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DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV
CONTESTAÇÃO (Arts. 39, I; 113, § 1º, 261, 278, §1º, 297 a 303 do CPC)
· É uma das peças de resposta do réu, onde ele pode se defender daquilo que lhe foi imputado.
· Trata-se do meio pelo qual o réu contrapõe-se aos pedidos formulados na inicial, devendo concentrar todas as manifestações de resistência à pretensão do autor. 
· É na contestação que o réu pleiteia que o juiz não acolha o pedido feito pelo autor.
· De acordo com o artigo 300, do Código de Processo Civil, "compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir".
· Contestação trata-se da modalidade processual de resposta mais comum, pois é através da contestação que o réu impugna o pedido formulado pelo autor da ação, defendendo-se tanto no plano processual quanto do mérito.
PRAZO
· Em regra: 15 dias
· Se o réu for: MP, Ente Público, Réu representado por Defensor ou Litisconsorte com advogado diferente do outro: prazo em dobro. (arts. 180, 183, 186 e 229 CPC/15)
DIREITO DE DEFESA 
· Réu não contestou ou não apresentou a contratação, se presumirá verdadeiro tudo aquilo que foi citado, em decorrência, de não ter havido a contestação 
· Do mesmo modo, elenca-se também que se o réu não se defender de todos os tópicos das alegações, se presumirá verdadeiro o que não for contestado, não deixando escapar algum tópico.
· Versão dialética da petição inicial, contraponto da petição inicial.
PRINCÍPIOS NORTEADORES
· Concentração 
· Réu deve alegar toda a matéria de defesa na contestação, seja processual, seja material.
· Este princípio tem como base dois aspectos: combate ao excesso de formalismo e economia processual.
· Conforme o Código de Processo Civil de 1973, algumas matérias poderiam ser discutidas na contestação enquanto outras deveriam ser discutidas através de incidentes. Incidentes eram pequenos processos que ficavam apensos ao principal e tinham a finalidade única de discutir questões processuais incidentais à questão principal, ou seja, que não compunham o bem da vida mas eram necessárias à sua análise posterior.
· Esta pratica traduzia um formalismo que trazia morosidade e tornava o processo abarrotado. Desta forma, o Código de Processo Civil de 2015, ao determinar a concentração da defesa na contestação, extirpa este formalismo, garantindo maior eficiência processual.
· Eventualidade (deduzir todos os pedidos de defesa possível, pois, é a única oportunidade de defesa, necessário que se abarque todos os pontos; coloca-se tudo, todas as defesas, fracas e fortes.)
· A eventualidade pode ser encarada como um sinônimo da concentração de defesa, mas há quem as distinga.
· A eventualidade implica que o réu deve alegar todas as suas defesas possíveis e imagináveis (se coerentes e cabíveis, claro) na contestação pois, caso o juiz não acolha um dos seus argumentos, poderá acolher outro. É comum inclusive que se leia este tipo de expressão em contestações:
· “Caso Vossa Excelência não acolha o argumento exposto, o que se admite em razão do principio da eventualidade, o réu expõe também um segundo argumento”.
· Desta forma, este princípio invoca a possibilidade (e até o dever) do réu de dizer tudo o que pode ser dito para sua defesa, dando ao juiz o maior número de possibilidades de reconhecer a falta de razão ao autor.
· “O “principio da eventualidade” significa a possibilidade (e a recomendação) de o réu arguir toda a defesa possível caso uma ou outra delas seja rejeitada pelo magistrado. Concentra-se a defesa na eventualidade de alguma alegação não vir a ser acolhida pelo Estado-juiz.”
· Toda defesa deve ser formulada de uma só vez como medida de previsão ad eventum, sob pena de preclusão. O réu tem o ônus de alegar tudo o quanto puder, pois, caso contrário, perderá a oportunidade de fazê-lo.
· Impugnação Específica
· O réu deve se manifestar especificamente sobre todos os fatos alegados pelo autor na inicial. Caso aquele que está se defendendo deixe de se manifestar sobre algum fato alegado pelo autor, tal fato fica passível de ser presumido como verdadeiro, ou seja, o silêncio do réu pode significar sua confirmação do afirmado pelo autor.
· Sendo assim, é mais seguro ao réu que se manifeste sobre absolutamente tudo que for possível se manifestar em relação à petição inicial.
