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REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS CRIMINAIS BRAZILIAN CRIMINAL SCIENCES REVIEW Ano 26 • vol 146 • ago. / 2018 Dossiê Especial: "Gênero e Sistema Punitivo" Editoras associadas: Luciana Boiteux e Luanna Tomaz OTECA DO Mn COM A PALAVRA, AS MULHERES: MATERNIDADE POR TRÁS DAS GRADES HERE NOW, TI-/E NOME!'!: MATERNITY BEHIND BARS RAFAM ARAÚJO MOREIRA Enfermeira. Formada pelo Centro Universitário Jorge Amado (2017). rafaelaaraujo.moreira@gmail.com MAIANA VARGAS FONSECA Enfermeira. Formada pelo Centro Universitário Jorge Amado (2017). vargasmaiana egmail.com JEAN CARLOS CARVALHO PFtAXEDES Enfermeiro, Formado pelo Centro Universitário Jorge Amado (2017). jhancarllosahotmail.com TÂNIA CHRISTIANE FERREIRA BISPO Enfermeira. Doutorado e Pôs Doutorado em Saúde Coletiva pelo Instituto de Saúde Coletiva da UFBAIISC. Mestre em Enfermagem pela EEUFBA, Especialista em Enfermagem Obstétrica. Coordenadora do NUPEIS - Núcleo e Pesquisa Interfaces em Saúde. Professora Titular da Universidade do Estado da Bahia - UNEB. taniaenf@uoi.com.br DENISE SANTANA SILVA DOS SANTOS Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem UFBA (2018). Mestre em Enfermagem UEBA (2011). Especialista em Neonatologia pela Universidade do Estado da Bahia (2008). Docente do Curso de Enfermagem da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). denisenegaleMotmail.com Recebido em: 28.02.2018 Aprovado em: 14.05.2018 Ultima versão do (a) autor (a): 24.05.2018 ÁREA DO DIREITO: Penal RESUMO: É de suma importância o estimulo à rea- lização de pesquisas e o aumento do conheci- mento sobre o tema "mulheres gestantes em situação de prisão", possibilitando dessa forma a Atis-raAcT: R is extremely important to stimulate research and increase knowledge about the topic of "pregnant women in prison", thus enabling re- flection, bringing to light the need to implement MOREIRA, Rafaela Araújo; Fausra, Maiana Vargas; PRAXEOES, Jean Carlos Carvalho; BISPO, Tânia C. Ferreira; SANTOS, Denise Santana Silva dos. Com a palavra, as mulheres: maternidade por trás das grades. Revista Brasileira de Ciências Criminais. vol. 146. ano 26. p. 649-662. São Paulo: Ed. RT, agosto 2018. 650 REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS CRIMINAIS 2018 • RBCCR/A4146 reflexão, trazendo à tona a necessidade de se implantar uma política pública efetiva destinada a essas mulheres. O presente estudo teve como objetivo analisar o gestar e parir no cárcere sob a ótica da mulher em situação de prisão. Trata-se de uma pesquisa de campo, de caráter qualita- tivo, com abordagem descritiva, na qual foram realizadas entrevistas com 8 (oito) mulheres em regime prisional de uma penitenciária localizada na cidade de Salvador-Bahia. Por se tratar de um subprojeto de um projeto maior, intitulado: "Ser mulher, estar grávida e presidiária: difíceis cami- nhos", o mesmo já teve aprovação do comitê de ética, recebendo parecer favorável sob o número 346.920. Os resultados obtidos evidenciaram que alguns fatores como condições ambientais e de higiene e relações interpessoais e afetivas são importantes. Quando agem de maneira negativa sobre a gestante, eles podem interferir na qua- lidade do crescimento gestacional, com reflexos no parto. Apesar da existência de políticas públi- cas nacionais que são direcionadas às mulheres em situação de prisão, existem muitas falhas ligadas principalmente a sua execução. Desse modo, a importância da atuação dos profissio- nais de saúde treinados e capacitados, visando a melhoria na estadia das mulheres gestantes no presidio, mostrou-se fator relevante, visto que esses profissionais podem amenizar de forma significativa o sofrimento e a ansiedade dessas mulheres. PALAVRAS-CHAVE: Gestantes - Saúde da mulher - Assistência à saúde - Direitos da mulher - Prisões. an effective public policy aimed at these women. The present study had as objective to analyze the gesta and to give birth in the jail from the pers- pective of the woman in situafion of prison. This is a qualitative field research with a descriptive approach, in which interviews were conducted with eight (08) women in prisons from a peni- tentiary Iocated in the city of Salvador-Bahia. Because it is a subproject of a larger project, entitled: "Being a woman being pregnant and incarcerated: difficult paths". The same has al- ready been approved by the ethics committee, receiving a favorable opinion under number (346,920). The results