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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNDB 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
KANANDA SARA SANTOS AZEVEDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
AUDIÊNCIAS VIRTUAIS: benfeitoras ou vilãs na eficácia do acesso à justiça frente à 
informatização do sistema judiciário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Luís 
2020 
 
KANANDA SARA SANTOS AZEVEDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AUDIÊNCIAS VIRTUAIS: benfeitoras ou vilãs na eficácia do acesso à justiça frente à 
informatização do sistema judiciário 
 
Projeto de Monografia apresentado ao Curso de 
Graduação em Direito do Centro Universitário UNDB 
como requisito parcial para aprovação. 
 
Orientador:Prof.Me. José Murilo Duailibe Salém Neto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Luís 
2020 
 
SUMÁRIO 
 
1 IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO ............................................................................... 3 
1.1 Audiências virtuais .......................................................................................................... 3 
1.2 Audiências virtuais: benfeitoras ou vilãs na eficácia do acesso à justiça frente à 
informatização do sistema judiciário ........................................................................... 3 
2 CONSTRUÇÃO DO PROBLEMA ............................................................................... 4 
2.1 Hipóteses .......................................................................................................................... 5 
3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 7 
4 OBJETIVOS .................................................................................................................... 8 
4.1 Geral ................................................................................................................................. 8 
4.2 Específicos ........................................................................................................................ 8 
5 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 9 
5.1 A diferença entre a estruturação das audiências judiciais em tempos anteriores à 
pandemia da COVID 19 frente ao modelo temporário encontrado pelo judiciário 9 
5.2 Os benefícios que o formato de audiência virtual pode oferecer para o judiciário 11 
5.3 Os malefícios advindos das audiencias virtuais e suas impicações no acesso a justiça
 ........................................................................................................................................ 12 
6 METODOLOGIA ......................................................................................................... 14 
7 CRONOGRAMA .......................................................................................................... 15 
 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO 
 
Aluna: Kananda Sara Santos Azevedo 
E-mail: knandasara@hotmail.com 
Telefone: (98) 98199192-9214 
Orientador: Prof.Me. José Murilo Duailibe Salém Neto 
 
1.1 Tema 
 
Audiências Virtuais 
 
1.2 Delimitação do tema 
 
Audiências virtuais: benfeitoras ou vilãs na eficácia do acesso à justiça frente à 
informatização do sistema judiciário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 CONSTRUÇÃO DO PROBLEMA 
 
O processo civil ao longo do tempo traz mudanças e inovações no seu modo de 
funcionamento. Com sua progressão para uma atual instrumentalidade, faz-se impetuoso 
destacar as audiências como ato indispensável na colheita de provas orais e nos esclarecimentos 
dos peritos e assistentes técnicos, sendo este o momento em que o juiz colhe provas e ouve 
pessoalmente as partes para que resolva o processo. 
Dessa maneira, é importante trazer a audiência como fruto de uma evolução que 
traz o princípio da cooperação entre agentes, bem como o princípio da oralidade proveniente 
do caráter dialógico das audiências (GOUVEIA, 2015). Posto isso, vale destacar que a 
audiência tem um importante papel nas resoluções dos processos, tendo em vista que dá ao 
julgador a possibilidade de ouvir as partes e tirar suas conclusões a respeito do litígio. 
A virtualização do processo como um todo não é novidade no Brasil, que aos 
poucos progride sua funcionalidade junto com a tecnologia. Exemplo disso está na 
implementação dos processos judiciais eletrônicos, que antes se davam somente no formato 
físico, acumulando alto número de papeis e demandando certo nível de organização. 
O atual cenário em que o mundo todo se encontra, com a pandemia da Sars-Cov-2, 
a virtualização do processo foi o responsável pelo impedimento do colapso do Poder Judiciário 
no Brasil. As audiências virtuais passaram a ser uma saída para que não ocorresse a total 
paralisação do judiciário, que acarretaria em uma maior morosidade e acúmulo de processos. 
Dessa maneira, as audiências virtuais passaram a ser vistas por muitos como a solução para este 
problema. Entretanto, com a progressiva implantação da mesma, alguns problemas foram sendo 
visualizados no que diz respeito à formalidade do processo civil, além de trazer implicações no 
que tange ao acesso à justiça, o qual pressupõe um efetivo e democrático Sistema de 
Justiça(CORREIA; ALMEIDA, 2012). 
Partindo desse pressuposto, é necessário analisar a importância e a funcionalidade 
das audiências virtuais, uma vez que ao mesmo tempo em que traz benefícios para o momento 
em que o mundo se encontra como celeridade ao processo, trazendo uma redução de custos, 
pode trazer também adversidades na aplicação formal do processo, como implicações na 
garantia de acesso à justiça, uma vez que este se trata de um dos direitos humanos, estando 
disposto no art. 5º, inciso XXXV da Carta Magna de 1988 (AMARAL, 2008). 
Dessa maneira, é necessário atentar-se ao fato de que medidas devem ser tomadas 
para que o judiciário não sofra um afogamento de demandas, mas também é preciso prezar por 
aqueles que apresentam dificuldades no que diz respeito ao acesso a internet para que não 
5 
 
