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O GEN | Grupo Editorial Nacional reúne as editoras Guanabara Koogan, Santos, Roca, AC Farmacêutica, Forense, Método, LTC, E.P.U. e Forense Universitária, que publicam nas áreas científica, técnica e profissional. Essas empresas, respeitadas no mercado editorial, construíram catálogos inigualáveis, com obras que têm sido decisivas na formação acadêmica e no aperfeiçoamento de várias gerações de profissionais e de estudantes de Administração, Direito, Enfermagem, Engenharia, Fisioterapia, Medicina, Odontologia, Educação Física e muitas outras ciências, tendo se tornado sinônimo de seriedade e respeito. Nossa missão é prover o melhor conteúdo científico e distribuí-lo de maneira flexível e conveniente, a preços justos, gerando benefícios e servindo a autores, docentes, livreiros, funcionários, colaboradores e acionistas. Nosso comportamento ético incondicional e nossa responsabilidade social e ambiental são reforçados pela natureza educacional de nossa atividade, sem comprometer o crescimento contínuo e a rentabilidade do grupo. A EDITORA FORENSE se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua edição, aí compreendidas a impressão e a apresentação, a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo. Os vícios relacionados à atualização da obra, aos conceitos doutrinários, às concepções ideológicas e referências indevidas são de responsabilidade do autor e/ou atualizador. As reclamações devem ser feitas até noventa dias a partir da compra e venda com nota fiscal (interpretação do art. 26 da Lei n. 8.078, de 11.09.1990). O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível (art. 102 da Lei n. 9.610, de 19.02.1998). Quem vender, expuser à venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depósito ou utilizar obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com a fi nalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, será solidariamente responsável com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo como contrafatores o importador e o distribuidor em caso de reprodução no exterior (art. 104 da Lei n. 9.610/98). Direitos exclusivos para o Brasil na língua portuguesa Copyright © 2012 by EDITORA FORENSE LTDA. Uma editora integrante do GEN | Grupo Editorial Nacional Travessa do Ouvidor, 11 – Térreo e 6º andar – 20040-040 – Rio de Janeiro – RJ Tel.: (0XX21) 3543-0770 – Fax: (0XX21) 3543-0896 forense@grupogen.com.br | www.grupogen.com.br O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível (art. 102 da Lei n. 9.610, de 19.02.1998). Quem vender, expuser à venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depósito ou utilizar obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, será solidariamente responsável com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo como contrafatores o importador e o distribuidor em caso de reprodução no exterior (art. 104 da Lei n. 9.610/98). Capa: Rodrigo Lippi Produção: TypoDigital 1ª edição – 2007/ 2ª edição – 2008/ 3ª edição – 2010/ 4ª edição – 2012 07-0280 CIP – Brasil. Catalogação na fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Almeida Filho, José Carlos de Araújo, 1967 – Processo eletrônico e teoria geral do processo eletrônico: a informação judicial no Brasil / José Carlos de Araújo Almeida Fiho. – 4. ed. – Rio de Janeiro : Forense, 2011. Apêndices Inclui bibliografia ISBN 978-85-309-3764-5 1. Direito e informática. 2. Direito processual – Processamento eletrônico de dados. 3. Tecnologia e direito. I. Título. CDU 347.9:004 À minha família, sempre presente nas ausências provocadas pelos estudos do processo e das novas tecnologias. Sem ela, não seria possível concretizar qualquer obra. Dedico à minha mãe, Rosa, ao meu pai, in memoriam, e aos meus filhos Lucas e José Carlos Neto. “Créon: Desafias tão flagrantemente minha lei? Antígona: Naturalmente! Pois que não foi Zeus quem a promulgou, nem encontrarás tal lei imposta pela Justiça aos homens. Nunca acreditei que os teus éditos tivessem força tal que pudessem anular as leis do céu, as quais, não escritas nem proclamadas, têm uma duração eterna e uma origem para além do nascimento do homem.” (Sócrates, Ética a Nicômaco) Quando trazemos, em uma obra, agradecimentos, podemos cometer dois graves pecados: omitir nomes ou tornarmo-nos excessivamente cansativos. Mas o certo é que os agradecimentos aqui expostos são verdadeiros e cada pessoa citada teve papel decisivo na produção desta obra. Por esta razão, agradeço: Aos membros do Instituto Brasileiro de Direito Eletrônico e a todos os estudantes que fizeram parte do Grupo de Pesquisas em Direito Eletrônico e Cidadania – CNPq – na Universidade Católica de Petrópolis, incluindo os Jovens Talentos do ensino médio da rede pública, por intermédio de projeto da FAPERJ. Aos estudantes da UFF, que, por diversas vezes, mostraram-se empenhados em discutir os temas processuais na seara eletrônica, especialmente no que tange ao monitoramento eletrônico de presos. Três amigos que merecem minha admiração e o agradecimento pela ajuda, sem precedentes, em minhas pesquisas: Prof. Hugo Lança, de Portugal, Prof. Dr. Fernando Galindo, da Espanha, e Manuel David Masseno. A pesquisa foi ampliada consideravelmente a partir dos contatos com a Comunidade Europeia. À Comissão Permanente de Direito da Comunicação e Informática do Instituto dos Advogados Brasileiros, em especial ao Prof. Dr. Flávio Alves Martins. Aos Profs. e amigos Luiz e Tereza Wambier, Ada Pellegrini Grinover e José Miguel Garcia Medina, pela disponibilidade de verdadeiros Mestres do Direito, sempre atentos e dedicados ao auxílio de quem os procura. À minha querida amiga, Tia Gigi (Giselda Hironaka), um agradecimento por momentos especiais no Largo de São Francisco. Ao Dr. André Gustavo Bittencourt Villella, por sua amizade e encorajamento. Ao amigo virtual, mas não menos querido, Rômulo de Araújo Mendes, um desbravador no projeto Sistema Justiça Moderna, como juiz do Distrito Federal e Territórios. Ao querido amigo Décio Góes. Ao meu pai, in memoriam, que cultivou em mim o gosto pelo Direito e me fez ver que podemos mudar alguma coisa no mundo, ainda que não consigamos mudar o mundo. À minha mãe, pela presença marcante nos momentos decisivos de nossas vidas. Ao Exmo. Sr. Dr. Deputado José Eduardo Cardozo e à sua assessora Kelly, pela presteza em atender aos reclamos de um pesquisador. O agradecimento se faz especial, porque, como costumo dizer, mesmo não sendo eleitor de São Paulo, a dedicação do Deputado avança fronteiras e deve servir de exemplo aos nossos políticos. À Editora Forense, em especial ao Guilherme, por acreditar neste projeto e pela coragem em ser a editora que mais se dedica à produção do Direito Eletrônico. E, como não poderia ser diferente, a Francisco Bilac Pinto, que, ousando, ampliou a ideia desta obra, a partir de suas edições, com a possibilidade de tratarmos de legislações “irmãs” de nosso sistema. “O pensamento Humano-tecnológico não é apenas uma questão de bom-senso, é também de senso de negócios.” KIM VICENTE Homens e Máquinas Esta obra foi concebida por meio de duas escritas: Comentários à Lei do Processo Eletrônico e Teoria Geral do Processo Eletrônico. Desta forma, compilamos as ideias em um único livro,a fim de facilitar o operador do Direito na tarefa de desbravar um novo cenário processual que surge. É de grande importância entender que a informatização altera o sistema processual e não é apenas uma burocratização informática. Assim, exortamos as pessoas para que pensem sobre a realidade existente entre o mundo da eletrônica e o da pessoa humana. Charles Chaplin já prenunciava: “Não sois máquina! Homens é o que sois.” E esta é a realidade. Não podemos entender como funciona o mundo da eletrônica e permitir que diversos projetos caminhem – notadamente os que se encontram afeitos à área jurídica –, sem que tenhamos em mente a preocupação em garantirmos a dignidade da pessoa humana. As máquinas trabalham por nós, mas, espero, jamais consigam contraporem-se a nós. A ideia de termos um processo digital é extremamente salutar. Contudo, não podemos permitir que este Processo Eletrônico encontre modificações a ponto de termos sentenças cartesianas, emitidas por um computador. A informatização do processo judicial no Brasil surge com o advento da Lei do Processo Eletrônico, cujo projeto tramitou no Congresso Nacional por mais de cinco anos. Não bastasse a longevidade de um Projeto de Lei tramitar por tantos anos no Legislativo, a norma nasce antiquada e sem atentar para princípios basilares do Direito Processual. Não somente no campo do Direito Processual se apresenta ultrapassada a Lei do Processo Eletrônico, mas no campo do Direito Eletrônico e da própria Informática Jurídica. As experiências vivenciadas em diversos Tribunais do Brasil, antes que houvesse uma regulamentação, sequer foram consideradas. Ainda que consideradas as variáveis em questão, pouco do que se vê na prática foi inserido na legislação que entra em vigor. Fazemos uma ressalva ao relator do PL na Câmara, o Deputado José Eduardo Cardozo, que, por meio de hercúleo esforço procurou consertar o que não tinha mais como ser consertado. Contudo, a crítica não deve ser somente quanto a uma nova norma que parece nascer com pequenas possibilidades de sua implantação, mas também devemos formular uma crítica às reformas processuais que vêm sendo