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Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 3 Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 4 Douglas F. Villibor e outros Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 5 Douglas Fadul Villibor Job Shuji Nogami José Roberto Cincerre Paulo Roberto Miranda Serra Alexandre Zuppolini Neto 2ª Edição - Ampliada – 2009 Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas Bases Alternativas com Solos Lateríticos Gestão de Manutenção de Vias Urbanas 6 Douglas F. Villibor e outros © 2007 by Autores Direção Geral Henrique Villibor Flory Supervisão Geral de Editoração Benedita Aparecida Camargo Coordenação Editorial Rodrigo Silva Rojas Diagramação Rodrigo Silva Rojas Capa Wesley Silva Revisão Ortográfica Gelson da Costa Revisão Técnica Odilson Coimbra Fernandes e Débora Nogueira Targas Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por qualquer meio ou forma, seja ela eletrônica ou mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer meio de reprodução, sem permissão expressa do editor. Todos os direitos desta edição, em língua portuguesa, reservados à Editora Arte & Ciência Editora Arte & Ciência Rua dos Franceses, 91 – Morro dos Ingleses São Paulo – SP - CEP 01329-010 Tel.: (011) 3258-3153 Na internet: http://www.arteciencia.com.br Índices para catálogo sistemático 1. Pavimentação urbana 625.8 2. Pavimentos flexíveis: Emprego de base de solos lateríticos 625.85 3. Pavimentação: Vias urbanas: Tecnologia alternativa 625.85 4. Pavimentos: Construção: Aspectos econômicos 388.11 Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas Douglas Fadul Villibor... [et al.] -- 2ª edição , São Paulo: Arte & Ciência, 2009. 196 p.: il.; 23cm Bibliografia Obra coletiva ISBN - 978-85-61165-29-1 1. Pavimentação urbana. 2. Pavimentos flexíveis - Aspectos econômicos. 3. Bases de Solos lateríticos - Tecnologia do uso - Pavimentação urbana. 4. Pavimentação - Emprego de solos lateríticos. 5. Cidades e bairros - Pavimentação alternativa. I. Villibor, Douglas Fadul. CDD - 625.8 - 625.85 - 388.11 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Acácio José Santa Rosa (CRB - 8/157) Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 7 Capítulo 1 Introdução ...................................................................................11 Capítulo 2 Pavimentação Urbana: Histórico e Aspecto de seu Desenvolvimento .....15 Capítulo 3 Considerações sobre Solos Tropicais e Conceito de Pavimentos de Baixo Custo ............................................................................. 19 3.1. Considerações sobre solos tropicais .......................................... 19 3.2. Conceito de pavimentos de baixo custo ..................................... 23 3.3. Considerações para a utilização de Pavimentos com Solos Lateríticos .. 23 Capítulo 4 Metodologia MCT e suas Aplicações Práticas ..................................... 25 4.1. Apresentação da metodologia MCT ........................................... 25 4.2. Apresentação da metodologia MCT ............................................ 26 4.3. Aplicações práticas da Metodologia MCT ....................................... 37 Capítulo 5 Tecnologia do Uso de Solos Lateríticos em Pavimentação ................... 45 5.1. Estudos geotécnicos................................................................. 45 5.2. Aplicações da metodologia MCT em bases de pavimentos ............ 54 5.3. Imprimaduras asfálticas e revestimentos betuminosos ................ 87 Índice 8 Douglas F. Villibor e outros Capítulo 6 Dimensionamento e Estudo Econômico de Pavimentos de Baixo Custo . 103 6.1. Dimensionamento de pavimentos de baixo custo....................... 103 6.2. Pavimentos de baixo custo .................................................... 115 Capítulo 7 Fundamentos para o Uso de Bases Alternativas ............................... 119 7.1 Introdução ........................................................................... 119 7.2 Perguntas e respostas ............................................................ 119 Capítulo 8 Gestão de Manutenção de Vias Urbanas ......................................... 167 8.1 Introdução ........................................................................... 167 8.2 Conceitos sobre Gerência de Pavimentos...................................... 168 8.3 Plano de Gestão de Manutenção de Pavimentos Urbanos ............. 170 8.4 Segmentos Experimentais ......................................................... 182 8.5 Considerações Finais ............................................................. 187 Referências Bibliográficas ....................................................... 191 Sobre os Autores ....................................................................... 195 Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 9 Este livro é uma reprodução de parte do trabalho técnico “Pavimentos com Solos Lateríticos e Gestão de Manutenção de Vias Urbanas”, apresentado na 10ª Reunião Anual de Pavimentação Urbana da ABPv (Uberlândia – 2000). Foi suprimido o capítulo 7 original e foram feitas diversas atualizações com novas ilustrações e alguns exemplos. Além disso, foi inserido um novo capítulo, fundamental para um melhor entendimento do assunto. Esta versão não teve a participação do Engº Mauro Beligni, um dos autores do trabalho técnico referido. Para a sua concepção foram utilizados conceitos do livro “Pavimentação de Baixo Custo com Solos Lateríticos”, de autoria dos Professores Doutores Job Shuji Nogami e Douglas Fadul Villibor (1995), bem como publicações apresentadas em diversos congressos e seminários pelos autores. O avançado estágio atual dos estudos de solos tropicais para pavimentação só foi possível devido ao apoio institucional e permanente, por mais de duas décadas, do Departamento de Estradas e Rodagens do Estado de São Paulo (DER-SP) e das Escolas de Engenharia Politécnica e de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP). Foram fundamentais, ainda, os estudos de muitos colegas, professores das referidas escolas e engenheiros do DER – SP. Em especial, do já falecido, Engº Fernando Custódio Correia, um dos precursores da pavimentação de baixo custo com solos tropicais, e do Engº Salvador de Almeida. Por suas relevantes contribuições ao desenvolvimento dos pavimentos de baixo custo, ambos são homenageados neste livro. São enfocados assuntos ligados ao desenvolvimento de uma tecnologia nacional, específica para solos lateríticos em ambientes tropicais, e suas Prefácio 10 Douglas F. Villibor e outros aplicações práticas. Portanto, este trabalho tem como objetivo principal difundir, de uma maneira simplificada, a Metodologia MCT (Miniatura Compactada Tropical) em substituição às metodologias tradicionais de classificação de solos e escolha de materiais para uso em pavimentação. Outro objetivo é, também, apresentar os procedimentos construtivos e de controle tecnológico de bases executadas com solos lateríticos. Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 11 Capítulo 1 Introdução O déficit de pavimentos urbanos é grande em quase todas as cidades brasileiras abrangendo desde vias principais de cidades de grande porte, até vias de circulação de distritos e conjuntos habitacionais. Citam-se no Estado de São Paulo, cidades altamente desenvolvidas como a cidade de São Paulo, com déficit de aproximadamente 20 milhões de m2, e o município de Guarulhos que, mesmo já tendo uma rede pavimentada de 2,7 milhões de m2, ainda necessita executar, pelo menos, mais 30% (800 mil m2). Em outras regiões do país, a situação, quanto ao déficit de pavimentos urbanos, é ainda mais grave. Isso demonstra, portanto, a necessidade e a importância do desenvolvimento de uma tecnologia de pavimentação que minimize os custos de implantação de pavimentos urbanos. A abordagem tradicional da pavimentação,acrescida das considerações mais recentes quanto à fadiga, tem se mostrado viável para execução dos pavimentos das vias de maior tráfego. Já para ruas de pequena intensidade de tráfego, como em conjuntos habitacionais, pequenas comunidades e bairros periféricos, a pavimentação tradicional pode, em muitos casos, ter um custo que a torna inviável. Em contraposição uma pavimentação alternativa, com o uso, por exemplo, de solos lateríticos, ou seja, pavimento de baixo custo com estrutura que admita ser reforçada no futuro, representa uma proposta muito interessante. O emprego da tecnologia de solos lateríticos em pavimentos urbanos, em regiões com ocorrência destes solos, vem crescendo nas últimas duas décadas, preponderantemente, para vias de tráfego de muito leve a médio. Capítulo 1 12 Douglas F. Villibor e outros O interesse pelo emprego desse tipo de solo, nos últimos anos, na pavimentação urbana se deve, principalmente, ao seu baixo custo em relação aos materiais convencionalmente empregados e, também, à ocorrência de solos lateríticos em grande escala no território brasileiro. A grande maioria dos municípios de pequeno e médio porte executa pavimentos urbanos segundo a sua experiência, usando pequenas empresas, com poucos recursos para um controle tecnológico adequado e com algumas limitações quanto à execução de pavimentos diferenciados. As cidades de grande porte adotam conceitos, quanto ao dimensionamento e emprego de materiais, baseados em procedimentos tradicionais similares aos adotados em organismos rodoviários nacionais que, por sua vez, são fundamentados em normas de organismos internacionais, principalmente em normas americanas, como ASTM e AASHTO (American Society for Testing and Materials; American Association