Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CADEIAS PRODUTIVAS DA SOJA E DO MILHO Professor Me. Julyerme Matheus Tonin GRADUAÇÃO Unicesumar Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Coordenador de Conteúdo Silvio Silvestre Barczsz Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey Design Educacional Camila Zaguini Silva, Fernando Henrique Mendes, Nádila de Almeida Toledo, Rossana Costa Giani Iconografia Amanda Peçanha dos Santos Ana Carolina Martins Prado Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Humberto Garcia da Silva Qualidade Textual Hellyery Agda Ana Paula da Silva, Keren Pardini Ilustração Humberto Garcia da Silva, Nara Emi Tanaka Yamashita, Robson Yuiti Saito C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; TONIN, Julyerme Matheus. Cadeias Produtivas da Soja e do Milho. Julyerme Matheus Tonin. Reimpressão - 2018. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. 158 p. “Graduação - EaD”. 1. Cadeias Produtivas. 2. Soja. 3. Milho. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-8084-839-7 CDD - 22 ed. 338 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa- zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa- tível com os desafios que surgem no mundo contem- porâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó- gica e encontram-se integrados à proposta pedagó- gica, contribuindo no processo educacional, comple- mentando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inse- ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproxi- mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi- bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pes- soal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cres- cimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda- gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi- bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en- quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus- sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. Professor Me. Julyerme Matheus Tonin Mestrado em Economia Aplicada, pela Universidade Federal de Viçosa, Brasil (2009). Professor Assistente TIDE (Efetivo) da Universidade Estadual de Maringá, Brasil. A U TO R SEJA BEM-VINDO(A)! Olá, caro(a) aluno(a)! Bem-vindo(a) ao livro da disciplina de CADEIAS PRODUTIVAS DE DA SOJA E DO MILHO. Sou o Professor Julyerme Matheus Tonin, fui o autor deste livro, e vou brevemente apresentar o conteúdo feito especialmente para você, disponível ao longo de cinco unidades. Antes de apresentar cada etapa da nossa análise, cabe destacar que o tema apresentado neste material vai ao encontro de uma grande preocupação da atualidade: a constante busca por informações sobre as cadeias produtivas, o entendimento do seu funciona- mento e gestão. Então, eu pergunto: quem não tem um amigo, familiar ou conhecido que tira o seu sustento do meio rural? No dia a dia dos produtores rurais, estão sempre presentes preocupações como: cortar custos, aumentar a produtividade, incorporar novas áreas de lavoura, reduzir os des- perdícios, buscar a capacitação para melhorar o gerenciamento da atividade e vender melhor a produção. E quanto à comercialização, as preocupações não se resumem a que preço será vendido o produto. Tanto os produtores rurais quanto os demais envolvidos com as atividades agrícolas necessitam constantemente de informações sobre a produ- ção, consumo, estoques, preços, barreiras comerciais, subsídios, entre outros aspectos. É nesse momento, caro(a) aluno(a), que você desempenha um importante papel, o de desvendar como funciona e o que influencia uma determinada cadeia produtiva, bem como o de desenvolver a capacidade de planejar cenários e vislumbrar o comportamen- to do preço de diversas commodities, fatores esses que se constituem em grandes vanta- gens competitivas para os produtores, as instituições e os profissionais que atuam nessa área. Segue, então, uma breve introdução das informações disponíveis nesse material. Na INTRODUÇÃO, fazemos uma contextualização histórica da evolução da agricultura brasileira e sua trajetória até os dias atuais, mostrando as principais fases pelasquais o setor passou, para chegar ao nível atual, com amplos complexos produtivos que aten- dem tanto ao mercado doméstico como ao mercado exterior. Inclusive, destaca-se a “Revolução Verde”, processo de evolução global da produção agropecuária, que teve uma série de repercussões sobre o Brasil. Nesse contexto, busca-se evidenciar a evolução no campo teórico, com a introdução do termo agronegócio. Nas últimas décadas, uma série de terminologias foi utilizada, como cadeias produtivas, complexos agroindustriais, sistemas agroindustriais, supply chain etc. Apesar de tratar do mesmo problema, essas abordagens têm espaços de análise distintos e, desse modo, buscamos evidenciar essas diferenças. Como consequência dessa abordagem histórica, encerramos essa primeira unidade com um diagnóstico da situação atual, apresentando alguns fatores que explicam as potencialidades e vantagens do nosso agronegócio e, de outro lado, os gargalos, ou seja, os problemas e questões que ainda precisam ser equacionados. No campo teórico, fechando a unidade 1, discutimos a questão do novo rural, em que o espaço físico entre campo e cidade torna-se cada vez mais difícil de visualizar, pois muitas são as conexões entre esses espaços. APRESENTAÇÃO CADEIAS PRODUTIVAS DA SOJA E DO MILHO APRESENTAÇÃO A unidade 2 aborda o mercado do milho, especificamente no contexto externo, ou seja, as variáveis macroeconômicas associadas ao mercado mundial de milho, que tem repercussão sobre a formação de preços no mercado doméstico. Nessa unida- de, são apresentadas informações sobre os principais países produtores, consumi- dores, exportadores e importadores de milho. Inicia-se com a história do milho, sua importância em termos de segurança alimentar e, mais recentemente, energética. Posteriormente, apresentam-se os elementos que compõem a cadeia produtiva do milho. Nessa unidade, pretende-se apresentar um panorama atual do mercado mundial do milho, mas não apenas isso, com uma série histórica, desde a década de 1960, buscou-se também contar a história recente dessa cultura, enfatizando as principais transformações que ocorreram. Então, temas como a lei agrícola norte-americana e a destinação de milho para a produção de etanol também são debatidos nesse contexto. Em seguida, partimos para a análise do mercado interno do milho. Nessa unidade, busca-se captar os efeitos das principais transformações no mercado externo e suas repercussões no mercado interno. Para o milho, são diagnosticados dois fenôme- nos: o deslocamento temporal e o deslocamento espacial, em que se busca avaliar os desdobramentos desses efeitos ao longo das últimas décadas. Nessa unidade, é realizado também o acompanhamento da área plantada, da produtividade, do consumo e da disponibilidade interna de milho. Na sequência, você tem acesso às mesmas análises, agora para a soja. A unidade 4, semelhante ao que a unidade 2 foi para o milho, conta a história da soja e apresenta os componentes da cadeia produtiva da soja. No mercado externo, busca-se fazer um balanço da oferta e demanda desse produto. E, dado o crescente dinamismo das exportações, demonstra-se como a soja vem ocupando espaço, ao compará-la com outros produtos. Para a soja, o destino das exportações mundiais, especificamente as exportações brasileiras, é importante, de modo que, nessa unidade, parte-se para essa análise. Sendo que essa abordagem abre espaço para a discussão de um tema não menos importante, que é a atuação da China e o fato que ficou conhecido como embargo chinês. Por fim, na unidade 5, a temática é o mercado interno da soja. Juntamente com a expansão da soja, discute-se a expansão das fronteiras agrícolas no Brasil. E apro- veita-se para demonstrar a grande transformação que ocorreu no mapa agrícola brasileiro desde a década de 1960. Como a tropicalização da soja tornou o cerrado brasileiro uma vasta área apta ao cultivo dessa cultura. E para finalizar a nossa aná- lise, aspectos como área, produção e produtividade também são abordados, assim como a questão dos custos de produção em distintas regiões e, da mesma forma, a questão ambiental não poderia ser deixada de lado na análise desse pujante setor da economia brasileira. APRESENTAÇÃO 09 Cabe ressaltar que, para o aprofundamento nos temas propostos nesse material, faz-se necessário que vocês