realizadas sem uma sistematização necessária. A fertilidade legislativa está se apegando ao casuísmo, pretendendo transformar o processo na panaceia dos males do Judiciário. Não será com leis que mudaremos uma consciência política e educacional que impera no nosso país desde a elite dos bacharéis das primeiras décadas do século XIX. Não serão normas editadas sem a preocupação de um processo justo, fácil e acessível que fará com que o Direito à Ação seja concretizado. Sem sistematização, o processo tende a ser formalista ao extremo, e, mesmo em termos de um Processo Eletrônico, a burocracia que se implanta nos mostra um quadro sem possibilidades de adequação. De nada adianta traçarmos teorias sobre o princípio da instrumentalidade, se continuarmos afeitos aos problemas do excessivo formalismo processual que vai e volta a cada reforma. Em matéria de Processo Eletrônico, o formalismo é a decretação de sua inviabilidade. E a discussão, se se trata de processo ou procedimento, não é mero capricho processualístico, mas o temor de termos legislações estaduais por força de competência concorrente. O Relatório Final da Comissão Mista Especial para Regulamentação da Reforma do Poder Judiciário e Promoção da Reforma Processual,1 ao tratar da necessidade da reforma infraconstitucional e, portanto, envolver a matéria processual, assim se manifesta: O acesso à Justiça tem sido uma preocupação mundial, que teve como um de seus precursores o saudoso professor italiano Mauro Cappelletti, que, já na década de 1970, defendia, com razão, que a acessibilidade a todos ao sistema judiciário era pressuposto para o exercício pleno da cidadania. Para isso, ele capitaneou o implemento de ondas renovatórias do processo, que tiveram poderosa repercussão no mundo inteiro, o que não excluiu o Brasil. As reformas processuais vêm sendo implementadas em nosso sistema desde a década de 1990, mais precisamente com o advento da Lei de Defesa do Consumidor, introduzindo importantes aspectos relativos à tutela específica. Não foi em vão o parecer da Comissão, que assim se referiu aos grandes Mestres do Processo: Essas duas ondas renovatórias, assimiladas e trazidas à realidade brasileira por estudiosos do quilate de José Carlos Barbosa Moreira, Ada Pellegrini Grinover, Cândido Rangel Dinamarco, Arruda Alvim, Nelson Nery Junior, J. J. Calmon de Passos, Kazuo Watanabe, Ovídio Baptista da Silva, Humberto Theodoro Júnior, Athos Gusmão Carneiro e Sálvio de Figueiredo Teixeira, representaram notável avanço no sistema processual brasileiro, através de elogiável sintonia entre a Academia e o Poder Legislativo. Ainda que haja necessidade de mencionar os Professores Arruda Alvim, Luiz Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim Wambier, Leonardo Greco, dentre tantos outros, o relatório nos apresenta a preocupação de um equilíbrio entre a necessidade de implementação de normas infraconstitucionais, mas sistematizadas, como se depreende com a seguinte afirmação: “Por força dessa constatação é que não podemos emprestar apoio a propostas que, a pretexto de acelerar a entrega da prestação jurisdicional, acabam por cercear o acesso do cidadão à Justiça ou rompem com pilares do Estado Democrático de Direito, como os princípios da legalidade, isonomia e respeito à coisa julgada.” Esta a preocupação em traçar breves linhas antes de adentrarmos ao estudo do Processo Eletrônico institucionalizado no Brasil. Até mesmo porque, do relatório da Comissão Mista, se verifica a preocupação com a quantidade de projetos conflitantes entre si.2 Entendemos, assim, que a análise do Processo Eletrônico deva ser realizada dentro de uma sistemática processual coerente, sob pena de termos conflitos das mais variadas espécies, até mesmo em termos de conceituação, uma vez que entendemos tratar-se de procedimento e não de processo a informatização judicial. Este o objetivo da obra: trazer à baila questões relevantes que estão sendo introduzidas com a nova Lei e pretender implementar dispositivos que possam ser alterados, com o objetivo de, finalmente, almejarmos o futuro sem o temor do desperdício processual e a morte da terceira onda de Cappelletti. A morosidade do Judiciário, aliada às novas tecnologias da informação, impulsiona o Direito Processual para a era da informática. Antes, os computadores no sistema judicial brasileiro não passavam de máquinas de escrever sofisticadas, com alguns bancos de dados e um sistema precário de informação pela Internet. A realidade não mudou muito, mas a idealização de um andamento eletrônico do processo se apresenta como um grande avanço. Desde o ano de 1991, com a promulgação da Lei no 8.245, o legislador já se encontrava atento às modernas tecnologias de comunicação, fazendo inserir, no art. 58, IV, a possibilidade de citação por meio do fac-símile. Em 1999, admitíamos dar um grande salto no sistema processual, com a edição da Lei do Fax. Trata-se da Lei no 9.800/1999, permitindo a transmissão de peças processuais por meio do aludido sistema ou similar. Ocorre, contudo, que o anacronismo jurisprudencial não admitiu o e-mail como similar ao fax e, mais que isto, o Superior Tribunal de Justiça procurou minimizar os efeitos que a referida Lei possuía. Entendemos, como fruto desta obra, que a Lei do Fax não deva ser suprimida, mas alterada – e já existe projeto de lei neste sentido – parapermitir a transmissão, também, por correio eletrônico (e-mail). As partes, ao transmitirem peças por meio de fac-símile, possuem cinco dias para o protocolo do original. A jurisprudência caminha no sentido de entender que o prazo não se suspende, tampouco se interrompe. Em outras palavras, protocolada a petição por qualquer meio eletrônico, além da parte garantir a integridade do documento, a ser cotejado com o original, não desconta o dia de envio, por certo que o prazo transcorre a partir da transmissão. As regras gerais de cômputo dos prazos não passam a valer quando da transmissão, porque o dies a quo é inserido nesta contagem. Superadas estas primeiras etapas do que seria hoje a informatização judicial, em 2001, temos a edição da Lei no 10.259, instituindo os Juizados Especiais Federais e, desta forma, garantindo um processo totalmente eletrônico – como ocorre, por meio das diversas portarias, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (Estados do Sul do Brasil). Para os mais céticos, que admitiam o computador apenas como uma máquina de escrever de luxo – e aqui vale a lembrança que, em 1939, as vozes contra a inserção da máquina de escrever para a transcrição dos atos processuais provocaram grandes represálias –, podemos afirmar que inexiste retorno nesta nova fase do processo: a informatização judicial de todo o sistema nacional. Jamais obrigatório. Pelo menos por enquanto. Contudo, como analisaremos na presente obra, será necessário ultrapassar diversos obstáculos. O primeiro deles, não mais fácil ou mais difícil, será a superação da repulsa que o computador provoca na maioria das pessoas. Entendemos a repulsa à informática e justificamos: muitos articulistas, talvez para valorizarem seus conhecimentos, apegam-se demais a termos próprios da informática. Há um tecnicismo exacerbado ao tratar do Direito Eletrônico, adotando-se uma terminologia que não nos é afeita. A redação deste livro procurou minimizar esta linguagem mais técnica da informática, trazendo para o jurista a posição doutrinária multidisciplinar, mas sem a adoção de um linguajar próprio daqueles que se utilizam da informática, e, na maioria das vezes, em inglês. Sejamos honestos com o nosso público acadêmico, passando a escrever de forma simples e sem o tecnicismo exagerado, que acaba por provocar total desconhecimento do que se pretende ensinar e, mais, gerando a repulsa à qual nos referimos. No entanto, por meio de diversas palestras proferidas sobre processo eletrônico, a ideia que passa, em primeiro lugar, nestas pessoas que têm aversão à informática, é a de que o processo eletrônico não é seguro. Esta questão deve ser superada, porque a pergunta que eu sempre faço é a seguinte: – Sabem por que os contadores usam caneta tinteiro? A resposta é a de que são tradicionalistas. Contudo, com certeza, trata-se de uma resposta equivocada. A resposta que dou é a mais simples possível: – A caneta tinteiro é a mais fácil de provocar adulterações, porque basta um simples pedaço de algodão com uma gotícula de água sanitária, que tudo quanto se escreveu desaparece sem qualquer vestígio. Em termos de informática, os vestígios de adulteração são visíveis e deixam suas marcas, denominadas logs. Quanto à integridade do documento eletrônico, que será toda a base do sistema informatizado, a mesma se verifica por meio das assinaturas digitais. A assinatura digital, à menor das alterações, como, por exemplo, trocar a letra “a” pela letra “i”, fará que a mesma desapareça e, então, teremos a prova de uma adulteração no documento que foi gerado e transmitido. Relativamente à segurança dos sistemas, a norma ISO/ABNT 27001/2006 prevê diversos mecanismos para garantir a segurança e integridade das transmissões eletrônicas. Fugimos um pouco da dogmática de uma obra jurídica, inserindo imagens para a perfeita compreensão do que tratamos. Como os leitores poderão observar, trocamos a linguagem informática – o informatiquês – pela imagem, que é mais fácil de ser assimilada. Entendemos que assim estamos