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Economia Capixaba - Resumo

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Economia Capixaba – Resumo - (Relações Internacionais UVV)
Há 3 momentos da economia Capixaba:
1)Voltado para a cafeicultura;
2)Industrialização retardatária. Era voltada para a exportação, mas o ES era atrasado em relação aos outros. Foi feita com capital local;
3)Diversificação econômica – vários arranjos produtivos. Descobrimento do Petróleo.
-ES pode ser considerada a economia mais globalizada do país.
Texto 1: Formação econômica do Espirito Santo: do isolamento econômico à inserção aos mercados nacional e internacional.
-O ES tinha como atividades econômicas: Farinha de mandioca, açúcar e gado (contribuiu para a ocupação socioeconômica da região); No litorâneo, se reproduziu a cultura da cana-de-açúcar que até 1853 foi a principal atividade econômica (era uma atividade rentável, mas não teve grande expressão).
-A população do ES se concentrava na faixa litorânea, não adentrava no continente.
-A mineração de MG prejudicou o processo de ocupação do ES; deixou o território capixaba isolado econômico e geograficamente, prejudicou seu processo de ocupação e povoamento – barreira verde (deixar uma área sem ocupação visando dificultar o contrabando por este território).
-A imigração e pequenas culturas: A colonização com a imigração era vista como a solução para a ocupação do território, aumentar a produção agrícola e arrecadar tributos. Haveria uma estrutura familiar de subsistência.
-Pequena produção familiar do café: A produção do café integra a região capixaba aos circuitos mercantis. (Era uma cultura familiar de subsistência, porém com o café, os excedentes você colocava no mercado. Era uma atividade voltada para a venda).
-As propriedades familiares começam a gerar renda para além do subsídio.
-Utilização dos estrangeiros como forma de recompensar a mão de obra escrava, porém era remunerado (não necessariamente com salário, poderia ser em troca de terra etc.).
(Com a colonização estrangeira, iniciou-se efetivamente um processo de ocupação sustentado por uma cultura cafeeira produzido dentro da pequena propriedade familiar. Isto possibilitou o ES a romper com seu isolamento territorial, demográfico e econômico integrando-se (ainda que fragilmente) aos circuitos mercantis da economia brasileira).
Em 1920, 22% das áreas/propriedades rurais pertenciam a estrangeiros. Isso acarretou menores índices de concentração fundiária (ou seja, menor concentração de terras cultiváveis nas mãos de poucos proprietários) no ES.
-O capital bruto do Estado ficava à mercê do produtor (não havia acúmulo de capital quando os preços do café caíam, pois se não estivesse favoráveis, o produtor não produzia).
-Com o caráter familiar e a força de trabalho não assalariada, não se formaram condições para redirecionamento dos fatores de produção para outras culturas.
Não se constituiu agricultura alternativa ao café.
-O café dificultou a diversificação da economia capixaba.
Com o café foi estabelecido uma espécie de circulo vicioso onde o baixo dinamismo dessa cultura impedia a formação de excedentes que servissem como base para a diversificação daquela estrutura. Em virtude da baixa monetização, não se construíram elementos que intensificassem a divisão do trabalho de forma a gerar novas oportunidades de investimento. 
-O esgotamento da economia baseada na produção familiar.
A dinâmica da agricultura familiar esbarraria em seus limites internos com o esgotamento dos fatores que a impulsionavam (fartura de terra e atração populacional) levando-a a uma crise que seria inevitável a despeito da crise provocada pelos preços internacionais do café e que apenas acelerou o fim do modelo vigente.
-Queda do preço do café – Política de erradicação. Uma não muito expressiva diversificação de culturas. 
-À partir da década de 1960, se criaram alternativas para superar a dependência secular do café.
-A cidade de Vitória teria papel importante na centralização das atividades econômicas do Estado, com investimentos feitos em sua urbanização e, sobretudo, em seu porto.
-Mobilização para o desenvolvimento econômico por parte das elites econômicas e políticas.
-Sistemas de incentivos fiscais e de desenvolvimento: GERES, FUNDAP E FUNRES.
-Investimento em infraestrutura.
-O principal movimento dinamizador socioeconômico foi a instalação de empresas estatais e toda uma estrutura com foco no comércio exterior.
Munis Freire:
-Investimento portuário
-Investimento em urbanização
Tinha o objetivo de concentrar o comercio de café, tanto de MG quanto do ES em Vitória, se tornando um grande centro comercial.