recorram aos diversos autores citados na bibliografia, bem como às demais obras indicadas, como leituras complementares, além das páginas eletrônicas apresentadas neste material. No corpo de cada parte deste material, você encontrará momentos de reflexões denominados REFLITA e SAIBA MAIS. Esses são recursos didático-pedagógicos que, como o próprio nome sugere, permitirão reflexão com mais calma e com maior profundidade científica sobre os subtemas apresentados. Tais recursos propiciarão novas avaliações, estimulando a pesquisa em outras fontes além deste livro. Além disso, você observará que, na indicação da reflexão, será exigida uma breve composição sobre o assunto. Essa reflexão estará contextualizada dentro de uma problemática que, por sua vez, estará sintetizada por meio de uma pergunta. Assim, o questionamento é para nortear o início da sua escrita, podendo ser utilizado como pergunta central. Enfim, e para atingir os desafios propostos nesta disciplina, reforço a indicação das leituras complementares, além das referências que se encontram no final deste material, que serão de grande valia para você, e desejo-lhe boa sorte, bons estudos e muito êxito profissional. Não se preocupe, a ideia aqui é despertar o interesse, pois as dúvidas que surgirem são um dos componentes essenciais do processo de aprendizagem, e vou me es- forçar para sanar essas dúvidas durante as aulas ao vivo. Além do mais, neste livro, além de se apresentar os conceitos, buscou-se indicar o “caminho das pedras”, apre- sentando os principais institutos de pesquisa e como obter as informações que são o insumo básico da nossa análise. Muitos tópicos abordados neste material são alvo de diversas pesquisas empíricas. Então, não deixe de consultar as referências bibliográficas deste livro (referências que vão desde uma abordagem inicial até alguns aspectos avançados). Enfim, o conteúdo deste material foi dosado tanto para instruir quanto para instigar e esti- mular a busca por novos conhecimentos. Conto com sua atenção nesta caminhada. Espero que a troca de conhecimentos, informações e experiências seja útil para o conhecimento desse importante setor da economia brasileira. Bom estudo! Professor Me. Julyerme Matheus Tonin SUMÁRIO 11 UNIDADE I CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES 17 Introdução 19 Trajetória da Agricultura Brasileira 23 Modernização da Agricultura 26 Definição de Agronegócio e Cadeias Produtivas 33 Contexto Atual da Agricultura: Desafios e Oportunidades 39 O que é ou em que Consiste uma Commodity? 47 Considerações Finais UNIDADE II COMMODITY AGRÍCOLA - MILHO NO MERCADO EXTERNO 53 Introdução 53 Considerações Iniciais sobre o Milho 59 Apresentação da Cadeia Produtiva do Milho 64 Panorama da Produção Mundial de Milho 70 Comércio Mundial de Milho 73 Balanço da Oferta e Demanda de Milho 78 Considerações Finais SUMÁRIO UNIDADE III COMMODITY AGRÍCOLA - MILHO NO MERCADO INTERNO 85 Introdução 86 Mercado de Milho no Brasil 88 Deslocamento Espacial e Temporal da Produção de Milho 92 Principais Estados Produtores de Milho 97 Termos de Troca na Produção de Milho 101 Considerações Finais UNIDADE IV COMMODITY AGRÍCOLA - SOJA NO MERCADO EXTERNO 107 Introdução 108 Soja: Considerações Iniciais 110 Apresentação da Cadeia Produtiva da Soja 114 Panorama da Produção Mundial de Soja 120 Comércio Mundial de Soja 121 Atuação daChina no Comércio da Soja 127 Considerações Finais SUMÁRIO 13 UNIDADE V COMMODITY AGRÍCOLA SOJA NO MERCADO INTERNO 133 Introdução 134 Novas Fronteiras Agrícolas 137 Produção de Soja no Brasil 142 Soja Orgânica 143 Considerações Finais 147 Conclusão 153 Referências U N ID A D E I Professor Me. Julyerme Matheus Tonin CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES Objetivos de Aprendizagem ■ Analisar os aspectos históricos que contribuíram para que a agricultura atingisse o estágio recente de desenvolvimento. ■ Definir as terminologias empregadas como agronegócio, complexo agroindustrial e cadeia produtiva. ■ Analisar as potencialidades do Brasil para produção de commodities. ■ Entender o que vem a ser uma commodity. ■ Identificar os padrões de medidas utilizados no mundo. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Trajetória da agricultura brasileira ■ Definição de agronegócio e cadeias produtivas ■ Contexto Atual da Agricultura: desafios e oportunidades ■ O que é ou em que consiste uma commodity? INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina sobre as Cadeias Produtivas de Soja e Milho. O processo de reconfiguração do espaço econômico mundial, protagonizado pelos avanços na informática e telecomunicações, estreitou a relação entre as diferentes partes do globo, fazendo com que as turbulências nas economias de países desenvolvidos fossem sentidas com maior intensidade no mercado doméstico. Nesse sentido, torna-se um grande desafio estudar essas cadeias produtivas, que são suscetíveis aos reveses do comércio, às intempéries climáticas e às adversidades de todos os gêneros. O desafio se agiganta quando trazemos ao centro do debate a busca por um crescimento sustentável, ambien- talmente correto e economicamente viável. Em mercados competitivos e complexos como os de commodities, ter a capa- cidade de planejar cenários e vislumbrar o comportamento do preço em cada um deles constitui-se em uma grande vantagem competitiva para as instituições e para os profissionais que atuam nessa área. A competitividade no agronegócio mundial cria a necessidade de entender como funciona a inter-relação entre os agentes envolvidos em uma cadeia produtiva. No caso das cadeias produtivas estudadas, é necessário entender a atuação dos principais players no contexto internacional, como a China, que afeta o preço dessas commodities, e os Estados Unidos, que reconfiguraram o mercado do milho, destinando uma parcela sig- nificativa desse cereal para a produção de etanol. É nesse momento, caro(a) aluno(a), que você desempenha um importante papel, o de desvendar a sistemática de funcionamento das diferentes cadeias pro- dutivas e como ocorre a interação entre os agentes que a compõem, bem como desenvolver a capacidade de planejar cenários e vislumbrar o comportamento do preço de diversas commodities, fatores esses que se constituem em grandes vantagens competitivas para os produtores, as instituições e os profissionais que atuam nessa área. Nosso objetivo principal é a disseminação de informações sobre os prin- cipais fatores que afetam importantes setores do agronegócio brasileiro, a soja e o milho. Primeiramente, abordaremos os conceitos de agronegócio, com- plexo agroindustrial e cadeia produtiva, para entender o espaço analítico de 17 Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I cada um deles. Posteriormente, apresenta-se a cadeia produtiva da soja e do milho. Assim, você ficará sabendo da situação da cultura no contexto inter- nacional e no mercado interno, do plantio à comercialização, bem como de aspectos relacionados à formação de estoques, comportamento do consumi- dor e perspectivas de mercado. Em um mundo globalizado como o nosso, a ameaça do esgotamento dos recursos naturais, a crescente poluição ambiental, a descapitalização dos agri- cultores e uma série de outros fatores afetam os sistemas agroindustriais da soja e do milho. Antes de abordar diretamente os conceitos e aspectos relacionados às cadeias produtivas da soja e do milho, optei por fazer uma breve revisão histórica da agri- cultura brasileira, elencando as transformações e fatos históricos que explicam ou contribuíram para que a agricultura atingisse o estágio de desenvolvimento em que se encontra. Nesse contexto, o próprio papel da agricultura e o enten- dimento da sua importância para a economia como um todo foi revisto, com o conceito de agronegócio. A relação entre campo e cidade também não é tão simples como parece, pois existem grandes interações entre esses dois espaços, sendo que essas interações são retratadas pelo conceito de novo rural. Os condicionantes históricos também foram responsáveis pelos atuais gargalos existentes, que reduzem a competitividade da nossa agricultura, principalmente no que tange à questão logística. Porém, demonstra-se que o atual estágio da agricultura brasileira é repleto de desafios e oportunidades. Assim, acredito que a base para o sucesso passa pela correta tomada de decisão de futuros agentes e gestores, como você, que podem atuar em atividades relacionadas com essas cadeias