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Teoria Literária II - A demando do santo graal x memórias de um sargento de milícias

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Prévia do material em texto

HIAGO MACHADO DIAS DA SILVA
LAILA CRISTINA PIRES LEÃO
MARIANA PIRES CHAVES
NATHALIA ALVES SILVA
RODRIGO CAMPOS TEIXEIRA
TEORIA LITERÁRIA II
ANÁSILE DAS OBRAS LITERÁRIAS:
MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS
E
A DEMANDA DO SANTO GRAAL
“Nenhum trabalho de qualidade pode ser feito sem concentração e auto-sacrifício, esforço e dúvida.”
Max Beerbohm
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS – CAMPUS MORRINHOS
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS - CÂMPUS MORRINHOS CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS – CAMPUS MORRINHOS
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS
2018
HIAGO MACHADO DIAS DA SILVA
LAILA CRISTINA PIRES LEÃO
MARIANA PIRES CHAVES
NATHALIA ALVES SILVA
RODRIGO CAMPOS TEIXEIRA
TEORIA LITERÁRIA II
ANÁSILE DAS OBRAS LITERÁRIAS:
MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS
E
A DEMANDA DO SANTO GRAAL
Trabalho apresentado à disciplina de Teoria Literária II, do Curso de Licenciatura em Letras da Universidade Estadual de Goiás – Câmpus Morrinhos, como requisito para obtenção de nota parcial referente ao 2º semestre de 2018, sob orientação da Prof.ª Esp.: Fabiana Aparecida Nunes de Toledo.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS – CAMPUS MORRINHOS
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS
 Introdução
 
O presente trabalho surge no âmbito da disciplina curricular de Teoria Literária II, ministrada pela Profª Esp.: Fabiana Aparecida Nunes de Toledo, e tem como intuito apresentar aspectos constituintes das duas obras literárias e analisar comparativamente as mesmas através de pesquisas, citações, trechos das obras e demais recursos necessários.
A primeira obra literária atribuída é “A Demanda do Santo Graal”, com organização de Heitor Megale.
Não se conhece o autor nem a data exata de publicação desta Demanda do Santo Graal. Das inúmeras versões surgidas na Idade Média, poucas chegaram a nós com dados mais concretos. O certo é que, de todas elas, a portuguesa é a que se manteve mais completa ao longo dos anos.
Defrontado com a decadência de seu reino, Artur reúne os cavaleiros da Távola Redonda e os incumbe de resgatar o Santo Graal, o cálice com que José de Arimatéia coletou o sangue de Cristo na cruz. Desaparecido há séculos, esse objeto sagrado pode devolver Camalote a seus dias de glória. Para recuperá-lo, Lancelote, Percival, Galaaz e os outros cavaleiros serão postos à prova e enfrentarão bestas selvagens, maldições ancestrais, duelos ferozes e tentações constantes. Imortalizada em filmes e livros, a Demanda que aqui se apresenta surpreende pelo frescor do texto original. Alternando o ponto de vista entre os cavaleiros que partem na missão, o livro oferece ainda um rico panorama da vida e dos costumes medievais.
A segunda obra literária atribuída é “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antônio de Almeida.
Memórias de um sargento de milícias ocupa um lugar muito especial entre os roman­ces brasileiros do século XIX. Escrito numa época em que a publicação de folhetins era sinônima de idealização romântica, Manuel Antônio de Almeida rompeu o ciclo de heróis e heroínas e suas aventuras amorosas para narrar o cotidiano das classes populares, suas desventuras e seu anti-herói por excelência: o malandro. 
Leonardo, seu protagonista, nada tem em comum com os heróis românticos da época. Desde muito cedo deu as costas para a vida acadêmica e religiosa para desfrutar do ócio. Não sofre remorsos nem dores de amor, e quando é feito sargento se identifica mais com a malandragem do que com as forças da ordem. 
Com sua narrativa centrada nos homens livres, mas despossuídos, do Brasil dos tempos de d. João VI, este romance pioneiro oferece um panorama cômico e precioso do modo de vida e da moralidade incrivelmente adaptável de um país ainda em construção.
 Sobre os autores
A Demanda do Santo Graal
Não se conhece o autor nem a data exata de publicação desta Demanda do Santo Graal. Das inúmeras versões surgidas na Idade Média, poucas chegaram a nós com dados mais concretos. O certo é que, de todas elas, a portuguesa é a que se manteve mais completa ao longo dos anos. Defrontado com a decadência de seu reino, Artur reúne os cavaleiros da Távola Redonda e os incumbe de resgatar o Santo Graal, o cálice com que José de Arimatéia coletou o sangue de Cristo na cruz.
Heitor Megale graduou-se em Letras pela Universidade de São Paulo (1968), publicou a edição modernizada da Demanda do Sato Graal, pela EDUSP-T.A. Queirós, defendeu doutorado em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (1980), tese publicada por T. A. Queirós Editor, com o título: "O jogo dos anteparos - A Demanda do Santo Graal: a estrutura ideológica e a construção da narrativa. A tese de livre-docência, " A Demanda do Santo Graal: das origens ao códice português" foi publicada em co-edição FAPESP-Ateliê. Professor titular da Universidade de São Paulo, com experiência na área de Língua e Lingüística Portuguesa, com ênfase em Crítica Textual, atua principalmente em filologia portuguesa, crítica textual, história da língua portuguesa, codicologia e paleografia e edição de documentos. Mentor da Série Diachronica, coordena a publicação de documentos manuscritos pesquisados no âmbito do Projeto Temático FAPESP, Filologia Bandeirante, que coordenou entre 1998 e 2004.
Memórias de um Sargento de Milícias
Manuel Antônio de Almeida, jornalista, cronista, romancista, crítico literário, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 17 de novembro de 1830, e faleceu no mar, diante de Macaé, RJ, em 28 de novembro de 1861. É o patrono da cadeira n. 28, por escolha do fundador Inglês de Sousa.
Era filho do tenente Antônio de Almeida e de Josefina Maria de Almeida. Órfão de pai aos 11 anos, pouco se sabe dos seus estudos elementares e preparatórios; aprovado em 1848 nas matérias necessárias ao ingresso na Faculdade de Medicina, cursou o 1º ano em 49 e só concluiu o curso em 1855. As dificuldades financeiras o levaram ao jornalismo e às letras. De junho de 1852 a julho de 1853 publicou, anonimamente e aos poucos, os folhetins que compõem as Memórias de um sargento de milícias, reunidas em livro em 1854 (1º volume) e 1855 (2º volume) com o pseudônimo de “Um Brasileiro”, estas histórias supostamente foram contadas por um colega chamado Antônio César Ramos que teria sido sargento de milícias. O nome de Manuel Antônio de Almeida apareceu apenas na 3ª edição, já póstuma, em 1863. Da mesma época data ainda a peça Dois amores e a composição de versos esparsos.
Em 1858 foi nomeado Administrador da Tipografia Nacional, quando encontrou Machado de Assis, que lá trabalhava como aprendiz de tipógrafo. Em 1859, foi nomeado 2º oficial da Secretaria da Fazenda e, em 1861, desejou candidatar-se à Assembleia Provincial do Rio de Janeiro. Dirigia-se a Campos, para iniciar as consultas eleitorais, quando morreu no naufrágio do navio Hermes.
 Gênero Textual
A Demanda do Santo Graal
 
A cultura celta foi o ponto de partida não só do mito sobre o cálice sagrado, como também do personagem que tornou o Santo Graal popular no mundo inteiro. A criação do lendário rei Artur pode ter sido inspirada num homem de verdade, um líder celta, que teria vivido na Inglaterra por volta do século V. Mas foi só a partir do século 12 que os primeiros textos com as aventuras de Artur e sua busca pelo Graal fizeram sucesso.
No contexto de Idade Média, a cultura passou a ser um meio de expressão teocêntrica e maniqueísta. O conceito de "pecado", propagado pelos ideais do Cristianismo, começou a impregnar os diversos meios artísticos da época. Tais características nortearam a literatura trovadoresca, através de cantigas e novelas de cavalaria. 
Nem só de poesia viveu o Trovadorismo. Também floresceu um tipo de prosa ficcional, as novelas de cavalaria, originárias das canções de gesta francesa (narrativas de assuntos guerreiros), onde havia sempre a presença de heróiscavaleiros que passavam por situações perigosíssimas para defender o bem e vencer o mal. Refletiam os ideais da nobreza feudal: o espírito cavalheiresco, a fidelidade, a coragem, o amor servil, mas estavam também impregnadas de elementos da mitologia céltica. A história mais conhecida é A Demanda do Santo Graal, a qual reúne dois elementos fundamentais da Idade Média quando coloca a Cavalaria a serviço da Religiosidade. 
Conceituam-se Novelas de Cavalaria como narrativas em que os heróis são valentes e as frequentes situações de perigo reforçam sua bravura e destemor. De maneira sucinta os romances de cavalaria eram constituídos pelo conjunto de narrativas que descreviam as aventuras dos cavaleiros da corte do Rei Artur.
Segundo o livro O Demônio da Teoria Literária: Literatura e senso comum, de Antoine Compagnon, sobre o clássico:
“Os clássicos são obras universais e intemporais que contribuem um bem comum da humanidade [...].” p. 241
“Toda obra clássica contém, na verdade, uma fissura, o mais das vezes imperceptível aos seus contemporâneos, mas que não deixa de estar na origem de sua sobrevivência. Não se nasce clássico, torna-se clássico [...].” p. 242
Personagens do livro:
Uther Pendragon – Pai de Arthur.