of State Highway and Transportation Officials). Segundo os princípios de dimensionamento de pavimentos norte americanos e europeus, as camadas da superestrutura do pavimento são executadas, quase que exclusivamente, com materiais pétreos devido à escassez de solos apropriados e às condições climáticas adversas — congelamento no inverno e descongelamento na primavera — mantendo o subleito com umidade superior à obtida em ensaios laboratoriais. Naqueles locais, a adoção de materiais pétreos artificiais ou naturais, com um controle rigoroso quanto ao limite de liquidez e índice de plasticidade dos finos (material que passa na peneira de abertura 0,42 mm), é justificada pela necessidade de garantir uma drenagem adequada do pavimento durante o degelo e para absorver a expansibilidade da água, durante o congelamento no inverno. No Brasil foram utilizados, até o final da década de 70, critérios similares aos desenvolvidos para países de clima frio e temperado, quanto aos procedimentos de estudo de materiais e dimensionamento de pavimentos. Os pavimentos assim projetados e executados, apesar de viáveis tecnicamente na maioria dos casos, podem acarretar custos mais elevados quando comparados com os não convencionais, que empregam camadas de solos lateríticos. Portanto, o desenvolvimento de pavimentos regionalizados e com tecnologia nacional, é de suma importância, devido à grande extensão Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 13 Capítulo 1 territorial, aos diferentes tipos de solos que ocorrem no país, às condições climáticas típicas de ambientes tropicais, ao grande déficit de pavimentos a serem implantados e, principalmente, à falta de recursos financeiros. O objetivo desta obra é fornecer subsídios para o estudo de solos e materiais para a execução das diversas camadas de pavimentos de baixo custo com o emprego de solos lateríticos, incluindo técnicas construtivas das camadas de reforço, sub-base, base e revestimento. Para o estudo dos solos do subleito e camadas da estrutura do pavimento, serão adotados critérios de escolha e dosagem de acordo com a metodologia MCT, desenvolvida especialmente para solos tropicais. O dimensionamento da estrutura de pavimentos alternativos com o uso de solos lateríticos será baseado no método da Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP) para tráfego de muito leve a médio. Neste trabalho serão abordados os seguintes assuntos: - Pavimentação Urbana: Histór ico e Aspectos do seu Desenvolvimento. - Considerações sobre Solos Tropicais e Conceito de Pavimentos de Baixo Custo. - Metodologia MCT e suas Aplicações Práticas. - Tecnologia do Uso de Solos Lateríticos em Pavimentação. - Dimensionamento e Estudo Econômico de Pavimentos de Baixo Custo. - Fundamentos para o Uso de Bases Alternativas. 14 Douglas F. Villibor e outros Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 15 Capítulo 2 Capítulo 2 Pavimentação Urbana: Histórico e Aspectos do seu Desenvolvimento O emprego da tecnologia de pavimentos alternativos em municípios de pequeno e médio porte, praticamente não se generalizou nas últimas décadas pelo fato de muitas das prefeituras não disporem de serviços de engenharia eficientes e das técnicas não convencionais serem pouco difundidas em âmbito nacional. A preferência pelo uso de procedimentos para a escolha de materiais e de dimensionamento de pavimentos baseados em experiências internacionais é grande no Brasil, visto que as escolas de engenharia adotam, em seus cursos, conceitos baseados principalmente em normas de organismos rodoviários norte-americanos. De maneira geral, as prefeituras vêm sempre executando pavimentos de um determinado tipo, com determinada técnica construtiva, demonstrando grande resistência à inovações, principalmente por falta de condições de adaptação tecnológica. Além dessa resistência à inovação, algumas prefeituras têm contratos previamente feitos com fornecedores de pedra britada e oferecem, conseqüentemente, resistência ao uso de outros materiais para a execução de bases. Nos municípios de pequeno e médio porte, normalmente, os pavimentos são construídos por pequenas empresas que têm poucas condições de 16 Douglas F. Villibor e outros adaptação à inovações tecnológicas em termos de processo construtivo e executam os pavimentos segundo sua experiência. Uma prática corrente consiste em jogar pedra britada sobre o subleito, rolar e completar o pavimento com pedra e asfalto. Já outras prefeituras com tecnologia mais apurada, constroem compactando o subleito, aplicando uma camada de pedra, uma bica corrida, ou macadame seco, e macadame betuminoso para travamento da superfície. Verifica-se que a qualidade dos serviços fica restrita ao maior ou menor cuidado quanto à escolha dos materiais, ao processo executivo e às condições de recebimento e controle dos serviços que normalmente são efetuados por profissionais que, em geral, não são engenheiros. Em muitos casos, a qualidade dos serviços fica restrita à experiência e ao zelo do encarregado da obra na condução dos serviços. Em centros urbanos maiores, o controle tecnológico das obras é mais eficiente; porém, não se utilizam adequadamente, recursos naturais disponíveis, tais como solos lateríticos para camadas de pavimentos. Este fato pode estar associado à comodidade do uso de materiais pétreos, em função de alguns interesses econômicos. O emprego de materiais pétreos é, entretanto, uma solução onerosa para vias urbanas de tráfego muito leve ou leve. Além do mencionado anteriormente, deve-se lembrar que é sempre mais fácil a justificativa do emprego de materiais cujo desempenho é garantido por normas e recomendações internacionais. Outro fato a ser considerado é o medo de reação contrária, por parte dos usuários e moradores, quando do emprego de outros materiais para a execução de pavimentos, porque eles poderiam ter a falsa impressão que os serviços não serão de boa qualidade. As estruturas de pavimentos utilizadas em países de clima frio e temperado, se adotadas para vias urbanas em climatropical, seriam superdimensionadas em função do menor tráfego atuante, das diferentes condições ambientais e do tipo de solo do subleito. Levando-se em consideração a extensão do território brasileiro, o grande déficit de pavimentos e a pouca disponibilidade de material pétreo em algumas regiões, torna-se imprescindível a utilização de materiais locais. Como solução alternativa foram empregadas, durante algumas décadas, bases de solo- Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 17 Capítulo 2 cimento que são de elevado custo, para a realidade econômica brasileira. A falta de recursos financeiros associada à necessidade de implantação rápida e em grande escala de rodovias e pavimentos urbanos, levaram à busca de novas alternativas visando a uma considerável redução nos custos dos pavimentos. O melhor aproveitamento de solos locais em pavimentação aconteceu no Estado de São Paulo nos anos 50, quando foram constatados valores de capacidade de suporte (CBR) extremamente elevados para variedades argilo-arenosas e argilas. Esta observação estimulou o emprego de solos locais para as camadas de reforço, do subleito e sub-base. O comportamento altamente satisfatório destes pavimentos, levou à adoção daqueles materiais para bases de pavimentos, sendo executados gradativamente segmentos experimentais em rodovias e, no final da década de 60, em vias urbanas. Sobre a camada de base executada com solos locais, foram utilizados revestimentos delgados do tipo macadame betuminoso selado, na espessura de 4,0 cm, e tratamentos superficiais, reduzindo consideravelmente os custos de implantação. O desempenho do pavimento em vias urbanas tem sido plenamente satisfatório, apesar de envolver materiais e espessuras considerados inadequados pelos procedimentos tradicionais. No início da década de 70, diante do bom desempenho de bases executadas com solos locais, houve um incremento no emprego da tecnologia de pavimentação de baixo custo, por meio de um programa de estradas vicinais desenvolvido pelo DER/SP. Os solos locais utilizados para bases de pavimentos, muito freqüentes em grande parte do interior do Estado de São Paulo, são solos arenosos lateríticos de granulação fina, denominados Solos Arenosos Finos Lateríticos (SAFL). O programa de estradas vicinais do DER/SP permitiu a observação in situ do desempenho destes pavimentos. Ao longo de alguns anos forneceu dados tecnológicos importantes para o desenvolvimento de uma tecnologia voltada para o emprego de solos tropicais, utilizando-se ensaios convencionais. As técnicas empregadas foram aprimoradas com o passar do tempo e resultaram na atual metodologia MCT, que já se encontra implantada em vários órgãos rodoviários e prefeituras. 18 Douglas F. Villibor e outros Atualmente, mais de 50 cidades paulistas e algumas cidades de outros Estados (Bahia, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e Acre), têm utilizado esta tecnologia de pavimentação urbana de baixo custo. Estima- se em mais de 15 milhões de metros quadrados de pavimentos urbanos e em aproximadamente 20 mil quilômetros de rodovias vicinais, em todo o território nacional, construídos com bases de solos lateríticos. A figura 1 apresenta a malha viária e os principais centros urbanos no Estado de São Paulo, que utilizam pavimentos com bases de SAFL. FIGURA 1: Malha Viária e os principais Centros Urbanos do Estado de São Paulo com Pavimentos Utilizando Bases de SAFL. Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 19 Capítulo 3 Capítulo 3 Considerações sobre Solos Tropicais e Conceito de Pavimentos de Baixo Custo 3.1 Considerações Sobre Solos Tropicais Os solos das regiões tropicais apresentam uma série de peculiaridades decorrentes das condições ambientais sendo, portanto, necessário se conceituar os solos de Peculiaridades Tropicais, ou seja, os tipos genéticos de solos encontrados em regiões tropicais. Os seguintes solos são encontrados em regiões tropicais: lateríticos, saprolíticos e transportados. A figura 2 ilustra um perfil esquemático da ocorrência destes tipos de solos. FIGURA 2: Perfil Esquemático de Ocorrência de Solos em Ambiente Tropical 20 Douglas F. Villibor e outros 3.1.1 Conceituação dos Solos Encontrados em Regiões Tropicais Solos são materiais naturais não consolidados, isto é, constituídos de grãos separáveis por processos mecânicos e hidráulicos, de fácil dispersão em água, e que podem ser escavados com equipamentos comuns de terraplenagem (pá carregadeira, motoescavotransportadora etc.). Geralmente, os materiais constituintes da parte superficial da crosta terrestre e que não se enquadram na condição de solo, são considerados rochas, mesmo que isso contrarie as conceituações adotadas em geologia e em pedologia. O solo pode, também, apresentar-se como estrutura natural ou artificial. Terá estrutura artificial quando transportado e/ou compactado mecanicamente, em aterros, barragens de terra, reforços do subleito de pavimentos etc. Dentro da classificação dos solos, aqueles que apresentam propriedades peculiares e de comportamento, são denominados de solos tropicais em decorrência da atuação de processo geológico e/ou pedológico típicos das regiões tropicais úmidas. Dentre os solos tropicais destacam-se duas grandes classes: os solos lateríticos e os solos saprolíticos. Os solos lateríticos (later, do latim: tijolo) são solos superficiais, típicos das partes bem drenadas das regiões tropicais úmidas, resultantes de uma transformação da parte superior do subsolo pela atuação do intemperismo, por processo denominado laterização. Várias peculiaridades associam-se ao processo de laterização sendo, as mais importantes do ponto de vista tecnológico, o enriquecimento no solo de óxidos hidratados de ferro e/ou alumínio e a permanência da caulinita como argilo-mineral predominante e quase sempre exclusivo. Estes minerais conferem aos solos de comportamento laterítico coloração típica: vermelho, amarelo, marrom e alaranjado. Os solos saprolíticos (sapro, do grego: podre) são aqueles que resultam da decomposição e/ou desagregação in situ da rocha matriz pela ação das intempéries (chuvas, insolação, geadas) e mantêm, de maneira nítida, a estrutura da rocha que lhe deu origem. São genuinamente residuais, isto é, derivam de uma rocha matriz, e as partículas que o constituem permanecem no mesmo lugar em que se encontravam em estado pétreo. Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 21 Capítulo 3 FIGURA 3: Corte Rodoviário, com Camada Laterítica Sobrejacente a uma Camada Saprolítica de Origem Sedimentar, com as Correspondentes Microfábricas Os solos saprolíticos constituem, portanto, a parte subjacente à camada de solo superficial laterítico (ou, eventualmente, de outro tipo de solo) aparecendo, na superfície do terreno, somente por causa de obras executadas pelo homem ou erosões. Estes solos são mais heterogêneos e constituídos por uma mineralogia complexa contendo minerais ainda em fase de decomposição. São designados também de solos residuais jovens, em contraste com os solos superficiais lateríticos, maduros. Uma feição muito comum no horizonte superficial, ou no seu limite, é a presença de uma linha de seixos de espessuras variáveis (desde alguns centímetros até 1,5 m), delimitando o horizonte laterítico do saprolítico. As figuras 3 e 4 ilustram a ocorrência de solos lateríticos e saprolíticos. Micro-estrutura do Solo Laterítico Solo Saprolítico Micro-estrutura do Solo Saprolítico 22 Douglas F. Villibor e outros FIGURA 4: Perfil de Solo Saprolítico de Folhelho A figura 4 ilustra a ocorrência de um perfil de Solo Saprolítico em um corte rodoviário. FIGURA 5: Ocorrência de Solos de Comportamento Laterítico no Território Brasileiro SOLOS ARENOSOS DE COMPORTAMENTO LATERÍTICO SOLOS ARGILOSOS DE COMPORTAMENTO LATERÍTICOPavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 23 Capítulo 3 3.2 Conceito de Pavimentos de Baixo Custo Um pavimento é considerado do tipo Baixo Custo, quando: - Utiliza bases constituídas de solos locais in natura, ou em misturas, com custos substancialmente inferiores às bases convencionais tais como: brita graduada, solo-cimento, macadame hidráulico ou macadame betuminoso; - Utiliza revestimento betuminoso esbelto do tipo tratamento superficial ou concreto betuminoso usinado a quente, com espessura de, no máximo, 3,0 cm; - É dimensionado para atender os tráfegos: - Urbano, de muito leve a leve, de acordo com a classificação de vias apresentada no Capítulo 6; - Rodoviário, com VDM inferior a 1500 veículos, com no máximo 30% de veículos comerciais, e com N < 5 x 106 solicitações do eixo simples padrão de 80 kN -> sistema SI. Nos pavimentos rodoviários há experiências com volumes superiores ao máximo especificado; no entanto, o uso dessas bases para rodovias de tráfego pesado somente poderá ser recomendado a partir dos resultados das pistas experimentais (faixas adicionais), já implantadas em alguns sub- trechos de rodovias paulistas. 3.3 Considerações para a Utilização de Pavimentos com Solos Lateríticos A condição para o uso de solos lateríticos de granulação fina como material para bases in natura, ou com misturas com agregados, é a sua ocorrência em área próxima às obras e condições ambientais adequadas. Segundo dados geológicos, pedológicos e climáticos disponíveis, essa condição ocorre em regiões de quase todos os estados brasileiros, conforme indicado na figura 5. A grande maioria dos pavimentos executados com bases de solos lateríticos apresenta comportamento altamente satisfatório e localizam-se em regiões com os seguintes tipos climáticos, segundo Köppen: 24 Douglas F. Villibor e outros - Cwa (quente com inverno seco). - Aw (tropical com inverno seco). - Cwb (temperado com inverno seco). A precipitação pluviométrica anual nestas regiões situa-se entre 1000 e 1800 mm, com temperatura média anual superior a 20 º C. Algumas vias urbanas foram executadas com sucesso em regiões de clima equatorial com volume anual de chuvas superior a 2000 mm, por exemplo, na pavimentação de vias da cidade de Rio Branco - AC. Nesse caso, o pavimento acha-se confinado por guias e sarjetas e com revestimento constituído por concreto betuminoso usinado a quente executado sobre uma camada de proteção anticravamento de tratamento superficial simples. Para o emprego de solos lateríticos em pavimentos urbanos, tanto o projeto geométrico quanto o de drenagem devem atender às características técnicas apresentadas a seguir: - Obrigatoriedade de execução de guias e sarjetas. - Perfil longitudinal com declividade mínima de 1% e máxima de 8%. - Seção transversal com declividade entre 3 a 4%. - Exigência de execução do passeio, preferencialmente com revestimento em concreto, para evitar infiltração d’água por trás das guias e sarjetas. - Execução de um sistema eficiente de captação de águas pluviais e servidas, evitando o acúmulo de água em pontos baixos. - Execução de drenagem profunda para rebaixamento do lençol freático a, pelo menos, 1,50 m em relação à cota final de terraplenagem (CFT). Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 25 Capítulo 4 Capítulo 4 Metodologia MCT e Suas Aplicações Práticas 4.1 Considerações Iniciais A metodologia tradicional apresenta uma série de limitações e deficiências para o estudo do uso de solos na pavimentação, desde os aspectos de classificação geotécnicas de solos até os critérios de escolha e dosagem de materiais para o emprego em bases. Duas classificações tradicionais têm sido mais usadas para obras viárias: a HRB (Highway Research Board) – AASHTO (também adotada pela ASTM) e a USCS (“Unified Soil Classification System”). Estas classificações consideram fundamentais a granulometria, o limite de liquidez (LL) e o índice de plasticidade (IP). A classificação de solos HRB-AASHTO é a mais utilizada no meio rodoviário; porém classifica e hierarquiza os solos tropicais de maneira inapropriada. Assim, os solos que se classificam no grupo A-7-5, quando adequadamente compactados, podem se comportar como um ótimo subleito, caso laterítico, ou um péssimo subleito, caso saprolítico (baixa capacidade de suporte elevada resiliência e elevada expansão). Outro exemplo são os solos do grupo A-4 com comportamento laterítico, utilizados com sucesso em bases de pavimentos. Em contrapartida, ocorrem freqüentemente muitos solos saprolíticos do mesmo grupo, que constituem péssimos subleitos. Na condição ótima de compactação da energia normal, eles 26 Douglas F. Villibor e outros podem apresentar um valor de CBR da ordem de 3%, quando saprolíticos e podem atingir valores de CBR superior a 30% (na mesma condição de compactação) e superior a 80% na energia intermediária, quando lateríticos. Tendo em vista, entre outras, as dificuldades e deficiências apontadas no uso das classificações tradicionais desenvolvidas para solos de clima frio e temperado, quando empregadas em solos de ambientes tropicais, Nogami e Villibor desenvolveram uma metodologia designada MCT, específica para solos compactados tropicais. A mesma baseia-se numa série de ensaios e procedimentos cujos resultados reproduzem as condições reais de camadas compactadas de solos tropicais, quando usadas em pavimentos, através das propriedades geotécnicas que espelham o comportamento in situ dessas camadas. A metodologia, desenvolvida por Nogami e Villibor a partir da década de 70, deve-se principalmente aos seguintes fatores: - Limitações dos procedimentos tradicionais para caracterizar e classificar os solos com base na granulometria e limites físicos (LL e IP). Tais índices são incapazes e insuficientes para distinguir os principais tipos de solos tropicais, de propriedades diversas, conhecidos como lateríticos e saprolíticos, inadequadamente designados em outros países, de “residuais”; - Constatação experimental do bom desempenho de bases constituídas por solos lateríticos de granulação fina e por solo agregado com grande porcentagem de finos (passando, quase que integralmente na peneira de 0,42 mm de abertura), apesar de serem considerados inapropriados para base de pavimentos pelas sistemáticas tradicionais. 