produtivas. Ademais, será apresentado, nesta unidade, o conceito de commodity, demons- trando que o presente estudo busca entender a soja e o milho como commodity e não como cultura. Ou seja, serão avaliados pontos, como: produção, consumo, estoque, comércio da soja do ponto de vista econômico, isto é, como esses fato- res afetam a oferta e demanda do produto e, consequentemente, os preços e não aspectos agronômicos realizados ao desenvolvimento da cultura. Bom estudo! Prof. Me. Julyerme Matheus Tonin ©shutterstock 19 Trajetória da Agricultura Brasileira Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . TRAJETÓRIA DA AGRICULTURA BRASILEIRA O desenvolvimento da agricultura brasileira está diretamente ligado ao pro- cesso de formação econômica do Brasil. A pujança dos modernos complexos agroindustriais, a liderança na exportação de diversos produtos agroalimenta- res e a utilização de tecnologia de ponta em diversos segmentos fazem parte da história recente do meio rural brasileiro, mas nem sempre foi assim. Homem de Mello (1979) destaca que esse desenvolvimento foi profundamente marcado, entre outras razões, pela herança colonial da economia brasileira, alicerçada na grande propriedade, e pela lucratividade das monoculturas de exportação. Nesse ínterim, Espírito Santo (2001) destaca que, durante um período dema- siadamente longo, a base do nosso agronegócio esteve fundada nas culturas do açúcar e do café, voltadas para a exportação, período esse retratado como o perí- odo dos ciclos produtivos. Isso ocasionou dois grandes problemas: estreiteza da base exportadora, ou seja, poucos itens para garantir as divisas do país, e demora na formação de seu mercado interno, com atraso da ocupação do interior do país. A concentração fundiária e a monocultura causaram uma série de impactos na modernização agropecuária do Brasil, que, conforme Graziano da Silva (1981), pode ser classificada como “modernização dolorosa”, uma vez que foi lenta e res- trita, privilegiando algumas regiões, produtores, produtos e fases da produção. CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penale Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I A respeito do papel desempenhado pelo agronegócio na ocupação do país, Espírito Santo (2001) destaca: A epopéia da conquista de região tão extensa está e continuará acon- tecendo, sendo levada adiante por uma gente aguerrida, que, obstina- damente, está escrevendo uma das páginas mais marcantes da história econômica mundial contemporânea. O complexo de subdesenvolvi- mento tem nos induzido a enaltecer epopéias de outros países, como a do oeste norte-americano (ESPÍRITO SANTO, 2001, p. 23). Assim, foram-se praticamente quatro séculos de histórias, em que o objetivo da coroa portuguesa de ocupação geográfica e econômica do seu território foi moro- samente se concretizando. Somam-se, nesse contexto, as contribuições históricas dos heroicos bandeirantes, dos imigrantes e dos migrantes que cruzaram o país, no sentido sul-norte, contribuindo para a expansão da fronteira agrícola. A dis- ponibilidade de terras agricultáveis e as condições edafoclimáticas adequadas foram motivadoras desse processo, enquanto a tecnologia arcaica e a infraestru- tura precária foram as principais dificuldades enfrentadas. Em meados do século XX, a sociedade brasileira vivenciou um amplo pro- cesso de transformação cultural, econômica e social, com a intensificação do processo de industrialização que repercutiu em transformações no campo e na cidade. Nesse contexto, Graziano da Silva (1996) destaca que houve uma ruptura na dinâmica da agricultura, com a crise de 1929, com a ampliação do mercado interno, dada a intensificação da urbanização e o início do processo de industrialização. Porém, segundo o autor, o processo de transformação da agricultura, baseado no aumento das áreas cultivadas, perdurou até o final da década de 1960. Nesse contexto, Suzigan (1974) acrescenta que o período conhecido como Grande Depressão (pós-crise de 1929) marca a ruptura do modelo primário- -exportador (ciclos do café, da cana, da borracha, do cacau, entre outros). No modelo de desenvolvimento inaugurado a partir de então, o setor exportador perde a característica de determinante do crescimento da renda interna, para se tornar estratégico na geração de capacidade de importar bens de capital, essen- ciais para o investimento na indústria de transformação. Inicia-se, assim, um amplo processo de industrialização da economia brasileira capitaneado pelo Estado envolto por uma áurea nacionalista. 21 Trajetória da Agricultura Brasileira Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Nesse cenário, reconheceu-se o papel da agricultura, a qual deveria desempenhar uma série de funções que ficaram conhecidas como funções “clássicas” da agricultura. Nesse âmbito, Johnston e Mellor (1961) desta- cam essas funções: ■ Transferência de recursos produtivos, força de trabalho do setor agrí- cola para o setor não agrícola e contribuição para a formação de capital. ■ Criação de mercado para os produtos industriais. ■ Geração de divisas por meio de saldos na balança comercial. ■ Produção de matérias-primas e alimentos. Porém, com a consagração da produção industrial, também cresceu o menos- prezo pela produção agrícola. Espirito Santo (2001) ressalta que, para a época, “o bom desafio era tentar produzir o mesmo que os europeus”, e não só isso, “deveríamos ser como eles, sofisticados e urbanizados, e não rurícolas e pobres, a dedicar-se à atividades nada nobres como a criação ou a lavra da terra”. A obra literária de Monteiro Lobato, com o estereótipo do “Jeca Tatu”, demonstra a visão da época do setor agropecuário. Com a intensificação do crescimento dos setores industrial e de serviços, a partir da década de 1940, o modelo de produção agropecuária de baixa tec- nologia, vigente naquela época, passa a ter dificuldades em atender a demanda crescente por produtos agropecuários. Esse aumento da demanda é resultado da migração de pessoas do campo para os centros urbanos, as quais deixam de produzir e passam a demandar alimentos, fato que gerou uma pressão para a modernização da agricultura. Com o fim da 2ª Guerra Mundial, criou-se um cenário adverso para o setor agrícola, com preços elevados, escassez de mão de obra, redução do comércio mundial etc. A solução foi o aumento da produtividade via incorporação de inovações tecnológicas do pós-guerra. O resultado foi a aceleração do processo de mecanização, utilização de fertilizantes e calcários, empregos de variedades melhoradas, adoção do milho híbrido, entre outros exemplos. Para Graziano da Silva (1996), no período pós-guerra, empreendeu-se um amplo esforço para importação de tratores e fertilizantes, buscando um aumento CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I de produtividade dos produtos agrícolas. Com isso, intensificaram-se as transfor- mações na agropecuária brasileira, com a incorporação crescente de capital no processo produtivo, provocando transformações na base técnica e nas relações de produção. Homem de Mello (1979) argumenta que o setor agrícola, que era negligenciado pelas políticas públicas até então, passa a usufruir de um aporte de recursos provenientes de programas intervencionistas do governo, como recur- sos subsidiados, preços mínimos e seguro rural. Entretanto, segundo Santos (1988), o desenvolvimento e implementação de novos processos produtivos na agropecuária foram dificultados pela estru- tura fundiária das décadas de 1950 e 1960, caracterizadas pela presença de duas estruturas produtivas: ■ Latifúndios administrados sem a preocupação com a busca de maximi- zação de lucros, ou seja, em muitos casos, a posse de grandes extensões de terra era meramente especulativa, para manter o valor das riquezas com o decorrer do tempo. ■ Minifúndios cujos produtores estavam mais preocupados com o atendi- mento das próprias necessidades de alimentos do que com o mercado. Enfim, para Santos (1988), o processo de modernização só foi consolidado com maior intensidade a partir de 1970, quando foram implementadas políticas dire- cionadas à elevação do nível tecnológico do setor. Ainda analisando as principais transformações na década de 1960, Pereira (1999) ressalta que, a partir de 1965, tornou-se indispensável aumentar a produ- tividade da agropecuária e isso não seria possível com os instrumentos existentes. Surgiu, então, a necessidade de investimentos elevados para a adoção de novos