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ESTRUTURA E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS AULA 1 Profª Edenise Aparecida dos Anjos ESTRUTURA E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS CONVERSA INICIAL Esta aula tem como objetivo a análise de demonstrações contábeis, iniciaremos aos estudos com uma abordagem sobre as demonstrações contábeis e estrutura, em consonância com os pronunciamentos técnicos, CPC 00 e CPC 26, a Lei 6.404/76 (Lei das sociedades por ações) no Tema 1, na sequência dando continuidade aos estudos da análise das demonstrações serão abordados os seguintes temas: Tema 2 – Análise Horizontal e Vertical Tema 3 – Análise de Liquidez e Endividamento, Tema 4 – Análise de Rentabilidade e Lucratividade Tema 5 – Análise do Ciclo operacional e Financeiro. CONTEXTUALIZANDO A Análise das demonstrações contábeis é um elemento fundamental para o sucesso do processo decisório de investidores, analistas, credores, gestores, dentre outros. Desse modo, não basta haver um conjunto de demonstrações que evidenciam a situação patrimonial, econômica e financeira de uma entidade, é necessário que os dados extraídos das demonstrações contábeis sejam comparados com medidas de performance organizacional ou setoriais para a avaliação do desempenho passado e também a realização de projeções de resultados futuros (Borinelli & Pimentel, 2010). Assim, para que se possa aproveitar ao máximo os benefícios do processo de análise demonstrações contábeis e financeira, são fundamentais para, primeiramente, estabelecer os objetivos da análise, preparar os dados e fazer uma visão geral das demonstrações. TEMA 1 – Estrutura e Análise das Demonstrações Contábeis As demonstrações contábeis representam um canal de informação da empresa com seus usuários, relatam a posição financeira (balanço patrimonial), desempenho (demonstração do resultado) e fluxos de caixa de uma entidade (CPC 26). Neste entendimento as demonstrações contábeis têm como objetivo geral, gerar informações para atender uma ampla gama de usuários. A luz dessas considerações, Rios e Marion (2017) discorrem que 3 embora determinados grupos de usuários tenham necessidades de informações especificas, as demonstrações contábeis devem ser elaboradas para atender as necessidades comuns da maioria dos usuários. A elaboração e apresentação das Demonstrações contábeis são calcadas pelos pronunciamentos técnicos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, o qual apresenta a “Estrutura Conceitual básica para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro contemplada no CPC00 e apresentação do conjunto de demonstrações contábeis – CPC 26. As demonstrações contábeis elaboradas de acordo com o CPC 00 (estrutura conceitual básica) devem fornecer informações uteis para a tomada de decisões econômicas e avaliações por parte dos usuários (internos e externos), não tendo como proposito o atendimento de usuários específicos (Adriano, 2018). Neste entendimento, as demonstrações contábeis elaboradas de acordo com a estrutura conceitual auxiliam os seus usuários para a tomada de decisão para: A estrutura conceitual básica – CPC 00, aborda ainda os conceitos, objetivos e características dos relatórios contábeis. Assim como a definição, reconhecimento, mensuração dos elementos que compõe os demonstrativos. a) o objetivo da elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro; b) as características qualitativas da informação contábil-financeira útil; •A administração da entidade quanto a responsabilidade que lhe tenha conferido e quanto à qualidade de seu desempenho e de sua prestação de compras; •A capacidade de a entidade pagar seus empregados e proporcionar- lhes outros beneficios; •A segurança quanto a recuperação dos recursos financeiros emprestados a entidade; AVALIAR •Quando, comprar, manter ou vender instrumentos Patrimonais DECIDIR •Políticas tributarias; •a distribuição de lucros e dividendos; DETERMINAR •e usar estatistica de renda nacional; ELABORAR •as atividades da entidade REGULAMENTAR 4 c) a definição, o reconhecimento e a mensuração dos elementos a partir dos quais as d) demonstrações contábeis são elaboradas; e e) os conceitos de capital e de manutenção de capital. Portanto, as demonstrações contábeis devem ser elaboradas de acordo com as orientações dos pronunciamentos técnicos e da estrutura conceitual básica, com base no modelo de custo histórico, e no conceito da manutenção do capital financeiro nominal. Entretanto, Adriano(2018) assevera que outros modelos e conceitos podem ser considerados mais apropriados para atingir o objetivo de proporcionar informações que sejam úteis para tomada de decisões econômicas, embora não haja presentemente consenso nesse sentido. No contexto brasileiro, a elaboração, apresentação e divulgação das demonstrações contábeis, são regidas pela Lei º 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas), Lei nº 10.406/2002 (Novo Código Civil) e pelos Pronunciamento técnicos, emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), a exemplo da convergência a normas internacionais de contabilidade. Para Assaf Neto e Lima (2012), “as demonstrações contábeis equivalem a um conjunto de informações apuradas e divulgadas pelas empresas, revelando os vários resultados de seu desempenho em um exercício social.” Neste entendimento, o CPC, em seu pronunciamento técnico CPC 26 apresenta os principais elementos que devem apresentados e que proporcionam informação da entidade acerca do seguinte: a) ativos; b) passivos; c) patrimônio líquido; d) receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas; e) alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e distribuições a eles; e f) fluxos de caixa O pronunciamento técnico CPC 26, trata ainda das regras para apresentação do conjunto de demonstrações de contábeis, sendo composto por: a) Balanço Patrimonial ao final do período – BP b) Demonstração do Resultado do período – DRE c) Demonstração do Resultado Abrangente do período – DRA d) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido do período – DMPL e) Demonstração dos Fluxos de Caixa do período – DFC f) Demonstração do Valor Adicionado do período – DVA, se exigido legalmente ou por algum órgão regulador ou mesmo se apresentada voluntariamente 5 g) Notas Explicativas – NE, compreendendo as políticas contábeis significativas e outras informações elucidativas h) Informações comparativas com o período anterior i) Balanço Patrimonial do início do período mais antigo, comparativamente apresentado, quando a entidade aplicar uma política contábil retrospectivamente ou proceder à reapresentação retrospectiva de itens das demonstrações contábeis, ou quando proceder à reclassificação de itens de suas demonstrações contábeis Na sequência apresenta-se os conceitos e/ou definição de cada uma das demonstrações. 1.1 Balanço Patrimonial (BP) O Balanço patrimonial é um dos mais importantes relatórios contábeis, retrata a estática patrimonial e trata do estudo e evidenciação da estrutura patrimonial – elementos e valores – em um dado período de tempo, ou seja representa uma foto do patrimônio da entidade em determinado momento. É o único relatório contábil estático do conjunto de demonstrações, todos os demais integram a dinâmica patrimonial. O BP representa quantitativamente e qualitativamente o patrimônio de uma entidade, evidencia o conjunto de bens, direitos, obrigações e patrimônio e contas. Desse modo, o balanço patrimonial é composto por três elementos básicos:Quadro 1. Elementos do Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL Ativo Passivo Patrimônio Líquido Fonte: CPC00 Ativo: compreende os recursos utilizados por uma entidade, e dos quais se esperam benefício econômicos futuros (bens e direitos). Passivo: Compreende as exigibilidades e obrigações (obrigações) Patrimônio Líquido: Representa a diferença entre ativo e passivo, ou seja o valor líquido da empresa. Assim, a equação patrimonial é representada na figura 1, no qual o patrimônio líquido é o valor residual da diferença do ativo e passivo: 6 Patrimônio Líquido = Ativo – Passivo Figura 1. Equação Patrimonial Quanto à disposição das contas contábeis no balanço, estas são padronizadas de acordo com a natureza de cada conta. São classificadas de modo ordenado e uniforme, para que os usuários possam analisar, interpretar e tomar decisões acerca da situação patrimonial e financeira de uma entidade (Martins, Gelbcke, Santos & Iudícibus, 2013). A Lei 6.404/76, por meio dos artigos 178 a 182 define como deve ser a disposição de tais contas. Para melhor entender essas classificações, as ativos e passivos são segregados em grupo de contas: Quadro 2. Estrutura Sintética do BP BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE Realizável a Longo Prazo Investimentos Imobilizado Intangível PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social Reservas de Capital Ajustes de Avaliação Patrimonial Reservas de Lucros Ações em Tesouraria Prejuízos Acumulados Fonte: Martins, Gelbcke, Santos e Iudicibus (2013) Na estrutura do balanço patrimonial, o ATIVO posiciona-se do lado esquerdo, segmentado em dois grandes grupos, no primeiro grupo, o Ativo Circulante, onde são apresentadas as contas que serão conversíveis em disponibilidades (dinheiro) mais rapidamente, por exemplo: caixa, bancos, contas a receber, estoques e assim sucessivamente. Já no grupo do Ativo não circulante são classificadas as contas de longo prazo, com conversão em disponibilidades de longo prazo (entende-se como longo prazo, o que inicia-se 7 a partir do mês subsequente ao do término do exercício seguinte), como por exemplo, investimentos, imobilizados e intangível. O PASSIVO, disposto do lado direito do balanço patrimonial, é dividido em dois grupos, Passivo circulante, neste grupo são classificadas primeiramente as contas cuja exigibilidade (obrigação/dívidas) ocorre antes, por exemplo, pagamento de fornecedores, salários, impostos e assim sucessivamente. E no grupo de Passivo Não Circulante, são enquadradas as obrigações (exigibilidades) com prazo estendido para pagamento, ou seja dividas de longo prazo, como por exemplo: Empréstimos e financiamentos. Ainda do lado direito do balanço patrimonial, tem-se Patrimônio líquido, composto por obrigações não exigíveis, uma vez que representa os recursos provenientes dos sócios, divididos em capital e reservas de capital. O CPC 26, segue o padrão das normas internacionais de contabilidade, estabelecendo ordem e critérios para apresentação das contas do balanço patrimonial, determinando ainda que seja observada a legislação brasileira pertinente. 