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Resenha Fides et Ratio final

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Faculdade Dehoniana 
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS
Julius Rafael Silva de Barros Lima
17/03/2017
Resenha Fides et Ratio 
	A humanidade em seu desenvolvimento busca entender como as coisas se dão para o intelecto, em vista de responder as perguntas ocasionadas pelas reflexões que surgem a todo momento e de maneiras diversas. Dizemos que o questionamento parte da natureza da humanidade, buscando o conhecimento de si. Porém como podemos entender esse conhecimento ou até mesmo encontrar esse conhecimento? De fato, muito são os caminhos que encontramos, mas podemos dizer que são três os tipos de verdade em geral que o homem busca responder, a verdade sobre si, sobre o mundo e pôr fim a verdade de Deus. Dessa forma para encontrarmos a verdade fazemos filosofia, para podermos responder essas perguntas que perpassam milênios, Pensando nisso Papa João Paulo II promulga no dia 14 de setembro de 1998 a encíclica Fides et Ratio, que tem como objetivo elucidar ao leitor a revelação que foi dada a todos os povos por Jesus Cristo através do mistério da Paixão Morte e Ressureição de Jesus por meio da Fé e da Razão.
	No primeiro capítulo sobre a Revelação da Sabedoria de Deus é exposto sobre a revelação de Deus que se deu por meio de Jesus Cristo. A Igreja ela é depositária da mensagem que tem como ponto de origem Deus, propondo ao homem a acolhida na fé pela palavra de Deus, onde o único acesso a essa revelação é por meio de Cristo. No próximo capitulo, nos é apresentado por João Paulo II que a fé está ligada intimamente com a Razão, esse caminho que segue por meio da fé em Jesus, se dá sobre a luz da palavra e tradição Patrística. É no último capítulo que é completado esse estudo sistemático, mostrando os ensinamentos da Igreja em meio a história frente a questão de fé, mostrando a interação da teologia com a filosofia, para que se possa buscar a verdade. 
 A filosofia nos leva a uma verdade que está no princípio da razão, que vem do ato intelectivo que desenvolvemos pela experiência em que adquirimos das coisas que se dão a nós pelas essências, mas outro modo de encontrar a verdade é pela fé, é pelas capacidades naturais que encontramos o caminho que nos leva ao Criador sendo o movimento dado pela fé, que nos conduz à verdade divina. 
	Historicamente nos é revelado por Jesus com o início da pregação que a fé e a razão formavam uma unidade que foi por muitos anos o centro da formação dada por diversos Papas um trabalho que se deu por mais de mil anos. Mas é com a modernidade que existe uma desintegração dos ensinamentos que se teve do magistério. Devemos deixar bem claro que uma coisa é a Fé e outra é a razão. 
São Paulo na Carta aos Hebreus nos diz: “A Fé é o fundamento da esperança, é uma certeza daquilo que não se vê”, empiricamente aquilo que não vemos não conseguimos provar, desta forma é dito então que a fé é algo que não pode existir? Se formos em um lado mais racionalista é certo que não encontraremos razões que provem a fé, desta forma a razão muitas vezes volta-se contra o ser humano se tornando vítima de sua própria razão de sua racionalidade, com isso os homens muitas vezes perdem o sentido da vida, isso acontece pela falta dos fundamentos morais e éticos, por haver um pluralismo de ideias revelando assim sua escuridão onde tudo acaba se tornando relativo, na maneira que o homem descobre a sua limitação e incapacidade de ter o controle do mundo e de si mesmo.[1: Hb 11,1]
Frente a realidade que atinge a humanidade o papa João Paulo II acredita que todos se empenhem na busca pela verdade, verdade essa que não é somente a empírica, mas também dada pela fé, da forma harmoniosa através da junção entre fé e razão, dando assim ferramentas para que possa haver condições de preencher as lacunas que se tem da existência humana. O descobrimento de uma razão pura em que se encontrou na filosofia, deixa o homem impossibilitado de resolver os problemas de si mesmo, deixando sem sentido de viver. 
O sentido desta encíclica não é o condicionamento do estudo de teologia, e sim a indicação de algumas tarefas à teologia na procura da filosofia, para que a revelação que tem sentido sobrenatural possa ser mais compreensível, essa compreensão da teologia nas bases filosóficas, que sempre é acompanhada pelo magistério da Igreja que é aquela que é confiada a guarda do depósito da fé. Desta forma pode-se dizer que filosofia deve intervir para que possa ajudar na interpretação das verdades de fé, para que possa usar da teologia em um processo de encontro dessa verdade. É através da reflexão filosófica, da atividade especulativa da teologia e do auxílio da metafísica que é o caminho em que podemos formular as verdades das afirmações de fé.
Dentre os pontos abordados por João Paulo II é dado que a filosofia cristã nos leva a “ uma reflexão filosófica concebida em união vital com a fé” (Cf. 76). Essa reflexão da fé com a filosofia vem dos primórdios do Cristianismo, os frutos da revelação ajudaram a influenciar na construção de parte do conceito filosófico, tratando de questão da pessoa, sobre o mal, sofrimento e pecado. 
Se temos que a verdade se dá no mistério da encarnação, é de grande valor que pelo mistério da encarnação envolve todos os homens e para chegar a compreensão dessa verdade pelo pensamento filosófico, verdade que não é puramente científica, mas que contenha a base do conhecimento do Bem, para que se possa abrir ao Transcendente. É por isso que João Paulo II enfatiza a importância da metafísica, por ser o “caminho obrigatório para superar a situação de crise que aflige atualmente grandes sectores da filosofia e, desta forma, corrigir alguns comportamentos errados, difusos na nossa sociedade (Cf. 83).
Dentre vários assuntos tratados por esta encíclica, a questão em que pela perspectiva da humanidade contemporânea. Deve haver a necessidade de a filosofia dialogar com outras ciências, com o papel de interlocutora para que não haja o fechamento das mesmas, não criando verdades imutáveis.
Conclui-se que a fé e razão são sim como duas assas que todos os cristãos devem se auxiliar, para que a humanidade possa alcançar o mistério da revelação. Muitas vezes tenta-se passar a fé para as pessoas que assumem a Cristo, mas elas caem no engano que não as leva ao encontro de Jesus por meio da fé e sim acaba iludindo aqueles que buscam compreender a revelação. Assim vemos que a filosofia ajuda a teologia para que ela alcance o voo necessário para chegar a esse grande mistério. Mas devemos compreender que a filosofia ela não depende da teologia para se desenvolver seus métodos reflexivos, pois a verdade filosófica não é imutável e o que faz chegar ao encontro dessa verdade imutável é por meio da revelação de Jesus Cristo, onde o uso das assas da fé e razão nos leva a encontrar o caminho revelado que está detrás de um véu onde adentraremos no mistério Divino por meio de Jesus Cristo.
Referência 
JOÃO PAULO II. Carta encíclica “Fides et Ratio” sobre as relações entre fé e razão. São Paulo: Paulinas, 2005.

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