processos produtivos que possibilitassem a expansão da produção brasileira. Dessa necessidade, surgiu a iniciativa do Governo, com a criação do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), que marca o início da fase conhecida na literatura como ©shutterstock 23 Modernização da Agricultura Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA Como a estrutura agrária não apresentou avanços, não existia uma classe dinâ- mica de pequenos produtores capazes de absorver avanços tecnológicos, visto que não tinham, à época, nível de escolaridade suficiente. Assim, as políticas de aumento da produtividade foram implementadas apenas por grandes e médios produtores, os únicos em condições de se adequarem ao processo de inovação. Desse modo, as políticas sugeridas pelo Governo eram de curto prazo, como preços mínimos, crédito e assistência técnica, políticas que beneficiavam apenas grandes e médios produtores, e mantinham a estrutura agrária vigente e apoiada em vultosos subsídios. Nessas condições, iniciou-sea ampliação do uso da meca- nização, de fertilizantes, defensivos agrícolas e outros insumos, o que viabilizou a utilização de grandes áreas em uma mesma propriedade e permitiu a expan- são de culturas de larga escala, como a soja, o milho, o trigo e a cana-de-açúcar. A modernização da agropecuária brasileira foi simultânea à tendência mundial de uso intensivo de insumos industriais poupadores de terra e trabalho nos proces- sos produtivos desse setor, transformação que ficou conhecida como Revolução Verde. Nesse sentido, estava em curso um amplo processo de modernização da agricultura brasileira, com a transformação da base técnica da produção agropecu- ária e com a adoção de um pacote tecnológico, preconizado pela Revolução Verde. CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Enfim, a Revolução Verde resultou em um novo modelo tecnológico de produção agrícola, caracterizado principalmente pela combinação de insumos químicos (fertilizantes, defensivos agrícolas), mecânicos (tratores e implementos) e biológicos (sementes híbridas e, posteriormente, melhoradas geneticamente). Em outras palavras, insumos químicos industrializados, mecanização agrícola e a adoção de variedades adaptadas às distintas regiões brasileiras são os traços marcantes da Revolução Verde. Estados Unidos e países europeus foram pioneiros na incorporação de tecnologia na produção agrícola. Desde meados do século XIX, existem máquinas a vapor substituindo a força humana na agricul- tura na Europa. Em 1914, os Estados Uni- dos desenvolveram e difundiram a utili- zação do milho híbrido. Porém, ao final da segunda guerra mundial, o modelo tecnológico de produção agrícola, já con- solidado nos Estados Unidos, começou a se propagar para os demais países, o que ficou conhecido como Revolução Verde. A justificativa para a difusão desse mo- delo de produção agrícola baseava-se no argumento de proporcionar a solução para a erradicação da fome no mundo. Objetivo atingido com sucesso, dado que a produção mundial mais do que dobrou no período compreendido entre as décadas de 1960 e 1990. O cientista Norman Borlaug ficou conhecido como o pai da revolução verde e recebeu o prêmio Nobel da Paz, em 1970, por suas contribuições. Para obter informações adicionais, consulte: ALBERGONI, L.; PELAEZ, V. Da revolução verde à agrobiotecnologia: ruptura ou continuidade de paradigmas? Revista de Economia, v.33, n.1 (ano 31), jan./jun. 2007. http://mikejackson1948.files.wordpress. com/2012/03/norman-borlaug.jpg 25 Modernização da Agricultura Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . A partir da década de 1990, a agricultura brasileira atinge um novo estágio de desenvolvimento, com a abertura de mercado e a crise fiscal do Estado, sendo que esse cenário provocou a falência do modelo intervencionista adotado. Diante do esgotamento da tradicional política agrícola, o governo iniciou um conjunto de movimentos que, sistematicamente, modificou a atuação do poder público no setor agropecuário. Nesse sentido, as interven- ções do Governo se voltaram para a solução dos problemas conjunturais, em uma visão de curto prazo, com medidas inconsistentes no longo prazo e, por vezes, incoerentes entre si. Espera-se, portanto, que, no estágio atual de desenvolvimento rural e em um ambiente de estabilidade econômica, existam grandes heterogenei- dades inter e intrarregionais, seja em termos de desenvolvimento agrícola, seja em termos de diferenças na absorção de tecnologia ou no nível de inte- gração aos mercados, cada vez mais globalizados. Esse breve diagnóstico do setor agropecuário e agroindustrial, regido pelas leis de mercado, mostra um setor amplo e diverso, sendo que o Brasil desfruta de uma posição privile- giada no contexto internacional. É nesse ambiente de transformação que estudaremos duas das principais cadeias produtivas da agricultura brasileira e paranaense – as cadeias produtivas de soja e milho. Porém, inicialmente, faz-se necessário elencar alguns aspectos que são comuns a todas as cadeias produtivas e explicam o sucesso da agricul- tura brasileira – o que eu chamo de potencialidades e também alguns pontos que afetam negativamente esses modernos complexos produtivos – os entraves ou gargalos. ©shutterstock CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I DEFINIÇÃO DE AGRONEGÓCIO E CADEIAS PRODUTIVAS Concomitantemente às mudanças no cenário econômico, ocorreram mudanças no enfoque acadêmico, tanto na análise da questão do desenvolvimento rural quanto na análise da importância do setor na economia. Primeiramente, abordaremos a noção moderna de desenvolvimento rural, ressaltando as transformações recen- tes e, posteriormente, definiremos terminologias, como: agronegócio, sistema agroindustrial, complexo agroindustrial e cadeias produtivas, para depois apre- sentar a contribuição de Davis e Goldberg, com a criação do termo agronegócio. Para Veiga (1997), termos como desenvolvimento social ou desenvolvimento humano foram utilizados, além de alguns cortes setoriais e espaciais, como agrí- cola, industrial, florestal, pesqueiro, turístico ou rural, urbano, costeiro etc., mostrando a multiplicidade de aspectos que o desenvolvimento abarca. Ainda segundo o autor, o desenvolvimento rural é parte integrante de uma única dinâ- mica sistêmica de desenvolvimento. Seguindo o enfoque de Johnson e Clark (1982), o desenvolvimento rural está assentado na modernização agrícola, na disponibilização de serviços sociais e em programas organizacionais para melho- rar as habilidades gerenciais e a infraestrutura institucional. 27 Definição de Agronegócio e Cadeias Produtivas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Nesse sentido, ao analisar a política agrícola europeia, Estrada (2005) denota que a concepção “restringida” de desenvolvimento agrícola está sendo superada, sendo que o desenvolvimento rural tem que ser visto de forma integrada e multi- funcional, tentando integrar a concepção agrária e territorial com novas noções de sustentabilidade, eficiência e competitividade, a fim de dinamizar todos os recursos existentes nas comunidades rurais. Com o avanço das preocupações ambientais nas últimas décadas, emergiu, em meados dos anos 1980, uma visão mais totalizante de desenvolvimento sustentável, articulada pelo tripé econô- mico-social-ambiental. Essa noção foi inserida em âmbito global pelo Relatório Bruntland1 e definitivamente consagrada pela Agenda 21, lançada no encon- tro RIO-92. Enfim, a importância do desenvolvimento rural foi evidenciada pelo relatório do Banco Mundial (2002), que constata que não se pode pensar em desenvolvi- mento econômico se não estiver presente o desenvolvimento rural. Na literatura sobre o tema, é atribuída a Hayami e Ruttan (1988) a tenta- tiva de se construir, de forma abrangente, uma teoria de desenvolvimento rural, com o reconhecimento de caminhos múltiplos nesse processo. Para os autores, as mudanças técnicas, sejam elas de cunho mecânico ou de cunho químico- biológico, são consideradas endógenas ao sistema produtivo. Para os autores, as mudanças de cunho mecânico são impulsionadas, em geral, pela substituição do fator mão de obra, devido à sua relativa escassez, ao passo que inovações de cunho químico-biológico são estimuladas, em geral, com o objetivo de substi- tuir o fator terra.