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Semio- Geral (Resumo)

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PRINCÍPIOS E BASESPARA A PRÁTICAMÉDICA
Arte clínica é levar para cada paciente a ciência médica.Esse é o objetivo de uma medicina de 
excelência. 
Medicina é o desenvolvimento de um método de diagnóstico e prognóstico de situações ligadas ao 
processo saúde e doença para que seja possível intervir depois.
A bioética possui 4 princípios: beneficência, não maleficência, justiça e autonomia. 
A medicina de excelência só é possível se oexame clínico for excelente.
MÉTODO CLÍNICO
► EXAME CLÍNICO
O exame clínico é parte fundamental do tripé no qual se apoia a medicina moderna. Os outros 2 
componentes deste tripé são os exames laboratoriais e os equipamentos mecânicos ou eletrônicos. Estes 
2 componentes dependem dos dados clínicos para se transformarem em informações aplicáveis no 
tratamento do paciente.
O método clínico é o único que permite uma visão humana dos problemas do pacientes. Suas principais 
características são flexibilidade e grande abrangência, tais características são fatores que costumam limitar 
o valor dos outros métodos. Por meio do método clínico é possível atribuir importância a fatores 
imponderáveis ou não mensuráveis, sempre presentes nas decisões diagnósticas e terapêuticas. Somente o 
método clínico com sua flexibilidade e abrangência consegue encontrar as chaves que personalizam cada 
diagnóstico realizado. Isso ocorre porque “as doenças podem ser semelhantes, mas os pacientes nunca serão 
exatamente iguais”. 
● COMPONENTES DO EXAME CLÍNICO
O exame clínico engloba a anamnese e o exame físico, os quais compreendem partes que se completam 
reciprocamente. 
Os elementos presentes na anamnese são:
- Identificação
- Queixa principal
- História da doença atual
- Interrogatório sintomatológico
-Antecedentes pessoais e familiares
- Hábitos de vida
- Condições socioeconômicas e culturais
O exame físico pode ser subdividido em:
- Exame físico geral
-Exame dos órgãos ou sistemas
● DIVISÃO DA SUPERFÍCIE CORPORAL
A superfície do corpo humano pode ser 
dividida da seguinte maneira:
I. Regiões da cabeça:
1. Frontal
2. Parietal
3. Occipital
4. Temporal
5. Infratemporal
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II. Regiões da face:
6. Nasal
7. Bucal
8. Mentual
9. Orbital
10. Infraorbital
11. Da bochecha
12. Zigomática
13. Parotideomassetérica
III. Regiões cervicais:
14. Cervical anterior
15. Esternocleidomastóidea
16. Cervical lateral
17. Cervical posterior
IV. Regiões torácicas:
18. Infraclavicular
19. Mamária
20. Axilar
21. Esternal
V. Regiões do abdome
22. Hipocôndrio
23. Epigástrio
24. Lateral (flanco)
25. Umbilical
26. Inguinal (fossa ilíaca)
27. Púbica ou hipogástrico
VI. Regiões dorsais
28. Vertebral
29. Sacral
30. Escapular
31. Infraescapular
32. Lombar
33. Supraescapular
34. Interescapulovertebral
VII. Região perineal
35. Anal
36. Urogenital
VIII. Regiões do membro 
superior
37. Deltóidea
38. Braquial anterior
39. Braquial posterior
40. Cubital anterior
41. Cubital posterior
42. Antebraquial anterior
43. Antebraquial posterior
44. Dorso da mão
45. Palma da mão
IX. Regiões do membro 
inferior
46. Glútea
47. Femoral anterior
48. Femoral posterior
49. Genicular anterior 
50. Genicular posterior
51. Crural anterior
52. Crural posterior
53. Calcânea
54. Dorso do pé
55. Planta do pé
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ANAMNESE
Anamnese é a parte mais importante da medicina. 
Objetivos da anamnese:
- Conhecer, por meio da identificação, os determinantes epidemiológicos do paciente que influenciam seu 
processo saúde-doença. 
- Fazer a história clínica, registrando, detalhada e cronologicamente, o problema atual de saúde do paciente. 
- Avaliar, de maneira detalhada, os sintomas de cada sistema corporal.
- Registrar e desenvolver práticas de promoção da saúde.
- Avaliar o estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo os fatorespessoais, familiares e 
ambientais que influenciam seu processo saúde-doença.
- Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem como suas condições socioeconômicase culturais.
A história clínica é resultado de uma conversa com objetivo explícito. 
► ELEMENTOS COMPONENTES DA ANAMNESE
● IDENTIFICAÇÃO
A identificação é o perfil sociodemográfico do paciente que permite interpretação de dados individuais e 
coletivos. 
A data da anamnese é importante e, quando as condições clínicas modificam-se com rapidez, convém 
acrescentar a hora. 
É obrigatório conter:
- Nome
- Idade
- Sexo/ Gênero
- Cor/etnia: Como no Brasil há grande mistura de etnias, prefere-se registrar a cor da pessoa. 
- Estado civil
- Profissão
- Local de trabalho: Não basta registrar a ocupação atual. Faz-se necessário indagar sobre outras atividades 
exercidas em épocas anteriores. Por conta disso, nos prontuários a profissão e local de trabalho vão na 
identificação, já ocupação atual e ocupações anteriores nos hábitos de vida. 
Em certas ocasiões, existe uma relação direta entreo trabalho do indivíduo e a doença que lhe acometeu.
Enquadram-se nessa categoria as chamadas doenças profissionaise os acidentes de trabalho.
- Naturalidade: Local de nascimento
- Procedência: Geralmente refere-se à residência anterior do paciente. 
- Residência: É a residência atual.
- Nome da mãe: Serve mais para diferenciar pacientes homônimos. 
- Nome do responsável, cuidador e/ou acompanhante
- Religião
● QUEIXA PRINCIPAL
É uma afirmação breve e espontânea, geralmente um sinalou um sintoma. 
● HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL
É um registro cronológicoe detalhado do motivo que levou o paciente a procurarassistência médica, desde o 
seu início até a data atual.
É a parte principal da anamnese. 
Determinar sintoma-guia (mais antigo/ mais salientado/ “queixa principal”) → Época de início do sintoma→ 
Investigar a maneira como evoluiu o sintoma. 
A análise do sintoma-guia e dos outros sintomas terminacom a obtenção de informações sobre como eles 
estão no presentemomento.
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A meta almejada é obter uma história que tenha início, meio e fim. Deve-se fazer uma história que tenha o 
sintoma-guia como espinha dorsal, enquanto os outros sintomas se articulam com ele para formar um 
conjunto compreensível e lógico. 
Esquema Para Análise De Um Sintoma
- Início
Deve ser caracterizdo com relação à época de aparecimento
Se foi de ínicio súbito ou gradativo
Se teve fator desencadeante ou não
“Quando surgiu?” / “Como ela começou”
- Características do sintomas
Definir localização, duração, intensidade, frequência, tipo, ou seja, características próprias a depender do 
sintoma.
- Fatores de melhora ou piora
Definir quais fatores melhoram ou pioram o sintoma, como, por exemplo, fatores ambientais, posição, 
atividade física ou repouso, alimentos ou uso de medicamentos.
- Relação com outras queixas
Registrar se existe alguma manifestação ou queixa que acompanha o sintoma, geralmente relacionado com o 
segmento anatômico ou funcional acomentido pelo sintoma. 
- Evolução
Registrar o comportamento do sintoma ao longo do tempo, relatando modificações das características e 
influência de tratamentos efetuados.
- Situação atual
Registrar como o sintoma está no momento da anamnese. 
● INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO
Também chamado de interrogatório de sistemas. É um complemento da história atual. 
Documenta a existência ou ausência de sintomas comuns relacionados com cada um dos principais sistemas 
corporais. 
A principal utilidade prática do interrogatório sintomatológicoreside no fato de permitir ao médico levantar 
possibilidadese reconhecer enfermidades que não guardam relaçãocom o quadro sintomatológico registrado 
na HDA.
Deve-se avaliar o passado e o presente. 
Toda queixa deve ser objeto de investigação. 
O esquema a ser seguido é:
• Sintomas gerais
Febre: Sensação de aumento da temperatura corporal acompanhadaou não de outros sintomas (cefaleia, 
calafrios, sedeetc.).
Astenia: Sensação de fraqueza.
Alterações do peso: Especificarperda ou ganho de peso, quantosquilos, intervalo de tempo e motivo (dieta, 
estresse, outrosfatores).