“Vitória, com a ampliação de serviços portuários e com os serviços de exportação e importação, iria consolidar sua posição de principal lócus comercial do Estado através de seu porto”. A cidade de Vitória incorporaria novos serviços e novas modalidades de inserção na economia nacional/internacional graças ao investimento portuário.
Vitória apresentava melhor infraestrutura que lhe assegurou a condição de melhor área de investimentos no Estado.
-Desigualdade regional: O desenvolvimento econômico não se desenvolve de maneira uniforme em todos os Estados. O processo de crescimento da economia capitalista aprofunda essa desigualdade.
-CEPAL: Vê a industrialização como caminho para a independência para as nações periféricas.
-O porto de Tubarão, a instalação de indústrias no ES. A lógica de funcionamento é dada pela base industrial.
-A crise da agricultura representou o momento da efetiva integração da economia capixaba à economia brasileira, além de maor laços com a economia internacional. 
Motivos que influenciaram o ES a integrar nas economias nacional e internacional:
1)A crise na produção do café
2)Política industrial 
3)A construção de infraestrutura atraindo iniciativas industriais
4)Transbordamento da economia brasileira (alternativas para expansão)
5)Incentivos fiscais e financeiros para atrair investimentos
6)Expansão do mercado consumidos urbano
7)O esgotamento da estrutura de produção familiar na cultura cafeeira
8)A política nacional de erradicação dos cafezais 
9)A construção de uma institucionalidade estatual que permitia a implementação de políticas de apoio à indústria.
A importância do café:
1)Organizou o mercado de trabalho (responsável pela ocupação de mão de obra)
2)Influenciou na formação da incipiente indústria estadual
3)Expandiu a fronteira agrícola (interiorização do Estado e ocupação do solo)
4)Além de o café ser o principal responsável pelo crescimento agrícola do ES (até os anos 1960), determinou a dinâmica das atividades secundárias e terciárias à medida em que sua comercialização gerava incrementos de renda tanto na pequena estrutura industrial do Estado quanto no setor de comércio e de serviços.
A erradicação dos cafezais:
1)Foi uma eliminação dos cafezais visando ajustar a oferta. 
2)Ocasionou crise social (desemprego)
3)aumentou a liquidez na economia
4)aumentou as oportunidades de investimento em outras alternativas (como a pecuária e a indústria madeireira) 
5)Desenvolvimento da economia capixaba e o inicio de uma diversificação de sua estrutura e de maior integração à economia brasileira.
Políticas de incentivos do governo federal e a internacionalização do Espírito Santo:
-SUDENE, FINDES, FUNRES, GERES, BANDES, FINOR, FINAM e posteriormente o FUNDAP
-Atração de grandes plantas industriais pelo aproveitamento das vantagens locacionais derivadas da presença do porto de Vitória e da CVRD (Companhia Vale do Rio Doce). [Essa empresa diversificou suas atividades no Estado com a construção do porto de Tubarão e a implementação de 5 usinas de petrolização de minério de ferro].
Esses investimentos aliados à implementação da Aracruz Celulose e da CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão), além de melhorias no sistema de transportes, representaram a denominação de “grandes projetos” e marcaram um redirecionamento da integração da economia capixaba aos mercados nacional e internacional.
-Foi esse conjunto de investimentos que modificou o perfil da economia do ES,a partir da ação estatal. (Isto teria sido impossível a partir dos desdobramentos da sua cafeicultura).
-No inicio do século XXI, o ES se apresenta com dinamismo econômico superior à media nacional e fortemente integrada aos mercados nacional e internacional.
-No território capixaba, encontravam-se importantes empresas da indústria extrativa, metalúrgica e de papel e celulose, todas com produção prioritariamente voltada para o mercado internacional. Em 2009, das 50 maiores empresas exportadoras do Brasil 5 delas estavam localizadas no ES.
(Samarco, Arcelor Mittal Brasil, Aracruz Celulose, Flexibrás e Vale)
-O ES ampliou sua participação no total das importações brasileiras, atraindo assim uma série de trading companies que se instalaram na Região Metropolitana da Grande Vitória aumentando sua inserção no comércio internacional.
-A integração com as economias nacionais se deu com a proximidade com os maiores mercados consumidores nacionais - SP, RJ e MG - e pela constituição do referido sistema de incentivos que permitiu o financiamento de um conjunto de pequenas e médias empresas em segmento de bens de consumo (essas empresas escoaram sua produção para o mercado nacional).