Igraine – Mãe de Arthur e Morgana.
Rei Arthur – Rei de Camelote e o melhor cavaleiro.
Merlin – Mago e conselheiro de Rei Arthur.
Morgana – Meia irmã de Arthur.
Mordred – Filho de Arthur e Morgana.
Viviane do Lago – Melhor sacerdotisa de Avalon e tia de Morgana.
Guenevra – Casa-se com Rei Arthur mas tem uma paixão por Lancelote.
Lancelote – Um dos cavaleiros da távola redonda, apresentado como o melhor campeão de Rei Arthur, mas seu romance com Guinevere leva a queda do reino.
Galaaz – Filho de Lancelote e o cavaleiro do assento perigoso da távola redonda, um dos três que alcança o Santo Graal.
Boorz – Um dos melhores cavaleiros da távola redonda e um dos três que alcança o Santo Graal.
Percival – Cavaleiro da távola redonda e um dos três que alcança o Santo Graal.
Rei Mars – Rei da Cornualha, marido de Isolda que se apaixona por Tristão, desencadeando uma história trágica.
Memórias de Um Sargento de Milícias
 
 
É um romance que quebra com algumas características do Romantismo, como por exemplo, a idealização das personagens. É bem humorado em meio à trama da crítica social.
Considerado um romance urbano ou de costumes, foi publicada nos folhetins no Correio Mercantil do Rio de Janeiro. Ou seja, semanalmente era oferecido um capítulo ao público.
Assim, Manuel Antônio de Almeida prendeu a atenção de seus leitores com capítulos curtos e diretos e ainda, utilizando uma linguagem coloquial.
Foi a primeira vez durante o Romantismo que a figura do “malandro” (pícaro) surge nas ações de Leonardo. Isso explica o estilo inovador do escritor segundo os moldes dos romances na época.
Muitos personagens da obra são movidos por interesses, como José Manuel e Leonardo-Pataca. Além disso, alguns deles não têm nome, como é o caso do padrinho e da madrinha de Leonardo.
Diante disso, a intenção do escritor era usar alegorias simbólicas com o objetivo de incluir pessoas comuns que viviam naquele período no Brasil.
Ainda que o espaço central fosse a parte urbana do Rio de janeiro, Manuel também descreve locais mais afastados como um acampamento de ciganos. Nisso, as diferentes classes sociais são abordadas no romance.
Vale notar que essa postura esteve avessa aos modelos do Romantismo, uma vez que os romances criados nessa época focavam somente nos aspectos aristocráticos.
Segundo o livro O Demônio da Teoria: Literatura e senso comum, de Antoine Compagnon, o autor diz:
“A literatura pode estar de acordo com a sociedade, mas também em desacordo; pode acompanhar o movimento, mas também precede-lo” p. 37
Personagens do livro:
Leonardo: anti-herói, herói às avessas, herói picaresco - desde a infância é esperto, vagabundo e mulherengo, assemelha-se ao Macunaíma.
Leonardo-Pataca: oficial de justiça, sentimental, sempre enroscado em suas paixões.
Maria-da-Hortaliça: mãe do herói.
Major Vidigal: temido e respeitado por todos. Severo punidor é, ao mesmo tempo, policial e juiz.
Comadre Parteira: protetora de Leonardo vive tentando livrá-lo dos enroscos em que se metia.
Compadre Barbeiro: outro protetor. Cria o menino como se fosse o seu filho, sonhando um próspero futuro para ele; só que isso não acontece.
D. Maria: velha, rica e bondosa. Era apaixonada por causas judiciais. Tia e tutora de Luisinha, amiga da comadre e do compadre.
Luisinha: primeiro amor de Leonardo. Suas características fogem da idealização dos modelos românticos: era feia, pálida e desajeitada.
José Manuel: caça-dotes representa uma crítica à burguesia.
Vidinha: cigana, cantora de modinhas, segunda paixão de Leonardo.
Chiquinha: filha de D. Maria e esposa de Leonardo Pataca.
Maria-Regalada: amante de Vidigal.
	
 Aspectos Linguísticos e Literariedade
A Demanda do Santo Graal
Utiliza-se de uma linguagem antiga, como a da Bíblia Sagrada, com caráter subjetivo, utilizando de figuras de linguagem e de colocações pronominais. 
“Senhor, verdade é; mas rogo-vos, se vos aprouver, que vades comigo àquela floresta de Camalote; e sabei que amanhã, à hora de comer, estarei aqui.” (A Demanda do Santo Graal. p.17)
Há forte presença de invocações, como pode ser observado no trecho a seguir:
“__Ai, Pai Jesus Cristo, Pai verdadeiro! Mão me deixes enganar nem entrar na morte eterna [...]”
Dada a proximidade entre Igreja e nobreza que se assinala no período é possível observar que o mundo literário dos cavaleiros é, por excelência, o dos ideais cristãos. Entretanto, há que se atentar também para o fato de que tanto romances quanto novelas de cavalaria não obedecem a uma lógica de representação: às vezes baseiam-se no real, nas convenções sociais e políticas do mundo feudal; outras, no misticismo, no mundo das fadas, o mundo maravilhoso.
O significado de “maravilhoso” é explicado por Le Goff a partir de sua origem latina. Ao termo empregado hoje corresponde, na Idade Média, o plural mirabilia, cujo sentido fundamenta-se em imagens e metáforas relacionadas à visão:
 “Coisas que o homem pode admirar com os olhos, coisas perante as quais se arregalam os olhos [...], porquanto todo um imaginário pode organizar-se à volta desta ligação a um sentido, o da vista e em torno de uma série de imagens e metáforas que são visíveis”.
Nessa perspectiva, em A Demanda do Santo Graal a palavra “maravilha” é empregada constantemente para indicar o espanto das personagens diante de fatos e acontecimentos extraordinários, de objetos miraculosos ou animais monstruosos, de ações desmedidas (praticadas tanto pelos próprios cavaleiros, quanto por seus inimigos). Esse sentido hiperbólico, muitas vezes será utilizado para enunciar o surgimento, em diferentes momentos, do monstro sintetizador dos abomináveis pecados a serem combatidos:
 “Quando o homem bom isto ouviu, abaixou a cabeça e corriam-lhe as lágrimas pelas faces. E bem fazia atitude de homem triste, e pensou muito tempo e disse:
- Ai, senhor! Vós ides para vossa morte, porque aquela besta que buscais é besta do diabo; e aquela besta me fez tanto dano de que me sempre lastimarei, porque eu tinha cinco filhos muito formosos e os melhores cavaleiros desta terra, e logo que viram a besta, como a vistes, tiveram vontade de saber o que dela quereis saber e puseram-se a buscá-la como agora fazeis [...].” (A Demanda do Santo Graal. p. 100)
Em suma, a criatura monstruosa representa um aviso sobre a desobediência a um código, simboliza um mal cometido, daí sua desarmonia ou ruptura com a “normalidade” da criação. Como os interditos têm a função de manter medida e ordem, qualquer transgressão desses limites causa estranhamento, põe em perigo a organização do mundo social e, por isso, requer o retorno ao estado considerado correto. O monstro serve, pois, como alegoria representativadaquilo que infringe esses limites culturais. Monstros ou a monstruosidade constituem um modo metafórico usado para qualificar crimes, pecados ou o Mal.
Etimologicamente, a palavra monstro (do Latim monstrum), derivada do verbo monstrare, denominando um sinal – demonstração – do que não pode ser descrito ou nomeado, pela dificuldade de definição ou classificação, por fugir ao comum. Portanto, a “besta ladradora” revela seu papel na demanda empreendida pelos cavaleiros: figurar o indizível, o abominável que corre pelo reino e caminhos percorridos pelos cavaleiros, trazendo sempre desgraça e morte.
Os aspectos imaginário e ficcional também podem determinar a marca literária do texto, extrapolando as suas bases linguísticas, tornando a teoria da literatura aberta a métodos de investigação que valorizam bases sociológicas, antropológicas e psicanalíticas, ou seja, não basta ler, achar bonito, é necessário entender o que se está lendo, inclusive as motivações implícitas ao texto.
Freud afirma que aquilo que deixamos de lado conscientemente aparece-nos através de nosso inconsciente, quando dormimos. Sem dar importância para seus atos e, talvez, para o que a Igreja pregava com intensidade na Idade Média, Lancelote, peca e trai o rei Artur. Todavia, quando sonha, seu inconsciente vem à tona e torna-se claro para o leitor que o protagonista se sente culpado pelo que cometeu. Essa evidência para Freud é normal, já que o inconsciente humano nos passa mensagens através de símbolos e imagens, mesmo que, por vezes, imperceptíveis. Daí a interpretação dos sonhos ser tão importante; através dela, segundo o psicanalista, chegamos ao conhecimento pleno da alma.
“E no meio daquele fogo havia uma cadeira em que sentava a rainha Genevra toda nua e suas mãos diante do peito, e estava descabelada e tinha a língua puxada fora da boca, e queimava-lhe tão claramente como se fosse uma vela grossa, e tinha na cabeça uma coroa de espinhos [...].
___ Ai, Lancelote! Tão mau foi o dia em que vos conheci! [...] porque estou perdida e condenada ao grande sofrimento do inferno [...].
