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Espírito Santo Economia e Política Cafeicultura e Grande Indústria A TRANSIÇÃO NO ESPÍRITO SANTO • 1955-1985 Haroldo Corrêa Rocha e Angela Maria Morandi Haroldo Corrêa Rocha Angela Maria Morandi Cafeicultura e Grande Indústria A TRANSIÇÃO NO ESPÍRITO SANTO • 1955-1985 2ª edição Vitória Espírito Santo em Ação 2012 ESPÍRITO SANTO EM AÇÃO Alexandre Nunes Theodoro Presidente José Armando de Figueiredo Campos Presidente do Conselho deliberativo Mario Amaro da Silveira viCe-Presidente oPeraCional José Teófilo de Oliveira viCe-Presidente Luiz Wagner Chieppe viCe-Presidente ASSESSORIAS Orlando Caliman assessor de Planejamento e Gestão Eugênio Fonseca assessor de ComuniCação Pedro Amaral Oliveira assessor de seGurança Rua José Alexandre Buaiz, 190. Ed. Master Tower – Sala 1414 – Enseada do Suá – Vitória/ES. CEP: 29050-918 Tel: 3024-7700, Fax: 3024-7709 – www.espiritosantoemacao.org.br José Augusto Carvalho revisão Bios Projeto GráfiCo e editoração GSA Gráfica e Editora imPressão 1ª edição, 1991 Série Espírito Santo : Economia e Política Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Isabel Cristina Louzada Carvalho, ES, Brasil – gestao.info@terra.com.br) R672c Rocha, Haroldo Corrêa, 1956- Cafeicultura e grande indústria : a transição no Espírito Santo 1955-1985 / Haroldo Corrêa Rocha; Angela Maria Morandi . – 2. ed. – Vitória : Espírito Santo em Ação, 2012. 173 p. : 23 cm. – (Espírito Santo : Economia e Política ; v. 1) ISBN 978-85-64243-03-3 (impresso) 1. Espírito Santo (Estado) – Condicões econônmicas. 2. Café – Aspectos econômicos – Espírito Santo (Estado). 3. Indústrias – Aspectos econômicos – Espírito Santo (Estado). Café – Espírito Santo (Estado) – História. I. Morandi, Angela Maria, 1953. II. Título. III. Série. CDD: 338.1737098152 CDU: 338.45 (815.2) Todos os direitos autorais estão reservados pelo Certificado de Registro nº 583.470, de 26/11/2012, emitido pelo Escritório de Direitos Autorais (EDA) da Biblioteca Nacional. Sua reprodução, no todo ou em parte, constitui violação à Lei nº 9.610/1988. Realização Patrocínio © 2012 Haroldo Corrêa Rocha, Angela Maria Morandi Agradecimentos constantes da 1ª edição Este livro resultou do trabalho, apoio e incentivo de muitas pessoas e instituições, como sempre acontece com qualquer produção científica. Resultou, em primeiro lugar, do esforço que desenvolvemos juntamente com outros colegas da Ufes – Hildo Meirelles de Souza Filho, José Antonio Buffon, Sinésio Pires Ferreira e Sonia Dalcomuni dos Santos – e do Instituto Jones dos Santos Neves – Maria da Penha Cossetti e Ana Luzia Fregonassi Botecchia –, ao longo da década de 1980, no sentido de ampliar o conhe- cimento da história econômica do Espírito Santo. Resultou, ainda, do incentivo e da orientação metodológica do pro- fessor Wilson Cano, da Unicamp, que muito contribuiu para a formação de nossa visão sobre a dinâmica regional da economia brasileira. Resultou, também, da clareza com que Ricardo Ferreira dos Santos, Odilon Borges Junior e Orlando Calimam sempre encararam a necessidade de melhor conhecer a realidade econômica e social do Espírito Santo. Quan- do na direção do Geres, do Bandes e do IJSN, respectivamente, apoiaram iniciativas de estudos sobre a realidade regional e, em particular, deposita- ram confiança nas equipes de pesquisa do Departamento de Economia da Universidade Federal do Espírito Santo. Este texto, que agora é levado ao público, foi elaborado em condições muito particulares. Sua primeira versão integrou um trabalho mais amplo, 3ESPíRITO SANTO • Economia e Política intitulado Avaliação do sistema de incentivos fiscais do DL-880, reali- zado em 1985, pelo Geres e Bandes, com colaboração do IJSN e da Ufes. A coordenação geral do trabalho ficou a cargo do economista William Galvão Lopes, do Bandes, que nos solicitou a elaboração do segundo capítulo, in- titulado “Antecedentes e evolução recente da economia capixaba”. Nesse capítulo desenvolvemos uma análise das origens do sistema de incentivos fiscais no Espírito Santo e abordamos o desenvolvimento econômico capi- xaba do período de 1956 a meados dos anos 1980. Nesse texto não tivemos a pretensão de realizar uma análise teórica definitiva, mas, tão somente, a de recuperar as grandes linhas das transformações econômicas recentes do Espírito Santo. Após a conclusão do trabalho, o referido capítulo dois foi reproduzido pelo Geres/Bandes em volume independente. A partir daí, esse volume teve circulação também independente e passou a ser usado e reproduzido por pesquisadores, por estudantes e pelos professores do Departamento de Economia da Ufes que lecionaram a disciplina Economia Capixaba para o curso de Ciências Econômicas. Desta cada vez mais ampla utilização e circulação do texto original, surgiu a ideia de publicá-lo sob a forma de livro para facilitar o acesso dos leitores. Assim, passamos a empreender um trabalho de revisão geral do texto com vistas à publicação. No verão de 1988, revisamos os três primeiros capítulos, atualizamos todos os dados estatísticos das tabelas e acrescentamos algumas notas ex- plicativas; em fevereiro de1990, concluímos a revisão com a reelaboração do capítulo quatro, o que deu origem a um texto quase integralmente novo. Durante todo esse período, contamos com a colaboração dos técnicos do IJSN, que foram incansáveis no trabalho de revisão ortográfica, dati- lografia e normalização bibliográfica. Sob pena de não mencionar todos os envolvidos neste trabalho, queremos agradecer especialmente a Carlos Alberto Feitosa Perim, Fernando Lima Sanchotene, Djalma José Vazzoler, Terezinha Côgo Lodi, Clarisse Silva de Freitas, Francisca Proba Soares, Maria Cristina Dadalto Perez, Lastênio Scopel, Eliane Rezende, Eugênio Flores Herkenhoff e Maria da Conceição Lopes. 4 Cafeicultura & Grande Indústria Também prestou importante colaboração a colega, professora do De- partamento de Biblioteconomia da Ufes, Maria Luiza Loures Rocha Perota, que nos auxiliou no trabalho de normalização bibliográfica. A etapa final do empreendimento foi cumprida após a decisão da FCAA de editar o livro e o apoio financeiro da Viação Águia Branca e da Aracruz Celulose, que compreenderam a importância da circulação mais ampla deste texto. Destacamos também a colaboração dos nossos ex-estagiários e atual- mente colegas economistas, Enilce Leite Mello e Helder Gomes, que tiveram uma participação muito especial na elaboração deste trabalho, pois foram responsáveis pelo levantamento dos dados estatísticos e pela elaboração da maior parte das tabelas que são apresentados no livro. Eles são, de uma forma ou de outra, coautores, embora não devam ser responsabilizados por eventuais erros ou equívocos que o texto possa apresentar. Finalmente, queremos agradecer de forma muito especial e particular o permanente apoio, incentivo, e, porque não dizer, a cumplicidade dos nossos familiares com a nossa prática intelectual. Queremos, também, pedir perdão a Cristina, André, Vítor, Rodrigo e Renata pelas muitas horas de saudável convívio que lhes roubamos, o que é quase sempre inevitável nos momentos mais intensos de produção intelectual. Vitória-ES, outubro de 1991 Haroldo Corrêa Rocha Angela Maria Morandi 5ESPíRITO SANTO • Economia e Política Prefácio à 2ª edição Merece louvor a iniciativa do Espírito Santo em Ação de reeditar uma obra tão influente como foi e ainda é esta que o leitor tem agora em mãos. Pois, antes mesmo de sua primeira edição definitiva, que ocorreu em 1991, ela já era utilizada de forma muito intensa desde a década anterior por alu- nos e professores de nossa Universidade Federal, e continua assim até hoje. Nela eles encontravam um conjunto bem-organizado de dados a respeitoda evolução econômica do Espírito Santo e uma consistente interpretação deles, constituindo-se assim em um sólido apoio para suas pesquisas e reflexões a respeito da trajetória socioeconômica recente do Estado. Ela mostra de forma convincente e plenamente articulada que, entre a década de 1960 e a de 1980 a economia e a estrutura social do Espíri- to Santo sofreram uma inflexão extraordinária: com a implantação dos chamados “grandes projetos”, entrou em pauta de forma definitiva a tão acalentada diversificação de sua estrutura econômica até então assentada quase exclusivamente na cafeicultura. A mobilização social decorrente da mudança econômica gerou um processo de urbanização e de concentração populacional na Grande Vi- tória que assumiu proporções inéditas, redesenhando completamente sua configuração urbanística. Mas essas transformações não poderiam deixar de se refletir também no campo cultural e intelectual e foram elas mesmas o principal tema da- 7ESPíRITO SANTO • Economia e Política quilo que se pode chamar a “redescoberta” do Espírito Santo, pelos próprios capixabas, da qual este livro é um marco significativo. Depois do primeiro levantamento econômico realizado pela Capes em 1959, os primeiros diagnósticos sobre o Espírito Santo foram feitos ainda na década de 1960: um sob a coordenação do economista cearense Jacy Magalhães, da Confederação Nacional da Indústria, e os outros dois pelo sociólogo carioca José Arthur Rios, divulgador no Brasil da metodologia de pesquisa do padre dominicano francês Louis-Josef Lebret. Arregimentados por iniciativa da Findes, então liderada por Américo Buaiz e pelo Governo do Estado, chefiado por Carlos Lindenberg, foram eles que orientaram as ações pioneiras dos governos daquela época para a promoção do desenvolvi- mento regional, para a atração de investimentos públicos e privados para o Espírito Santo e para a criação de fundos de incentivo ao desenvolvimento. Mas esses diagnósticos ainda foram