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MODELO DE AÇÃO DE INDENIZAÇÃO

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EXMO (A) SR (A) DR (A) JUIZ (A) FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL DA 00ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE xxxxxx/CE
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAS E MORAIS C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E TUTELA ANTECIPADA
xxxxxxxx, brasileiro, aposentado, casado, portador da Cédula de Identidade nº 00000000 - SSP/CE, inscrito no CPF sob o nº 00000000 residente e domiciliado no Sítio xxxxxx, nº 0, nesta comarca de xxxxxxx/CE, por intermédio dos seus advogados e bastantes procuradores que esta subscrevem, vem, perante Vossa Excelência, propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAS E MORAIS C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E TUTELA ANTECIPADA em face de xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – xxxx, autarquia federal, com superintendência regional na Rua xxxxxx, 0000, Centro, xxxxx/CEe do BANCO xxxxxxxxxxxxx., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 000000, com sede na Cidade de xxxx, S/N, Andar x, xxxxx/SP, CEP 0000000, devendo ser citada na pessoa do seu representante legal, com fundamento legal na Lei 9.099/95, que dispõe sobre os Juizados Especiais, o que faz pelas seguintes razões de fato e de direito.
I – DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA
Inicialmente, afirma a autora que não possui condições de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio bem como o de sua família, razão pela qual requer os benefícios da gratuidade da justiça, nos termos do art. 99 do Novo Código de Processo Civil. Para tanto, faz juntada do documento necessário, qual seja, a declaração de pobreza e comprovante de residência.
II – SINOPSE FÁTICA
O idoso, ora Requerente, conta com 64 (sessenta e quatro) anos de idade, e atualmente é aposentada junto ao INSS, recebendo o benefício por meio do Banco Bradesco.
Ocorreu que, em abril de 2016, por volta das 08:00 horas, ao se dirigir ao Banco Bradesco em sua cidade, o autor foi fazer a retirada de sua aposentadoria, quando percebeu descontos no seu benefício.
Sem entender o motivo dos descontos, a autora dirigiu-se até sua agência e tomou conhecimento que havia um empréstimo pessoal no valor de R$ 00000 (000000 reais e trinta e três centavos), como mostra cópia do extrato anexo.
Atordoado, o autor procurou imediatamente a polícia e comunicou o acontecido, registrando um Boletim de Ocorrência, uma vez que tinha sido vítima de fraude.
Empós, dirigiu-se a cidade de xxxxx para requerer informações junto a Agência do INSS daquela cidade, onde lhe disseram que a única informação que tinham era que havia um empréstimo em favor do Banco demandado, autorizando o desconto de R$ 0000 (000 reais e noventa centavos) no benefício do autor (CONTRATO 00000), e que não dispunham de cópia de tal empréstimo, limitando-se apenas a efetuar os descontos (documentação em anexo).
Perceba, Excelência, que a ausência de critérios para a aprovação de empréstimos pelo INSS é patente, deixando os segurados totalmente vulneráveis a fraudes desta natureza, o que é realmente um VERDADEIRO ABSURDO. Portanto, neste caso, o Instituto réu é solidariamente responsável pelos descontos que têm sido efetuados no benefício da autora.
A supramencionada importância foi conferida pelo autor, inexistindo, até a presente data, qualquer depósito na sua conta bancária em decorrência do empréstimo acima identificado, sobrevindo, entretanto, descontos no seu benefício previdenciário dos valores referentes às parcelas do pagamento.
De fato, a demandante não contratou tal empréstimo bancário ou autorizou que terceiros o fizessem, nunca tendo constituído procurador para tanto.
Insta salientar a gravidade do constrangimento por que passou e passa o Pleiteante, por se tratar de um CIDADÃO COM IDADE AVANÇADA (nascido em 00/00/0000, conforme RG anexo) que jamais vivenciou tal situação. É tormentoso a um idoso com um VASTO PASSADO HONESTO ser protagonista de uma adversidade injustificada numa etapa da vida onde o que se busca e se precisa é de paz e tranqüilidade.
Ora Excelencia, a culpa, por negligência do Requerido, está cabalmente demonstrada pelos fatos anteriormente expostos e pelos documentos juntados aos autos.
