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Disfunção simultânea de vários nervos periféricos. Polineuropatias Definição Polineuropatia é uma disfunção sensório-motora relacionada a muitas enfermidades sistêmicas ou próprias do Sistema Nervoso Periférico (SNP), que podem associar-se a disfunções do Sistema Nervoso Central (SNC). Do ponto de vista anatômico, o SNP pode ser envolvido em qualquer uma das partes que o compõe, desde a raiz nervosa até as porções mais distais dos ramos terminais dos axônios. Acometimento simétrico de fibras aferente,eferentes e autonômicas Déficit de distal para proximal Incidência – Prevalência Prevalência aproximada de 2% até 8% na população geral. Pode estar presente em todas as faixas etárias, sendo a incidência crescente em idades mais avançadas. Nos países desenvolvidos, o diabetes e o alcoolismo são as causas mais comuns. No mundo todo, a hanseníase é a principal causa tratável. O HIV é uma das causas com mais rápido crescimento. Em serviços de atenção primária a saúde, a neuropatia diabética é uma das neuropatias mais comuns. Fatores de Risco Envelhecimento Etilismo Diabetes Pacientes com distúrbios gastrointestinais, como anorexia, diarreia, doenças inflamatórias intestinais, infecções pelo H. pylori, após cirurgia bariátrica; Deficientes em Vit B12, Desnutrição (pessoas com dietas restritivas ou nutrição desequilibrada); Pacientes com comprometimento renal, insuficiência renal ou em diálise; Fatores de Risco Exposição a toxinas e substâncias químicas, por exemplo, arsênico; Medicamentos que influenciam o metabolismo ou a absorção de nutrientes, inibidores de bomba de prótons, quimioterápicos ou tratamentos para HIV/AIDS; Lesões físicas ou traumas, tais como acidentes com veículos motorizados, quedas ou lesões em práticas esportivas. Traumas que podem danificar os nervos periféricos; Causas genéticas (pessoas que têm um membro da família que sofre de neuropatia) Etiologia São descritas mais de 90 causas envolvendo os fatores de risco, doenças sistêmicas, contaminações por vírus, bactérias, químicos. Fisiopatologia Mielina Axônio Vasa nervorum Fisiopatologia Fisiopatologia Fisiopatologia Sugere-se que a polineuropatia esteja relacionada com a própria fisiopatologia da sepse distúrbios na micro circulação -> perda da auto regulação dos vasos sanguíneos que suprem os nervos periféricos -> liberação de citocinas, que aumentam a permeabilidade dos vasos ->edema endoneural Hipóxia e conseqüentes déficits resultando em degeneração axonal primária de fibras sensitiva e motora, predominantemente distal em função de seu envolvimento no transporte axonal altamente dependente de energia. É possível também que as próprias citocinas, como o fator de necrose tumoral, tenham efeito tóxico direto no nervo periférico. Essa polineuropatia tem gravidade variável e afeta especialmente os membros inferiores, sendo de maior gravidade na parte distal. Classificação Adquiridas Metabólicas : diabetes, alcoolismo, nefropatia. Inflamatórias (aguda) : Guillain-Barré, Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica. Fármacos / Toxinas. Doenças oncológicas. Infecção : HIV, difteria, hanseníase. Classificação Hereditárias Neuropatia motora e sensorial ou Doença de Charcot-Marie-Tooth (atrofia muscular fibular). Defeito metabólico desconhecido. Tipo I forma desmielinizante. Tipo II distúrbio axonal. Neuropatia sensorial. Defeito metabólico desconhecido. Porfiria. Defeito metabólico conhecido. Tipos Polineuropatias de acordo com a evolução temporal (agudas ou crônicas), o tipo de fibras envolvidas (motoras, sensoriais ou mistas) e a fisiopatologia (desmielinizante ou axonal): Polineuropatias Axonais Sensoriais e Motoras Agudas 2. Polineuropatias Axonais Sensoriais e Motoras Crônicas 3. Polineuropatias Axonais Predominantemente Motoras Agudas 4. Polineuropatias Axonais Predominantemente Motoras Crônicas 5. Polineuropatias Axonais Sensoriais Agudas 6. Polineuropatias Axonais Sensoriais Crônicas 7. Polineuropatias Desmielinizantes Predominantemente Motoras Agudas 8. Polineuropatias Desmielinizantes Motoras e Sensoriais Crônicas Quadro clínico Formigamento Dormência, Dor semelhante à de uma queimação Incapacidade de sentir vibrações ou a posição dos membros superiores, dos