4.2 Apresentação da Metodologia MCT A designação MCT (Miniatura Compactado Tropical) é proveniente da utilização, nos ensaios, de corpos de prova de dimensões reduzidas (corpos de prova com 50 mm de diâmetro) em solos tropicais compactados. Esta Metodologia abrange dois grupos de ensaios a saber: - Mini-CBR e associados; - Mini-MCV e associados. Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 27 Capítulo 4 A partir dos ensaios de Mini-CBR e associados, pode-se obter as características dos solos apropriados para bases de pavimentos. Geralmente após a compactação dos corpos de prova, determina-se uma série de propriedades, tais como: capacidade de suporte (Mini-CBR), expansão, contração, infiltrabilidade, permeabilidade, etc. Os ensaios Mini-MCV e associados fornecem parâmetros para a determinação dos coeficientes c’ e e’ que, por sua vez, permitem a classificação dos solos de acordo com a metodologia MCT, além de permitirem a determinação de todas as propriedades referidas nos ensaios Mini-CBR e associados. As propriedades obtidas com uso do grupo de ensaios Mini-CBR e associados são determinadas em corpos de prova compactados com energia constante (normal ou intermediária), para vários teores de umidade. Com relação ao grupo de ensaios Mini-MCV e associados, com exceção do ensaio de perda de massa por imersão, as demais propriedades são obtidas na Massa Específica Aparente sua máxima (MEASmax) para vários teores de umidade (variação da energia de compactação).O fluxograma 1 ilustra os diferentes grupos de ensaios da Metodologia MCT. ENSAIOS ASSOCIADOS Capacidade de Suporte Mini-CBR, Expansão, Contração Infiltrabilidade, Permeabilidade Penetração de Imprimadura ENSAIO DE COMPACTAÇÃO Mini-Proctor GRUPO DE ENSAIOS Mini-CBR e Associados ENSAIO DE PERDA DE MASSA POR IMERSÃO ENSAIO DE COMPACTAÇÃO Mini-MCV GRUPO DE ENSAIOS Mini-MCV e Associados Mini-CBR com Penetrômetro Mini-CBR Convencional Mini-MCV Controle de Umidade GRUPO DE ENSAIOS Ensaios in situ METODOLOGIA MCT FLUXOGRAMA 01: Grupos de Ensaios da Metodologia MCT 28 Douglas F. Villibor e outros 4.2.1 Ensaio de Compactação O ensaio de compactação é um dos principais ensaios da Metodologia MCT pois, a partir de seus parâmetros básicos (umidade ótima e massa específica aparente seca máxima), moldam-se corpos de prova para a determinação de outras propriedades geotécnicas da Metodologia MCT. O ensaio de compactação integrante da sistemática MCT, utiliza uma aparelhagem de dimensões reduzidas podendo ser efetuado por dois métodos distintos de compactação. - Método Mini-Proctor: Designado comumente de Mini-Proctor, em que se procura fixar uma determinada energia de compactação e, com essa energia (normal, intermediária ou modificada), compactar uma série de corpos de prova com diferentes teores de umidade. Com esse procedimento, determinam-se o teor ótimo de umidade e a MEASmax do material. - Método Mini-MCV: Este ensaio foi desenvolvido para estudos de solos tropicais em dimensões reduzidas, por Nogami e Villibor em 1980 e denominado de Mini- MCV. Foi baseado no método proposto por Parsons em 1976, conhecido como ensaio MCV (Moisture Condition Value). Consiste na aplicação de energias crescentes, até se conseguir um aumento sensível de MEAS para vários teores de umidade, obtendo-se uma família de curvas de compactação. Essas curvas são denominadas de curvas de deformabilidade ou de Mini-MCV, pois, a partir delas pode-se determinar o valor dos Mini-MCV de cada uma das curvas. Com a curva de deformabilidade correspondente ao Mini-MCV igual a 10, obtém-se o coeficiente c’, utilizado na classificação geotécnica MCT. O ensaio também pode ser utilizado no controle da compactação e na previsão da erodibilidade. A figura 6 ilustra o equipamento, as características e procedimentos do ensaio e suas aplicações práticas: Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 29 Capítulo 4 FIGURA 6: Ensaio de Compactação 4.2.2 Ensaio de Capacidade de Suporte Mini-CBR Esse ensaio, aliado aos ensaios de expansão e contração, gera resultados que possibilitam o dimensionamento de pavimentos e a escolha de solos para reforço do subleito, sub-bases, bases e acostamentos. O ensaio pode ser realizado com ou sem imersão e sobrecarga e, dependendo da finalidade para a qual o solo estudado será utilizado, emprega-se energia de compactação “normal”, “intermediária” ou “modificada”. O ensaio Mini-CBRic com imersão (i) e sobrecarga (c) é realizado para se estudar o comportamento de solos do subleito ou solos de aterros. 30 Douglas F. Villibor e outros Quando do estudo da capacidade de suporte de solos para bases, realiza-se o ensaio sem sobrecarga e sem imersão, pois bases de pavimentos econômicos não recebem camadas espessas de revestimento, ou seja, trabalham sem sobrecarga. Medidas do teor de umidade de bases em serviços por vários anos têm revelado que a condição não imersa é a mais representativa. Estudos revelam que mais de 95% das bases analisadas apresentam umidade de trabalho (umidade de equilíbrio) inferior, em torno de 20%, à umidade ótima de compactação quando de sua execução. O que demonstra ser desnecessária a execução do ensaio Mini-CBR em condições imersas. A metodologia MCT contempla também um coeficiente empírico denominado relação RIS, definido pela relação Mini-CBRis/Mini-CBRhm para corpos de prova moldados na energia intermediária. O emprego da energia intermediária se deve ao fato de que, quando adotada a energia modificada, ocorre uma laminação da parte superficial da camada de base para alguns tipos de solos. A relação RIS indica o quanto o solo perde de suporte após um longo período de exposição à água. Quanto maior for a RIS, melhor é o solo, havendo uma menor variação de suporte em contato com a água. Essa relação foi incorporada à Metodologia MCT, pois serve como indício do comportamento laterítico ou não do solo, sendo mais evidenciado em solos arenosos finos. A figura 7 ilustra o equipamento, as características e procedimentos do Ensaio de Capacidade de Suporte Mini-CBR e suas aplicações práticas. O ensaio Mini-CBR apresenta uma dispersão menor de valores de capacidade de suporte em relação ao ensaio convencional. Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 31 Capítulo 4 FIGURA 7: Ensaio de Capacidade de Suporte – Mini-CBR O suporte Mini-CBR de camadas de solos compactados pode ser aferido, in situ, através do penectrômetro sulafricano e/ou da utilização de equipamentos portáteis acoplados a veículos (prensa Mini-CBR). Os resultados in situ apresentam valores de capacidade de suporte superiores aos obtidos nos corpos de prova moldados na umidade ótima em laboratório. Isso reforça a constatação de que as bases e camadas do substrato, em ambientes tropicais, trabalham numa umidade inferior à umidade ótima de compactação. 32 Douglas F. Villibor e outros FIGURA 8: Penetrômetro com Soquete Mini-CBR para Determinação da Capacidade de Suporte In Situ. 4.2.3 Ensaio de Expansão Esse ensaio tem como objetivo principal o conhecimento dos valores de expansão dos argilo-minerais constituintes dos solos finos, hierarquizando os solos para diversos usos em pavimentação. A figura 9 ilustra o equipamento para a medição da expansão. A figura 8 ilustra o equipamento para a determinação da capacidade de suporte in situ, conhecido como penetrômetro, com soquete Mini-CBR. Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 33 Capítulo 4 FIGURA 9: Ensaio de Expansão 4.2.4 Ensaio de Contração O objetivo deste ensaio é verificar a contração, intencional ou não, durante a fase construtiva e vida útil do pavimento, com o intuito de se evitar a propagação e reflexão de trincas na camada de revestimento. O ensaio visa a gerar informações relativas ao estado e ao comportamento de um pavimento após o período de cura ou secagem. A figura 10 ilustra a aparelhagem, as características e procedimentos do ensaio e suas aplicações práticas. 34 Douglas F. Villibor e outros FIGURA 10: Ensaio de Contração 4.2.5 Ensaio de Infiltrabilidade O ensaio tem como objetivo medir a velocidade e a quantidade de água que penetra em camadas de solo (bases), quando chove durante a fase de execução e/ou operação da rodovia. Estima aproximadamente quanto uma frente de umidade pode caminhar para dentro do pavimento a partir de uma valeta lateral não revestida e/ou através de locais de concentração e acúmulo d’água próximos ao acostamento. O ensaio serve como balizamento para se determinar a distância em que se deve encontrar a rodeira externa da pista em relação à borda do acostamento, para dimensionar sua largura, evitando assim a ocorrência de deformação. Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 35 Capítulo 4 FIGURA 11: Ensaio de Infiltrabilidade. 