Conforme se depreende dos fatos, vê-se que há uma dupla responsabilidade no caso em tela, que recai tanto na pessoa do Banco réu, que além de ter levado a efeito empréstimo eivado de fraude, constatada a ocorrência, não ressarciu o autor até a presente data, quanto do INSS que autorizou e efetuou o empréstimo consignado, sem nenhum critério preventivo, ou no mínimo uma cópia do empréstimo que constasse a assinatura do tomador do empréstimo.
Destarte, não há como escusar-se o Banco Réu, tampouco o INSS da obrigação de indenizar, posto que a responsabilidade civil neste caso é solidária.
A cobrança indevida e o dano moral, no caso, são facilmente perceptíveis, pois dúvida não há de que, em face do ocorrido, o Suplicante viu-se numa situação, no mínimo, incômoda e constrangedora diante dos valores injustamente descontados da sua aposentadoria.
Portanto, todos os requisitos exigidos para a reparação do dano moral estão presentes, pois após a Constituição de 1988 tornou-se definitivamente assentado o entendimento de que responde pela reparação do dano moral a empresa que, de forma errônea, cobra indevidamente alguém, configurando-se tal conduta num ato ilícito.
III – DO DIREITO
III.1 - DA COBRANÇA INDEVIDA
O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 42, parágrafo único, estabelece o direito daquele que é indevidamente cobrado de receber em dobro o valor pago. Dispõe tal artigo:
Art. 42. (...) Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
Conveniente trazer à lume jurisprudência dos Tribunais de Justiça pátrios:
TJRJ - APELACAO: APL 2188628620078190001 RJ 0218862-86.2007.8.19.0001. Relator (a): DES. MARCO AURELIO FROES. Julgamento: 14/10/2010. Órgão Julgador: NONA CÂMARA CIVEL. Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. EMPRÉSTIMO NÃO CONTRATADO. FRAUDE. DESCONTOS INDEVIDOS NA APOSENTADORIA DO AUTOR, CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. FATOS QUE RESTARAM INCONTROVERSOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. TESE DE FATO DE TERCEIRO QUE NÃO ILIDE O DEVER DE INDENIZAR. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. TEORIA DO RISCO DO EMPREENDIMENTO. DESCONTOS E NEGATIVAÇÃO INDEVIDOS. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. ANULAÇÃO DO EMPRÉSTIMO E CONDENAÇÃO DO RÉU À REPETIÇÃO DO INDÉBITO, EM DOBRO, QUE DEVEM SER MANTIDAS. VERBA MORAL FIXADA DE FORMA MODERADA, NÃO COMPORTANDO ALTERAÇÃO. ACERTO DO JULGADO. ART. 557, caput, do CPC. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS.
CIVIL - CONSUMIDOR - ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO - AUSÊNCIA DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO SOBRE A ORIGEM DA COBRANÇA - LANÇAMENTO DE VALOR EM FATURA SEM LASTRO EM QUALQUER OPERAÇÃO MERCANTIL - COBRANÇA INDEVIDA - PAGAMENTO - RESTITUIÇÃO EM DOBRO - DESNECESSIDADE DA COMPROVAÇÃO DE MÁ-FÉ. 1. As administradoras de cartões de crédito possuem controle sobre as operações mercantis dos cartões de seus clientes. Em sede de cautelar preparatória, embora instada a exibir documento que demonstre a origem da cobrança, a instituição nada traz e não apresenta escusa legítima, submete-se às conseqüências do art. 359 e 845 do CPC. Ademais, tratando-se de relação de consumo, o fornecedor deve acautelar-se contra eventual inversão dos ônus da prova. No caso, o apelante não coligiu qualquer documento, apesar de ser o único a ter condições para isso (mesmo porque seria impossível ao cliente provar o fato negativo de que não efetuou o gasto).2. Configura cobrança indevida o lançamento na fatura do cartão sem lastro em qualquer operação mercantil. 3. Se houve o pagamento de valor cobrado indevidamente, impõe-se a restituição em dobro, consoante art. 42, parágrafo único do CDC. 4. Para a repetição do valor em dobro, é desnecessário perquirir-se sobre ocorrência de má-fé do fornecedor, bastando a ausência de erro justificável. 5. Apelo improvido. (TJDFT. 20050111072177APC, Relator HUMBERTO ADJUTO ULHÔA, 4ª Turma Cível, julgadoem 10/04/2006, DJ 09/05/2006 p. 95).