Sudorese. Eliminação abundante de suor. Generalizada oupredominante nas mãos e pés.
Calafrios: Sensação momentânea de frio com ereção de pelos earrepiamento da pele. Relação com febre.
Cãibras: Contrações involuntárias de um músculo ou grupomuscular.
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• Pele e fâneros
Alterações da pele: Cor, textura, umidade, temperatura, sensibilidade,prurido, lesões.
Alterações dos fâneros. Queda de cabelos, pelos faciais em mulheres,alterações nas unhas.
Promoção da saúde. Exposição solar (hora do dia, uso de protetorsolar); cuidados com pele e cabelos 
(bronzeamento artificial,tinturas).
• Cabeça e pescoço
CRÂNIO, FACE E PESCOÇO
Dor: Localizar o mais corretamente possível a sensação dolorosa. A partir daí, indagasse sobre as outras 
característicassemiológicas da dor.
Alterações do pescoço. Dor, tumorações, alterações dos movimentos, pulsações anormais. 
• Tórax
OLHOS
Diminuição ou perda da visão. Uni ou bilateral, súbita ou gradual, relação com a intensidade da 
iluminação, visãonoturna, correção (parcial ou total) com óculos ou lentes de contato.
OUVIDOS
Sensação de estar girando em torno dos objetos(vertigem subjetiva) ou os objetos girando em tomo de si
(vertigem objetiva).
Dor ocular e cefaleia. Bem localizada pelo paciente ou de localização imprecisa no globo ocular.
Sensação de corpo estranho. Sensação desagradável quase sempre acompanhada de dor.
Prurido. Sensação de coceira.
Queimação ou ardência. Acompanhando ou não a sensação dolorosa.
Lacrimejamento. Eliminação de lágrimas, independentemente do choro.
Sensação de olho seco. Sensação de secura, como se o olho não tivesse lágrimas.
Xantopsia, iantopsia e cloropsia. Visão amarelada, violeta e verde, respectivamente.
Diplopia. Visão dupla, constante ou intermitente.
Fotofobia. Hipersensibilidade à luz.
Nistagmo. Movimentos repetitivos rítmicos dos olhos, tipo de nistagmo.
Escotomas. Manchas ou pontos escuros no campo visual, descritos como manchas, moscas que voam diante 
dos olhos oupontos luminosos.
Secreção. Líquido purulento que recobre as estruturas externas do olho.
Vermelhidão. Presença de congestão de vasos na esclerótica.
Alucinações visuais. Sensação de luz, cores ou reproduções de objetos.
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• Abdome
• Sistema geniturinário
• Sistema hemolinfopoético
• Sistema endócrino
• Coluna vertebral, ossos, articulações e extremidades
• Músculos
• Artérias, veias, linfáticos e microcirculação
• Sistema nervoso
• Exame psíquico e avaliação das condições emocionais.
● ANTECEDENTES PESSOAIS E FAMILIARES
└ ANTECEDENTES PESSOAIS
Considera-seavaliação do estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo fatores pessoais e 
familiares queinfluenciam seu processo saúdedoença.
Às vezes, uma hipótese diagnóstica leva o examinador a uma indagação mais minuciosa de algum aspecto 
da vidapregressa.
Antecedentes pessoais fisiológicos
A avaliação dos antecedentes pessoais fisiológicos inclui os seguintes itens: gestação e nascimento, 
desenvolvimento psicomotor e neural e desenvolvimento sexual.
Antecedentes pessoais patológicos
Doenças sofridas pelo paciente, alergia, cirurgias, traumatismo, transfusões sanguíneas, história obstétrica, 
paternidade (número de filhos), imunizações. Medicamentos em uso.
└ ANTECEDENTES FAMILIARES
Os antecedentes começam com a menção ao estado de saúde (quando vivos) dos pais e irmãos do paciente. 
Se for casado,inclusiveo cônjuge e, se tiver filhos, estes são referidos. Não se esquecer dos avós, tios e 
primos paternos e maternos dopaciente. Se tiver algum doente na família, esclarecer a natureza da 
enfermidade.
Em caso de falecimento, indagar a causa do óbito e a idade em que ocorreu.
Quando o paciente é portador de uma doença de caráter hereditário (hemofilia, anemia falciforme, rins 
policísticos,erros metabólicos), torna-seimprescindível um levantamento genealógico mais rigoroso e, nesse 
caso, recorre-se àstécnicas de investigação genética.
● HÁBITOS DE VIDA
◗Alimentação
No exame físico, serão estudados os parâmetros para avaliar o estado de nutrição do paciente; todavia, os 
primeiros dadosa serem obtidos são os hábitos alimentares do doente.
Toma-secomo referência o que seria a alimentação adequada para aquela pessoa em função da idade, do 
sexo e dotrabalho desempenhado.
Induz-seo paciente a discriminar sua alimentação habitual, especificando, tanto quanto possível, o tipo e a 
quantidadedos alimentos ingeridos – é o que se chama anamnese alimentar.
Deve-se fazer uma avaliação quantitativa e qualitativa. 
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◗ Ocupações atual e anteriores
Obter informaçõessobre a natureza do trabalho desempenhado, com que substânciasentra em contato, quais 
as características do meioambiente e qual o grau de ajustamento ao trabalho.
Os dados relacionados com este item costumam ser chamados história ocupacional. 
◗ Atividades físicas
◗ Hábitos.
Consumo de tabaco: Importante perguntar o quê a pessoa fuma,quantidade, frequência, duração do vício; 
abstinência (se já tentou parar de fumar).
Consumo de bebida alcoólica: perguntar sobre o tipo de bebida e a quantidadehabitualmente ingerida, 
frequência, duração do vício; abstinência (se já tentou parar de beber).
CAGE → C = Cut down: necessidade de diminuir o consumo de bebida alcoólica
A = Annoyed: sentir-se incomodado por críticas à bebida
G = Guilty: sensação de culpa ao beber
E = Eye-opener: necessidade de beber no início da manhã para “abrir os olhos”, ou seja, para sentir-se em condições 
de trabalhar
Uso de anabolizantes e anfetaminas
Uso de drogas ilícitas
● CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS E CULTURAIS
As condições socioeconômicas e culturais avaliam a situação financeira, vínculos afetivos familiares, 
filiação religiosa ecrenças espirituais do paciente, bem como condições de moradia e grau de escolaridade.
DOR
A dor é nosso mecanismo básico de defesa. Em primeirolugar, porque surge antes que ocorra uma lesão 
grave, comoquando se percebe um calor excessivo. Segundo, porque a dor serve como base parase aprender 
a evitar objetos ou situações com os quais ou nasquais uma lesão possa ocorrer posteriormente.Em 
terceirolugar, a dor causada por lesões de articulações, infecções abdominais,além de outras doenças, impõe 
limites na atividade ouprovoca a inatividade e o repouso, essenciais para a recuperaçãonatural do organismo 
doente. Mas há aquelas dores que não possuem nenhum propósito. 
O oposto à dor, ou seja, a falta de sensibilidade dolorosaque também pode ocorrer, é um fator limitante de 
sobrevida.
► ANATOMIA DA DOR
● TRANSDUÇÃO
É o mecanismo de ativação dos nociceptores, 
fenômeno queocorre pela transformação de um estímulo nóxico - mecânico,térmico ou químico - em 
potencial de ação. 
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Os nociceptores nada mais são do que terminações nervosaslivres de fibras mielínicas finas (A-delta ou III) 
sensíveisaos estímulos mecânicos e/ ou térmicos nóxicos, ou amielínicas(C ou IV), sensíveis aosestímulos 
citados e aos químicos(nociceptores C polimodais).
No ser humano, a estimulação isoladade fibras A-delta cutâneas produz dor em pontada, a defibras C 
cutâneas, dor em queimação, e a de fibras A-delta e Cmusculares, dolorimento (aching pain) ou cãibra.
● TRANSMISSÃO
É o conjunto de vias e mecanismos que possibilita que oimpulso nervoso, gerado ao nível dos 
nociceptores,seja conduzidopara estruturas do sistema nervoso central comprometidascom o reconhecimento 
da dor. 
As fibras nociceptivas (A-delta e C), oriundas da periferia,constituem os prolongamentos periféricos dos 
neurôniospseudounipolares situados nos gânglios espinais e de algunsnervos cranianos (trigêmeo, 
principalmente, facial, glossofaríngeoe vago).
