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1 Régis Gonçalves Pinheiro Penal III – Parte Especial Nota de Aula nº 07 – 3ª PARTE CAPÍTULO II DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL Usurpação de função pública Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: a função pública 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: particular ou funcionário público que pratica ato de ofício estranho a sua função. Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “Usurpar” – exercer indevidamente, assumir ilicitamente. Obs.: se a função pública não existe, ou se a lei permite que o ato seja realizado por particulares, não há crime (ex.: guarda municipal que prede agente em flagrante delito); 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer elemento subjetivo específico. Obs.: se o agente visa auferir vantagem, responderá pela forma qualificada, parágrafo único. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se no momento da prática do primeiro ato de ofício da função usurpada. Obs.1: crime FORMAL; Obs.2: a mera ostentação, não configura o crime em estudo; A tentativa é possível. FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA Centro de Ciências Jurídicas – CCJ Curso de Direito 2 06) FORMA QUALIFICADA PELO RESULTADO (parágrafo único) Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 07) CONCURSO APARENTE DE NORMAS Obs.1: agente que se limita a simular a qualidade de FP incorre na contravenção penal prevista no art. 45 da LCP; Obs.2: se após o agente simular a qualidade de FP, ele efetivamente realizar algum ato de ofício, responderá pelo 328, e a contravenção restará absorvida; Obs.3: funcionário realizar ato de ofício, após suspenso de suas funções por determinação judicial, configura o crime previsto no art. 359, CP (desobediência de decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito). Obs.4: funcionário realizar ato de ofício, após suspenso de suas funções por decisão administrativa, o fato será penalmente atípico. Obs.5: o agente que se passa por FP, sem realizar qualquer ato de ofício, para induzir outrem ao erro, responde por estelionato. 08) Ação Penal. Pública incondicionada. Resistência Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena - detenção, de dois meses a dois anos. § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: Pena - reclusão, de um a três anos. § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime comum – qualquer pessoa Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “Opor-se” Opor-se a execução de ato legal, utilizando-se de violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo, ou a quem lhe esteja auxiliando. Obs.1: a violência contra particular desacompanhado de FP não caracteriza resistência; Obs.2: a violência deve ser empregada diretamente ou indiretamente contra os executores do ato; Obs.3: a violência empregada diretamente ou indiretamente contra coisa, não configura resistência; Obs.4: ofensa dirigia a quem pretenda executar o ato ou prestar auxílio para tanto não configura resistência, podendo caracterizar desacato ou injúria; 3 Obs.5: caso o agente desacate policial, e fora do mesmo contexto fático, resista à prisão, haverá concurso material de crimes; Obs.6: a resistência pacífica não é punível, pois não há violência ou ameaça; assim não é crime de resistência: a) sair correndo a fim de evitar a prisão; b) demorar a franquear a entrada do oficial de justiça; c) agarra-se a uma árvore para não ser conduzido à delegacia; - é possível caracterizar nos exemplos acima o crime de desobediência, art. 330, CP. Obs.6: para configuração do crime é necessário que o ato ao qual se opõe resistência seja legal (formal e substancialmente); Obs.7: a dúvida séria e fundada sobre a legalidade do ato, por parte de quem a ele se opôs, torna o fato atípico, por erro de tipo, art. 20, CP; Obs.8: é elementar do tipo, ter o agente estatal competência, atribuição legal, para cumprir o ato; Resumo: elementos constitutivos da resistência: i) oposição ativa (violência ou ameaça); ii) ordem formal e substancialmente legal; iii) FP competente para cumprimento do ato. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade especifica. Obs.: o fato do agente está embriagado não afasta a resistência, salvo a embriaguez completa e involuntária (art. 28, CP); 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com o emprego da violência ou ameaça, tanto ao FP cumpridor do ato como ao terceiro auxiliar; Obs.1: crime FORMAL; Obs.2: se a oposição inviabilizar o cumprimento do ato, ocorrerá exaurimento e o agente responderá pela forma qualificada (§ 1º); A tentativa é possível. 06) Cúmulo material necessário ou compulsório (§ 2º) § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. - afasta-se a regra do concurso formal; 07) ROUBO SEGUIDO DE RESISTÊNCIA Não se trata de roubo impróprio, mas sim de roubou em concurso material com resistência. 08) Ação Penal. Pública incondicionada. 