1.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) A demonstração do resultado, pode ser considerado como o principal relatório contábil, do ponto de vista de analistas e gestores, pois evidencia como o lucro ou prejuízo é formado e a eficiência da entidade em gerar resultados (Borinelli & Pimentel, 2010). A Lei nº 6.404/76 define o conteúdo da Demonstração do Resultado (DR), e a ordem que esta deve ser apresentada. Assim a DR, deve apresentar detalhadamente de forma dedutiva, as receitas, despesas, ganhos e perdas, definindo claramente como o resultado líquido é formado. As receitas e despesas devem ser apropriadas ao período em função de sua inocorrência e vinculação das receitas com a despesas, pelo regime de competência. No que tange a classificação das contas e a apresentação da demonstração do resultado, deve incluir as seguintes rubricas (CPC 26), além das receitas: i. custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos; ii. lucro bruto; iii. despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas operacionais; iv. resultado antes das receitas e despesas financeiras; v. resultado antes dos tributos sobre o lucro; vi. resultado líquido do período. 8 Neste entendimento, a Demonstração do resultado é um resumo ordenado de receitas e despesas de um exercício social, apresentada verticalmente deduzindo primeiramente as receitas brutas de vendas e ou serviços, e na sequência subtraem-se os custos, as despesas até atingirmos o resultado do exercício que pode ser lucro ou prejuízo, o quadro 3, apresenta a estrutura proposta da pela Lei 6.404/76. Quadro 3. Demonstração de Resultado do Exercício. DEMONSTRAÇÕES DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Faturamento por venda e serviços prestados (-) Deduções da receita, abatimentos e impostos (=) Receita líquida de vendas e serviços prestados (-) Custos dos produtos vendidos e serviços prestados (=) Lucro bruto (-) Despesas com vendas (-) Despesas gerais e administrativas (-) Outras despesas (+) Outras receitas (-) Resultado financeiro líquido (+/-) Resultados com Coligadas e Controladas em Conjunto (=) Resultado antes dos tributos sobre o lucro (-) Despesas de imposto de renda e contribuição social (=) Lucro ou prejuízo líquido do exercício Fonte: Martins, Gelbcke, Santos e Iudicibus (2010) A maioria das empresas apuram seus resultados – confrontando receitas e despesas – pelo menos uma vez ao ano, no entanto as empresas devem se ater a legislação à que estão submetidas, como é o caso das sociedades por ações que precisam apurar e apresentar resultados trimestralmente. Ademais, a demonstração de resultados do ponto de vista dos proprietários e acionistas, é um dos mais importantes relatórios contábeis, peça chave, para avaliar o retorno do capital investido e o desempenho da empresa (Borinelli &Pimentel, 2010). 1.3 Demonstração do Resultados Abrangente (DRA) A demonstração do resultado do exercício evidencia os resultados decorrentes do funcionamento da entidade, normalmente em um período de 12 meses, ou um exercício social. No entanto pode existir a influência de eventos passados que afetam o patrimônio líquido das empresas, que devem ser mensurados e reconhecidos, todavia estes eventos devem ser evidenciados separadamente da demonstração do resultado. Neste sentido o CPC 26, determina a adoção de duas Demonstrações a saber: 9 • Demonstração de resultado: deve apresentar todos os itens de receitas e despesas realizados dentro do período (exercício vigente) • Demonstração de resultados abrangentes: As variações do patrimônio líquido decorrente de reservas de reavaliação, ajustes de instrumentos financeiros, variações cambiais, entre outros, que poderão transitar no futuro pelo resultado do período, devem ser apresentados separadamente. As normas internacionais de contabilidade permitem que a DRA seja apresentada juntamente com a DRE, no entanto Brasil, o Comitê de pronunciamentos determina que seja apresentado separadamente, utilizando como base o Lucro líquido do exercício, conforme apresentado no quadro a seguir: Quadro 4. Modelo de DRA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE 20x1 20x2 Lucro Líquido do Período Parcela dos sócios da Controladora Parcela dos não controladores Ajustes Instrumentos Financeiros Tributoss/Ajustes Instrumentos Financeiros Equiv. Patrim. s/Ganhos Abrangentes de Colig. Ajustes de Conversão do Período Tributos s/Ajustes de Conversão do Período Outros Resultados Abrangentes Antes Reclas. Ajustes de Instrum. Financ. Reclassif. p/Result. Outros Resultados Abrangentes Parcela dos sócios da Controladora Parcela dos não controladores Resultado Abrangente Total Parcela dos Sócios da Controladora Parcela dos não controladores Fonte: Martins, et al. (2013) Portanto, a demonstração do resultado abrangente (DRA) pode ser definida, como: “A mutação que ocorre no patrimônio líquido durante um período que resulta de transações e outros eventos que não derivados de transações com sócios na sua qualidade de proprietário (Martins et al., 2013)”. Em síntese, a DRA é o resultado do exercício acrescido de ganhos ou perdas e pode ser apresentada separadamente ou dentro da demonstração das mutações do patrimônio líquido. 1.4 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) A Demonstração das mutações do Patrimônio líquido (DMPL) é uma demonstração dinâmica, que evidencia as movimentações internas ocorridas 10 com, lucros, prejuízos, integralizações de capital, dividendos, reservas, ajustes de avaliação patrimonial, entre outros, que integram o patrimônio líquido. É complementar ao Balanço Patrimonial e fortemente relacionada com a Demonstração do Resultado, uma vez que a apuração do resultado do período é transferida para o Patrimônio líquido da entidade (Borinelli & Pimentel 2010; Silva, 2017). A elaboração e apresentação é proposta pelo CPC 26, o qual estabelece os requisitos gerais e diretrizes para estrutura e conteúdo mínimo para a apresentação da DMPL. O CPC 26, item 106, dispõe sobre a estrutura da DMPL, esta deve conter informações em colunas, disposto na íntegra abaixo: a) o resultado abrangente do período, apresentando separadamente o montante total atribuível aos proprietários da entidade controladora e o montante correspondente à participação de não controladores; b) para cada componente do patrimônio líquido, os efeitos da aplicação retrospectiva ou da reapresentação retrospectiva, reconhecidos de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro; c) para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação do saldo no início e no final do período, demonstrando-se separadamente (no mínimo) as mutações decorrentes: (i) do resultado líquido; (ii) de cada item dos outros resultados abrangentes; e (iii) de transações com os proprietários realizadas na condição de proprietário, Ainda de acordo com o pronunciamento, deverá ser emitida em notas explicativas, o montante de dividendos reconhecidos como distribuição aos proprietários durante o período e o respectivo montante dos dividendos por ação. Todas as contas ou itens que afetam ou não o patrimônio, mas com movimentações entre as contas, devem ser inseridas respeitando o nível de detalhamento exigido por esta demonstração (ver quadro 5). Quadro 5. Exemplos de contas que afetam e não afetam o Patrimônio Total AFETAM NÃO AFETAM Acréscimo pelo lucro ou redução pelo prejuízo do exercício; Redução por dividendos; Acréscimo por reavaliação; Redução ou acréscimo por outros resultados abrangentes; Ajuste de avaliação patrimonial Redução por gastos na emissão de ações, entre outras; Aumento de capital com utilização de lucros e reservas; Apropriações do lucro do exercício, por meio da conta de lucros acumulados para formação de reservas, como reserva legal, reserva de lucros a realizar, reserva para contingencia e outras; Reversões de reservas patrimoniais para a conta de lucros e prejuízos acumulados (conta transitória); Compensação de prejuízos com reservas, entre outras. Fonte: Martins et al, 2013): 11 Conforme o exposto pelo CPC 26, item 110, as alterações no patrimônio líquido da entidade entre duas datas de balanço, devem refletir o aumento ou redução nos seus ativos líquidos durante o período, assim como a demonstração dos resultados abrangentes. Sua estrutura pode ser apresentada em dois agrupamentos: Transações de capital com os sócios - tais como integralizações de capital, reaquisições de instrumentos de capital próprio da entidade e distribuição de dividendos e dos custos relacionados com tais ações. Resultados abrangentes - abrangendo três componentes básico: o Resultado líquido do período o Outros resultados abrangentes o Reclassificações para o resultado Diante do exposto, a DMPL deve proporcionar informações aos usuários das demonstrações contábeis, uma base para avaliar a capacidade da entidade gerar capital próprio, assim como as necessidades de captação de capital, além de proporcionar subsídios para o estabelecimento de políticas de dividendos e destinação de resultados. 