efetuados por profissionais “de fora”, que não possuíam vínculos mais efetivos com o Estado. Na sequência, a federalização da Universidade, - que tinha sido criada ainda na década de 1950 por Jones dos Santos Neves, - e sua ampliação nas décadas seguintes, propiciaram a oportunidade para o surgimento no próprio Espírito Santo de uma jovem geração de competentes pesquisado- res, da qual fazem parte Haroldo Rocha e Angela Morandi, cuja produção científica iria se manifestar de forma acentuada nas década de 1980 e de 1990, de forma concomitante com o amadurecimento das mudanças socioeconômicas mencionadas anteriormente. Orientados por eminentes pesquisadores de universidades de ponta do país, - como foi o caso deste trabalho, orientado inicialmente por Wilson Cano da Unicamp, - eles for- maram um núcleo informal de pesquisas que deu início à autonomização do Espírito Santo nesse campo científico. A produção de inúmeras teses e monografias no campo das ciências econômicas e sociais e da própria história, aprofundou a construção de um amplo e consistente diagnóstico a respeito da trajetória regional: temas como o desenvolvimento da cafeicultura e sua relação com a indústria, a urbanização e o crescimento populacional, o coronelismo, a construção e a evolução do estado regional, o desenvolvimento da atividade portuária e a integração na economia nacional e internacional, a imigração estrangeira, o transporte ferroviário, e muitos outros, foram explorados e pesquisados 8 Cafeicultura & Grande Indústria de uma forma pioneira. Criou-se, a partir desses trabalhos, um núcleo re- gional de produção acadêmica que inseriu o Espírito Santo nas discussões nacionais e revelou a especificidade de nossa formação. Esses estudos, entre os quais esta obra se destaca, acabaram se con- vertendo em verdadeiros paradigmas e constituem até hoje referência obrigatória. Alguns deles foram publicados mas já se encontram hoje completamente esgotados, e muitos outros nem sequer chegaram a sê-lo, dada a precariedade e a incipiência de nossa produção editorial, influen- ciada negativamente por uma série de fatores. E é por causa disso que se torna urgente hoje a publicação dos trabalhos mais significativos que foram produzidos naquela época. Aproveitando o ensejo desta reedição, e tendo em vista a conjuntura que estamos atravessando, marcada por desafios inesperados como a ex- tinção do Fundap - que tinha sido um dos propulsores do desenvolvimento estadual na etapa estudada inicialmente neste livro - e a ameaça de perda de parte significativa dos royalties do petróleo, Haroldo Rocha e Angela Morandi brindaram-nos com um excelente posfacio em que traçaram um amplo quadro das transformações mais recentes que afetaram nossa economia e sociedade, complementando assim sua análise dos últimos 50 anos de nossa evolução. Neste último diagnóstico, redigido quase trinta anos depois do primei- ro, mas coerente com ele, os autores encararam de forma engajada,mais uma vez, a tarefa que eles mesmos se propuseram de “fornecer inspiração e pistas estratégicas para o enfrentamento dos novos desafios que se apre- sentam aos capixabas”. Eles reconheceram claramente que, a partir dos desenvolvimentos que se tinham dado anteriormente, o Espírito Santo deparou no começo século XXI com um cenário de amplas possibilidades de crescimento, apresentan- do, entretanto, ao mesmo tempo, um quadro de graves desigualdades, com problemas sociais e precárias condições de vida, afetando grande parte de sua população, principalmente a urbana. Mas eles reconheceram também, com grande coragem, a prevalência entre nós, até aquela altura, de uma condição política que pouco ajudava no equacionamento desses problemas: ou seja, como eles disseram, o 9ESPíRITO SANTO • Economia e Política “domínio das instituições públicas pelo chamado crime organizado e por relações corrompidas entre agentes públicos e privados, que drenavam os crescentes recursos públicos para alimentar os canais da corrupção, reduzindo a capacidade do setor público de realização de investimentos em infraestrutura e de provimento à população de baixa renda de serviços públicos essenciais de qualidade, sobretudo saneamento básico, saúde, educação e segurança pública”. De lá para cá, no entanto, superada aquela condição política desabo- nadora dos valores republicanos, que incapacitava o Estado regional para o cumprimento de suas obrigações sociais, baixava nossa autoestima e projetava uma imagem extremamente negativa do Espírito Santo, e apesar dos novos obstáculos, Haroldo Rocha e Angela Morandi mostram-se final- mente esperançosos de que o Estado, “saneado financeira e eticamente, responderá por um lado aos desafios do novo momento de crescimento, garantindo a modernização da máquina pública, os investimentos em in- fraestrutura, a oferta de serviços sociais básicos de qualidade. E, por outro lado, pela utilização de diversas ferramentas de regulação, o desenvolvimento será distribuído de forma mais equitativa regionalmente, menos agressivo ao meio ambiente e com melhores condições de reduzir as desigualdades sociais, pela promoção da melhoria da distribuição de renda”. Por tudo isso, reafirmamos a opinião de que a reedição desta importante obra hoje constitui um marco significativo de nossa história intelectual. Estilaque Ferreira dos Santos Historiador/Professor da Universidade Federal do Espírito Santo 10 Cafeicultura & Grande Indústria Prefácio à 1ª edição Este texto que tenho o prazer de prefaciar constitui importante con- tribuição para os estudos da economia capixaba, possibilitando um acesso mais detalhado aos estudiosos do Estado do Espírito Santo. Essa análise, cobrindo o período de 1955-1985, completa exame de importante período de expansão da economia do Estado do Espírito Santo, que tem suas raízes porvolta de 1850, quando da primeira fase da expansão cafeeira nessa região. Com esse trabalho não é exagero dizer que o Estado do Espírito Santo passa a ser um dos mais bem estudados em termos da evolução de sua economia. Desde o pioneiro estudo da Capes (1959), seguido mais tarde pelo coordenado por José A. Rios (1966), passaram-se quase duas décadas para que se constituísse um produtivo grupo de pesquisadores na Ufes e no IJSN, em Vitória, no qual se sobressaíram Angela Maria Morandi, Haroldo Corrêa Rocha, Hildo Meirelles de Souza Filho, Maria da Penha Cossetti, Sinésio Pires Ferreira e José Antônio Buffon, que deram excelente continuidade e profundidade àqueles estudos. Tive inclusive a satisfação de orientar alguns desses trabalhos, acompanhando de perto a evolução intelectual desse grupo. Destaco, entre seus principais trabalhos, o de Rocha e Cossetti (1983), que, seguindo de perto os rumos teóricos e metodológicos que usei em meus estudos sobre a economia paulista e regional, produziram o já clássico local Dinâmica cafeeira e constituição de indústrias no Espírito Santo – 1850/1930. 11ESPíRITO SANTO • Economia e Política Esses estudos continuaram, entre outros, com o de Morandi e outros (1984), abarcando o período 1930-1970; e com o de Ferreira (1987), es- tudando a integração do Espírito Santo no mercado nacional entre 1940- 1960, trabalho completado pelo presente texto. Deve-se ainda acrescentar a esse conjunto bibliográfico sobre o Espírito Santo a importante tese de Almada (1984), que discute o escravismo no período 1850-1888, e também um pequeno ensaio que fiz (CANO, 1985c) sobre “Padrões diferenciados das principais regiões cafeeiras 1850-1930” onde, tomando por base alguns dos principais trabalhos acima citados, pude fazer algumas considerações sobre as diferenças marcantes que a economia cafeeira de São Paulo apresentou em relação às do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. O estudo agora apresentado ao público analisa o período mais recen- te, mostrando não só os efeitos de uma política regional de incentivos de várias modalidades, mas também a culminância da integração do mercado nacional, particularmente no período da atípica década de 1970, a do “Mi- lagre Brasileiro”. O texto inova em relação aos demais, com um capítulo breve sobre as relações entre o crescimento econômico, a urbanização e o setor terciário, traço metodológico importante e necessário em trabalhos dessa natureza. Como acontece com todo trabalho intelectual sério e relevante, es- peramos que alguns de seus leitores e/ou seus próprios autores que deem continuidade a este esforço. Wilson Cano2 2 Wilson Cano é economista pela PUC-SP, tem curso de pós-graduação pela Cepal e pelo Ilpes e doutorado pela Unicamp-SP, onde é também professor livre-docente, dando aulas no Curso de Pós-Graduação em Economia (Mestrado e Doutora- do). Autor de vários trabalhos, entre os quais Raízes da Concentração Industrial em São Paulo e Desequilíbrios Regionais e Concentração Industrial no Brasil – 1930/1970. Conferencista, assessor, consultor e conselheiro de organismo e instituições nacionais e internacionais. 12 Cafeicultura & Grande Indústria Sumário Lista de Tabelas ....................................................................................... 15 Apêndice Estatístico ............................................................................... 17 Lista de Siglas e Acrônimos .................................................................... 18 Apresentação........................................................................................21 Introdução ...........................................................................................23 Espírito Santo nos anos 1960 e 2010 .............................27 1. Introdução .................................................................................. 