4 Desobediência Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime comum; Obs.1: FP que desobedece ordem legal emanada por outrem, no exercício de sua competência responde por prevaricação. Obs.2: vide art. 26, da Lei 12.016/2009, Lei do Mandado de Segurança; Obs.3: prefeitos municipais, art. 1º, XIV, Decreto-Lei 201/67; Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “desobedecer”. Obs.1: crime pode ocorrer de maneira omissiva ou comissiva; Obs.2: é elementar do tipo, ter o agente estatal competência, atribuição legal, para emanar a ordem; Obs.3: para configuração do crime é necessário que a ordem seja legal (formal e substancialmente); Obs.4: não configura o crime comando com fundamento meramente administrativo, é necessário ter fundamento legal; (portarias de delegados e juízes) Obs.5: constitui condição sine qua non para a prática do crime, que o destinatário tenha sido formal e inequivocamente comunicado a respeito da determinação, e que possua condições materiais para cumpri-la; Observação importante: quando a lei cominar sanções específicas (civis e administrativas) ao ato que particular desrespeita comando de funcionário público, a caracterização do crime de desobediência ficará condicionada a expressa previsão nesse sentido no preceito desobedecido. Ex.: art. 458, do CPP. Assim, se motorista deixa de cumprir ordem do guarda de trânsito para retirar veículo de cima da calçada, não pratica delito contra a administração pública, porque na lei de trânsito há sanção administrativa (multa e guinchamento), sem se referir ao crime de desobediência. Obs.7: Não constitui desobediência, o fato do agente não contribuir para elucidação de provas e fatos que lhe prejudiquem, exemplos, obrigar o agente a se submeter ao exame: i) de polígrafo; ii) “bafômetro”; iii) grafotécnico; iv) participação em reprodução simulada dos fatos; etc. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – vontade livre e consciente de desobedecer a ordem, exigindo-se o prévio conhecimento de que se trata de comando decorrente de agente estatal. 5 05) Consumação e Tentativa Quando a ordem exigir uma abstenção (omissão), o fato se consuma com a prática da ação proibida; quando a ordem exigir uma ação, o fato se consuma com a omissão do agente. Obs.1: se no comando da ordem estipular prazo para o cumprimento: consumação somente após o decurso do prazo. Obs.2: crime FORMAL; A tentativa é possível, somente na modalidade comissiva. 06) Ação Penal. Pública incondicionada. Desacato Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime comum – qualquer pessoa; Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “desacatar”. A ação típica consiste no ato de desacatar, ofender, humilhar ou desprezar. Obs.1: constitui elementar do crime que a ofensa seja contra funcionário público stricto sensu (art. 327, caput, CP); Obs.2: pode ser cometido por qualquer meio, gestos, palavras, sarcasmo; Obs.3: não se admite a forma escrita, pois esta configura crime contra a honra, art. 141, CP; Obs.4: somente existe desacato quando a conduta é praticada na presença de FP, não sendo necessário estarem face a face, mas devem se encontrar próximos. Obs.5: Provocação da ofensa por parte do funcionário público. Quando o funcionário público pratica qualquer atitude reprovável, o mesmo se despe da condição funcional, e como pessoa física passa a agir. Assim, quando o agente estatal provoca ilicitamente o particular, qualquer resposta que lhe seja dirigida deve ser analisada no contexto dos crimes contra a honra; podendo ser aplicado ao art. 140, § 1º, do CP (Perdão Judicial). 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade específica. É indispensável que o agente tenha ciência que o destinatário da ofensa seja FP; 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a ofensa irrogada na presença do FP, sendo indiferente que o FP se sinta 6 ou não ofendido, pois o bem tutelado não é a honra subjetiva do FP, mas a dignidade da administração. A tentativa é não possível, mas há pensamento em contrário. 06) Questões polêmicas: i) a imunidade judiciaria do advogado abrange o crime de desacato? Vide ADIn 1.127 ii) qual a diferença entre desacato e injúria contra FP (art. 140, c/c o art. 141, II, CP)? Se o fato é cometido na presença è desacato Se o fato é cometido sem a presença è injúria (ex.: por telefone) iii) embriaguez e o ânimo alterado excluem o crime? iv) ofensa proferida contra vários funcionários públicos, no mesmo contexto, enseja concurso formal? Não, crime único. 07) Ação Penal. Pública incondicionada. Tráfico de Influência Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: é a vantagem ou promessa de vantagem, que pode ser de natureza moral, sexual ou material. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime comum – qualquer pessoa; Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “solicitar”, “exigir”, “cobrar” ou “obter”. Crime de ação múltipla ou conteúdo variado. O crime consiste em o agente solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função. Obs.1: o FP sobre o qual o agente alega ter influência pode real ou imaginário; 7 Obs.2: o crime em estudo é uma “espécie de estelionato”, uma fraude; 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – acrescido da finalidade específica de obter vantagem de qualquer ordem. 05) Consumação e Tentativa Nas modalidades solicitar, exigir e cobrar, consuma-se om a prática de uma dessas ações criminosas, independentemente da obtenção de qualquer vantagem è crime FORMAL; Na modalidade obter, o crime se consuma no momento em que o agente obtém a vantagem ou a promessa è crime MATERIAL; A tentativa é possível. 06) Majorada. Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. 