-No ES houve a constituição de uma economia integrada nacional e internacionalmente, mas com estrutura externamente heterogênea, especialmente na indústria, que coloca o estado capixaba em posição peculiar na divisão inter-regional do trabalho da economia brasileira. 
Em suma, havia empresas de grande porte para o mercado externo que se beneficiaram da logística ferro-rodo-portuária e; um conjunto de empresas de médio e pequeno porte integradas ao mercado interno. 
Texto 2: Visões compartilhadas e a coalizão de possibilidades: a antessala do processo de industrialização.
-Antes dos investimentos realizados em vitória (portuários e de infraestrutura), o escoamento do café ia para o Rio de Janeiro e pouquíssimo se dirigia à Vitória o que dificultava o incremento interno das receitas do Estado.
-O ES/Vitória não tinha condições de competir com os seus vizinhos.
Munis Freire:
-Suas frentes de ação eram: 1)Investir no melhoramento da infraestrutura do ES; 2)Estimular a imigração para aumentar a população do ES e oferecer mais braços à lavoura cafeeira (que se sentia falta desde o fim da escravidão); 3)Implementar a modernização estrutural da capital capixaba (através de políticas de aterramento, construção de estradas, melhorias do porto de Vitória, construção de uma rede de fornecimento de água encanada e canalização do esgoto).
-Em 1892, ele regulamentou as normas de serviço de imigração facilitando este processo aos estrangeiros que viessem para terras capixabas.
-Projeto de modernização de Munis Freire: O NOVO ARRABALDE.
Tratou da expansão urbana para muito além dos pequenos aterros feitos no entorno da parte central da cidade. 
Graças a Munis Freire, o ES começou a estabelecer o intercambio comercial mais intenso com as regiões vizinhas.
-As principais marcas desse governo foram dadas nas questões de infraestrutura. A ideia era construir uma malha logística – rodoviária e ferroviária – que impulsionasse a comunicação entre as diversas regiões do Estado. Essa malha de comunicação é um grande responsável pela conversão do comércio de café para Vitória tornando-a um grande centro populoso e comercial.
-A busca pela transformação levou a tentativa de formação de uma coalizão para transformas essas possibilidades em realidades concretas. Porém, o descaso do governo central quanto às necessidades capixabas era grande. A barreira do governo central atrapalhou a realização de projetos (por exemplo, a construção da estrada de ferro Vitória – MG, que foi vencida por elementos da burocracia do governo central).
No seu primeiro governo, Moniz pode aproveitar dos altos preços do café, e assim, obter recursos podendo iniciar a construção ferroviária.
O seu segundo mandato foi caracterizado pela continuidade da crise do café.
Henrique da Silva Coutinho:
-O agravamento de dívidas e desaquecimento da economia pela persistente crise do café levou Coutinho a indicar Jerônimo Monteiro para solucionar os problemas que envolviam as perdas financeiras do Estado em relação às rodovias.
-Destaca-se o legado de Moniz Freire para a economia do ES. Assim, começou a se estabelecer o intercambio comercial mais intenso com as regiões vizinhas.
-Realização de investimentos integrados em infraestrutura operacional, na reconstrução da ferrovia Vitória – MG e no porto de Vitória.
-Houve a decisão estratégica de se criar a Companhia Vale do Rio Doce no ES, essa empresa seria criada por uma necessidade do Estado desenvolvimentista brasileiro. As estratégias da CVRD redefiniram as possibilidades logísticas da economia capixaba (aprofundando as visões desenhadas por Moniz Freire).
-Também conviveu com a falta de agentes preocupados com o desenvolvimento e as necessárias mudanças estruturais no Estado.
Jerônimo Monteiro: 
-Objetivava diversificar a economia capixaba. A ideia era investir na criação de condições de desenvolvimento da indústria, que culminou com a constituição da Companhia Industrial do Espírito Santo (empresa holding que abrigava inúmeros estabelecimentos industriais).
-Tinha intenções de diversificar a agricultura de forma que houvesse vantagens ao grande fazendeiro.
-Embora os investimentos programados fossem indicados como eficientes, a ineficiência econômica impossibilitava, no longo prazo, a continuidade daquelas atividades econômicas. 
-Outro problema era que a produção industrial capixaba não era competitiva com relação aos outros Estados. A iniciativa de industrialização fracassou porque não havia lastro financeiro e mercadológico que o sustentasse a longo prazo. Não havia aqui mão de obra abundante e qualificada e os investimentos privados nunca apareceram.
-Concluiu as obras no porto de Vitória, luz elétrica e saneamento na capital (infraestrutura moderna).