1.5 Demonstração dos Fluxos de Caixa A demonstração do fluxo de caixa (DFC) é uma demonstração dinâmica, que possui por objetivo evidenciar resumidamente todas as variações ocorridas na conta caixa e equivalentes de caixa em um determinado período. Além de evidenciar as origens de todas as entradas, assim como a destinação de todos os recursos do período (Borinelli &Pimentel, 2010). Desse modo, permite aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade da entidade de gerar caixa e equivalentes de caixa, assim como a necessidade de incremento de fluxo de caixa. O Pronunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa, define os requisitos para a apresentação da demonstração dos fluxos de caixa e respectivas divulgações, orientando que a análise desta demonstração não deve ser elaborada isoladamente. Assim, as informações da DFC, devem ser analisadas em conjunto com as demais demonstrações e permitem aos usuários avaliarem: a) A capacidade da empresa gerar fluxos futuros de caixa líquido; b) Capacidade de pagamento; c) Liquidez e solvência; d) Conversão de lucro em caixa; e) Desempenho 12 operacional; f) Posição financeira da empresa, quanto as transações de investimentos e financiamentos. Os termos utilizados para elaboração da DFC são: Termos Definições Caixa Compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis. Equivalentes de caixa São aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor. Fluxos de caixa são as entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa. Atividades operacionais são as principais atividades geradoras de receita da entidade e outras atividades que não são de investimento e tampouco de financiamento. Atividades de investimento são os referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa. Atividades de financiamento são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da entidade. A classificação proposta na estrutura para a elaboração da DFC segue a natureza das transações devolvidas pelas entidades. A orientação do CPC 03, determina que a apresentação da DFC deve apresentar os fluxos de caixa do período, classificado por: Atividades Operacionais – Evidencia o efeito no caixa derivados das operações que geram receitas e despesas, por exemplo: Compra, venda, estoques, mostra a eficiência da empresa em gerar e consumir caixa, considerandoapenas as entradas e saídas de caixa. Exemplo transações operacionais: recebimentos de clientes em decorrência de vendas de produtos produzidos, mercadorias e/ou serviços prestados (a vista ou a prazo), Pagamentos de fornecedores, salários e impostos. Atividades de Investimento – Evidencia as atividades que possuem a finalidade de gerar lucros e fluxos de caixa no futuro. Somente desembolsos que resultam em ativo reconhecido nas demonstrações contábeis são passíveis de classificação como atividades de investimento. Exemplos: Venda e aquisição de imobilizado, participações em outras empresas, contratos futuros a termo, de opções, swap. Atividades de Financiamento – Evidenciam as transações derivadas da relação dos fornecedores de capital e seus proprietários, acionistas, bem como da capacidade que a empresa possui de utilizar recursos externos (capital de terceiros) para financiar sua atividade operacionais. Entende-se que a evidenciação das movimentações segregadas por atividades, permite aos usuários avaliar o impacto de tais atividades na dinâmica patrimonial. 13 1.5.1 Métodos de elaboração da DFC Quanto a elaboração e apresentação da DFC, são propostos dois métodos, o primeiro é conhecido como método direto e o segundo método indireto (CPC03). O método direto, Explicita as entradas e saídas brutas de dinheiro dos principais componentes das atividades operacionais, tais como recebimentos e pagamentos, o saldo final das operações expressa o volume líquido de caixa provido ou consumido pelas transações em determinado período. Já o método indireto, faz a conciliação entre o lucro líquido apurado no período e o caixa gerado pelas operações, conhecido também pelo método da conciliação. 1.5.2 Técnica de elaboração Para a elaboração da DFC, faz-se necessário uma análise detalhada do conjunto de demonstrações, essencialmente o balanço patrimonial e a demonstração do resultado para identificar quais as transações que afetaram o caixa por atividades, conforme exposto no quadro 6 por exemplo.. Quadro 6. Exemplos de transações que que afetam o caixa ATIVIDADES TRANSAÇÕES Que aumentam o caixa Que diminuem o caixa O P E R A C IO N A IS Vendas de mercadorias ou prestação de serviços à vista; Recebimentos de seguradores de prêmios e sinistros. Recebimentos de royalties, honorários, comissões. Recebimento de juros provenientes de empréstimos concedidos ou aplicações financeiras. Compra de serviços, matéria-prima ou mercadorias com pagamento a vista. Pagamentos diversos aos fornecedores de mercadorias, matéria-prima e serviços. Pagamentos de salários e benefícios de empregados. Recolhimentos de impostos e contribuições ao governo. Adiantamento a fornecedores de mercadorias e serviços. Pagamento de juros IN V E S T IM E N T O Recebimento, a vista, de venda de qualquer ativo de longo prazo (investimento, imobilizado, intangível) Recebimento por liquidação de adiantamento ou empréstimos feitos a terceiros (desde que não seja instituição financeira) Compra de investimentos em outras empresas. Aquisição de ativo imobilizado que será utilizado na atividade fim. Adiantamentos de caixa e empréstimos feitos a terceiros (desde que não seja instituição financeira) F IN A N C IA M E N T O Recebimento referente a emissão de ações e/ou debentures. Recebimentos referente a empréstimos bancários. Aporte Integralização) de capital por parte dos acionistas, em dinheiro. Pagamento aos financiadores da empresa, podendo ser: Amortização de empréstimos; Dividendos e/ou juros sobre o capital próprio; Qualquer outro tipo de saída de caixa para devolver o dinheiro aos financiadores da empresa. Fonte: Borinelli e Pimentel (2010) 14 1.6 Demonstração do Valor Adicionado (DVA) A DVA é uma demonstração contábil que evidencia, por meio de informações econômicas sobre as transações de uma entidade, o valor e a composição da riqueza criada (ou gerada) pela entidade, bem como a maneira que foi distribuída entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída (Martins et al. 2010). Para orientar a elaboração e divulgação da DVA, o Comitê de pronunciamentos contábeis, emitiu o pronunciamento técnico CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado. Sua elaboração deve levar em conta ainda o Pronunciamento Conceitual Básico – CPC00 e seus dados são obtidos são na maioria oriundos da Demonstração do Resultado. No que tange a apresentação da DVA, de acordo com o CPC09 (item 5-6), está deve proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis informações relativas à riqueza criada pela entidade em determinado período e a forma como tais riquezas foram distribuídas. Assim, o valor adicionado compreende a riqueza criada pela empresa de forma geral, medida pela diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros. Inclui também o valor adicionado recebido em transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferido à entidade. A distribuição da riqueza criada deve ser detalhada, minimamente, da seguinte forma: a) pessoal e encargos; b) impostos, taxas e contribuições; c) juros e aluguéis; d) juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos; e) lucros retidos/prejuízos do exercício. Embora os dados para elaboração da DVA sejam extraídos em sua maioria da Demonstração do Resultado, são demonstrações distintas, a diferença consiste no dato de que a DR está voltada para evidenciar como o resultado é formado e a remuneração de apenas um agente que contribui para a geração de riqueza: sócio, proprietário ou acionista. Ao passo que a DVA demonstra como a riqueza foi gerada e detalha como foram remunerados os diversos fatores de produção que participaram da geração de tal riqueza (Borinelli & Pimentel 2010). As informações disponibilizadas nesta demonstração são importantes para: 15 Analisar a capacidade de geração de geração de valor e a forma de distribuição das riquezas de cada empresa; Permitir a análise do desempenho econômico da empresa. Auxiliar no cálculo do PIB e de indicadores sociais. Fornecer informações sobre os benefícios (remunerações) obtidos por cada um dos fatores de produção (trabalhadores e financiadores – acionistas ou credores) e governo. Auxiliar a empresa a informar sua contribuição na formação da riqueza à