27 2. A crise dos anos 1960 e as estratégias de enfrentamento adotadas pelos capixabas .............................. 28 3. As mudanças sociais e econômicas de cinco décadas – 1960/2010 ................................................... 33 4. A superação dos problemas trazidos pela urbanização acelerada, o crescimento industrial e o controle do estado pelo crime organizado ..................................................... 41 5. As ameaças e as oportunidades nos próximos anos e décadas – Espírito Santo 2030 ........................................ 44 Referências ........................................................................................ 50 CAPíTULO 1 O Espírito Santo e a política de desenvolvimento regional ...........................................51 1.1 O problema das desigualdades regionais no Brasil e o sistema de incentivos fiscais ................................. 51 1.2 Origem dos incentivos fiscais no Espírito Santo ........................ 59 CAPíTULO 2 Antecedentes: crise agrícola e industrialização 1955/75 ....................................................71 2.1 Auge e crise da cafeicultura ........................................................ 73 2.2 Política econômica e crescimento industrial ............................. 98 2.3 A construção de infraestrutura ................................................ 108 CAPíTULO 3 Expansão recente: desenvolvimento econômico e hegemonia do grande capital – 1975/85 .........................................................113 3.1 Crescimento e modernização da agricultura ............................116 3.2 Grande capital e diversificação da estrutura industrial ........... 133 CAPíTULO 4 Crescimento econômico, urbanização e dinamização do setor terciário ..............................147 Apêndice Estatístico...................................................................161 Referências ..........................................................................................167 Lista de Tabelas TABELA 1 Distribuição regional da renda interna e da população residente, Brasil e Espírito Santo, 1949-1980, em % ...................54 TABELA 2 Preço médio de exportação do café (verde e solúvel), Brasil, 1945-1987 (US$/sacas de 60 kg) ...................................... 61 TABELA 3 Número de cafeeiros plantados, Espírito Santo, 1940-1987 ........75 TABELA 4 Produção de café beneficiado (média trienal), Espírito Santo, 1942/44-1987 (sacas de 60 kg) ................................................... 76 TABELA 5 Resultado da execução do Programa de Erradicação dos Cafezais, 1962-1967 ...............................................................78 TABELA 6 Participação relativa por estado no Programa de Erradicação dos Cafezais ..........................................................79 TABELA 7 Percentual da população cafeeira e da área cultivada com café atingidas pela erradicação ..............................79 TABELA 8 Estimativa do desemprego de mão de obra ocasionado pelo Programa de Erradicação dos Cafezais, Espírito Santo, 1962/67 ...............................................................81 TABELA 9 Diversificação agrícola nas áreas liberadas pela execução do Programa de Erradicação dos Cafezais, Jun/62 – Ago/66 .......83 TABELA 10 Lenha e madeira em toros extraídas de florestas nativas, Espírito Santo, 1952/54 – 1987 (média trienal) .......................... 87 TABELA 11 índice de crescimento das exportações de madeira segundo destino, Espírito Santo, 1935/37 – 1965 ....................... 87 TABELA 12 Participação relativa dos principais estados importadores no total das exportações de madeira, Espírito Santo, 1935/37 – 1965 ............................................................................ 87 TABELA 13 Efetivo bovino e taxa anual de crescimento do rebanho, Espírito Santo, 1950-1985 ............................................89TABELA 14 Área e taxa anual de crescimento das pastagens, Espírito Santo, 1950/1985 ...........................................................89 TABELA 15 Atividades econômicas predominantes nos estabelecimentos rurais, Espírito Santo, 1960/1985 ....................93 TABELA 16 Quantidade produzida das principais culturas agrícolas (média trienal), Espírito Santo, 1945/47 – 1987/88 (toneladas) ............94 15ESPíRITO SANTO • Economia e Política TABELA 17 Área colhida1 das principais culturas agrícolas (média trienal), Espírito Santo, 1945/47 – 1987/88 (hectares) ............................94 TABELA 18 Rendimento médio das principais culturas agrícolas, Espírito Santo, 1945/47 – 1987/88 (toneladas) ..........................95 TABELA 19 Taxa anual de crescimento do valor da produção da indústria de produtos alimentares, Espírito Santo, 1959 – 1980 ..............101 TABELA 20 Aplicações dos recursos do IBC/Gerca do Programa de Diversificação Econômica das Regiões Cafeeiras, Espírito Santo, 1967/70 .............................................................104 TABELA 21 Indústria extrativa mineral por subgênero, Espírito Santo, 1949 -1980 ................................................................................. 107 TABELA 22 Área de matas naturais e de reflorestamento, Espírito Santo, 1960-1985 .......................................................... 119 TABELA 23 Área reflorestada incentivada por empresa reflorestadora, Espírito Santo, 1989 ...........................................120 TABELA 24 Produção de leite de vaca por região, Espírito Santo, 1975 – 1985 (mil litros) .............................................................126 TABELA 25 Preço médio da carne bovina, Espírito Santo, 1973 – 1989 .......126 TABELA 26 Evolução do número de máquinas agrícolas, Espírito Santo, 1970 – 1985 .......................................................129 TABELA 27 Taxa anual de crescimento do número de tratores e arados, Espírito Santo, 1960 – 1985 ........................................129 TABELA 28 Evolução do uso de fertilizantes e defensivos agrícolas, Espírito Santo, 1960-1985 ..........................................................129 TABELA 29 Estrutura fundiária – percentual de participação por estrato de área no total, Espírito Santo, 1950-1985 ...................132 TABELA 30 Taxa anual de crescimento do valor da produção da indústria de transformação, Espírito Santo, 1949 – 1980 .........................134 TABELA 31 Participação relativa dos principais gêneros na formação do valor bruto da produção da indústria de transformação, Espírito Santo, 1949 – 1980 ..............................135 TABELA 32 Indústria extrativa mineral e de transformação, Espírito Santo, 1949 – 1980 .......................................................145 TABELA 33 População urbana e rural – comparação Espírito Santo e Brasil, 1950 – 1980...........................................150 16 Cafeicultura & Grande Indústria TABELA 34 População urbana e rural estimada, Espírito Santo, 1980 – 1990 ....................................................... 151 TABELA 35 População urbana e rural estimada, Grande Vitória, 1980 – 1990 ................................................................................152 TABELA 36 População Economicamente Ativa por setores e ramos de atividade, Espírito Santo, 1950 – 1980 ....................... 154 TABELA 37 Novos empregos criados, segundo setor e ramo de atividade, Espírito Santo, 1950 – 1980 ..................................155 TABELA 38 Taxas anuais de crescimento da PEA, Espírito Santo, 1950 – 1980 ................................................................................156 TABELA 39 PEA por setor e ramos de atividades, segundo Microrregiões Homogêneas, Espírito Santo, 1970 – 1980 (Em porcentagem) ................................................159 Apêndice Estatístico TABELA 1 Quantidade produzida de algumas culturas agrícolas emergentes - Espírito Santo – 1970 - 1988 (toneladas) ............. 161 TABELA 2 Área de colheita de algumas culturas agrícolas emergentes Espírito Santo – 1970 – 1988 (hectares) .................162 TABELA 3 Rendimento médio de algumas culturas agrícolas emergentes Espírito Santo – 1970 - 1988 ...................................162 TABELA 4 Relação das cinco principais indústrias mecânicas produtoras de máquinas e equipamentos - Espírito Santo – 1986 .................................................................163 TABELA 5 Relação das oito principais indústrias de confecções - Espírito Santo – 1986 .................................................................163 TABELA 6 Usinas de álcool hidratado/anidro implantadas no Espírito Santo – Dados gerais - 1986 ..........................................164 TABELA 7 Usinas de pelotização de minério de ferro existentes no Espírito Santo - Dados gerais ................................165 17ESPíRITO SANTO • Economia e Política Lista de Siglas e Acrônimos Bandes – Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo S/A BNCC – Banco Nacional de Crédito Cooperativo S/A Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior CBF – Companhia Brasileira de Ferro Cepa-ES – Comissão Estadual de Planejamento Agrícola-ES Cepal – Comissão Econômica para a América Latina Civit – Centro Industrial de Vitória Cobraice – Companhia Brasileira de Indústria e Comércio Codes – Companhia de Desenvolvimento Econômico do Espírito Santo Cofavi – Companhia Ferro e Aço de Vitória Comleste – Comissão de Desenvolvimento Econômico do Médio-Leste Coopnorte – Cooperativa Agropecuária do Norte do Espírito Santo CST – Companhia Siderúrgica de Tubarão CVRD – Companhia Vale do Rio Doce DEE – Departamento Estadual de Estatística do Espírito Santo DER-ES – Departamento de Estradas de Rodagem do Espírito Santo DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas Eletrobras – Centrais Elétricas Brasileiras S/A Emater – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Espírito Santo Emcapa – Empresa Capixaba de Pesquisas Agropecuárias Escelsa – Espírito Santo Centrais Elétricas S/A Findes – Federação das Indústrias do Espírito Santo Frinorte – Frigorífico do Norte do Espírito Santo Frisa – Frigorífico Rio Doce S/A Fundec – Fundo de Diversificação Econômica da Cafeicultura Funres – Fundo de Recuperação Econômica do Espírito Santo Gerca – Grupo Executivo de Racionalização da Cafeicultura Geres – Grupo Executivo para a Recuperação Econômica do Espírito Santo 18 Cafeicultura & Grande Indústria Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBC – Instituto Brasileiro do Café IBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Ideies – Instituto de Desenvolvimento Industrial do Espírito Santo Logasa – Louças Gaggiato S/A Petrobras – Petróleo Brasileiro S/A Portobras – Portos Brasileiros S/A Proálcool – Programa Nacional do Álcool Probor – Programa da Borracha Samarco – Samarco Mineração S/A Sima-ES – Serviço de Informação do Mercado Agrícola SNCR – Sistema Nacional de Crédito Rural SPVEA – Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia SPVERFSP – Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Região da Fronteira Sudoeste do País Sudam – Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia Sudeco – Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste Sudene – Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste Sudhevea – Superintendência do Desenvolvimento da Borracha Suframa – Superintendência do Desenvolvimento da Zona Franca de Manaus Usiminas – Usina Siderúrgica Minas Gerais S/A 19ESPíRITO SANTO • Economia e Política Apresentação Em nove anos de história, o EspíritoSanto em Ação tem oferecido à sociedade capixaba o resultado de todo o seu esforço, empenho e dedica- ção. São projetos e ações que promovem o desenvolvimento do Estado, o fortalecimento das instituições capixabas, a formação de novas lideranças e, principalmente, que estimulam, em nós, o orgulho de viver no Espírito Santo. Hoje, você tem em suas mãos mais um fruto do nosso trabalho. Trata-se do primeiro volume da coleção, um conjunto de estudos sobre um importante período da história desenvolvimentista do nosso Estado. São trabalhos profundos, produzidos e publicados por pesquisadores e acadê- micos, sobretudo nas décadas de 1980-90, que serviram de referência para a construção do pensamento político e econômico acerca da modernização do nosso estado. Nosso objetivo ao reeditar este primeiro volume - obra de dois im- portantes economistas do nosso estado - é promover uma reflexão sobre o processo de industrialização do Espírito Santo, seus impactos e as oportu- nidades que surgiram a partir deste processo. Na década de sessenta, com a erradicação dos cafezais, a economia capixaba sofreu um enorme abalo. Como sabemos, o Estado tinha perdido grande parte de sua principal atividade econômica e não havia alternativa imediata para sua substituição. O Espírito Santo estava em crise. Vivíamos 21ESPíRITO SANTO • Economia e Política um verdadeiro desastre econômico, fenômeno que ensejou uma reação em busca de alternativas mais sólidas e sustentáveis para o seu desenvolvimento. Foi este preocupante cenário que levou os empreendedores e as au- toridades políticas capixabas a perceberam que, somente com as ações articuladas e coordenadas, o Estado encontraria uma saída para a crise. Daí surgiram os novos planos para o desenvolvimento do Espírito Santo, sendo a atividade industrial o foco principal. Os resultados desse novo modelo de desenvolvimento todos nós sabemos: nossa economia cresceu, diversificou e se integrou fortemente ao restante do Brasil. O Espírito Santo, hoje, é uma das economias que mais cresce no país e é, sem dúvida, a economia mais internacionalizada comparativamente aos demais estados brasileiros - se levarmos em conta as entradas e saídas para o mercado mundial. Muitas vezes, quem vive neste cenário moderno e atrativo, desconhe- ce os fatos históricos que conduziram o Espírito Santo a um futuro tão promissor, mas também desafiador. Esses acontecimentos, que têm suas bases no processo de colonização brasileira, deixaram marcas claras no desenvolvimento do Estado. Ao ler este livro, você vai entender as profundas transformações vi- vidas pela sociedade capixaba, a partir da década de 1960, e vai perceber que a história que o Espírito Santo escreveu é marcada por desafios. Aliás, esta é uma peculiaridade do nosso povo: vencer a falta de oportunidades e transformar as ameaças em benefícios. Boa leitura. Alexandre Nunes Theodoro 22 Cafeicultura & Grande Indústria Introdução A economia capixaba apresenta atualmente uma estrutura produtiva bastante diversificada e predominantemente industrial. Essa é uma nova realidade surgida e consolidada nas três últimas décadas, período em que se verificou um vigoroso processo de expansão econômica e modernização capitalista. As transformações econômicas decorrentes desse processo conformaram uma economia com um novo perfil produtivo e alteraram radicalmente o quadro de extrema dependência da atividade cafeeira, que caracterizou a economia capixaba durante mais de um século.2 Efetivamente, desde meados do século XIX, a cafeicultura, em função das vantagens econômicas que apresentava, tornou-se absorvedora dos re- cursos econômicos disponíveis e assumiu a posição de principal atividade produtiva da economia estadual. A expansão da cafeicultura e a consequente inibição de outras lavouras submeteram a economia capixaba a elevado nível de especialização e de dependência em relação à lavoura cafeeira. Inicialmente, a cafeicultura se desenvolveu em grandes proprieda- des, com base no trabalho escravo, e, embora tenha havido significativa expansão da lavoura, as condições econômicas locais não permitiram que a atividade tivesse grande dinamicidade, como ocorreu em outras regiões cafeeiras do país. 2 O desenvolvimento da cafeicultura e a dinâmica da estrutura produtiva da agricultura no Espírito Santo no período de 1850 a 1960 foi tema de vários trabalhos nos últimos anos. Entre eles recomendamos, por seguirem a mesma linha metodológica, os seguintes: de Rocha e Cossetti (1983); Morandi et al. (1984); Ferreira (1987); e de Almada (1984). 23ESPíRITO SANTO • Economia e Política Após o fim da escravidão, a estrutura produtiva local transitou para um sistema de pequena propriedade e de trabalho familiar. A cafeicultura manteve o seu papel preponderante e passou a ser desenvolvida em pequena escala de produção, de acordo com a disponibilidade de força de trabalho das famílias dos pequenos proprietários e dos parceiros. A unidade pro- dutiva era praticamente autossuficiente e tinha no café a sua quase única cultura mercantil. As condições em que operava a economia cafeeira tornavam relati- vamente lento o ritmo de expansão da lavoura e travavam a acumulação de capital, uma vez que as relações mercantis eram pouco desenvolvidas, e a rentabilidade bastante reduzida, o que não possibilitava um nível ra- zoável de concentração de capitais. Assim, embora a cafeicultura tenha se expandido e mantido sua importância na economia estadual, ela não provocou grandes transformações na estrutura produtiva local, dadas as especificidades de sua dinâmica. Nos momentos de crise de superprodu- ção e de queda dos preços do café, a economia capixaba, ao contrário do que acontecia na região cafeeira de São Paulo, não apresentava mudanças estruturais, nem realizava movimentos significativos de substituição de culturas. As unidades produtoras, a despeito da brutal redução do nível de renda advinda da queda dos preços do café, mantinham a lavoura cafeeira e reforçavam a produção de subsistência de forma a compensar a redução da compra de determinados produtos que adquiriam no mercado. Assim, as unidades produtoras tornavam-se ainda mais autossuficientes, os fluxos de comércio se reduziam e o processo de acumulação estagnava. Essa estrutura produtiva e essa dinâmica muito particulares fizeram com que, desde que se introduziu a cafeicultura no Espírito Santo (em me- ados do século XIX), até a década de 1950, a economia capixaba não tivesse grande dinamismo e se apresentasse altamente dependente da cafeicultura, sem vislumbrar nenhuma alternativa de diversificação econômica. O círculo vicioso e a situação de extrema dependência do café que ca- racterizavam nossa economia só foram alterados durante a última grande crise de superprodução e de preços, que afetou a cafeicultura nacional. Na segunda metade da década de 1950, a sequência de supersafras determinou a queda acentuada de preço, tal como já havia ocorrido em diversas ocasiões. Contudo a política governamental de enfrentamento dessa crise cafeeira foi 24 Cafeicultura & Grande Indústria radicalmente diferente das que já haviam sido utilizadas nas crises anteriores. Os órgãos federais responsáveis pela política cafeeira decidiram erradicar os cafezais até que a capacidade produtiva e as safras colhidas se equiparassem às necessidades do mercado consumidor. E, para viabilizar essa política, foi estabelecida uma considerável indenização por cova erradicada. Essa política, embora tenha causado uma grave crise social, resultou numa significativa injeção de recursos na economia estadual, que buscou aplicações alternativas. Associaram-se a isso outras políticas de incentivos e financiamentos a atividades específicas, que possibilitaram viabilizar o início de um processo de diversificação econômica.Assim, a partir da crise cafeeira foi dada a partida num processo de transformações econômicas que viria alterar profundamente a estrutura produtiva da economia capixaba. As três últimas décadas que foram palco dessas mudanças devem ser subdivididas em dois subperíodos. No primeiro, que cobre aproximadamente duas décadas, de meados dos anos 1950 a meados dos anos 1970, o processo de acumulação foi comandado pelos pequenos capitais locais, que, ajudados pelas políticas estatais, lograram um bom nível de crescimento. Embora a cafeicultura tenha enfrentado uma grave crise de preços e uma grande redução de capacidade produtiva, a pecuária e a extração vegetal, ao lado dos gêneros tradicionais da indústria de transformação, apresentaram grande dinamismo e elevadas taxas de crescimento. A fase recente do desenvolvimento econômico capixaba, que se verificou a partir de 1974/75, caracterizou-se pela hegemonia do grande capital, que, com raríssimas exceções, não era capixaba, mas nacional ou estrangeiro. Nesse período, o setor agrícola estadual foi dominado por um intenso pro- cesso de modernização capitalista decorrente do avanço da empresa rural e das relações de assalariamento. O setor, em conjunto, apresentou uma retomada do crescimento, particularmente derivada da expansão do café, da cana-de-açúcar e da atividade de reflorestamento. Da mesma forma, o setor industrial recebeu grandes investimentos, o que determinou alterações substantivas na sua estrutura, com o surgimento e expansão de gêneros mais dinâmicos e complexos. 