João Punaro Bley:
Contexto mundial: Crise de 1929, a economia brasileira foi atingida. A crise que emergiu daí abriu oportunidade para uma diversificação de produção (não somente para o comércio exterior, mas também para o incentivo de um mercado interno). Esta crise criou condições políticas para o debate sobre a necessidade de o país passar de um estágio agrícola para um patamar urbano-industrial.
Instalação de um governo autoritário com vistas à urbanização e industrialização. Getúlio Vargas nomeia como interventor João Bley.
-Governo (Bley) se voltou para o saneamento das finanças publicas.
-Acabou com as dívidas tanto internas quanto externas do Estado e reorganizou as atividades administrativas do governo.
-O governo Bley dotou o Estado de suporte técnico-financeiro capaz de impulsionar a economia regional.
-Implementação da companhia Vale do Rio Doce (que acarretou mudanças estruturais na economia capixaba).
Jones dos Santos Neves: 
“Os galhos dos cafezais do ES já são insuficientes para suportar o peso da nossa economia”
-Preocupação em reestruturar a economia do Estado 
-Diretriz diferente com direção e sentido industrial, orientando-se para uma base mais sólida pela diversificação da economia e diminuição da dependência da produção rural.
-Planos para Siderurgia, mineração e eletrificação.
-iniciativas de diversificação industrial local: criação da Companhia Ferro e Aço de Vitória e Itabira Agroindustrial
-incentivo às indústrias: seu governo autorizava a isenção de impostos estaduais para as indústrias que se instalassem no Estado.
-Governo Jones institui o Plano de Valorização Econômico do ES, nele são estabelecidas as prioridades de investimentos públicos do ES: Aparelhamento e ampliação do porto de vitória, aumento do suprimento de energia elétrica, ampliação de vias rodoviárias, além de construção de pontes, prédios públicos e obras urbanísticas em geral na cidade de Vitória.
-Foi um Legado do governo Jones para o processo de mudança estrutural da economia, da até então existente rural primário exportadora para umacom características urbano-industrial.
-O Instituto Brasileiro do Café (IBC), visando modernizar a cafeicultura em termos de produtividade, iniciou a erradicação dos cafezais antieconômicos. Isso acarretou enorme desemprego, crise social, êxodo rural (para Vitória); e rompeu a formação socioeconômica capixaba com a cafeicultura, abrindo oportunidades para uma nova trajetória para a dinâmica produtiva, política e territorial e também para a diversificação da economia.
Texto 5: Antecedentes: Crise Agrícola e industrialização 1955/75 -Capítulo 2.
-O início da primeira fase de expansão da economia (para industrialização e urbanização) capixaba se deu em 1950, aproximadamente, devido à:
1)Implementação do Plano de Metas: Verificou-se um conjunto de projetos ligados a indústria de base e a efetivação de pesados investimentos estatais em energia elétrica e transportes. (No ES os projetos realizados não são de grandes dimensões, porém, determinaram expansão nos gêneros de metalurgia, minerais não metálicos e produtos alimentares).
2)Crise internacional do café (em 1955). (Momento mais crítico: 1962/63). Houve uma queda contínua no produto. Verificava-se crise de preços somado com a redução da capacidade produtiva gerada pela erradicação do café.
-Em decorrência da crise dos preços do café, a agricultura estadual foi afetada, visto a grande relevância que tinha o café, sendo outras atividades alternativas não rentáveis para a substituição do mesmo.
-A pecuária bovina teve boa performance e altas taxas de crescimento, porém, não se constituiu como substituta do café.
-O setor industrial apresentou grande dinamismo, embora na década de 1950, seu crescimento havia sido negativo. A expansão industrial teve grande vitalidade em razão do plano de metas, expansão de projetos viabilizados pela política de financiamento a agroindústrias instituída pelo IBC-Gerca, a política de incentivos fiscais e retomada do crescimento (1967/73) possibilitando a expansão da indústria local, principalmente gêneros madeira e produtos alimentares.
-Em suma, nessa primeira fase percebe-se que em decorrência da crise do café, foram criadas condições altamente favoráveis à industrialização, e imprimiu-se um ritmo acelerado ao processo de urbanização. 
Todas as políticas tomadas pelo Estado(principalmente a de erradicação) favoreceram a acumulação privada aos grupos econômicos locais que lideraram o processo de crescimento industrial.