showed that some factors such as environmental and hygiene conditions and interpersonal and affective relationships are important. When they act negatively on the pregnant woman, they can interfere in the qua- lity of gestational growth, with reflexes in chil- dbirth. Despite the existence of national public policies that are targeted at women in prison, there are many failures linked mainly to their implementation. Thus, the importance of the performance of trained and trained health pro- fessionals, aiming at improving the stay of preg- nant women in the prison, has been a relevant factor, since these professionals can significantly lessen the suffering and anxiety of these women. KF(WORDS: Pregnant women - Women's Health - Health Care - Women's R ights - Prisons. SUMÁRIO: Introdução. Metodologia. Perfil das mulheres entrevistadas. Resultados e discus- são. O gestar e o parir no cárcere. A invisibilidade das necessidades da gestante. Conside- rações finais. Referências. INTRODUÇÃO A criminalidade no Brasil segue em rumo crescente, assim como o número de mulheres envolvidas em práticas criminosas; dessa forma é cada vez mais comum a presença de mulheres nas penitenciárias brasileiras. Consequente- mente, os casos de gestações dentro do presídio sofrem aumento, tornando MOREIRA, Rafaela Araújo; Fossfcs, Maiana Vargas; PRAXEDES, Jean Carlos Carvalho; BISPO, Tânia C. Ferreira; SANTOS, Denise Santana Silva dos. Com a palavra, as mulheres: maternidade por trás das grades. Revisto Brasileiro de Ciências Criminais. vol. 146. ano 26. p. 649-662. São Paulo: Ed. RT, agosto 2078. MIME DOSSIÊ ESPECIAL: "GÊNERO E SISTEMA PUNITIVO" 651 necessária a discussão cada vez mais frequente sobre o tema (BISPO, FERREIRA, FERREIRA, 2013; BRASIL, 2009). Apesar do aumento expressivo do público feminino nos presídios, este ainda é um assunto pouco discutido pela sociedade, fazendo com que as di- ficuldades encontradas por essas mulheres estejam longe de serem sanadas, obstáculos ainda maiores são encontrados quando existe nesse cenário uma gestação em curso (PICOLI et ai, 2014). É de suma importância o estímulo a realização de pesquisas e o aumen- to do conhecimento sobre o tema "mulheres gestantes em situação de pri- são", possibilitando, dessa forma, a reflexão, trazendo à tona a necessidade de se implantar uma política pública efetiva destinada a essas mulheres (BISPO, FERREIRA, FERREIRA, 2013). Segundo a Lei de Execução Penal 7.210, de 11 de julho de 1984, é asse- gurado à mulher encarcerada o acompanhamento médico, inclusive e prin- cipalmente quando ela se encontra em período gravídico. O art. 88 garante o direito dessas mulheres a uma seção específica para gestantes e parturientes e creches para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos (BRASIL, 2014). Na realidade do nosso país vemos que esses direitos tendem a não ser cum- pridos como deveriam, fato este que é comprovado quando nos deparamos com unidades prisionais que apresentam falta de estrutura física, mobiliário insuficiente, muitas vezes precário, e falta de profissionais treinados e prepa- rados para lidar com a saúde das gestantes (CARNEIRO, VERÍSSIMO, 2016). Em alguns presídios a assistência à saúde da mulher gestante é inexistente, aumentando o risco de adoecerem por não obterem assistênciadevida; somado a isso está o fato de a maioria delas possuírem histórico de deficiência do aces- so às ações de saúde, por se originarem de uma baixa condição socioeconómi- ca, tornando-se este um problema de saúde pública (GALVÃO, DAVIM, 2013). A realidade é que o sistema prisional não foi feito para abrigar mulheres gestantes, muito menos bebês, por se tratar de um ambiente restrito, com nor- mas de conduta, rotinas decretadas e, acima de tudo, por ter características de um lugar tenso e violento, tomando-se um lugar hostil para gestação (CYPEL, 2011). O isolamento causado pela prisão é motivo de muito estresse para as ges- tantes, isso aliado à realidade de a grande maioria ter sido abandonada pelos familiares e marido. Diante disso, as mulheres acabam se sentindo derrotadas, culpadas, frustradas, sozinhas e sem proteção numa fase em que necessitam de companhia e de cuidado (SANTOS et al., 2009). MOREIRA, Rafaela Araújo; FONSECA, Maiana Vargas; PRAXEDES, Jean Carlos Carvalho; BISPO, Tânia C. Ferreira; SANTOS, Denise Santana Silva dos. Com a palavra, as mulheres: maternidade por trás das grades. Revista Brasileira de Ciências Crimina& vol. 146. ano 26. p. 649-662. São