4.2.6 Ensaio de Permeabilidade É utilizado para cálculos de escoamento de água em meio saturado, priorizando os solos para uso em camadas de base de pavimentos. A figura 12 ilustra a aparelhagem e as características do ensaio. A figura 11 ilustra a aparelhagem, as características e aplicações dos resultados. 36 Douglas F. Villibor e outros FIGURA 12: Ensaio de Permeabilidade. 4.2.7 Ensaio de Perda de Massa por Imersão em Água Desenvolvido para distinguiros solos tropicais com comportamento laterítico daqueles com comportamento não laterítico. É também utilizado para classificar os solos tropicais (Classificação MCT), sendo empregado para o cálculo do coeficiente e’. A figura 13 ilustra a aparelhagem, características de ensaio e aplicações dos resultados. Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 37 Capítulo 4 FIGURA 13: Ensaio de Perda de Massa por Imersão em Água. 4.3 Aplicações Práticas da Metodologia MCT As principais aplicações desta metodologia são: - Classificação dos solos. - Propriedades geotécnicas. - Critérios de escolha e priorização de solos para bases. - Dosagem de misturas com solos lateríticos. - Dosagem de imprimaduras asfálticas. Neste item serão abordadas a classificação e as propriedades geotécnicas dos solos lateríticos. Os critérios de escolha e priorização de solos para bases, dosagem de misturas e imprimaduras asfálticas, serão enfocados no capítulo 5. 38 Douglas F. Villibor e outros 4.3.1 Classificação dos Solos com uso da Metodologia MCT A classificação dos solos com uso da Metodologia MCT foi desenvolvida especialmente para o estudo de solos tropicais e baseada em propriedades mecânicas e hídricas obtidas de corpos de prova compactados de dimensões reduzidas. Essa classificação não utiliza a granulometria, o limite de liquidez e o índice de plasticidade, como acontece no caso das classificações geotécnicas tradicionais. Separa os solos tropicais em duas grandes classes: os de comportamento laterítico e os de comportamento não laterítico. Os solos lateríticos e saprolíticos, segundo a classificação MCT, podem pertencer aos seguintes grupos: - Solos de comportamento laterítico, designados pela letra L, sendo subdivididos em 3 grupos: - LA - areia laterítica quartzosa. - LA’ - solo arenoso laterítico. - LG’ - solo argiloso laterítico. - Solos de comportamento não laterítico (saprolítico), designados pela letra N, sendo subdivididos em 4 grupos: - NA – areias, siltes e misturas de areias e siltes com predominância de grão de quartzo e/ou mica, não laterítico. - NA’- misturas de areias quartzosas com finos de comportamento não laterítico (solo arenoso). - NS’- solo siltoso não laterítico. - NG’- solo argiloso não laterítico. Para se classificar os solos lateríticos e saprolíticos, através da Metodologia MCT, utiliza-se o gráfico da figura 14, no qual a linha tracejada separa os solos de comportamento laterítico dos de comportamento não laterítico. Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 39 Capítulo 4 FIGURA 14: Classificação MCT O gráfico foi elaborado a partir do conhecimento dos coeficientes c’ (eixo das abscissas) e e’ (eixo das ordenadas). O coeficiente c’, denominado de coeficiente de deformabilidade, é obtido com o ensaio Mini-MCV. O ensaio Mini-MCV, como já comentado, consiste na aplicação de energias crescentes (produzidas pelo aumento do número de golpes do soquete compactador) até que se atinja um valor máximo de densidade. Esse ensaio é de massa constante, fixada em 200 g de material. Os resultados obtidos também podem ser utilizados no controle da compactação e na previsão da erodibilidade. O coeficiente c’, para a classificação de solos, é obtido por meio do coeficiente angular da parte retilínea da curva de deformabilidade que mais se aproxima do valor Mini-MCV igual a 10. Este coeficiente indica a argilosidade do solo, ou seja, um c’ elevado (acima de 1,5) caracteriza as argilas e solos argilosos, enquanto valores baixos (abaixo de 1,0) caracterizam as areias e os siltes não plásticos ou pouco coesivos. No intervalo entre 1,0 e 1,5 situam-se diversos tipos de solos, como areias siltosas, areias argilosas, argilas arenosas e argilas siltosas. 40 Douglas F. Villibor e outros O coeficiente e’ é calculado a partir do coeficiente d’ (inclinação da parte retilínea do ramo seco da curva de compactação, correspondente a 12 golpes do ensaio de Mini-MCV) e da perda de massa por imersão Pi (porcentagem da massa desagregada em relação à massa total do ensaio quando submetida à imersão em água), expresso pela expressão: Detalhes dos procedimentos de cálculo dos coeficientes c’ e e’, e ensaios associados, encontram-se no livro “Pavimentação de Baixo Custo com Solos Lateríticos” de Nogami e Villibor, 1995. 4.3.2 Propriedades Geotécnicas dos Solos A Metodologia MCT apresenta uma série de ensaios que medem as propriedades mecânicas e hídricas dos solos, por meio de determinações em corpos de prova de dimensões reduzidas. Os ensaios preconizados pela Metodologia MCT são utilizados para diversas finalidades: - Estudo de solos para a utilização como bases de pavimentos. - Estudo de erodibilidade dos solos com os ensaios de Mini-MCV e perda de suporte por imersão, etc. Portanto, a Metodologia MCT é utilizada para diversas aplicações práticas e, para cada uma dessas aplicações, emprega-se um elenco de ensaios: - Obtenção do suporte Mini-CBR e expansão, para a definição do universo do subleito para efeito de dimensionamento de um pavimento, quando o subleito é constituído por solos finos, ou seja, no máximo 5% de grãos retidos na peneira de abertura de 2,00 mm. - Obtenção do suporte Mini-CBR, expansão, contração, relação RIS e sorção, para efeito de dosagem, por exemplo: mistura de argila laterítica com areia (ALA) para emprego como base de pavimento. Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 41 Capítulo 4 Os intervalos das propriedades mecânicas e hídricas admissíveis, para que bases executadas com solos lateríticos apresentem comportamento satisfatório, são os seguintes: - Mini-CBR sem imersão ................ $ 40% - Perda de suporte por imersão ...... # 50% - Expansão, sem sobrecarga .......... < 0,3% - Contração ............................. 0,1 a 0,5 % - Coeficiente de sorção .................. 10-2 a 10-4 cm / min1/2 Nota: Intervalos de Propriedades Geotécnicas obtidos na Energia Intermediária do Mini-Proctor. A tabela 1 ilustra as propriedades geotécnicas associadas com as propriedades físicas de camadas acabadas e seus principais problemas e defeitos construtivos. ENSAIO E DETERMINAÇÕES PROPRIEDADES FÍSICAS ASSOCIADAS PROVÁVEIS DEFEITOS Mini-CBR Capacidade de Suporte (Previsão) - Deformação Excess iva - Ruptura do Pavimento Expansão Aumento de Volume com Teor de Umidade - Deformação da Base - Trincas da Capa Coeficiente de Sucção Capilar D’água Velocidade de Penetração da Frente de Umidade e Quantidade de Água Associada a Penetração dessa Frente - Amolecimento da Parte Superior da Base na Época de Construção devido às Chuvas - Amolecimento da Borda - Drenabilidade Lenta e Problemas Construtivos Associados - Crescimento das Panelas Permeabilidade Percolação da Água - Não Drenante Contração Contração da Base - Desagregação pelo Trâns ito de Serviço - Trincas de Reflexão na Capa - Entrada Excessiva D’água na Base e Suble ito Compactação Grau de Compactação do Material em Relação a Umidade Ótima - Deformação Excess iva - Lamelas - Ruptura do Pavimento - Trincamentos Excess ivos Penetração da Imprimadura Espessura e Quantidade de Material Betuminoso Penetrado - Escorregamento da Camada de Rolamento - Exsudação de Asfa lto na Superfície do Pavimento Mini-CBR in s itu Capacidade (Rea l) de Suporte - Deformação Excess iva - Ruptura doPavimento Razão: Mini -CBR na Umidade de Moldagem / Mini-CBR Após Imersão Diminuição da Capacidade com Aumento da Umidade - Deformação da Base na Época de Construção devido às Chuvas - Deformação Excess iva na Borda do Pavimento devido a Penetração Lateral da Água - Ruptura do Pavimento em Capas Permeáveis TABELA 1: Ensaios e Determinações da Metodologia MCT e Propriedades Físicas Associadas. 42 DouglasF. Villibor e outros A tabela 2 ilustra valores das propriedades geotécnicas de sete solos de comportamento laterítico e de sete solos de comportamento não laterítico (saprolítico). As amostras foram numeradas com número ímpar, quando de natureza laterítica, e com número par, quando de natureza saprolítica. Os valores das propriedades geotécnicas de alguns solos determinados com o emprego dos ensaios da Metodologia MCT revelaram a inaplicabilidade dos limites estipulados pelas classificações tradicionais de: 25% para o limite de liquidez (LL) e 6% para o Índice de Plasticidade (IP), para o caso de solos e condições ambientais tropicais. Alguns solos tropicais saprolíticos que apresentam baixo LL e baixo IP, (dentro dos limites tradicionais anteriormente referidos) expandem-se bastante quando compactados nas condições exigidas pelas normas rodoviárias e imersos em água. Isto acontece, sobretudo nos solos saprolíticos ricos em siltes caoliníticos e/ou micáceos. Amostra Nº 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 Grupo MCT LA NA LA’ NA’ LA’ NS ’ LG’ NS ’ LG’ NS ’ LG’ NS ’ LG’ NG’ Coeficientes c’ 0,50 0,35 0,80 1,00 1,36 0,80 1,84 0,60 1,82 1,10 1,70 1,30 1,76 1,70 e Índice para d’ 66 10 66 13 80 8 65 6 67 11 25 7 30 1 Classificação e ’ 1,31 2,68 1,02 1,27 0,63 1,81 0,96 1,81 0,79 1,66 0,93 1,80 0,94 1,63 MCT Pi (%) 196 280 75 50 50 260 50 260 20 280 00 300 15 250 Massa Esp. Apar. Máx.