· Art. 341.  Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas (...)
· O réu não pode apresentar a sua defesa com a negativa geral das alegações de fato apresentadas pelo autor (art. 341 do CPC); cabe ao réu impugná-las especificamente, sob pena de a alegação não impugnada ser havida como verdadeira. Eis o ônus do réu de impu3nar especificamente as alegações do autor.
FORMA: ESCRITA (EXCEÇÃO)
· A contestação deve vir em forma escrita, excepcionada a hipóteses da contestação nos juizados Especiais Cíveis, que pode ser feita pela forma oral.
REQUISITOS DA CONTESTAÇÃO
· Os requisitos da contestação são semelhantes aos da petição inicial: nome e prenome das partes (qualificação não é necessária, se corretamente já feita na inicial); endereçamento ao juízo da causa; documentos indispensáveis; requerimento de provas; dedução dos fatos e fundamentos jurídicos da defesa
· A contestação, assim como a petição inicial, deverá conter os seguintes requisitos: endereçamento correto, nome e prenome das partes com suas devidas qualificações (a qualificação do autor não será necessária), fatos e fundamentos jurídicos, requerimentos de provas, documentos indispensáveis e pedidos.
Conteúdo 
a. Defesa processual 
i. Dilatória (não leva à extinção do processo, sujeito à algum tipo de correção, enceja algum retardamento no decurso do processo, vai dilatar o andamento do procedimento, alega-se por exemplo que o juízo é incompetente)
ii. Peremptória (se aparecer, extingue o processo sem resolução de mérito, a exemplo, a convenção de arbitragem – falta de interesse processual)
 
b. Defesa material 
i. Indireta: Quando se entra no mérito, aí que se coloca a defesa de mérito indireta (matéria nova, que não se encontrar na inicial).
ii. Direta: impugna especificamente o que esta na inicial.
Preliminares de mérito (Art. 337) 
Defesas processuais
· Trata-se de defesa dilatórias, pois o máximo que o réu poderá conseguir com o acolhimento da sua alegação é a renovação do prazo para apresentação de sua resposta.
Art. 337
· I – inexistência ou nulidade da citação;
· II – incompetência absoluta e relativa;
· III – incorreção do valor da causa;
· IV – inépcia da petição inicial;
· VIII – conexão e continência – continência é apenas espécie de conexão;
· IX – incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
· XI – ausência de legitimidade ou de interesse processual.
· XII – falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
· XIII – indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
Defesas materiais
· Trata-se de defesa alegada pelo réu, que se acolhidas levará à extinção do processo, são as chamadas defesas peremptórias.
Art. 337
· V – perempção;
· VI – litispendência;
· VII – coisa julgada;
· X – convenção de arbitragem.
Defesas que podem ser alegadas após a contestação
Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando:
· I – relativas a direito ou a fato superveniente;
· II – competir ao juiz conhecer delas de ofício;
· III – por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.
Defesas do mérito 
· Indiretas (são analisadas antes, causam efeito de prejudicialidade)
· Impeditivas 
· Modificativas (novação ou sub-rogação) 
· Extintivos (prescrição ou decadência) 
· Diretas (regida pelo ônus da impugnação específica)
Especificação de provas e outras providencias
Ônus da impugnação específica (exceção: Art. 341)
Prazo: 15 dias 
Termo inicial 
RECONVENÇÃO
· A reconvenção é demanda do réu contra o autor no mesmo processoem que está sendo de mandado. É o contra-ataque que enseja o processamento simultâneo da ação principal e da ação reconvencional.
· Está na Contestação, dois capítulos diferentes (contestação e reconvenção)
· Deverá se observar o Art. 319, CPC
· Réu pode se defender e\ou contra-atacar
· Ação do Réu contra o autor
· É uma Petição inicial 
· Trata-se de um incidente processual que amplia o objeto litigioso do processo.
· Julgamento: mesma sentença – mas são ação autônomas, inclusive com condenações independentes às verbas de sucumbência.
Reconvenção pode ser proposta tanto pelo réu, como por um terceiro em litisconsórcio, assim como pode ser proposta pelo réu contra o autor e um terceiro (art. 343, 3º e 4º). Mas não se pode propor reconvenção contra apenas o terceiro, o autor-reconvindo deve manter relação jurídica com este.