Paulo: Ed. RT, agosto 2018. cahmo Realce cahmo Realce cahmo Realce DOSSIÊ ESPECIAL: "GÊNERO E SISTEMA PUNITIVO" 653 652 REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS CRIMINAIS 2018 • RBCCRim 146 O ambiente carcerário é prejudicial às gestantes, já que a condição física, psíquica e emocional da mãe interfere no feto. O estresse materno está mui- tas vezes relacionado à causa de partos prematuros, baixo peso ao nascer, en- tre outras complicações (DIPIETRO, 2002). Proporcionar a humanização do cuidado, levar maior conforto às gestantes, acolhê-las e prestar assistência ne- cessária são medidas que podem ser adotadas para minimizar o impacto que o encarceramento tem sobre a gestação (GALVÃO, DAVIM, 2013). Conforme a relevância do tema, surge a necessidade de reflexão, ampliando a área de pesquisa existente na literatura sobre a temática, promovendo maior discussão sobre a atual conjuntura das gestantes em situação de prisão, além de promover a educação continuada de todos os profissionais que lidam de for- ma direta com essas mulheres. Dessa forma, elaboramos nossa pergunta norteadora: como ocorre o gestar e o parir no cárcere, sob a ótica da mulher em situação de prisão? Com o intuito de colaborar para uma adequada assistência às mulheres em período gravídico, este estudo tem como objetivo geral analisar esse questio- namento. METODOLOGIA Trata-se de um estudo qualitativo, com abordagem descritiva. Esse tipo de estudo tem como finalidade descrever as características de determinadas po- pulações ou fenômenos. Uma de suas peculiaridades está na utilização de téc- nicas padronizadas de coleta de dados na forma de questionários e observação sistemática (GIL, 2010). A pesquisa qualitativa é um método de investigação científica que se atém no caráter subjetivo do objeto em análise, não tem por objetivo adquirir nú- meros como resultado, e, sim, compreender, caracterizar grupos, instituições e pessoas com relação a seus costumes, suas histórias e até mesmo relações entre indivíduos, instituições e movimentos sociais (1VIINAYO, 2008). O estudo qualitativo trabalha com o âmbito de significados, motivos, aspi- rações, crenças, valores e atitudes, o que equivale a uma zona mais profunda das relações, dos processos e dos fenômenos. Seu propósito não é contar quan- tidades, portanto são feitas geralmente com um número pequeno de entrevis- tados (MINAYO, 2001). Participaram deste estudo 8 (oito) mulheres em regime prisional de uma pe- nitenciária localizada na cidade de Salvador-Bahia, no período de março a abril de 2017. As mulheres foram escolhidas obedecendo aos seguintes critérios de MOREIRA, Rafaela Araújo; Forrsrok, Maiana Vargas; PRAXEOES, Jean Carlos Carvalho; BISPO, Tânia C. Ferreira; SANTOS, Denise Santana Silva dos. Com a palavra, as mulheres: maternidade por trâs das grades. Revista Brasileira de Ciências Criminais. vol. 146. ano 26. p. 649-662. São Paulo: Ed. RT, agosto 2018. inclusão: estar grávida durante a permanência na penitenciária ou já tiverem passado por essa experiência e aceitaram participar do estudo. A coleta de dados ocorreu por meio de uma entrevista semiestruturada, cujo roteiro visa os dados biográficos, sociodemográficos e específicos, de acordo com a temática da pesquisa. Em um local reservado, foi explicado às entrevistadas como funcionaria a pesquisa, quais os objetivos do estudo, como se dá a participação voluntária, sendo garantido o total anonimato das partici- pantes. As entrevistas foram gravadas após a assinatura do termo de consen- timento livre e esclarecido. Para que as identidades fossem preservadas, todas foram identificadas com a letra "M", e o número, de acordo com a ordem da sua entrevista. As entrevistas foram transcritas e analisadas conforme análise de Conteúdo de Bardin (2011), agrupadas e categorizadas conforme unidade temática, des- tacando-as como foco da pesquisa, a fim de identificar os agravos ocasionados pela invisibilidade das necessidades da mulher durante a gravidez no cárcere. Para Bardin (2011), o exame de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando, por procedimentos sistemáticos e objeti- vos de descrição do conteúdo das mensagens, obter indicadores quantitativos ou não, que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições que produção/recepção (variáveis inferidas) das mensagens. A análise de conteúdo é dividida em três etapas: pré-análise, descrição ana- lítica e interpretação inferencial. Na fase de pré-análise, inicialmente foram