membros inferiores e das articulações. Geralmente, a sensação dolorosa intensifica-se durante a noite e pode tornar-se mais severa quando a área sensível é palpada ou quando há uma mudança de temperatura. Com o avanço da doença, outros nervos mais importantes podem ser afetados, como os da respiração ou os da bexiga, resultando em outros sintomas como dificuldade para respirar ou para segurar o xixi, por exemplo. Tratamento O tratamento da polineuropatia vai depender da sua etiologia. Tratamento O tratamento da polineuropatia vai depender da sua etiologia. Tratamento direcionado para a causa Tratamento O tratamento da polineuropatia vai depender da sua etiologia. Tratamento direcionado para a causa Tratamento de suporte Sindrome de Guillain Barré Definição Polineuropatia inflamatória aguda predominantemente de característica desmielinizante. Existe outras três apresentações clínicas da doença, não só a forma desmielinizante. Disfunção sensório- motora Acometimento simétrico de fibras aferentes (sensitivas), eferentes(motoras) e autonômicas Caracterizada por déficit de distal para proximal Lesão nervosa imunomediada pós-infecciosa Incidência – Prevalência Incidência global de 1 a 2 casos por 100.000/ano Crianças e adultos de ambos os sexos Presente em todas as partes do mundo e todas as estações Não apresenta predomínio em populações específicas Etiologia Autoimune – mediada por anticorpos. Associada com infecções por bactérias e vírus: Campylobacter jejuni, citomegalovírus, Epstein-Barr vírus, influenza A, Mycoplasma pneumoniae, Haemophilus influenzae, hepatite (A, B e E) e Zika. Maior incidência em pessoas com doenças malignas ou autoimunes anteriores. Fisiopatologia Anticorpos gangliosídeos -> Identificam a mielina e o axônio como se fossem antígeno -> ”Mimetismo Molecular” Linfócito ligam-se às paredes dos vasos e migram até a fibra nervosa -> ocorre a desagregação da mielina com preservação do axônio -> diminuição de sensibilidade e força/ parestesia Lesão mais intensa – além de linfócitos aparecem leucócitos -> lesão de axônio -> plegia, anestesia, arreflexia Se não tratado – o neurônio pode ser totalmente destruído -> plegia total, acometimento inclusive de nervos encefálicos. Tipos Puramente desmielinizante Puramente axonal Desmielinizante com envolvimento axonal Imagens ... Desmielinizante O impulso nervoso se dá de forma saltatória, a mielina atua como um isolante, sem mielina o impulso demora pra chegar Axonal e Desmielinizante com envolvimento axonal Os gangliosídeos específicos – GM1,GD1, GQ1b (nódulos de ranvier, raízes e terminações axônicas) são alvo das imunoglobulinas Na Síndrome de MiIler Fisher o antígeno também ataca o GQ1b do tronco encefálico, por isso acarreta oftalmoparesia Diagnóstico Exame clínico Eletroneuromiografia Análise do Líquor Quadro clínico Parestesia progressiva e simétrica (distal -> proximal) Plegia ou paresia progressiva Hipoestesia -> anestesia Hiporreflexia -> arreflexia Mialgia e dor em região dorsal severa nos estágios iniciais Insuficiência respiratória aguda (plegia do diafragma) Discurso staccato – frases curtas indicando dificuldade respiratória Paresia orofaríngea e facial (50%) Anestesia em bota ou em luva Síndrome de Miller Fisher (fraqueza oculomotora, ataxia ou arreflexia) Quadro clínico Disfunções autonômicas – até 2/3 dos pacientes Flutuações na pressão arterial Arritmias Disfunção vasomotora Incontinência fecal Retenção urinária Disfunção sexual Rubor facial Anormalidadespupilares Broncoespasmo Desrregulação da temperatura Desrregulação da motilidade gastrointestinal (íleo paralítico, gastroparesia e diarreia) Alguns pacientes podem apresentar disfunções sexuais, mas as manifestações de disautonomia são menos comuns Fases Instalação: 24 à 48hs Parestesia e mialgia Estado: 72hs à dias Parestesia / Paresia / Plegia Recuperação: Cerca de 6 meses Tratamento Corticoesteróides Plasmaferese (filtragem do sangue para remover os auto anticorpos) Terapia imunoglobina Fisioterapia (fatores neurotróficos) Polineuropatia Diabética Definição “Grupo heterogêneo de síndromes clínicas ou subclínicas que afetam regiões distintas do sistema nervoso causando uma ampla variedade de manifestações clínicas compatíveis com disfunção de nervos periféricos em pacientes