REQUISITOS DA RECONVENÇÃO
Além dos pressupostos processuais exigidos em todas as demandas (requisitos da petição inicial), deve o reconvinte obedecer os seguintes requisitos:
· Haja causa pendente – pressupõe a existência de uma lide pendente, não existe reconvenção autônoma, pois seria uma contradição ao termo;
· Observância do prazo de resposta – deve ser apresentada junto com a contestação sob pena de preclusão;
· Competência do juízo – o da causa principal deve ser competente para a reconvenção;
· Compatibilidade de procedimento – procedimento da reconvenção tem que ser compatível com o procedimento da ação principal;
· Conexão – ser conexa com ação principal;
· Interesse processual – se puder alcançar o efeito prático com a contestação, não se admite reconvenção
· Cabimento – cabível no procedimento comum, mas há procedimentos que vedam expressamente a reconvenção – no caso dos juizados especiais cíveis.
· Despesas processuais – na justiça estadual caberá a lei de cada estado definir se há ou não custas processuais da reconvenção – na justiça federal não há custas processuais.
PEDIDO CONTRAPOSTO E RECONVENÇÃO
· Pedido contraposto: é uma demanda mais simplificada do que a reconvenção, e sua amplitude é limitada pela lei. Nos juizados especiais deve ser restrita aos “fatos da causa”; nas possessórias admite-se somente o pedido de indenização.
· Reconvenção: é uma demanda de variada natureza, basta ter conexão com a ação principal ou com os fundamentos de defesa.
1. Conceito: contra-ataque
2. Autonomia 
a. Art 343, Parágrafo 2º
3. Pressupostos 
a. Conexão com:
i. Ação
ii. Defesa
b. Competência absoluta (juízo para ação reconvencional) 
c. Identidade procedimental 
4. Legitimidade
5. Procedimento 
a. Própria Contestação 
b. Julgadas na mesma sentença 
6. Reconvenção da reconvenção (teoricamente, cabe) 
7. Observações 
REVELIA
· (Omissão, não fazer nada – Ausência de contestação no procedimento, )
· Revelia, prevista nos arts. 344 a 346 do CPC/15, é a falta de contestação do réu às alegações do autor da ação judicial proposta em seu desfavor. Por isso, ela presume a veracidade das alegações formuladas.
· Há revelia, portanto, quando o réu permanece em silêncio após ser citado, não apresentando sua resposta às alegações do autor e não comparecendo ao processo. Neste caso, ele é julgado mesmo sem ter se pronunciado, por exemplo.
Diz o art. 344 do Novo CPC:
· Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor.
1. Revelia vs. Efeitos da Revelia 
2. Efeitos 
a. Presunção da veracidade dos fatos 
i. efeito material: presunção de veracidade das alegações de fato feitas pelo demandante (art. 344, CPC);
ii. Portanto, o não comparecimento do réu no processo gera a presunção de que os fatos narrados pelo autor na inicial são verdadeiros. Ele, inclusive, está dispensando de apresentar qualquer prova que confirme os fatos afirmados.
iii. Essa presunção, no entanto, está limitada às questões de fato, somente. Não é absoluta. É tão somente uma presunção material.
iv. Isso significa que as questões de direito, por outro lado, serão submetidas à análise do juiz. Assim, o fato do réu ser revel não torna o autor vencedor da causa, nem implica procedência do pedido. O juiz pode extinguir o processo sem julgamento do mérito por motivos como a ilegitimidade do autor ou a ausência de consequências jurídicas para os fatos narrados, por exemplo.
b. Julgamento antecipado do mérito 
i. possibilidade de julgamento antecipado do mérito da causa, caso se produza o efeito material da revelia (art. 355, 11, CPC)
ii. O silêncio do réu e a consequente presunção de veracidade dos fatos também autoriza o juiz a analisar o processo a partir das alegações proferidas pelo autor, por exemplo. Ele pode, portanto, providenciar o julgamento antecipado do mérito, tal qual prevê o art. 355, II, do CPC. 
iii. Tal julgamento, no entanto, irá acontecer somente se o juiz entender que os fatos alegados na inicial e os elementos constantes nos autos são suficientes para formar sua convicção e julgar o mérito da causa desde logo. 