Como se depreende dos fatos expostos, o Banco demandado realizou descontos bancários de uma dívida jamais contraída pelo requerente. Logo, tem esta o direito de ser restituída em dobro pelos valores indevidamente subtraídos do pagamento da sua aposentadoria.
III.2 – DO DANO MORAL
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, consagra a tutela do direito à indenização por dano material ou moral decorrente da violação de direitos fundamentais:
Art. 5º (...)
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
(...)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Como é sabido, o ato ilícito é aquele praticado em desacordo com a norma jurídica destinada a proteger interesses alheios, violando direito subjetivo individual, causando prejuízo a outrem e criando o dever de reparar tal lesão. Sendo assim, o Código Civil define o ato ilícito em seu art. 186:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Dessa forma, é previsto como ato ilícito aquele que cause dano, ainda que exclusivamente moral.
O pré-falado art. 186 do CC define o que é ato ilícito, entretanto, observa-se que não disciplina o dever de indenizar, ou seja, a responsabilidade civil, matéria tratada no art. 927 caput do mesmo diploma legal.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
O dano moral está plenamente configurado, visto que para sua caracterização não é necessário a ocorrência de um dano material, demonstrável e concreto, bastando apenas que se demonstre uma verdadeira lesão a sua moral e a sua boa fama. Tal incongruência já foi devidamente superada no tempo. A própria Constituição Federal de 1988 trouxe, em norma potenciada, a possibilidade da cumulação de ambos, o que evidencia a sua diferença.
O DANO MORAL é, pois, na lição da doutrina autorizada:
a dor resultante da violação de um bem juridicamente tutelado, sem repercussão patrimonial. Seja a dor-física – dor-sensação, como a denomina Carpenter -, nascida de uma lesão material; seja a dor moral – dor-sentimento -, de causa imateria l(DEDA, Artur Oscar de Oliveira. A reparação dos danos morais. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 8).
Ve-se, desde logo, que a própria lei já prevê a possibilidade de reparação de danos morais decorrentes do sofrimento, do constrangimento, da situação vexatória, do desconforto em que se encontra o autor.
Na verdade, prevalece o entendimento de que o dano moral dispensa prova em concreto, tratando-se de presunção absoluta, não sendo, outrossim, necessária à prova do dano patrimonial(CARLOS ALBERTO BITTAR, Reparação Civil por Danos Morais, ed. RT, 1993, pág. 204).
O CASO EM TELA TRAZ À BAILA O TÍPICO CONSTRANGIMENTO OCASIONADO A PESSOAS IDOSAS QUE SE VÊEM COBRADAS E LESADAS POR DESCONTOS EFETUADOS EM SEUS PROVENTOS POR SUPOSTOS EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS, negligenciado pela instituição financeira ré.
A jurisprudência não destoa do entendimento aqui sufragado:
TJBA - APELAÇÃO: APL 3314542009 BA 33145-4/2009. Relator (a): JOSE CICERO LANDIN NETO. Julgamento: 18/08/2009. Órgão Julgador: QUINTA CÂMARA CÍVEL. Ementa: APELAÇAO CÍVEL. CDC. PRELIMINAR DE DESERÇAO DO RECURSO REJEITADA, POIS A JUNTADA DE CÓPIA DOS COMPROVANTES DE PAGAMENTO DO PREPARO CONSTITUI-SE EM MERA IRREGULARIDADE. AÇAO INDENIZATÓRIA DECORRENTE DE RESPONSABILIDADE CIVIL EM FACE DA REALIZAÇAO DE DESCONTOS INDEVIDOS NOS PROVENTOS DE APOSENTADORIA DA RECORRIDA DECORRENTE DE DÉBITO QUE NAO CONTRAIU. O ALUDIDO DESCONTO, PORTANTO, CONFIGURA-SE COMO INDEVIDO E ENSEJA INDENIZAÇAO POR DANO MORAL. O DANO MORAL, NESTA HIPÓTESE, É PRESUMIDO E DECORRE DA MÁ-PRESTAÇAO DE SERVIÇOS POR PARTE DO RECORRENTE QUE APROPRIOU-SE INDEVIDAMENTE DE QUANTIAS CORRESPONDENTES AOS PROVENTOS DE APOSENTADORIA DO RECORRIDO DE NATUREZA ALIMENTAR, SENDO DESPICIENDA A PROVA DO PREJUÍZO EXPERIMENTADO PELA AUTORA DA AÇAO, QUE FICOU IMPOSSIBILITADA.