realizadas várias leituras do material das entrevistas, tentando angariar fami- liaridade com o texto transcrito, buscando apreender seu conteúdo. No segun- do momento, a leitura das entrevistas transcritas se deu de forma sistemática, assinalando ocorrências pertinentes à pesquisa, constituindo-se, assim, a fase analítica, em que o "corpus" é submetido a um estudo mais aprofundado. Nes- sa segunda fase foi realizada a formação dos temas que sintetizam as unidades de registro, agrupando-as e categorizando-as. Na terceira etapa, a interpretação das informações foi elaborada pela inferência (BARDIN, 2011). Por se tratar de um subprojeto de um projeto maior, intitulado: "Ser mu- lher, estar grávida e presidiária: difíceis caminhos", já teve aprovação do comi- tê de ética, recebendo parecer favorável sob o número 346.920, de acordo com a Resolução 466/12 do CNS (Conselho Nacional de Saúde). Os princípios éticos serão respeitados, no intuito de proteger os direitos das entrevistadas ao se levar em consideração os aspectos éticos pontuados pelas Diretrizes Reguladoras de Pesquisa em Seres Humanos, em consonância com a Resolução 510/2016 do CNS. MOREIRA, Rafaela Araújo; FONSECA, Maiana Vargas; BRAXEDES, Jean Carlos Carvalho; BISPO, Tânia C. Ferreira; Sarros, Denise Santana Silva dos. Com a palavra, as mulheres: maternidade por trás das grades. Revisto Brasileira de Ciências Criminais. vol. 146. ano 26. p. 649-662. São Paulo: Ed. RT, agosto 2018. cahmo Realce 654 REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS CRIMINAIS 2018 • RBCONm 146 DOSSIÊ ESPECIAL: "GÊNERO E SISTEMA PUNITIVO" 655 PERFIL DAS MULHERES ENTREVISTADAS Neste estudo, realizado com oito mulheres em situação de prisão, foi veri- ficado, por meio da análise da variável quantitativa faixa etária, que as parti- cipantes possuem idade entre 18-26 anos (62,5%) e 27-34 anos (37,5%), em conformidade com os dados coletados no Estado do Ceará, que retratam a pre- dominância da mesma faixa etária (RIBEIRO et ai, 2013). Com relação à raça, 87,5% das mulheres se autointitulam pardas e 12,5% negras, o que diverge do DEPEN (BRASIL,2014), que traz um percentual de 87,7 de mulheres negras. A maioria das mulheres em privação de liberdade encontradas nos presídios brasileiros é de origem pobre e com baixa condição socioeconômica; grande par- te delas possui pouca escolaridade e, muitas vezes, antes da prisão, ocupavam- -se de serviços informais, mal remunerados ou estavam desempregadas (BRASIL, 2016a). Equiparando-se com os dados encontrados neste estudo, em que 50% das mulheres possuem o primeiro grau incompleto, destas, 12,5% são analfabetas. Tabela 1 — Caracterização das mulheres privadas de liberdade entrevistadas, quanto à faixa etária, raça e escolaridade, Salvador-BA, 2017. FAIXA ETÁRIA N. % 18-26 anos 5 62,5 27-34 anos 3 37,5 TOTAL 8 100 RAÇA N. % PARDA 7 87,5 NEGRA 1 12,5 TOTAL 8 100 ESCOLARIDADE N. % ANALFABETA 1 12,5 1° GRAU INCOMPLETO 4 50 2° GRAU INCOMPLETO 2 25 2° GRAU 1 12,5 TOTAL 8 100 Fonte: elaborado pelos autores. MOREIRA, Rafaela Araújo; FONSECA, Maiana Vargas; PRAXEDES, Jean Carlos Carvalho; BISPO, Tânia C. Ferreira; SANTOS, Denise Santana Silva dos. Com a palavra, as mulheres: maternidade por trás das grades. Revista Brasileira de Ciências Criminais vol. 146. ano 26. p. 649-662. São Paulo: Ed. RT, agosto 2018. Ao investigar o motivo de prisão, foi constatado que 62,5% das mulheres foram presas por tráfico de drogas, seguido de homicídio (25%), tornando o furto o menor percentual. O principal motivo pelo cárcere feminino é o tráfi- co de drogas, na maioria das vezes os crimes estão ligados ao transporte dessas substâncias ou ao pequeno comércio. A influência do parceiro é fator impor- tante na iniciação da vida criminal das mulheres, raramente elas exercem papel de gerenciamento no tráfico, ocupando em maior frequência papel de coadju- vante (BRASIL, 2014). A análise das entrevistas revelou que 100% das mulheres não são soteropo- litanas, sendo procedentes de cidades do interior da Bahia, tomando a distân- cia mais um fator predisponente para o abandono familiar, do companheiro e afastamento dos filhos, transformando o desamparo em mais um obstáculo a ser vencido por essas mulheres. Tabela 2 — Identificação de mulheres privadas de liberdade quanto ao motivo de reclusão e sua procedência, Salvador — BA, 2017. MOTIVO DE RECLUSÃO N. % Homicídio 2 25 Tráfico de drogas 5 62,5 Furto 1 12,5 TOTAL 8 100 N. 96 PROCEDÊNCIA Interior do Estado da Bahia 8 