Desnecessidade de indicação do revel 
iv. os prazos contra o réu revel que não tenha advogado fluem a partir da publicação da decisão (art. 346, CPC);
c. Preclusão em desfavor do réu do poder de alegar algumas matérias de defesa (efeito processual, ressalvadas aquelas previstas no art. 342 do CPC);
3. Inocorrência do efeito
a. Contestação 
i. Se houver pluralidade de réus, algum deles contestar;
b. Direitos indisponíveis 
i. Tratar-se de direitos indisponíveis
c. Falta de instrumento indispensável 
i. Se a inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere de substância do ato;
d. Réu preso\citação – curador
i. Se as afirmações do autor forem contraditórias às provas anexas.
4. Conhecimento posterior pelo réu 
ALTERAÇÃO DO PEDIDO OU CAUSA DE PEDIR
O autor, mesmo diante da revelia, não poderá aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, salvo promovendo nova citação do ré u, a quem será assegurado o direito de responder no prazo de quinze dias (art. 329, 11, CPC).
PROVIDENCIAS PRELIMINARES
· Findo o prazo para resposta do réu, o juiz verifica os atos processuais até então praticados e examina se e quais providências precisam ser adotadas em decorrência daqueles atos para resguardo do contraditório, otimização da prestação jurisdicional e prevenção contra nulidades antes que o processo siga para a fase seguinte, que tanto poderá ser a de instrução quanto a de julgamento.
· Uma das situações processuais que desencadeará providências a serem adotadas pelo juiz é a revelia do réu, tratada em nosso texto anterior. O artigo 348 do CPC/15 manteve a regra prevista no artigo 324 do CPC/73 ao dispor que o juiz, verificando que ocorreu a revelia, mas não sendo a hipótese de aplicação dos seus efeitos (artigo 345), deverá determinar ao autor que indique as provas que pretenda produzir se ainda não as tiver indicado ou se já não as houver produzido todas — ou seja, se as provas a serem produzidas pelo autor não se exaurirem naquelas pré-constituídas que hajam acompanhado a inicial. 
· A inovação trazida pelo artigo 349 se restringe à positivação da súmula 231 do STF2, para, como decorrência lógica do artigo 346, parágrafo único, garantir ao réu revel o direito de produzir provas em contraposição às alegações do autor, desde que se faça representar nos autos a tempo.
· Os artigos 350 e 351, de sua vez, consagram o direito subjetivo do autor à réplica sempre que o réu, em contestação, apresentar defesa processual (artigo 337) ou invocar fato impeditivo, extintivo ou modificativo do direito do autor, resguardando o contraditório igualmente titularizado pelo autor. Há mudança presente no CPC/15 que diz respeito ao prazo para réplica. Anteriormente de dez dias, passa ele a ser de quinze dias para estabelecer paralelismo com o prazo para contestação e prestigiar a isonomia. Além disso, a limitação antes contida no artigo 327 do CPC/73, que somente franqueava ao autor, em réplica, produção de prova documental, deixa de existir no CPC/15: o artigo 350 abre a possibilidade de que o autor se valha de todos os meios de prova.1. Conceito (preparar uma situação para que o juiz tenha todas as ferramentas necessárias para julgar o processo) 
2. Hipóteses
a. Especificação de provas
b. Réplica (não é uma manifestação automática., promovendo o contraditório, rediscute alguns tópicos) – Art. 350 ou 380 e Art. 351
i. Defesas de mérito indireta 
ii. Preliminares Processuais
c. Correção de vícios processuais (condições da ação e pressupostos processuais) 
d. Casos atípicos
i. Indeferimento do MP
ii. Amicus curiae
iii. Vista sobre documentos 
iv. Vicio processual apontado de ofício 
JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO
· Cumpridas as providências preliminares, ou não sendo elas necessárias, o juiz passa à fase seguinte do processo, abrindo-se, à sua frente, três caminhos diversos: poderá o juiz (i) verificar que o processo já comporta extinção por sentença terminativa (artigo 485) ou pelas chamadas “falsas sentenças de mérito” (artigo 487, II e III)3; (ii) avançar diretamente para o julgamento, total ou parcial, do mérito propriamente dito, sempre que dispensável a fase instrutória4; ou, prejudicadas as possibilidades anteriores, (iii) prosseguir para o saneamento do processo, designando, eventualmente, audiência de instrução e julgamento.