É a disponibilidade de cada um destes fatores (mão de obra e terra) que estimula a sociedade a trilhar seu caminho “inovativo” por um destes proces- sos (mecânico ou químico-biológico). Nesse sentido, Hayami e Ruttan (1988) destacam que o desenvolvimento agrícola é fruto da interação de diversos fato- res, de cunho inovativo ou institucional, sendo que o desenvolvimento pode ser explicado por um Modelo de Inovações Induzidas. 1 Relatório produzido em 1987 pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, teve como uma de suas principais recomendações a realização de uma conferência mundial para direcionar os assuntos ambientais – o que culminou com a Rio-92. CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Para os autores, para que esse Modelo de Inovações Induzidas funcione, é necessário que o sistema de preços vigente reflita a real condição das forças de oferta e demanda dos fatores de produção. Além disso, é necessário que as ins- tituições sejam aprimoradas, para que o desvio do foco dessas instituições não priorize apenas alguns membros integrantes da cadeia produtiva, gerando, assim, um viés no que seria o padrão tecnológico adequado a cada região. Destacado o caráter multidimensional do conceito de desenvolvimento, é necessário avaliar a importância do setor agrícola nesse contexto. Historicamente, a literatura sobre o tema apresentava a economia dividida em três setores: setor primário – o qual está relacionado com a exploração de recursos da natureza (agricultura, mineração, pesca, pecuária e extrativismo), setor este que fornece a matéria-prima para a indústria de transformação; setor secundário – respon- sável pela transformação das matérias-primas, termo empregado historicamente para definir o setor manufatureiro; e o setor terciário – setor de serviços, por exemplo, alimentação, comércio, educação, informática, saúde, seguros, trans- porte, telecomunicações, turismo etc. Kon (1999) destaca que essa terminologia (primário, secundário e terciário) foi introduzida por Fisher em 1935. Com a inclusão do setor terciário na análise, destaca-se a preocupação com o bem-estar social, além da preocupação com as atividades essenciais para a sobrevivência. Para o autor, uma economia desen- volvida, denominada sociedade pós-industrial, seria a sociedade em que o setor de serviço fosse dominante, o mais representativo. Essa classificação não captava a real importância do setor agropecuário para a economia como um todo. Com a visão sistêmica de Davis e Goldberg (1957), a definição de agronegócio conseguiu captar as inter-relações entre a agropecuária e a agroindústria. Na Tabela 1, pode-se verificar que, em 2011, contabilizando a agricultura e pecuária, em termos de atividade primária, a agropecuária repre- senta apenas 6,38% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Mas, levando em conta o caráter sistêmico dessas atividades, o agronegócio passa a representar 22,15% do PIB. 29 Definição de Agronegócio e Cadeias Produtivas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Tabela 1: Participação do Agronegócio no PIB Brasileiro de 1994 a 2011 Fonte: Elaborada com base em CEPEA/ESALQ (2012) A N O IN SU M O S (A ) A G RO PE CU Á RI A (B ) A G RI CU LT U RA PE CU Á RI A IN D Ú ST RI A (C ) D IS TR IB U IÇ Ã O (D ) TO TA L (A +B +C +D ) 19 94 2, 36 % 6, 33 % 3, 70 % 2, 63 % 8, 88 % 8, 87 % 26 ,4 4% 19 95 2, 19 % 6, 21 % 3, 55 % 2, 67 % 9, 12 % 8, 54 % 26 ,0 6% 19 96 2, 17 % 5, 85 % 3, 45 % 2, 40 % 8, 54 % 8, 54 % 25 ,1 0% 19 97 2, 07 % 5, 58 % 3, 33 % 2, 25 % 8, 31 % 8, 11 % 24 ,0 7% 19 98 2, 19 % 5, 93 % 3, 51 % 2, 42 % 7, 87 % 8, 22 % 24 ,2 0% 19 99 2, 37 % 5, 90 % 3, 32 % 2, 59 % 8, 06 % 8, 25 % 24 ,5 8% 20 00 2, 34 % 5, 61 % 2, 95 % 2, 66 % 7, 81 % 7, 83 % 23 ,5 9% 20 01 2, 41 % 5, 79 % 3, 16 % 2, 63 % 7, 65 % 7, 84 % 23 ,6 9% 20 02 2, 69 % 6, 31 % 3, 63 % 2, 68 % 7, 88 % 8, 23 % 25 ,1 1% 20 03 2, 99 % 6, 98 % 4, 16 % 2, 82 % 8, 02 % 8, 46 % 26 ,4 5% 20 04 2, 87 % 6, 55 % 3, 87 % 2, 68 % 7, 97 % 8, 28 % 25 ,6 6% 20 05 2, 50 % 5, 73 % 3, 17 % 2, 56 % 7, 73 % 7, 76 % 23 ,7 1% 20 06 2, 34 % 5, 39 % 3, 04 % 2, 35 % 7, 65 % 7, 54 % 22 ,9 1% 20 07 2, 49 % 5, 70 % 3, 22 % 2, 48 % 7, 52 % 7, 59 % 23 ,3 0% 20 08 2, 78 % 6, 22 % 3, 58 % 2, 64 % 7, 19 % 7, 36 % 23 ,5 5% 20 09 2, 49 % 5, 80 % 3, 29 % 2, 51 % 6, 92 % 7, 05 % 22 ,2 5% 20 10 2, 41 % 5, 92 % 3, 38 % 2, 54 % 6, 64 % 6, 83 % 21 ,8 0% 20 11 2, 62 % 6, 38 % 3, 67 % 2, 71 % 6, 32 % 6, 84 % 22 ,1 5% M éd ia 2, 46 % 6, 01 % 3, 44 % 2, 57 % 7, 78 % 7, 90 % 24 ,1 5% CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Em termos absolutos, o agronegócio é responsável por R$ 917,65 milhões, dos R$ 4.143,01 milhões do atual PIB brasileiro. Ou seja, não reconhecer os efeitos da produção agropecuária e seus desdobramentos nos demais setores relacionados seria o mesmo que se esquecer de computar na conta do PIB o correspondente a 1/5 do seu valor. Com essa abordagem sistêmica, a comer- cialização de produtos agropecuários e agroindustriais passa a ser analisada da ótica da cadeia agroindustrial, aumentando assim a amplitude e a impor- tância da comercialização. O estudo do agronegócio pode ser compreendido a partir de diferentes perspectivas teóricas. Para Mendes e Padilha (2007), o estudo dos aspectos relacionados ao agronegócio pode ser dividido em duas metodologias de aná- lise distintas. Embora destoem quanto ao tempo e local de origem, essas duas metodologias guardam entre si muitos pontos em comum, principalmente, a abordagem sistêmica empregada. A primeira corrente retrata as contribuições dos professores Ray Goldberg e John Davis da Universidade de Harvard, que criaram o termo agronegócio2, e, posteriormente, em um trabalho de Goldberg3 tem-se a primeira utilização da metodologia de análise para estudar o comportamento dos sistemas de pro- dução, conhecida como Commodity System Approach (CSA). Conceitualmente, Davis e Goldberg (1957) postulam que o agronegócio envolve o conjunto de ope- rações de produção, armazenamento, distribuição e comercialização de insumos e produtos agrícolas, bem como seus derivados. A segunda corrente tem como origem a escola francesa que, no decorrer da década de 1960, refere-se à analyse de fílière, a qual, conceitualmente, refere-se à cadeia de produção. Embora esse conceito não tenha sido desenvolvido espe- cificamente para estudar a problemática agroindustrial, foi nesse setor que ele encontrou seus principais defensores. Na revisão empreendida por Mendes e Padilha (2007), pode-se sintetizar em três elementos os aspectos ligados àvisão de cadeia produtiva: 2 Agronegócio é originário do termo em inglês agribussines que foi criado na Boston Conference on Distribution of Agricultural Products, em outubro de 1055. 3 GOLDBERG, R. A. Agribusiness coordination: a systems approach to the wheat soybean and Florida orange economies. Division of research. Graduate Sebool of Business Administration. Boston Harvard University, 1968. 31 Definição de Agronegócio e Cadeias Produtivas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . I. A cadeia de produção é uma sucessão de operações de transformação dissociáveis, capazes de serem separadas e ligadas entre si por um enca- deamento técnico. II. A cadeia de produção é também um conjunto de relações comerciais e financeiras que estabelecem, entre todos os estados de transformação, um fluxo de troca, situado de montante a jusante, entre fornecedores e clientes. III. A cadeia de produção é um conjunto de ações econômicas que presidem a valoração dos meios de produção e asseguram a articulação das operações. Enfim, ambas as abordagem tratam do encadeamento e da articulação gerada entre as diferentes atividades econômicas e tecnológicas envolvidas na produção de determinado produto agroindustrial. Por sua vez, Zylbersztajn (2006) des- taca que o conceito de cadeias de agronegócios difundiu-se no Brasil no início dos anos 1990, período no qual o setor agrícola deixou de ser avaliado isola- damente, agregando, assim, os setores de suprimento e distribuição, em uma análise conjunta. Nesse contexto, grande foi a contribuição do Programa de Estudos e Negócios do Sistema Agroindustrial (PENSA), que introduziu duas novas vertentes ao debate: as contribuições de Douglas North (Universidade de Washington) e Oliver Williamson (Universidade de Berkeley), focando principalmente o estudo da competitividade e o papel das instituições e dos custos de transação nas cadeias produtivas, respectivamente. Para Mendes e Padilha (2007), denominações como sistema agroindustrial, complexos agroindústrias, cadeia produtiva, supply