100 Salvador 0 0 TOTAL 8 100 Fonte: elaborado pelos autores. Resultados e discussão Emergiram duas categorias para propiciar uma melhor compreensão da análise, assim denominadas: o gestar e o parir no cárcere e a invisibilidade das necessidades da gestante. O gastar e o parir no cárcere As mulheres que se encontram em situação de prisão são acompanhadas por muito sofrimento, tomando esta uma fase critica de suas vidas. Como MOREIRA, Rafada Araújo; FONSECA, Maiana Vargas; PRAXEDES, Jean Carlos Carvalho; BISPO, Tânia C. Ferreira; Ssmos, Denise Santana Silva dos. Com a palavra, as mulheres: maternidade por trás das grades. Revista Brasileira de Ciências Criminais. vol. 146. ano 26. p. 649-662. São Paulo: Ed. RT, agosto 2018. cahmo Realce cahmo Realce cahmo Realce cahmo Realce 656 REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS CRIMINAIS 2018 • RBCCRim 146 DossiI ESPECIAL. "GÊNERO E SISTEMA PUNMVO" 657 forma de adaptação a essa realidade elas desenvolvem mecanismos de sobrevi- vência, como o isolamento (LIMA et al, 2013). Tal condição favorece o surgimento de sentimentos negativos, tornando o dia a dia em cárcere complicado e dificultoso. Esse cenário, que afeta as mu- lheres no sistema prisional, agrava-se ainda mais quando existe uma gestação em curso, tendo em vista a maior fragilidade física e emocional própria desse período (BISPO, FERREIRA, FERREIRA, 2013). É o que denotam os dados a seguir: 1...] Estar aqui é difícil, muito ruim, só fico alegre no dia da visita, na quinta- -feira, a família não vem me ver, já me esqueceu. Aqui dentro é muito difícil, mas dá para conviver, só em eu não andar fora e ficar fora dos fuxicos... O pai do meu filho não vem me ver, está foragido. [...I Foi horrível saber que estava grávida aqui. Quando sentia dor, chamava e não tinha ninguém, o meu bebé saiu com 5 meses (M2). [...] Estar aqui, não sei nem te dizer, uma infelicidade, sem visita, sou do interior preciso das coisas. [...1 Parir aqui para mim foi muita humilhação, as coisas foi a minha irmã que trouxe, orei muito, pedi a Deus um socorro, outro dia chegou um pastor e me deu um enxoval. Graças a Deus ganhei tudo, mais de que quando tive meu outro filho em casa (M5). É possível perceber nos relatos que nesse cenário, que abriga mulheres pre- sidiárias, gestantes e mães, a dor e o vazio são grandes. Estando elas em um local como esse, essas mulheres sofrem violência duas vezes, o que nos leva a refletir que, independentemente do crime cometido, elas merecem total assis- tência à saúde, principalmente enquanto estiverem gestantes. O abandono da família pode gerar ausência total ou parcial de laços afeti- vos, tornando ainda mais difícil a sua situação. Ao refletir mais sobre o assunto é possível perceber também que a presença dos familiares tem uma importãncia positiva no desenvolvimento gestacional, minimizando os riscos de abandono. [...] Eu me sinto duas vezes em cárcere privado, porque aqui eu não tenho privacidade nenhuma... Por conta do HIV me sinto sozinha e fico isolada, as pessoas não se aproximam porque tem medo de pegar. [...1 Ter meu filho aqui deve ser muito ruim, eu não penso muito nisso, estou muito triste e angustiada com essa solidão (M6). f...1 Me sinto insegura em algumas partes, não vejo a prisão como segura. [...1 Imagina que terrível, sem a família por peno, sem o acompanhamento, sem minha casa... Muito triste. E...] As práticas de saúde são precárias, tem MOREIM, Rafaela Araújo; FONSECA, Maiana Vargas; PRAXEDÉS, Jean Carlos Carvalho; BISPO, Tânia C. Ferreira; SANTOS, Denise Santana Silva dos. Com a palavra, as mulheres: maternidade por trás das grades. Revisto Brasileiro de Ciências Criminais. vol. 146. ano 26. p. 649-662. São Paulo: Ed. RT, agosto 2018. demora nos atendimentos e nos exames, as vacinas até agora ninguém to- mou, ninguém está nem ai para nada (M8). A gravidez revela à mulher reclusa uma realidade na qual as sensações cor- póreas normais e seu estado emocional são alterados. Nessa fase a mulher di- vide seu corpo com outro ser que em breve ganhará vida, estar gestante e encarcerada gera um período de crise e de transformação (MARIN, 2012). Toda mulher necessita de um cuidado aumentado no período gravídico, por conta das mudanças que sofrem em seu corpo e pela fragilidade do seu estado emocional nesse momento da vida. Alguns fatores como condições ambientais e de higiene e relações interpessoais e afetivas são importantes. Quando agem de maneira negativa sobre a gestante, eles podem