As fibras nociceptivas (Adelta e C), oriundas da periferia, constituem os prolongamentos periféricos dos neurônios 
pseudounipolaressituados nos gânglios espinais e de alguns nervos cranianos (trigêmeo, principalmente, facial,
glossofaríngeo e vago). Aquelas provenientes de estruturas somáticas cursam 
por nervos sensoriais ou mistos e apresentam uma distribuição dermatomérica. 
Já as provenientes das vísceras cursam por nervos autônomos simpáticos e parassimpáticos.
Os prolongamentos centrais dos neurônios pseudounipolaresadentram a medula espinal (ou o tronco 
cerebral) sobretudopela raiz dorsal (porção ventrolateral), mas tambémpela raiz ventral, na qual se 
bifurcam em ramos ascendente edescendente, constituindo o trato dorsolateral ou de Lissauer.
Tais ramos fazem sinapse com neurônios do corno dorsal. 
Dos neurônios do corno dorsal originam-se as vias nociceptivas,que podem ser divididas em dois grupos 
principais:
- Vias do grupo lateral: quase totalmente cruzadas e representadas pelos tratos neoespinotalâmico( 
espinotalâmico lateral), de longe o maisconhecido, neotrigeminotalâmico, espinocervicotalâmicoe 
sistema pós-sináptico da coluna dorsal, terminam, predominantemente,nos núcleos talâmicos 
ventrocaudaleporção posterior do núcleo ventromedial, de ondepartem as radiações talâmicas para o 
córtex somestésico, orbitofrontal e insular. 
- Vias do grupo medial:parcialmentecruzadas, incluem os tratos paleoespinotalâmico, 
paleotrigeminotalâmico, espinorreticular e espinomesencefálicoe sistema ascendente multissináptico 
proprioespinal.Essas vias podem terminar direta ou indiretamente no tálamo medial,após sinapse na 
formação reticular do tronco cerebral ena substância cinzenta periaquedutal, de onde partem asvias 
reticulotalâmicas (emitem colaterais para o sistema límbico e para a substância cinzenta 
periventricular). Dotálamo medial partem radiações difusas para todo o córtex cerebral.
Independentemente de sua origem (somática ou visceral),as fibras nociceptivas parecem trafegar no sistema 
nervosocentral pelas mesmas vias, cursando, em sua maioria,pelo quadrante anterolateral da medula espinal. 
Tem uma via exclusiva para a condução da dor visceral, localizada na porção mais anterior e medial do 
funículo posterior. 
Os nervos viscerais são extremamente ramificados (um mesmo nervo participa da inervação de diversas 
vísceras). Os aferentes nociceptivos viscerais e somáticos são com certa frequência bilaterais e não 
unilaterais. Há um número relativamente pequeno de aferentes viscerais (apenas 10% das fibras da raiz 
dorsal), além disso, é proporcionalmente elevado o número de fibras C (condução lenta) nos nervos 
viscerais (1 fibra A para 10 fibras C; na raiz dorsal, tal proporção é de 1 para 2), somado a isso há a chegada 
dos aferentes de uma mesma víscera em múltiplos segmentos medulares, estas características justificam a 
baixa precisão da dor visceral tanto em termos de localização como de qualificação. 
● MODULAÇÃO
Além de vias e centros responsáveis pela transmissão da dor, há também os responsáveis por sua supressão. 
As vias modulatórias são ativada pelas nociceptivas. 
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As fibras amielínicas (C) e mielínicas finas (A-delta) conduzem sensibilidade termoalgésica, enquanto as 
fibras mielínicas grossas (A-alfa e A-beta) conduzem as demais formas de sensibilidade (tato, pressão, 
posição, vibração).
Na teoria do portão ou das comportas da dor a ativação das fibras mielínicas grossas excita 
interneurônios inibitórios da substância gelatinosa de Rolando (lâmina II) para os aferentes nociceptivos, 
impedindo a passagem dos impulsos dolorosos, ou seja, haveria um fechamento da comporta. Ao passo que 
a ativação das fibras amielínicas e mielínicas finas inibiria tais interneurônios inibitórios, tornando possível 
a passagem dos impulsos nociceptivos (abertura da comporta). 
Além deste sistema de modulação de dor, há outro, em que a estimulação da substância cinzenta 
periaquedutal (PAG) e da substância cinzenta periventricular (PVG)produz elevada analgesia 
acompanhada de aumento da concentração de opioides endógenos no liquor. O mecanismo é o seguinte:
PAG+PVG → bulbo rostroventral e tegmento pontinho dorsolateral → vias descendentes inibitórias para os 
neurônios nociceptivos do corno dorsal. Essas vias cursam bilateralmente pelos funículos dorsolaterais da 
medula espinal e utilizam como neurotransmissor, respectivamente, a serotonina (via rafe-espinal, 
proveniente do bulbo) e a norepinefrina (via reticuloespinal, oriunda da ponte).
Outras estruturas também estão envolvidas na modulação da dor, como : córtex somestésico, córtex motor, 
cápsula interna, tálamo ventrocaudal, funículo posterior da medula espinal e lemnisco medial. Por isso há o 
circuito modulatório prosencéfalo-mesencefálico.
Pode-seconcluir que a dor pode ser provocada tanto pela ativação das vias nociceptivas como pela lesão das 
vias modulatórias (supressoras). 
● ASPECTOS AFETIVO-MOTIVACIONAL E COGNITIVO-AVALIATIVO DA DOR
A resposta que uma pessoa tem diante a um estímulo álgico depende do aprendizado e memorização de 
experiências prévias, do grau de atenção ou distração, do estado emocional e do processamento e integração 
das diversas informações sensoriais e cognitivas. 
└ ASPECTO AFETIVO-MOTIVACIONAL
As vias nociceptivas do grupo medial não são somatotopicamente organizadas, por essa razão não 
contribuem para o aspecto sensorial-discriminativo da dor. Por outro lado estão conectadas com estruturas 
comprometidas com a regulação das emoções e do comportamento, incluindo a dimensão afetiva 
(experiência desagradável, ruim, amedrontadora) e motivacional (ação causada pela sensação dolorosa, 
como a reação de retirada ou de fuga) da dor.
O sistema límbico e o hipotálamo recebem 
estímulos internos e externos, parte deles 
conduzidos pelas vias do grupo medial. Os 
córtices temporal e parietal, responsáveis pela 
integração das informações sensoriais, visuais e 
auditivas, apresentam íntima conexão coma 
amígdala e o hipocampo. A área pré-
frontal,considerada por muitos amais importante 
área associativa cortical, apresenta 
conexõesdiretas com o hipotálamo, o núcleo 
dorsomedial do tálamo(tálamo medial), o giro do 
cíngulo e a formação reticularmesencefálica e 
bulbar.As informações que alcançam o sistemalímbico são adequadamente avaliadas e, quando são 
significativase apropriadas, as emoções e os comportamentos sãoexteriorizados.
Todas estas estruturas estão direta ou indiretamente conectadas com as vias 
nociceptivas do grupo medial. A lesão de alguma dessas áreas vai reduzir 
marcadamente o componente afetivo-motivacional da dor, sem que haja 
interferência no componente sensorial-discriminativo, isto é, o paciente 
continua capaz de perceber estímulos álgicos, mas eles perdem sua conotação 
desagradável e desprazerosa. 
Os núcleos intralaminares do tálamo, importantes terminações das vias do 
grupo medial, emitem suas eferências sobretudo para o striatum (putame + 
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caudato), que provavelmente estão relacionados com a resposta motora somática desencadeada pelo 
estímulo doloroso, para que a resposta motora possa ocorrer o córtex motor e a via corticoespinal também 
estão envolvidos com essa resposta. O hipotálamo é responsável pelas respostas motoras autonômicas 
(viscerais) frente aos estímulos dolorosos. 
└ ASPECTO COGNITIVO-AVALIATIVO
As primeiras experiências dolorosasdo ser humano compreendem apenas seus aspectos sensorial-
discriminativo e afetivo-motivacional. Com o passar dos anos, a sensação dolorosa passa a ser relacionada 
com certas polaridades como prazer ⁄castigo e bom ⁄mau. 
As influências culturais e religiosas tomamvulto no simbolismo da dor. 