tenham seus direitos violados, ao contrário, tenham a garantia do direito ao acesso à justiça. 
Portanto, se faz necessária a seguinte indagação: a utilização de audiências virtuais pode servir 
como solução para o sistema judiciário em tempos de pandemia, se mostrando eficaz no direito 
de acesso à justiça? 
 
Questão secundária 1: Há diferença entre a estruturação das audiências judiciais 
anteriores à pandemia da Sars-Cov-2 em relação ao modelo temporário encontrado pelo 
judiciário? 
Questão secundária 2: Quais são os benefícios que as audiências virtuais trazem 
para o sistema judicial? 
Questão secundária 3: Os malefícios advindos das audiências virtuais impactam o 
acesso à justiça? 
 
2.1 Hipóteses 
 
Hipótese central: Não, pois apesar de aparentar uma solução para as disfunções 
trazidas pela pandemia da Sars-Cov-2, a sua utilização beneficia somente àqueles que podem 
ter acesso à uma audiência virtual, implicando em malefícios e dificuldades para aqueles que 
não possuem essa possibilidade devido a diversas questões, como aqueles que desfrutam da 
gratuidade de justiça e não possuem internet, implicando em um processo injusto que não visa 
a todos de forma igualitária. 
No mais, impetuoso destacar que o direito de acesso a justiça está vislumbrado em 
nossa Constituição Federal como um direito humano, o qual tenta trazer a igualdade à todos no 
que tange ao acesso à justiça, tendo em vista que ninguém poderá ser privado de acessá-la, 
sendo lesado de seu direito constitucional. 
Hipótese secundária 1: O CPC de 2015 trouxe diversas inovações no processo civil, 
como a ênfase na conciliação. Ocorre que em relação a instrumentalidade e formalidade do 
processo sempre foi mantida,inclusive pelo fato de considerar o ambiente que seria tido como 
“normal” para funcionamento do judiciário. No entanto, momentos incomuns não podem ser 
completamente previstos, e por isso se faz importante a exploração acerca da funcionalidade do 
processo civil para que reste demonstrado as peculiaridades vivenciadas no momento atual. 
Hipótese secundária 2: É inegável que as audiências virtuais se mostraram como 
uma grande saída para que o judiciário não entrasse em colapso, considerando a grande 
demanda já existente que implica em certa morosidade do sistema como um todo. Dessa forma, 
6 
 
essa modalidade de audiência se mostrou como uma saída para tornar o processo mais célere, 
vez que dispensa as formalidades que devem ser obedecidas nas audiências presenciais comuns, 
além de trazer uma grande redução de custos à máquina judiciária. 
Hipótese secundária 3: Sim, pois o direito do acesso a justiça, como direito humano, 
deve ser inerente e ser garantido a todos de forma igualitária. Ao falar de audiências virtuais, 
se pressupõe a existência de acesso a internet entre as partes, para que assim possam participar 
da mesma. No entanto, ao fazer isso, o judiciário deixa de lado àquelas pessoas que não têm 
meios para acessar a internet, e que por isso não serão assistidas com essa modalidade de 
audiência. E este é apenas um dos problemas observados ao longo de sua aplicação, pois há 
outros problemas antes impensáveis que surgiram com a prática da audiência virtual, como as 
fraudes nas provas testemunhais. Assim, o acesso à justiça de forma justa fica demasiadamente 
comprometido. 
 