Auge e crise da cafeicultura:
-Em 1940 houve alta nos preços do café, elevou-se o número de cafeeiros e a produção teve significativa expansão. Graças à isso, aproximadamente 80% dos empregos se localizavam nesse setor, 22% da renda interna estadual era gerada pelo café e também a indústria de transformação era influenciada pelo café (com a queda dos preços do café, produtos alimentares e setor industrial apresentaram uma taxa inicial negativa de crescimento).
Isso indica a dependência capixaba em relação ao café. A superprodução de café converteu o boom cafeeiro em grave crise, as produções eram superiores à capacidade de absorção do mercado consumidor e houve queda dos preços internacionais a partir de 1955.
-A queda dos preços do café afetou particularmente a economia capixaba que era fomentada na pequena produção familiar.
Em SP devia ocorrer substituição de culturas... Mas no ES o café era a única fonte de renda, e a unidade produtora podia substituir os produtos comprados no mercado por outros de sua própria produção.
-Gerca (Grupo Executivo de Recuperação econômica da Cafeicultura) tinha como objetivo reduzir as supersafras. Em 1962 foi elaborado o Plano Diretor Gerca (política nacional) promovendo a erradicação dos cafezais antieconômicos, diversificação das áreas erradicadas com outras culturas e renovação de parcelas dos cafezais.
O programa de erradicação foi implementado em 2 fases. Afetou todas as áreas produtivas do país, mas o maior número de pés erradicados foi no ES, região mais atingida por esse programa.
-A significativa indenização oferecida pelo Gerca por cova erradicada, diante da pequena produtividade e lucratividade do café, assumiu aos olhos dos cafeicultores, o papel de um negócio mais atraente e rentável do que a manutenção e colheita da planta.
Por um lado, houve elevado desemprego e crise social, reduziu-se a renda e averiguou-se empobrecimento econômico ocasionando num êxodo rural; por outro, com a indenização era possível se investir em outras áreas. Nos estados cafeeiros verificou-se ocupação das áreas libertadas por extração madeireira e a pecuária, o que agravou a crise social por essa atividade não empregar elevada força de trabalho. Ou seja, os recursos dessa política possibilitaram a expansão de atividades alternativas à cafeicultura porque tanto forneceu uma parcela do capital necessário, mas também fomentou o crescimento do mercado consumidor urbano.
-Em 1967/69, adotou-se o Programa de Diversificação Econômica das Regiões Cafeeiras, que objetivava apoiar, com financiamento favorecido, a implantação e ampliação de agroindústrias e a formação de infraestrutura criando formas para diversificar a economia.
-Em 1969, a cafeicultura nacional reduziu tanto sua atividade que as safras eram insuficientes para atender o mercado consumidor, obrigando o IBC-Gerca a utilizar seus estoques. Assim, o órgão instituiu programas de financiamento à expansão do plantio de café (década de 1970). As safras do produto não sofreram grandes alterações, mantendo-se o nível reduzido comparando-se ao período pré-erradicação.
-Sobre a extração madeireira, SP e MG se viram sufocados diante do esgotamento das reservas florestais, enquanto no ES se apresentava mais viável, visto sua posição estratégica e proximidade do mercado consumidor.
Essa atividade se constituiu em importante alternativa de emprego de força de trabalho e do ‘capital liberado’ pela erradicação. (Além disso, possibilitou o desenvolvimento da atividade de beneficiamento de madeira que teve grande repercussão no setor industrial).
OBS: Infelizmente, como não havia critérios ou fiscalização, acabou-se com a mata atlântica.
-Sobre a pecuária, como não havia grande mobilização nem grande investimento e nem grande mão de obra, era “melhor” que a extração madeireira; era onerosa e mais rentável. O crescimento dessa atividade se deu 1)por causa dos métodos arcaicos utilizados na lavoura cafeeira, que absorveu os elementos orgânicos e fertilidade natural do solo tornando-o pouco apto a novos plantios (fazendo a pecuária ser praticamente a única alternativa de substituição) e, 2)pelo crescimento do mercado consumidor urbano no ES e nos estados vizinhos. 
O IBC-Gerca inclusive forneceu estímulos financeiros para a formação de pastagens destinadas a pecuária leiteira e de corte. O Programa de Desenvolvimento da Pecuária de Corte foi implementado no início de 1970. A pecuária substituiu majoritariamente o café erradicado.
-O surgimento de outras atividades (proporcionando diversificação) também apresentou tendência de crescimento, embora não tenham assumido grande peso na economia estadual. Entre estas se destacam:
1)O milho e a mandioca ocuparam a maior parcela (depois da pecuária) da área liberada pelo café.
2)O arroz teve produtividade apresentou tendências crescentes.