O impulso doloroso chega ao córtex somestésico pelas viasnociceptivas de condução rápida do grupo lateral, 
nas quais ainformação é processada.Essa informação, juntamente comoutras de natureza tátil, 
proprioceptiva, auditiva e visual, tambémjá processadas, é integrada nas áreas corticais 
associativas,sobretudo no neocórtex temporal. Então,os componentesda memória são ativados à procura de 
uma experiência préviasimilar.Por fim, entra em ação o julgamento da experiênciasensorial, momento em 
que é definida como dolorosa ou não(nesse processo, a área pré-frontal é de grande relevância). 
► CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLÓGICA DA DOR
Do ponto de vista fisiopatológico, a dor pode ser classificadaem nociceptiva, neuropática, mista e 
psicogênica.
● DOR NOCICEPTIVA
É causada pela ativação dos nociceptores e pela transmissãodos impulsos gerados, que percorrem as vias 
nociceptivas atéas regiões do sistema nervoso central, onde são interpretados.A dor secundária a agressões 
externas (picada de um inseto,fratura de um osso, corte da pele), a dor visceral (cólica nefrética,apendicite), 
a neuralgia do trigêmeo, a dor da artrite e dainvasão neoplásica dos ossos são exemplos de dor nociceptiva.
└ CARACTERÍSTICAS
A dor nociceptiva começa simultaneamente ao início daatividade do fator causal, o qual pode ser, em geral, 
identificado.Sua remoção frequentemente culmina com o alívio dasensação dolorosa. Nenhum déficit 
sensorial é identificadonesses pacientes, e a distribuição da dor corresponde à dasfibras nociceptivas 
estimuladas. Quanto menor é o número desegmentos medulares envolvidos na inervação de uma estrutura, 
mais localizada é a dor (somática superficial). Em contrapartida,quanto maior o número de segmentos 
medulares,mais difusa é a dor (visceral e somática profunda). A dor nociceptivas pode ser espontânea ou 
evocada.
A espontânea pode ser expressa com as mais variadasdesignações: pontada, facada, agulhada, aguda, 
rasgando, latejante,surda, contínua, profunda, vaga, dolorimento. Todasessas denominações sugerem lesão 
tissular. 
A evocada pode ser desencadeada por algumas manobrascomo: manobra de Lasegue na ciatalgia, a dor 
provocada peloestiramento da raiz nervosa, obtida pela elevação do membroinferior afetado, estando o 
indivíduo em decúbito dorsal, elavar o rosto e escovar os dentes, nos pacientes com neuralgiado trigêmeo. 
Esse tipo de dor reproduz a sentida pelo paciente.
● DOR NEUROPÁTICA
Também denominada dor por lesão neural, por desaferentação(privação de um neurônio de suas 
aferências), ou central(quando secundária às lesões do sistema nervoso central).Decorre de lesão de 
qualquer tipo infligida ao sistema nervoso periférico ou central, e pode apresentar-se de três 
formas:constante, intermitente e evocada.
Esse tipo de dor é gerado dentro do sistema nervoso,independentemente de qualquer estímulo externo ou 
interno(componente constante).A secção do trato neoespinotalâmico,tão eficaz em eliminar a dor 
nociceptiva, agrava a neuropática(componente constante).
Quando um neurônio é privado de suas aferências (desaferentação),aparecem diversas alterações: 
degeneração dos terminais pré-sinápticos, reinervação do sítio desaferentado por axônios vizinhos 
(brotamento ou sprouting), substituição de sinapses inibitóriaspor outras excitatórias, ativação de 
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sinapses anteriormente inativas e aumento da eficácia de sinapses antes pouco eficazes. A ocorrência 
dessasalteraçõesacaba por tornar as células desaferentadas hipersensíveis(células explosivas ou bursting 
cells). Sua hiperatividadeespontânea, visto que são integrantes das vias nociceptivas,seria o substrato 
fisiopatológico para a dor constante (descritacomo em queimação ou formigamento) da qual 
sequeixamesses pacientes.
A dor neuropática apresenta mais dois componentes,podendo ser intermitente ou evocada. 
A intermitente decorre da ativação das vias nociceptivaspela cicatriz formada no foco lesional ou por 
efapse (impulsos motores descendentes cruzam para as vias nociceptivas nosítio de lesão do sistema 
nervoso). A secção cirúrgica completada via neoespinotalâmica (ou neotrigeminotalâmica, nador facial) 
elimina essa modalidade de dor.
A dor evocada, por sua vez, se deve aos rearranjos sinápticosdecorrentes da desaferentação. A reinervação 
de célulasnociceptivas desaferentadas por aferentes táteis, por exemplo,faria com que a estimulação tátil, ao 
ativar neurônios nociceptivos,produzisse uma sensação dolorosa, desagradável (alodínia).A substituição de 
sinapses inibitórias por excitatórias,o aumento da eficácia de sinapses outrora pouco efetivas e aativação das 
anteriormente inativas, por outro lado, poderiamtomar tais células hiper-responsivas aos estímulos 
dolorosos,manifestando-se clinicamente sob a forma de hiperpatia.
Como a dor evocada depende da estimulação dos receptorese do tráfego dos impulsos pelas vias 
nociceptivas, ela pode seraliviada pela secção cirúrgica da via neoespinotalâmica (ouneotrigeminotalâmica, 
na dor facial).
└ CARACTERÍSTICAS
Sua etiologia é variada. Seu início pode coincidir com a atuação do fator causal,porém, mais comumente, 
ocorre após dias, semanas, meses ouaté anos. Em geral, o fator causal não pode ser removido, porter deixado 
de agir ou por ser impossível interrompê-lo.
A maioria dos pacientes apresenta déficit sensorial clinicamentedetectável. A distribuição da dor tende a 
sobrepor-se,pelo menos parcialmente, à perda sensorial.
A dor neuropática apresenta-se pelo menos em uma dasseguintes formas: constante, intermitente (ambas 
são espontâneas)e evocada.
A dor constante ocorre em praticamente 100% dos casos,sendo, em geral, descrita como dor em 
queimação ou dormenteou em formigamento, ou como um mero dolorimento.Trata-se de uma disestesia 
(sensação anormal desagradável)normalmente nunca experimentada pelo paciente.
O componente constante da dor neuropática, ao contrário da dor nociceptiva, tende a ser agravado pela 
interrupçãocirúrgica das vias da dor, pois tais procedimentos acentuam a desaferentação.
A dor intermitente é mais frequente nas lesões nervosas periféricas e da medula espinal, sendo rara nas 
lesões encefálicas,e relatada como dor em choque, aguda. Lembra a dor daciatalgia, mas, diferentemente 
desta, seu trajeto não segue o dequalquer nervo.
A dor evocada é mais comum nas lesões encefálicas; também é frequentenas lesões medulares e do sistema 
nervoso periférico,podendo manifestar-se sob a forma de alodínia ou de hiperpatia.
● DOR MISTA
É aquela que decorre dos dois mecanismos anteriores.Ocorre, por exemplo, em certos casos de dor por 
neoplasiamaligna, quando ela se deve tanto ao excessivo estímulo dosnociceptores quanto à destruição das 
fibras nociceptivas.
● DOR PSICOGÊNICA
Toda dor tem um componente emocional associado, oque varia é sua magnitude. A dor psicogênica, porém, 
é umacondição inteiramente distinta, para a qual não há qualquersubstrato orgânico, sendo gerada por 
mecanismos puramente psíquicos.
└ CARACTERÍSTICAS
Tende a ser difusa, generalizada, imprecisa. Algumas vezes,pode ser localizada e, nesse caso, em geral, sua 
topografia correspondeà da imagem corporal que o paciente tem da estruturaque julga doente.Sua 
intensidade é variável,sendo agravada pelas condições emocionais do paciente. 
► TIPOS DE DOR
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- Dor somática superficial: é a modalidade de dor nociceptiva decorrente da estimulação de nociceptores 
do tegumento.Tende a ser bem localizada e apresentar qualidade bem distinta (picada, pontada, sensação 
de rasgar, queimor), nadependência do estímulo aplicado. Sua intensidade é variável e, de certa maneira, 
proporcional à intensidade do estímulo.Decorre em geral de traumatismo, queimadura e processo 
inflamatório. 