sendo mais didáticos neste novo cenário. No que se refere propriamente ao processo, alguns princípios, ao menos neste início de informatização no Brasil, deverão ser relativizados, porque o vazamento de informações é um fator que deve ser pensado por todos os Tribunais e podemos garantir ser possível identificar qualquer processo por meio de simples comandos de informática. Não tratamos, aqui, dos hackers, mas de violação de informação. Um processo, por exemplo, pode ser inserido nos motores de busca da Internet com a maior facilidade, prejudicando o Direito à Personalidade. Quanto a este ponto, precisaremos estudar uma fórmula para relativizar a publicidade dos atos processuais, até que nossos sistemas demonstrem ser eficazes. Mas não podemos, por outro lado, permitir que inexista publicidade dos atos processuais. Um capítulo é dedicado a este tema, tão polêmico, controvertido e com diversos contornos constitucionais. Um exemplo do que afirmamos encontra respaldo no Tribunal Superior do Trabalho que, por meio de resolução, aconselhou – e acabou sendo base de toda uma estrutura informatizada na Justiça do Trabalho – a não inserção na busca de processos por nome das partes, do reclamante. Isto porque os empregadores faziam buscas nos sistemas e o resultado era a não contratação de um possível candidato a emprego que havia ajuizado reclamação contra determinada empresa. Questões como estas, uma vez que nosso processo caminha, cada vez mais, para sua constitucionalização e princípios como os da proporcionalidade e razoabilidade, vêm sendo empregadas; é preciso estudar a informática, aliada ao direito, com forte apego em questões sociológicas e filosóficas. Os institutos gerais da Teoria Geral do Processo não são desprezados nesta obra. Nossa proposta, ao contrário, é que toda uma sistematização processual se adapte a uma nova realidade – o processo eletrônico. E é este o objetivo desta obra. E esperamos que o debate se amplie e não se encerre com os novos conceitos. Aliás, será com a adoção de novos conceitos que se proporcionarão críticas e amplos debates acadêmicos para atingirmos a maturidade de um processo eletrônico justo e célere. Finalmente, devemos fazer uma ressalva para o leitor. Este estudo traz conceitos da Teoria Geral do Processo, mas não de forma exaustiva. A análise realizada na presente obra é um substrato e complemento para as obras clássicas de Teoria Geral do Processo, adequadas à sistematização de informatização que está sendo implantada no Brasil. Não pretendemos esgotar a leitura dos clássicos da Teoria Geral do Processo, mas inserir um plus em toda a sistemática processual brasileira, com ideias e propostas novas, mas sempre atentos à base do processo civil pátrio. Ao final da mesma, inserimos, para melhor compreensão, algumas decisões relativas ao Direito Eletrônico e textos que complementam a exposição havida no livro. Esperamos as críticas acadêmicas para o aprimoramento da ciência processual. José Carlos de Araújo Almeida Filho Rio de Janeiro, outubro de 2006. jcaaf@dgaf.com.br 1 Documento elaborado pela referida Comissão, datado de dezembro de 2005, assinado pelo Deputado José Eduardo Cardozo (Presidente), pela Deputada Zulaiê Cobra (Vice-Presidente) e pelo Senador José Jorge (Relator). 2 “Embora existam outros projetos a merecer tratamento prioritário, como já dissemos, o elevado número de proposições legislativas em tramitação – muitas delas conflitantes entre si –, e aespecificidade da matéria, que não pode ser tratada por quem não conhece profundamente o tema, nos conduzem à conclusão de que é fundamental, neste momento, para que a Reforma Processual seja concluída com êxito, que sejam criadas Comissões de análise e sistematização das propostas, de modo que os efeitos da quebra de harmonia dos Códigos de Processo Civil e Penal sejam minimizados.” Comemoremos, estudiosos do processo eletrônico, o lançamento da 4ª edição do livro Processo Eletrônico e Teoria Geral do Processo Eletrônico – A Informatização Judicial do Brasil, do professor, processualista e advogado José Carlos de Araújo Almeida Filho. A cada edição, a obra fica mais completa e apurada, fruto não só da permanente pesquisa que a mente aguda e investigativa de seu autor lhe impõe, mas também das observações e ponderações feitas ao longo do tempo pelos demais especialistas do Direito Processual Eletrônico. O processo virtual não nasceu na Academia, muito ao contrário, surgiu da realidade forense como forma de abreviar a burocracia do processo judicial e combater a morosidade da prestação jurisdicional. O livro do Professor José Carlos é a primeira obra que deu um trato sistemático à matéria do ponto de vista teórico, enquadrando-a como disciplina própria do Direito Processual. Sem se esquecer das noções básicas e indispensáveis para descortinar o tema, que é muito árido para os juristas não iniciados em informática, o livro dedica-se, principalmente, ao estudo das implicações do processo virtual na Teoria Geral do Processo e às mudanças que o uso da tecnologia na operacionalização da Justiça está provocando no pensamento dos juristas e operadores do Direito. Isso não significa dizer que concordamos com tudo o que está escrito, ao contrário, calam profundas divergências sobre diversos aspectos, certamente em virtude da longa distância que permeia a teoria e a prática ou o ideal e a realidade. O certo, entretanto, é que há quase duas décadas vem sendo realizadas reformas no plano legislativo para dar efetividade e combater a morosidade incrustada no Poder Judiciário, sem, contudo, atingir seus objetivos. Estamos agora às vésperas da entrada em vigor de um novo Código de Processo Civil, que promete, mais uma vez, debelar a morosidade processual, entretanto passou ao largo das novas técnicas de registro, comunicação e andamento de atos e documentos processuais. Já a ação silenciosa e unida de muitos operadores do direito, advogados privados e públicos, defensores públicos, magistrados e representantes do Ministério Público, longe das universidades, dos embates do Congresso Nacional e dos holofotes da mídia, muitas vezes abrindo mão de suas prerrogativas processuais e avançando sobre os institutos tradicionais do Direito Processual ou mesmo sobre a lei formal, é que vem produzindo os resultados mais palpáveis na efetiva modernização da prestação jurisdicional e aproximando a Justiça do povo. Neste livro, o Professor José Carlos conseguiu identificar com felicidade e maestria os reflexos que o processo virtual está causando na prática judicial e as alterações positivas no pensamento jurídico, razão por que é uma obra indispensável para leitura e consulta de todos os interessados na efetividade da aplicação do Direito. Sérgio Tejada Garcia Juiz Federal na 4ª Região e atualmente convocado como juiz auxiliar da Presidência do TRF da 4ª Região. É com verdadeiro prazer que apresento ao público o livro de José Carlos de Araújo Almeida Filho, Teoria Geral do Processo Eletrônico.3 Assunto novo, que está na ordem do dia, e tratado de maneira clara, sem termos técnicos da informática que frequentemente resultam herméticos para os operadores do Direito, obedecendo aos critérios científicos próprios da Teoria Geral do Processo. Na sociedade hodierna, que é a sociedade da informação, o Direito transforma-se para se adequar à globalização do conhecimento. E essa transformação já se inicia também no Brasil. Na parte introdutória, o Autor define direito eletrônico – designação que prefere, fundamentadamente, à de direito da informática. Relata, depois, a evolução da matéria no direito brasileiro, com importantes referências legislativas, talvez não conhecidas de todos, e com notícias dos projetos de lei já em andamento no Congresso Nacional. Como toda boa obra de Teoria Geral do Processo, o autor não descura os aspectos científicos das grandes categorias da disciplina, analisando-as à luz do direito eletrônico para adaptar, onde necessário, os institutos fundamentais – jurisdição, ação, processo e procedimento. Em relação à jurisdição, preconiza a criação de outra espécie de jurisdição – a eletrônica –, para a qual sustenta estar o Brasil pronto, advogando, enquanto isso não acontece, a instituição de varas especializadas. Os princípios inerentes à jurisdição são revisitados, debruçando-se o Autor, por exemplo, sobre o princípio da aderência ao território, em que defende a necessária ampliação da extraterritorialidade, dada a alocação dos instrumentos próprios da Internet em diversos países. As condições da ação são examinadas à luz das exigências do processo eletrônico, recebendo a ampliação necessária à sua adequação ao mesmo. Assim faz com a possibilidade jurídica e com a legitimação. Embora reconheça inexistir no Brasil, até o momento, um verdadeiro processo eletrônico, havendo apenas procedimentos eletrônicos, enfrenta a questão da ampliação da categoria da capacidade processual (a capacidade de estar em juízo), demonstrando que a existência de assinatura eletrônica e de certificação dos documentos constituem nova modalidade da legitimação ad processum. Em relação aos princípios do processo, que também devem ser adaptados, sustenta, por exemplo, a necessidade de restrições do princípio da publicidade, exacerbada quando os atos processuais são praticados por meio eletrônico, contrapondo-lhe o direito à intimidade e o que denomina “direito