· No que toca à extinção do processo, sumariada em (i) no parágrafo anterior, vale o registro de que o CPC/15, que passou a prever rol taxativo de hipóteses de cabimento para interposição de agravo de instrumento, fez constar, em seu artigo 354, parágrafo único, que a decisão interlocutória que extinguir parcialmente o processo com base nos artigos 485e 487, II e III, será recorrível por agravo de instrumento. Vale aqui uma explicação.
· No CPC/73, a redação original do artigo § 1º do artigo 162 conceituava a sentença como “ato pelo qual o juiz põe termo ao processo, decidindo ou não o mérito da causa”. Posteriormente, por força da lei 11.232/05, houve alteração, passando a constar do dispositivo que sentença “é ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei”. Essa nova classificação da sentença, não distinguiu decisões que extinguissem totalmente o processo das que extinguissem apenas parcialmente o processo (como, por exemplo, o indeferimento parcial e liminar da inicial por manifesta ilegitimidade de apenas um dos réus litisconsortes). A decisão de extinção parcial do processo era considerada, portanto, para o CPC/73 com a alteração promovida pela lei 11.232/05, sentença.
· O problema é que o recurso cabível contra sentença é a apelação, que, atravessada nos próprios, impõe a remessa de todo o processo ao Tribunal, o que inviabilizava o prosseguimento do feito quanto à parcela ainda não resolvida pela decisão (no exemplo antes apresentado, o réu contra quem a petição inicial fosse deferida ficaria aguardando o julgamento de eventual recurso interposto pelo autor contra a exclusão do litisconsorte).
· Como solução para o problema, a jurisprudência5 passou a admitir a interposição de agravo de instrumento — que é interposto diretamente no segundo grau, com traslado das cópias pertinentes — contra a decisão de extinção parcial. Assim, o recurso penderia de julgamento no segundo grau e o a parcela processual que dele não fosse objeto poderia prosseguir em primeiro grau. 
· No CPC/15, houve uma adequação sistemática, conjugando-se os conceitos de sentença pré e pós-lei 11.232 de sorte a resolver normativamente a questão com a adoção no artigo 203, § 1º: não basta que a decisão se enquadre numa das hipóteses dos artigos 485 ou 487. Deve ela, também, pôr fim à fase de conhecimento do procedimento comum ou à execução. Não preenchidos esses requisitos, a decisão será interlocutória, consoante prevê o § 2º do referido artigo 203. Daí o porquê de o artigo 354, parágrafo único, fazer alusão a decisões que, calçadas nos artigos 485 e 487, II e III, digam respeito a apenas parcela do processo. Serão essas decisões, na forma do artigo 203, § 2º, interlocutórias, recorríveis por agravo de instrumento.
· Não sendo o caso de extinção com esteio nos artigos 485 e 487, II e III, o juiz analisará se é o caso de julgar antecipadamente o mérito, total ou parcialmente.
· O CPC/73 já previa, em seu artigo 330, o julgamento antecipado da lide quando a questão de mérito fosse “unicamente de direito”, ou, sendo de direito e de fato, não houvesse necessidade de produzir prova em audiência e, ainda, quando ocorresse a “revelia”. O que fez o CPC/15 foi promover singela alteração redacional no inciso I do artigo 355 e corrigir tecnicamente o inciso II. Sobre esse último inciso, especificamente, constava do CPC/73 a “revelia” como hipótese de julgamento antecipado da lide. Acontece que da revelia não necessariamente decorrem seus efeitos, motivo porque, sendo o réu revel, não fica automaticamente prejudicada a fase instrutória. O julgamento antecipado do mérito, portanto, só faz sentido se, além da revelia, ocorrerem os efeitos do artigo 344 e, ainda assim, se inexistir requerimento de provas por parte do réu na forma do artigo 349. Esses requisitos, cumulativos, passam a constar expressamente do Código.
· O que é absolutamente inédito em relação ao CPC/73 é a previsão, no artigo 356 do CPC/15, da possibilidade de haver julgamento antecipado do mérito apenas quanto a parte do processo. A primeira hipótese de isso acontecer ocorre quando um ou mais dos pedidos, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.