25ESPíRITO SANTO • Economia e Política Este trabalho analisa a economia capixaba justamente nessas três úl- timas décadas, procurando mostrar de forma detalhada as mudanças que conformaram a sua nova “face” e sua nova forma de inserção na economia brasileira. No primeiro capítulo procura-se resgatar as transformações no nível político-institucional, especialmente os determinantes da criação do sistema de incentivos fiscais do Funres. O segundo capítulo trata da crise da economia cafeeira e do desenvolvimento industrial no período de 1955/75. O terceiro capítulo corresponde ao período mais recente, cujas características centrais estão na modernização da agricultura e diversifica- ção da estrutura industrial comandada pelo grande capital. E, por fim, no capítulo quatro, abordam-se, de forma breve, as relações existentes entre o crescimento econômico havido no período considerado neste trabalho e o processo acelerado de urbanização verificado nesse mesmo período no Espírito Santo, e, relacionam-se ainda esses dois processos com a dinami- zação do setor terciário. 26 Cafeicultura & Grande Indústria Espírito Santo nos anos 1960 e 2010 1. INTRODUÇÃO A reedição deste livro, Cafeicultura e Grande Indústria: a transição no Espírito Santo 1955-1985, foi um sonho acalentado há vários anos, desde que se esgotou sua primeira e única edição. À medida que os anos foram passando, foi sendo reforçada a necessidade de uma nova edição, pois foi crescente o uso do texto, especialmente em cursos universitários que mi- nistram disciplinas sobre a realidade capixaba. Não faltaram palavras de estímulo de professores, pesquisadores, empresários e políticos para essa realização. Isso veio a se tornar viável a partir do momento em que o Espírito Santo em Ação, sob a inspiração de João Gualberto de Vasconcellos e do ex-Governador Paulo Hartung, e sob a competente coordenação de Altier Moulin, Gerente de Comunicação, decidiu implementar uma nova linha editorial denominada Espírito Santo: economia e política. Cafeicultura e Grande Indústria foi um dos títulos selecionados para compor a nova coleção e recebeu o privilégio de ser o texto inaugural, lançado no primeiro semestre de 2013. 27ESPíRITO SANTO • Economia e Política O critério de escolha teve como base o conteúdo do livro, que examina em detalhe os impactos da política nacional de erradicação dos cafezais e as alternativas de desenvolvimento geradas nos anos 1960, e o momento con- juntural que passa o Espírito Santo marcado por várias ameaças econômicas a partir de decisões originárias do contexto econômico e político nacional. Há semelhanças e diferenças entre os dois momentos conjunturais. Um olhar sobre a história capixaba neste momento pode ser muito útil no sentido de fornecer inspiração e pistas estratégicas para o enfrentamento dos novos desafios que se apresentam aos capixabas. Pode-se resgatar dos anos 1960, como elementos positivos do enfren- tamento da crise econômica, social e política, quatro linhas de ação, que foram por demais evidenciadas: a união de esforços das elites política e empresarial em nível estadual; a mobilização para a implantação e a mo- dernização da infraestrutura econômica adequada a novos investimentos; a criação/modernização das instituições públicas voltadas para o apoio ao desenvolvimento; e a criação de fundos de financiamento do setor público e dos investimentos privados (Funres e Fundap). Como forma de colocar em evidência as semelhanças e as diferenças entre os dois momentos históricos, resolvemos elaborar este texto espe- cificamente para a 2ª edição. Esperamos, assim, contribuir para elevar a autoestima dos capixabas e para identificar novos caminhos para o desen- volvimento estadual nas próximas décadas. 2. A CRISE DOS ANOS 1960 E AS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO ADOTADAS PELOS CAPIXABAS É interessante frisar, de antemão, que ao longo da história do Espírito Santo, os capixabas foram confrontados, em alguns momentos cruciais, por fatores externos e alheios à sua dinâmica interna, sem que estivesse preparado para recebê-los, que provocaram verdadeiras mudanças no rumo da economia e da sociedade. 28 Cafeicultura & Grande Indústria Nos três séculos do período colonial, o Espírito Santo foi mantido à margem do desenvolvimento brasileiro, tendo, inclusive, perdido grande parte do seu território original e isolado, ao longo do século XVIII, dos possíveis impactos positivos da mineração no Estado de Minas Gerais por orientação da Coroa Portuguesa a seus representantes no Brasil, que impediu a abertura de vias de transporte ligando o Espírito Santo a Minas Gerais. Dessa forma, todo o fluxo de minerais destinado à Metrópole europeia foi direcionado para o Rio de Janeiro. Ao longo do período imperial, no século XIX, e da primeira república, no século XX, a realidade de profundo atraso econômico foi sendo gra- dativamente alterada com o povoamento realizado em grandes unidades produtivas escravocratas e em pequenas propriedades familiares constituídas a partir da colonização europeia. A cafeicultura, atividade econômica de maior relevância nacional, propiciou a formação de uma base econômica no Espírito Santo, em contínua, ainda que lenta, expansão. A marcha do café, ao longo de um século, foi gradativamente ocu- pando o solo capixaba, do sul para o norte, criando centros urbanos em seu interior, construindo uma infraestrutura adequada à atividade cafeeira, como as estradas de ferro e o porto de Vitória, e moldando uma estrutura produtiva de comércio e de serviços que serviam como apoio à dinâmica do café. Assim, o estado chegou aos meados do século XX com forte dependên- cia da atividade cafeeira. Em 1960, o PIB estadual apresentava a seguinte composição: 41,8% gerado pela agropecuária e pesca, 5,3% pelo setor industrial e 52,9% pelo setor terciário. Neste mesmo ano, a cafeicultura empregava 55% da população economicamente ativa capixaba e gerava 22% da renda estadual. Por outro lado, o beneficiamento de café representava, aproximadamente, 17% do valor da produção industrial e o ICMS café respondia por 62% da receita pública estadual. Além desta atividade, as pequenas propriedades rurais, que se tornaram predominantes, e os parceiros desenvolviam outras atividadesrurais produtoras de alimentos básicos, tais como milho, feijão, pecuária leiteira, criação de pequenos animais, etc. O comércio exterior tinha como base as exportações de café e de minério de ferro, esta última atividade iniciada em 1945 e com boas perspectivas de expansão a partir da inauguração do Porto de Tubarão, em 1966. 29ESPíRITO SANTO • Economia e Política A infraestrutura de estradas de rodagem era muito precária e o abas- tecimento energético insuficiente para suportar um processo de desenvol- vimento mais complexo, com base no crescimento das cidades e do setor industrial. Em 1960, quase ¾ (71,6%) da população capixaba ainda vivia e trabalhava no campo. De qualquer forma, a sociedade e a economia estadual se transforma- vam de forma lenta e em condições de relativo equilíbrio. Um problema nacional e a sua política de enfrentamento vieram al- terar profundamente as condições de funcionamento e de reprodução da economia e da sociedade capixabas. Os preços do café, principal produto gerador de divisas para o país, sofreram forte redução no mercado internacional, gerando grave desequi- líbrio no balanço de pagamentos. Os preços médios do café verde e solúvel passaram de U$S 86,83, em 1954, para U$S 38,27, em 1963, representando uma redução de 56%. O governo federal, a partir de um diagnóstico de queda dos preços por excesso de oferta, decidiu implementar uma política cafeeira jamais adotada em qualquer outra época, em mais de um século de desenvolvimento da cafeicultura brasileira. Assim, o Instituto Brasileiro do Café - IBC - adotou, como um dos pilares dessa política, a erradicação dos cafezais antieconômicos ou de menor produtividade, e criou um órgão específico para implementá-la, o Grupo Executivo de Racionalização da Cafeicultura - Gerca. No Brasil, entre junho de 1962 e maio de 1967, foram erradicados 32,0% dos cafeeiros existentes e 30,5% da área ocupada com plantações de café. O Espírito Santo foi o estado mais atingido, pois teve 53,8% dos cafeeiros erradicados