 
 
7 
 
3 JUSTIFICATIVA 
 
A matéria abordada vem com a finalidade de explorar as implicações trazidas pela 
virtualização do processo civil, com ênfase nas audiências virtuais que se mostraram como 
importantes ferramentas a serem utilizadas em um momento em que o mundo parou devido a 
pandemia da COVID 19. A pesquisa trata de um aprofundamento nessa temática, tendo em 
vista a urgente necessidade de adaptação do judiciário frente a um momento único, em que não 
representa a normalidade antes vivida. 
O objeto desse estudo, portanto, se mostra de grande importância uma vez que 
incide na vida de várias pessoas que tenham ingressado no judiciário, e veem nele uma forma 
de resolução de seus conflitos. Mais ainda, àqueles que se viram beneficiados ou prejudicados 
com a forma em que o judiciário encontrou para não paralisar totalmente suas atividades, uma 
vez que tal modalidade de audiência traz benefícios e malefícios a depender do ponto de vista. 
Além disso, é importante pontuar que o estudo acerca dessa temática se faz de 
grande importância no ramo do Direito, pois além de se tratar de um tema vivido na atualidade, 
é também algo que já vinha sendo aplicado antes da pandemia, e ainda, pode ser o caminho a 
ser seguido futuramente. 
Portanto, a escolha do objeto do estudo se deu pela importância de entender o 
momento em que o judiciário se encontra, bem como a forma em que se deu sua organização 
em uma ocasião ímpar, trazendo suas implicações na sociedade como um todo, e ainda, 
entender a perspectiva da informatização do judiciário visando o futuro, contribuindo assim 
para o âmbito acadêmico e social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4 OBJETIVOS 
 
4.1 Geral 
 
Analisar a utilização de audiências virtuais e suas implicações na eficácia do acesso 
à justiça em tempos de pandemia 
 
4.2 Específicos 
 
• Compreendera diferença entre a estruturação das audiências judiciais em tempos 
anteriores à pandemia da COVID 19 frente ao modelo temporário encontrado pelo judiciário 
• Analisar os benefícios que o formato de audiência virtual pode oferecer para o 
judiciário 
• Investigar os malefícios advindos das audiências virtuais e suas implicações no 
acesso à justiça 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
9 
 
 
O direito processual civil sempre sofreu mudanças durante o tempo, de acordo com 
as necessidades da sociedade. Inicialmente, temos um ambiente focado nos direitos individuais 
e, apesar de se passar um século do avanço científico do direito processual brasileiro, como 
expõe Edilton Meireles e Rodrigo Salazar (2017), continua forte a idéia dos litígios processuais 
estarem ligados ao “conceito de lide” e trazerem uma demarcação acerca dos interesses e dos 
sujeitos envolvidos na relação material do litígio. 
Acerca das fases metodológicas do processo civil, é importante destacar que se 
caracterizam uma fase inicial no período do sincretismo, em que não havia uma autonomia do 
direito processual, sendo a ação vista como o próprio direito subjetivo. Uma segunda fase, 
caracterizada por contribuições científicas do direito processual e uma busca por sua autonomia, 
que apesar de contribuir para os conhecimentos científicos do processo, não contribuiu 
efetivamente no funcionamento da justiça. Por fim, a terceira fase, que é a atual, traz inovações 
na visão do processo como um todo, passando a ser visto como instrumento ético que se destina 
a trabalhar para a sociedade e para o Estado (ISHIKAWA, 2001). 
Dessa maneira, o processo passa a ser visto pela óptica dos consumidores e não 
mais daqueles que atuam no serviço processual. Caracterizado ainda pela instrumentalidade, o 
processo civil traz a ética como ponto inerente para seu exercício (ISHIKAWA, 2001). E é 
através dessa instrumentalidade, que temos as audiências como principal meio de fazer jus ao 
princípio da oralidade, sendo este um ponto alto no que diz respeito à produção de provas e 
contato pessoal com o julgador. Por este motivo, se faz importante o estudo acerca dessa nova 
modalidade de audiências, quais sejam as virtuais, trazendo um aspecto histórico e suas 
implicações no momento atual. 
 