interferir na qualidade do crescimento gestacional, com reflexos no parto (MILITA°, BRUNO, 2014). A gestação é um momento especial na vida de uma mulher. É nesse mo- mento que o cuidado e o carinho têm que andar entrelaçados para que a ges- tante se sinta acolhida e preparada para viver a gestação; estando encarcerada tudo fica mais difícil de acontecer, principalmente para aquelas que estão vi- vendo a gestação pela primeira vez. Essa situação experienciada pela gestante presa é bastante delicada, elas precisam ser acompanhadas com um atendimento, específico destinado às suas necessidades, considerando que muitas delas vêm de classe baixa, em que o acesso à saúde de qualidade é menor, mesmo existindo leis que asseguram a essas mulheres direitos a um atendimento. Para nós, estar grávida e encarcerada é sinônimo de enfrentar uma gravidez de risco;o ideal seria não encarcerar essas mulheres que muitas vezes já che- gam com a gestação em curso e acabam convivendo com a incerteza de quan- to tempo irão permanecer com os seus filhos. É uma realidade muito cruel, a penitenciária não oferece condições mínimas de habitabilidade como um local adequado para dormir, alimentação com o mínimo de higiene, saneamento bá- sico e educação. A invisibilidade das necessidades da gestante O sistema prisional foi criado e planejado para abrigar a população mascu- lina, posteriormente foram criados os presídios femininos. Se as condições de homens em situação de prisão já são precárias, quando se trata do sexo femini- no as dificuldades enfrentadas são ainda maiores no que tange à infraestrutura, à discriminação e aos maus tratos (P1ZOLOTTO, 2014). MOREIRA, Rafada Araújo; FONSECA, Maiana Vargas; PRAXEDES, Jean Carlos Carvalho; BISPO, Tânia C. Ferreira; SANTOS, Denise Santana Silva dos. Com a palavra, as mulheres: maternidade por trás das grades. Revista Brasileira de Ciências Criminais vol. 146. ano 26. p. 649-662. São Paulo: Ed. RT, agosto 2018. cahmo Realce cahmo Realce cahmo Realce cahmo Realce cahmo Realce cahmo Realce cahmo Realce DossiÊ ESPECIAL: "GÊNERO E SISTEMA PUNITIVO" 659 658 REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS CRIMINAIS 2018 • RBECRim 146 O aumento da taxa de mulheres em situação de prisão trouxe consigo a ne- cessidade de políticas que as beneficiassem, em um ambiente que até então prevalecia o sexo oposto. Dessa forma, diversas leis foram elaboradas, como a Lei 11.942/2009, criada para assegurar mães e recém-nascidos que se en- contram nesse cenário, garantindo condições mínimas de assistência para eles (BRASIL, 2009). No âmbito internacional, destacam-se as Regras de Bangkok aprovadas pe- la Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) em 2010. Elas defendem que as mulheres recebam, enquanto permanecerem na prisão, acon- selhamento quanto a sua dieta e saúde, por meio de programa que deverá ser elaborado e fiscalizado por um profissional de saúde qualificado para tal exer- cício. As Regras de Bangkok preconizam a importância de uma alimentação adequada, ambiente saudável e viabilização da execução de exercícios físicos (BRASIL, 2016b). Apesar da existência de políticas públicas nacionais que são direcionadas às mulheres em situação de prisão, existem muitas falhas ligadas principalmente a sua execução, isso tem relação com o desconhecimento pelas presas dos seus direitos e sua aparente invisibilidade para a sociedade, agravando os episódios de discriminação, humilhação e abuso de autoridade por pane dos agentes pri- sionais (MOREIRA; SOUZA, 2014). A Lei 11.942, de 2009, discorre sobre o direito das presas gestantes e par- turientes a um local próprio para elas, assim como uma creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, para que pos- sam cuidar melhor de si e de seu bebê. Assegura também às mães presas e aos recém-nascidos condições mínimas de assistência, como acompanhamen- to médico no período pré-natal e no pós-parto, assim como o atendimento ao recém-nascido. Contudo, segundo O INFOPEN (Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias), há falta de médicos pediatras no sistema carcerário, tornando dificultosa a efetivação dessas ações. A mesma lei garante que os presídios des- tinados as mulheres tenham berçário, para que as detentas consigam acomodar seus bebês e assim prestar um melhor cuidado, inclusive amamentar por no mínimo seis meses (BRASIL, 2009), destoando dos seguintes relatos colhidos: E...1 O parto e o pré-natal foram difíceis, porque eu tinha que ficar