Isto dizia rainha Genevra a Lancelote, e assim lhe parecia ali onde dormia, e tinha disso tão grande pesar, que lhe bem queria estar morto ali logo.” (A Demanda do Santo Graal. p. 206)
A obra revela, portanto, o importante papel desempenhado pela Igreja Católica quanto ao combate ao poder do Mal, sintetizado na figura do diabo, que age sempre com a clara intenção de desvirtuar o homem do caminho de Deus e da salvação. Esse perigo justifica o papel da Igreja como única entidade poderosa suficiente para combatê-lo por meio da luta desempenhada pela Cavalaria de Cristo e pelo clero. Estes são os instrumentos que auxiliam o cristão a vencer a besta diabólica.
O cavaleiro de Cristo, modelo de todos os cristãos, deve, portanto, orientar-se por um ideal transcendente às questões terrenas, os interesses mesquinhos e imediatos, as paixões e desejos; ele deve ser capaz de sacrificá-los em nome de uma missão mais elevada. Este é o verdadeiro sentido do combate ao diabo por meio da castidade, alegoria da busca da virtude pela continência de uma ação inesperada. A castidade representa a pureza que aproxima o homem da salvação divina, tão idealizada e perseguida na época. Por isso, o narrador adverte seguidamente que os envolvidos nos “sabores do mundo” não serão capazes de contemplar o Graal, isto é, não alcançarão integralmente o ideal cavaleiresco.
"Todo o cavaleiro deve saber as sete virtudes, raiz e princípio dos bons costumes. São elas: fé, esperança, caridade, justiça, prudência, fortaleza e temperança. 
• Pela fé, o cavaleiro vê espiritualmente Deus e as suas obras, crendo, desse modo, nas coisas invisíveis. Empunha a arma contra os inimigos da cruz e contra os maus que, por falta de fé, menosprezam os outros homens e os espoliam; 
• Pela esperança, o cavaleiro lembra-se de Deus na batalha e nas atribulações. Com esta virtude ressurge e fortalece-se a coragem do cavaleiro, fazendo-o aventurar-se nos perigos em que se mete; em suma, fá-lo suportar a fome e a sede nos castelos e nas cidades que defende quando estes são assediados; 
 • Pela caridade, o cavaleiro amará a Deus e terá piedade dos homens infortunados e mercê de homens vencidos que pedem clemência. A caridade é o amor que torna leve o grande cargo da Cavalaria; 
• Pela justiça, o cavaleiro é equânime e defende o bem contra o mal, a liberdade contra a opressão. A Cavalaria fundamenta-se na justiça; por isso, o cavaleiro que se faz a si próprio injurioso e é inimigo da justiça, renega e descrê da Ordem de Cavalaria; 
• Pela prudência, o homem tem conhecimento do bem e do mal e possui a necessária sabedoria para amar o bem e lutar contra o mal. A prudência confere ao cavaleiro a mestria para evitar os danos corporais e espirituais. Muitas batalhas são vencidas mais por mestria e sensatez do que por grandes exércitos; 
• Pela fortaleza, o cavaleiro é virtuoso, capaz de enfrentar e sair vencedor dos sete vícios ou pecados que o afastam do ideal da Cavalaria. São eles: gula, luxúria, avareza, preguiça, soberba, inveja e ira; 
• A temperança é a virtude que está no meio de dois vícios: o pecado por excesso de grandeza e o outro que é o pecado por defeito. “Nada em excesso”, diziam os sábios gregos. O cavaleiro deve ser temperado em ardor e em comer, em beber, em falar, em vestir e em gastar, e em todas as outras coisas semelhantes a estas. Sem temperança não pode manter a honra da Cavalaria." (AMARANTE, Eduardo - "Templários" Vol. 1)
Memórias de Um Sargento de Milícias
Utiliza-se de uma linguagem popular e coloquial (informal), narrado em terceira pessoa com um narrador onisciente, em discurso indireto livre, e uso de funções e figuras de linguagem.
“Pois enganava-se redondamente quem tal julgasse: pensava em coisa muito mais agradável; pensava em Luizinha. Pensando nela não podia, é verdade, abster-se de ver surgir diante dos olhos o terrível José Manuel.” 
Além disso, é usada metalinguagem (explicar sobre o próprio processo narrativo), técnica do leitor incluso (conversa com o leitor) e digressão (interromper a narrativa para que o narrador faça um comentário sobre assunto paralelo).
“Enquanto o compadre, aflito, procura por toda a parte o menino, sem que ninguém possa dar-lhe novas dele, vamos ver o que é feito do Leonardo, e em que novas olhadas está agora metido.”
O romance em questão apresenta uma narrativa envolvente e divertida, em que há presença de ironias e críticas ao longo da história: 
“Ser valentão foi em algum tempo ofício no Rio de Janeiro; haviam homens que viviam disso: dava pancada por dinheiro [...]. Entre os honestos cidadãos que nisto se ocupavam, havia, na época dessa história, um certo Chico-Juca, afamadíssimo e terrível.”
Ensaio Dialética da Malandragem:
A problemática na caracterização do romance gerou interesse em um dos maiores críticos literários do Brasil. Antônio Cândido escreveu um artigo em 1970 sobre esse tema, chamado Dialética da Malandragem.
O artigo de Antônio Cândido passou a ser um dos mais importantes da crítica brasileira. Não só pela sua análise do livro Memórias de um Sargento de Milícias, como pela sua análise sociológica do Brasil e da figura do malandro.
A questão central do artigo é a caracterização do romance de Manuel Antônio de Almeida. Como visto, essa caracterização não é fácil. Após discutir algumas possibilidades, Antônio Cândido define o livro como um romance representativo.
Para Antônio Cândido, o livro possui dois estratos: um mais universal, que faz parte de um ciclo cultural mais amplo, que aborda "situações nascidas da sina". E outro mais restrito, relacionado ao universo brasileiro. É no segundo estrato que Antônio Cândido foca a sua análise: a dialética entre a ordem e a desordem.
Essa dialética é o que estrutura o livro e rege as relações entre as personagens. Existe uma ordem, representada pelo Major Vidigal, que é cercada pela desordem. Ambas se comunicam constantemente e definem as relações entreos personagens. Essa representatividade só é possível porque vai de encontro com diversos relatos da sociedade joanina do Rio de Janeiro. 
O personagem principal é Leonardo, filho de uma pisada e de um beliscão. Seu pai e sua mãe se conheceram em um navio partindo de Lisboa em direção ao Rio de Janeiro. O casal vivia junto com o filho, porém não era casado. Leonardo é filho de uma relação estável, porém ilegítima. Ele e seus pais são uma espécie de equador que divide a narrativa entre dois polos, um mais ao norte ordeiro, e um mais ao sul desordeiro.
Leonardo oscila entre esses dois polos como em uma balança, tendendo mais ao sul no começo do romance. Até que no final se casa e se torna sargento de milícias, estabelecendo-se mais ao norte. Este polo tem como representante o Major Vidigal, que mesmo assim cede algumas vezes para a desordem. Para Antônio Cândido, "ordem e desordem se articulam portanto solidamente; o mundo hierarquizado na aparência se revela essencialmente subvertido, quando os extremos se tocam (...)". 
Manuel Antônio de Almeida não deixa transparecer no romance nenhum juízo de valor entre as ações das personagens. Isso faz com que o leitor não tenha uma referência para o certo e o errado dentro do romance. Tentando ajudar Leonardo a se casar com Luisinha, sua madrinha conta uma mentira sobre o outro pretendente, mas, como ele é uma pessoa ruim, a mentira não é uma coisa inteiramente má.
O certo e o errado se misturam no romance. Ainda segundo Antônio Cândido:
 "o principio moral das Memórias parece ser, exatamente como os fatos narrados, uma espécie de balanceio entre o bem e o mal, compensados a cada instante, um pelo outro sem jamais aparecerem em estado de inteireza."
É nesse universo e nessa nova sociedade brasileira que nasce a figura do malandro. Onde os extremos não existem e o que importa é a ação e o seus resultados, não a moral. É o retrato de um povo que tem pouca relação com a ordem velha que advém do império e que tateia entre o bem e o mal tentando achar a sua identidade.
 Aspectos Estilísticos 
Segundo o livro O Demônio da Teoria: Literatura e sonso comum, de Antoine Compagnon, o autor diz:
“O Estilo, pois, está longe de ser um conceito puro; é uma noção complexa, rica, ambígua, múltipla.” p.171
A Demanda do Santo Graal
A Demanda do Santo Graal foi escrita no intuito de preservar a castidade dos religiosos que na época não estavam dando valor ao celibato. A visão do mundo que permeia a obra é cristocêntrica, revelando ao leitor as características de um cristão medieval ideal, que deveria demonstrar dignidade para alcançar o paraíso. Artur e, principalmente, Galaaz aparecem como modelos de virtude e perfeição moral, são personagens criadas para mostrar aos fidalgos e nobres- leitores da novela.
A todo o momento é colocada em prova a virtude e a pureza de espírito dos cavaleiros.
O texto d’A Demanda propõe-se como um modelo não só de conduta carnal, mas espiritual. A leitura alegórica permite a interpretação diferente, que segundo Compagnon (1999:56), se dá pela tentativa de compreender a “intenção oculta de um texto pelo deciframento de suas figuras”. Sendo assim, tem-se na obra a alegoria como uma questão de intenção, vinda da parte de uma consciência criativa que assume uma concepção cristã de compreensão do mundo, e a alegoria como uma questão de estilo, matéria de composição da obra enquanto escritura.