5.1 A diferença entre a estruturação das audiências judiciais em tempos anteriores à 
pandemia da COVID 19 frente ao modelo temporário encontrado pelo judiciário 
 
O Novo Código de Processo Civil trouxe diversas inovações no âmbito processual, 
observando a necessidade de maior acessibilidade do povo à justiça, possibilitando uma 
“resposta justa e tempestiva”, conforme as palavras do ilustre Ministro do Supremo Tribunal 
Federal e presidente da comissão encarregada da elaboração do Anteprojeto do NCPC Luiz Fux 
(2014). Dessa forma, como exemplo das mudanças advindas do novo código, podemos observar 
o enfrentamento à morosidade judicial, que se dava devido ao excesso de formalidades cobradas 
no procedimento. 
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Ocorre que em março de 2020, após uma crescente contaminação pelo vírus da 
Sars-Cov-2, a OMS declara a COVID-19 como pandemia. Frente a isso, há uma paralisação de 
atividades por todo o planeta, e não poderia ser diferente com a máquina do judiciário. Com o 
crescente aumento de casos pelo país, o Conselho Nacional de Justiça trouxe a Resolução nº313 
determinando a suspensão de prazos processuais em todo o Poder Judiciário até 30 de abril, em 
seguida a Resolução nº314 confirmando a retomada dos prazos para depois de tal data naqueles 
processos que contenham autos eletrônicos, mantendo a suspensão dos prazos de processos 
físicos (TALAMINI; AMARAL, 2020). 
Por conseguinte, vem a Lei do Regime Jurídico Emergencial e Transitório – RJET, 
suspendendo os atos normativos que não apresentam compatibilidade com o período ímpar 
causado pela pandemia da COVID-10. Tal lei traz em seu art. 5º a disposição de que toda 
assembleia geral poderá ser realizada por meios eletrônicos, ocorrendo manifestação dos 
participantes e produzindo todos os efeitos legais de uma assinatura presencial. Como aduz 
Pablo Gagliano e Carlos Oliveira (2020), este é um ato normativo de grande relevância, tendo 
em vista que traz em seu corpo a observância das medidas sanitárias ao passo que tira nulidade 
por ausência de “observância de requisito formal”, constantes nopregão e no ato presencial. 
Desse modo, é importante trazer o fato de que os atos cometidos em ambientes 
virtuais para fins de processo civil acabam por serem os principais espaços pro exercício da 
atividade jurisdicional, trazendo diversas adaptações para que a máquina judiciária continue 
funcionando (ALMEIRA; PINTO 2020). Com a pandemia, os profissionais que atuam no Poder 
Judiciário tiveram que se adaptar ao novo ambiente das audiências e dos plenários virtuais, que 
promovem uma maior segurança pois respeitam o isolamento social, o qual se considera a 
principal política pública para combater a contaminação do vírus. 
Portanto, se faz necessário um estudo mais aprofundado acerca dos impactos da 
pandemia do COVID-19 no que diz respeito à máquina judiciária. Observar as mudanças, e 
pontuar as adaptações que se fizeram necessárias em um momento tão delicado como esse. É 
preciso que a ciência jurídica observe o período e planeje o futuro do judiciário, de forma que 
este continue garantindo o acesso à justiça e exerça uma atividade categoricamente efetiva. 
 