e 71,0% da área plantada liberada. No meio rural ca- pixaba esta política resultou no desemprego direto de aproximadamente 60 mil pessoas e na precarização das condições de vida de 240 mil capixabas, aproximadamente 25% da população rural de 1960. Nos outros setores da economia, como comércio, serviços de exportação, atividade industrial, receita pública, etc., o impacto deu-se de dupla forma, tanto pela queda dos preços como pela redução de volume do café produzido e comercializado. A economia estadual foi profundamente abalada com a política federal de erradicação dos cafezais, pela forma radical e pela rapidez de sua imple- 30 Cafeicultura & Grande Indústria mentação. É importante destacar que já se formava uma consciência política regional de que a extrema dependência da cafeicultura tornava a economia capixaba vulnerável e sem perspectivas de crescimento e diversificação. Em 1952, o Governador Jones dos Santos Neves advertia que os galhos dos cafezais eram frágeis demais para sustentar nossos sonhos de progresso. Pois bem, entre 1966 e 1967, realizou-se o grande movimento de destruição da capacidade produtiva da agricultura cafeeira. Mas até aquele momento não haviam sido desenvolvidas outras atividades econômicas, seja no meio rural ou na área industrial, capazes de compensar a regressão do café e abrir outras frentes de desenvolvimento. O Espírito Santo encontrava-se numa encruzilhada. Havia perdido boa parte de sua principal atividade econômica e não tinha atividades substitutas com a mesma capacidade de geração de emprego e renda. A pergunta que se fazia era: como superar a grave crise? Algumas respostas fundamentais foram dadas naquela conjuntura. Por um lado, tornou-se claro para as elites políticas e empresariais que a gravidade da crise demandava união política e ação coordenada. Assim foi que, o Governo do Estado, a Federação das Indústrias e a Federação do Comércio, somaram esforços, numa ação conjunta, para a elaboração de diagnósticos precisos da situação econômica e social e, ao mesmo tempo, para a formulação de novas estratégias de desenvolvimento. Concluiu-se, acompanhando a grande tendência da economia brasileira, pela priorização do desenvolvimento da atividade industrial no Espírito Santo. Mas havia obstáculos a serem inicialmente superados. O primeiro era a precária infraestrutura que não condizia com as necessidades que seriam derivadas das atividades industriais, ligadas espe- cialmente aos meios de transporte e às fontes energéticas. O segundo era a quase inexistência de capitais privados acumulados ao longo dos anos anteriores, passíveis de serem investidos nas atividades industriais, e a falta de uma estrutura bancária capaz de aportar recursos a custos competitivos para investimentos produtivos de longo prazo de maturação. Havia, por assim dizer, uma deficiente infraestrutura de transportes e energia e uma escassez de poupança para financiar os investimentos industriais a serem realizados. 31ESPíRITO SANTO • Economia e Política O desafio da infraestrutura já vinha sendo enfrentado desde o período do Plano de Metas, principalmente a partir de investimentos públicos em produção e distribuição de energia elétrica e nas principais vias de trans- porte, as BR’s 101 e 262 e o Porto de Vitória. Nos anos que se seguiram importantes obras foram concluídas. O segundo desafio enfrentado foi a estruturação de fontes de financia- mento para viabilizar os investimentos industriais. Naquela época era difícil pensar em fontes privadas, a não ser de origem externa, pois a economia brasileira não havia criado ainda as condições objetivas de viabilidade de financiamento de longo prazo por parte dos bancos privados. Assim, passou- -se a estruturar fontes públicas de financiamento voltadas para o apoio aos investimentos privados em agroindústrias e na indústria em geral. Inicialmente, como forma de compensação aos estados produtores de café, foi criado, na esfera federal e implementado pelo IBC/Gerca, no período 1967/1969, o Programa de Diversificação Econômica das Regiões Cafeeiras, com o objetivo de apoiar com financiamento subsidiado a im- plantação e/ou ampliação de agroindústrias e a formação de infraestrutura, de forma a criar as condições para a diversificação econômica. Para gerir os recursos deste fundo, o Governo Estadual criou, em 1967, a Companhia de Desenvolvimento Econômico do Espírito Santo – Codes. Paralelamente, as elites políticas e empresariais locais desenvolveram várias ações visando a estruturar fontes de financiamento duradouras a partir da constituição de fundos compostos com recursos oriundos de re- núncia fiscal federal e, principalmente, estadual. Depois de muitas gestões e negociações políticas mal sucedidas junto ao Governo Federal, enfim, em 1969 foi constituído o Grupo Executivo de Recuperação Econômica do Espírito Santo - Geres - e o Fundo de Recuperação Econômica do Espírito Santo - Funres, o primeiro como órgão gestor do segundo, que era um fundo de incentivos fiscais, composto com deduções do Imposto de Renda e do Imposto de Circulação de Mercadorias. Os recursos do Funres eram destinados à aplicação, sob a forma de participação societária, em novos investimentos, sobretudo industriais. Em sequência à criação do Funres, foi constituído, em 1970, em nível estadual, o Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias – Fundap, fundo de financiamento composto por recursos do ICMS oriundos de atividades de importações não tradicionais. 32 Cafeicultura & Grande Indústria Este fundo visava a dinamizar o comércio exterior e a otimizar o uso da infraestrutura portuária, que até então era usada apenas para realização de exportações e passaria a ser utilizada também no incremento das impor- tações, gerando, assim, movimentação de cargas,empregos e renda, além de novos investimentos em logística. A implementação destes dois fundos financeiros, um destinado à participação societária em novos empreendimentos e outro a financiar as atividades de comércio exterior, exigiu que a Codes fosse transformada no Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo S/A – Bandes, estrutura mais complexa e adequada à operacionalização dos dois fundos. Portanto, à crise de preços do café e à política federal de erradicação dos cafezais, o Espírito Santo reagiu com a união de ações das elites políticas e empresariais, com a captação de recursos federais na área de logística e de energia, com a modernização da estrutura de gestão pública estadual, especialmente com a criação da Codes/Bandes, e com a constituição de dois fundos financeiros voltados para o apoio aos investimentos privados nas atividades agroindustriais, industriais e de comércio exterior. Nas cinco décadas que se seguiram o Espírito Santo passou por uma grande transformação econômica e social. A sociedade e a economia estadual do início da segunda década do século XXI são completamente diferentes do Espírito Santo de meio século atrás. Neste mesmo período, realizou-se, também, o processo de globalização, suportado, sobretudo, pela evolução e aplicação das tecnologias da microeletrônica em todas as atividades hu- manas, pela multiplicação das relações financeiras e pela revolução nos meios de transportes e nos sistemas de logística. O Espírito Santo mudou, o Brasil mudou e o mundo mudou. Os desafios de hoje são qualitativamente diferentes dos desafios de cinco décadas atrás. 3. AS MUDANÇAS SOCIAIS E ECONÔMICAS DE CINCO DÉCADAS – 1960/2010 Os dados populacionais fornecem uma primeira visão da magnitude da transformação porque passou o Espírito Santo. De 1960 para 2010, a 33ESPíRITO SANTO • Economia e Política população cresceu 147,8%, tendo passado de 1.418.348 para 3.514.952. A população rural foi reduzida em 45,5%, tendo sido de 1.014.887, em 1960, e 583.480, em 2010. A população urbana, por outro lado, teve um cresci- mento explosivo de 626,6%, tendo passado de 403.461 para 2.931.472. Se em 1960 a população rural constituía a ampla maioria, 71,6%, em 2010 este quadro se inverteu completamente, representando a população urbana 83,4% da população total. TABELA 1 - Espírito Santo: População Residente por Situação de Domicílio e Metropolitana - 1960-2010 1960 1970 1980 1991 2000 2010 População total 1.418.348 1.599.324 2.023.338 2.600.618 3.097.232 3.514.952 Urbana % 28,4 45,1 66,8 74,0 79,5 83,4 Rural % 71,6 54,9 33,2 26,0 20,5 16,6 Região Metropolitana da Grande Vitória População total 216.274 418.273 753.959 1.136.842 1.438.596 1.687.704 % no ES 15,2 26,2 37,3 43,7 46,4 48,0 Municípios Vila Velha 55.587 123.742 203.401 265.586 345.965 414.586 Serra 9.192 17.286 82.568 222.158 321.181 409.267 Cariacica 39.608 101.422 189.099 274.532 324.285 348.738 Vitória 83.351 133.019 207.736 258.777 292.304 327.801 Guarapari 14.861 24.105 38.500 61.719 88.400 105.286 Viana 6.565 10.529 23.440 43.866 53.452 65.001 Fundão 7.110 8.170 9.215 10.204 13.009 17.025 Fonte: IBGE (1949-1980, 1951, 1967, 1973, 1991, 2000, 2010). Esta dinâmica demográfica, como reflexo das mudanças econômicas ocorridas ao longo das cinco décadas, gerou um intenso processo de con- centração populacional na Região Metropolitana da Grande Vitória, cujas taxas médias geométricas de crescimento anual foram sistematicamente superiores à média estadual e com diferenças marcantes. Segundo dados do IBGE e cálculos do IJSN, entre 1960 e 1970, a população da RMGV cresceu à taxa de 6,8% ao ano, contra 2,1% para o Espírito Santo. Entre 1970 e 1980, esses índices foram de 6,07% e de 2,38%, respectivamente. Nas três décadas seguintes houve substancial redução das taxas de crescimento da população metropolitana, mas ainda assim se mantiveram superiores às taxas médias estaduais. Entre 1980 e 