Cumpre considerar, ainda, que o pensamento medieval é caracterizado pela alegoria e isso faz com que o mundo seja visualizado como um símbolo, regido e estruturado por Deus, uma vez que o pensamento religioso dominava a sociedade. Dessa forma, as realidades materiais e as realidades imaginárias confundiam-se, sendo passíveis de alegorização. O homem medieval concebia um dualismo de ideias, tais como o Bem e o Mal, que por sua vez relaciona-se ao alto e ao baixo, entre outras relações.
O uso de alegoria se torna imprescindível no intuito de apresentar a doutrina cristã à sociedade do medievo e é através da narrativa que está presente na Demanda que se observam as diversas aventuras e dinâmicas as quais carregadas de simbolismos pretendem servir de ensinamentos e reforço à doutrina cristã. A temática cristã é constantemente explorada e apresentada aos leitores não somente como doutrina, mas como uma ideologia de vida, que objetiva conduzi-los ao caminho da salvação, A obra tem uma intenção religiosa e representa uma completa inversão de valores, todo romance cortês anterior a esta fase, se exalta o amor como o caminho para a felicidade e a perfeição moral, na Demanda todo amor é considerado pecaminoso, e a virgindade recomendada como o estado mais perfeito.
A novela cumpre uma função que em maior ou menor grau relaciona-se com o padrão moral-testamental postulado à época pelo clero. À sociedade medieval, a obra reserva um caráter claro e objetivo de formular um comportamento cristão ideal, pois no campo simbólico e alegórico.
Assim, o romance esclarece-nos o sentido da aventura em busca do santo vaso, o claro sinal de que somente aqueles que se mantiverem na ordem do Senhor, ou seja, nos ensinamentos cristãos e mantiverem uma conduta compatível com o discurso estabelecido pelos oradores serão contemplados com a benevolência, a satisfação, o vigor e a alegria produzida pela presença do vaso com o sangue de Cristo.
A Demanda do Santo Graal, traduzida do francês, no século XIII, considerada o mais antigo texto português em prosa literária, ainda que não original. A tradução, em estilo falado, destinava-se a ser ouvida, e não lida individualmente: as interpelações ao ouvinte, a fluência dos diálogos, a abundância de interjeições exclamativas e o ritmo cantante e redondo são típicos do texto destinado a leitura em público. 
Com narrativas típicas do período medieval divididas em capítulos e sua principal característica são os relatos das aventuras fantásticas dos destemidos, leais e honrados cavaleiros errantes medievais, os quais enfrentavam diversas batalhas sem deixar de lado o amor por suas belas donzelas.
Relatavam, em sua maioria, grandes aventuras e atos de coragem dos cavaleiros medievais.
No enredo destes romances, os acontecimentos tinham mais importância do que os personagens.
Aventuras sem fim com várias possibilidades de continuação (sequências).
Amor idealizado do cavaleiro pela dama que amava (amor cortês). Este amor, quase sempre, era impossível. As histórias costumavam terminar de forma trágica, sem o final feliz.
Provação da honra, lealdade e coragem do cavaleiro em várias situações como, por exemplo, batalhas, aventuras, torneios e lutas contra monstros imaginários.
Eram narradas em capítulos.
Vida religiosa:
Servos da igreja e dos senhores feudais, os camponeses da Idade Média viviam precariamente, e sem aspiração a mudanças, num mundo em que Deus era considerado como criador, ordenador do universo, centro de todas as coisas.
Forte era a influência da Igreja no comportamento das pessoas. E, segundo ela, a Terra, o mundo visível, o carnal, o nosso, era "pervertido, invadido pelo pecado, a apodrecer lentamente, condenado". E havia de acabar-se.
Vivia-se em função da morte. A renúncia aos bens materiais e aos prazeres terrenos era a condição exigida para alcançar a salvação eterna, o Paraíso. O lado humano, material das coisas deveria sempre estar num plano inferior, abaixo da salvação da alma, preocupação maior do homem medieval.
Pelo menos era isso que se fazia acreditar ao homem do povo.
Em resumo, a felicidade não estaria aqui "embaixo"; e a morte seria apenas um fato transitório, já que se admitia, sem discussão, a imortalidade da alma. O verdadeiro problema, então era saber se as pessoas teriam ingresso na vida eterna depois de abandonar a vida terrena "reino da imperfeição, da desigualdade, do pecado".
Moral, vida familiar, relacionamento entre as pessoas, maneira de se vestir, tudo era visto do ângulo religioso. A sociedade, nessa perspectiva, não era senão um reflexo da providência divina – a sabedoria comque Deus conduz todas as coisas – , que colocou todos os homens em seu lugar.
Acreditava-se por isso, que cada camada social deveria exercer um papel próprio, determinado pela vontade divina. Pretender mudar de uma categoria social a outra equivalia a contrariar a vontade divina.
Essa concepção de mundo dominada pela figura do Deus proposto pelo cristianismo é chamada de teocentrismo (palavra composta de teos = Deus + centrismo). Deus é o centro do universo e a medida de todas as coisas. A Igreja representa Deus no mundo terreno, a autoridade da igreja domina, por isso, o mundo medieval.
Os valores da religião cristã vão impregnar todos os aspectos da vida medieval.
Figuras de linguagem 
 Apóstrofe:
- Senhor, a mim convém que vá atrás de meus companheiros, e rogo-vos, por Deus, que vos lembreis de mim em vossas orações, porque sou pecador, como outro homem qualquer. 
Memórias de um Sargento de Milícias
Apesar de estar classificado como romântico, o romance Memórias de um sargento de milícias apresenta traços estéticos que ultrapassam o Romantismo. Sua composição não segue a trilha deixada pelos demais ficcionistas desse estilo. A fragmentação do enredo deixa margens de dúvida se não seria um precursor do estilo digressivo e fragmentário de Machado de Assis. Suas personagens passam longe das idealizações românticas, então mais próximas do Realismo, não raro configurando tipos. A ausência de um final feliz definitivo é outro elemento fora dos parâmetros românticos. Dentro dos romances românticos, não se direciona especificamente para os romances urbanos, que focalizam a sociedade burguesa, pois caracteriza a sociedade suburbana, a gente humilde e trabalhadora.
Sem dúvida, a situação é controversa. Devemos enxergar a presente obra como um romance de costumes, que apresenta também tendência à novela picaresca, pela presença do anti-herói Leonardinho.
Cabe ressaltar que alguns críticos enxergam na obra uma percursora do Realismo no Brasil. Há, sem dúvida, elementos realistas, mas ainda predominam componentes românticos, já que não mostra nítida intenção realista. Os elementos considerados realistas presentes nessa obra filiam-se à narrativa picaresca espanhola, que tem por preocupação retratar naturalmente os costumes populares sem idealizá-los.
Como vimos, a presente obra foge das características gerais do Romantismo, apresentando características próprias. O estilo da obra, bem como de seu autor, apresenta tendências bem pessoais e marcantes. Destaquemos algumas dessas tendências:
Emprego de linguagem bem coloquial, marcada por incorreções e linguajar lusitano, interiorano ou das periferias de Lisboa, lembrando que boa parte das personagens são imigrantes portugueses ou gente simples do povo.
“Não foi nada, não, senhor; foi porque entornei o tinteiro na calça de um menino que estava ao pé de mim; o mestre ralhou comigo, e eu comecei a rir muito...” p.45
Ausência de personagens idealizadas e de análise psicológica: o romance prefere focalizar os costumes, hábitos e cacoetes das pessoas de camadas sociais inferiores, numa construção mais realista da sociedade suburbana do início do século XIX.
Esses costumes eram: as procissões e vida religiosa, festas, danças, músicas...
Festas: Domingo do Espírito Santo, é uma das festas prediletas do povo fluminense. A festa não começava no domingo marcado pela folhinha, começava muito antes, nove dias cremos, para que tivesse lugar às novenas. O primeiro anúncio da festa eram as Folias. 
Musicas: Foi nas saudades da terra natal que ele achou inspiração para o seu canto, e isto era natural a um bom português, que o era ele. A modinha era assim:
 “Quando estava em minha terra, Acompanhado ou sozinho, Cantava de noite e de dia Ao pé dum copo de vinho!” P.06
Procissões: Via – Sacra: é a reconstituição religiosa feita para lembrar o sofrimento de Jesus Cristo durante sua missão redentora. P.26
Dança: Fado – Todos sabem o que é fado, essa dança tão voluptuosa, tão variada, que parece filha do mais apurado estudo da arte. Uma simples viola serve melhor do que instrumento algum para o efeito. P.28 
 
Presença do humorismo, do ridículo e do burlesco: o tom geral da obra segue a tendência da gozação, marcado que está pela construção de personagens que tendem para o caricatural, para o mais absoluto ridículo. A essa tendência chamamos carnavalização. E também a presença da ironia.
O humor aparece de forma mais explícita, sendo mostrado aos leitores através da ironia de uma classe social: os meirinhos, que primeiro é apresentada como sendo de figuras imponentes e autoritárias como vemos no trecho:
 “Esses eram gente temível e temida, respeitável e respeitada”, a visita de um meirinho, que pode ser comparado hoje a um oficial de justiça, era algo que causava horror na sociedade: “Era terrível quando, ao voltar uma esquina ou sair de manhã de sua casa, o cidadão esbarrava com uma daquelas solenes figuras”. Para depois o autor nos mostrar que a mesma decaiu, deixando de serem as figuras respeitadas de outrora, vemos isso em: “Os meirinhos de hoje são homens como quaisquer outros; nada têm de imponentes, nem no seu semblante nem no seu trajar” e apresenta uma figura que era motivo de chacota até mesmo entre os próprios meirinhos “[…] pregada na esquina havia uma quantidade constante, era o Leonardo-Pataca. Chamavam assim a uma rotunda e gordíssima personagem de cabelos brancos e carão avermelhado”, o narrador usa de aumentativos para exagerar nas características do personagem, comparando-o ao antigo status que a classe tinha, vemos assim a forma ridicularizada e debochada que o personagem é retratado pelo narrador.