(g/cm3 ) 2,02 1,77 2,05 2,00 1,92 1,70 1,80 1,55 1,58 1,52 1,59 1,41 1,49 1,42 Umidade Ótima –Ho (%) 10,5 15,5 9,8 12,0 12,9 17,0 18,0 23,2 23,0 22,0 24,0 26,0 30,0 30,0 Mini-CBR Sem imersão (S I) 20 17 43 26 26 15 20 10 15 17 22 12 13 11 (%) (1) Com imersão (CI) 19 12 41 20 22 2 17 6 13 1 17 2 11 3 (CI) / (S I) 95 70 95 77 85 17 85 60 87 6 77 15 85 24 Expansão (%) 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 2,1 0,1 0,8 0,1 6,3 0,3 6,5 0,4 6,5 Contração (%) 0,2 0,2 0,2 0,3 0,2 1,1 1,0 0,8 1,8 0,5 1,5 0,5 5,1 2,0 Permeabilidade (Log k (cm/s )) -0,7 -4,1 -6,4 -6,7 -6,4 -5,6 -5,2 -5,4 -6,7 -6,1 -7,5 -5,7 -6,5 -7,2 Infiltração min))/(( cmLogs -2,7 -2,1 -2,5 -2,4 -2,1 -1,5 -2,0 -2,0 -2,0 -1,1 -2,2 -1,1 -2,5 -2,0 Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 43 Capítulo 4 Muitos solos de comportamento laterítico, similares aos das amostras 01, 03, 05 e 07 da tabela 2, são usados em bases de SAFL mesmo com IP e LL bem superiores aos recomendados para essa camada (IP ≤ 6% e LL ≤ 25%). Pela análise da tabela 2 constata-se que pares de solos de um mesmo grupo da classificação HRB apresentam valores das propriedades mecânicas e hídricas bastante diferentes entre si, quando o esperado seria apresentarem propriedades similares. Por exemplo, os pares de amostras 05 e 06 e 07 e 08, respectivamente de classificação A-4 e A-6, demonstram essas diferenças com solos de um mesmo grupo. Esse fato mostra que a classificação tradicional não é adequada para diferenciar solos tropicais de um mesmo grupo, quando apresentam formações genéticas distintas, como é o exemplo dos solos lateríticos e saprolíticos. Já os mesmos pares de solos, quando classificados pela MCT, acham- se em grupos diferentes ou seja: 05 (LA’), 06 (NS’), 07 (LG’) e 08 (NS’), com valores de propriedades diferentes entre eles e compatíveis com seu real comportamento, quando usados como camada de base e para outras finalidades rodoviárias. Portanto, a classificação MCT tem uma abrangência mais ampla e mais realística, quando aplicada no Brasil, em relação à classificação tradicional ainda em uso. TABELA 2: Principais Características Mecânicas e Hídricas dos Solos Lateríticos e Saprolíticos. 2,00 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 0,42 98 55 73 96 99 92 95 100 99 99 99 100 99 100 % que Passa , Pene iras de Abertura em Milímetros 0,075 21 16 22 33 57 58 54 84 79 98 85 94 88 95 % de Argila – Φ (mm)<0,002 18 4 14 10 18 4 25 10 56 18 49 16 65 50 Limite de Liquidez (%) NP NP 26 25 30 32 38 38 45 46 54 56 83 88 Índice de Plas ticidade (%) NP NP 11 11 9 10 14 14 17 19 24 26 46 50 Índice de Grupo 0 0 0 0 4 5 5 10 11 13 16 18 20 20 H R B A-2-4 A-2-4 A-26 A-26 A-4 A-4 A-6 A-6 A-7-6 A-7-6 A-7-5 A-7-5 A-7-5 A-7-5 Classificação U S C S SM SM SC SC CL CL CL CL ML ML MH MH MH CH 44 Douglas F. Villibor e outros Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 45 Capítulo 5 Capítulo 5 Tecnologia do Uso de Solos Lateríticos em Pavimentação Neste capítulo serão enfocados os estudos geotécnicos dos materiais do subleito e de jazidas para uso em camadas de reforço do subleito, bem como aplicações da Metodologia MCT para o estudo de bases de pavimentos de baixo custo. 5.1 Estudos Geotécnicos O estudo para a obtenção das características geotécnicas dos solos do subleito e de jazidas para o emprego como camadas de reforço do subleito, sub-bases e bases, abrange as atividades ilustradas no fluxograma 2: ni i i i i m i i i i m m i m i n im n imin m n i ni i i n i n i n i ni i ni m m ni Fluxograma 2: Atividades Envolvidas nos Estudos Geotécnicos 46 Douglas F. Villibor e outros A nomenclatura para identificação dos materiais no perfil dos solos será feita de acordo com o exposto a seguir. Designação das frações dos Materiais - Fração Pedregulho: grãos minerais que passam na peneira de 38 mm, mas são retidos na de 2 mm de abertura nominal. - Fração Solo: grãos minerais que passam na peneira de 2 mm de abertura nominal. A fração deverá ser classificada de acordo com a “Classificação de Solos Tropicais segundo a Metodologia MCT – ME.54” da Prefeitura Municipal de São Paulo, e apresentar a seguinte nomenclatura: - Classe de Comportamento Laterítico: designada pelo prefixo “L”, subdividida nos seguintes grupos: - LA – Areia Laterítica. - LA’ – Solo Arenoso Laterítico. - LG’ – Solo Argiloso Laterítico. - Classe de Comportamento Não Laterítico: designada pelo prefixo “N”, subdividida nos seguintes grupos: - NA – Areia Não Laterítica. - NA’ – Solo Arenoso Não Laterítico. - NS’ – Solo Siltoso Não Laterítico. - NG’ – Solo Argiloso Não Laterítico. As propriedades típicas dos diversos grupos de solos da Metodologia MCT são apresentadas na figura 14 e detalhadas na tabela 3. Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 47 Capítulo 5 (1) q=quartzo, m=micas, k=caulinita (2) Corpos de prova compactados na umidade ótima (hot), energia normal, com sobrecarga padrão quando pertinente. TABELA 3: Propriedades Típicas dos Solos dos Grupos da MCT Designação dos Materiais - Quanto à Predominância das Frações: quando não houver fração retida na peneira de 2 mm, o material será designado simplesmente de solo. - Solo com Pedregulho: quando a fração retida na peneira de 2mm estiver compreendida entre 10% e 50%, a nomenclatura deverá ser acompanhada de indicação “com pedregulho”. Ex.: areia não laterítica com pedregulho. - Pedregulho: quando a fração retida na peneira de 2mm for maior que 50%, a palavra “pedregulho” deve preceder a classificação do solo. Ex.: Pedregulho com solo siltoso não laterítico. Propriedades Típicas dos Solos dos grupos da classificação MCT Classes N- Solos de Comportamento "Não Laterítico" L- Solos de Comportamento “Laterítico” Grupos NA Are ias NA’ Arenosos NS ’ S iltosos NG’ Argilosos LA Are ias LA’ Arenosos LG’ Argilosos Granulome- trias (Minera is ) Típicas (1) - are ias - are ias s iltosas - s iltes - are ias s iltosas - areias argilosas - s iltes (k,m) - s iltes arenosos e argilosos - argilas - argilas arenosas - argilas s iltosas - are ias com pouca argila - are ias argilosas - argilas arenosas - argilas - argilas arenosas Muito a lto > 30 Alto 12-30 Médio 4-12 Mini- CBR sem imersão (%) Baix o < 4 Alto a Médio Alto Médio aAlto Alto Alto Alto a Muito Alto Alto Alta > 70 Média 40-70 C a p .S u p o rt e (2 ) Pe rda de Suporte por imersão (%) Ba ixa <40 Média a Baixa Baixa Alta Alta Ba ixa Baixa Baixa Alta > 3 Média 0,5 – 3 Baixa Baixa Alta Alta a Média Baixa Baixa BaixaExpansão (%) (2) Contração (%) (2) Ba ixa < 0,5 Ba ixa a Média Baixa a Média Média Alta a Média Baixa Baixa a Média Média a Alta Alta > (-3) Média (-3) a ( -5) Permeabili- dade log (K (cm/s )) Ba ixa < (-6) Média a Alta Ba ixa Média a Baixa Baixa a Média Média a Baixa Baixa Baixa Ip (%) LI (%) Alta > 30 > 70 Média 7 – 30 30 – 70 P la st ic i- d a d e Ba ixa < 7 < 30 Baixa a Média Média a MP Média a MP Alta MP a baixa Baixa a Média Média a Alta 48 Douglas F. Villibor e outros - Quanto à Presença de Constituintes Especiais: - Com mica: quando for observada a presença de mica, deverá ser anotada a indicação “com mica”. Ex.: solo siltoso não laterítico, com mica. - Com matéria orgânica: quando for observada a presença de matéria orgânica, deverá ser anotada a indicação “com matéria orgânica”. Ex.: solo argiloso não laterítico, com matéria orgânica. 5.1.1 Estudos Geotécnicos dos Solos do Subleito Os estudos dos solos do subleito objetivam a obtenção dos parâmetros geotécnicos do subleito, a partir de serviços de campo e laboratório. Esses serviços são complementados por serviços de escritório, que abrangem a elaboração de perfis geotécnicos com as características dos solos, indicações dos universos de solos para subleito e plano de exploração para jazidas. 5.1.1.1 Serviços de Campo e Laboratório Os serviços de campo e laboratório envolvem o reconhecimento preliminar de campo, a amostragem sistemática e ensaios geotécnicos. Os estudos preliminares de campo desempenham papel importante pelo fato de possibilitarem a obtenção de alguns parâmetros de maneira expedita, mediante o uso de procedimentos práticos e de equipamentos de fácil manuseio. Com as informações disponíveis em mapas pedológicos, geológicos e geotécnicos, é feita uma vistoria in situ por profissionais especializados, com comprovada experiência na área, para a obtenção das seguintes informações básicas: - Existência ou não de revestimento primário nas vias. - Condições topográficas e aspectos ligados à drenagem superficial e profunda das vias em questão. Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 49 Capítulo 5 - Identificação expedita, táctil-visual, do subleito e das jazidas, para a verificação da mineralogia e granulometria dos solos, macroestrutura e cor etc. A partir dessas informações e da identificação genética do material, serão programadas as fases de amostragem sistemática e ensaios geotécnicos. A amostragem da via para fins geotécnicos será feita através de furos de sondagens com espaçamento máximo, entre dois furos consecutivos no sentido longitudinal, de 75 metros, devendo-se fazer furos intermediários, a cada 25 metros, para simples identificação táctil-visual dos materiais encontrados. Os furos e sondagens deverão ser locados com base nas informações obtidas no reconhecimento preliminar de campo. As sondagens que servirão para reconhecimento (análise táctil-visual), coleta de amostras, traçado do perfil geotécnico do subleito e anotação da cota do nível d’água (se constatado), serão executadas com auxílio de equipamentos manuais (trado-espiral, cavadeira, pá etc.). A profundidade das sondagens, em relação ao greide de fundação do pavimento será de 1,50 metro ou mais, no caso de ocorrência de solos imprestáveis (solos atípicos) sujeitos à remoção. Nesse caso, essa área de material impróprio deve ser delimitada e o projeto deverá dar um tratamento adequado a ela. A amostragem das camadas representativas do revestimento primário e do subleito, visando à obtenção de suas características geotécnicas, será feita conforme descrito a seguir. - Subleito Natural Para esse procedimento, entende-se como subleito natural, no seu estado atual, o subleito sem presença de material pétreo lançado. A coleta de amostras será no primeiro metro abaixo do greide de fundação do pavimento e deverá ser representativa das camadas encontradas. 