3)O feijão apresentou decréscimo menos significativo.
Esses 4 produtos são itens básicos de alimentação, eram tradicionais na agricultura capixaba. Nenhum destes se tornou significativo nem foi produzido em grande escala. Eram atividades de subsistência cujo excedente era comercializado.
-A cana de açúcar manteve-se estagnada, o cacau teve um crescimento modesto e a banana teve expressiva expansão. (O café, apesar da queda de preços e a erradicação, manteve a posição de lavoura principal).
-Outras atividades surgiram na década de 1960, a horticultura, avicultura (aves: carne e ovos) e silvicultura (esse cultivo de árvores acabou se destinando à fabricação de celulose e carvão vegetal).
-O reflorestamento foi iniciado por intermédio da AracruzFlorestal S/A e da CVRD que utilizaram o incentivo fiscal baseado no imposto de renda. (Fins de 1966).
-A indústria capixaba tinha participação pouco expressiva na participação na formação de renda interna estadual.
O parque industrial capixaba, em 1949, era pouco diversificado. Os 4 principais gêneros eram o de produtos alimentares, madeira, têxtil e minérios não metálicos.
Essa estrutura industrial foi atingida com a crise do café. 
-Cofavi (Companhia Ferro e Aço de Vitória) 1963 e Itabira Agroindustrial S/A (fábrica de cimento) 1960. Ambas ligadas à bens intermediários, uma das prioridades do plano de metas. Expansão do gênero de metalurgia.
-Gênero de madeira: segundo mais importante em produção e primeiro em geração do emprego (1970).
-Produtos alimentares: primeiro lugar em produção (café). Cereais, açúcar e abate de animais e laticínios também são destacados em seus subgêneros.
-Bebidas, têxtil (sua produção não se destinava apenas ao mercado local como as demais), mobiliário, vestuário e calçados. (material de transporte e química também começavam a surgir no ES, [com reparo de máquinas ferroviárias e navais e produção de rações e fertilizantes]).
-A indústria de transformação do ES apresentou uma grande vitalidade na década de 1960. 
-Porém, a diversificação industrial foi pouco relevante. Verificou-se a expansão de gêneros tradicionais e o surgimento de novos gêneros, que não chegaram a assumir papel de destaque durante a década de 1960.
-Esse dinamismo da indústria capixaba na década de 1960 esteve associado à:
1)Implementação da política desenvolvimentista do plano de metas 
(Lembrete: Dá-se o nome de desenvolvimentismo a qualquer tipo de política econômica baseada na meta de crescimento da produção industrial e da infraestrutura, com participação ativa do estado, como base da economia e o consequente aumento do consumo).
2)Decadência da cafeicultura tornando a atividade pouco atrativa e abrindo espaço para expansão de atividades alternativas
3)Acelerada expansão de mercados consumidores urbanos no ES e estados vizinhos ocasionando aumento da demanda de bens industriais produzidos pela indústria local. (Industrialização com capital local).
-Apoio financeiro do IBC-Gerca a agroindústrias com a criação da Companhia de Desenvolvimento do ES (Codes) que influenciou na formação de capitais capaz de viabilizar investimentos industriais. [os gêneros mais beneficiados com a Codes foram produtos alimentares, madeira e mobiliário; o reflorestamento também recebeu uma pequena porcentagem, embora não se tratasse de empreendimento industrial].
-A partir de 1970, com o Bandes e Gerca/Funres, o setor industrial passou a contar com o apoio do sistema de incentivos fiscais criados pelo DL-880 e pela lei 2.469, que aportava recursos sob a forma de participação societária e financiamento.
-A indústria de transformação teve elevada taxa de crescimento.
-Ao lado da extraordinária expansão industrial, verificou-se também enorme volume de investimentos em infraestrutura. O governo federal e estadual fizeram investimentos visando afastar os entraves ao crescimento industriais representados pela precariedade do sistema de transportes, de abastecimento energético e de comunicações.
-Com o plano de metas, foram construídas 2 usinas importantes de geração de energia elétrica. (Rio Bonito e Usina de Suíça).
-A Escelsa foi federalizada, ela viabilizou a construção da Usina Hidrelétrica de Mascarenhas.
-A construção dessas unidades proporcionou ao ES autossuficiência até meados da década de 1970.
-Em 1950, havia precariedade de rodovias, que não eram pavimentadas, e de ferrovias. O ES estava isolado das demais regiões do país. Houve um grande crescimento de rodovias federais pavimentadas acompanhadas por expansões de rodovias estaduais.(IBC-Gerca alocou recursos para infraestrutura).