Portanto, resta evidenciado o direito do Pleiteante de ser indenizado pelo constrangimento da cobrança e descontos indevidos efetuados nos proventos da sua aposentadoria.
III.3 - DO QUANTUM INDENIZATÓRIO DO DANO MORAL
Na aferição do quantum indenizatório, CLAYTON REIS (Avaliação do Dano Moral, 1998, Forense), em suas conclusões, assevera que deve ser levado em conta o grau de compreensão das pessoas sobre os seus direitos e obrigações, pois,
quanto maior, maior será a sua responsabilidade no cometimento de atos ilícitos e, por dedução lógica, maior será o grau de apenamento quando ele romper com o equilíbrio necessário na condução de sua vida social". Continua, dizendo que"dentro do preceito do ‘in dubio pro creditori’ consubstanciada na norma do art. 948 do Código Civil Brasileiro, o importante é que o lesado, a principal parte do processo indenizatório seja integralmente satisfeito, de forma que a compensação corresponda ao seu direito maculado pela ação lesiva.
Isso leva à conclusão de que diante da disparidade do poder econômico existente entre a Demandada e o Autor, e tendo em vista o gravame produzido à tranqüilidade do mesmo, mister se faz que o quantum indenizatório corresponda a uma cifra cujo montante seja capaz de trazer o devido apenamento ao Banco Réu, e de persuadi-lo a nunca mais deixar que ocorram tamanhos desmandos contra as pessoas que se utilizam dos seus serviços.
MARIA HELENA DINIZ (Curso de Direito Civil Brasileiro, 7º vol., 9ª ed., Saraiva), ao tratar do dano moral, ressalva que a reparação tem sua dupla função, a penal
constituindo uma sanção imposta ao ofensor, visando a diminuição de seu patrimônio, pela indenização paga ao ofendido, visto que o bem jurídico da pessoa (integridade física, moral e intelectual) não poderá ser violado impunemente
e a função satisfatória ou compensatória, pois,
como o dano moral constitui um menoscabo a interesses jurídicos extrapatrimoniais, provocando sentimentos que não têm preço, a reparação pecuniária visa proporcionar ao prejudicado uma satisfação que atenue a ofensa causada.
Daí a necessidade de se observar as condições de ambas as partes.
O Ministro OSCAR CORREA, em acórdão do STF (RTJ 108/287), ao falar sobre dano moral, bem salientou que
não se trata de “pecúnia doloris”, ou “pretium doloris”, que se não pode avaliar e pagar; mas satisfação de ordem moral, que não ressarce prejuízo e danos e abalos e tribulações irreversíveis, mas representa a consagração e o reconhecimento pelo direito, do valor da importância desse bem, que é a consideração moral, que se deve proteger tanto quanto, senão mais do que os bens materiais e interesses que a lei protege.
Disso resulta que a toda injusta ofensa à moral deve existir a devida reparação.
Assim, mediante a documentação acoplada comprovando à saciedade a ocorrência de ato ilícito perpetrado pela Demandada, e, plenamente caracterizado o dano moral de presunção jure et de jure, não resta alternativa para o Autor senão socorrer-se do Poder Judiciário para ver o seu direito tutelado e protegido, posto que esgotados todos os seus esforços em se ver livre de tal situação.
IV – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Diante de tal relação de consumo, e em virtude da indiscutível situação de hipossuficiência e fragilidade do consumidor, francamente desfavorável, inevitável é a inversão, em seu favor, do ônus da prova.
Tal proteção está inserida no inciso VIII, do artigo 6º do CDC, onde visa facilitar a defesa do consumidor lesado, com a inversão do ônus da prova, a favor do mesmo:
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
(...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo asregras ordinárias de experiências.
Da exegese do artigo vislumbra-se que para a inversão do ônus da prova se faz necessária à verossimilhança da alegação, conforme o entendimento do Juiz, ou a hipossuficiência do Autor.