- Dor somática profunda: é a modalidade de dor nociceptiva consequente à ativação de nociceptores dos 
músculos, fáscias, tendões, ligamentos e articulações. Suas principais causas são: estiramento muscular, 
contração muscularisquêmica, contusão, ruptura tendinosa e ligamentar, síndrome miofascial, artrite 
eartrose. Trata-sede uma dor mais difusa que a somática superficial, de localização imprecisa, sendo em 
geral descritacomo dolorimento (aching pain), dor surda, dor profunda e, no caso da contração muscular 
isquêmica, como cãibra. Suaintensidadeé proporcional à do estímulo causal, embora em geral seja de 
intensidade leve a moderada. Às vezes, podemanifestar-secomo dor referida. 
- Dor visceral:é a dor nociceptiva decorrente da estimulação dos nociceptores viscerais. Trata-sede uma 
dor profunda,tendo características similares às da dor somática profunda, ou seja, é difusa, de difícil 
localização e descrita como umdolorimento ou como uma dor surda, vaga, contínua, profunda, tendendo 
a acentuar-secom a solicitação funcional doórgão acometido. 
De modo geral, a dor visceral pode ser relacionada com as seguintes condições: comprometimento da 
própria víscera(dor visceral verdadeira), comprometimento secundário do peritônio ou da pleura parietal 
(dor somática profunda),irritação do diafragma ou do nervo frênico e reflexo viscerocutâneo (dor 
referida).
Pode-sedizer ainda que determinadas modalidades de dor são mais específicas para determinado tipo de 
víscera.Assim, a dor das vísceras maciças e a dos processos não obstrutivos das vísceras ocas são 
descritas como dolorida, surda;
a dor dos processos obstrutivos das vísceras ocas é do tipo cólica; 
a dor por comprometimento da pleura parietal (dorsomática profunda e não visceral) é em pontada ou 
fincada; 
a dor por isquemia miocárdica é constrictiva ou em aperto e ador por aumento da secreção do ácido 
clorídrico (úlcera duodenal), do tipo em queimação ou ardor.
Dor referidapode ser definida como sensação dolorosa superficial, distante da estrutura profunda (visceral 
ousomática) cuja estimulação nóxica é responsável pela dor.Aexplicação mais aceita para esse fenômeno é a 
convergência de impulsos dolorosos viscerais e somáticos superficiais eprofundos para neurônios 
nociceptivos comuns localizados no corno dorsal da medula espinal. O tegumento tem um suprimento 
nervoso nociceptivos muito mais exuberante do que o das estruturas profundas somáticas e viscerais. 
- Dor irradiada: a dor sentida a distância de sua origem, porém obrigatoriamente em estruturas inervadas 
pela raiznervosa ou nervo cuja estimulação nóxica é responsável pela dor. Um exemplo clássico é aciatalgia, 
provocada pelacompressão de uma raiz nervosa por uma hérnia de disco lombar. 
- Dor de origem central: alterações em determinadas regiões encefálicas, tais como área somestésica 
primária, tálamo outronco cerebral, podem induzir a percepção de sensações desagradáveis, dentre elas a dor 
em diferentes regiões corporais.
►CARACTERÍSTICAS SEMIOLÓGICAS DA DOR
● LOCALIZAÇÃO
Refere-seà região em que o paciente sente a dor.
Também é relevante a avaliação da sensibilidade na área de distribuição da dor e adjacências. A presença 
de hipoestesiaé evocativa de dor neuropática, sobretudo se houver um componente descrito como 
emqueimação ou formigamento.Porvezes, porém, a sensibilidade parece estar aumentada. Tal aumento pode 
indicar hiperestesia (hipersensibilidade aosestímulos táteis) e hiperalgesia (hipersensibilidade aos estímulos 
álgicos), que ocorrem em uma área sem comprometimento da inervação sensorial, ou alodinia e hiperpatia. 
Alodinia e hiperpatia ocorrem em uma área dehipoestesia e são excelentes indicadores da dor neuropática. 
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Seu encontro é particularmente útil naqueles casos em que odéficit sensorial é subclínico, quando o 
diagnóstico de dor neuropática é mais difícil de ser firmado.
● IRRADIAÇÃO
A dor pode ser localizada, ou seja, sem irradiação, irradiada (segue o trajeto de uma raiz nervosa ou nervo 
conhecido) oureferida:
Dor irradiada: pode surgir em decorrência do comprometimento de praticamente qualquer raiz nervosa, 
podendo ser oterritório de irradiação predito pelo exame do mapa dermatomérico.
Pode indicar a estrutura nervosa comprometida.
Dor referida: não é o mesmo que dor irradiada. As causas e a fisiopatologia são diferentes. Exs:
Apêndice: dor na região epigástrica
Vesícula, fígado: dor na escápula e no ombro
Ureter: dor na virilha e genitália externa
Coração: dor na face medial do braço.
Processos patológicos anteriores ou concomitantes, afetando estruturas inervadas por segmentos medulares 
adjacentes, aumentam a tendência para que ador seja sentida em uma área servida por ambos os segmentos 
medulares, resultando em localização atípica da dor.
● QUALIDADE OU CARÁTER
Para se definir a qualidade ou caráter da dor, o paciente é solicitado a descrever como a sua dor se parece ou 
que tipo desensação e emoção ela lhe traz.O primeiro passo é definir se a dor é evocada e/ou espontânea 
(constante ou intermitente):
Dor evocada: é aquela que só ocorre mediante alguma provocação. São exemplos a alodinia e a hiperpatia, 
presentes nador neuropática, e a hiperalgesia primária e secundária, presentes na dor nociceptivas.
Hiperalgesia: resposta exagerada aos estímulos aplicados em uma região que se apresenta com limiar de
excitabilidade reduzido, podendo manifestar-sesob a forma de dor a estímulos inócuos ou de dor intensa a
estímulos leves ou moderadamente nóxicos. Dois tipos de hiperalgesia têm sido descritos:
Hiperalgesia primária: é a que ocorre em uma área lesionada e se deve à sensibilização local dos 
nociceptores.
Hiperalgesia secundária: é aquela que ocorre ao redor da área lesionada e parece ser secundária 
àsensibilização dos neurônios do corno dorsal decorrente da estimulação repetitiva e prolongada das fibras 
C.
Dor espontânea: pode ser constante ou intermitente.
Dor constante: é aquela que ocorre continuamente, podendo sua intensidade variar, mas sem nunca 
desaparecercompletamente. O indivíduo dorme e acorda com a dor. Na dor neuropática, a dor constante é 
mais comumentedescrita como em queimação ou dormência, formigamento (disestesia). Na dor nociceptiva, 
diversos termos sãoutilizados para qualificá-la.
Dor intermitente: é aquela que ocorre episodicamente, sendo sua frequência e duração bastante variáveis. É, 
emgeral, descrita como dor em choque, aguda, pontada, facada, fisgada. Deve ser diferenciada 
dasexacerbações da dor. 
A qualidade da dor ajuda a definir o processo patológico subjacente. Assim: dor latejante ou pulsátil 
ocorre na enxaqueca, abscesso e odontalgia; dor emchoque, na neuralgia do trigêmeo, na lombociatalgia, na 
cervicobraquialgia e na dor neuropática (componente intermitente); dor em cólica ou emtorcedura, na 
cólica nefrética, biliar, intestinal ou menstrual; dor em queimação, se visceral, na úlcera péptica e esofagite 
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de refluxo e, se superficial, na dorneuropática (componente constante); dor constritiva ou em aperto, na 
angina de peito e infarto do miocárdio; dor em pontada, nos processos pleurais; dorsurda, nas doenças de 
vísceras maciças; dor “doída” ou dolorimento, nas doenças musculares, como a lombalgia, e das vísceras 
maciças; e dor em cãibra,em afecções medulares, musculares e metabólicas.
Tipos especiais de dor:
- Dor fantasma: Alguns indivíduos, após terem parte de seu corpo amputada, têm a sensação de que ela 
ainda está integrada a seu corpo (sensaçãofantasma) e que pode ser fonte de profunda dor. A dor 
fantasmaocorre mais comumente após amputação de um membro, embora possa tambémocorrer após a 
enucleação do globo ocular, remoção da mama (mastectomia) ou amputação do pênis. É um tipo de dor 
neuropática, sendo a secçãodos nervos mistos e sensoriais, no ato da amputação, sua causa. Não é raro que 
tais pacientes apresentem também a chamada dor do coto, a qualparece decorrer da hiperexcitabilidade do 
neuroma formado na extremidade proximal do nervo seccionado. A dor do coto de amputação e a 
dorfantasma são de dificílimo tratamento, sendo, atualmente, rebeldes a qualquer tipo de abordagem 
farmacológica ou cirúrgica disponíveis. 