 
5.2 Os benefícios que o formato de audiência virtual pode oferecer para o judiciário 
 
Com o advento da tecnologia e sua implementação em diversos ramos da sociedade, 
o cotidiano dos cidadãos se tornou mais simples de maneira geral. A informática é responsável 
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pela redução de custos, facilidade, qualidade e rapidez dos serviços utilizados nos tempos 
modernos, e não haveria de ser diferente no ramo do Poder Judiciário. O primeiro passo para 
isto se deu através da Lei nº 11.419/2006 o qual traz eu seu texto a informatização do processo 
judicial, sendo este o marco regulatório da utilização dos meios eletrônicos nos processos 
judiciais como um todo, trazendo a legitimação do processo judicial digital. 
No ano de 2009 o CNJ por meio de Resolução nº90/09 trouxe a determinação do 
uso de sistemas de gestão de processos judiciais digitais, bem como a virtualização de uma 
parte significativa dos processos que estavam em tramitação nos tribunais, com o fim de resultar 
em um processo mais célere e produtivo, além da redução de custos. É nessa linha de 
entendimento que podemos trazer a informatização do processo judicial como uma grande 
aliada no momento em que o país se encontra, como meio viável para a continuidade da 
prestação jurisdicional, trazendo as audiências virtuais como uma das saídas para que o 
judiciário não entre em colapso (ALMEIDA; PINTO, 2020). 
Dessa maneira, se faz importante a análise dos benefícios que cercam as audiências 
por videoconferência, tendo em vista que esta se apresenta como uma das formas de dá 
continuidade ao judiciário devido a sua praticidade, a sua celeridade, simplicidade, além de 
trazer uma considerável redução nas custas processuais. Além das videochamadas 
convencionais, há as plataformas de Streaming de vídeo em tempo real o qual pode se mostrar 
bastante útil nos procedimentos de arbitragem, pois conta com um recurso visual 
disponibilizado a um indivíduo que se apresenta como foco principal da comunicação, podendo 
ser bastante útil quando houverem pessoas jurídicas de diferentes países (TOURINHO; 
HIRSCH, 2019). 
É importante mencionar que esse modelo de audiência está de acordo com alguns 
princípios norteadores do direito, como o princípio da eficiência, o princípio da celeridade, a 
economicidade e a segurança pública, pois a vídeo conferencia possibilita a continuidade 
prestação do serviço judiciário à sociedade a do bem público em tempos como esse, vez que 
atende a ampla defesa no momento em que permite as partes, em tempo real, que sejam ouvidas 
e vistas em tempo real pelo julgador (ALMEIDA; PINTO, 2020). 
Além disso, pode-se trazer os princípios da imediação e o princípio da identidade 
física do juiz, o quais trazem ao réu a garantia de maior proveito no processo, trazendo o 
julgador mais próximo às partes e às provas, o que resulta na oralidade e celeridade processual. 
De acordo com Carranza (2018) tais princípios são aludidos nas audiências virtuais, tendo em 
vista que quem conduziu a instrução da produção de provas e trouxe o desenvolvimento do 
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processo é o próprio julgador que proferirá uma decisão, configurando os dois princípios mais 
importantes no que diz respeito às vantagens do interrogatório online. 
A exemplo ainda das vantagens trazidas por esse modelo de audiência, no âmbito 
geral e não somente as considerando em tempos de pandemia, nas palavras de Leticia Colovati 
e Renata Bussab (2018): 
É muito mais sensato admitir, por exemplo, que acordos sejamrealizados por 
meio de videoconferências, quando uma das partes não pode comparecer 
pessoalmente, do que simplesmente extinguir o processo, sem 
resolverefetivamenteo mérito, por conta de uma formalidade processual 
 
Dessa maneira, se faz importante um estudo dedicado a observar e analisar os 
benefícios que as audiências virtuais trouxeram e podem ainda trazer para o judiciário, 
observando seu papel em tempos de pandemia, e não somente isto, mas trazendo uma visão de 
futuro que tende a observar as evoluções nos processos judiciais, para que possamos entender, 
através da ciência jurídica, o futuro do Poder Judiciário brasileiro. 
 