algemada, isso me incomodava... Algemada, a mão na cama, os agentes desciam para o almoço e depois iam tirar um trago e demoravam, e eu presa, minha criança chorava, eu não podia pegar para mamar. Quando a criança chega ainda é pior porque não tem berçário, minha galeria cheia de mosquitos, paredes MOREIRA, Rafada Araújo; FONSECA, Malan@ Vargas; PRAXEDES, Jean Carlos Carvalho; BISPO, Tânia C. Ferreira; SANTOS, Denise Santana Silva dos. Com a palavra, as mulheres: maternidade por trás das grades. Revista Brasileiro de Ciências Criminais. vol. 146. ano 26. p. 649-662. São Paulo: Ed. RT, agosto 2018. sujas, encardidas, não tinha mosquiteiros, eu tive que pedir as irmãs freiras. O banho também era muito difícil, não queria dar banho frio no meu filho, sei que bebê não gosta e água morna demorava muito. Muito complicado, ninguém orienta nada (M2). [...] Amamentei até seis meses aí levaram meu filho, um dia antes me cha- maram e disseram foi horrível... Chorei muito, com as mamas cheias de leite... Veio uma enfermeira aqui e me deu remédio para secar o leite. A pri- meira visita demorou quase 1 mês. [...] Foi melhor ele ir mil vezes, porque aqui não é lugar para criança, e eu tenho que entender isso, que quem errou fui eu, aqui não é lugar para criança (M1). [...I No hospital eu tive que usar as algemas, porque no terceiro dia eu estava com outro agente e depende muito de quem está com a gente no dia. Teve um dia que o agente saiu e me deixou algemada, ele foi fumar, demorou para voltar e eu tive que urinar na cama mesmo, porque a enfermeira foi procurar e não achou ele. [...] Todas as orientações pra mim foram feitas no hospital, minha filha precisou de pediatra, às vezes quando chora elas dizem que é normal. Tudo aqui é normal (M3). [...I O que fiquei triste foi depois do parto, quando o policial me fez passar vergonha, quando chegou na minha cama e me viu sem algema, daí come- çou a gritar comigo, fiquei com vergonha das colegas de quarto que ficaram me olhando (M5). Os relatos anteriores denotam que, embora existam leis preconizadas para garantir melhores condições às mulheres gestantes que se encontram em situa- ção de prisão, na prática não são efetivas, necessitando de empenho por parte das autoridades públicas para garantia desses direitos. A Lei 13.257/2016 assegura que a prisão preventiva poderá ser substituída pela domiciliar, quando gestante, ou quando mãe de filhos de até 12 anos; an- tes a concessão era apenas para gestantes a partir do 7° (sétimo) mês (BRASIL, 2016). Essa mudança causou repercussões notáveis, já que no início da coleta de dados desta pesquisa o número de mulheres gestantes em situação de prisão era mais expressivo, porém, por conta da gradativa efetivação das leis criadas, houve significativa redução desse número. Publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 13 de abril de 2017, a Lei 13.434, discursa sobre a proibição do uso de algemas em mulheres presas en- quanto elas estiverem em trabalho de parto e durante o puerpério, alterando as- sim o Código de Processo Penal. Essa lei intensifica o trabalho de humanização nas penitenciárias femininas realizado pelo Departamento Penitenciário Nacio- nal do Ministério da Justiça e Segurança Pública (DEPEN). O uso de algemas era habitual ante o argumento de ameaça de fuga, mesmo durante o parto, mas acre- dita-se que o risco de uma presa evadir é mínimo (BRASIL, 2017). MOREIRA, Rafada Araújo; FONSECA, Ma i3r12 Vargas; PRAXEDES, Jean Carlos Carvalho; BISPO, Tânia C. Ferreira; SANTOS, Denise Santana Silva dos. Com a palavra, as mulheres: maternidade por trás das grades. Revista Brasileira de Ciências Criminais. vol. 146. ano 26. p. 649-662. São Paulo: Ed. Ri; agosto 2018. cahmo Realce cahmo Realce cahmo Realce cahmo Realce cahmo Realce cahmo Realce cahmo Realce DOSSIE ESPECIAL: "GÉNERO E SISTEMA PUNITIVO" 661 660 REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS CRIMINAIS 2018 • RBCCRim 146 Os direitos das mulheres que se encontram em situação de prisão muitas vezes não são respeitados, a devida assistência à saúde não é fornecida, ao se tratar de gestantes, a ausência de serviços de saúdecomo o acompanhamento pré-natal, no parto e puerpério, pode culminar em vários agravos tanto à saúde da mulher como à do feto, complicações essas, muitas vezes, irreversíveis, o que toma a garantia do cumprimento das diversas leis existentes que as prote- gem fator de essencial importância em suas vidas. CONSIDERAÇÕES FINAIS A prisão revelou-se