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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIEURO CURSO DE PSICOLOGIA Vanessa Barbosa Teixeira PENSANDO OS FENÔMENOS PSICOLÓGICOS: UM ENSAIO ESQUIZOANALÍTICO Brasília/DF 2019 PENSANDO OS FENÔMENOS PSICOLÓGICOS: UM ENSAIO ESQUIZOANALÍTICO Resenha apresentada para a disciplina Teorias da Personalidade, no curso de Psicologia no Centro Universitário Unieuro – Águas Claras Prof. Marden Marques Filho Brasília/DF 2019 RESUMO Parpinelli, Roberta Stubs; Souza, Edmilson W. F. Pensando os fenômenos psicológicos: Um ensaio esquizoanalítico. 9f. Artigo científico. O referido artigo apresenta reflexões teóricas acerca dos conceitos da esquizoanálise e as utiliza para interpretar alguns fenômenos no campo da “psi”, seja nas vivências humanas ou até mesmo no espaço singular da clínica psicológica. Considerando a correlação subjetividade e esquizoanálise, compreende-se que a subjetividade é um processo de produção aberto no qual comparecem e participam múltiplos componentes que articulam aspectos psíquicos com as diversas forças dinâmicas que compõem a realidade. Essa articulação ocorre de maneira rizomática. O rizoma funciona como uma rede constituída de inúmeras ramificações que se conectam e reconectam com outras ramificações. Dessa forma a subjetividade se configura num movimento ininterrupto de ligações e religações que suas ramificações realizam entre elementos intra e extra psíquicos (relialidade). A realidade, assim como a subjetividade, é constituída de maneira rizomática. Segundo Guattari, a realidade possui uma proto-subjetividade ou uma subjetividade parcial que se conecta com a subjetividade das pessoas, que se rearticulam entre si. Uma característica do rizoma, segundo os autores Deleuze e Guattari, diz respeito ao princípio de conexão e de heterogeneidade, a partir do qual se entende que qualquer parte do rizoma pode se ligar com qualquer parte de outro rizoma. A conexão é uma forma de entender um fenômeno através de um descentramento sobre outras dimensões e registros. Partindo desse entendimento rizomático, se torna possível compreender a amplitude e a pluralidade que envolve um fenômeno paranoico que por exemplo, sob leitura da psicanálise, estaria reduzido às primeiras vivências psíquicas no âmbito familiar. Para entender essa reação sob a perspectiva esquizoanalítica é preciso superar essa visão determinista e considerar a conexão dessa reação com a realidade na qual o sujeito vive e com a qual a sua subjetividade se conecta na forma de atração ou repulsão ao corpo sem órgãos. A partir das infindáveis conexões do rizoma surge o princípio de multiplicidade que derruba a noção de unidade. Segundo os autores, quando dois ou mais elementos se conectam, eles não apenas se complementam formam um novo elemento. “Uma multiplicidade não tem nem sujeito nem objeto, mas somente determinações, grandezas, dimensões que não podem crescer sem que mude de natureza”. Deleuze e Guattari defendem que para garantir a mutabilidade das multiplicidades, existe um plano de consistência que se configura como sendo a borda da multiplicidade. O plano de consistência preserva a unidade da multiplicidade ao mesmo tempo em que garante sua conexão com outros elementos e entre si, reservando a ela um funcionamento autopoiético. Uma outra característica do rizoma diz respeito ao princípio de cartografia. “O mapa é aberto, é conectável em todas as suas dimensões, desmontável, reversível, suscetível de receber modificações constantemente” (Deleuze e Guattari, 1996). O mapa, assim como o rizoma, possui múltiplas entradas e saídas. Para a esquizoanálisea a subjetividade é entendida considerando-se todas as características do rizoma. Sendo assim, ela está sempre se conectando e reconectando, provocando uma mutabilidade que abre espaço à criação, ao novo e a novos desdobramentos. Desse modo o intra e o extra psíquico caminham lado a lado, interpenetrando-se continuamente, constituindo novas existências ou novas figuras de subjetividade. O que faz com que a subjetividade se mantenha nesse movimento é o desejo. É o desejo que impulsiona o ser humano a produzir, a imergir num devir criador e se conectar diferentes máquinas processuais. Para a esquizoanálise o desejo é produtivo, gera e gerado na “criação” do novo”. A palavra desejo nos remete ao conceito de inconsciente. A psicanálise descreve o inconsciente como sendo um depósito de conteúdos reprimidos pela censura. Para Guattari e Deleuze o inconsciente não se limita a um reservatório de desejos recalcados, mas aberto sobre a história, a sociedade e o cosmo. Desse modo, ele se configura como uma grande máquina desejante imprimi suas forças através de trocas com elementos intra e extra psíquicos. Assim, se configura uma subjetividade pulsátil, que desenha e redesenha um diargrama de conxões que continuamente faz maquinações internas e externas. No entanto, esse movimento pode ser atravessado por fluxos estratificantes que acabam desembocando em subjetividades engessadas. Guattari (1993) classifica esses fluxos como vozes de poder, de saber e de auto-referência que atuam no processo de subjetivação por intermédio dos equipamentos coletivos de subjetivação. As vozes de poder carregam consigo uma vocação para a dominação e o controle. Já as vozes de saber seriam o saber predominante de cada momento histórico. Essas duas vozes atuam de forma a interromper as linhas de fuga da subjetividade e acabam cercando-as de normas, padrões e valores que impossibilitam a criação do novo. Dessa maneira, cabe às vozes de auto-referência atuar como um filtro e decodificar as informações advindas do entrelaçamento das vozes de poder e saber, aqui o indivíduo possui dois caminhos: alienação e opressão ou uma relação de expressão e criação. As vozes de auto-referência seriam um instrumento que possibilita os conjuntos humanos atuar de maneira criadora na realidade. Feita essa discussão acerca da maneira como a esquizoanálise concebe a subjetividade, caberia ao profissional de Psicologia potencializar nos grupos humanos essa reapropriação dos componentes da subjetividade e acionar a capacidade de discernimento das vozes de auto-referência. Para isso, o próprio profissional deveria se desprender dos padrões sociais vigentes e evitar determinismos teóricos. Palavras-chave: Transexualidade. Gênero. Bioética.
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