 
Presença da linguagem: A obra volta-se para si mesma, comentando os procedimentos que estão sendo empregados: palavras utilizadas, explicações sobre capítulos ou personagens que desaparecem de cena. 
“Por agora vamos continuar a contar o que era feito do Leonardo.” P.33
Presença de digressões: a narrativa não segue a ordem linear dos fatos, é episódica e, não raro, foge da história para comentar fatos paralelos ou para dar explicações sobre o próprio livro.
“Agora devemos dar ao leitor conhecimento da nova gente, no meio da qual se acha o nosso Leonardo. Se nós pudéssemos socorrer aqui do amigo José Manoel, sem dúvida nos desfolharia ele toda a árvore genealógica dessa família a quem o amigo do Leonardo chamava a sua gente: porem contentem-se os leitores com o presente sem indagar o passado”. P.129
“Agora informemos ao leitor que tudo que se acabava de passar tinha sido com efeito obra do mestre-de-reza.” P.137
Presença do narrador intruso, que o tempo todo se intromete para dar explicações, analisar fatos ou personagens e conversar com o leitor.
“A mulher de mantilha é nossa conhecida, porque nem mais nem menos é a comadre; e o negócio que aí a levou também nos interessa, pois que se trata da soltura do pobre Leonardo. Ouça portanto o leitor a conversa dos dois.” P. 35
Presença do leitor incluso, com quem o narrador procura estabelecer conversação: 
“Pôr estas palavras vê-se que ele suspeitaria alguma coisa; e saiba o leitor que suspeitara a verdade”.
“Os leitores terão talvez estranhado que em tudo quanto se tem passado em casa da família de Vidinha não tenhamos falado nesta última personagem; temo-lo feito de proposito, para dar assim a entender que em nada disso tem ele tomado parte alguma.” P.168
Linguagem Jornalística:
Foi o primeiro autor a trazer esse estilo de linguagem para a escrita de um romance e por suas personagens serem pertencentes a uma camada social de baixa renda, Antônio de Almeida utilizou-se desse recurso para aproximar a forma de comunicação da origem real dos componentes da história. Por isso, a linguagem utilizada é simples e direta, usando, inclusive, expressões que já não eram mais adequadas para o tempo do autor, mas que faziam parte do tempo da narrativa.
O narrador:
A obra não é narrada em primeira pessoa, apesar do nome memórias. Ela é narrada em terceira pessoa, sendo um narrador-observadorquem conta a história. Além de romper com a tradicional postura idealizadora do narrador romântico, em relação aos indivíduos e também à terra, o narrador da obra ora suprime etapas narrativas, ora transita da terceira para a primeira pessoa. Assim, ele assume uma cumplicidade de caráter metalinguístico com o leitor, o que significa um anúncio de procedimentos modernistas, também percebido nas conversas com o leitor e nos comentários jocosos que faz à propósito do que conta apresentando um narrador onisciente. Ou seja, ele sabe todos os pensamentos dos personagens. Exemplo são as passagens em que o narrador "entra" no pensamento do personagem:
“Pois enganava-se redondamente quem tal julgasse: pensava em coisa muito mais agradável; pensava em Luizinha. Pensando nela não podia, é verdade, abster-se de ver surgir diante dos olhos o terrível José Manuel.”
A justificativa para o uso do termo memórias deve-se ao fato de que o romance possui características históricas, já que rememoram cenas e costumes do passado. Além dessa perspectiva histórica, a narrativa também fala de costumes de uma época, abordando com humor e malandragem os atos de seus personagens.
A obra deixa transparecer a presença de diversas figuras de linguagem, bem como, hipérboles, comparações, metáforas, perífrases, trocadilhos, metonímias, sarcasmos, etc.:
 Hipérbole: 
Passou depois a relatar todo o ocorrido com a cigana, e voltou de novo a história da prisão, que contou e recontou vinte vezes, sem lhe escapar a mais pequenina circunstância. P.35
 Comparação: 
 O coração da mulher é assim; parece feito de palha, incendeia-se com facilidade, produz muita fumaça, mas em cinco minutos é tudo cinza que o mais leve sopro espalha e desvanece. P.166
 
 Sarcasmo:
A Maria, vendo-se protegida pela presença do compadre, cobrou ânimo, e altanando-se disse em tom de zombaria:
- Honra! ... honra de meirinho...ora! p.10
 Metáfora: 
- Ora qual... histórias... desses arranjos entendo eu dormindo, e vejo nisso, sendo cego, melhor do que muitos com seus olhos perfeitos.
Pode-se dizer que a construção da personagem, semelhante aos ideais propostos pela época, atua como elemento crucial na constituição semântica e estilística do texto trovadoresco. 
O personagem "Galaaz", de "A Demanda do Santo Graal", é um exemplo típico de herói cavaleiresco. Em sua construção, são perceptíveis fortes tendências maniqueístas e teocêntricas, fatores que impregnavam a Idade Média.
O teor maniqueísta fica evidentemente explícito no texto e é veementemente reforçado por Galaaz, uma vez que ele passa a ser visto como aquele que foi enviado para fazer justiça, ou seja, a personagem dá ênfase à ideia de oposição entre o bem e o mal. 
Percebe-se que a ajuda prestada por Galaaz aos outros cavaleiros foi unicamente em nome de um único Deus.
Desse modo, o monoteísmo também contribui na construção de tal personagem. A religião passa a ser pensada aqui como norteadora das ações da personagem analisada. 
O teocentrismo exacerbado desponta-se como sua viga mestra, visto que seus preceitos religiosos obedeciam à consagração de sua alma e de seu corpo a Deus, e outras orientações da cultura medieval.
 Aspectos Semânticos
A Demanda do Santo Graal
Fazendo à análise da semântica de alguns recortes, nos quais pude encontrar a presença do silêncio, a fim de atender à discussão polêmica que todo discurso gera, pois em todos eles a instabilidade, a ambiguidade e a polissemia estão presentes.
Instabilidade: Ausência de firmeza; insegurança; incerteza.
Ambiguidade: Duplicidade de sentidos; característica de alguns termos, expressões, sentenças que expressam mais de uma acepção ou entendimento possível.
Polissemia: Que apresenta um grande número significados numa só palavra. Cujo significado dependerá do contexto em que a palavra está inserida.
“Então disse o rei a Galvão:
- Sobrinho, pois Lancelote receou a espada, provai-a vós e veremos o que acontecerá.
- Eu, senhor – disse ele -, prová-la-ei para cumprir vossa ordem, mas sei que nada é que eu possa conseguir, porque bem sabeis vós e quantos aqui estão que, quando dom Lancelote deixa alguma coisa por míngua de cavalaria,eu nada nisto consiguirei, pois ele é muito melhor cavaleiro do que eu. 
Então aproximou-se Galvão e pegou a espada pelo punho e puxou-a o mais que pôde, mas nunca tanto que a pudesse sacar da pedra, e deixou-a. 
E então o rei perguntou a todos os outros:
- Amigos, há aqui alguém que queira provar esta espada?
E calaram-se todos.”
 No recorte em análise, o silêncio se instala claramente como condição indispensável para mascarar atos inconfessáveis de culpa: todos tinham consciência de seus pecados, e porque não estavam em estado de graça, não mereciam a espada. Constata-se, portanto, o silêncio culpado.
“Ele nisto falando, olharam e viram que todas as portas do paço se fecharam e todas as janelas, mas não escureceu por isso o paço, porque entrou um tal raio de sol, que por toda a casa se estendeu. E aconteceu então uma grande maravilha, não houve quem no paço perdesse a fala; e olhavam-se uns aos outros e nada podiam dizer, e não houve alguém tão ousado, que disso não ficasse espantado; mas não houve quem saísse do assento, enquanto isto durou. Aconteceu que entrou Galaaz armado de loriga e brafoneiras e de elmo e de duas divisas de veludo vermelho; e, depós ele, chegou ermitão, que lhe rogara que o deixasse andar com ele, e trazia um manto e uma garnacha de veludo vermelho em seu braço.”
Loriga: Cota de malha que usavam os combatentes na Idade Média; saio.
Brafoneiras: Parte das armaduras antigas, para proteger a parte superior do braço e os ombros.
Elmo: Capacete que os antigos combatentes usavam como peça de armadura.
Ermitão: Indivíduo que, através de penitência, habita lugares despovoados e/ou isolados.
Garnacha: Vestimenta talar larga de magistrados e sacerdotes.
 Todos os cavaleiros ficaram extáticos, sem domínio da fala, sem se moverem ao menos das cadeiras em que se encontravam sentados, diante da luz que invadiu o recinto. É o silêncio da plenitude. Neste recorte, sente-se a íntima ligação do silêncio com o sagrado; do domínio da teologia – a fé, os milagres, o fantástico, o mito -, entrevendo-se, nas entrelinhas, o papel da ideologia dominante. No silêncio extático, o ser abre-se à luz do Reino de Deus, um mutismo tornado silêncio, numa atitude de escuta e contemplação que permite uma união transcendental com Deus, com o além, de onde irrompe a boa palavra. O silêncio atinge a todos (porém só Galaaz atinge o conhecimento), sendo, de algum modo, fonte de reconciliação e regeneração para a corte arturiana – consigo próprio, com os outros e com Deus. Sair do silêncio, naquele momento, equivaleria a uma perda do estado de graça.