· No artigo 273, § 6º, do CPC/73, a situação era enquadrada como uma das hipóteses de antecipação dos efeitos da tutela. A crítica (NEVES, 2015, p. 253) que se fazia ao dispositivo estava em que, inexistindo pretensão resistida a respeito da parcela incontroversa, não havia sentido em se falar em cognição sumária, em precariedade da decisão judicial, em execução provisória ou na não-formação de coisa julgada material a respeito daquele capítulo.
· Encampando essa crítica, o CPC/15 estabeleceu, no artigo 356, I, que sendo um ou alguns dos pedidos incontroverso(s), ou parcela dele(s), a decisão porá fim àquele “pedaço” do processo e, transitando em julgado, poderá ser executada definitivamente (artigo 356, § 3º). Como é possível perceber, o novo Código consagra, com isso, a teoria dos capítulos da decisão judicial, admitindo que decisão de mérito diga respeito a apenas parcela do processo e sobre ela produza coisa julgada material.
· Essa previsão de uma decisão parcial de mérito (artigo 356), aliás, acabou repercutindo na ação rescisória, passando o artigo 966 a prever seu cabimento contra “decisão de mérito”, em vez de “sentença de mérito” (artigo 485 do CPC/73). A mudança teve o condão fazer com que a rescisória passe a alcançar tanto acórdãos quanto decisões parciais de mérito, ambos, agora, passíveis de rescisão.
· O impacto da decisão parcial de mérito na ação rescisória foi além. Para correta contagem do prazo decadencial de dois anos, o artigo 975 trouxe que o termo inicial será o “trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.”6 Exemplificando, transitando em julgado decisão parcial de mérito, o termo inicial para contagem do prazo decadencial para ajuizamento de ação rescisória contra essa decisão, de acordo com o CPC/15, somente se iniciará posteriormente, quando transitar em julgado futura sentença que decida o restante da matéria (res in iudicium deducta).
· Há aí, contudo, um problema. É que embora o CPC/15 tenha inovado ao prever expressamente a ação rescisória contra decisão parcial de mérito, a jurisprudência já caminhava nesse sentido. O STJ, então, enfrentando a questão a respeito da identificação do termo inicial do prazo decadencial para ajuizamento da rescisória contra decisão parcial de mérito, editou a Súmula 401, nestes termos: “O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial.” O raciocínio foi o de que “sendo a ação una e indivisível, não há que se falar em fracionamento da sentença/acórdão, o que afasta a possibilidade do seu trânsito em julgado parcial.”7
· Até aqui,a conclusão natural seria a de que o CPC/15 teria prestigiado a jurisprudência do STJ e positivado a súmula 401. Ocorre que o STF, enfrentando recurso extraordinário contra acórdão do STJ que aplicou a Súmula 401, concluiu pela inconstitucionalidade da unidade do termo inicial por violação ao artigo 5º, XXXVI, da CF, nos seguintes termos: “O prazo para formalização da rescisória, em homenagem à natureza fundamental da coisa julgada, só pode iniciar-se de modo independente, relativo a cada decisão autônoma, a partir da preclusão maior progressiva.”8
· Isso quer dizer que o entendimento atual do STF seria pela inconstitucionalidade do artigo 975 do CPC/15. Nada obstante, haja vista que a decisão daquela Corte foi proferida em controle difuso, não sendo possível pressupor a eficácia transcendental dos motivos determinantes9, e tendo presente a presunção de constitucionalidade das leis, o afastamento da aplicação do artigo 975 dependerá de necessária declaração de inconstitucionalidade em controle difuso ou concentrado. Até lá, a norma é válida e vigente.
· Apenas como último registro relativamente ao julgamento antecipado do mérito, vale anotar, a despeito do risco de se soar óbvio, que a decisão que julgar antecipadamente o mérito em sua totalidade será sentença a desafiar recurso de apelação. O julgamento antecipado parcial do mérito, de sua vez, não se enquadra no conceito de sentença previsto no artigo 203, § 1º, porque, embora resolva parcela do processo com base no inciso I do artigo 485, não põe fim à fase de conhecimento do procedimento comum. Sendo, pois, decisão interlocutória, dependeria, no CPC/15, da previsão expressa de cabimento do agravo de instrumento contra si. Essa previsão não consta do parágrafo único do artigo 354, que somente menciona decisões parciais com base, além do artigo 485, nos incisos II e III do artigo 487. Daí por que se fez necessária a disposição inserta no § 6º do artigo 356, enfático ao prever que contra a decisão que julga antecipada e parcialmente o mérito, que encerra hipótese do inciso I do 487, cabe agravo de instrumento.