5.3 Os malefícios advindos das audiências virtuais e suas implicações no acesso à 
justiça 
Como dito anteriormente, a internet é uma grande aliada no cotidiano das pessoas, 
trazendo facilidades e inovações, no entanto, ela traz seus aspectos positivos e negativos, se 
observarmos que a sociedade atual apresenta grandes diferenças no tocante às classes sociais 
(GOMES, 2019). Analisando a incrementação da internet no meio judiciário, e seu 
funcionamento através da informatização do processo, é possível observar que as grandes 
implicações no tocante aos princípios norteadores do direito. 
E é nesse sentido, que as audiências virtuais podem ser a solução para uns, mas um 
problema para outros. Mesmo antes da pandemia do COVID-19, a informatização do processo 
já era real, e as análises acerca dessa temática também. O processo judicial eletrônico além de 
trazer suas vantagens, criou a “exclusão digital”, pois no nosso país há uma grande desarmonia 
econômica e consequentemente tecnológica, ocasionando no fato de que quem não tiver acesso 
à internet não terá o direito de acesso à justiça efetivamente garantido (COSTA; 
BECKER;BECKER, 2014). 
Além disso, cabe aqui destacar as palavras de Cappelletti (2008) acerca do acesso 
à justiça, o qual traz os cidadãos como consumidores na relação com o Poder Judiciário, e por 
este motivo é que o Estado deve ser colocado como instrumento da utilização dos serviços 
prestados ao cidadão e suas necessidades, e não o contrário. Assim, é necessário resguardar a 
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igualdade processual que é garantida constitucionalmente, devendo ser projetada sobre suas 
regras, o que não é possível vislumbrar nas audiências virtuais, tendo em vista que a simples 
forma de acesso já é um fator que classifica os sujeitos que precisam do judiciário, uma vez que 
somente poderão ter acesso aqueles que têm computador e acesso à internet (IOCOHAMA, 
2010). 
Além disso, cabe citar o princípio do contraditório e da ampla defesa se 
questionarmos a forma em que estes princípios serão aplicados nas audiências, considerando, 
por exemplo, a necessidade de certificado digital não só dos advogados, mas também das partes 
(FILHO; PEREIRA; OLIVEIRA, 2017). Há ainda dificuldades técnicas apresentadas durante 
as audiências virtuais, como a queda no sinal que gera interrupções do raciocínio dos 
participantes e principalmente do julgador, bem como a possibilidade de fraudes nos 
depoimentos que podem já estarem prontos e seguirem uma forma de roteiro. 
Outro princípio possivelmente violado na utilização de audiências virtuais é o 
princípio da publicidade dos atos processuais, tendo em vista que os processos eletrônicos o 
acesso é limitadosomente às pessoas cadastradas, produzindo acidentalmente uma espécie de 
segredo de justiça, impedindo qualquer interessado de consultar o processo (IOCOHAMA, 
2010). 
Dessa maneira, observa-se a necessidade de aprofundamento na temática os 
malefícios advindos dessa modalidade de audiências, tendo em vista suas implicações em 
importantes princípios norteadores do processo jurídico, e a possível afetação a um direito 
fundamental, que é o direito ao acesso a justiça. É necessário que não deixemos desassistidos 
aqueles que são menos favorecidos, e que dependem do judiciário para resolução de suas 
demandas. 
 
 
 
 
6 METODOLOGIA 
 
A metodologia utilizada no presente estudo, em conformidade com a problemática 
trazida, é de pesquisa exploratória. A respeito da pesquisa, esta é tida como uma atividade que 
visa a investigação de problemáticas teóricas e práticas utilizando os processos científicos como 
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meio (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). É válido trazer ainda o entendimento de Antônio 
Gil (2002) acerca da pesquisa, o qual aduz que esta tem como objetivo o aperfeiçoamento e 
ampliação do conhecimento acerca de determinada matéria. Dessa maneira, o tipo de 
procedimento utilizado se caracteriza como pesquisa bibliográfica, com a finalidade de 
desenvolver a compreensão acerca de conceitos e problemáticas vinculadas ao questionamento 
principal deste estudo, analisando livros, publicações periódicas, artigos científicos, dentre 
outros impressos. O método utilizado na pesquisa é o dedutivo, tendo em vista que há uma 
problemática acerca de hipóteses, as quais são levantadas a partir de um problema, chegando, 
portanto, a uma solução ou conclusão. 
 
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7 CRONOGRAMA 
 
 
 
Pesquisa 
bibliográfica 
X X X X X 
Capítulo 2 X X 
Capítulo 3 X 
Levantamento 
de informações 
 X X 
Capítulo 4 X 
Capítulo 5 
(conclusão) 
 X 
Capítulo 1 
(introdução) 
 X 
Normalização X 
Encontros com 
orientador 
X X X X X 
Depósito da 
monografia 
 X 
Defesa da 
monografia 
 X 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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	AUDIÊNCIAS VIRTUAIS: benfeitoras ou vilãs na eficácia do acesso à justiça frente à informatização do sistema judiciário
	AUDIÊNCIAS VIRTUAIS: benfeitoras ou vilãs na eficácia do acesso à justiça frente à informatização do sistema judiciário
	5.3 Os malefícios advindos das audiencias virtuais e suas impicações no acesso a justiça 12
	1 IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
	1.2 Delimitação do tema
	2 CONSTRUÇÃO DO PROBLEMA
	2.1 Hipóteses
	3 JUSTIFICATIVA
	4 OBJETIVOS
	4.1 Geral
	4.2 Específicos
	5 REFERENCIAL TEÓRICO
	5.1 A diferença entre a estruturação das audiências judiciais em tempos anteriores à pandemia da COVID 19 frente ao modelo temporário encontrado pelo judiciário
	5.2 Os benefícios que o formato de audiência virtual pode oferecer para o judiciário
	6 METODOLOGIA
	7 CRONOGRAMA
	REFERÊNCIAS

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