07) Questões Corrupção passiva e ativa: acaso o agente tenha influência sobre FP, e este se deixe influenciar: Agente è corrupção ativa Terceiro beneficiado è corrupção ativa FP è corrupção passiva Tráfico de influência x exploração de prestígio (art. 357, CP) 08) Ação Penal. Pública incondicionada. Corrupção ativa Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná- lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Corrupção ativa: inerente a conduta do corruptor (art. 333, CP) Corrupção passiva: envolve atuação do funcionário público corrompido (art. 317, CP) A corrupção é um crime bilateral ou de concurso necessário, pressupondo a convergência de vontades entre o funcionário público corrupto e o particular corruptor. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: vantagem indevida. 8 Obs.: não se aplica o princípio da insignificância; 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime comum – qualquer pessoa; Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “Oferecer” e “prometer”. Obs.1: crime de ação múltipla ou conteúdo variado; Obs.2: deve guardar relação com a função pública; Obs.3: é possível a ocorrência de somente corrupção passiva, sem corrupção ativa, na modalidade solicitar (art. 317) ... quando o extraneus não anui: Corrupção Passiva – art. 317 ≠ Corrupção Ativa – art. 333 Solicitar è Não há verbo correspondente Receber è Oferecer Aceitar promessa è Prometer Obs.4: o jeitinho brasileiro não implica em corrupção ativa, mas pode implicar em: a) corrupção passiva privilegiada, se o FP dá o jeitinho; b) fato atípico, se o FB não dá o jeitinho. Obs.5: Carteirada: a) FP è FP: tráfico de influência; b) FP è particular: abuso de autoridade (Lei 4.868/65) 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – acrescido do elemento subjetivo específico em determinar o FP a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. Obs.: não se admite a modalidade culposa. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se no momento quando a oferta ou promessa de vantagem indevida ao FP, independentemente de sua aceitação. Obs.1: crime FORMAL; Obs.2: para o STJ a falta de identificação do funcionário público corrompido não descaracteriza o crime de corrupção ativa, se há provas da oferta e promessa de vantagem indevida; A tentativa é possível. 06) Causa de aumento de pena: art. 333, parágrafo único. Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. 07) Ação Penal. Pública incondicionada. 9 Redação Anterior Redação Atual Art.334 Art. 334 Art. 334-A Contrabando ou Descaminho Descaminho Contrabando Caput Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: Importar ou exportar mercadoria proibida: Pena Pena - reclusão, de um a quatro anos. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Conduta Equiparada § 1º - Incorre na mesma pena quem: a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho; c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. § 1o Incorre na mesma pena quem: I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. § 1o Incorre na mesma pena quem: I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão público competente; III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação; IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. § 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. § 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. 10 Causa de Aumento de Pena § 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo. § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: a mercadoria contrabandeada e os tributos não recolhidos no caso do descaminho. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime comum – qualquer pessoa; Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “importar” e “exportar”. Conceito de Contrabando e Descaminho. Obs.: norma penal em branco; Condutas equiparadas § 1º: Princípio da insignificância Aplica-se quando o imposto devido não ultrapassar o valor legal dispensável para o ajuizamento de execução fiscal. Lei 10.522/2002 è R$ 10.000,00 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade especifica. Obs.: não se admite a modalidade culposa. 05) Consumação e Tentativa O contrabando consuma-se com a efetiva entrada ou saída da mercadoria no território nacional. Crime MATERIAL. O descaminho consuma-se com o não pagamento do tributo, ainda que parcial. Crime MATERIAL. A tentativa é possível. 06) Causa de aumento de pena (§ 3º) Obs.: Jurisprudência da redação anterior >>> a causa de aumento de pena em estudo somente se aplica em voos clandestinos. Aos voos regulares não se aplica. 07) PAGAMENTO DO TRIBUTO E EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE A jurisprudência admite a aplicação do art. 34 da Lei 9245/95, por analogia in bonam partem. 11 08) Ação Penal. Pública incondicionada. Competência da JF. Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida. Revogado pelos arts. 93 e 95 da Lei 8.666/93. Inutilização de edital ou de sinal Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material 1ª parte: edital, judicial ou administrativo. Objeto material 2ª parte: selo ou sinal. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime comum – qualquer pessoa; Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Obs.: trata-se de tipo misto cumulativo è concurso de crimes. 