região, estado, país, etc. em que se encontra instalada. A DVA é composta por duas partes a saber, na primeira, informa a riqueza produzida pela organização, medida pela diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros e valores recebidos em transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferido à entidade (CPC 09, item 9). Parte 1. Riqueza Produzida Elementos Descrição Receitas inclui os valores dos tributos incidentes sobre essas receitas (por exemplo, ICMS, IPI, PIS e COFINS), ou seja, corresponde ao ingresso bruto ou faturamento bruto. Outras receitas da mesma forma que o item anterior, inclui os tributos incidentes sobre essas receitas. Provisão para créditos de liquidação duvidosa se houver uma constituição dessa reserva, tal valor deve ser deduzido da riqueza, uma vez que representa um valor de venda que não foi recebido, no entanto se houver reversão, o valor deve ser somado a riqueza. Insumos Compreendem os insumos adquiridos deterceiros como matérias primas, embalagens, materiais diversos, mercadorias, energia, serviços, entre outros, inclusive os impostos sobre os valores de aquisição. Perda e recuperação de valores de ativos inclui valores relativos a ajustes por avaliação a valor de mercado de estoques, imobilizados, investimentos etc. Devem ser incluídos os valores reconhecidos no resultado do período, tanto na constituição quanto na reversão de provisão para perdas de desvalorização de ativos. Depreciação, amortização e exaustão os valores de depreciação, amortização e exaustão são deduzidos no cálculo do valor adicionado por representarem consumo de recurso de terceiros, como é o caso, por exemplo, do consumo do serviço (ou vida útil) de uma máquina. Riqueza recebida em transferência Nesse item serão incluídas as receitas e resultados gerados por outras entidades e transferidas na forma de resultado de equivalência patrimonial, receitas financeiras, dividendos de investimentos avaliados ao custo, alugueis, royalties, direitos de franquias etc. Fonte: (CPC 09; Borinelli & Pimentel 2010). Na segunda parte, deve evidenciar de forma detalhada a distribuição da riqueza entre os agentes: Parte 2. Distribuição da Riqueza entre os agentes. Pessoal e encargos Referem-se aos gastos realizados com remuneração e encargos de recursos humanos (força de trabalho), representados por salários, férias, décimos terceiro, honorários, benefícios e encargos sociais e fundo de garantia. Governo Referem-se aos pagamentos de impostos, taxas e contribuições incidentes sobre receita, lucro e patrimônio. Trata-se da remuneração pela estrutura social e política e econômica que gera condições de operações no meio ambiente. Remuneração de capital de terceiros Remuneração dos agentes que financiam a empresa, disponibilizando recursos em forma de empréstimo e 16 financiamentos. São representados por juros, despesas financeiras, variações cambiais, aluguéis, despesas com arrendamento operacional, royalties, franquia, direitos autorais, etc. Remuneração do capital próprio Representado pela remuneração os sócios (acionistas, quotistas), por meio de juros sobre o capital próprio, dividendos, como também lucros ou prejuízos retidos. Fonte: (CPC 09; Borinelli & Pimentel 2010). O CPC 09, propõe 3 modelos e orientação para elaboração e apresentação da DVA, o quadro a seguir apresenta o modelo genérico. Modelo I - Demonstração do Valor Adicionado – EMPRESAS EM GERAL DESCRIÇÃO 20X1 20X2 1 – RECEITAS 1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços 1.2) Outras receitas 1.3) Receitas relativas à construção de ativos próprios 1.4) Provisão para créditos de liquidação duvidosa – Reversão / (Constituição) 2 - INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui os valores dos impostos – ICMS, IPI, PIS e COFINS) 2.1) Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos 2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros 2.3) Perda / Recuperação de valores ativos 2.4) Outras (especificar) 3 - VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2) 4 - DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO 5 - VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4) 6 - VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA 6.1) Resultado de equivalência patrimonial 6.2) Receitas financeiras 6.3) Outras 7 - VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6) 8 - DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (*) 8.1) Pessoal 8.1.1 – Remuneração direta 8.1.2 – Benefícios 8.1.3 – F.G.T.S 8.2) Impostos, taxas e contribuições 8.2.1 – Federais 8.2.2 – Estaduais 8.2.3 – Municipais 8.3) Remuneração de capitais de terceiros 8.3.1 – Juros 8.3.2 – Aluguéis 8.3.3 – Outras 8.4) Remuneração de Capitais Próprios 8.4.1 – Juros sobre o Capital Próprio 8.4.2 – Dividendos 8.4.3 – Lucros retidos / Prejuízo do exercício 8.4.4 – Participação dos não-controladores nos lucros retidos (só p/ consolidação) Para finalizar, importante ressaltar que a DVA é um dos componentes do Balanço Social e tem por finalidade evidenciar a riqueza criada pela entidade e 17 sua distribuição, durante determinado período. Do ponto de vista econômico, o conceito de valor adicionado é utilizado para o cálculo do PIB (produto interno bruto), que representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em determinada região, durante um período de tempo. Corresponde ao valor da riqueza gerada no país, por meio da produção e elaboração de estoques e não considera os efeitos da venda dos produtos. Existem, todavia, diferenças temporais entre os modelos contábil e econômico no cálculo do valor adicionado. 1.7 Notas explicativas De acordo com Martins et al. (2013) um dos grandes desafios da contabilidade, relacionado a evidenciação dos demonstrativos contábeis, consistem no dimensionamento da quantidade e principalmente da qualidade das informações que atendam às necessidades dos usuários, principalmente os externos. Neste contexto, as notas explicativas são componentes importantes das demonstrações contábeis, tornando-se parte integrante das mesmas. Podem ser expressas tanto de forma descritiva, como em quadros analíticos ou englobar outras demonstrações contábeis, tanto quanto forem necessárias ao melhor e maior esclarecimento dos resultados e da situação financeira da empresa (Martins, et al. 2013). Assim as notas explicativas devem (CPC 26): As notas explicativas devem ser apresentadas, tanto quanto seja praticável, de forma sistemática, a entidade deve considerar os efeitos sobre a compreensibilidade e comparabilidade das suas demonstrações contábeis (CPC 26, item 113-114, alterado pela Revisão CPC 08). A ordem e o agrupamento sistemático das notas explicativas incluem: • informação acerca da base para a elaboração das demonstrações contábeis e das políticas contábeis específicas utilizadas, de acordo com os itens 117 a 124; APRESENTAR •a informação requerida pelos Pronunciamentos Técnicos, Orientações e Interpretações do CPC que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis; e DIVULGAR • informação adicional que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis, mas que seja relevante para sua compreensão. PROVER 18 Desse modo, as notas explicativas executam um papel importante para a elucidação das políticas e normas contábeis aplicadas na elaboração das demonstrações contábeis, além de prover informações adicionais que não tenham sido contempladas e que são relevantes para sua compreensão. 1.8 Preparando as Demonstrações contábeis para Análise Antes de adentrarmos ao conteúdo das técnicas de análise das demonstrações contábeis, é importante entender que as análises possuem dentro de suas possibilidades algumas limitações. De acordo com Iudícibus (2017) mais aponta problemas a serem investigados do que soluções. Para isso, é necessário atentar para os seguintes detalhes: a) Os registros contábeis da empresa devem ser mantidos com esmero para que as informações sejam produzidas com fidedignidade e sejam úteis para tomada de decisão; b) Recomenda-se que os relatórios financeiros sejam auditados por auditor independente ou, pelo menos, tenha havido uma minuciosa revisão por parte da auditoria interna; c) Cuidado na utilização de valores extraídos de balanços iniciais e finais, principalmente na área de contas a receber e estoques, pois muitas vezes tais contas, nas datas de balanço, não são representativas das médias reais de período; d) os demonstrativosobjetos de análise devem ser corrigidos tendo em vista as variações do poder aquisitivo da moeda. Para fins gerenciais e de análises esta necessidade não pode ser descartada (analisaremos este problema, em detalhe, em capítulo especial); •destaque para as áreas de atividades que a entidade considera mais relevantes para a compreensão do seu desempenho financeiro e da posição financeira, como agrupar informações sobre determinadas atividades operacionais; DAR • informações sobre contas mensuradas de forma semelhante, como os ativos mensurados ao valor justo; ou AGRUPAR •a ordem das contas das demonstrações do resultado e de outros resultados abrangentes e do balanço patrimonial, tais como: Declaração de conformidade, Orientações e Interpretações do CPC; Políticas contábeis, além de outras informaçoes quanto a passivos contingentes e divulgações não financeiras. SEGUIR 19 e) a análise de balanços limitada a apenas um exercício é muito pouco reveladora, salvo em casos de quocientes de significação