50 Douglas F. Villibor e outros - Subleito com Camada de Revestimento Primário Quando as vias existentes apresentarem camada de revestimento primário em espessura superior a 10 cm, com materiais pétreos, escória ou entulho de boa qualidade, em porcentagem superior a 30% em peso (material retido na peneira de 2,00 mm), deverão ser coletadas amostras, separadamente, da camada de revestimento primário e das camadas do subleito até a profundidade de 1,00 metro abaixo do greide de fundação do pavimento. A programação dos ensaios geotécnicos, tanto in situ quanto em laboratório, será baseada em informações obtidas no reconhecimento preliminar de campo e no levantamento topográfico (plani-altimétrico cadastral). Com esses dados o projetista poderá pré-definir o greide de implantação do pavimento e, portanto, prever a possibilidade de utilização de algumas camadas em suas condições locais. Os ensaios geotécnicos, já descritos anteriormente, serão feitos para avaliar os materiais entre 0 e 1,00 metro abaixo do greide de fundação do pavimento, em duas camadas de aproximadamente 0,50 m. No caso dos ensaios laboratoriais, as amostras representativas dessas duas camadas, se identificadas como iguais (táctil-visual e granulometricamente), poderão ser ensaiadas em uma única amostra representativa do horizonte. 5.1.1.2 Serviços de Escritório Os serviços de escritório orientam a elaboração de documentos geotécnicos do projeto, constando de plantas e perfis e deverão conter estas informações: - Características Geotécnicas: - Identificação táctil-visual, incluindo a cor de cada camada. - Classificação MCT da fração do solo que passa na peneira de 2,00 mm. - Massa específica aparente seca máxima. - Teor de umidade ótima. - Granulometria. - Índice de suporte in situ, e moldado em laboratório. Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 51 Capítulo 5 - Indicações dos Universos de Solos Os universos serão definidos, para efeito de dimensionamento, segundo um dos critérios: - Por meio de intervalos de Índice de Suporte, Mini-CBR ou CBR, com Expansão # 2%: U1: Solos com CBR ou Mini-CBR < 4%; U2: Solos com 4% # CBR ou Mini-CBR < 8%; U3: Solos com 8% # CBR ou Mini-CBR < 12%; U4: Solos com CBR ou Mini-CBR $ 12%. Opcionalmente poderá ser utilizada a classificação MCT, para a determinação dos universos de solos: UL: Solos Lateríticos, pertencentes aos grupos LA’ e LG’, e com Mini-CBR $ 8%; UN: Solos Saprolíticos, pertencentes aos grupos NS’ e NG’, e com Mini-CBR # 8%. Os demais grupos da classificação MCT (NA’, NA, LA) devem ser estudados isoladamente. A figura 15 ilustra um perfil geotécnico do subleito de uma via urbana. A distância entre os furos de sondagem, recomendadas para estudos geotécnicos em vias urbanas, é de 25 m. Caso um quarteirão tenha menos que 75 m, deverão ser locados furos de sondagem e amostrados seus solos em, no mínimo, 3 locais. 52 Douglas F. Villibor e outros FIGURA 15: Perfil Geotécnico do Subleito de uma Via Urbana 5.1.2 Estudos Geotécnicos de Jazidas Os estudos para a obtenção das características geotécnicas dos solos de jazidas (áreas de empréstimos) são semelhantes aos dos solos do subleito, havendo apenas pequenas adaptações referentes a: - Amostragem sistemática. - Ensaios geotécnicos. - Serviços de escritório. 5.1.2.1 Serviços de Campo e Laboratório (Amostragem Sistemática e Ensaios Geotécnicos) O estudo geotécnico de jazidas para o uso em aterro, reforço do subleito,sub-base e base, será feito por métodos convencionais, com uma rede de poços de investigação espaçados, de 30 metros, nos dois sentidos, conforme ilustrado na figura 16. A dimensão poderá ser aumentada até 50 metros, em função da área de empréstimo, desde que a malha estudada permita a caracterização adequada dos materiais ocorrentes. Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 53 Capítulo 5 FIGURA 16: Perfil Geotécnico de uma Jazida As amostras deverão ser coletadas em dois níveis de profundidade, ou seja, de 0,5 m até 2,0 m e de 2,0 m até a cota final de exploração (ver figura 16). Constarão do estudo geotécnico, no mínimo, 09 amostras representativas de cada camada do perfil de solo encontrado, que serão submetidas aos seguintes ensaios: - Classificação MCT. - Análise granulométrica em 50% das amostras, ou em furos alternados. - Teor de umidade. - Compactação Mini-Proctor na Energia Normal. - Suporte CBR ou Mini-CBR, e expansão. O ensaio Mini-CBR é empregado somente quando o material apresentar granulometria com 95% passando na peneira com malha de abertura nominal de 2,00 mm. Caso contrário, utiliza-se o CBR convencional. 54 Douglas F. Villibor e outros 5.1.2.2 Serviços de Escritório Os serviços de escritório constam de elaboração de plantas, perfis e plano de exploração. Devem conter as informações indicadas na Figura 16, além dos dados relativos à análise granulométrica, capacidade de suporte CBR ou Mini-CBR, classificação MCT, teor de umidade, massa específica aparente seca máxima etc. 5.2 Aplicações da Metodologia MCT em Bases de Pavimentos A Metodologia MCT permitiu o desenvolvimento de novos tipos de bases para pavimentos constituídas por solos tropicais considerados impróprios pelos critérios tradicionais desenvolvidos para climas frios e temperados. Os materiais empregados em bases de pavimentos rodoviários e urbanos, para baixo volume de tráfego, podem ser solos lateríticos finos in natura ou misturas desses com agregados naturais ou britados. Os seguintes tipos de bases para pavimentos serão enfocados: - Bases de Solo Arenoso Fino Laterítico (SAFL). - Bases de Solo Argiloso Laterítico e Areia (ALA). - Bases de Solo Laterítico e Agregado de Granulometria Descontínua (SLAD). - Bases de Argila Laterítica. 5.2.1 Bases de Solo Arenoso Fino Laterítico (SAFL) 5.2.1.1 Considerações Iniciais No território brasileiro existem vastas áreas cobertas por espesso manto de solos arenosos finos. O solos da parte superficial desse manto apresentam características próprias devido à atuação de processos pedológicos específicos designados genericamente de laterização. Muitos desses solos são jazidas naturais de solo arenoso fino laterítico (SAFL) apropriados para o emprego em bases de pavimentos. Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 55 Capítulo 5 No Estado de São Paulo, o uso rotineiro de bases de solo arenoso fino laterítico ocorreu após 1975. Entretanto a primeira utilização de solos lateríticos de granulação fina (argilosos ou arenosos) em camadas de pavimentos no Estado de São Paulo ocorreu ainda na década de 50, quando foram utilizados em camadas de reforço do subleito. Esse procedimento foi adotado diante do elevado valor de capacidade de suporte CBR apresentado por esses solos, apesar de possuírem outras características consideradas não muito favoráveis pelos procedimentos tradicionais de classificação dos solos. Portanto, de 1950 até 1975, esses solos in natura só eram usados em pavimentação como camadas de reforço do subleito ou sub-bases. Pelo fato de os solos constituintes dessas camadas se encontrarem confinados pela base e, eventualmente pela sub-base, não havia grande preocupação por parte do meio técnico quanto ao trincamento ou mesmo quanto à qualidade do acabamento da superfície dessas camadas. Para controle da qualidade dos subleitos e das sub-bases, limitava-se à obtenção de um grau de compactação que garantia um suporte, expresso em termos de CBR, especificado para a camada. Para o caso do uso de solo arenoso fino laterítico em bases de pavimentos, outras características são decisivas para o seu sucesso, pois tais camadas praticamente não são confinadas, e recebem sobre si apenas um revestimento betuminoso esbelto, com espessura máxima de 3,0 cm. Mesmo assim, devem absorver os esforços provenientes da construção do revestimento, apresentar boa aderência à camada de revestimento, suportar os esforços verticais e horizontais provenientes do tráfego e resistir à ação das intempéries. Há solos arenosos finos lateríticos para emprego em bases de pavimentos em 50% do Estado de São Paulo. Há grande ocorrência destes solos também nos Estados do Paraná, Goiás, Mato Grosso, Bahia e Minas Gerais. Até a presente data, já foram executados aproximadamente 12.300 km de rodovias vicinais com bases de solo arenoso fino laterítico. Desses, 8.000 km apenas no Estado de São Paulo. Em termos de vias urbanas, já foram construídos mais de 12 milhões de m2 de bases de SAFL em todo o território nacional. 