ao esquecimento”, a serem equilibrados, pela teoria da proporcionalidade, em relação à publicidade. Nos procedimentos eletrônicos, já existentes entre nós, além de trazer importantes notícias sobre a possibilidade de utilizá-los desde logo, a grande preocupação do Autor é com sua confiabilidade e segurança. E aqui se inserem exemplos práticos sobre o uso dos equipamentos da informática para a prática de atos processuais pela via eletrônica, que já são uma realidade. Um capítulo específico é dedicado à assinatura eletrônica, fator essencial para a confiabilidade e segurança. A obra, alimentada pelo objetivo de o processo eletrônico tornar-se uma nova alternativa na busca incessante da celeridade e da economia processuais, não só é pioneira no Brasil, como abre novos caminhos para a consolidação de uma disciplina processual aderente às exigências deste início de milênio. Certamente despertará curiosidade e interesse. E, como o autor deseja, servirá de estímulo para que outros estudos venham a lume, trazendo contribuições doutrinárias e incrementando a prática do processo eletrônico, além de ajudar na elaboração de leis mais perfeitas, de que o Brasil precisa. Mais um desafio para o processualista! Ada Pellegrini Grinover 3 N.A. Como mencionado na nota do autor, foram escritas duas obras: Teoria Geral do Processo Eletrônico e Comentários à Lei do Processo Eletrônico. A seu fim de facilitar o operador do Direito, entendemos prudente unificar as obras, facilitando o seu manuseio. A apresentação da Profª. Ada Pellegrini Grinover fora formuladana obra TGP, mas não se perde no contexto desta que se apresenta mais completa e com enormes subsídios ao leitor que busca compreender esta nova sistemática processual. Com muita satisfação e alegria aceitamos o convite formulado pelo Professor José Carlos de Araújo Almeida Filho para fazer a apresentação deste seu trabalho. Nosso contacto inicial foi numa das Jornadas de Direito Processual Civil, eventos magistralmente dirigidos pelo Instituto Brasileiro de Direito Processual, sob as firmes e competentes batutas da Professora Ada Pellegrini Grinover e do incansável Professor Petrônio Calmon. De lá para cá, o contacto acadêmico se transformou numa grande e valiosa (para mim, ao menos) amizade. Professor José Carlos dispensa maiores apresentações. Seu profícuo trabalho docente e no exercício da advocacia são alguns de seus grandes referenciais. Sua paixão pelo estudo do direito, notadamente do direito processual, nos tempos da Internet, de que é, também, profundo conhecedor, fazem dele um verdadeiro precursor, um desbravador de caminhos. Neste trabalho, o Professor José Carlos se propõe (e disso se desincumbe com absoluta tranquilidade), logo na introdução, a analisar as relações entre direito eletrônico e informática jurídica. Nesta análise, que é o início de seu trabalho, vai fundo, fazendo acurada análise de conceitos, criticando o uso indevido de uns e outros, além de analisar a Emenda Constitucional 45, de fins de 2004 (Reforma do Judiciário), inclusive do ponto de vista das perspectivas que se apresentam à sociedade e aos operadores do Direito. Tendo como ponto de partida esses conceitos, analisa com profundidade a temática central de seu trabalho acadêmico, que trata do processo eletrônico. Para tanto, examina minuciosamente a necessidade e a precariedade do uso dos meios eletrônicos no processo judicial, a possibilidade de realização de atos processuais por meios eletrônicos, assim como sua comunicação, pelos mesmos mecanismos tecnologicamente apropriados e comprovadamente eficientes, tanto no processo civil, quanto no processo penal e no processo do trabalho. Escolheu um tema difícil, sem dúvida. Novo, diria. De difícil trato, porque não permite, como regra, que do fenômeno autopoiético se sirva, eis que nem doutrina, nem jurisprudência dele tratam, até aqui. Contudo, não era de se esperar opção em outra direção de alguém que se propõe, sem medo, a desbravar um campo ainda tão incipiente entre nós. Sua contribuição ao estudo (e, por certo, à futura consolidação) deste vasto e intrincado conjunto de mecanismos relativo ao processo eletrônico, por certo será objeto de muitas críticas e ponderações. Talvez algumas – a maior parte – de suas ideias vinguem; talvez outras – poucas – sejam relegadas ao plano do esquecimento, até mesmo como fruto da virulenta incompreensão de que costumam ser vítimas aqueles que se propõem a inovar. Isso faz parte da rotina dos desbravadores. E para ambas as hipóteses está perfeitamente preparado, pessoal e intelectualmente, o Professor José Carlos de Araújo Almeida Filho. Com seu trabalho, ganha a sociedade brasileira, ganham os estudiosos do processo civil, ganham os operadores do Direito. Curitiba, fevereiro de 2006 Luiz Rodrigues Wambier Apresentar uma obra jurídica, sobretudo pelo seu ineditismo, por ser uma honraria para o apresentante, impõe-lhe o dever de cercar-se dos indispensáveis cuidados diante do universo de pesquisadores de inovações. Antecedida pelas autorizadas apresentações dos consagrados processualistas, Ada Pellegrini Grinover e Luiz Rodrigues Wambier, a responsabilidade do apresentador parece abrandada, posto que se trate de texto ousado e polêmico, no dizer do eminente Prof. Wambier. Enquanto o direito eletrônico, assim chamado pelo Prof. José Carlos, não tenha alcançado ainda a tradição consagradora, o conspícuo autor desta obra já é considerado um experiente no ofício de escrever sobre a matéria. Inicia seu trabalho versando sobre a Sociedade da Informação e os problemas dela decorrentes. Embora os conceitos da Sociedade venham mudando, a concepção de uma sociedade permanente informativa não pode ser rejeitada, ante o convívio que as máquinas podem proporcionar. As máquinas serão sempre operadas pelos homens, que só se dispensarão com a criação de programas por eles imaginados. Hoje a comunidade é formada por homens e máquinas. Para a maioria, que não está acostumada às máquinas e à enormidade de funções do computador, já se apresenta difícil entender este mundo paralelo criado pela Informática. Quando se tenta conciliar a Informática com o Direito, admite-se que a confusão e a desinformação aumentem. Ampliando estas ideias, o Prof. José Carlos traz em sua obra desde as concepções básicas do que se entende por Informática Jurídica até o modus operandi da Lei. A ousadia com que trata determinados temas poderá, como prefacia o Prof. Luiz Wambier, ser objeto de disputas. No entanto, certamente, o Prof. José Carlos está preparado para os inevitáveis embates, porque ousou produzir uma obra no alvorecer de uma legislação. A questão enfática em seu livro é a distinção entre processo eletrônico e procedimento eletrônico. De logo, o Prof. José Carlos apresenta uma enorme preocupação diante da possibilidade de inaplicabilidade da lei. Uma lei sem efetividade é como uma lei não escrita. Se se adotar o processo eletrônico como processo, as questões jurisdicionais encontrarão grandes problemas. Por outro lado, se se tratar como procedimento, ter-se-á, como o autor afirma, o inconveniente do retrocesso “aos velhos tempos dos Códigos de Processo Civil estaduais”. Um exagero a afirmação, mas na prática a situação poderá revelar diversas formas de regulamentação da Lei do Processo Eletrônico, seja por disposição dos Tribunais, seja por Leis estaduais. Creio ser este o maior problema a ser enfrentado com a norma que se apresenta e chega com anos de atraso. A necessidade de agilizar o processo está trazendo um mecanicismo às normas processuais que pode ser tão saudável quanto danoso. No Direito Processual Penal, renego o interrogatório do acusado por videoconferência, ou on- line. Nos demais seguimentos do Direito Processual, admito ser impossível uma citação eletrônica e, como assevera o autor, muito menos por e-mail. As ficções criadas pela Lei, como as intimações pessoais, também devem ser vistas com cuidado, porque, não raras vezes, os sistemas dos Tribunais se encontram inoperantes, não se esquecendo dos demais problemas, como quedas de luz etc., que impossibilitam o uso da máquina pelos advogados. E como provar que o evento ocorreu, diante da perda de um prazo? São questões complexas, apresentadas por uma Lei que não visualizou as intempéries pelas quais os advogados passam. Aconselhamos que o leitor se aprofunde nas ideias e em especial no que diz respeito ao ousado tema proposto: a relativização do princípio da publicidade, que poderá ser de grande valia no processo (ou procedimento) eletrônico, a fim de salvaguardar a intimidade e a vida privada, além da dignidade da pessoa humana. Décio Meirelles Góes Professor e Desembargador (aposentado) do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Advogado. A eficiência do sistema de prestação jurisdicional é uma questão de grande relevância para os Estados capitalistas modernos. No plano axiológico, a atividade judicial, dentro do clássico modelo dos denominados “Estados de Direito” e da ideologia dominante nos nossos tempos, é fundamental paraque a violação a direitos individuais e coletivos seja reparada e, por conseguinte, a “justiça” seja imposta coativamente aos transgressores da ordem legal. No plano econômico, a previsibilidade das decisões judiciais e a rapidez nas soluções dos conflitos de interesses (lides) são peças fundamentais para o fornecimento da indispensável segurança