imediata. Adicionalmente, é necessário comparar nossos quocientes e tendências com: quocientes dos concorrentes; metas previamente estabelecidas pela administração (quocientes- padrão). Diante deste contexto, para análise das demonstrações contábeis, Silva (2017) propõe as seguintes etapas: Etapa 1 – Coleta de dados: Ter demonstrações de pelo menos 3 períodos para análise, bem como os dados referentes ao saldo de algumas contas do Balanço Patrimonial que antecede ao mais antigo a ser analisado (Contas a Receber de Clientes, Estoques, Fornecedores e total do Ativo), pois esses valores serão utilizados para o cálculo dos indicadores de rotatividade/atividade (giro de estoque, contas a receber e contas a pagar). Informações relevantes sobre os negócios. Etapa 2 – Conferência dos dados coletados: analista deve observar se dispõe de todas as peças contábeis do período a ser analisado e se elas atendem aos requisitos mínimos de qualidade: confiabilidade, abrangência, objetividade e oportunidade. Etapa 3 – Preparação dos dados para análise: padronização e uniformização das demonstrações, com o objetivo de adequar as informações, considerando que invariavelmente a análise das demonstrações de uma empresa sempre é realizada de forma comparativa com outra empresa do mesmo segmento econômico. Os objetivos da padronização possibilitam a: • Comparabilidade • Simplificação. • Adequação aos objetivos da análise. • Precisão na classificação das contas. • Descoberta de erros. • Intimidade do analista com as demonstrações contábeis. Etapa 4 – Processamento dos dados: Nesta etapa inicia-se as análises, vertical e horizontal do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício. E na sequência, o analista deverá apurar os indicadores de atividade, de liquidez, de rentabilidade e análise da necessidade do capital de giro, para que possa confrontá- Coleta de dados Conferencia dos dados coletados Preparação dos dados para análise Processame nto dos dados Análise dos dados Elaboração do relatório ou parecer 20 los com o histórico da empresa e com o de empresas da sua região ou segmento econômico, conforme abordado no Etapa 5 - Análise dos dados: Nesta etapa o analista deve buscar informações adicionais para a análise comparativa dos indicadores apurados, da empresa e de seus concorrentes e do segmento de atuação para poder inferir se os resultados apresentados são favoráveis ou desfavoráveis a organização, quanto ao desempenho econômico e financeiro. Etapa 6 – Elaboração do relatório ou parecer: E finalmente nesta etapa, são elaborados a partir das informações coletadas no decorrer do processo de análise e, depois das devidas ponderações, o relatório ou parecer opinativo quanto à situação econômica, financeira e patrimonial da empresa objeto da análise. 1.9 Análise das Demonstrações Contábeis A análise das demonstrações contábeis visa fundamentalmente ao estudo do desempenho e econômico-financeiro de uma empresa em determinado período passado, para diagnosticar sua posição atual e produzir resultados que sirvam para base para a previsão de tendências futuras (Assf Neto & Lima, 2012). Possibilitam a avaliação dos reflexos que as decisões financeiras tomadas por uma empresa, determinam sua liquidez, estrutura patrimonial e rentabilidade. A análise por meio de índices possibilita a comparação temporal, como forma de se avaliar de maneira dinâmica e o desempenho da empresa, assim como a comparação setorial, por meio do confronto do resultado da empresa com seus concorrentes (média de mercado, setor de atividade). Os principais indicadores para a análise das demonstrações contábeis serão apresentados a seguir. TEMA 2 –ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL A análise horizontal e vertical consiste em uma das técnicas mais simples e ao mesmo tempo mais importantes para acompanhar a riqueza das informações, destaca as informações mais importantes do Balanço Patrimonial e das Demonstrações Contábeis, relatando a dinâmica patrimonial. Para Silva (2017), a processo de análise horizontal e vertical será mais adequado se realizado através do agrupamento das contas, dando preferência à demonstração apenas das contas mais relevantes dentro dos respectivos grupos patrimoniais ou de resultado. 21 Neste entendimento, o objetivo será identificar o peso de determinada conta em relação ao total do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, ou na sua participação na composição do resultado, e a evolução dessas participações ao longo dos exercícios. Nas demais demonstrações contábeis o conceito de agrupamento de contas também deverá ser observado dentro das respectivas estruturas (Silva, 2017). 2.1 Análise Horizontal A finalidade principal da análise horizontal é apontar o crescimento de itens dos Balanços e das Demonstrações de Resultados, através dos períodos, a fim de caracterizar tendências. É um processo que permite uma análise temporal, para verificar individualmente a evolução de cada conta ou grupos de contas por meio de números índices. Inicialmente é necessário estabelecer uma data-base, normalmente a demonstração mais antiga, que terá o valor índice 100. Para encontrar os valores dos próximos anos, efetuamos a regra de três para cada ano, relacionado com a data-base (Martins, Miranda & Diniz, 2018). A metodologia de cálculo, consiste em considerar todas as contas dos anos mais distante como “ano base” 100%, e para cada conta, calcular primeiramente o número índice: Dividir o valor/saldo da conta do período mais recente pelo do período mais distante, diminuir 1 e multiplicar por 100, para encontrar o percentual de variação (Silva, 2017). 𝐹ó𝑟𝑚𝑢𝑙𝑎 = 𝐴𝑛𝑜 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑖𝑛𝑡𝑒 (𝑎𝑛𝑜1) 𝐴𝑛𝑜 𝑏𝑎𝑠𝑒 (𝑎𝑛𝑜 0) − 1𝑥100 𝐹ó𝑟𝑚𝑢𝑙𝑎 = ($ 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 − $ 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟) $ 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 Exemplo: BALANÇO PATRIMONIAL CIA EXEMPLO S/A ATIVO 31/12/X0 31/12/X1 AH% (X0- X1) 31/12/X2 AH% (X1- X2) ATIVO CIRCULANTE 169.000 285.800 69,11% 321.786 12,59% ATIVO NÃO CIRCULANTE 250.000 301.700 20,68% 360.720 19,56% Realizável Longo Prazo 35.200 68.720 95,23% Imobilizado 250.000 266.500 6,60% 292.000 9,57% TOTAL ATIVO 419.000 587.500 40,21% 682.506 16,17% PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO PASSIVO CIRCULANTE 84.000 170.644 103,15% 160.637 -5,86% PASSIVO NÃO CIRCULANTE 35.000 30.000 -14,29% 30.000 0,00% PATRIMÔNIO LÍQUIDO 300.000 386.856 28,95% 491.869 27,15% TOTAL PASSIVO + PL 419.000587.500 40,21% 682.506 16,17% 22 Exemplo: cálculo da AH da Conta Ativo Circulante 𝐹ó𝑟𝑚𝑢𝑙𝑎 = ($ 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 − $ 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟) $ 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 𝐴𝑛𝑜 𝑋1 = 285.800 − 169.000 169.000 = 69,11 𝐴𝑛𝑜 𝑋2 = 321.786 − 285.800 285.800 = 12,59% A partir do cálculo pode-se observar que houve um decrescimento das contas do ativo circulante de 56,52% (69,11% - 12,59%) do ano X2 em comparação com o Ano X1. A análise horizontal permite avaliar a evolução de uma conta ou de um grupo de contas ao longo de períodos sucessivos. Para Silva (2017), a análise horizontal considera os efeitos, no entanto, dificilmente revela as causas das mudanças, podendo ser evolutiva ou retrospectiva. No entanto para Assaf Neto e Lima (2012), há situações críticas, que na prática pode ser encontrada na análise da evolução horizontal, que demandam parcimônia na análise dos números-índices. No exemplo da conta do ativo circulante, a variação dos números-índices (X1-69,11% e X2-12,59%) são positivos quando comparado isoladamente, no entanto podem ocorrer variações negativas. Desse modo para que não comprometa a avaliação de períodos futuros, as análises devem considerar as variações de sinais, assim sugere-se a adoção de um número índice na base negativa igual a (-100) o que permitiria maior facilidade na interpretação do crescimento verificado. O quadro 5 apresenta um resumo das formulas, significado e como interpretar os resultados: Quadro 7. Formulas Análise Horizontal ÍNDICE FÓRMULA SIGNIFICADO INTERPRETAÇÃO 1. AH no ano anterior ($ 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 − $ 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟) $ 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 % de crescimento ou decrescimento do elemento do elemento em relação ao ano anterior O crescimento ou decrescimento do elemento foi de “x%”, em relação ao ano anterior. 