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Já na hipótese de não haver resolução de mérito

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Já na hipótese de não haver resolução de mérito, a sentença é chamada terminativa, porque o juiz extingue o processo sem analisar o mérito. Transitada em julgado, essa sentença não fará coisa julgada material, de modo que poderá ser reproposta, salvo na hipótese de ter sido extinta por reconhecimento de perempção, litispendência ou coisa julgada (inciso V do artigo 267 CPC).
Ocorre, por exemplo, quando o juiz indefere a petição inicial, quando houver carência de ação, entre outras hipóteses previstas no artigo 267 do Código de Processe Civil.
Na hipótese de ter sido a ação extinta por reconhecimento de perempção, litispendência ou coisa julgada (inciso V do artigo 267 CPC), a ação não poderá ser reproposta.
Tais fenômenos são chamados pressupostos processuais negativos, posto que quando presentes impedem a propositura da ação(interrompendo os atos processuais por determinado prazo).
Perempção é uma sanção processual imposta ao réu inerte.
Litispendência é o fenômeno que ocorre quando, havendo uma ação em curso, é proposta outra ação com identidade de partes, pedido e causa de pedir.
Artigo 301, § 1o: Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada
Coisa julgada é o fenômeno que ocorre quando "se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso ."(CPC , artigo 301 , § 3o).
Extinção do Processo
A extinção do processo, como observado, é o momento de encerramento deste. Isto significa, portanto, que é concluída a lide, ressalvadas as hipóteses recursais. Todavia, apesar dessa interpretação, nem sempre a extinção do processo ocorrerá ao fim do procedimento ordinário comum. É, por exemplo, o caso de indeferimento da petição inicial previsto no art. 485, I, do Novo CPC. Do mesmo modo, o Novo CPC prevê possibilidades antecipadas de extinção do processo, com ou sem resolução do mérito.
Desse modo, é preciso compreender também as diferentes decisões que podem culminar na extinção processual, em especial:
decisões parciais;
decisões sem resolução de mérito; e
decisões com resolução de mérito.
Decisões parciais
Em primeiro lugar, é preciso diferenciar as decisões totais das decisões parciais. Enquanto a primeira trata da integralidade do processo, podendo levar à sua extinção, a segunda abrange apenas parte dele. Por essa razão, como Didier [1] destaca, não se pode restringir as hipóteses dos artigos 485 a 487 à extinção do processo. De fato, os dispositivos poderão culminar em efeitos diversos.
Decisões sem resolução de mérito
Parte da doutrina convencionou chamar essa espécie de decisão de decisão terminativa. Contudo,  Daniel Amorim Assumpção Neves [2] aponta um possível equívoco com essa nomenclatura. Isto porque toda sentença “termina” o processo. Afinal, é esta a definição da extinção. Assim, como o autor aborda, o ideal seria a diferenciação entre sentença que examina ou não examina o mérito.
Examinar o mérito significa analisar os principais conflitos da demanda. Ou seja, decidir sobre a questão em debate. Todavia, o Direito também prevê regras formais a serem perseguidas. E a inadequação a elas pode culminar na extinção do processo. Dessarte, quando o processo for resolvido por questões formais, sem discussão das questões de fato e de direito, diz-se haver uma decisão sem resolução de mérito.
Hipóteses de não resolução de mérito
O artigo 485 do Novo CPC prevê as hipóteses em que o juízo decidirá sem resolução de mérito. São elas, portanto, dividas conforme classificação realizada por Neves [3]:
inadmissibilidade do processo:
indeferimento da petição inicial;
ausência de pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo;
perempção, litispendência ou coisa julgada;
ausência de legitimidade ou interesse processual;
convenção ou arbitragem;
abandono
inércia processual, por negligência das partes, durante mais de 1 ano;
abandono do autor por mais de 30 dias;
desistência da ação
desistência do autor até a sentença e com o consentimento da parte contrária caso tenha havido contestação;
morte do autor
morte do autor quando a ação for intransmissível;
Quando possível, contudo, o juiz deverá intimar a parte que deu causa à extinção sem resolução de mérito, para corrigir o vício, conforme o artigo 317 e o § 1º do artigo 485 do Novo CPC.
É importante ressaltar, ainda, que decisão que determina a extinção sem resolução de mérito é, também, passível de recurso de apelação. O parágrafo 7º do artigo 485, NCPC, prevê, assim, que, interposta a apelação em qualquer das hipóteses do dispositivo, o juízo terá 5 dias para retratar-se.
Por fim, a parte interessada poderá propor nova ação, consoante o artigo 486 do Novo CPC, uma vez que a decisão sem resolução de mérito não faz coisa julgada material. Deverá, entretanto:
sanar o vício que ensejou a inadmissibilidade; e
comprovar o recolhimento das custas processuais;
comprovar o recolhimento dos honorários advocatícios.
Litispendência
Uma das grandes discussões acerca da extinção do processo é a litispendência. E, afinal, este é um importante tema para a segurança jurídica. Com bases constitucionais, a vedação à litispendência é uma forma de evitar que um mesmo indivíduo seja demandado mais de uma vez pela mesma causa. Assim, conforme os §§ 1º a 3º do artigo 337, Novo CPC:
§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
§ 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
§ 3º Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
Como vislumbrado em análise do artigo 485, NCPC, o reconhecimento de litispendência pode ensejar a extinção do processo sem resolução de mérito. As razões são óbvias, uma vez que o mérito já está sob análise em processo diverso. Não haveria, portanto, razão de reanalisá-lo, senão em esfera recursal, sob o risco de repetição da demanda.
Há, contudo, a possibilidade de propositura de nova ação, mesmo nas hipóteses de extinção do processo sem resolução de mérito por reconhecimento de litispendência. De acordo com o parágrafo 1º do artigo 486, Novo CPC, a propositura da novação dependerá da correção do vício que levou à sentença sem resolução de mérito. Ou seja, o autor deverá propor nova ação que se atente às previsões acerca da litispendência. Poderá, por exemplo, modificar o pedido.
A sentença de extinção do processo, portanto, nem sempre levará a uma extinção definitiva. Por vezes, será possível propor nova ação, não obstante as previsões recursais. É preciso estar atento tanto às possibilidades, quanto aos vícios que culminaram na extinção do processo. E, assim, buscar atender melhor os interesses daqueles que demandam em juízo.

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