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Fisiologia Humana MANUTENÇÃO DOS NÍVEIS DE POTÁSSIO, CÁLCIO E FOSFATO 1 Sumário Introdução ...........................................................................................................................................2 Objetivos ..............................................................................................................................................2 1. Regulação dos níveis de potássio .............................................................................................2 1.1. Regulação da concentração plasmática de potássio ....................................................3 1.2. Alterações na concentração plasmática de potássio.....................................................3 1.3. Eliminação de potássio pelos rins ....................................................................................4 1.4. Fatores que afetam a eliminação de potássio ................................................................4 2. Equilíbrio de cálcio .....................................................................................................................5 3. Equilíbrio do fosfato ...................................................................................................................6 Exercícios .............................................................................................................................................6 Gabarito ..............................................................................................................................................6 Resumo ................................................................................................................................................7 2 Introdução Na apostila sobre regulação do volume dos fluídos corporais e osmolalidade conhecemos mais detalhadamente os mecanismos envolvidos na concentração e diluição da urina, ou seja, excreção de água. Além disso, estudamos a excreção de NaCl. Nesta apostila, vamos estudar mais profundamente os mecanismos de regulação dos níveis dos elementos potássio, cálcio e fosfato. Objetivos • Conhecer a importância dos elementos potássio, cálcio e fosfato para o organismo. • Conhecer os mecanismos de excreção de potássio, cálcio e fosfato. 1. Regulação dos níveis de potássio O potássio (K+) desempenha muitas funções importantes em nosso organismo. Dentre elas, podemos citar o crescimento, síntese de DNA e proteínas, cofator de enzimas, potencial de membrana e atividade cardíaca. Os níveis de potássio são mantidos constantes em nosso organismo apesar das variações na sua ingestão. Para isso, existem dois grupos de mecanismos que atua na manutenção dos níveis de potássio. Um destes grupos de mecanismos atua no fluído extracelular e o outro em nosso corpo como um todo. Estima-se que a concentração total de potássio é de cerca de 50 mEq/Kg de peso corporal. Ou seja, em um indivíduo com 70 Kg de massa, temos cerca de 3500 mEq de potássio. Cerca de 98% deste potássio está localizado nas células. Assim, a concentração média de potássio nas células é cerca de trinta e sete vezes (150 mEq) do que aquela do fluído extracelular (4 mEq). A concentração intracelular elevada de potássio é necessária para várias funções celulares e é mantida pela atividade da Na+, K+-ATPase. 3 SAIBA MAIS! 1.1. Regulação da concentração plasmática de potássio O estímulo do aumento da absorção de potássio pela musculatura esquelética, fígado, ossos e células vermelhas do sangue é realizado pelos hormônios epinefrina, insulina e aldosterona. Estes hormônios estimulam a atividade da Na+,K+-ATPase e dos simporters 1Na+-1K+-2Cl- e Na+-Cl-. Após a ingestão de potássio e o aumento da sua concentração no plasma, a secreção de insulina pelo pâncreas, aldosterona pelo córtex suprarrenal e epinefrina pela medula suprarrenal são estimuladas. Por outro lado, a redução da concentração de potássio no plasma inibe a secreção desses hormônios. A epinefrina regula a concentração de potássio atuando nos receptores adrenérgicos α e β2. Assim, o estímulo dos receptores α causa a liberação de potássio das células. Por outro lado, o estímulo de receptores β2 leva a absorção de potássio pelas células. A aldosterona também aumenta a absorção de potássio pelas células. Além disso, esse hormônio afeta também a excreção de potássio pelo sistema urinário. 