chain, entre outras, são indis- criminadamente utilizadas e com superposições conceituais. Embora as diferentes terminologias estejam associadas ao mesmo problema de pesquisa, representam espaços de análise distintos e se prestam a diferentes objetivos. Para Batalha e Silva (2001), Sistema Agroindustrial é conjunto de atividades que concorre para a produção de produtos agroindustriais, desde a produção de insumo, até a chegada do produto final ao consumidor. Desse modo, a definição de sistema agroindustrial se aproxima da definição de agronegócio, abordada até então, porém, para o segundo o autor, um determinado Sistema Agroindustrial pode ser decomposto em até seis elementos básicos: CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I 1. agricultura, pecuária e pescas; 2. indústrias agroalimentares; 3. distribuição agrícola e alimentar; 4. comércio internacional; 5. consumidor; 6. indústrias de serviços de apoio. Nesse contexto, Mendes e Padilha (2007) destacam que esse ferramental de aná- lise pode ser utilizado para demonstrar a organização desses seis elementos, ou seja, dar uma visão sistêmica ampla dos setores à montante e à jusante da pro- dução agropecuária, conforme apresentado na Figura 1. Mercado Externo DistribuiçãoAgriculturaPecuária Indústria Agro Alimentar Consumidor Final Recursos Humanos Indústrias não Alimentar Indústrias de Apoio Figura 1 – Organização do Sistema Agroindustrial Fonte: Adaptado de Mendes e Padilha (2007) ©shutterstock 33 Contexto Atual da Agricultura: Desafios e Oportunidades Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Para Bacha (2003), a visão sistêmica do Complexo Agroindustrial abrange o conjunto de atividades realizadas pela agropecuária e pela sucessão de atividades vinculadas à produção e transformação de produtos agropecuários e florestais. Em outras palavras, a análise do complexo agroindustrial parte de determinada matéria-prima de base, por exemplo: complexo soja, complexo leite, complexo cana-de-açúcar, complexo café, entre outros. Enfim, a arquitetura de análise de um complexo agroindustrial permeia a análise de um conjunto de cadeias de produção, cada uma delas associada a um produto ou família de produtos. Não obstante, Marques e Mello (1999) abordam o tema Cadeia Agroindustrial como a sequência de operações envolvidas na produção de determinado produto agropecuário, tendo por objetivo sua produção e distribuição. Sendo assim, a cadeia agroindustrial é definida a partir da identificação de determinado produto final. Como exemplo, têm-se a cadeia de produção agroindustrial da manteiga. Caro(a) aluno(a), nessa conceituação das terminologias adotadas nos dife- rentes níveis de análise, cabe destacar que a eficiência do sistema não depende apenas da eficiência produtiva dentro da porteira, mas também da forma eficiente de condução das operações antes e depois da porteira. Com base no exposto, no presente estudo, pretende-se analisar as cadeias produtivas de soja e milho. CONTEXTO ATUAL DA AGRICULTURA: DESAFIOS E OPORTUNIDADES Até então, elencamos as transformações na base técnica, fruto da revolução tecnológica que o meio rural brasileiro sofreu no período recente. A inovação no campo é perceptí- vel, não é difícil ver tratores, colheitadeiras, máquinas e implementos de última geração rodando pelas fazendas ou em exposição em CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I feiras agropecuárias por todo o país. São exemplos dessa evolução: a difusão da técnica de plantio direto, o lançamento constante de novos cultivares, refor- mulações de fertilizantes e novos princípios-ativos de defensivos, a agricultura de precisão e o uso crescente de biotecnologia. Essas transformações colocam nossos agricultores em pé de igualdade com os agricultores de países desenvol- vidos. O campo transpira inovação, as inovações estão em ebulição nesse setor. Além disso, houve uma redefinição da relação da agricultura com os demais segmentos da economia. Nesse contexto, cabe destacar a existência de novo padrão de produção agrícola, o qual passou a incorporar elementos de desenvol- vimento urbano. Dessa forma, o campo deixou de ser exclusivamente agrícola, como afirmam Melo e Parré (2007), iniciando um processo de separação entre o rural e o agrícola, ou seja, o meio rural já não representa apenas as ativida- des agropecuárias. A linha que separa o rural do urbano se tornou cada vez mais tênue, pois a pluriatividade tornou-se permanente nas unidades familiares rurais, ou seja, o espaço rural tem sido foco de valorização para fins não agrícolas. Vários são os exemplos: condomínios habitacionais são instalados no espaço rural; indústrias têm transferido suas plantas do meio urbano, como forma de reduzir o custo de produção dada a proximidade das matérias-primas (ou para reduzir os custos com impostos); empresas têm se especializado no turismo rural, com a proliferação de hotéis-fazenda; o lazer tem sido explorado no espaço rural, com a dissemi- nação de pesque-pague, clubes temáticos e balneários, entre outros exemplos. De outro lado, muitos produtores rurais, ou seja, os executores das atividades agrícolas, muitas vezes, não residem na propriedade e também desempenham outras atividades no meiourbano. A partir de meados da década de 1980, com a emergência cada vez maior das dinâmicas geradoras de atividades rurais não agrícolas e da pluriatividade no interior das famílias rurais, observa-se uma nova conformação do meio rural brasileiro, a exemplo do que já ocorre há tempos nos países desenvolvidos, fato que Graziano da Silva e Del Grossi (1998) chamaram de “novo rural”. Desse modo, o meio rural pode ser vislumbrado como um espaço para o desenvolvi- mento de atividades agropecuárias, mas o conceito novo rural mostra uma vasta gama de possibilidades para a ocupação desse espaço, sob diferentes perspectivas. 35 Contexto Atual da Agricultura: Desafios e Oportunidades Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . A Figura 2 mostra que, historicamente, rural e urbano eram reconhecidos como espaços distintos. Agora, o meio rural é ocupado por personagens do mundo urbano, ex-habitantes da cidade que utilizam o campo para moradia (profissio- nais liberais, assentados etc.) ou para empreender uma atividade que até então era reconhecidamente urbana (recreação, lazer, agroindústrias etc.). Em contra- partida, habitantes convencionais do campo se instalam no meio urbano (filhos de agricultores em busca de formação, agricultores adquirem terrenos urbanos para diversificar seu capital e ter um fluxo de renda mais regular etc.). RURALURBANO Atividades agrícolas Atividades não agrícolas Figura 2: Novas relações e atividades no meio rural Fonte: Adaptada de Graziano da Silva e Del Grossi (1998) Entendendo a composição atual do meio rural, seguimos em nossa análise, enfa- tizando algumas potencialidades do agronegócio brasileiro. Devido às condições edafoclimáticas favoráveis, a disponibilidade de terras e demais recursos naturais, o jargão ufanista “celeiro do mundo”, que destaca as potencialidades agropecu- árias e agroindustriais do Brasil, está cada vez mais próximo de se concretizar. Nesse ínterim, cabe destacar que os estudos do Economic Research Service (ERS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em 2002, já apontavam o Brasil, principalmente devido à disponibilidade de terras, como o país que reúne melhores condições para suprir o esperado aumento do con- sumo mundial. Para a instituição, áreas de pastagem irão ceder espaço para a futura expansão da produção de grãos e oleaginosas, sendo que o país poderá, futuramente (previsão para 2050), contar com uma área de até 170 milhões de hectares destinados à agricultura. CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I 400 Em milhões de hectares 350 300 250 200 150 100 50 0 EUA (atual) EUA (atual) Brasil (potencial) Pastagens Cultivos Figura 3: Disponibilidade de Áreas Agricultáveis no Brasil Fonte: Embrapa (2002) e USDA (2002) Segundo a Embrapa (2011), a agricultura é um setor da economia real que pro- duz alimentos, fibras e outras matérias-primas para o setor agroindustrial, sendo responsável por impulsionar setores a “montante” e a “jusante”. Nesse contexto, a agricultura contribui também para a desconcentração urbana, ao viabilizar a existência de cidades de pequeno e médio porte e permitir qualidade de vida para populações que vivem no campo. Historicamente, a efetiva ocupação do território nacional deu-se com a interiorização da produção, com a expansão da fronteira agrícola rumo ao Centro-Oeste. A ocupação dos cerrados ou, em outros termos, a “marcha para o oeste” (para fazer um paralelo com o desenvolvimento norte-americano) é um dos feitos da atividade agrícola. Na Revista Veja (2005), com base em informa- ções de institutos nacionais, foi retratada a disponibilidade de terras agricultáveis no Brasil. 