Memórias de Um Sargento de Milícias
O Major Vidigal, age em defesa da lei de acordo com critérios muito particulares – manda prender e manda soltar mais ou menos a seu bel-prazer. Acaba por se corromper no final, ao permitir a soltura de Leonardo em troca dos afetos de uma antiga namorada. Assim, lei vira transgressão e ordem se mistura com desordem, o que funciona como retrato da sociedade brasileira daquele e de outros tempos. Também é significativo o que acontece com o Barbeiro. Homem bom e afetuoso, tem em seu passado uma mancha da qual não manifesta nenhum remorso sério: ficara de posse de uma pequena fortuna que lhe havia sido confiada para ser entregue a outra pessoa. Desse modo, também as categorias de bom e mau são relativizadas. 
 Aspectos Contextuais 
A Demanda do Santo Graal
Na Demanda, que trata em 715 capítulos da busca dos cavaleiros da Távola Redonda pelo cálice sagrado, o Graal, e da constante luta contra sua inclinação ao pecado, encontramos a beleza, sobretudo a feminina, como possibilidade de expressão ou revelação prioritariamente relacionada às tentações da carne e, por conseguinte, ao pecado. É o caso da filha do rei Brutos, descrita como a mais formosa donzelado reino de Logres, que tenta seduzir Galaaz, descrito como o mais formoso e o mais casto donzel do reino de Logres, assim como Isolda, cuja beleza é a causa da perdição de Tristão, como descreve o narrador que nos expõe os vários “contos” que compõem a novela: 
“Mas maldita seja a beleza de Isolda, porque o assim temos perdido, porque se ela não fosse, não deixaria ele, de modo algum, de vir a esta festa tão grande.”
 Outro exemplo é o da filha do rei Hipômenes:
“Aquele rei tinha uma filha tão formosa que em todo o reino de Logres não havia tão formosa pessoa.”
Ela dá a luz a uma besta, fruto da copulação com um demônio. Dentre os exemplos citados, é possível dizer que o mais representativo é o da Rainha Guinevere, a cuja beleza Lancelot não pode resistir, deflagrando, a partir da traição do casal, a ruína dos amantes e do Reino de Artur . Se a beleza pode desencadear a feiura do pecado, o feio propriamente dito (“que pudesse causar espanto, estranheza, ou surpresa”) é percebido em geral como a evidente expressão do vício. O que quer dizer que a beleza, a formosura, mais evidente no caso feminino, desperta a feiúra nos homens (cavaleiros), a feiúra no caso, é o pecado que eles comentem, devido a tanta formosura feminina.
Memórias de Um Sargento de Milícias
O romance de Manuel Antônio de Almeida destoa do romantismo convencional. Isso dá um sabor especial ao livro, menos pelo fato em si, e mais por mostrar a precariedade de certas classificações excessivamente redutoras. A narrativa tem o poder de ampliar a concepção de literatura romântica, mostrando que os escritores da estética sabiam explorar tanto o sentimentalismo quanto o humor em suas obras.
A frase inicial do livro explicita o momento histórico em que se passa a ação: “Era no tempo do Rei”. Trata-se do início do século XIX, período em que D. João VI ficou no Brasil (1808-1821). Escrevendo algumas décadas depois, o narrador estabelece um diálogo entre seu tempo e o tempo da ação.
Intertextualidades
A Demanda do Santo Graal
Pentecostes é uma celebração religiosa cristã que comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo, cinquenta dias depois da Páscoa.
Atualmente, o Pentecostes é comemorado principalmente pela igreja católica e ortodoxa, no entanto, ambas celebram em datas diferentes.
Por norma, o Pentecostes é celebrado 50 dias depois do domingo de Páscoa, data instituída como a da ressurreição de Jesus Cristo.
Para os cristãos, o Pentecostes é uma das datas mais importantes do Calendário Litúrgico, juntamente com a Páscoa e o Natal. O termo “Pentecostes” se originou a partir do grego pentēkostḗ, que significa “quinquagésimo”, em referência aos 50 dias que se sucedem depois da Páscoa.
Na Bíblia, a comemoração do Pentecostes é citada pela primeira vez nos Atos dos Apóstolos 2, episódio que narra o momento em que os apóstolos de Cristo receberam os dons do Espírito Santo, logo após a subida de Jesus aos céus.
“Véspera de Pentecostes, houve muita gente reunida em Camalote, de tal modo que se pudera ver muita gente, muitos cavaleiros e muitas mulheres de muito bom parecer."
"Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar." Atos dos Apóstolos 2; 1
“E Galaaz, assim que chegou ao meio do paço, disse de modo que todos ouviram: - A paz esteja convosco.”
"Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: A paz esteja convosco" João 20; 19
Memórias de Um Sargento de Milícias
• Interpretação de Murilo Benício (Filme)
• Era no tempo do rei – Ruy Castro (Livro)
• Memórias De Um Sargento De Milícias - Martinho Da Vila (Música)
• Leonardinho: Memórias do primeiro malandro brasileiro – Walter Pax (Livro)
Aspectos Interdisciplinares 
A Demanda do Santo Graal
História
Arthur viveu no período entre os séculos V e VI d.C., quando liderou a defesa da Grã-Bretanha contra os saxões. Nessa mesma época acontecia o declínio do Império Romano do Ocidente que começou em meados do século IV d.C.. Dentre os motivos estavam a crise econômica e a disputa dos militares pelo poder.
Ao lado da crise econômica e da disputa militar, as invasões bárbaras levavam ao fim do Império Romano do Ocidente. Em meio a essas invasões estavam, os saxões, já citados anteriormente.
Os bárbaros eram povos germânicos que não habitavam o Império Romano. Entre eles estão os francos, os hunos, os vikings, os saxões, dentre outros. Cada povo tinha sua organização e objetivos próprios. Os saxões, inclusive, eram povos germânicos que conquistaram a região da Inglaterra e chegaram a conquistar o sul da Bretanha.
Religião
Mircea Eliade foi um professor, cientista das religiões, mitólogo, filósofo e romancista romeno, naturalizado norte-americano em 1970. Falava e escrevia fluentemente oito línguas, mas a maior parte dos seus trabalhos acadêmicos foi escrita inicialmente em romeno. E diz:
 “Os romances da Távola Redonda estabelecem uma nova mitologia, no sentido de que divulgam sua ‘história sagrada’ e os modelos exemplares que devem guiar o comportamento dos cavaleiros e dos enamorados”. Ou seja, a história do Rei Arthur torna-se mito, pois se trata da busca do herói pelo mundo do além – pelo mundo de Deus ou dos Deuses. O mito também traz a “epifania do sagrado num objeto profano”. Isso quer dizer que, mesmo com a conversão ao cristianismo, o legado pagão não foi suplantado: essa conversão deu apenas lugar a simbioses e sincretismos religiosos.”
Sincretismo é a fusão de diferentes doutrinas para a formação de uma nova, seja de caráter filosófico, cultural ou religioso. O sincretismo mantém características típicas de todas as suas doutrinas-base, sejam rituais, superstições, processos, ideologias e etc.
O processo de sincretismo mais conhecido e o mais estudado é o sincretismo religioso. O sincretismo religioso é a mistura de uma ou mais crenças religiosas em uma única doutrina. Este modelo de sincretismo, assim como o cultural, nasce a partir do contato direto ou indireto entre crendices e costumes distintos.
Memórias de Um Sargento de Milícias
História
Política 
 Aspectos Verossímeis 
A Demanda do Santo Graal
I.	Galaaz é armado cavaleiro
6. Como Lancelote fez Galaaz cavaleiro
 “Aquele dia, hora de prima, rezava a missa, fez Lancelote, cavaleiro seu filho Galaaz, assim como era costume. E sabei que quantos lá estavam agradavam-se de sua aparência; e não era maravilha, porque naquele tempo não se podia achar em todo o reino de Logres donzel tão formoso e tão bem-feito; porque em tudo era tal que não se achar nada em que o censurasse, exceto que era meigo demais em seu modo de ser. E sabei que, quando Lancelote o fez cavaleiro, não pôde conter-se de chorar, porque sabia que em toda parte era de grande prestigio que não podia maior ser; e via tão pobre festa e tão pequena alegria em sua cavalaria; nem ele podia jamais cogitar que pudesse chegar a tal grandeza como depois chegou. O corpo tinha bem-feito e o modo de ser era meigo.”
	Vemos um filho que segue o caminho e o sonho do pai, visto muito em famílias de classe alta, onde o filho segue os passos de seu pai e muitas vezes tomando conta dos negócios da família. Um exemplo que podemos usar nos dias de hoje é a youtuber Thaynara OG, onde se formou em Direito, seguindo o mesmo caminho que seus pais e sua irmã. 
II.	Na corte do rei Artur
13. Como os clérigos acharam letreiros em dois assentos
“Depois disto, chegaram ao paço e mandaram pôr as mesas. E os clérigos, que se esforçavam por cuidar dos assentos da távola redonda, o que haviam de fazer, andaram de uma parte e da outra. E acharam então que em dois assentos não havia letreiro como antes senão outro recente. Num assento estava escrito o nome de Erec. E era o assento daquele cavaleiro que fora morto como no conto já referiu. E o outro tinha sido de um cavaleiro da Escócia que tinha nome Dragão, a quem Tristão matara naquela semana diante da Joiosa Guarda, porque aquele Dragão pedira amos á rainha Isolda. Mas isto não relata agora a estória da santo Graal,porque não toca a seu livro, mas a grande estória de dom Tristão o conta no seu livro.”