1.2. Alterações na concentração plasmática de potássio A concentração de potássio é influenciada por diversos fatores. Dentre eles, podemos citar os fatores hormonais (epinefrina, insulina e aldosterona), fisiopatológicos (balanço ácido-básico, lise celular e exercício) e medicamentos (suplementos, inibidores e diuréticos). Esses fatores podem induzir o aumento (hipercalemia) ou a redução (hipocalemia) da concentração de potássio no fluido extracelular. De uma maneira geral, o aumento nos níveis de ácidos orgânicos (por exemplo, HCl e H2SO4) aumenta também a concentração de potássio no plasma. Isto ocorre devido à entrada do H+ excedente nas células. Por outro lado, quando o pH do A unidade mEq é a abreviação de miliequivalentes e representa a concentração de uma substância em mmol dividida pela sua valência (quantidade de elétrons que um átomo pode doar, receber ou compartilhar para se tornar estável em ligação). A valência do potássio é 1. Assim, mEq é igual a mmol. 4 plasma aumenta (alcalose) o potássio é transportado para dentro das células e o H+ para fora. A osmolalidade do plasma do nosso sangue também afeta o deslocamento do potássio através das membranas. Assim, por exemplo, a concentração extracelular do potássio aumenta quando a osmolalidade do fluido extracelular aumenta. Isto ocorre devido a mudanças no volume celular. Com o aumento da osmolalidade extracelular, a água tende a sair da célula o que causa a sua contração e aumento da concentração interna de potássio. Esse aumento de concentração interna impulsiona a saída de potássio das células. A lise de células resulta no aumento da concentração de potássio no fluído extracelular. Isto ocorre, pois, o potássio que estava localizado no interior das células é liberado no momento da lise. O exercício físico também pode aumentar a concentração de potássio. Este aumento depende da intensidade do exercício. Assim, um exercício de menor intensidade causa um menor aumento na concentração de potássio do que os de maior intensidade. 1.3. Eliminação de potássio pelos rins De todo o potássio que ingerimos, cerca de 90 a 95% é eliminado de nosso organismo pelos rins. O restante é eliminado em nossas fezes e suor. Porém, as duas últimas formas de eliminação não são reguladas e, portanto, permanecem constantes independentemente da quantidade de potássio ingerida. O potássio filtrado é reabsorvido no túbulo proximal (67%) e na alça de Henle (20%). As regiões do túbulo proximal e do ducto coletor são capazes tanto de secretar quanto de absorver o potássio. A alternância entre secreção e absorção depende da quantidade de potássio ingerida. A secreção do potássio pelas células do túbulo distal e do ducto coletor ocorre em duas etapas. Primeiro, o potássio é removido do sangue pela enzima Na+,K+-ATPase. Em seguida, o potássio se difunde da célula para o fluído tubular. 1.4. Fatores que afetam a eliminação de potássioAlguns fatores afetam o balanço de potássio em nosso organismo. Dentre eles, podemos citar o fluxo do fluido tubular e balanço ácido-básico. O aumento do fluxo do fluido tubular produzido, por exemplo, por medicamentos diuréticos ou aumento do volume do fluído extracelular estimula a secreção de potássio. Por outro 5 lado, a redução do volume do fluido extracelular causado, por exemplo, por vômito ou hemorragia diminui a secreção de potássio. O balanço ácido-básico também afeta a secreção de potássio. Assim, por exemplo, a acidose diminui a secreção de potássio enquanto que a alcalose aumenta. Dois mecanismos estão envolvidos na redução da secreção de potássio causada pela acidose. O primeiro envolve a inibição da Na+,K+-ATPase e, consequentemente, a redução da concentração celular de potássio. O segundo mecanismo está relacionado com a redução da permeabilidade da membrana celular para a entrada de potássio. 