56 Douglas F. Villibor e outros 5.2.1.2 Pavimentos Urbanos com Base de Solo Arenoso Fino Laterítico Na tabela 4 estão relacionadas as principais cidades onde já foram executadas bases de SAFL, na espessura de 15,0 cm, ano de execução, bem como área construída com SAFL e grupo MCT desses solos. TABELA 4: Cidades com Pavimentos de Bases de SAFL 5.2.1.3 Especificações dos SAFL para Bases de Pavimentos As especificações do solo arenoso fino laterítico são fundamentadas em determinações de suas propriedades mecânicas e hídricas. Essas especificações impõem as seguintes condições para o emprego desses solos como base de pavimento: - Composição granulométrica do solo tal que, 100% seja constituído por grãos que passem integralmente na peneira de abertura de 2,00 mm ou que possua uma porcentagem de grãos de, no máximo, 5% retidos nessa peneira. - Os solos devem pertencer à classe de solos de comportamento laterítico de acordo com a classificação MCT, ou seja, ser do tipo LA, LA´ ou LG´. CIDADE ANO (in íc io de execução) CAMADA DE ROLAMENTO ESPESSURA ÁREA (1000m2) CLASSIFICAÇÃO MCT Rio Branco – AC 80 TSS + 4,0 cm CBUQ com laterita 300 LA’ – LG’ Rio Brilhante – MS 82 TSD 200 LA’ – LG’ Araraquara 82 Macadame Betuminoso 400 LA’ – LG’ Pres idente Prudente 82 TSD 1.500 LA’ Álvares Machado 82 TSD 300 LA’ Rosana 82 TSD 200 LA’ Araçatuba 84 TSD 400 LA’ Pres idente Prudente 84 TSD 200 LA’ Novo Horizonte 86 TST 50 LA’ – LG’ Barra Bonita 86 TSS + CBUQ 3,0 cm 65 LA Lins 86 TSS + CBUQ 3,0 cm 120 LA’ Ibaté 87 Macadame Betuminoso 80 LA’ Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 57 Capítulo 5 - Os solos devem apresentar propriedades mecânicas e hídricas dentro dos intervalos indicados na tabela 5, quando compactados na Energia Intermediária do Mini-Proctor. A curva granulométrica destes solos é descontínua e eles devem apresentar uma granulometria que se enquadre na faixa indicada na figura 17, servindo portanto esta faixa como orientação para o emprego desses solos como bases de pavimento. PENEIRA (mm) 2,00 100 0,42 85 a 100 0,149 45 a 90 0,075 20 a 50 PORCENTAGEM QUE PASSA (%) PROPRIEDADES INTERVALOS DE VALORES Mini-CBR sem imersão ≥ 40% RIS = 100 x Mini -CBR IS / Mini-CBR hm ≤ 50% Expansão sem sobrecarga padrão ≤ 0,3% Contração 0,1 a 0,5% Coeficiente de Sorção 10-2 a 10-4 (cm/min1/2) FIGURA 17: Faixa Granulométrica Recomendada para Bases de SAFL TABELA 5: Valores Recomendados para Bases de SAFL. Quando da construção de bases de SAFL constatou-se que alguns solos apresentavam uma série de problemas construtivos, enquanto outros não. A partir disso, dividiram-se os solos de comportamento laterítico em 4 grupos de solos, localizados em áreas distintas do gráficoda classificação MCT, conforme ilustrado na figura 18. 58 Douglas F. Villibor e outros FIGURA 18: Áreas no Gráfico da Classificação MCT dos SAFL utilizados em Bases de Pavimentos Para os solos de cada uma das áreas da figura 18 foram estudados detalhes da técnica construtiva mais adequada a fim de evitar qualquer defeito construtivo e minimizar o custo de construção. 5.2.1.4 Técnica Construtiva A tabela 6 ilustra o Procedimento Construtivo e de Controle de Bases de SAFL e a figura 19 mostra seus detalhes construtivos. Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 59 Capítulo 5 CONTROLE DO SOLO E DA BASE PROCEDIMENTO CONSTRUTIVO SOLOS DAS ÁREAS I E II Controle do Solo a cada 100 m - Granulometria: peneiras 0,42, 0,150 e 0,75 mm - Mini-CBRhm - Contração Controle da Base a cada 40 m - Verificação do grau de compactação ≥ 100% da energia intermediária - Verificação do teor de umidade na fase de compactação (hot ± 2%) Recomendações gerais: - Colocar o solo e pulverizá-lo, deixando a camada solta (colchão) na faixa de umidade de projeto. - Iniciar a compactação com rolo pé de carneiro pata longa, 6 passadas e se necessário, complementá-la com rolo vibratório corrugado, dando no máximo 3 passadas. - Preferencialmente não patrolar o solo para o ajuste de espessura da base durante o processo de compactação, que deverá terminar quando o grau de compactação de campo for ≥ ao de projeto. - Após irrigá-la, efetuar o acabamento final da base com a motoniveladora, cortando a numa espessura de 2 cm e também cortando as laterais. Executar a rolagem final com rolo de pneu ou dar no máximo 1 passada com o rolo vibratório liso. - Deixar a base perder umidade, por secagem, num período de 48 a 60 horas ou até a ocorrência de trincas com largura de 2 mm. - Colocar o solo e pulverizá-lo na faixa de umidade de projeto. - Iniciar a compactação com rolo de pneu, 8 passadas e complementá-la, se necessário, dando no máximo 1 passada com rolo liso vibratório. - Não patrolar o solo para o ajuste de espessura da base durante o processo de compactação. - Acabamento final da base: após irrigá-la, efetuar o acabamento com a motoniveladora, cortando numa espessura de 2 cm e também cortando as laterais, porém dando a rolagem final com o rolo de pneu. - Deixar a base perder umidade, por secagem, num período de 48 a 60 horas ou até a ocorrência de trincas com largura de 2 mm. 1. Espessura mínima da base é de 12,5 cm e a máxima de 17,0 cm; 2. A uniformização do teor de umidade do colchão de solo para compactação deverá ser efetuada no final da tarde e sua compactação deverá ser executada no período da manhã; 3. A imprimação da base deve ser precedida de uma leve irrigação. PROCEDIMENTO CONSTRUTIVO SOLOS DAS ÁREAS III E IV TABELA 6: Procedimento Construtivo e Controle Tecnológico da Base de SAFL 60 Douglas F. Villibor e outros FIGURA 19: Detalhes Construtivos de Bases de SAFL Abertura de Caixa e Melhoria do Subleito Lançamento da Camada Compactação da Base Processo de Cura da Base Preparação para Imprimadura Imprimadura da Base Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 61 Capítulo 5 5.2.1.5 Peculiaridades sobre o Comportamento de Pavimentos com Base de SAFL Algumas peculiaridades observadas durante a vida de serviço dos pavimentos executados com bases de solo arenoso fino laterítico são: - Baixíssima incidência de ruptura da base, exceto em locais onde o lençol freático se encontra a menos de 1,0 m de profundidade e/ou em pontos de percolação de águas superficiais. - Pequenas deflexões, geralmente entre 20 e 60 (1/100 mm). - Pequenas deformações nas rodeiras, porém, sem trincamento do revestimento. - Baixa contração por secagem ao ar nos solos da área II resultando em placas de dimensões aproximadas de 50 x 50 cm na base, consideradas ideais como padrão de trincamento. Os solos da área I apresentam contração média a elevada, que conduz à formação de placas da ordem de 30 x 30 cm. - Excelente capacidade de receber compactação (solos das áreas I e II), alcançando facilmente o grau correspondente a 100% da MEASmax relativa à “energia intermediária”. - Facilidade no acabamento da base e baixo desgaste superficial sob a ação do trânsito de serviço. - Satisfatória receptividade à imprimadura, proporcionando uma boa aderência da camada de rolamento à base. - Superfície e borda pouco susceptíveis ao amolecimento por umedecimento. As peculiaridades mencionadas são relativas principalmente às áreas I e II da figura 18. Entretanto, cabe ressaltar que, quando da utilização de solos pertencentes às áreas III e IV, observa-se o seguinte: - Dificuldade de aceitar compactação. O grau de compactação atinge valores entre 93 e 97% da MEASmax relativa à “energia intermediária”. - Propensão para formação de “lamelas” na construção. - Dificuldade no acabamento da base, principalmente sob ação do tráfego de construção. - Superfície e borda da base muito susceptíveis ao amolecimento por absorção excessiva de umidade. Problemas de erodibilidade 62 Douglas F. Villibor e outros nas bordas quando sujeitas à ação d’água em segmentos onde não existem guias e sarjetas e/ou proteção lateral. 5.2.1.6 Considerações sobre Defeitos no Pavimento devido às Deficiências da Técnica Construtiva Os principais defeitos incidentes em pavimentos com bases de SAFL decorrem de algumas deficiências no processo executivo e da interface base/ revestimento. Estão indicados nos fluxogramas 3 e 4 respectivamente. CAUSA Lamela Construtiva Solo Inapropriado Deficiência de Drenagem Deficiência de Compactação OCORRÊNCIA EVOLUÇÃO SERVIÇO Recalque da Base Reparo da Base Correção do Revestimento Desagregração ou Soltura do Revestimento Deformação Excessiva da Base Trincamento do Revestimento PR O C ES SO EX EC U TI V O D A B A SE CAUSA Imprimadura em Base Úmida OCORRÊNCIA EVOLUÇÃO SERVIÇO IN TE RF A C E B A SE -R EV ES TI M EN TO Falta de Imprimadura Imprimadura sobre Superfície com Pó Lamela Construtiva Exsudação de Material Betuminoso Cravamento do Agregado Exsudação por Cravamento Escorregamento do Revestimento Desagregação ou Soltura do Revestimento Correção da Exsudação Remendo do Revestimento Repardo da Base Buraco ou Panela FLUXOGRAMA 3: Evolução dos Defeitos em Função do Processo Construtivo da Base FLUXOGRAMA 4: Evolução dos Defeitos em Função da Interface Base / Revestimento Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 63 Capítulo 5 Dentre as ocorrências mencionadas, os defeitos que mais afetam a vida de um pavimento com base de SAFL são: - Lamelas superficiais: decorrentes de pequenos aterros para acerto de greide, quando do acabamento, e de supercompactação superficial da camada, mais incidente em solos pouco coesivos. - Falta de imprimadura impermeabilizante ou taxa insuficiente, que não confere a coesão necessária na superfície da base, acarretando cravamento do agregado do revestimento na base. - Escolha inadequada do solo, por exemplo, com baixa capacidade de suporte, levando conseqüentemente a recalques e deformações excessivas, ou utilização de solos não coesivos ocasionando escorregamentos do revestimento. 5.2.2 Bases de Misturas de Solo Argiloso Laterítico e Areia (ALA) 5.2.2.1 Considerações Iniciais Em muitas regiões do território brasileiro existem solos lateríticos finos in natura, que não apresentam características adequadas para seu emprego como bases de pavimentos. No entanto, esses solos, quando misturados entre si ou com areias, poderão fornecer materiais adequados com comportamento semelhante ao de um solo arenoso fino laterítico. Dois tipos de misturas podem ser efetuadas para a utilização