1991 as taxas de crescimento foram, respectivamente, de 3,8% e 2,31%. No período 1991/2000 se reduziram para 2,65% e 1,96% e na última década (2000/2010) passaram a 1,61% 34 Cafeicultura & Grande Indústria e 1,27%. Estes dados revelam uma situação animadora que é o menor ritmo de crescimento populacional do estado e principalmente da Região Metropolitana, havendo uma tendência de convergência de suas taxas. De qualquer forma o crescimento da população nas últimas cinco décadas fez com que a RMGV, que abrigava 15,2% da população estadual, em 1960, passasse, em 2010, a 48,0% da população total do estado. Estamos assim diante de uma metrópole de tamanho médio que apresenta problemas urbanos e sociais de significativa complexidade. De fato, o projeto de desenvolvimento formulado nos anos 1960 de diversificação/modernização econômica sob a liderança do setor industrial foi muito bem sucedido. O PIB capixaba ao longo de cinco décadas cresceu acima do PIB brasileiro. TABELA 2 - Taxa média de crescimento do PIB, ES e BR - 1960-2009 1960/70 1970/80 1980/90 1990/00 2000/06 2002/09 Espírito Santo 8,1 11,5 2,9 3,9 5,3 3,8 Brasil 7,7 10,3 2,0 2,4 3,7 3,4 Fonte: Elaboração de Sávio Caçador a partir de dados do Ipeadata (2009b) e IJSN. A composição do PIB estadual evidencia o tamanho da transformação. O setor primário (agropecuária e pesca) respondia por 41,8% do PIB, em 1960, e, em 2009, passou a 6,8%. O setor secundário (indústria) passou de 5,3 para 29,8%. O setor terciário (comércio e serviços) passou de 52,9% para 63,5%. TABELA 3 - Espírito Santo: Composição Setorial do PIB - 1960-2009 Setores 1960 1970 1980 1990 2000 2002 2009 Agropecuária e pesca 41,8 20,8 14,7 6,0 8,8 8,2 6,8 Indústria 5,3 13,2 36,2 36,4 37,1 31,8 29,8 Comércio e serviços 52,9 66,1 49,1 57,6 54,1 60,1 63,5 Fonte: Elaboração de Sávio Caçador a partir de dados do Ipeadata e IJSN (2002 e 2009). O Espírito Santo teve, portanto, uma forte mudança estrutural. Transi- tou de uma sociedade rural/agrícola para uma sociedade urbana/industrial. O setor primário teve sua participação reduzida em função do forte crescimento industrial e dos serviços. Mas a agropecuária estadual não andou para trás, ao contrário, passou por dinâmico processo de diversifica- ção de culturas e de melhoria de produtividade. O café continua sendo sua 35ESPíRITO SANTO • Economia e Política principal atividade, pois superada a crise dos anos 1960 houve a retomada do plantio, sobretudo do café conilon, e sucederam-se safras recordes, res- pondendo, atualmente por 41% do PIB agrícola estadual. O Espírito Santo, no início dos anos 1960, era o quarto maior produtor nacional, tendo tido como safra recorde 2,3 milhões de sacas. Nos últimos anos, o Espírito Santo ascendeu ao posto de segundo maior produtor e em 2011 respondeu por 27% da produção nacional, tendo tido a maior safra de sua história, 11,5 milhões de sacas, sendo 2,7 milhões de sacas de café arábica (1 milhão de sacas de café de alta qualidade) e 8,8 milhões de sacas de conilon. Em 1965, a área ocupada com café era de aproximadamente 420 mil/ha e, em 2011, a área foi ampliada para 450 mil/ha, o que indica que a produtividade teve um aumento de 400%, tendo passado de 5,5 para 25,5 sacas por hectare. Esta evolução se deu principalmente em função do desenvolvimento, pelo Incaper, de espécies mais produtivas e da disseminação de tecnologia junto aos produtores rurais. O café no Espírito Santo sempre foi uma atividade em expansão, com a única exceção dos anos sessenta quando houve a erradicação dos cafezais e a consequente queda das safras subsequentes. Desde meados da década de 1840, quando se iniciou o plantio de café no Espírito Santo, até os dias atuais, a cafeicultura sempre se expandiu, uma vez que se constitui em uma das melhores fontes de renda para os pequenos produtores rurais.Também a tradicional pecuária estadual, leiteira e de corte, passou um processo de modernização, embora em menor escala que a cafeicultu- ra. Outras atividades foram introduzidas e desenvolvidas, como é o caso da cana de açúcar, fruticultura (abacaxi, banana, coco, goiaba, manga, maracujá, morango, uva, etc.), avicultura e silvicultura, principalmente o plantio de eucalipto. O setor industrial foi onde ocorreu a maior mudança. Foi significati- vo o crescimento da indústria extrativa (extração de rochas ornamentais, pelotização de minério de ferro e extração de petróleo e gás natural), dos serviços industriais de utilidade pública (energia elétrica e abastecimento d’água/saneamento) e da indústria da construção civil. Na indústria de transformação, tanto os segmentos tradicionais, processadores de matérias primas locais e produtores de bens de consumo, como novos segmentos 36 Cafeicultura & Grande Indústria produtores de commodities para exportação, apresentaram forte crescimen- to. O Espírito Santo se especializou, no contexto nacional, na produção e exportação de commodities, a saber: café verde, rochas ornamentais, placas e chapas de aço, minério de ferro, pellets de minério de ferro, celulose de eucalipto e, nos últimos anos, em óleo bruto de petróleo. O setor terciário (comércio e serviços) também ampliou sua parti- cipação no PIB basicamente por dois motivos. O acelerado processo de urbanização levou ao crescimento destas atividades nos meios urbanos para atendimento direto à população consumidora e também se desenvolveram os serviços ligados ao comércio exterior, tais como os serviços portuários, transportes de cargas, serviços financeiros, etc. Nos anos 1960 e 1970, o sistema de incentivos fiscais administra- do pelo Geres teve importante papel na viabilização dos investimentos industriais dos segmentos industriais tradicionais. Mas, paralelamente a isto, foram realizados os investimentos nas grandes plantas industriais com capitais oriundos do Estado brasileiro e de grupos internacionais, cabendo destacar a implantação das unidades de pelotização da Vale, em associação com empresas estrangeiras; a planta de celulose da Fíbria, controlada por grandes grupos nacionais; das unidades de pelotização da Samarco, controlada pela Vale e por um grupo estrangeiro; e da unidade de placas e chapas de aço da ArcelorMittal Brasil, controlada pelo maior grupo siderúrgico do mundo. O Sistema Fundap teve um desempenho modesto nas décadas de 1970 e 1980, pois as importações no Brasil ainda eram submetidas a rigoroso controle administrativo e a elevadas tarifas, mecanismos de proteção ado- tados com forma de garantir o mercado doméstico à produção nacional. Nos anos 70 a média de arrecadação anual do sistema foi de 20,7 milhões de dólares, valor que pouco se expandiu na década de 80 quando foi de 23,7 milhões de dólares. Nas duas últimas décadas o sistema Fundap apresentou um signi- ficativo crescimento e as importações assumiram um papel grande rele- vância no desenvolvimento estadual, com a multiplicação das atividades de comércio exterior e a construção de uma rede logística de suporte às suas operações. 37ESPíRITO SANTO • Economia e Política TABELA 4 - Espírito Santo: Arrecadação de ICMS Fundap (Importações) - 1971/2000 (US$ mil) Ano Valor Ano Valor Ano Valor 1971 1.336,8 1981 45.531,7 1991 50.938,0 1972 7.308,7 1982 33.063,5 1992 55.933,2 1973 13.737,2 1983 18.513,0 1993 59.616,3 1974 19.624,9 1984 16.766,5 1994 245.649,6 1975 9.344,2 1985 8.069,0 1995 535.280,9 1976 13.516,8 1986 8.923,2 1996 431.606,2 1977 13.773,6 1987 19.625,6 1997 658.912,9 1978 16.705,6 1988 19.899,8 1998 521.505,3 1979 41.890,9 1989 32.229,9 1999 301.755,0 1980 70.570,8 1990 34.419,5 2000 380.165,4 Média Anual 20.781,0 Média Anual 23.704,2 Média Anual 324.136,3 Fonte: Os valores do ICMS - FUNDAP, no período 1971-1993, foram extraídos Pereira (1998). Os demais dados foram calculados por Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Estado do Espírito Santo [2000?]. Na década de 1990 o valor anual médio da arrecadação do Fundap passou a 324,1 milhões de dólares, quase treze vezes maior que na década anterior. O bom desempenho no período mais recente se deu em função de mudanças na política econômica e nas relações da economia brasileira com a economia global, que possibilitaram uma significativa expansão do comércio exterior brasileiro (exportações e importações), cabendo desta- car: a partir de 1990, a abertura econômica e a liberalização comercial; de 1994 a 1999 com o Plano Real e a paridade cambial de R$ 1 por US$ 1; e nos anos mais recentes, a valorização do Real frente ao dólar em virtude da boa performance da economia brasileira numa realidade global de ex- pansão acelerada dos países emergentes e crise dos países desenvolvidos. Nestes três momentos conjunturais, as condições econômicas brasileiras foram amplamente favoráveis às importações, o que possibilitou um ex- traordinário crescimento das operações realizadas com o apoio do sistema Fundap, que financiava as empresas importadoras e viabilizou o aumento em grande escala do volume de transações através dos portos capixabas. Estima-se que o complexo de comércio exterior instalado no Espírito Santo seja constituído por 500 empresas operadoras, que empregam de forma di- reta aproximadamente 50 mil trabalhadores, sendo muitos especializados, e responda pela geração de 7% do PIB estadual. Na primeira década do século XXI, a atividade de prospecção, extra- ção e processamento de petróleo e gás natural, que foi iniciada no Espírito 38 Cafeicultura & Grande Indústria Santo em 1957 e teve a descoberta de seu primeiro campo com produção comercial em 1969, sofreu um grande impulso com novas descobertas na plataforma continental, inclusive na camada do pré-sal. Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP as reservas totais de petróleo no Brasil atingiram, em fins de 2010, um total de 28,5 bilhões de barris, sendo que as do Espírito Santo atingiram 2,7 bilhões, o equivalente a 9,5% do total e a segunda maior reserva brasileira, só superada pelo Rio de Janeiro, que responde por 82,9% das reservas com 23,6 bilhões de barris. Também em gás natural, o Espírito Santo tem uma posição de destaque, pois detém a terceira maior reserva (13% das reservas nacionais), atrás do Rio de Janeiro e do Amazonas. O Espírito Santo já se destaca também na produção de hidrocarbone- tos, ocupando a segunda posição em petróleo e em gás natural. Segundo a ANP, em fevereiro de 2012 o Rio de Janeiro produziu 74,6% do total nacional de 2,2 milhões de barris por dia, enquanto o Espírito Santo, em segundo lugar, produziu 10,8% ou 343 mil barris/dia. Em gás natural, o estado produziu 10,8 milhões de m³, o equivalente a 16,1% da produção nacional de 67,1 milhões de m³. A indústria do petróleo e gás é uma nova realidade emergente, que apresenta boas perspectivas de crescimento nas próximas décadas, consti- tuindo-se no mais importante vetor de crescimento da economia estadual. Esta mudança estrutural que passou a sociedade e a economia do Espírito Santo no curto espaço de tempo de cinco décadas, se por um lado mostrou grande dinamismo econômico, por outro foi causadora de graves problemas sociais. O acelerado crescimento e a grande movimentação de população, por meio de fluxos migratórios do interior e dos estados vizinhos para o espaço urbano, formaram rapidamente um grande centro urbano marcado por sérios problemas sociais e urbanos. A Região Metropolitana da Grande Vitória, composta pelos municípios de Cariacica, Fundão, Guarapari, Serra, Viana, Vila Velha e Vitória, teve sua população aumentada em 950% entre 1960 e 2010, pois passou de 169.647 para 1.687.704 habitantes, representando 48% da população estadualem 2010. Do meio rural e de cidades do interior capixaba veio aproximadamente um terço do contingente populacional da 39ESPíRITO SANTO • Economia e Política Grande Vitória e de outros estados brasileiros também se formaram fluxos migratórios de relevância, que se dirigiram ao estado, atraídos pela possi- bilidade de emprego nos grandes empreendimentos industriais. Assim, constituiu-se uma metrópole de porte médio num curto espaço de tempo, criando-se uma aglomeração de pessoas que deixaram as suas raízes sociais nos seus locais de origem, no interior do estado ou em outras localidades de estados vizinhos, especialmente, Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. O afastamento de suas raízes e a inserção em novas regiões de domicílio da Região da Grande Vitória levou à formação de uma nova so- ciedade sem relações estruturadas e de baixa solidariedade social. Somava-se a isto a falta de emprego para todos e as carências sociais decorrentes da falta de renda mínima para suportar as necessidades básicas de cada família. Destas condições resultaram vários problemas sociais, tais como: habitações inadequadas, condições precárias de saneamento, de transporte coletivo e de atendimento à saúde, além da educação pública com oferta insuficiente e de baixa qualidade. Instalou-se, também, um ambiente propício à violência e ao comércio e consumo de drogas de forma descontrolada e disseminada. Ao longo das décadas de 1960, 1970 e 1980, o conglomerado urbano foi se expandindo e os problemas sociais se multiplicando. Com o resta- belecimento da democracia no país, a partir de 1982, e com as eleições de governadores e de prefeitos em 1984, formou-se o ambiente propício para que, por meio do voto popular, indivíduos e redes criminosas pudessem acessar o Poder Político no Executivo e principalmente no Legislativo. A partir da ocupação estratégica destas posições, os tentáculos do crime or- ganizado foram expandidos para o Poder Judiciário, o Ministério Público e o Tribunal de Contas. Na década de 1990 até 2002 o Espírito Santo teve suas instituições públicas submetidas ao crime organizado e mergulhado nos desmandos e na corrupção. Foram anos difíceis e de muita angústia para a população. As instituições públicas foram desestruturadas e perderam eficácia em suas ações e a qualidades dos serviços públicos essenciais, de saúde, educação e segurança pública, foram deterioradas penalizando a maioria da população de baixa renda, que deles é usuária. 40 Cafeicultura & Grande Indústria As rápidas mudanças econômicas e sociais trouxeram também im- pactos negativos para o meio ambiente. Os serviços de saneamento básico (drenagem, abastecimento de água e coleta/tratamento de esgoto) não acompanharam a urbanização, áreas de risco com alta declividade e de proteção ambiental e os mangues foram ocupados com submoradias, a poluição do ar por partículas em suspensão se tornou um problema coti- diano de grandes dimensões e a coleta e disposição dos resíduos sólidos se tornaram desafios de crescente magnitude. 4. A SUPERAÇÃO DOS PROBLEMAS TRAZIDOS PELA URBANIZAÇÃO ACELERADA, O CRESCIMENTO INDUSTRIAL E O CONTROLE DO ESTADO PELO CRIME ORGANIZADO A abertura do século XXI se deu com um cenário de amplas possi- bilidades de crescimento das principais atividades econômicas estaduais, mas que, por outro lado, apresentava graves problemas sociais e precárias condições de vida de significativo contingente da população, sobretudo população localizada na periferia dos centros urbanos. Agregava-se a este cenário dual o domínio das instituições públicas pelo chamado crime organizado e por relações corrompidas entre agentes públicos e privados, que drenavam os crescentes recursos públicos para alimentar os canais da corrupção, reduzindo a capacidade do setor público de realização de investimentos em infraestrutura e de provimento à população de baixa renda de serviços públicos essenciais de qualidade, sobretudo saneamento básico, saúde, educação e segurança pública. O desânimo da população era muito grande. A autoestima do capixaba encontrava-se em baixa. Parecia impossível superar aquele estado de coisas, especialmente o domínio do aparelho de Estado pelo crime organizado. Mas, a sociedade capixaba, mais uma vez, deu mostras de sua capacidade de superar dificuldades. Apenas que, nesta conjuntura, se tratava de supe- rar problemas de natureza política e social, pois a economia desde quatro décadas anteriores vinha demonstrando capacidade continuada de cresci- 41ESPíRITO SANTO • Economia e Política mento e o cenário para a primeira década do século XXI era extremamente animador, sobretudo tendo em vista o crescimento dos países emergentes, grandes importadores de commodities, e a descoberta e exploração de petróleo e gás natural. A tarefa primeira a ser realizada era o resgate do aparelho de Estado do controle do crime organizado e a consequente adoção de critérios éticos na gestão pública. Assim, seria possível restabelecer o controle sobre as finanças públicas, resgatar a capacidade de investimento, estruturar polí- ticas sociais em favor da população de menor nível de renda, retomar os investimentos em infraestrutura e estabelecer um ambiente ético e favorável ao investimento privado. Esta superação dependia de amplo pacto social e político que unifi- casse as ações das mais diversas forças sociais, ou seja, lideranças políticas comprometidas com a ética, lideranças empresariais, lideranças religiosas, lideranças dos trabalhadores e lideranças populares. Vale dizer, era preciso uma ampla união da população estadual. Este pacto foi sendo construído gradativamente nos primeiros anos do século XXI e em 2002 foi consolidado na eleição de governador. Conquis- tado o Governo, ao longo da década foi posta em prática uma estratégia gradual e continuada de resgate dos órgãos públicos para uma gestão ética e eficaz na prestação de serviços à população. Assim, foi possível reforçar as relações de confiança da população no Governo e nos diversos órgãos públicos. Por outro lado, num processo combinado de acelerado crescimen- to econômico, a partir de volumosos investimentos públicos e privados, e de mecanismos de melhoria da distribuição de renda, como o Programa Bolsa Família, a recuperação do valor do salário mínimo e a expansão da oferta e melhoria da qualidade dos serviços públicos essenciais, foi possível reduzir os níveis de indigência e de pobreza de ampla parcela da população. Houve significativa redução das desigualdades sociais como decorrência do aumento da renda familiar em todos os segmentos sociais, sendo que entre 2003e 2009 o índice de indigência no estado se reduziu de 9,1% para 3,6% e o índice de pobreza de 29,4% para 15,0%. A capacidade de investimento do setor público é outra importante con- quista dos últimos anos. Segundo dados da Secretaria Estadual da Fazenda 42 Cafeicultura & Grande Indústria em 2003 o estado investiu R$ 108,9 milhões, o equivalente a 2,1% do seu orçamento, e em 2010 houve R$ 1.593,1 bilhão de investimento, o que representou 13,4% da receita estadual. Da mesma forma e em proporções semelhantes os municípios tiveram suas receitas e capacidades de investi- mentos ampliadas. Segundo a revista Finanças dos Municípios Capixabas (Aequus, 2004 e 2010), o investimento do conjunto dos municípios passou de R$ 274,7 milhões em 2003, equivalente a 12,9 da receita total, para R$ 1.013,5 bilhões em 2010, correspondendo a 15% da receita total. TABELA 5 - Evolução dos investimentos públicos estaduais - 2003/2011 (R$ milhão) Anos Receita estadual¹ Investimentos % 2003 5.258,7 109,9 2,1 2004 6.305,4 192,3 3,0 2005 7.810,9 434,3 5,6 2006 8.556,8 727,1 8,5 2007 10.006,0 757,8 7,6 2008 11.102,6 911,3 8,2 2009 10.888,8 1.178,0 10,8 2010 11.928,8 1.593,1
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