2. AH ano- base ($ 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 − $ 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑏𝑎𝑠𝑒) $ 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑏𝑎𝑠𝑒 % de crescimento ou decrescimento do elemento do elemento em relação ao ano base da análise. O crescimento ou decrescimento do elemento foi de “x%”, em relação ao ano base. 3. AH período ($ 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 − $ 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) $ 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 % de crescimento ou decrescimento do elemento do elemento em relação ao período todo da análise. O crescimento ou decrescimento do elemento no período todo foi de “x%”. Fonte: Borinelli e Pimentel (2010) 23 2.2 Análise vertical (AV) A análise vertical concentra-se na verificação da estrutura de composição dos itens dos demonstrativos e sua evolução no tempo, tal qual a AH permite a avaliação de tendências. Constitui um processo comparativo, por meio de valores afins ou relacionáveis. De acordo com Assaf Neto e Lima (2012) ao trabalhar com valores relativos, na hipótese de os valores estarem expressos em moeda da data de levantamento das demonstrações, a análise vertical produz as mesmas interpretações, quer se trabalhe em bases nominais, quer em bases reais. Para auxiliar na operacionalização da AV, o quadro 6 apresenta as fórmulas, significado e a interpretação dos resultados. Quadro 8. Fórmulas Análise Vertical ÍNDICE FÓRMULA SIGNIFICADO INTERPRETAÇÃO 1. AV Ativo 𝐸𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 % de participação do elemento do Ativo em relação ao Ativo Total. A participação do Elemento do Ativo sobre o Ativo Total é de “x%” 2. AV Passivo 𝐸𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑜𝑢 𝑃𝐿 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 + 𝑃𝐿 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 % de participação do elemento do Passivo ou PL (Patrimônio Líquido) em relação ao Passivo + PL Total. A Participação do Elemento do Passivo ou PL sobre o Passivo Total + PL Total é de “x%”. 3. AV Resultado 𝐸𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 % de participação do elemento do Resultado em relação à Receita Líquida Total. A participação do elemento do Resultado sobre à Receita Líquida Total é de “x%”. Fonte: Borinelli e Pimentel (2010) Para melhor exemplificar como a análise vertical deve ser realizado, o Balanço patrimônio al considere o Balanço Patrimonial da Cia Exemplo S/A: Quadro 9. Análise Vertical do Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL CIA EXEMPLO S/A ATIVO 31/12/X0 AV 31/12/X1 AV 31/12/X2 AV ATIVO CIRCULANTE 169.000 40,33% 285.800 48,65% 321.786 47,15% ATIVO NÃO CIRCULANTE 250.000 59,67% 301.700 51,35% 360.720 52,85% Realizável Longo Prazo 0,00% 35.200 5,99% 68.720 10,07% Imobilizado 250.000 59,67% 266.500 45,36% 292.000 42,78% TOTAL ATIVO 419.000 100,00% 587.500 100,00% 682.506 100,00% PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO PASSIVO CIRCULANTE 84.000 20,05% 170.644 29,05% 160.637 23,54% PASSIVO NÃO CIRCULANTE 35.000 8,35% 30.000 5,11% 30.000 4,40% PATRIMÔNIO LÍQUIDO 300.000 71,60% 386.856 65,85% 491.869 72,07% TOTAL PASSIVO + PL 419.000 100,00% 587.500 100,00% 682.506 100,00% 24 Partindo dos dados apresentados no Balanço Patrimonial, nos exercícios X0, X1 e X2, verifica-se que o ativo circulante representa 40,33% do Ativo Total no Ano X0, os quais evoluíram a 48,65% em X1 e decresce para 47,15% em X2. Assim, analisa-se todas contas partindo do elemento representativo, no entanto na DRE considera-se como base a Receita Líquida, conforme expresso no quadro abaixo. Quadro 10. Análise Vertical da Demonstração do Resultado DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO CIA EXEMPLO S/A X1 AV X2 AV RECEITAS BRUTAS 360.000 111% 450.000 111% (-) Impostos e deduções sobre Vendas - 36.000 -11% - 45.000 -11% RECEITA LÍQUIDA 324.000 100% 405.000 100% (-) Custo da Mercadoria Vendida - 105.000 -32,41% - 149.000 -36,79% (=) LUCRO BRUTO 219.000 67,59% 256.000 63,21% (-) Despesas Operacionais - 29.000 -8,95% - 29.000 -7,16% Despesas com vendas - 14.000 -4,32% - 14.000 -3,46% Despesas administrativas - 15.000 -4,63% - 15.000 -3,70% (=) LUCRO OPERACIONAL ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO 190.000 58,64% 227.000 56,05% (+) Receitas Financeiras 8.000 2,47% 8.800 2,17% (-) Despesas Financeiras - 10.000 -3,09% - 8.500 -2,10% (=) LUCRO OPERACIONAL ANTES DO IRPJ/CSLL 188.000 58,02% 227.300 56,12% (-) Provisão para IRPJ/CSLL - 63.920 -19,73% - 77.282 -19,08% (=) LUCRO LÍQUIDO 124.080 38,30% 150.018 37,04% Neste entendimento, cada elemento da DRE é analisado em função da sua Receita Líquida, assim impostos e deduções sobre vendas representa 11% da Receita líquida assim como os Custos da Mercadora Vendida em X1 corresponde a 32, 41% e em X2 36,79%, representando um crescimento de X1 para X2 em função do volume de vendas. Em síntese, as análises vertical e horizontal individualmente são importantes, no entanto são insuficientes, assim sugere-se que sejam analisadas em conjunto. TEMA 3 – ANÁLISE DE LIQUIDEZ E ENDIVIDAMENTO A análise horizontal e vertical permitem analisar a relevância de um item contábil dentro do grupo de que faz parte e o comportamento ao longo de um período de tempo. No entanto, uma boa análise, envolve mais do que investigar números isolados, envolve a análise das relações entre os grupos diferentes de contas e de demonstrações. Neste contexto, apresenta-se a análise por índices, para a referida análise, Matarazzo (2008) apresenta os 25 seguintes índices: (i) LiquidezSeca; (ii) Liquidez Corrente e (iii) Liquidez Geral e Assaf Neto (2006) acrescenta também o (iv) Índice de Liquidez Imediata. Neste entendimento, as análises por meio de indicadores de liquidez, evidenciam a situação financeira de uma empresa frente aos compromissos financeiros assumidos, possibilitando ainda uma visão macro da situação econômico-financeira da entidade (Martins, Diniz & Miranda, 2017). Na sequência apresenta-se para estudo os indicadores de liquidez e rentabilidade. 3.1 Índices de Liquidez Os índices de liquidez visam medir a capacidade de pagamento (folga financeira) de uma empresa. Assim, a análise por meio de índices apresenta a situação financeira de uma empresa, face a seus compromissos financeiros e a capacidade de arcar suas dívidas assumidas, o que, em última instância, sinaliza a condição de sua própria continuidade, solvência e saúde financeira (Martins, Miranda & Diniz, 2017). No ambiente profissional, especialmente em empresas industriais e comerciais é comum associar o termo liquidez ao índice de liquidez corrente, o qual representa a relação entre os ativos e passivos de curto prazo (Borinelli & Pimentel, 2010). Dessa forma apresenta-se os quatro principais indicadores de liquidez, liquidez corrente, liquidez seca, liquidez imediata e liquidez geral, que são os justamente os índices mais utilizados. Índice de Liquidez Geral – mede a capacidade de pagamento geral da empresa (curtos e longo prazos), analisa quanto a empresa possui no ativo circulante e realizável a longo prazo (investimentos realizáveis a curto e longo prazos) para cada $1,00 de dívida com terceiros (dívida geral). Assim se um índice de liquidez for de 1,25 significa dizer que a empresa consegue, no longo prazo, pagar todas as suas dívidas e ainda lhe sobra $0,25 de folga, a cada $1,00 pago. Esse índice sugere que a situação é satisfatória, pois há uma margem de segurança (Borinelli & Pimentel, 2010). 𝐿𝐺 = 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑣𝑒𝑙 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑁ã𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 Índice de Liquidez Corrente – Mede a relação existente entre o ativo circulante e o passivo circulante (curto prazo), desconsiderando os ativos de longo prazo pois estes podem comprometer a interpretação de liquidez da empresa. A liquidez corrente é a medida mais popular de liquidez, implica na 26 margem de folga para manobras de prazos visando equilibrar as entradas e saídas de caixa. Neste entendimento, quanto maiores os recursos, maior essa margem, maior a segurança da empresa, melhor a situação financeira, assim se a liquidez corrente for superior a 1,0 este indica a existência de capital circulante líquido positivo, se inferior, pressupõe a existência de capital de giro negativo (Assaf Neto & Lima, 2012). 𝐿𝐶 = 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 Índice de Liquidez Seca – Este índice se assemelha a liquidez corrente no entanto, devido à natureza das contas estoques estes são excluídos do cálculo, haja vista que, ainda que estes façam parte do ativo circulante, não se tem plena certeza do tempo de realização, assim como as despesas pagas antecipadamente, pelo fato de serem direitos de uso e não de recebimento em dinheiro (Borinelli & Pimentel, 2010). O quadro 11 evidencia as diferenças entre a liquidez seca versus liquidez corrente. 𝐿𝑆 = 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 − 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 − 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑝𝑎𝑔𝑎𝑠 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑐𝑖𝑝𝑎𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑁ã𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 O índice da liquidez seca revela o percentual das dívidas de curto prazo que pode ser resgatado mediante o uso de ativos circulante de maior liquidez. Assim se o índice de liquidez seca for igual a 1,10 entende-se que, para cada $ 1,00 de dívidas circulantes (curto prazo), a empresa mantém $1,10 de ativos monetários circulantes, principalmente caixa, aplicações financeiras a receber. Quadro 11. Liquidez seca X Liquidez Corrente Índice Nível ALTA BAIXA Liquidez Seca ALTA Situação financeira boa Situação financeira em principio satisfatória, Mas atenuada pela boa liquidez seca. Em certos casos pode até ser considerada razoável. BAIXA Situação financeira em principio satisfatória. A baixa liquidez seca não indica necessariamente comprometimento da situação financeira. Em certos casos pode ser sintoma de excessivos estoques “encalhados”. Situação financeira insatisfatória Fonte: Borinelli e Pimentel (2010) Conforme exposto, as características da liquidez seca em detrimento a liquidez corrente, representa um quadro onde é possível refinar o grau de excelência da situação financeira. Índice de Liquidez Imediata – Determina a relação existente entre o disponível e o passivo circulante, reflete a porcentagens das dívidas de curto 27 prazo, que pode ser saldada imediatamente pela empresa por suas disponibilidades de caixa. 