37 Contexto Atual da Agricultura: Desafios e Oportunidades Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Figura 4: Disponibilidade de terras no Brasil Fonte: Revista Veja (2005) Nesse ponto, existe a disponibilidade de incorporação de, aproximadamente, 50 milhões de hectares de terras ainda “virgens” (áreas remanescentes do cerrado e terras devolutas) aptas para a produção e outros 56 milhões de hectares de ter- ras secundárias (pastagens degradadas), totalizando, segundo a publicação, 106 milhões de hectares. Com isso, o Brasil tem um grande potencial de expansão sem o temido desmatamento da floresta amazônica. Porém, é salutar observar que o aumento da terra agrícola brasileira é um processo lento. Fatores econômicos, sociais, ambientais, entre outros têm influência sobre a produção agrícola. Ao longo das últimas décadas, a produção agrícola alterna ciclos de expansão, com ciclos de estagnação e até retração da área agrícola. De acordo com CONAB (2014), o recorde de área plantada da safra 1987/88 só foi superado na safra 2002/03 e, mesmo na década de 2000, uma série de crises contribuiu para a estagnação entre as safras 2004/05 e 2010/11 (Figura 5). CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Figura 5: Evolução da área plantada no Brasil, culturas selecionadas (1976/77 - 2012/13) Fonte: CONAB (2014), levantamento Mar. 2014 *estimativa Por fi m, a importância do setor agropecuário, há muito tempo, é reconhecida, sendo um importante setor na formação econômica do Brasil, porém a agroin- dústria ainda é jovem, mas com potencial de grande evolução. Desse modo, com a expansão de agroindústrias de oleaginosas, fi bras, carne, madeira, entre outros, o mercado, continuamente, demanda profi ssionais qualifi cados, com conheci- mentos especializados no setor agroindustrial e inseridos no contexto regional. Nesse sentido, neste material, o estudante vai encontrar noções sobre as carac- terísticas e comportamento dos mercados de commodities, como a soja e milho, que são relevantes na produção regional. Bem como apresenta-se a relação dos agentes envolvidos nesses setores produtivos e a inter-relação com outros setores. ©shutterstock 39 O que é ou em que Consiste uma Commodity? Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O QUE É OU EM QUE CONSISTE UMA COMMODITY? Bom, primeiramente, preparamo-nos para mais um módulo do curso de Gestão de Agronegócio, porém, antes, é necessário fazer uma pergunta básica: o que efe- tivamente você entende por commodity? Ou no plural, commodities? Uma das teorias sobre a origem da palavra commodity vem dos aventuro- sos portugueses que, no século XVI, colocaram-se ao mar em busca de riquezas, territórios e, notadamente, especiarias. Foi Vasco da Gama, ao dobrar o cabo da Boa Esperança, que firmou o entreposto português na Índia, concretizando o comércio tão caro e raro das especiarias. Entre elas, destacavam-se a pimenta, o cravo, a seda, a canela, a noz-moscada etc. Curiosamente, os portugueses usavam essas especiarias para conservar os alimentos, utilizando o termo “comodida- des” para caracterizá-las, sendo utilizado o termo commodities pelos ingleses. De acordo com Sandroni (2001), o termo commodity designa, nas rela- ções comerciais internacionais, um tipo particular de mercadoria em estado bruto ou produto primário de importância comercial, com pequeno grau de CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610de 19 de fevereiro de 1998. I industrialização, de qualidade uniforme ou passível de classificação, produzido em grandes quantidades, por um grande número de produtores e que pode ser estocado por determinado período, sem perda significativa de qualidade. De fato, as commodities são mercadorias – naturais ou industriais – bastante similares ou idênticas, cujas principais características, segundo Pinho (2002), são: i) padronização em um contexto de mercado internacional; ii) possibilidade de entrega em datas acordadas entre comprador e vendedor; iii) possibilidade de armazenagem ou de venda em unidades padronizadas. Dessa forma, uma vez que um material atenda às especificações exigidas pelo mercado, não há dife- rença significativa para um comprador escolher entre uma fonte e outra. Enfim, um produto, para ser chamado de commodity, tem que ter caráter negociável, padronizável e possuir liquidez, sendo que a liquidez pode ser definida como a capacidade de algo se transformar em dinheiro rapidamente, em qual- quer parte do mundo. Outra característica importante é que a procura e oferta de commodities movem-se em ciclos previsíveis, fazendo com que, igualmente, os preços possam também ser previamente estimados. Porém, essa estimação dos preços dependerá da análise das variáveis que têm efeito sobre a oferta e demanda dessa commodity. Desse modo, as commodities podem ser de divididas nos seguintes grupos: ■ Financeiras - moedas negociadas em vários mercados, títulos públicos de governos federais, taxas de juros, índices. ■ Minerais - carvão, petróleo e seus derivados, metais preciosos (ouro, prata, platina etc.), metais não preciosos (alumínio, cobalto, cobre, chumbo, estanho, zinco etc.). ■ Agropecuárias - grãos (arroz, milho, trigo etc.), farelos (algodão, soja, sorgo etc.), óleos (algodão, canola, girassol etc.), farinhas (trigo, fécula de mandioca etc.), carnes (aves, boi, suínos etc.), recursos pesqueiros (pei- xes, crustáceos etc.), culturas perenes (borracha, café, laranja etc.) e fibras, produtos têxteis, couros, óleos vegetais não comestíveis. ■ Ambientais - água, energia, produtos florestais ou de reflorestamento (madeira cortada, celulose etc.), reciclagem e controle de emissão de poluentes, ou seja, os créditos de carbono. 41 O que é ou em que Consiste uma Commodity? Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Um exemplo interessante é o caso da cooperativa Veiling Holambra, que foi criada em 1989 e, atualmente, é o maior centro de comercialização de flores e produtos ornamentais do Brasil. Com o pregão e o formato de leilão de venda de flores, essa instituição conseguiu “commoditizar” o mercado de flores no Brasil. A possibilidade de entrega em datas acordadas entre comprador e vendedor possibilita que as commodities sejam passíveis de negociação em mercados futu- ros. As transações em bolsas de mercadorias e futuros referem-se à entrega futura de mercadorias, mas não significa, necessariamente, que há movimento físico de produtos nas bolsas, sendo que o que se negocia são contratos. Existem bolsas de A conferência de Kyoto (1997), que contou com 125 ministros de Estado, foi o principal palco das discussões relacionadas à redução de emissão de poluentes por meio do sequestro de carbono. Resultante desse even- to, o Protocolo de Kyoto trata da redução da emissão de gases poluentes, agentes causais do efeito estufa na atmosfera, estabelecendo que os pa- íses desenvolvidos (39 países relacionados) terão a obrigação de redu- zir, até 2012, a quantidade desses gases em, pelo menos, 5% em relação aos níveis de 1990. Nesse sentido, Kunz e Palhares (2004) destacam que uma contribuição desse protocolo foi a formação de um mercado inter- nacional para a comercialização de crédito de carbono. Nesse sentido, é facultativo às empresas ou países que não conseguiram alcançar a redu- ção esperada desenvolverem projetos em países em desenvolvimento, para contribuir com a redução das emissões de gases de efeito estufa, mediante a transferência de recursos financeiros e tecnologias sustentá- veis para esses países, contribuindo para a redução global das emissões. Essa estratégia, conhecida como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), poderá ser aplicada em setores florestais, de transporte e energé- tico, visando diminuir a dependência dos combustíveis fósseis nos países pobres. Sobre o tratado de Kyoto e MDL, consulte: MARCOVITCH, J. Para mudar o futuro: mudanças climáticas, políticas públi- cas e estratégias empresariais. São Paulo: Saraiva, 2006. 