- Síndrome complexa de dor regional (SCDR): É caracterizada pela presença de dor associada a alterações 
vasomotoras, sudomotoras e tróficas. Ador tende a ser excruciante e conta com 3 componentes: dor 
constante em queimação ou disestésica, dor intermitente fugaz emchoque,provocada por praticamente 
qualquer movimento, e dor evocada, caracterizada por alodinia e hiperpatia. A dor é tão intensa que o 
paciente assumeuma postura de constante defesa do segmento corporal afetado.
Há, em geral, aumento local da sudorese (hiperidrose) e variação da coloração da extremidade 
acometida(pálida, hiperemiada ou arroxeada). As articulações tornam-se rígidas e osteoporose se 
desenvolve. A síndrome complexa de dor regional pode ser classificada em dois tipos: SCDR-I, quando não 
há lesão demonstrável de nervo periférico, e SCDR-II, quando há lesão nervosa.
O substrato fisiopatológico subjacente parece ser a hiperatividade do sistema nervoso autônomo simpático.
● INTENSIDADE
É um componente extremamente relevante da dor, aliás, o de maior importância para o paciente. Resulta da 
interpretaçãoglobal dos seus aspectos sensoriais, emocionais e culturais.
A determinação do grau (leve, moderado ou intenso) de interferência da dor com relação ao sono, trabalho,
relacionamento conjugal e familiar e atividades sexuais, sociais e recreativas fornece pistas indiretas, porém, 
de certamaneira, objetivas, da intensidade da dor.
● DURAÇÃO
Inicialmente, determina-secom a máxima precisão possível a data de início da dor. Em se tratando de uma 
dor contínua, aduração da dor é o tempo transcorrido entre seu início e o momento da anamnese. No caso de 
uma dor cíclica, interessaregistrar a data e a duração de cada episódio doloroso. Se a dor é intermitente e 
ocorre várias vezes ao dia, é suficiente quese registre a data de seu início, a duração média dos episódios 
dolorosos, o número médio de crises por dia e o númeromédio de dias por mês em que a dor se apresenta.
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Dependendo de sua duração, a dor pode ser classificada em aguda e crônica:
- Dor aguda: é uma importantíssima modalidade sensorial, desempenhando, entre outros papéis, o de alerta,
comunicando ao cérebro que algo está errado. Acompanha-sede manifestações neurovegetativas e 
desaparece com aremoção do fator causal e resolução do processo patológico.
- Dor crônica: é a que persiste por um período superior àquele necessário para a cura de um processo 
mórbido (em geral4 a 6 semanas) ou aquela associada a afecções crônicas (câncer, artrite reumatoide, 
alterações degenerativas da coluna) ou,ainda, a que decorre de lesão do sistema nervoso. A dor crônica sem 
papel fisiológico ou de alerta passa a ser um estadomórbido por si só.
● EVOLUÇÃO
Esta característica semiológica revela a trajetória da dor, desde o seu início até o momento da anamnese e, a 
partir daí, aolongo do acompanhamento do paciente.Iniciamos sua investigação pelo modo de instalação da 
dor: se súbito ou insidioso.
É também relevante definir a concomitância da atuação do fator causal e o início da dor. A dor neuropática 
pode iniciar-sesemanas, meses ou mesmo anos após a atuação do fator causal em mais da metade dos casos. 
Já o início da dornociceptiva é sempre simultâneo ao da atuação do fator causal.
Durante sua evolução, a dor pode sofrer as mais variadas modificações.
Nos pacientes com dor neuropática, os seus componentes (dor constante, intermitente e evocada) 
frequentementesurgem em épocas diferentes.
A intensidade da dor pode também variar em sua evolução.
A dor crônica, em sua evolução, pode também mostrar ritmicidade(surtos em relação às ocorrências em um 
mesmodia) e periodicidade(surtos periódicos ao longo dos meses e anos).
Além de todas essas alterações evolutivas, a dor pode mudar seu padrão em função do tratamento instituído. 
Tal é ocaso do paciente com dor nociceptiva em um membro inferior ocasionada pela invasão óssea por 
câncer submetido acordotomia anterolateral (secção do trato neoespinotalâmico na medula espinal) para 
alívio da dor; embora a dor inicialpossa ser totalmente eliminada, meses após pode surgir um novo tipo de 
dor (dor neuropática), decorrente dadesaferentação provocada pela cirurgia.
Como se pode notar, a mudança das características clínicas de uma dor pode indicar apenas uma alteração 
evolutiva (p.ex., ampliação da área da dor na causalgia), complicação da mesma enfermidade (p. ex., 
perfuração da úlcera) ou umaafecção distinta (p. ex., pancreatite aguda na paciente com doença biliar 
prévia).
● RELAÇÃO COM FUNÇÕES 
ORGÂNICAS
A relação da dor com as funções 
orgânicas é avaliada considerando-
se,em primeiro lugar, a localização da 
dor e os órgãose estruturas situados na 
mesma região. 
Como regra geral, pode-sedizer que a 
dor é exacerbada pela solicitação 
funcional da estrutura em que se 
origina.
● FATORES DESENCADEANTES 
OU AGRAVANTES
São aqueles fatores que desencadeiam 
a dor, em sua ausência, ou que a 
agravam, se estiver presente. As funções orgânicasestão entre eles. Muitos outros fatores, porém, podem ser 
determinados. Devemos procurálosativamente, pois, além denos ajudarem a esclarecer a enfermidade 
subjacente, seu afastamento constitui parte importante da terapêutica a serinstituída.Emoção e estresse, em 
qualquer tipo de dor é um fator desencadeante ou agravante. 
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● FATORES ATENUANTES
São aqueles que aliviam a dor. Entre eles encontram-sealgumas funções orgânicas, posturas ou atitudes que 
resguardem aestrutura ou órgão em que se origina a dor (atitudes antálgicas), distração, ambientes 
apropriados, medicamentos, fisioterapia, acupuntura, bloqueios anestésicos eprocedimentos cirúrgicos.
Tanto o componente intermitente como o evocado da dor neuropática respondem às mesmas estratégias 
adotadas para ador nociceptiva. A dor intermitente, adicionalmente, responde aos anticonvulsivantes e, 
aparentemente, aos anestésicoslocais (mexiletina).
O componente constante da dor neuropática, excetuando-seos bloqueios anestésicos proximais, costuma 
ser resistenteàs demais terapêuticas mencionadas, podendo, inclusive, ser agravado pela interrupção 
cirúrgica da via neoespinotalâmicaou neotrigeminotalâmica. É, por outro lado, responsivo aos 
antidepressivos tricíclicos, neurolépticos (quando associadosaos antidepressivos), anestésicos locais (em 
alguns casos, como na polineuropatia diabética), à destruição cirúrgica dasvias reticulotalâmicas.
● MANIFESTAÇÕES CONCOMITANTES
A dor aguda, nociceptiva, sobretudo quando intensa, costuma acompanhar-se de manifestações 
neurovegetativas, que se devem à estimulação do sistema nervoso autônomo pelos impulsos dolorosos, 
incluindo sudorese, palidez, taquicardia, hipertensão arterial, mal-estar, náuseas e vômitos. Tais 
características não têm qualquer valor para o diagnóstico etiológico da dor. Por outro lado, várias outras 
manifestações clínicas associadas à dor e relacionadas com a enfermidade de base são de grande valia para o 
diagnóstico.
Dor e envelhecimento:Com o envelhecimento, o limiar de dor aumenta e, consequentemente, os pacientes 
idosos podem apresentar problemas graves sem que a dor seja umsinal de alarme.
TÉCNICAS BÁSICAS DO EXAME FÍSICO
► INSPEÇÃO
É a exploração feita a partir da visão. Investigam-sea superfície corporal e as partes mais acessíveis 
dascavidades em contato com o exterior. A inspeção começa no momento em que se entra em contato com o 
pacienterealizando-seuma “inspeção geral”.
Há duas maneiras fundamentais de se fazer a inspeção:
- Olhando frente a frente a região a ser examinada: a isso se designa inspeção frontal, que é o modo padrão 
desseprocedimento;
- Observando a região tangencialmente: essa é a maneira correta para pesquisar movimentos mínimos na 
superfíciecorporal, tais como pulsações ou ondulações e pequenos abaulamentos ou depressões.
► PALPAÇÃO
A palpação frequentemente confirma pontos observados durante a inspeção.