𝐿𝐼 = 𝐷𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 O quadro 9 apresenta, os índices, fórmula e a modo de interpretação de cada um dos indicadores. Quadro 12. Indicadores de liquidez Índice Fórmula Indica Interpretaçã o Liquidez Geral 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒+𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑣𝑒𝑙 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒+𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑁ã𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 Proporção entre os bens e direitos de curto e longo prazos e as obrigações totais com terceiros. Quanto maior, melhor Liquidez corrente 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 Proporção entre os bens e direitos apenas de curto prazo e as obrigações de curto prazo com terceiros. Quanto maior, melhor Liquidez seca 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒−𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠− 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑝𝑎𝑔𝑎𝑠 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑐𝑖𝑝𝑎𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒+𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑁ã𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 Semelhante à liquidez corrente, porém no ativo circulante, são excluídos os estoques e os direitos que não se converterão em caixa. Quanto maior, melhor Liquidez imediata 𝐷𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 Proporção entre as disponibilidades e as obrigações de curto prazo com terceiros. Quanto maior, melhor Fonte: Borinelli e Pimentel (2010) Neste entendimento, os indicadores de liquidez refletem a saúde financeira e capacidade de pagamento da empresa no curto prazo, no entanto devem ser analisados em conjuntos com outros indicadores de endividamento e rentabilidade. 3.2 Índices de Estrutura de capital e Endividamento Esses indicadores, evidenciam a situação patrimonial da entidade, para aferir a composição (estrutura) das fontes passivas de recursos, assim como fornecem elementos para avaliar o grau de comprometimento financeiro de uma empresa. Os principais indicadores de estrutura e endividamento estão expostos no quadro 11 e descritos a seguir: Participação de capital de terceiros – Neste indicador, encontram-se relacionados os dois blocos componentes das fontes de recursos que a empresa possui: capital de terceiros e capital próprio, da sua análise é possível se detectar quanto a empresa tomou de capital de terceiros para cada $100 de capital próprio investido. 𝑃𝐶𝑇 = 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 ou 28 𝑃𝐶𝑇 = 𝐸𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝐸𝑥𝑖𝑔𝑖𝑣𝑒𝑙𝑎 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜) 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 A comparação do endividamento é efetuada pelo exigível total, de acordo com suas partes (passivo circulante + passivo não circulante) divididos pelo total do patrimônio líquido. Desse modo, a relação indica, que para cada uma das formas de cálculo, quanto a empresa possui de recursos de terceiros para cada unidade monetária aplicada de capital próprio. Um índice superior a 1 denota maior grau de dependência financeira da empresa em relação aos recursos de terceiros. De acordo com Martins, Miranda e Diniz (2018) um parâmetro para se avaliar o índice de endividamento é a média do setor no qual a empresa está inserida. Composição de endividamento – Consiste em identificar que percentual das obrigações totais da firma corresponde a dívidas de curto prazo, para calculá-lo utiliza-se a seguinte fórmula (Borinelli & Pimentel, 2010). Assim quanto menor for este índice, melhor. 𝐶𝐸 = 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 Neste entendimento, para analisar a solvência de uma entidade, é importante conhecer os prazos de vencimentos de suas dívidas. Nesse sentido, o índice de composição do endividamento revela quanto da dívida total (passivo circulante + passivo não circulante) com terceiros é exigível no curto prazo (passivo circulante) (Martins, Miranda & Diniz, 2018). Endividamento Geral – Este índice também conhecido como dependência financeira, mede a porcentagem dos recursos totais da empresa (ativo total) que se encontra financiada por capital de terceiros (Assaf Neto & Lima, 2012). 𝐸𝐺 = 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 ou 𝐸𝐺 = 𝐸𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝐸𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜) 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 Imobilização do Patrimônio Líquido – Este índice evidencia a parcela do capital próprio que está investida em ativos de baixa liquidez (ativos imobilizados, investimentos ou ativos intangíveis), ou seja, ativos não circulantes deduzidos dos ativos realizáveis a longo prazo (Martins, Miranda & Diniz, 2018). 29 𝐼𝑀𝑂𝐵 − 𝑃𝐿 = 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑃𝑒𝑟𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 Neste entendimento, conforme Martins, Miranda e Diniz (2018), quanto maior os recursos próprios a empresa investir em ativos de baixa liquidez (imobilizado, investimentos e intangíveis) menos sobrará para investir em Ativos Circulantes, consequentemente, terá que financiar as aplicações de curto prazo com recursos de terceiros. Assim, recomenda-se que a empresa financie suas atividades operacionais com recursos próprios, minimizando dependência de capital de terceiros e, consequentemente, o risco. Imobilização dos Recursos não correntes – Este índice mostra o percentual de recursos de longo prazo aplicados nos grupos de ativos de menor liquidez (imobilizado, investimentos e intangível). 𝐼𝑀𝑂𝐵 = 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑃𝑒𝑟𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 + 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑛ã𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 Particularmente, este índice, concentra-se no fato de que os elementos do ativo permanente possuem vida útil que pode variar de 5 até 50 anos. Assim os Índices de imobilização de recursos não correntes, superiores a 1,0 significam que a entidade está imobilizando recursos de curto prazo (passivo circulante), o que é um sinal de desequilíbrio financeiro (Assaf Neto & Lima 2012). Entretanto de acordo com Martins, Miranda e Diniz (2018), a parcela de recursos não correntes que financia o Ativo Circulante é o Capital Circulante Líquido (CCL), que representa a parcela das aplicações de curto prazo que são financiadas por recursos de longo prazo, portanto, são “folga financeira. Quadro 13. Indicadores de Estrutura e Endividamento Índice Fórmula Indica Interpretação Participação de capital de terceiros 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 Quanto a empresa obteve de capital de terceiros em relação ao capital próprio. Geralmente quanto menor, melhor Composição de endividamento 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 Quanto a empresa possui de dívidas de curto prazo em relação ao total de dívidas. Geralmente quanto menor, melhor Endividamento Geral 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 A dependência do capital de terceiros no financiamento da empresa Geralmente quanto menor, melhor Imobilização do Patrimônio líquido 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑃𝑒𝑟𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 Quanto a empresa aplicou no ativo permanente (imobilizado) para $100 do patrimônio líquido. Geralmente quanto menor, melhor Imobilização dos Recursos não correntes 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑃𝑒𝑟𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 + 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑛ã𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 Qual o percentual de recursos não correntes destinados ao Ativo permanente (imobilizado) Geralmente quanto menor, melhor Fonte: Borinelli e Pimentel (2010) 30 TEMA 4 – ANÁLISE DE RENTABILIDADE E LUCRATIVIDADE Os índices de lucratividade e rentabilidade procuram evidenciar qual foi a rentabilidade dos capitais investidos na empresa e a lucratividade (resultado) das operações realizadas por uma organização, revelando a capacidade para gerir seus ativos e o potencial de proporcionar resultados. Portanto, na análise de lucratividade e rentabilidade, é importante que os lucros estejam relacionados com valores que possam expressar a magnitude desses resultados e o desempenho das atividades da firma (Borinelli & Pimentel, 2010). 