· Hipótese residual, consequência da não-aplicação dos artigos 354 a 356, é o saneamento. No CPC/73, havia a previsão, no artigo 331, de que o saneamento imporia audiência preliminar, de designação obrigatória quando os direitos admitissem transação, segundo importante parcela da doutrina.10 A prática, contudo, evidenciou que a referida audiência era de rara ocorrência, com os magistrados, em sua vasta maioria, promovendo e declarando o saneamento do feito por simples decisão nos autos, prática essa que acabou chancelada por jurisprudência11 que concluiu que a não-realização da audiência preliminar não configurava nulidade processual, esvaziando-se, assim, em grande medida, o instituto da audiência preliminar.
· O CPC/15, então, fez o caminho inverso do CPC/73, ajustando-se à jurisprudência: em vez de prever a designação obrigatória de audiência, admitindo apenas excepcionalmente a decisão de saneamento, passou a prever que o saneamento, como regra, ocorrerá por decisão, somente sendo designada audiência “se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito” (artigo 357, § 3º).
· O saneamento (artigo 357) se presta à (i) resolução das questões processuais pendentes, se houver; (ii) delimitação das questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos; (iii) definição da distribuição do ônus da prova, observado o art. 373; (iv) delimitação das questões de direito relevantes para a decisão do mérito; e (v) designação, se necessário, audiência de instrução e julgamento. Em suma, o saneamento tem por escopo organizar o processo, preparando-o para a fase instrutória, e prevenir possíveis nulidades, funcionando como importante mecanismo para concretização do princípio da primazia da decisão de mérito (artigos 4º e 6º). Definidas todas essas questões, haverá a estabilização da demanda, vedando-se a alteração do pedido ou da causa de pedir pelo autor, ainda que a isso anua o réu (artigo 322, § 2º).
· Há pecadilho na redação do caput do artigo 357. É que o dispositivo traz que a decisão de saneamento e de organização do processo teria lugar “não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo”, isto é, não sendo o caso de extinção ou de julgamento antecipado do mérito. Ocorre que, como visto, sendo possível o julgamento antecipado parcial do mérito, é plenamente possível que o processo, quanto à sua parcela não decidida, prossiga ao saneamento. A falha, embora de pequena magnitude, merece o registro.
· Saudável é a valorização dada pelo CPC/15 à participação das partes no saneamento. Ocorrendo esse por decisão, as partes terão prazo comum de cinco dias para pedir esclarecimentos e/ou solicitar ajustes (artigo 357, § 1º).12 Sendo a hipótese de designação de audiência, o juiz “convidará as partes a integrar ou esclarecer suas alegações” (artigo 357, § 3º). Isso tudo, ainda, sem prejuízo de as próprias partes poderem submeter à homologação judicial a “delimitação consensual das questões de fato e de direito” relevantes à atividade probatória e ao julgamento do mérito (artigo 357, § 2º).
· A forma pela qual se dá o saneamento possui repercussão na prova testemunhal. Saneado o feito por decisão, as partes, terão o prazo comum de até quinze dias apresentar o respectivo rol (artigo 357, § 4º). Por outro lado, ocorrendo o saneamento em audiência, as partes, devidamente intimadas, já deverão comparecer ao ato processual munidas de seus róis (artigo 357, § 5º). Quanto ao número de testemunhas, permanece ele o mesmo previsto no CPC/73: não superior a dez, sendo de no máximo três para um mesmo fato (artigo 357, § 6º). É possível, ademais, haver limitação judicial em razão da complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados, como dispõe o artigo 357, § 7º.
1. Definição 
2. Hipóteses 
a. Extinção sem resolução do mérito
i. Defeito incorrigível
ii. Corrigível não sanado 
iii. Extinção parcial 
b. Julgamento antecipado do mérito 
i. Prescrição\Decadência 
ii. Desnecessidade de provas 
iii. Revelia + Efeitos 
iv. Julgamento Parcial 
c. Saneamento 
i. Resolução de questões processuais 
ii. Fixação de pontos controvertidos 
iii. Especificação dos meios de prova 
iv. Distribuição dos ônus da prova 
v. Designação de perito\audiência.
d. Negócios processuais.

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