1ª parte: “rasgar” (cortar, dilacerar total ou parcialmente), “inutilizar” (tornar ilegível a leitura, rasurar) e “conspurcar” (manchar, sujar, mesmo que ainda seja possível a leitura). 2ª parte: “violar” ou “inutilizar” selo ou sinal empregado por determinação legal ou por ordem de FP, para identificar ou cerrar qualquer objeto. Obs.: não há crime se o edital estiver vencido. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade especifica. Obs.: não se admite a modalidade culposa. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se quando o edital é rasgado, inutilizado ou conspurcado ou quando se viola ou 12 se inutiliza selo ou sinal empregado para identificar ou cerrar algum objeto. Crime MATERIAL. A tentativa é possível. 06) Ação Penal. Pública incondicionada. Subtração ou inutilização de livro ou documento Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime comum – qualquer pessoa; Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: “subtrair” (tirar o objeto do poder ou custódia de outrem) ou “inutilizar” (tornar, total ou parcialmente, imprestável o objeto). Distinção a) supressão de documento (305, CP): o crime do art. 305, tem as seguintes características: i) falsidade documental; ii) o objeto material é o documento público ou particular destinado à prova de alguma relação jurídica; iii) o agente age com o fim de obter benefício próprio ou de outrem, em prejuízo alheio; b) extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento (314, CP) Ao contrário do crime em análise, o 314 trata-se de crime próprio, de FP que tem a guarda de livro oficial em razão do cargo. No art. 314, a ação nuclear é extraviar, porque o FP tem a guarda, aqui é subtrair. c) sonegação de papel ou objeto de valor probatório (356, CP): trata-se de crime contra a administração da justiça, que só pode ser praticado por advogado ou procurador. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade especifica. Obs.: o agente deve ter ciência de que esses documentos estão confiados à custódia de FP. 13 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a subtração do bem, nos moldes do crime de furto, ou com a inutilização, total ou parcial, do bem. Crime MATERIAL. A tentativa é possível. 06) Ação Penal. Pública incondicionada. Sonegação de contribuição previdenciária Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I – (VETADO) II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa. § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social. 01) Objeto Jurídico Tutelado: o patrimônio da seguridade social. Objeto material: contribuição social previdenciária e qualquer acessório. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – particular responsável pelo lançamento das informações junto a previdência social; Sujeito Passivo: o Estado (União – competência JF). 03) Tipo Objetivo: “suprimir” ou “reduzir”. 14 Obs.1: tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado; Obs.2: crime de conduta vinculada, pois para ocorrência do crime previsto no art. 337-A, é necessário ser praticado de uma das seguintes maneiras: I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – vontade livre e consciente na vontade de suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária ou seus acessórios, mediante uma das conditas previstas em lei. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a supressão ou redução da contribuição social previdenciária ou seus acessórios, mediante uma das conditas previstas em lei. Crime MATERIAL. A tentativa é controvertida. 06) Extinção da punibilidade (§ 1º) § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. Obs.1: não se exige o pagamento ou o parcelamento para extinção da punibilidade. Obs.2: cuidado para não confundir com a apropriação indébita previdenciária, art. 168-A, no qual se exige o pagamento, para extinção da punibilidade. Obs.3: o início da AÇÃO FISCAL somente pode ser considerada com a cientificação pessoal do contribuinte de sua instauração. 07) Perdão judicial ou aplicação da pena de multa (§ 2º) § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I – (VETADO) II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. Obs.: o Juiz deve aplicar o art. 59, do CP (circunstâncias judiciais), para aplicar o perdão ou o privilégio. 08) Causa de diminuição de pena (§ 3º) § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa. 15 § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social. 09) Ação Penal. Pública incondicionada. Competência da JF CAPÍTULO II-A DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA Corrupção ativa em transação comercial internacional Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação comercial internacional: Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Tráfico de influência em transação comercial internacional Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação comercial internacional: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário estrangeiro. Funcionário público estrangeiro Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entidades estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro. Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. Vide conceito de funcionário público estrangeiro, e as explicações dos crimes de tráfico de influência, corrupção passiva e ativa.
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