 liters), sendo que as Bolsas norte-americanas 
apresentam a cotação de seus produtos em US$/bushel. Existem várias unidades 
para bushel, depende da cultura à qual o texto esteja se referindo.
CULTURA 1 BUSHEL EQUIVALE A:
Soja, Trigo 27,216 Kg
Milho, Sorgo e centeio 25,401 Kg
Cevada 21,772 Kg
Aveia 14,515 Kg
Fonte: USDA (2009)
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Considerações Finais
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