para o desenvolvimento das relações negociais. Parece óbvio, portanto, que o mau funcionamento da máquina judiciária do Estado deva ser visto, nas democracias modernas, como um problema grave e central, como um verdadeiro e terrível obstáculo ao desenvolvimento social, econômico e da própria cidadania. Embora o conhecimento de um problema seja o primeiro passo para a sua efetiva solução, em nosso país, o conhecimento da absoluta ineficiência do nosso sistema de prestação jurisdicional não tem gerado grandes resultados. Morosidade, dificuldade de acesso especialmente para os setores mais pobres da população, falta de transparência decisória em questões administrativas internas, existência de focos de corrupção de difícil eliminação, decisões contraditórias gerando um elevado grau de incerteza e insegurança jurídica, estrutura orgânica e atuação funcional marcadas pela ausência de racionalidade e de modernidade, são realidades reconhecidas e admitidas, há muito tempo, como inerentes ao funcionamento da nossa máquina judiciária. Devemos então nos perguntar as razões pelas quais este problema existe e, apesar de reconhecida a sua existência, por que persiste intocado através dos tempos. Afinal, por que será tão difícil empreender-se uma ampla e radical reforma do nosso sistema de prestação jurisdicional, se existe consenso absoluto em relação à sua acentuada ineficiência? É bem verdade que, nos dias atuais, algumas medidas concretas foram tomadas pelo Ministério da Justiça, e com apoio integral da Presidência da República, na busca desta reforma. Alguns passos importantes foram dados. A criação, em âmbito federal, da Secretaria Especial da Reforma do Poder Judiciário, a realização de um concreto pacto de Estado entre os três Poderes para a reformulação do nosso sistema jurisdicional, a aprovação da Emenda Constitucional 45, após décadas de tramitação no Congresso Nacional, a criação de uma Comissão Especial, integrada por deputados e senadores, com o objetivo de elaborar os projetos de lei que implementem as mudanças constitucionais aprovadas, a apresentação e o aprimoramento de vários projetos de lei que modificam o nosso vigente direito processual civil e penal, são demonstrações inequívocas de que alguns avanços ocorreram e de que há vontade política para que esse quadro seja alterado. No entanto, reconhecidamente, ainda muito pouco foi feito. Os principais problemas ainda permanecem inatacados, para o desconforto pleno e – por que não dizer – frustração da grande maioria dos denominados “operadores do Direito”. Por quê? Reformar um sistema de poder é sempre uma tarefa difícil. Normalmente, por costume ou por conveniência, os agentes que com ele interagem costumam não aceitar pacificamente mudanças. Sem dúvida, em questões relacionadas com o poder é sempre mais confortável e rápido criar do que reformar. Por esta e outras razões, ouso dizer que a reforma do nosso Poder Judiciário (expressão que normalmente é utilizada, de forma imprecisa, para rotular a reforma do nosso sistema de prestação jurisdicional) é hoje, para a sociedade brasileira, a mais difícil de ser obtida. A primeira razão diz respeito à mais absoluta falta de pressão social concreta e objetiva sobre o caminho que esta reforma deva seguir. Há, sem dúvida, consenso quanto à necessidade da sua realização. Mas qual o caminho a ser seguido? Como deverá ser o sistema reformado? Dentre as centenas de propostas e teses, quais as melhores? Qual engloba efetivamente o apoio da maior parte da sociedade brasileira? Não há resposta. De fato, a voz da maioria da sociedade brasileira, nesta matéria, é rigorosamente desconhecida. Não há pressão social ou popular que diga concretamente aos nossos legisladores “façam isso” ou “não façam aquilo”. Todos querem a reforma, sabem da sua necessidade, mas não se consegue, de modo minimamente uniforme ou com densidade social, sugerir o caminho a ser seguido. A bem da verdade, é forçoso reconhecer que existe um grande e profundo fosso que separa o mundo jurídico do mundo comum dos cidadãos. Com exceção dos iniciados na “arte do direito”, poucos conseguem entender os institutos, a sofisticada terminologia, os complexos meandros processuais pelos quais se realizam as operações jurídicas cotidianas. O universo em que se consagram direitos e deveres dos cidadãos é incompreensível para esses mesmos cidadãos. Pergunte-se a um trabalhador comum qual a sua opinião sobre a elevação da idade ou do período de contribuição para a obtenção da aposentadoria, no bojo das discussões sobre uma reforma previdenciária. Por mais desinformado sobre a matéria que seja, ele terá condição de entender o que se discute, informar-se a respeito, e debatê-la com um aceitável grau de profundidade, para fins de manter, reformular ou formar a sua opinião a respeito. Com isso, poderá posicionar-se individualmente, no seu sindicato, ou mesmo em um movimento de massas, a respeito de alguma proposta existente que seja do seu agrado ou não. Mas pergunte-se agora a este mesmo trabalhador o que ele acha da proposta de supressão dos embargos de declaração no processo civil, ou qual a sua efetiva opinião acerca da eliminação dos efeitos suspensivos da apelação, com ressalva apenas dos casos em que se reconheça na pretensão do autor, apesar dos fundamentos da sentença, a permanência do fumus boni iuris e do periculum in mora. Provavelmente, mesmo que muito letrado seja, o trabalhador leigo em assuntos jurídicos encarará com olhos esbugalhados aquele que lhe dirige a pergunta e reagirá do mesmo modo que reagiria um advogado se perguntado sobre alguma intricada questão técnica de astrofísica. Não terá uma opinião, e nem mesmo saberá percorrer minimamente os caminhos necessários para a formação de uma resposta apropriada a respeito. O universo do direito é um universo hermético, fechado, quase intransponível para os humanos mortais que nas suas vidas recebem as consequências e as intempéries da sua existência. Como certa vez disse um trabalhador ao assistir ao julgamento de um litígio em que era parte em um Tribunal Superior: “perdi, não entendi nada, mas foi justo porque eles devem saber o que estão julgando com aquele palavrório todo”. Não é momento de debatermos aqui as causas desse fenômeno, nem de demonstrarmos que uma tal realidade facilita imensamente o exercício do poder que sustenta as normas jurídicas e a existência de mecanismos ideológicos de legitimação do direito, na medida em que propiciam que o “inconformismo com o injusto” se transforme em “conformismo com o decisum de uma sentença”. Mas, ao revés, vem a caso demonstrar que esse fosso que separa o direito das pessoas a quem ele se aplica dificulta ou mesmo inibe a discussão ampla e o posicionamento da sociedade sobre os rumos que deve seguir a denominada Reforma do Poder Judiciário. É impossível imaginar-se uma passeata, um comício em praça pública, por exemplo, motivado pelas teses da aprovação ou da rejeição da proposta de que o Supremo Tribunal Federal possa editar “súmulas vinculantes”. A compreensão média da sociedade está a anos luz da possibilidade de entendimento do queseja este instituto, ou do que seja a quase totalidade dos assuntos debatidos em relação a esta reforma. Logo, toda a discussão sobre os caminhos que deve tomar a Reforma do Poder Judiciário é refém dos iniciados no mundo do direito, ou seja, dos seus “operadores”. Dela, leigos não participam. E disso nasce a segunda razão pela qual entendemos que esta reforma é indiscutivelmente a mais difícil de ser empreendida nos tempos atuais: o corporativismo. O espírito de corpo é uma realidade em qualquer organismo ou atividade profissional. Em alguns casos, contudo, ele supera o limite do razoável. Entre as diferentes carreiras do mundo jurídico, a exemplo do que ocorre com médicos e políticos, ele é extremamente exacerbado. Isso tem dificultado, e muito, o encontrar de caminhos comuns, ou de uma afirmação majoritária expressiva para a indicação do caminho a ser seguido na reforma do nosso sistema jurisdicional. Com honrosas e poucas exceções, normalmente, juízes, promotores de justiça, advogados, delegados de polícia, pensam esta reforma tendo por referência os seus privilégios profissionais e funcionais, os seus status, as suas cargas de trabalho, os seus mercados, os seus ganhos, as suas garantias de emprego, e não o aprimoramento da prestação do serviço público judiciário. Na formulação, na aprovação e na rejeição de teses, quase sempre, o corporativismo tem prevalecido sobre as necessidades do Estado; e os interesses privados de cada corporação, sobre os interesses públicos. Com isso, naufraga a hipótese de que ao menos os operadores do direito poderiam pressionar ou apontar ao legislador, com grande dose de uniformidade, o caminho a ser seguido. A sociedade não opina, os homens e mulheres que atuam no mundo do direito divergem, e o Legislativo, sem rumo delineado a seguir, permanece inerte. Finalmente, uma terceira e última razão deve ser ainda apontada. Os operadores do direito, em geral, tendem a ser demasiadamente conservadores. A formação dogmática que recebem nas faculdades de direito, o desenvolvimento radicalizado do pensamento lógico que exercitam nas suas exegeses e nas suas argumentações forenses, em que tudo se extrai de premissas maiores já dadas (a lei), eliminam a priori a ideia de movimento e, portanto, de