378 p. GOVERNO FEDERAL. Conferências das partes: convenção – quadro das mu- danças climáticas. Disponível em: <http://www.cop15.gov.br/pt-BR/indexef6a.html?page=pa- norama/conferencia-das-partes>. © shutterstock CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I valores específicas para negociar commodities. Alguns exemplos de commodities seriam: café, algodão, soja, cobre, petróleo etc. No caso das flores, a “bolha das tulipas” de 1634 demonstra a utilização de contratos futuros para esse produto. No atual estágio de globalização econômica e financeira, as operações com derivativos vêm apresentando um expressivo crescimento e ganhando relevân- cia no cenário internacional, devido à possibilidade de realização de operações de cobertura de risco sobre a mais variada gama de ativos. Para Future Industry Association (FIA, 2014), uma prova disso é a expressiva expansão do número de contratos, sendo que, no período de 2000 a 2013, o volume de derivativos transacionados no mundo passou de 2,99 para 21,64 bilhões de contratos (um aumento de mais de 7 vezes). Com isso, os agentes envolvidos com o setor pro- dutivo têm o acesso a esses instrumentos cada vez mais facilitado. As recentes mudanças institucionais da bolsa brasileira, juntamente com o ambiente de estabilidade da economia brasileira, proporcionaram uma maior liquidez aos contratos futuros de soja e milho. Cabe destacar que, nos mercados futuros (como é o caso dos mercados futuros de soja e milho), são negociados contratos futuros que, por definição, são “obrigações legalmente exigíveis, para a entrega ou rece- bimento de determinada quantidade de um ativo padronizado, por um preço ajustado em pregão, para liquidação em uma data futura” (MARQUES et al., 2006, p. 68). Dessa forma, os produtores e outros agentes envolvidos no mercado de uma determinada commodity participam do mer- cado futuro, assumindo a posição de hedger. Esse mecanismo de proteção contra varia- ções indesejadas de preço é conhecido como hedge. Para Marques et al. (2006), ao “hed- gear”, ou seja, realizar uma operação de hedge, o agente procura travar o preço de venda ou compra de mercadorias em operações 43 O que é ou em que Consiste uma Commodity? Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . inversas às realizadas no mercado físico. Assim, as perdas em um mercado serão, ao menos parcialmente, cobertas pelo ganho em outro. De modo geral, Hull (2006) caracteriza esse mecanismo como uma ferramenta de repasse do risco de preço, dos hedgers para outros agentes que resolvem assumi-lo, com base nas expectativas do mercado. Nesse sentido, os mecanismos de redução de riscos devem ser incorporados na gestão de risco de diversas commodities. De modo geral, pode-se verificar um expressivo crescimento do número de contratos futuros negociados, tanto de soja quanto de milho. Nota-seque, a partir de 2005, o número de contratos negociados ampliou-se de forma mais significativa, demonstrando que esse instrumento de gestão de risco, o contrato futuro, está cada vez mais presente no cotidiano dos agentes que produzem ou comercializam essa commodity. A evolução dos contratos futuros de milho, na BM&F, pode ser verificada na Tabela 2, enquanto que a evolução dos contratos de soja é apresentada na Tabela 3. CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Tabela 2: Contratos Futuros de Milho Negociados ao mês na BM&F Fonte: BM&F (2014) M ÊS JA N FE V M A R A BR M A I JU N JU L A G O SE T O U T N O V D EZ TO TA L 20 01 41 9 72 6 27 3 23 3 36 7 29 7 30 7 44 8 11 5 54 3 48 0 38 0 4. 58 8 20 02 71 2 1. 05 5 1. 10 8 1. 81 1 2. 77 1 1. 13 3 1. 13 9 50 1 86 4 2. 05 3 2. 16 3 1. 30 6 16 .6 16 20 03 87 3 1. 35 7 1. 38 9 2. 86 1 6. 58 4 3. 68 2 2. 74 8 6. 11 0 3. 80 5 7. 21 7 4. 72 8 2. 54 8 43 .9 02 20 04 3. 16 8 2. 87 9 7. 07 8 5. 80 9 3. 18 2 6. 49 7 4. 32 2 4. 15 7 3. 46 6 5. 14 7 3. 01 2 3. 88 3 52 .6 00 20 05 4. 16 4 6. 65 1 8. 98 2 6. 88 8 4. 95 0 6. 05 7 8. 31 8 9. 87 7 13 .2 57 14 .9 72 6. 60 7 7. 07 2 97 .7 95 20 06 9. 23 2 8. 23 8 23 .7 20 14 .9 32 6. 70 6 5. 64 9 6. 53 6 7. 71 1 10 .2 09 15 .8 54 15 .2 25 11 .1 77 13 5. 18 9 20 07 12 .4 88 13 .1 52 11 .9 68 15 .4 62 14 .9 81 8. 87 9 9. 76 4 21 .6 99 21 .6 00 20 .2 59 33 .5 17 23 .9 55 20 7. 72 4 20 08 19 .1 29 15 .6 05 20 .1 11 34 .0 15 56 .7 02 67 .8 61 54 .2 99 42 .1 73 34 .4 25 24 .5 96 11 .4 77 23 .7 39 40 4. 13 2 20 09 16 .0 80 14 .8 85 13 .1 51 11 .7 70 13 .4 79 26 .3 42 26 .8 27 23 .1 24 32 .8 59 26 .5 26 38 .4 04 42 .3 33 28 5. 78 0 20 10 38 .6 14 33 .8 35 32 .3 49 21 .7 67 27 .3 70 29 .0 55 22 .2 07 37 .9 60 49 .2 33 34 .9 93 23 .4 71 13 .1 91 36 4. 04 5 20 11 33 .6 84 37 .4 82 40 .9 20 32 .6 34 35 .4 98 62 .6 20 47 .0 74 43 .6 77 37 .9 42 25 .0 19 32 .4 74 35 .3 63 46 4. 38 7 20 12 43 .6 40 38 .6 91 61 .6 81 46 .0 42 49 .0 19 66 .2 02 11 3. 69 1 83 .5 43 52 .9 68 54 .3 18 39 .7 61 34 .3 25 68 3. 88 1 20 13 37 .2 49 58 .0 21 57 .6 37 68 .5 31 62 .3 47 62 .5 32 53 .7 42 87 .2 01 66 .9 38 77 .0 65 64 .5 12 43 .0 37 73 8. 81 2 45 O que é ou em que Consiste uma Commodity? Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Tabela 3: Contratos Futuros de Soja Negociados por mês na BM&F Fonte: BM&F (2014) M ÊS JA N FE V M A R A BR M A I JU N JU L A G O SE T O U T N O V D EZ TO TA L 20 01 14 0 58 1 10 0 0 0 0 0 0 0 83 20 02 0 0 0 0 0 0 0 0 0 44 0 88 96 62 4 20 03 90 19 6 82 22 4 45 32 8 35 0 38 8 35 5 48 3 14 8 24 8 2. 93 7 20 04 23 9 17 4 97 1 31 4 17 7 10 6 41 12 8 73 2 61 0 28 29 90 4 7. 22 5 20 05 33 32 8 46 57 53 96 37 90 30 33 41 94 27 91 34 96 38 40 49 23 37 72 41 77 77 .3 97 20 06 46 96 51 97 65 36 43 96 10 65 2 90 54 83 87 96 58 69 61 15 78 9 84 16 84 38 98 .1 80 20 07 93 11 19 39 6 22 76 9 23 45 3 13 89 5 13 60 7 12 39 0 20 56 0 11 94 0 14 50 5 11 89 1 14 65 3 18 8. 37 0 20 08 24 53 7 36 15 9 44 34 5 24 66 3 28 49 4 26 40 3 20 89 1 14 89 7 15 75 7 18 86 4 12 43 0 16 94 2 28 4. 38 2 20 09 17 97 9 16 18 3 22 19 5 25 11 8 15 36 8 19 25 8 13 93 3 58 80 58 26 71 51 10 78 6 84 91 16 8. 16 8 20 10 80 46 62 27 12 41 9 11 09 6 88 40 76 76 65 57 63 12 60 44 83 37 89 21 51 23 95 .5 98 20 11 63 79 10 11 5 13 60 7 67 34 44 86 52 57 53 23 40 67 41 74 29 28 30 30 20 99 68 .1 99 20 12 39 63 46 67 71 56 82 88 42 31 52 15 67 90 33 92 32 07 26 50 15 32 94 3 52 .0 34 20 13 33 66 29 36 86 94 13 91 8 41 96 11 73 1 67 88 16 07 74 9 17 27 23 9 96 2 56 .9 13 CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE COMMODITIES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Enfim, o preço da commodity está sempre sujeito à lei universal e, ao mesmo tempo, básica de oferta e demanda. Por exemplo, um fazendeiro nos Estados Unidos “arrisca” o custo de produzir um produto para mercado, previsto para um determinado período, no futuro, porque ele desconhece a que preço de venda será negociado. Esses contratos denotam posições de negociações vindouras, ao passo que representam um penhor com vistas a uma determinada transação em uma data futura, sob uma unidade mínima de peso (no caso específico das com- modities agrícolas, adota-se o BUSHEL). Faz-se necessário um recorte no texto para explicar, de forma mais detalhada e compreensível possível, o significado de Bushel em função da nossa forma- ção de aprendizagem. Bushel: embora adotemos quilo (kg) ou tonelada (t.) para expressar peso, em praticamente todos os textos referentes a cotações das principais commodi- ties agrícolas negociadas pelas bolsas de mercadorias (CBOT – Chicago Board on Trade; NYCE – New York Cotton Exchange; NYBOT – New York Board on Trade, entre outras) você encontrará a expressão bushel. Contudo, podemos dizer que bushel é uma medida de capacidade para cereais. Ou seja, o peso de um determinado cereal atrelado a um volume pré-determi- nado, sendo um padrão de medida norte-americano, mundialmente divulgado. O termo bushel demonstra que as medidas adotadas pelos norte-americanos, em muitos casos, divergem das medidas que convencionalmente utilizamos. Isso ocorre com a temperatura (Graus Celsius e Farenheit), distância (quilômetros e léguas), área (hectares e acres) e assim por diante. Matematicamente falando, observa-se que bushel é relacionado a uma medida de volume (1 bushel = 35,239072 liters), sendo que as Bolsas norte-americanas apresentam a cotação de seus produtos em US$/bushel. Existem várias unidades para bushel, depende da cultura à qual o texto esteja se referindo. CULTURA 1 BUSHEL EQUIVALE A: Soja, Trigo 27,216 Kg Milho, Sorgo e centeio 25,401 Kg Cevada 21,772 Kg Aveia 14,515 Kg Fonte: USDA (2009) 47 Considerações Finais Re pr od uç
Compartilhar