A palpação recolhe dados por meio do tatoe dapressão. O tato fornece impressões sobre a parte mais 
superficial, e apressão, sobre as mais profundas.
Pela palpação percebem-semodificações de textura, temperatura, umidade, espessura, consistência, 
sensibilidade,volume,dureza, além da percepção de frêmito, elasticidade, reconhecimento de flutuação, 
crepitações, vibração, pulsação everificação da presença de edema,...
Palpação com o dorso dos dedos ou das mãos. Esse procedimento é específico para avaliação 
da temperatura.
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Digitopressão, realizada com a polpa do polegar ou do indicador. Consiste na compressão 
de uma área com diferentesobjetivos: pesquisar a existência de dor, avaliar a 
circulação cutânea, detectar a presença de edema.
Puntipressão, que consiste em comprimir com um objeto pontiagudo um 
ponto do corpo. É usada para avaliar asensibilidade dolorosa e para analisar 
telangiectasias tipo aranha vascular.
Vitropressão, realizada com o auxílio de uma lâmina de vidro que é comprimida contra a pele, analisando-
sea áreaatravés da própria lâmina. Sua principal aplicação é na distinção entre eritema de púrpura (no caso 
de eritema, avitropressão provoca o apagamento da vermelhidão e, no de púrpura, permanece a mancha).
Fricção com algodão, em que, com uma mecha de algodão, roça-selevemente um segmento 
cutâneo, procurando vercomo o paciente o sente. É utilizada para avaliar sensibilidade 
cutânea.
Pesquisa de flutuação, em que se aplica o dedo indicador da mão esquerda sobre um lado 
da tumefação, enquanto o daoutra mão, colocado no lado oposto, exerce sucessivas compressões 
perpendicularmente à superfície cutânea. Havendolíquido, a pressão determina um leve rechaço do dedo da 
mão esquerda, ao que se denomina flutuação.
Outro tipo de palpação bimanual combinada é a que se faz, por exemplo, no exame das 
glândulas salivares,quando o dedo indicador da mão direita é introduzido na boca, enquanto as 
polpas digitais dos outros dedos – exceto opolegar – da outra mão fazem a palpação externa na 
área de projeção da glândula.
► PERCUSSÃO
A percussão baseia-seno seguinte princípio: ao se golpear um ponto qualquer do corpo, originam-
sevibrações que têmcaracterísticas próprias quanto à intensidade, ao timbre e à tonalidade, dependendo da 
estrutura anatômica percutida.
Ao se fazer a percussão, observa-senão só o som obtido, mas também a resistência oferecida pela região 
golpeada.
A técnica da percussão sofreu uma série de variações no decorrer dos tempos; hoje, 
usa-sebasicamente a percussão diretae a percussão digitodigital, e, em situações 
especiais, a punho-percussão,a percussão com a borda da mão e a percussão tipo 
piparote.
A percussão direta é utilizada na percussão do tórax do lactente e das regiões sinusais do adulto.
A percussão digitodigital é executada golpeando-secom a borda ungueal do dedo médio ou do indicador da 
mão direitaa superfície dorsal da segunda falange do dedo médio ou do indicador da outra mão.
Ao dedo que golpeia designa-seplexor, e o que recebe o golpe é o plexímetro.
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O dedo plexímetro – médio ou indicador da mão esquerda – é o único a tocar a região que está sendo 
examinada. Osoutros e a palma da mão ficam suspensos rentes à superfície. Caso se pouse a mão, todas as 
vibrações são amortecidas, e osom torna-seabafado.
O golpe deve ser dado com a borda ungueal, e não com a polpa do dedo.
Tanto a punho-percussão como a percussão com a borda da mão servem para observar se a manobra provoca 
alguma sensação dolorosa. 
Na percussão por piparote, com uma das mãos o examinador golpeia o abdome com 
piparotes, enquanto a outra,espalmada na região contralateral, procura captar ondas líquidas 
chocando-se contra a parede abdominal. A percussão porpiparote é usada na pesquisa de 
ascite. 
● TIPOS DE SONS OBTIDOS À PERCUSSÃO
- Som maciço: é o que se obtém ao percutir regiões desprovidas de ar.
- Som submaciço: constitui uma variação do som maciço. A presença de ar em quantidade restrita lhe 
concedecaracterísticas peculiares.
- Som timpânico: é o que se consegue percutindo sobre os intestinos ou no espaço de Traube (fundo do 
estômago) ouqualquer área que contenha ar, recoberta por uma membrana flexível.
- Som claro pulmonar: é o que se obtém quando se golpeia o tórax normal. Depende da presença de ar 
dentro dosalvéolos e demais estruturas pulmonares.
EXAME FÍSICO GERAL
O exame físico pode ser dividido em 2 etapas: a 1ª é o exame físico geral/ somatoscopia/ ectoscopia, por 
meio do qual são obtidos dados gerais, possibilitando uma visão do paciente como um todo; a 2ª etapa 
corresponde ao exame dos diferentes sistemas ou segmentos corporais, com metodologia própria. 
O paciente deve ser examinado nas posições de decúbito, sentada, de pé e andando. 
► AVALIAÇÃO DO ESTADO GERAL
É uma avaliação subjetiva com base no conjunto de dados exibidos pelo paciente e interpretados de acordo 
com aexperiência de cada um.
Para descrever a impressão obtida, usa-sea seguinte nomenclatura:
 Estado geral bom
 Estado geral regular
 Estado geral ruim
A avaliação do estado geral tem utilidade prática, principalmente para se compreender até que ponto a 
doençacomprometeu o organismo, visto como um todo.
Serve ainda de alerta para o médico nos casos com escassos sinais ou sintomas indicativos de uma 
determinadaenfermidade, obrigando-oa aprofundar sua investigação diagnóstica na busca de uma afecção 
que justifique a deterioraçãodo estado geral.
Situação inversa também pode ocorrer, ou seja, a manutenção de um estado geral bom, na presença de uma 
doençasabidamente grave. Isso indica uma boa capacidade de reação do organismo que tem, inclusive, valor 
prognóstico.
► AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA
A avaliação do nível de consciência e do estado mental implica dois aspectos da mesma questão: a avaliação 
neurológica ea psiquiátrica.
A percepção consciente do mundo exterior e de si mesmo caracteriza o estado de vigília, que é resultante da 
atividadede diversas áreas cerebrais coordenadas pelo sistema reticular ativador ascendente.
Entre o estado de vigília ou plena consciência e o estado comatoso (o paciente perde completamente a 
capacidade de identificar seu mundo interior e os acontecimentos do meio que o circunda), é possível 
distinguir diversas fases intermediárias graduando-as e o principal indicador é o nível de consciência. 
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Obnubilação = Consciência: comprometimento pouco intenso + Estado de alerta: moderadamente 
comprometido
Sonolência = paciente é facilmente despertado, responde mais ou menos apropriadamente e volta logo a 
dormir
Confusão mental = perda de atenção, o pensamento não é claro, as respostas são lentas e não há percepção 
normal do ponto de vista temporoespacial, podendo surgir alucinações, ilusão e agitação. 
Torporou Estupor = alteração de consciência mais pronunciada, mas o paciente pode ser despertado por 
estímulos mais fortes, tem movimentos espontâneos e não abre os olhos. 
Coma = paciente não desperta com estimulação forte, não tem movimentos espontâneos.
Atualmente, usa-sea escala de coma de Glasgow (EG) para se avaliar alterações do nível de 
consciência.Tal avaliaçãoconsiste na análise de três parâmetros: abertura ocular, reação motora e 
resposta verbal, obtidos por vários estímulos,desde a atividade espontânea e estímulos verbais até 
estímulos dolorosos.
► FALA E LINGUAGEM
Durante a entrevista, o examinador deve prestar atenção à linguagem do paciente, particularmente na 
linguagem falada. 
A fala depende de mecanismos bastante complexos que compreendem o órgão fonador (laringe), os 
músculos dafonação e a elaboração cerebral.
► AVALIAÇÃO DO ESTADO DE HIDRATAÇÃO
O estado de hidratação do paciente é avaliado tendo-seem conta os seguintes parâmetros:
◗Alteração abrupta do peso
◗Alterações da pele quanto à umidade, à elasticidade e ao turgor
◗Alterações das mucosas quanto à umidade
◗Alterações oculares
◗Estado geral
◗Fontanelas (no caso de crianças).