mudança. Salvo na obra de alguns jusfilósofos, o pensamento dialético – método de conhecimento que tem a percepção do movimento como regra – parece ser estranho ao habitual mundo em que laboram e vivem juristas e operadores do direito. Assim, além de ser o direito um instrumento de poder, e, portanto, “em si”, um instrumento de conservação das relações sociais, a formação daqueles que atuam no sistema judiciário tende a lhes desenvolver um espírito naturalmente conservador, paralisante mesmo, no que tange a mudanças. Em geral, os que atuam no campo jurídico, ao contrário dos poetas, costumam ter receio de navegar por mares nunca d’antes navegados. Donde reformar, mudar, ousar, correr o risco do novo, destruir para reconstruir melhor, não é trilha em que de hábito sigam à vontade os operadores do direito. É, portanto, nesse contexto de preocupações, óbices e tormentas, que devemos ler a obra que, neste instante, tenho a honra de prefaciar. Por mais incrível que pareça, em pleno século XXI, com exceção de algumas raras ilhas de modernidade, o sistema judiciário brasileiro ainda apresenta um nível paupérrimo de informatização. Em um momento da história em que crianças de tenra idade realizam pesquisas escolares pela rede mundial de computadores, nossos autos processuais ainda são amarrados em capas de cartolina com linhas provavelmente semelhantes àquelas com que Pero Vaz de Caminha amarrou a carta que endereçou ao rei de Portugal. Enquanto transações bancárias são feitas a distância por um simples teclar de computadores, petições iniciais são protocoladas com carimbos ou antigas máquinas de registro cartorial. Enquanto um advogado pode carregar toda legislação brasileira em um pequeno disco e acessar o seu conteúdo em um computador portátil até mesmo dentro de um avião em voo, transportar um processo judicial significa carregar centenas ou milhares de páginas de papel, nas quais poderão ser encontrados mais espaços destinados a carimbos do que a palavras arroladas em arrazoados jurídicos. Informatizar, em dimensão máxima, o nosso sistema de prestação jurisdicional passa a ser assim um imperativo inadiável, indispensável para a solução de boa parte dos problemas que hoje vivenciamos na aplicação do direito. Teorizar sobre este nascente cenário, debater sobre as implicações jurídicas e novas realidades conceituais que esta nova modalidade de interação social propicia passa a ser um dos grandes desafios da modernidade. Donde podemos afirmar agora, com absoluta segurança, que a obra Teoria Geral do Processo Eletrônico,4 escrita pelo ilustre professor e processualista José Carlos de Araújo Almeida Filho, aborda aquele que pode ser um dos grandes saltos positivos e de qualidade da reforma do nosso sistema jurisdicional. Com a instituição dos denominados “processos eletrônicos” ou “virtuais”, certamente, de maior rapidez, de maior acessibilidade, e de maior eficiência, será dotada a nossa máquina judiciária. Evidencia-se, com isso, a relevância do estudo processual que temos diante de nós. Revelando seus robustos conhecimentos processuais, o autor consegue reunir em sua obra duas grandes virtudes que raramente coexistem nos trabalhos acadêmicos. A primeira, a profundidade de análise. A segunda, a dimensão didática, em muito facilitada pela não utilização da linguagem emaranhada do complexo mundo técnico da informática. Partindo de sólido embasamento filosófico e de madura compreensão da nossa realidade histórica, José Carlos de Almeida Filho desenvolve com clarividência pioneira o estudo das principais categorias jurídicas que dizem respeito ao tema. Apresenta definições, formula conceitos, considera a aplicação de princípios às novas realidades da informática, elaborando uma fascinante análise teórico-processual dessa nova realidade. Tenha, assim, o leitor a certeza de que, ao se debruçar sobre as páginas deste livro, estará trazendo para o seu conhecimento intelectual uma obra que será, sem dúvida, um marco na literatura jurídica nacional. Muitos, com certeza, de hoje em diante, seguirão as suas pegadas, debaterão e criticarão as suas conclusões, aprofundarão seus ensinamentos. Poderão até, em certos casos, quando lastreados em sólidos e eruditos conhecimentos e em análise esmerada e arguta, igualar-se a ela em profundidade. Mas jamais dela encobrirão o brilho histórico inaugural do seu pioneirismo, do seu singrar por mares anteriormente nunca navegados, e do seu desbravamento inovador. Nisto reside o seu grande mérito e a sua grande virtude. Deputado Federal José Eduardo Cardozo Professor da PUC/SP e relator do PL do Processo Eletrônico. 4 N.A. Como na apresentação da Prof.ª Dr.ª Ada Pellegrini Grinover, o prefácio do Dep. José Eduardo Cardozo teve como base a obra TGP Eletrônico, ampliado, agora, com uma obra mais completa, sem desnaturar a Teoria Geral do Processo. ABREVIATURAS AgReg Agravo Regimental AJUFE Associação dos Juízes Federais CCITT Commité Consultatif International de Telegraphique et Telephonique (International Consultative Committee on Telecommunications and Telegraphy) CLT Consolidação das Leis do Trabalho CNPJ Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e de Pesquisa CPC Código de Processo Civil CPF Cadastro de Pessoas Físicas CPP Código de ProcessoPenal ERESP Embargos de Divergência em Recurso Especial INSS Instituto Nacional de Seguridade Social MP Medida Provisória OAB Ordem dos Advogados do Brasil OMPI Organização Mundial de Propriedade Intelectual ONU Organização das Nações Unidas PGE Procuradoria-Geral do Estado PL Projeto de Lei PLS Projeto de Lei do Senado SMS Short Message Service (mensagens instantâneas e pequenas) SSL Secure Socket Layer (protocolo desenvolvido para elevar a segurança dos dados transmitidos pela Internet) STF Supremo Tribunal Federal STJ Superior Tribunal de Justiça TRF Tribunal Regional Federal TJRJ Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro TERMOS TÉCNICOS AC Autoridade Certificadora Autoridade Certificadora Entidade idônea autorizada a emitir, renovar e cancelar certificados digitais. É responsável pela administração das chaves públicas.5 Bit A menor unidade de medida de armazenamento de dados informatizados. BLOG (ou WEB BOG) [Ing. Acrôn. Web (Teia) + log (Registro)] Serviço desenvolvido pelo norte-americano Evan Williams, proprietário da Pyra Labs. Baseia-se num software chamado blogger, que permite transformar um site num diário digital, para o registro de relatos do cotidiano de seu proprietário. Essa modalidade de website caiu rapidamente no gosto dos usuários da Internet, devido, principalmente, à sua facilidade de criação e atualização de seu conteúdo, mesmo para quem não domina a linguagem HTML. Por conta desse sucesso, está se transformando num canal de expressão individual na Web, deixando de ser usado apenas como um diário, para oferecer conteúdos especializados nos mais diversos assuntos. O mesmo que blog.6 Byte Um conjunto de 8 bits. Cracker Indivíduo que tenta acessar computadores ou sistemas, sem autorização, de forma ilegal e normalmente prejudicial. Criptografia [Gr. Kryptos = oculto; graphe = escrita] (Escrita oculta). Sistema de codificação e decodificação de dados bits, por meio de algoritmos matemáticos, usado com objetivo de garantir o sigilo do registro de informações pessoais e financeiras na Internet.7 Download Transferência de dados, usualmente entre o servidor e o computador pessoal. E-mail Serviço de correio eletrônico, utilizado na Internet. Electronic Mail. Extranet Rede corporativa baseada nos protocolos da Internet e no sistema público de telecomunicações para transferência de dados, de modo seguro, entre uma empresa e suas filais ou seus clientes, com a finalidade de estabelecer transações comerciais.8 FAX (ou fac-símile) Aparelho utilizado para envio ponto-a-ponto, através de impulsos elétricos e/ou eletromagnéticos, para transmissão de documentos. Gigabyte [De Giga + byte]. Múltiplo do byte igual a 230 ou 1.073.741.824 bytes. Com frequência, é usado como equivalente a um bilhão de bytes. Simb. GB.9 Hacker Os hackers utilizam o seu conhecimento para melhorar softwares de forma legal e são, geralmente, confundidos com os crackers. Eventualmente, utilizam os conhecimentos em informática para violarem sistemas ou exercerem outras atividades ilegais. HASH Um hash é uma sequência de letras ou números geradas por um algoritmo de hashing. Essa sequência busca identificar um arquivo ou informação unicamente. Por exemplo, um e- mail, uma senha, uma chave ou mesmo um arquivo. Ele é um método para transformar dados de tal forma que o resultado seja (quase) exclusivo. Além disso, funções usadas em criptografia garantem que não é possível a partir de um valor de hash retornar à informação original.10 ICP-Brasil É um conjunto de técnicas, práticas e procedimentos, a ser implementado pelas organizações governamentais e privadas brasileiras com o objetivo de estabelecer os fundamentos técnicos e metodológicos de um sistema de certificação digital baseado em chave pública.11 Internet O mesmo que rede mundial de computadores. Intranet Sistema de acesso interno, através de redes. Pode haver acesso remoto, ou seja, adotando-se nome de usuário e senha, é possível acessar o conteúdo da rede sem que haja necessidade de estar presente no local. Em termos mais simples, uma Internet privada. Lammer Forma pejorativa, no jargão dos hackers, para