fator estressor na vida das gestantes que se encontram em situação prisional, fato este muito compreensível ao analisarmos as condi- ções nas quais são encontradas essas mulheres, alojadas em celas sem a míni- ma estrutura para recebê-las, sem assistência à saúde necessária, somando-se a isso um período de grande fragilidade feminina, que é a gestação. Este estudo evidenciou que, apesar de o acesso à saúde ser um direito de todos e um dever do Estado, este ainda não é colocado em prática quando se refere às mulheres gestantes em situação de prisão. Urge uma revisão com re- lação à execução desses direitos de forma integral, principalmente por tratar- -se de uma minoria, discriminada e muitas vezes invisível perante a sociedade, condição que as tornam vulneráveis e sem voz. Algumas medidas precisam ser adotadas para que o sistema prisional fun- cione de forma correta, garantindo e preservando os direitos dessas mulheres. Inspeções rigorosas, frequentes e sem aviso prévio se fazem necessárias para assegurar o cumprimento das leis de forma eficaz. No âmbito da assistência, verificou-se a necessidade de reciclagem dos pro- fissionais que lidam diretamente com essas mulheres. Estes devem ser subme- tidos ao processo de educação continuada, a fim de torná-los mais conscientes de seu papel nesse cenário. Também é de suma importância que esses profis- sionais reconheçam os reais desígnios do sistema prisional, que são a reforma, a correção e a reintegração dos detentos à sociedade. É importante ressaltar que, no inicio da pesquisa, evidenciou-se um núme- ro significativo de gestantes em situação de prisão, apesar da existência da Lei 13.257/2016, que vai de encontro com esses achados, realidade esta que se- guiu em mudança posteriormente, sendo notada gradativa diminuição no nú- mero de mulheres gestantes em situação de prisão na penitenciária localizada em Salvador-BA. A utilização de algemas, mesmo durante o trabalho de parto e também no pós-parto, foi fato que se revelou corriqueiro nos relatos das entrevistadas, MOREIRA, Rafaela Araújo; Faie, Maiana Vargas; PRAXEDES, Jean Carlos Carvalho; BISPO, Tânia C. Ferreira; SANTOS, Denise Santana Silva dos. Com a palavra, as mulheres: maternidade por trás das grades. Revista Brasileira de Ciências Criminais. vol. 146. ano 26. p. 649-662. São Paulo: Ed. RT, agosto 2018. subsequentemente à nossa coleta de dados, foi garantido pela Lei 13.434 a abo- lição do uso de algemas nas situações supradescritas, tornando esse um passo importante na humanização do cuidado junto às gestantes. A importância da atuação dos profissionais de saúde treinados e capacita- dos, visando a melhoria na estadia das mulheres gestantes no presídio, mos- trou-se fator relevante, visto que esses profissionais podem amenizar de forma significativa o sofrimento e a ansiedade dessas mulheres, além de lhes oferecer assistência em um momento imprescindível, no qual vários agravos à saúde da mulher e do feto podem ser sanados se tratados com brevidade. Almejamos com esta pesquisa tornar as mulheres gestantes em situação de prisão visíveis à sociedade, fazendo assim com que seus problemas e mazelas também sejam vistos como importantes e passíveis de resolução, que seus di- reitos sejam reconhecidos e cumpridos conforme legislação. Ansiamos que essa temática seja cada vez mais comum e frequente, que as discussões e pesquisas científicas nessa área sejam ricas e significativas, traçan- do assim um futuro promissor e menos sofrido na vida das gestantes em situa- ção de prisão e dos seus filhos. 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RT, agosto 2018. cahmo Realce cahmo Realce cahmo Realce cahmo Realce PESQUISAS DO EDITORIAL Veja também Doutrina • As implicações do aprisionamento materno na vida dos(as) filhos(as), de Claudia Stella - RBCCrim 34/237-264 (DTR \ 2001 \ 153); e • Primeira infância, sistema prisional e o direito ao desenvolvimento, à saúde, à convivên- cia familiar e à liberdade, de Bruno César da Silva - RDIJ 3/103 (DTR \ 2014\ 2165). MILITA°, L. P.; KRUNO, R. B. Vivendo a gestação dentro de um sistema prisio- nal. Saúde (Santa Maria), v. 40, n. 1, p. 75-84, jan.-jul. 2014. MINAYO, M. C. S. (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec, 2008. MOREIRA, M. A.; SOUZA, H. S. Vivências de mulheres aprisionadas acerca das ações de saúde prestadas no sistema penitenciário. O Mundo da Saúde, v. 38, n. 2, p. 219-227, 2014. NUNES, E. D. 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