Assim, o ES se integrou com as demais regiões, inclusive os grandes centros econômicos como SP e RJ.
O que foi decisivo para esse desenvolvimento econômico capixaba foras as rodovias federais BR-101, BR-262 e BR-259.
Portanto, todas as regiões do Estado passaram a dispor de vias de transporte dando acesso fácil à infraestrutura portuária de Vitória.
-O porto de Tubarão entrou em operação em abril de 1966, representou grande avanço para a infraestrutura portuária aumentando a capacidade de movimentação de cargas.
-Em 1970, o ES era qualificado para receber investimentos produtivos, sua posição geográfica estratégica e infraestrutura portuária, de transportes e abastecimento de energia incluindo o mercado consumidor urbano e o parque industrial concentrados na Grande Vitória deu a essa região destaque em termos de atração de novos investimentos.
Texto 6: Expansão recente: desenvolvimento econômico e hegemônico do grande capital – 1975/85 – Capítulo 3.
-Nos anos de 1970, houve a segunda fase de desenvolvimento da economia capixaba. Nesta fase, exacerbou-se o processo de diversificação econômica e modernização capitalista (com o desenvolvimento de atividades não tradicionais). O grande capital predominou nesse processo.
*Lembrando que a hegemonia do grande capital não elimina a participação do capital local.
-No setor agrícola: crescimento econômico e modernização (uso de novas técnicas de cultivo e insumos industriais modernos)
-No setor industrial: Passou por intenso processo de diversificação.
-No setor terciário: Ocupou o espaço criado pela expansão industrial e pela rápida urbanização.
-Em 1965 foi criada o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), principal instrumento do capitalismo brasileiro na modernização conservadora do campo. Sua função era dar acesso aos insumos agrícolas modernos (tratores, máquinas, herbicidas e adubos).
-À partir de 1970 com o Plano de Emergência e o Plano de Renovação e Revigoramento do Cafezais, a diretriz básica foi a expansão do plantio de café em áreas ecologicamente favoráveis seguindo uma rigorosa orientação técnica que visava obter melhor produtividade.
-A partir de 1975, houve aumento dos preços internacionais do café. Isso serviu de estímulo a novos plantios. A ampliação da capacidade produtiva do café foi de 80% (1975 a 1980), reconduzindo a cafeicultura ao papel já desempenhado anteriormente no setor agrícola, tanto em geração de emprego quanto de renda.
A modernização (insumos modernos e técnicas de produção no cultivo) resultou em maior produtividade e qualidade do produto.
-A silvicultura ou reflorestamento apresentou expansão na década de 1970. Incentivos fiscais foram direcionados a esta área.
-As 2 maiores empresas de reflorestamento: Aracruz Florestal S/A e Florestas Rio Doce S/A.
-As lavouras tradicionais podem ser divididas em:
1)Produtos alimentícios básicos: Arroz, feijão, milho e mandioca. (Esses tiveram sua área colhida e volume de produção afetado (reduzidas) pela expansão do café, da silvicultura e da cana de açúcar que ocupavam áreas crescentes de terra).
2)Composto de 3 produtos: Banana, cacau e cana de açúcar. Estes ao contrário das anteriores são destinadas não a subsistência, mas aos mercados consumidores em geral e ao processamento industrial.
(Cana de açúcar: aumento da produtividade auxiliada pelo Programa Nacional do Álcool (Proálcool) que implementou várias usinas de álcool no ES).
3)Avicultura e hortifloricultura.
-A pecuária bovina tece certa redução em virtude da redução do rebanho e da redução das áreas de pastagem.
4) Nos últimos anos, surgiram culturas não tradicionais viabilizadas através de benefícios fiscais e creditícios: Pimenta do reino (Geres), seringueira (Programa da Borracha) e suinocultura (Geres e Banco Nacional de Crédito Cooperativo S/A).
-A agricultura estadual passou por um vigoroso processo de transformação estrutural e modernização capitalista. Isso foi possível graças ao amplo sistema de crédito e de incentivos fiscais.
-Há 4 aspectos caracterizadores dessas transformações na agricultura estadual:
1)A agricultura se tornou uma atividade mais capitalizada
2)Crescimento do número de tratores, projetosde irrigação, eletrificação rural e consumo de fertilizantes.
3)Expansão de atividades que eram realizadas em larga escala e exigiam grandes áreas de terra.