designar o indivíduo que se passa por hacker, sem, no entanto, possuir qualquer conhecimento mais profundo de Informática. Link Conexões entre informações. Login Nome de acesso. Processo para identificação de um usuário em um sistema. Logout Processo de desconexão de um sistema on-line. Mainframes Designação dada aos antigos computadores de grandes porte e desempenho. MP3 Extensão de arquivo. Trata-se de arquivo de som (voz, música etc.) Plataforma Lattes Sistema de coleta de dados de pesquisas do CNPq. Portal O mesmo que um sítio na Internet. Ex.: Portal do Tribunal de Justiça. Provedor Empresa ou organização que oferece conexão e serviços Internet. Robôs 1. Máquina, autômato de aspecto humano, capaz de se movimentar e de agir; 2. Mecanismo comandado por controle automático.12 Scanner Hardware utilizado para cópia digital de imagens. Servidor Programa que é executado normalmente nos “hosts”13 e que recebe e envia dados solicitados por programas “clientes”. Sítios (ou sites) Conjunto das páginas e informações de uma empresa ou pessoa na Internet, associado a um nó da rede. Endereço de um servidor na rede Internet. SMS Short message service – “torpedos”. Serviço de mensagem curta. Software Programa de computador. Software livre Programa de computador com código-fonte aberto. Não confundir com programa de computador gratuito. SPAM Spam é o termo usado para se referir aos e-mails não solicitados, que geralmente são enviados para um grande número de pessoas. Quando o conteúdo é exclusivamente comercial, este tipo de mensagem também é referenciada como UCE (do inglês Unsolicited Commercial E-mail).14 Terabyte Equivale a 1.024 GB (1TB). Analogamente a uma unidade de medida, o byte e seus múltiplos operam como quantificadores de uma massa de dados em um computador ou sistema computacional. O tebibyte é o correspondente binário do terabyte, representando a quantidade de 999.501.334.220.456 bytes ou 930 gibibytes.15 Vide, posteriormente a este glossário, tabela fornecida pela Wikipédia. Upload Transferência de arquivos do computador pessoal para um servidor de rede. WMA Vide MP3. Múltiplos do byte Prefixo binário (IEC) Prefixo do SI Nome Símbolo Múltiplo Nome Símbolo Múltiplo byte B 20 byte B 100 kibibyte (quilobyte) KiB 210 Kilobyte kB 103 mebibyte (megabyte) MiB 220 megabyte MB 106 gibibyte (gigabyte) GiB 230 gigabyte GB 109 tebibyte (terabyte) TiB 240 terabyte TB 1012 pebibyte (petabyte) PiB 250 petabyte PB 1015 exbibyte (exabyte) EiB 260 exabyte EB 1018 zebibyte (zettabyte) ZiB 270 zettabyte ZB 1021 yobibyte (yottabyte) YiB 280 yottabyte YB 1024 5 Obtido por meio eletrônico. Disponível em: <http://www.lcobol.com.br>. 6 Idem. 7 Ibidem. 8 Ibidem. 9 Ibidem. 10 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Hash>. 11 Idem. Disponível em: <http://www.icpbrasil.gov.br/>. 12 Dicionário Eletrônico Houaiss, versão 2009.3. 13 Computador ligado a uma rede ou à Internet, acessível por conexões que permitem o acesso de “clientes” a informações. 14 Disponível em: <http://cartilha.cert.br/spam/sec1.html#sec1>. 15 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Terabyte>. PARTE I I. Sociedade, Sociedade da Informação e Direito I.1. Existe Sociedade sem Estado? I.1.1. A Ideia de Sociedade e aSociedade da Informação I.1.2. A Quebra das Barreiras Geofísicas sem Guerra – A Verdadeira Quebra de Paradigma e a Necessidade de Enfrentamento pelo Direito. Uma Nova Sociedade da Informação I.2. A Possibilidade de Inefi cácia das Decisões Judiciais diante do Direito Material I.3. A Função do Direito Processual e o Acesso à Justiça – Uma Visão diante da Concretização do Processo Eletrônico I.3.1. A Terceira Onda de Cappelletti e o Acesso à Justiça através do Processo Eletrônico I.4. O Processo Eletrônico como Forma de Solucionar Confl itos da Era Eletrônica II. O Direito e as Novas Tecnologias II.1. A Adoção de Meios Eletrônicos no Brasil II.1.1. Breve Retrospectiva no Processo Civil II.1.2. Breve Retrospectiva no Processo Penal II.1.3. Breve Retrospectiva no Processo do Trabalho II.1.4. Breve Retrospectiva no Processo Administrativo III. Poder – Intervenção Estatal – Jurisdição III.1. A Ideia de Poder III.2. A Intervenção Estatal IV. Direito Material Eletrônico e Direito Processual IV.1. Defi nição de Direito Eletrônico IV.1.1. Direito da Informática ou Direito Eletrônico? IV.1.2. A Emenda Constitucional 45/2004 e o Direito Eletrônico IV.2. O Direito Processual V. Jurisdição V.1. Uma Nova Sistematização da Jurisdição V.1.1. Justificando a Ideia de uma Nova Jurisdição V.2. Princípios Inerentes à Jurisdição – Aplicação ao Processo Eletrônico V.2.1. Princípio da Investidura V.2.2. Princípio da Aderência ao Território V.2.3. Princípio da Indelegabilidade V.2.4. Princípio da Inevitabilidade V.2.5. Princípio da Inafastabilidade V.2.6. Princípio do Juiz Natural V.2.7. Princípio da Inércia Judicante V.3. Outros Princípios Processuais V.3.1. Princípio do Devido Processo Legal V.3.2. Princípio da Imparcialidade do Juiz V.3.3. Princípio da Igualdade V.3.4. Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa V.3.5. Princípio da Ação V.3.6. Princípios da Disponibilidade e Indisponibilidade V.3.7. Princípios do Dispositivo e da Livre Investigação das Provas V.3.7.1. Ressalva ao Princípio – Necessidade de Aprofundamento na Prova. Direito Processual Penal V.3.8. Princípio da Oralidade – Sua Posição no Processo Eletrônico V.3.9. Princípio da Motivação das Decisões Judiciais V.3.10. Princípio da Publicidade. Necessidade de Relativização V.3.11. Princípio da Lealdade Processual V.3.12. Princípios da Instrumentalidade e da Economia Processual – Visão Geral sobre o Processo Eletrônico V.3.13. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição VI. Competência VI.1. Competência Absoluta e Relativa. Algumas Considerações VI.1.1. Competência de Foro VI.1.2. Competência de Juízo VI.1.3. Proposta de Lege Ferenda VII. Ação – Processo – Lide VII.1. Conceito de Ação VII.1.1. Consideração Importante acerca do Processo Eletrônico VII.2. Condições da Ação VII.2.1. Possibilidade Jurídica do Pedido VII.2.2. Interesse de Agir VII.2.3. Legitimidade Ad Causam VIII. Processo e Procedimento VIII.1. As Infl uências no Processo Eletrônico VIII.2. O Procedimento Eletrônico VIII.3. Os Tipos de Processo VIII.3.1. O Processo de Conhecimento e o Procedimento Eletrônico VIII.3.2. O Processo Cautelar e o Procedimento Eletrônico VIII.3.3. O Processo de Execução e o Procedimento Eletrônico IX. Pressupostos Processuais – Mais Um? IX.1. Pressupostos Processuais de Existência IX.2. Pressupostos Processuais de Validade IX.3. Pressupostos Negativos X. Atos Processuais e Princípio da Instrumentalidade. A Teoria da Deformalização Defendida por Cândido Rangel Dinamarco e o Processo Eletrônico X.1. Atos Processuais. Conceito X.1.1. Atos Judiciais X.1.2. Atos dos Auxiliares da Justiça X.1.3. Atos das Partes X.2. Deformalização do Processo. A Posição do Prof. Cândido Rangel Dinamarco X.3. A Informatização Judicial no PLS 166/2010 e os Atos Processuais X.4. Uma Nova Concepção acerca da Natureza Jurídica dos Atos Processuais XI. Assinatura Digital. Um Importante Elemento no Processo Eletrônico. E uma Polêmica PARTE II XII. A Inserção do Processo Eletrônico XII.1. O Projeto de Lei do Processo Eletrônico XII.2. Da Informatização do Processo Judicial XII.2.1. O Uso dos Meios Eletrônicos XII.2.1.1. Art. 1º XII.3. Documento Eletrônico e Ato Processual XII.4. Aplicação ao Processo Civil, do Trabalho e Penal XII.4.1. Definições Legais XII.4.2. A Transmissão Eletrônica XII.4.3. Art. 2º XIII. Os Atos e os Prazos Processuais XIII.1. Art. 3º XIII.2. O Desperdício Legislativo e a Possibilidade de Redução dos Prazos da Fazenda XIII.3. Para uma Idealização dos Atos Processuais por Meios Eletrônicos XIII.3.1. As Nulidades no Processo Eletrônico XIII.3.2. A Privacidade do Cidadão diante do Processo Eletrônico XIV. Comunicação dos Atos Processuais XIV.1. Art. 4º XIV.2. A Intimação das Partes e a Incoerência do Texto Legal XIV.2.1. Art. 5º XIV.2.2. As Formas de Comunicação dos Atos no Processo Eletrônico XIV.3. Arts. 5º a 7º XIV.3.1. As Intimações no Processo Eletrônico XIV.4. As Citações no Processo Eletrônico XV. As Cartas por Meio Eletrônico XV.1. As Precatórias por Meio Eletrônico XV.1.1. Uma Ideia para o Modus Operandi das Precatórias On-Line XVI. O Processo Eletrônico XVI.1. Arts. 8º a 13 XVI.2. Comunicação dos Atos Processuais – Repetição do Capítulo II da Lei do Processo Eletrônico. A Intervenção de Terceiros não Prevista XVI.3. A Insegurança dos Sistemas de Informação em Rede. Novamente a Questão da Citação XVI.4. Distribuição, Digitalização de Documentos e Conservação dos Autos XVI.5. Documentação Eletrônica, Armazenamento de Dados e Segredo de Justiça XVI.6. Art. 11 XVI.7. Art. 12 XVI.7.1. A Redação do § 2º e a Confusão Desdobrada no § 3º XVI.8. O Art. 13 XVII. A Parte Final da Lei – Disposições Finais XVII.1. Art. 14 XVII.2. Art. 15 XVII.3. Art. 16 XVII.4. Art. 17 (Vetado) XVII.5. Art. 18 XVII.6. Art. 19 XVII.7. Art. 20 XVII.8. Art. 21 (Vetado) XVII.9. Art. 22 – Vacatio Legis PARTE III XVIII. As Reformas do CPC – Processo de Execução e os Meios Eletrônicos. O PLS 166/2010 (ou Novo CPC) XVIII.1. Art. 655-A – CPC – Requisição de Informações de Ativos XVIII.2. Art. 659 – CPC – Penhora e Averbação por Meio Eletrônico XVIII.3. Art. 685-C – CPC – Alienação por Iniciativa do Credor XVIII.4. Art. 687 – CPC – Comunicações por Meios Eletrônicos XVIII.5. Art. 689-A – CPC – Os Procedimentos dos Arts. 686 e 689 XVIII.6. O PLS 166/2010 – O Novo CPC XIX. As Regulamentações do CNJ e do TST XX. O Monitoramento Eletrônico dos Presos: Uma Análise do Sistema Pátrio e do Sistema Português. Propostas para uma Regulamentação do Monitoramento Eletrônico dos Presos XX.1. O Monitoramento Eletrônico como Forma de se Integrar às Regras Mínimas da ONU. Debate sobre a Transferência de Responsabilidade do Estado para a Família XX.2. O Sistema Português como Forma de uma Política de Monitoramento. Análise do Direito Comparado XX.3. Violência Doméstica e Monitoramento Eletrônico de Presos. Prática Adotada em Portugal e Esperança de Adoção no Brasil XXI. A Postura da Ordem dos Advogados do Brasil Contra a Informatização Judicial XXI.1. As Adis XXII. O Processo Eletrônico não Desumaniza a Relação XXII.1. Humano, Demasiadamente Eletrônico. Eletrônico, Demasiadamente Humano XXII.2. A Humanização através dos Meios Cibernéticos. Necessidade de Conscientização XXII.3. Efetividade do Processo através dos Canais Informáticos. Ampliação da Humanização do Processo XXII.4. Por uma Política Internacional de Conscientização XXII.5. Conclusões Considerações Finais Posfácio Bibliografia ADENDO Adendo I – Decisão Proferida em Sede de Habeas Corpus Adendo II – Sítio de Editor que Viola Decisão do Supremo Tribunal Federal e Comercializa Obras com Conteúdos Racista e Antissemita II.1. Relação de Livros Vendidos, ainda que Proibidos Adendo III – Pacto Republicano em Favor de um Judiciário mais Rápido e Republicano III.1. Implementação da Reforma Constitucionaldo Judiciário III.2. Reforma do Sistema Recursal e dos Procedimentos III.3. Defensoria Pública e Acesso à Justiça III.4. Juizados Especiais e Justiça Itinerante III.5. Execução Fiscal III.6. Precatórios III.7. Graves Violações contra Direitos Humanos III.8. Informatização III.9. Produção de Dados e Indicadores Estatísticos III.10. Coerência entre a Atuação Administrativa e as Orientações Jurisprudenciais já Pacifi cadas III.11. Incentivo à Aplicação das Penas Alternativas Adendo IV – Íntegra da Decisão Proferida em Sede de Mandado de Segurança – Determinação de Utilização do E-Proc– TRF da 4ª Região Adendo V – Termo de Ajustamento de Conduta Adendo VI – Partes do E-mail do Juiz Sérgio Tejada Adendo VII – Primer Congreso Judicial: “POR UNA PROPUESTA DE JUSTICIA PARA EL SIGLO XXI” Introdución I. El Exhorto por Medio Electrónico II. La Necessidad de Seguridad y Firma Digital Avanzada y una Defi nición del Documento Electrónico III. Una Propuesta para una Política Efi caz en el Mercosur IV. Conclusiones y Recomendaciones Referencia Bibliográfica Adendo VIII – Propostas para uma Execução por Meio Eletrônico TEXTOS Texto I – Visita ao Brasil de Leandro Despouy, Relator Especial da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre a Independência dos Juízes e Advogados I.1. Agradecimentos e Dados Gerais sobre a Visita I.2. Aspectos Gerais e Especifi cidades Regionais I.3. A Reforma I.4. Experiências Positivas I.5. Recomendações Texto II – Mensagens Trocadas entre os Professores Fernando Galindo, José Carlos de Araújo Almeida Filho e o Juiz Rômulo de Araújo Mendes Texto III – O Estado como Superparte no Processo III.1. Introdução III.2. O Estado e o Conceito de Estado Democrático de Direito a partir de um Princípio Iluminista III.2.1. O Estado Medieval III.2.2. O Poder nas Mãos do Soberano III.2.3. As Corporações de Ofício III.2.4. Críticas ao Corporativismo III.3. O Princípio da Isonomia III.3.1. A Necessidade dos Desiguais III.3.2. O Estado é Desigual III.4. O Estado como Superparte no Processo Civil III.4.1. O Processo Civil Constitucional III.4.2. O Princípio da Igualdade em Matéria Processual III.4.3. A Posição do Supremo Tribunal Federal III.4.4. Os Juizados Especiais Federais e a Inexistência da Norma Protetiva Concedida ao Estado III.5. Conclusão III.6. Bibliografi a JURISPRUDÊNCIA Decisão do STJ – Publicidade de Atos na Internet Furto e Internet – Competência Pedofilia. Competência Competência. Internet. Banco do Brasil. Justiça Estadual Competência. Marca. INPI Código de Defesa do Consumidor. Alegação de Hipossuficiência Conflito de Competência. Local do Crime. E-mail Sabotagem Informática Interrogatório On-line PARECER Parecer sobre Intimação Eletrônica I. Considerações Preliminares I.1. O Sistema Eletrônico I.2. Os Juizados Especiais Federais I.3. Meios Eletrônicos nos Juizados Especiais I.4. O Princípio da Instrumentalidade do Processo II. Mérito do Estudo II.1. Citações/Intimações Eletrônicas nos Juizados Especiais Federais II.2. Substituição do Livro de Sentença por Arquivo em Meio Eletrônico III. Anexo III.1. Estrutura III.2. Procedimentos IV. Dos Livros Cartorários Nota da Editora: o Acordo Ortográfico foi aplicado integralmente nesta obra. SOCIEDADE, SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DIREITO I.1. EXISTE SOCIEDADE SEM ESTADO? A questão central que move toda uma nova concepção de sociedade, ainda que admitida como sociedade da informação tecnológica, e que servirá de base para nosso estudo, nos parece distante de soluções. A ideia de Estado se encontra fortemente marcada há séculos e os teóricos do direito não conseguem, ainda, dissociar o conceito de sociedade do Estado. Para que se conceba Estado, e, por conseguinte, sociedade, necessitamos de território, nação e povo. O Direito Processual possui como seu fim a pacificação da sociedade, através da aplicação do direito ao caso em concreto (jurisdição). Mas estamos vivenciando uma nova fase que nos perturba profundamente: a ideia de uma sociedade, devidamente hierarquizada, mas sem as características de nação e território. Temos povo, se admitirmos pessoas unidas em torno de algo em comum, mas não temos nação e soberania. Estamos no território virtual, com quebras de barreiras geofísicas (através da informática) e comunicações velozes, quase que imediatas. Um território sem ideia de poder central, mas com hierarquia em sua estrutura que, estranhamente, foi aceita pelo mundo inteiro. Trata-se do poder geral da Internet, ou ICANN.1 Pierre Lèvy,2 no ano de 1998, pretendendo criar em uma de suas obras uma cultura para o século XXI, afirmava que: O mais alto grau do tempo real concerne às organizações. Ateliês flexíveis aos groupwares, as redes digitais permitem, de pouco tempo para cá, uma relativa desmaterialização das estruturas organizacionais. Última desterritorialização: os organogramas, os procedimentos de produção, as arquiteturas administrativas são transferidos para os softwares e, assim, mobilizados flexibilizados. A empresa virtual adapta-se em tempo real às transformações do mercado. Aproximamo-nos aqui das paragens do Espaço do saber. Mas não o atingiremos acelerando mais ainda. É preciso que um salto qualitativo. Outras velocidades, outras intensidades animam os intelectuais coletivos. A ICANN, por sua vez, proporciona esta desmaterialização e desterritorialização preconizada por Lèvy e promove parcerias com governos de todo o mundo a fim de controlar a rede mundial de computadores – através de tratados –, estando fortemente hierarquizada e com poder de controle sobre todos os domínios existentes no mundo:3 Dentro da estrutura da ICANN, governos e organizações de tratados internacionais trabalham em parcerias com empresas, entidades e indivíduos altamente qualificados, envolvidos no desenvolvimento e manutenção da Internet global. A inovação e o crescimento contínuos da Internet criam novos desafios para a manutenção da estabilidade. Nesse trabalho conjunto, os participantes da ICANN lidam com as questões diretamente ligadas à missão de coordenação técnica da ICANN. Fiel ao princípio de total autorregulamentação em uma economia de alta tecnologia, a ICANN é, talvez, o exemplo máximo de trabalho em equipe, dado pelos vários membros da comunidade que compõe a Internet. A ICANN é administrada por uma diretoria internacional diversificada, que supervisiona o processo de desenvolvimento de políticas. O presidente da ICANN administra uma equipe internacional que opera de três continentes, garantindo que a ICANN cumpra seu compromisso operacional com a comunidade da Internet. Projetado para atender às exigências das tecnologias e economias em constante mudança, esse processo de desenvolvimento de políticas, flexível e de implementação imediata, é ditado pelas três organizações de suporte (Supporting Organizations). Os comitês consultivos (Advisory Committees) de organizações de usuários individuais e comunidades técnicas colaboram com as organizações de suporte para criar políticas adequadas e eficazes. Mais de oitenta governos prestam à Diretoria um serviço constante de assessoria, através do Comitê Consultivo Governamental (Governmental Advisory Committee). Enfrentamos, diante desta concepção, uma questão entre legalidade e legitimidade. Se por um lado temos uma estrutura mundial, com hierarquia, governabilidade (no sentido lato) e ideias afins, admitimos que possuíssem uma legitimidade. Mas poderíamos adotar o pensamento de haver legalidade neste sistema? A ideia de legitimidade se apresenta patente diante da aceitação geral por parte dos usuários da Internet, mas não admitimos que houvesse legalidade no procedimento, se analisarmos a questão pela concepção
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