com diabetes após exclusão de outras causas.” Incidência/ Prevalência O diabetes é a causa mais comum da neuropatia periférica Responsável por cerca de 2/3 das amputações não traumáticas Aproximadamente 60% com diabetes possuem algum tipo de polineuropatia (National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases) Em 2010 afetava cerca de 2% da população (Global Burden of Disease Study) Mostra maior prevalência em idade ≥ 40 anos, escolaridade < 8 anos de estudo, obesidade, sedentarismo, comorbidade com hipertensão arterial e hipercolesterolemia. Fatores de Risco > tempo de convivência com o diabetes (25 anos) Nível elevado de triglicérides Excesso de peso Hipertensão Fatores relacionados ao estilo de vida: tabagismo, sedentarismo, uso de álcool Etiologia Controle inadequado da glicose Presença de retinopatia e doença renal ( aumento de toxinas) Fatores neurovasculares Fatores autoimunes Fatores hereditários Fisiopatologia A alta taxa de glicemia causa um estreitamento dos pequenos vasos sanguíneos que nutrem as bainhas de mielina, ocasionando atraso ou cessação na comunicação entre os neurônios. A degeneração causada às bainhas de mielina é a causa principal da neuropatia diabética periférica. Os nervos não precisam de insulina para absorver a glicose. Então, se a taxa de açúcar do sangue subir, os nervos ficam saturados de tanta glicose. As enzimas processam o açúcar excedente, convertendo-o em sorbitol e frutose, levando a níveis reduzidos de outras substâncias importantes. Com o desgaste da bainha de mielina e a lesão da estrutura do nervo, os sinais transmitidos pelos axônios podem se tornar confusos. A reductase do sorbitol gera poliol que lesiona a microvascularização da retina, rins e nervos periféricos. Tipos/ Classificação As classificações atualmente mais aceitas são a classificação baseada nas apresentações clínicas publicada por Thomas e a classificação de acordo com seu mecanismo fisiopatológico sugerido por Dyck e Giannini. A) Polineuropatia simétrica distal, B) Radiculoplexopatias, C) Neuropatias focais compressivas, D) Neuropatia autonômica Figura 1 Desenho esquemático - diferentes padrões clínicos da neuropatia diabética. Tipos I- Polineuropatias simétricas: Condições relativamente estáveis: Polineuropatia sensitiva distal simétrica (PNSD) Variantes: aguda, grave PNSD no início do diabetes, neuropatia pseudossiringomiélica, neuropatia pseudotabética, Neuropatias autonômicas Sintomas episódicos (transitórios): Neuropatia da caquexia diabética Neuropatia hiperglicêmica Neuropatia diabética tratamento-induzida ou neurite insulínica Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica (CIDP-plus) Neuropatia hipoglicêmica Polineuropatia sensitiva distal simétrica (PNSD) Variantes: aguda, grave PNSD no início do diabetes neuropatia pseudossirin- gomiélica, neuropatia pseudodiabética Neuropatias autonômicas II - Neuropatias assimétricas/focais e multifocais: Radiculoplexopatia lombossacral diabética (RPLSD; Síndrome de Bruns-Garland, amiotrofia diabética, neuropatia proximal diabética) Radiculoplexoneuropatia cervicobraquial Neuropatias truncais (radiculopatia torácica/abdominal) Neuropatias cranianas Mononeuropatias(mediano, ulnar, fibular) Tabela 1 Classificação clínica das neuropatias diabéticas. Importante ressaltar que, apesar de subdividir didaticamente em formas clínicas distintas, essas apresentações podem coexistir em um mesmo paciente durante sua evolução. Quadro Clínico Dor contínua sempre presente Parestesia de extremidades Dor espontânea que ocorre subitamente na ausência de qualquer estímulo identificável Hiperalgesia - dor acentuada na sequência de um estímulo doloroso mínimo (por exemplo, uma picada de um alfinete) Alodinia - dor é causada por um estímulo não doloroso (por exemplo, um toque ligeiro) Fraqueza muscular Dificuldade de coordenar a deambulação Podem também apresentar sintomas neurovegetativos – hipotensão postural, disfunção sexual, disfunção de transpiração, mau funcionamento da mobilidade do estômago (gastroparesia) Pode evoluir para hipoalgesia e diminuição de sensação térmica. Tratamento Medicamentoso Agentes anestésicos Agentes tópicos Fármacos antiepilépticos Drogas antidepressivas
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