2. Equilíbrio de cálcio O íon cálcio (Ca++) desempenha várias funções importantes em nosso organismo. Dentre elas, podemos citar: sua atuação como mensageiro em várias vias de sinalização, papel na coagulação sanguínea e contração muscular e é componente de cartilagens, dentes e ossos. Cerca de 99% do cálcio presente em nosso organismo está localizado nos ossos. No fluído intracelular, podemos encontrar cerca de 1% de cálcio e 0,1% no fluído extracelular. Em condições normais, a excreção de cálcio pelos rins é regulada pela sua absorção gastrointestinal em um ser humano adulto. Assim, por exemplo, em casos onde a concentração de cálcio no plasma diminui, pode-se observar um aumento da sua absorção no intestino e nos rins e remoção de ossos. O equilíbrio do cálcio em nossos organismos depende de dois fatores: a quantidade total de cálcio presente e a sua distribuição entre os ossos e o fluido extracelular. A absorção de cálcio por nosso trato gastrointestinal é regulada pelo calcitriol (forma ativa da vitamina D) e, em condições de equilíbrio, a mesma quantidade absorvida é excretada pela urina e pelas fezes. Três hormônios participam da regulação de distribuição do cálcio entre os ossos e o fluído extracelular. A redução da concentração de cálcio no fluido extracelular estimula a síntese e secreção do hormônio paratireoideo. Este hormônio, por sua vez, estimula a produção de calcitriol e a reabsorção de cálcio dos ossos e nos rins. O calcitriol aumenta a absorção de cálcio no trato gastrointestinal conforme mencionado anteriormente. Por último, a calcitonina estimula a formação e ossos e, consequentemente, a redução da concentração de cálcio do meio. De uma maneira geral, cerca de 99% do cálcio filtrado é reabsorvido. A maior parte da reabsorção (70%) ocorre no túbulo proximal. Cerca de 20% é reabsorvido na alça de Henle e 9% no túbulo distal. O cálcio pode ser reabsorvido por duas vias, a transcelular e a paracelular. A via transcelular responde por 20% do cálcio 6 reabsorvido e ocorre em duas etapas. Inicialmente, o cálcio se difunde por meio de canais específicos para dentro da célula. Em seguida, o cálcio é enviado para o sangue pela ação da Ca++-ATPase. A via paracelular é responsável pela reabsorção de 80% do cálcio. Essa via ocorre de forma passiva e é movida pela tração pelo solvente. 3. Equilíbrio do fosfato O fosfato é um componente fundamental de moléculas essenciais para os seres vivos (DNA, RNA e ATP). Além disso, ele é intermediário em várias vias metabólicas e o maior componente dos nossos ossos. Cerca de 86% do fosfato presente em nosso organismo está localizado em nossos ossos, 14% no fluido intracelular e 0,03% no extracelular. O equilíbrio do fosfato em nosso organismo também depende de dois fatores: a quantidade de fosfato presente em nosso organismo e a sua distribuição entre os fluídos intracelular e extracelular. A absorção de fosfato no trato gastrointestinal também é estimulada pelo calcitriol. Além disso, um aumento na sua ingestão resulta em um aumento na absorção. Neste caso, a fim de manter o equilíbrio, a excreção de fosfato também aumenta. Os mesmos hormônios (hormônio paratireoideo e calcitriol) que aumentam a liberação de cálcio dos ossos, atuam na liberação do fosfato. De fato, a liberação de cálcio dos ossos sempre será ligada à de fosfato. Da mesma forma, a calcitonina aumenta a formação de ossos e, consequentemente, a redução da concentração de fosfato. Cerca de 80% do fosfato filtrado é reabsorvido no túbulo proximal pela via transcelular por meio de três transportadores ligado ao sódio. O túbulo distal é responsável por reabsorver 10% do fosfato filtrado. Exercícios 1. Cite os hormônios que aumentam a absorção de potássio por tecidos de nosso organismo e os mecanismos ativados. 2. Explique os mecanismos envolvidos na manutenção dos níveis de cálcio em nosso organismo. 3. Cite os locais do néfron responsáveis pela reabsorção de fosfato. Gabarito 1. O estímulo do aumento da absorção de potássio pela musculatura esquelética, fígado, ossos e células vermelhas do sangue é realizado pelos 7 hormônios epinefrina, insulina e aldosterona. Estes hormônios estimulam a atividade da Na+,K+-ATPase e dos simporters 1Na+-1K+-2Cl- e Na+-Cl-. 