4)Alterações das relações de trabalho. (O trabalho familiar se reduziu e o assalariado apresentou crescimento).
-Indústria de transformação: Taxas de crescimento elevadas, aumento de geração de renda e emprego estadual. Pequena diversificação industrial. A indústria capixaba manteve sua estrutura baseada em pequenos e médios estabelecimentos que era compatível com o nível de concentração e de acumulação do capital local.
-Metalurgia recebeu investimentos estatais com a construção da nova planta industrial da Companhia Ferro e Aço de Vitória (Cofavi)
-A partir de 1975 apesar da diminuição de ritmo, o índice de crescimento da produção industrial manteve-se elevado. Isso foi acompanhado com os crescimentos do investimento privado e estatal (cujas decisões foram tomadas no período do milagre econômico quando o Estado propôs o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND)).
-O grande capital privado (nacional e estrangeiro) no período do milagre econômico decidiu implantar vários projetos industriais no Estado. Todo esse processo foi ajudado pela política do Governo Estadual para o ES.
Assim, abriu a possibilidade de expansão de gêneros não tradicionais do setor industrial, e portanto, da maior diversificação da estrutura de transformação.
-Entre 1975 e 1980 a indústria de transformação cresceu, o gênero que mais apresentou variação foi de papel e papelão (tornando-se o segundo mais importante perdendo apenas para o de produtos alimentares). Isso se deve à implementação da Aracruz Celulose S/A que entrou em operação em 1979.
-O gênero de produtos alimentares manteve um bom desempenho; metalurgia e minerais não metálicos eram importantes em valor da produção. O gênero de madeira estava em decadência (em virtude da devastação das florestas naturais do norte do ES e sul da Bahia). Material e transporte, vestuário, calçados e artefatos, tecidos também apresentaram crescimento.
-O maior nível de diversificação da estrutura industrial foi dos gêneros mecânica, química e bebidas.
-Em suma, a partir de 1975 o setor industrial passou a ser comandado por capitais externos, desencadeando processo crescente de diversificação da estrutura industrial.
-No início de 1980, a metalurgia deve ter superado os produtos alimentares. [Cofavi e CS (produção independente de ferro e gusa), Cimental e Companhia Brasileira de Ferro e Companhia Metalurgica Vetorial].
-A indústria de extração mineral passou a ter expressiva participação no setor industrial do ES devido a implantação de mais 5 usinas de pelotização (processo de compressão ou moldagem de um dado material na forma de um pellet).
-Em 1980, produção da indústria extrativa: principal atividade industrial do Estado suplantando até mesmo gêneros de produtos alimentares.
Texto 7: Crescimento econômico, urbanização e dinamização do setor terciário. Capítulo 4.
-A dinamização do setor terciário resulta da expansão dos setores primário e secundário e, de outro lado, do próprio processo de urbanização. Esse setor envolve múltiplas atividades e especificidades.
-No ES só a partir de 1960 que o setor terciário começa a assumir um papel mais relevante (pois até então a economia era predominantemente agrícola).
-Crise da cafeicultura e esforço da industrialização.
A economia capixaba iniciou uma fase de transição de uma economia agroexportadora para uma economia de base predominantemente urbano-industrial.
-Migração rural-urbana: Pequena estrutura familiar, a produção não cresce junto com a família e por vezes era necessário ‘expulsar’ algumas pessoas para o meio urbano (boia fria); e a crise dos preços do café e a política de erradicação causando desemprego.
-A transformação tecnológica industrial do campo teve efeitos positivos sobre a economia, como o aumento da produtividade, diversificação das atividades e ampliação do mercado de insumos agrícolas; e efeitos negativos como a redução do nível de emprego (decorrente do avanço tecnológico que demandava menos atividade braçal), e o surgimento do boia fria.
-Na década de 1960, o crescimento de emprego foi concentrado nos setores industrial e secundário.
(O setor secundário não teve capacidade de absorver a totalidade de trabalhadores que migraram para a área urbana).
-O papel de geração de empregos coube ao setor terciário (66,2% em 1970). Isso foi possível graças ao surgimento e expansão de atividades urbanas do setor terciário, sobretudo nos segmentos de comércio e prestação de serviços. (demanda para o comércio, serviços pessoais, atividades financeiras, serviços públicos, serviços portuários etc.).
-O grande capital se colocou numa posição frontal de concorrência e absorção dos grupos locais (supermercados, lojas de departamento, sistema bancário, hotelaria etc.) 
-A atividade econômica e a urbanização vem se concentrando cada vez mais na região da Grande Vitória.

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