	A igreja naquela época tratada como soberana, e hoje em dia ainda temos essa supremacia da igreja, a gente pode ver o vaticano o Papa é considerado como se ele fosse um presidente, então esse estado de religião católica ainda está em vigor. Onde o Dragão faz referência aos pecados e ele põe a parte dos clérigos como se eles fossem varrer esses pecados que seria o dragão, e é o que a igreja faz na atualidade, seria colocar o mal de lado e santificar as coisas. 
III.	O assento perigoso.
 Galaaz acaba a aventura da pedra.
 Torneio em Camalote
17. O cavaleiro de quem Merlim e todos os profetas falavam
“O rei, assim que viu no assento perigoso o cavaleiro de quem Merlim e todos os profetas na Grã-Bretanha, então bem soube que aquele era o cavaleiro por quem seriam acabadas as aventuras do reino de Logres, e ficou com ele tão alegre e tão feliz, que bendisse a Deus:
- Deus, bendito sejas tu que te aprouve de tanto viver eu que, em minha casa, visse aquele de quem todos os profetas desta terra e das outras profetizaram, tão logo tempo há já. Agora falta – disse ele -, da távola redonda, dom Tristão, e nenhum outro. Mas maldita seja a beleza de Isolda, porque o assim temos perdido, porque se ela não fosse não deixaria ele de modo algum, de vir a esta festa tão grande.”
	Faz uma prece para Deus, perguntando se ele está fazendo a coisa certa ou não, que é uma coisa que nunca deixamos de fazer, sempre estamos pedindo para Deus para guardar nossos sonhos, as coisas que tanto desejamos. 
XXV.	Persival e o homem bom
186. Como o homem bom disse a Persival que lhe contaria a maravilha que Deus fizera por ele
“Então se ergueu o homem bom, e disse a Persival: - Bendito seja Deus que vos aqui trouxe nesta ocasião; certamente, porque muito me era mister, como vos contarei. Agora sentai vos revelarei a maior maravilha que tempo há que não acontece a pecador. Esta maravilha me acontece hoje.
E Persival se sentou logo, como quem desejava muito saber os feitos daquele homem. E o homem bom começou a contar deste modo.”
	Persival escuta a contação de história do homem, e hoje nas escolas por exemplo, temos a contação de história feita para crianças, e antigamente tinha muito isso também as pessoas que viviam aventuras contava suas histórias. 
XXVIII.	Sonhos de Lancelote
200. “- Ai, senhores da nossa linhagem! Deixais-me só e pobre e tão infeliz? Por Deus, quando chegardes á casa da alegria lembrai-vos de mim e rogai ao alto Mestre por mim, que não me esqueça.
E eles responderam todos a uma voz:
- Tu te fazes esquecer e tu fizeste para seres esquecido; não merecerés galardão, senão segundo teus feitos.
Então se chamava desgraçado e infeliz e fazia seu lamento grande, que não sabia Lancelote dele nada nada.”
Lancelote contesta a própria fé porque ele sofreu e está perguntando para Deus porquê que ele deixasse passar por tal infelicidade e acaba criticando a própria fé por acontecer coisas tão ruins, e isso de certo modo estamos fazendo mesmo que sem perceber, quando nos acontece algo ruim acabamos que perguntamos para Deus por que isso foi acontecer logo com a gente, acaba duvidando da própria fé e se questionando o porquê de merecer isso.
XXXI.	Persival, Lancelote e Galaaz
213. “– Ai, cavaleiro muito bom! Compaixão, por Deus e por misericordiam não me mates, pois eu me ponho á tua disposição.
E quando Galaaz viu que se humilhava tanto, disse:
- Cavaleiro, vós me afrontastes muito, mas visto que me pedis compaixão, dou-vos por quite da minha queixa, porque é justo que compaixão encontre quem compaixão pede.
Então se se voltou para floresta tão depressa, como se raio fosse atrás dele.”
	O cavaleiro percebendo que não teria chance, por ser inferior ao Galaaz já pediu logo por misericórdia, e acaba se humilhando, se oferecendo para fazer qualquer tipo de serviço. Isso acontece em algum grupinho de amigos, que se acham superior aos outros, e acaba humilhando e deixando que a outra pessoa se humilhe diante deles para deixar claro quem está no controle, quem está no topo comandando. 
	
XXXIII.	Lancelote e a donzela que lhe pede o corço
220. “Estas três coisas o faziam ficar na margem e fazer orações a Nosso Senhor, e rogava-lhe que por sua piedade o confortasse e lhe desse tal conselho para que não caísse em desespero nem em tentação do demo.
Mas ora deixa o conto a falar de Lancelote e torna a Persival.”
Atribui a culpa ao demônio. E isso acontece muito nas igrejas, vemos em diversos vídeos no facebook que falam que é o demônio que está por cima, está no controle, se a pessoa bebe, se a pessoa fuma, já colocam a culpa logo no demônio.
LII.	Artur o pequeno
363. “No outro dia, sem tardar partiram os quatros companheiros da casa de rei Artur. E o rei foi com eles até a floresta. Depois encomendou-os a Deus e voltou. E eles entraram na floresta para buscar aventuras, como devem fazer cavaleiros andantes.”
	Caçar na floresta para eles era uma atividade masculina, então eles saiam para fazer essas atividades que só homem poderia fazer, no caso ai os cavaleiros, e isso acontece muito ainda hoje em dia, onde os homens saem para pescar e caçar. Um exemplo, é alguns português no qual conheço, eles saem sempre em turmas de homens para caçar, e levam isso como uma distração, um programa para amigos onde tem só homens inclusos. 
LXXX.	Lancelote arrebata a rainha.
O sofrimento de rei Arthur
645. “– Ai, Deus, quão longamente me suportastes e mantivestes em grande honra e grande altura, e agora estou em pouco tempo rebaixado e aviltado por desgraça. Nunca alguém perdeu tanto como perdi, porque esta é perda superior a todas as perdas; porque se alguém perde terra, pode recuperá-la, como muitas vezes acontece, mas se alguén perde amigo ou parente, não pode recuperar de nenhum modo. Senhores, esta perda sofri como vedes, e não por vontade de Nosso Senhor, mas pela soberba de Lancelote do Lago.”
O rei Arthur se queixa de uma perda de alguém muito próximo a ele, e culpa Lancelote por isso. E podemos ver isso hoje em dia, quando uma pessoa perde alguém muito querido e por não aceitar o ocorrido ou não querer entender o real motivo, as vezes acaba se queixando pela perde, questionando o porquê de ter acontecido tal tragédia logo com essa pessoa, e muitas vezes procurando alguém ou algo para culpar.
LXXXVI.	Últimos feitos de Lancelote
	697. “Ao quinto ano, quinze dias antes de maio, deu tal enfermidade em Lancelote que bem viu que não podia escapar, e rogou ao arcebispo e a Bliobleris que, assim que padecesse, o levassem á Joiosa Guarda e o metessem naquele túmulo onde jazia Galeote, o Senhor de Longas Ilhas.”
Fazem uma promessa a Lancelote, que quando viesse ocorrer sua morte eles o levaria para a Joiosa Guarda, onde já estava Galeote, o Senhor das Longas Ilhas, então Lancelote morre e arcebispo e Bliobleris sai para cumprir sua promessa. Vemos isso em algumas famílias mais tradicionais, famílias de uma classe mais alta, que quando está a beira da morte deixa algum pedido, ou alguma intimação, um desejo para ser realizado depois que partir. 
Memorias de Um Sargento de Milícias 
Ao contrário de outras obras românticas, o autor mostra uma visão bem próxima à realidade. Os problemas sociais, as atitudes dos personagens e uma visão menos idealizada da realidade caracterizam a obra como precursora no Realismo. Personagens como Major Vidigal, por exemplo, realmente existiram.
No trecho que se segue, temos um exemplo da ironia e da crítica de costumes da época, em que um padre tem relações amorosas com a cigana:
“No mesmo instante viu aparecer o granadeiro trazendo pelo braço o Rev. Mestre-de-cerimônias em ceroulas curtas e largas [...]. Apesar dos aparos em que se achavam, todos desataram a rir: só ele e a cigana choraram de envergonhados.”
O livro incorpora a linguagem das ruas, classes medias baixas, uma sociedade do Rio de Janeiro, com um personagem de um tipo bem nacional que é oLeonardinho, com um jeito típico malandro.
Foi um romance objetivo e realista, tinha como pano de fundo a cidade e a vida social, familiar e amorosa de personagens que passa por situações típicas, como conflitos amorosos, conflitos de convivência, corrupção pelo dinheiro, ascensão social. É um romance visto pela perspectiva de pessoas mais pobres. 
É realista por que nos conta fatos reais, e nos fala de coisas com verdades e sem exageros. É retratado com um cenário com as ruas cheias de gente, onde desfilavam os meirinhos, parteiras, vadios, pessoas comuns de todos os tipos e tinha muitas vezes seus nomes suprimidos por suas profissões, dando assim a uma preocupação documental do realismo.
Os pais do protagonista eram irregulares e imorais, então seu filho não poderia ser diferente, o que trás a ideia do naturalismo: o homem é fruto do meio.