2. O equilíbrio do cálcio em nossos organismos depende de dois fatores: a quantidade total de cálcio presente e a sua distribuição entre os ossos e o fluido extracelular. A absorção de cálcio por nosso trato gastrointestinal é regulada pelo calcitriol e, em condições de equilíbrio, a mesma quantidade absorvida é excretada pela urina e pelas fezes. Três hormônios participam da regulação de distribuição do cálcio entre os ossos e o fluído extracelular. A redução da concentração de cálcio no fluido extracelular estimula a síntese e secreção do hormônio paratireoideo. Este hormônio, por sua vez, estimula a produção de calcitriol e a reabsorção de cálcio dos ossos e nos rins.3) Na excreção de urina hipo-osmótica o néfron reabsorve somente os solutos bloqueando a reentrada de água. Na excreção de urina hiperosmótica a água é reabsorvida e a entrada de solutos é bloqueada. Neste caso, nossos rins criam um compartimento hiperosmótico (interstício da medula renal) que reabsorve a água e a devolve para o sangue. 3. Cerca de 80% do fosfato filtrado é reabsorvido no túbulo proximal pela via transcelular por meio de três transportadores ligado ao sódio. O túbulo distal é responsável por reabsorver 10% do fosfato filtrado. Resumo O potássio (K+) desempenha muitas funções importantes em nosso organismo. Dentre elas, podemos citar o crescimento, síntese de DNA e proteínas, cofator de enzimas, potencial de membrana e atividade cardíaca. O aumento da absorção de potássio pela musculatura esquelética, fígado, ossos e células vermelhas do sangue é estimulado pelos hormônios epinefrina, insulina e aldosterona. Estes hormônios estimulam a atividade da Na+,K+-ATPase e dos simporters 1Na+-1K+-2Cl- e Na+-Cl-. Após a ingestão de potássio e o aumento da sua concentração no plasma, a secreção de insulina pelo pâncreas, aldosterona pelo córtex suprarrenal e epinefrina pela medula suprarrenal são estimuladas. Por outro lado, a redução da concentração de potássio no plasma inibe a secreção desses hormônios. De todo o potássio que ingerimos, cerca de 90 a 95% é eliminado de nosso organismo pelos rins. O íon cálcio (Ca++) desempenha várias funções importantes em nosso organismo. Dentre elas, podemos citar: sua atuação como mensageiro em várias vias de sinalização, papel na coagulação sanguínea e contração muscular e é componente de cartilagens, dentes e ossos. Cerca de 99% do cálciopresente em nosso organismo está localizado nos ossos. No fluído intracelular, podemos encontrar cerca de 1% de cálcio e 0,1% no fluído extracelular. Em condições normais, a secreção de cálcio pelos rins é regulada pela sua absorção gastrointestinal em um ser humano adulto. Assim, por exemplo, em casos onde a concentração de cálcio no plasma diminui, pode-se observar um aumento da sua 8 reabsorção e remoção de ossos. O fosfato é um componente fundamental de moléculas essenciais para os seres vivos (DNA, RNA e ATP). Além disso, ele é intermediário em várias vias metabólicas e o maior componente dos nossos ossos. Cerca de 86% do fosfato presente em nosso organismo está localizado em nossos ossos, 14% no fluido intracelular e 0,03% no extracelular. O equilíbrio do fosfato em nosso organismo também depende de dois fatores: a quantidade de fosfato presente em nosso organismo e a sua distribuição entre os fluídos intracelular e extracelular. A absorção de fosfato no trato gastrointestinal também é estimulada pelo calcitriol. Além disso, um aumento na sua ingestão resulta em um aumento na absorção. Neste caso, a fim de manter o equilíbrio, a excreção de fosfato também aumenta. Os mesmos hormônios (hormônio paratireoideo e calcitriol) que aumentam a liberação de cálcio dos ossos, atuam na liberação do fosfato. De fato, a liberação de cálcio dos ossos sempre será ligada à de fosfato. Da mesma forma, a calcitonina aumenta a formação de ossos e, consequentemente, a redução da concentração de fosfato. 9 Referências bibliográficas KOEPPEN, BRUCE M., STANTON, BRUCE A. BERNE e LEVY: Fisiologia. 6ª edição. Editora ELSEVIER, Rio de Janeiro. 2009.
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