4.1 Índices de Lucratividade e rentabilidade Os índices de rentabilidade, relacionam os resultados obtidos pela empresa com algum valor que expresse a dimensão relativa do mesmo, ou seja, valor de vendas, ativo total, patrimônio líquido ou ativo operacional (Iudícibus, 2017). Já os índices de lucratividade relacionam números obtidos na Demonstração do resultado entre si, como por exemplo, lucro com vendas, já a rentabilidade relaciona números obtidos na Demonstração do resultado, com números do balanço patrimonial (Borinelli & Pimentel, 2010). A seguir são apresentados alguns dos indicadores mais usando para análise e no quadro 12 um resumo das formulas e como deve ser interpretado. Giro do ativo - Esse índice compara as vendas da empresa com o seu investimento. É estabelecida uma relação entre as vendas líquidas e o ativo da entidade. Ou seja, esse índice indica quanto a empresa vendeu para cada real investido. Quanto mais a empresa conseguir girar o seu ativo, melhores serão os resultados (Martins, Miranda & Diniz, 2018). 𝐺𝐴 = 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑀é𝑑𝑖𝑜 Margem Líquida – Evidencia a parcela das vendas transformadas em lucro líquido. Em outras palavras é o percentual residual das empresas, depois de deduzidas todos os custos e despesas. Pode ser obtido na análise vertical da Demonstração do resultado. 𝑀𝐿 = (𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑋100) 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 Rentabilidade do Ativo (ROA) - Este indicado mede quanto a empresa obtém de lucro para $100,00 de investimento total, é visto como uma medida de potencial de geração de lucro por parte da empresa. 31 𝑅𝑂𝐴 = 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜𝑋100 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑀𝑒𝑑𝑖𝑜 Rentabilidade do patrimônio Líquido (ROE)- Este índice demonstra o retorno sobre o patrimônio líquido expressa os resultados alcançados pela administraçãoda empresa na gestão dos recursos próprios e de terceiros, em benefício dos acionistas (Iudícibus, 2017). Ou seja, verifica o retorno obtido pelos acionistas considerando a estrutura de capital utilizada pela entidade em determinado período. 𝑅𝑂𝐸 = 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑋 100 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑀é𝑑𝑖𝑜 O quadro a seguir apresenta um resumo dos índices relatados. Quadro 14. Índices de Lucratividade e Rentabilidade Índice Fórmula Indica Interpretação Giro do ativo 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑀é𝑑𝑖𝑜 Quanto a empresa vendeu em relação ao seu investimento total Quanto maior, melhor Margem Líquida 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 O percentual de lucro que a sociedade obteve em relação às suas vendas Quanto maior, melhor Rentabilidade do Ativo (ROA) 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑀𝑒𝑑𝑖𝑜 Quanto a empresa lucrou em relação ao seu investimento total. Quanto maior, melhor Rentabilidade do patrimônio Líquido (ROE) 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑀é𝑑𝑖𝑜 Representa o rendimento do capital próprio. Quanto maior, melhor Fonte: Borinelli e Pimentel (2010) TEMA 5 – ANÁLISE DO CICLO OPERACIONAL Os índices de atividade, também chamados de índices do ciclo operacional, permitem que seja analisado o desempenho operacional da empresa e suas necessidades de investimento em giro (Assaf Neto e Lima, 2012). Medem a eficiência da empresa em administrar seus ativos e passivos de curto prazo, mostram se o montante alocado de recursos de cada ativo ou passivo está de acordo com os níveis de produção e vendas, bem como a relação com a políticas de prazos médios de pagamento e recebimentos. A análise dos prazos médios permite a análise do ciclo operacional e financeiro da empresa, são “elementos fundamentais para a determinação de estratégias empresariais, tanto comerciais quanto financeiras, geralmente vitais para a determinação do fracasso ou do sucesso de uma empresa” (Matarazzo, 2010, p. 260). Consistem em expressar relacionamentos dinâmicos – daí a denominação de indicadores de atividade (giro) – que acabam, direta ou indiretamente, influindo diretamente na posição de liquidez e rentabilidade. 32 5.1 Índices de Gestão ou Indicadores de Atividades - Giro Estes índices representam a velocidade com que elementos patrimoniais se renovam durante determinado período de tempo. Por sua natureza, têm seus resultados normalmente apresentados em dias, meses ou períodos maiores, fracionários de um ano. Envolvem elementos do balanço patrimonial e do demonstrativo de resultados, simultaneamente para os cálculos dos prazos médios de pagamentos e recebimentos, giro de estoques e vendas e o ciclo operacional, compondo os ciclos operacionais e financeiros. PMRE (Prazo médio de Renovação de estoques) - este índice procura (mensurado pelo custo das vendas) representa quantas vezes o estoque se “renovou” em função das vendas. Assim, uma empresa que vendeu mercadorias (ou produtos) que custaram $ 100.000 e que manteve um estoque médio durante o período de $ 20.000 terá um prazo médio de 72 dias, Isto significa que o estoque demora, em média, 72 dias para ser vendido, se o período for anual. 𝑃𝑀𝑅𝐸 = 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 𝑋 360 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑎𝑠 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑃𝑀𝑅𝐸 = 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑑𝑜𝑠 𝑋 360 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑎𝑠 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 O Estoque Médio é obtido pela soma do Estoque Total do ano anterior com Estoque Total do ano em curso, dividido por dois. Pontos a serem considerados na análise: - Alto índice de rotação: também pode ser sinal de baixo investimento em estoques, o que pode acarretar a perda de vendas e consequente redução nos lucros, apesar de redução nos investimentos ser necessária à sua manutenção (armazenagem e seguros). - Baixo índice de rotação: a baixa rotação pode estar sinalizando um investimento excessivo nos estoques, incorrendo muito provavelmente em aumento nos seus custos com manutenção (armazenagem e seguros). PMRV (Prazo médio de Recebimentos de vendas) - Esse indicador mostra quantos dias ou meses, em média, a empresa leva para receber suas vendas. Cabe lembrar que o volume de duplicatas a receber de uma empresa decorre do montante de suas vendas a prazo e dos prazos concedidos. 33 No cálculo, devemos usar a Média de Duplicatas a Receber quando ocorrer discrepância significativa entre os dois saldos. A Média de Duplicatas a Receber é obtida pela soma dos saldos de Duplicatas a Receber do ano anterior com os do ano em curso, dividido por dois. 𝑃𝑀𝑅𝑉 = Duplicatas a Receber (ou média dos periodos) 𝑋 360 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 PMPC (Prazo médio de pagamentos de compras) - Esse indicador mostra quantos dias ou meses, em média, a empresa leva para quitar suas dívidas junto aos seus fornecedores. Sendo assim, o prazo médio para pagamento das compras deverá ser superior aos prazos concedidos aos clientes, de forma a permitir a manutenção de um adequado nível de liquidez. No cálculo devemos usar a Média de Fornecedores quando ocorrer discrepância significativa entre os dois saldos. A Média de Fornecedores é obtida pela soma dos saldos de Fornecedores do ano anterior com o do ano em curso, dividido por dois. 𝑃𝑀𝑃𝐶 = 𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 (𝑜𝑢 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑑𝑜𝑠)𝑋 360 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 ∗∗ Para facilitar cálculos, considerar custos das mercadorias vendidas como proxy para compras ou utilizar CMV= estoque inicial +compras –estoque final Quadro 15. Indicadores de Atividades Índice Fórmula Indica Interpretação PMRE (Prazo médio de Renovação de estoques) 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 (𝑜𝑢 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑑𝑜)𝑋 360 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑎𝑠 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 Quantos dias, em média a empresa leva para vender seus estoques Quanto menor, melhor PMRV (Prazo médio de Recebimentos de vendas) Duplicatas a Receber (ou média dos periodos) 𝑋 360 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 Quantos dias, em média a empresas leva para receber dos seus clientes Quanto menor, melhor PMPC (Prazo médio de pagamentos de compras) 𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 (𝑜𝑢 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑑𝑜𝑠)𝑋 360 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 ∗ Quantos dias, em média a empresa leva para pagar seus fornecedores Quanto maior, melhor (*) Para facilitar cálculos, considerar custos das mercadorias vendidas como proxy para compras ou utilizar CMV= estoque inicial +compras –estoque final Fonte: Borinelli e Pimentel (2010) 5.2 Ciclo operacional e Ciclo Financeiro Correspondem as etapas de giro das atividades, abrangendo o ciclo econômico (atividades operacionais) e o financeiro, que correspondem as entradas e saídas de recursos financeiros do caixa. Esse conceito tem o objetivo de proporcionar uma visão do tempo gasto pela entidade em cada fase 34 do processo produtivo, bem como o volume de capital necessário para suportar financeiramente o prazo envolvido entre a aquisição da mercadoria e o recebimento da venda. 5.2.1 Ciclo operacional Confrontando os prazos médios para realizar monetariamente as vendas com o prazo médio que se tem para pagamento das compras de matérias- primas ou mercadorias a fornecedores, consegue-se detectar se a empresa está operando com superávit ou déficit financeiro em seu ciclo operacional. Este ciclo tem início com a recepção dos materiais (ou mercadorias para revenda) e termina com a entrada
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