A verossimilhança é mais que um indício de prova, tem uma aparência de verdade, o que no caso em tela, se constata através dos documentos acostados.
Por outro lado, a hipossuficiência é a diminuição da capacidade do consumidor, diante da situação de vantagem econômica da empresa fornecedora. O que por sua vez, facilmente se verifica, em virtude de a Parte Demandante ser um simples aposentado, enquanto o Banco Demandado constitui-se em uma instituição financeiro de grande vulto.
V - DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA
Auspicioso é que, para que se garanta o Autor o direito constitucional de livre acesso à Justiça e de tratamento igualitário entre as partes litigantes, seja concedida a antecipação de tutela para SUSPENDER OS DESCONTOS INDEVIDAMENTE REALIZADOS PELO BANCO DEMANDADO NO PAGAMENTO DA SUA APOSENTADORIA A TÍTULO DE PARCELAS RESTANTES DO NEGÓCIO JURÍDICO ORA COMBATIDO por não ser ele responsável pelos débitos os quais está sendo indevidamente cobrada.
O artigo 273 do Código de Processo Civil prevê a possibilidade de o juiz antecipar total ou parcialmente os efeitos da tutela pretendida, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação. Tal dispositivo legal dispõe o seguinte:
Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:
I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;
(...) Parágrafo 2º - Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.
É o caso dos autos. O Autor está sendo cobrado e já teve descontos efetuados em sua aposentadoria por parcelas indevidas relativas ao negócio acima mencionado, cuja continuidade da ocorrência deve ser impedida para que os danos e constrangimentos não aumentem.
A antecipação dos efeitos da tutela é medida necessária, não havendo perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. A possível cobrança e os novos descontos indevidos sobre os proventos da Requerente com certeza causarão grandes prejuízos a mesma.
Assim, necessário seja deferida in continenti tal medida a fim de se evitarem mais prejuízos às finanças e à imagem da Autora, diante do configurado periculum in mora, aliado ao fumus boni iuris atestado pela prova anexa.
VI – DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, requer-se a Vossa Excelência:
· A CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA À PLETEANTE POR SER POBRE NA FORMA DA LEI;
· SEJA DEFERIDA A TUTELA ANTECIPADA, INITIO LITIS E INAUDITA ALTERAM PARS, COM VISTAS A IMPEDIR A CONTINUIDADE DO DESCONTO INDEVIDO DE OUTRAS PARCELAS RELATIVAS AO SUPOSTO EMPRÉSTIMO NO ÍNFIMO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DA POSTULANTE, ORA COMBATIDO, TENDO EM VISTA A DISCUSSÃO DO SUPOSTO DÉBITO EM JUÍZO.
· O DEFERIMENTO DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, EM FAVOR DA REQUERENTE, COM FUNDAMENTO NO ARTIGO 6º, INCISO VIII, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR;
· A CITAÇÃO DOS REQUERIDOS PARA, QUERENDO, CONTESTAREM A PRESENTE AÇÃO, NOS TERMOS DA LEI, POR FUNDAMENTO NO PREJUÍZO MATERIAL E MORAL CLARAMENTE DEMONSTRADO, SOB PENA DE REVELIA E CONFISSÃO;
· JULGAR PROCEDENTE “IN TOTUM” A PRESENTE DEMANDA, CONDENANDO-SE A EMPRESA RÉ A RESTITUIR EM DOBRO OS VALORES DESCONTADOS INDEVIDAMENTE NA APOSENTADORIA DA PROMOVENTE, AINDA, AO PAGAMENTO INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE REPARAÇÃO PELOS DANOS MORAIS CAUSADOS NO IMPORTE DE R$ 20.000,00 (VINTE MIL REAIS), LEVANDO-SE EM LINHA DE CONTA AS FINALIDADES DA REPRIMENDA E A IDADE AVANÇADA DO POSTULANTE;
· A CONDENAÇÃO DOS RÉUS EM CUSTAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial prova documental, depoimento pessoal do representante legal da empresa Ré, perícia, depoimentos de testemunhas.
Dá-se á causa o valor de R$ 00000,00 (000 reais), para os devidos fins de Direito.
São termos em que,
Pede e aguarda natural deferimento.
xxxxx – CE, 0 de xxxxx de 0000.

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