Fazendo o uso da ironia, o autor deixa perceber que sua intenção era divertir o leitor com os problemas sociais da época. 
Dentro desse cenário que envolve as ruas cheias de gente, podemos destacar:
“Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava-se nesse tempo – O canto dos meirinhos; e bem lhe assentava o nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe (que gozava então de não pequena consideração).”
Em conflitos amorosos:
“Finalmente aconteceu-lhe por três ou quatro vezes esbarrar-se junto de casa com o capitão do navio em que tinha vindo de Lisboa, e isto causou-lhe sérios cuidados. Um dia de manhã entrou sem ser esperado pela porta adentro; alguém que estava na sala abriu precipitadamente a janela, saltou por ela para a rua, e desapareceu. 
Á vista disto nada havia a duvidar: o pobre homem perdeu, como se costuma dizer, as estribeiras; ficou cego de ciúme. Largou apressado sobre um banco uns autos que trazia embaixo do braço, e endireitou para a Maria com os punhos cerrados.”
Podemos perceber um homem agindo de forma impulsiva, diante de um ato de traição, onde vemos muito isso hoje em dia, onde o homem se deparando com tal ato, se revolta ao imaginar a mulher com outro e talvez com um sentimento de posse ou de achar que tudo o que viveram foi mentira, surgindo a dúvida de quanto tempo isso já pode vim ocorrendo, acaba então ficando então cego de ciúmes e partindo para a agressão. 
Conflito de convivência:
“Vagou depois por muito tempo pela rua, e só se recolheu para casa estando já a noite adiantada. Ao chegar à porta de casa abriu-se o postigo de uma rótula contígua, e uma voz de mulher perguntou:
— Então vizinho, nada?
— Nada, vizinha, respondeu o compadre com voz desanimada.
— Ora, quando eu lhe digo que aquela criança tem maus bofes...
— Vizinha, isto não são coisas que se digam...
— Digo-lhe e repito-lhe que tem maus bofes... Deus permita que não, mas aquilo não tem bom fim...
— Oh! Senhora, replicou o compadre muito irritado, que tem a senhora com a minha vida e mais das coisas que me pertencem? Meta-se consigo, cuide nos seus bilros e na sua renda, e deixe a vida alheia.
Entrou depois para casa murmurando:
— Um dia faço aqui uma estralada com esta mulher: é sempre isto! Parece um agouro!”
Isso é muito comum, se deparar com vizinhos ou qualquer que seja o tipo de pessoa, e ela dar algum palpite que vai contra o seu, ou uma opinião desagradável sobre sua vida, e acaba que cria um desentendimento, uma situação chata que causa algum tipo de conflito com os envolvidos ali. 
Corrupção pelo dinheiro: 
“O compadre havia instituído a Leonardo por seu universal herdeiro. A comadre informou de semelhante coisa ao Leonardo-Pataca, e este apresentou-se para tomar conta de seu filho.”
Aproximação por interesse, outro fato comum, as pessoas esquecem o real valor que uma tem com as outras e acaba ligando somente para a questão financeira, dando prioridade para o que tem mais condição social. Deixam de lado o afeto familiar, e aparece somente quando a outra pessoa tem algo a oferecer. 
 Estudos Teóricos
O DEMÔNIO DA TEORIA: Literatura e Senso comum 
A Demanda do Santo Graal
O estilo é uma manifestação da cultura como totalidade; é o signo visível de sua unidade. O estilo reflete e projeta a “forma interior” do pensamento e do sentimento coletivos [...]. È nesse sentido que se fala o homem clássico, do homem medieval ou do homem do Renascimento. 
Cultura 
- Senhor – disse Quéia -, já é tempo de comer, pois já está perto de meio-dia; mas se vosso costume, que mantivestes até aqui em todas as grandes festas, quereis manter, não me parece que comer possais, porque em tão grande festa como esta não aconteceu ainda aventura nenhuma; e enquanto aventura não vos acontecesse, não costumáveis comer em nenhuma grande festa.
- Verdade é – disse o rei. – Este meu costume mantive sempre desde que fui rei e manterei enquanto viver. E pelas aventuras que na minha corte acontecem, chamam-me rei aventuroso; e por isso manterei as aventuras, porque, a partir da época em que deixarem de acontecer, bem sei que Nosso Senhor não agradará que muito eu reine daí em diante.
Sentimentos 
O rei Arthur, que muito amava Erec e o prezava de cavalaria pela fama que dele ouvira, que não prezava tanto nenhum cavaleiro da sua idade, quando viu que esta honra lhe viera, disse feliz e com muito prazer:
 - Erec, meu amigo, filho do rei Lac, que nesta corte de sua idade não se devia mais prezar mancebo de cavalaria, vinde a mim e vos conduziremos á grandeza que Nosso Senhor vos deu, que a outrem não. 
Memorias de um sargento de Milícias
“no mais realista dos romances, o referente não tem “realidade”: que se imagine a desordem provocada pela mais comportada das narrações, se suas descrições fossem tomadas ao pé da letra, convertidas em programas de operações, e, muito simplesmente, executadas. Em suma [...], o que se chama de “real” (na teoria do texto realista) não é nunca senão um código de representação (de significação): não é nunca um código de execução.”
 Entretanto o zelo da comadre pôs-se em atividade, e poucos dias depois entrou ela muito contente, e veio participar ao Leonardo que lhe tinha achado um excelente arranjo que o habilitava, segundo a um grande futuro, e o punha perfeitamente a coberto das iras do Vidigal; era o arranjo de servidor na ucharia real. Deixando de parte o substantivo ucharia, e atendendo só ao adjetivo real, todos os interessados e o próprio Leonardo regalaram os olhos com o achado da comadre. Empregado da casa real?! Oh! Isso não era coisa que se recusasse; e então empregado na ucharia! Essa mina inesgotável, tão farta e tão rica!... A proposta da comadre foi aceita sem uma só reflexão contra, da parte de quem quer que fosse.
 Como a comadre pudera arranjar semelhante coisa para o afilhado é isso que pouco nos deve importar.
 Dentro de poucos dias achou-se o Leonardo instalado no seu posto, muito cheio e contente de si.
 Considerações Finais
A Demanda do Santo Graal compõem o vasto complexo de lendas arthurianas incorporadas pela Matéria da Bretanha. A narrativa central pela busca do santo vaso, o Graal exemplifica uma série de implicações cristãs que repercutiam no pensamento medieval e pretendia modelar o comportamento de homens e mulheres na sociedade.
A busca pelo elemento sagrado que foi utilizado por Jesus Cristo é bastante simbólica e emblemática, usando como recurso principal a alegoria cristã. A narrativa tem a intencionalidade: a expansão do cristianismo e a cristianização dos costumes e das atitudes mentais e sociais do homem medieval, legitimando dessa forma a Igreja como intermediadora inquestionável entre Deus e os homens.
As revelações da obra são instrutivas: uma conduta alinhada aos ideais cristãos de bondade, castidade, fé, solidariedade, misericórdia, virgindade e tantas outras virtudes garantem o sucesso da trajetória do personagem e, consequentemente, na salvação do personagem. Somente os bons, os agraciados por Deus conseguirão alcançar a eternidade na graçadivina. Os maus, os pecadores que insistem em cometer atos profanos e não os reparam, que transgredem as ordens da Igreja e de Deus serão severamente punidos. Estarão condenados a uma vida tortuosa, sofrida, cercada de condenações. Sofrerão uma morte dolorida e pagarão por seus erros num inferno agonizante e aterrorizante.
Assim, estabelece-se a funcionalidade dos personagens, sejam eles cavaleiros, reis, fadas, magos, feiticeiras, damas, servos em geral. Todos têm a missão de postular comportamentos que direcionem a sociedade medieval às ideologias cristãs.
Em Memórias de Um Sargento de Milícias, nota-se que, apesar de romântico, ao longo da trama vários aspectos do movimento são criticados e diversas vezes satirizados. O livro foge às diversas características do estilo romântico, o relacionamento amoroso não é idealizado, Leonardo não se mostra corajoso e íntegro, como nos padrões do herói romântico. Mostra-se vagabundo, irresponsável, um anti-herói. Ele não é um vilão, mas não representa um modelo de comportamento; é uma pessoa comum. O final da história, fugindo do estilo romântico já conhecido com tragédias, Leonardo e Luizinha se casam e vivem felizes para sempre.
Manuel Antônio de Almeida cita personagem real, o Major Vidigal. Ele apresenta pequenas histórias no mesmo contexto, histórias “perpendiculares” à trama principal. Enfim, ele faz de tudo para prender a atenção do leitor para o próximo capítulo, criando assim um estilo próprio, um romantismo irônico, e crítico à sociedade vigente da época.
Apesar de o livro ter sido escrito no século XIX, época do Romantismo, ele pode ser considerado como uma obra excêntrica. Os fatos que comprovam que tal obra é excêntrica são a falta de personagens idealizados, além da utilização de metalinguagem.
Ambos os livros são muito importantes para a literatura, tratam-se de obras que ainda têm a admiração dos leitores, mesmo que tenham sido escritas há tanto tempo. Estão sempre presentes em listas de leituras em diversas unidades de ensino, e também são cobradas em questões de vestibulares. São obras riquíssimas em conteúdos para estudos aprofundados, podendo fazer uma comparação com a atualidade e na influência que ainda exercem em outras obras.
 Referências Bibliográficas
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS – CAMPUS MORRINHOS
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS
2018

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