Desidratação, como o próprio nome indica, é a diminuição de água e eletrólitos totais do organismo, 
caracterizando-sepelos seguintes elementos:
 Sede
 Diminuição abrupta do peso
 Pele seca,com elasticidade e turgor diminuídos
 Mucosas secas
 Olhos afundados (enoftalmia) e hipotônicos
 Estado geral comprometido
 Excitação psíquica ou abatimento
 Oligúria
 Fontanelas deprimidas no caso de crianças.
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► ÍNDICE DE MASSA CORPORAL
Cumpre salientar que o IMC não distingue massa gordurosa de massa magra; assim, um paciente musculoso 
pode serclassificado com “excesso de peso”. Deve-seainda estar atento ao biótipo do paciente. Um IMC 
entre 17 e 19 nãonecessariamente é indicativo de desnutrição, pois outros aspectos devem ser considerados 
no exame físico e na anamnese,como o histórico de evolução do peso.
► CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA
A circunferência da cintura (CC) é utilizada para o diagnóstico de obesidade abdominal e reflete o 
conteúdo de gorduravisceral, ou seja, aquela aderida aos órgãos internos. 
► AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL
De maneira representativa, a obesidade abdominal ou central, também denominada 
obesidade androide, configura forma de maçã ao corpo, na quala gordura se concentra 
mais na região do tórax e abdome, sendo mais comum em homens. A deposição de 
gordura é visceral.
Na obesidade periférica ou ginecoide, mais frequente em mulheres, o acúmulo de 
gordura predomina nos quadris e nas coxas. O corpo lembra oformato de uma pera. A 
deposição de gordura predominante é a subcutânea. 
● DESNUTRIÇÃO
Classifica-seoestado nutricional do paciente em bem nutrido, moderadamente desnutrido ou suspeito de 
desnutrição e gravementedesnutrido.
A perda de gordura subcutânea e a massa magra devem ser avaliadas.
Capacidade funcional diminuída está associada à desnutrição grave e à redução das atividades da vida diária.
► FÁCIES
É o conjunto de dados exibidos na face do paciente. É a resultante dos traços anatômicos mais a expressão 
fisionômica.Não apenas os elementos estáticos, mas, e principalmente, a expressão do olhar, os movimentos 
das asas do nariz e aposição da boca.
-Fácies hipocrática: olhos fundos, parados e inexpressivos chamam logo a atenção do 
examinador. O nariz afila-se,e oslábios se tornam adelgaçados. “Batimentos das asas do nariz” 
também costumam serobservados. Quase sempre o rostoestá coberto de suor. Palidez cutânea e 
uma discreta cianose labial completam a fácies hipocrática.
- Fácies renal: o elemento característico desse tipo de fácies é o edema que predomina ao redor dos olhos. 
Completa oquadro a palidez cutânea. É observada nas doenças dos rins.
- Fácies leonina: as alterações que a compõem são produzidas pelas lesões do mal de Hansen. A pele, além 
de espessa, ésede de grande número de lepromas de tamanhos variados e confluentes, em maior número na 
fronte. Os supercílios caem,o nariz se espessa e se alarga. Os lábios tornam-semais grossos e proeminentes. 
As bochechas e o mento se deformampelo aparecimento de nódulos. A barba escasseia ou desaparece.
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- Fácies parkinsoniana, cérea ou em máscara: caracteriza-sepor ser inexpressiva, com rigidez facial.
- Fácies acromegálica: caracterizada pela saliência das arcadas supraorbitárias, proeminência das maçãs do 
rosto e maiordesenvolvimento do maxilar inferior, além do aumento do tamanho do nariz, lábios e orelhas. 
Nesse conjunto de estruturashipertrofiadas, os olhos parecem pequenos. 
- Fácies cushingoide ou de lua cheia: Chama atenção o arredondamento do rosto, com atenuação dos 
traços faciais. Há também o aparecimento de acne. Isso pode ser visto na síndrome de Coshing, em que há 
hiperfunção do córtex da suprarrenal. Também pode ocorrer nos pacientes que fazem o uso prolongado de 
corticóides. 
- Fácies mongolóide: possui uma prega cutânea (epicanto) que torna os olhos oblíquos, bem distantes uns 
do outro. O rosto é redondo, boca quase sempre entreaberta. Pode ser vista, por exemplo, na síndrome de 
Down. 
- Fácies de depressão: há inexpressividade do rosto. O paciente apresenta-se cabisbaixo, os olhos com 
pouco brilho e fixos em um ponto distante. Muitas vezes o olhar permance voltado para o chão. O conjunto 
fisionômico denota indiferença, tristeza e sofrimento emocial. 
- Fácies pseudobulbar: Tem como principal característica súbitas crises de chroro ou riso, que são 
involuntárias, porém conscientes. O paciente tenta contê-las, o que dá um aspecto espamódico à fácies. 
- Fácies miastênica ou de Hutchinson: pstose palpebral bilateral. Ocorre na miastenia gravis e em outras 
miopatias que comprometem os músculos da pálpebra superior.
► ATITUDE E DECÚBITO PREFERIDO NO LEITO
● ATITUDES VOLUNTÁRIAS
ATITUDE ORTPNEICA (ORTOPNEIA): o paciente adota essa posição para melhorar a falta de ar. Ele 
permanece sentado à beira do leito com as mãos apoiadas no colchão para melhorar um pouco a respiração, 
que se faz com dificuldade. 
Nos pacientes em estado grave, esta posição é um pouco diferente: o paciente fica deitado com os pés 
estendidos ao longo da cama, mas rescosta-se com a ajuda de 2 ou + travesseiros, na tentativa de colocar o 
tórax o mais ereto possível. Ex.: insuficiência cardíaca, asma brônquica e ascite volumosa
ATITUDE GENUPEITORAL (“PRECE MAOMETANA”): o paciente posiciona-se de joelhos com o 
tronco fletido sobre as coxas, enquanto a face anterior do tórax (peito) fica em contato com o chão/colchão. 
O rosto fica sobre as mãos, as quais também ficam no chão/colchão. Essa posição facilira o enchimento do 
coração em caso de enchimento pericárdico. 
ATITUDE DE CÓCORAS (SQUATTING: é observado em crianças com cardiopatia congênita 
cianótica. 
ATITUDE PARKINSONIANA: o paciente com doença de Parkinson, quando fica de pé, apresenta 
semiflexão da cabeça, do tronco e dos membros inferiores e, quando caminha parece estar correndo atrás do 
seus próprio eixo de gravidade. 
ATITUDE EM DECÚBITO: os tipos de decúbito são:
Lateral (direito ou esquerdo); dorsal; ventral
● ATITUDES INVOLUNTÁRIAS
ATITUDE PASSIVA: quando o paciente fica na posição em que é colocado no leito, sem que haja 
contratura muscular. É observada nos pacientes comatosos ou inconscientes.
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ORTÓTONO (orthos= reto; tonus= tensão): Todo o tronco e membros estão rígidos, sem se curvarem 
para diante, para trás ou para um dos lados.
OPISTÓTONO (opisthen= para trás; tonus= tensão): Atitude decorrente da contratura da musculatura 
lombar. Ex: tétano e meningite. O corpo apoia-se na cabeça e nos calcanhares, emborcando-se como se fosse 
um arco. 
EMPROSTÓTONO: (emprosthen= para diante): observada no tétano, na meningite e na raiva. 
O corpo do paciente forma uma concavidade voltada para diante. 
PLEUROSTÓTONO (pleurothen= de lado): é de observação rara no tétano, na meningite e na raiva. O 
corpo se curva lateralmente.
► EXAME DAS MUCOSAS
As mucosas examináveis são: labiobucal, conjutivais, lingual e gengival. 
O método de exame é a inspeção, coadjuvado por manobras singelas que exponham as mucosas à visão do 
examinador. Assim, no caso das mucosas orais, solicita-se ao paciente que abra a boca e ponha a língua para 
fora.
● COLORAÇÃO
A coloração normal é róseo-avermelhada, decorrente da rica rede vascular das mucosas. A nomenclatura 
habitual é mucosas normocoradas.
Descoramento das mucosas: É a diminuição ou a perda da cor róseo-avermelhada. Designa-se este achado 
mucosas descoradas ou palidez das mucosas. Procura-se fazer também uma avaliação quantitativa usando-se 
a escala de 1 a 4 cruzes (+, + +, + + + e + + + +). 
Mucosas descoradas (+) significam leve diminuição da cor normal, enquanto mucosas descoradas (+ + + +) 
indicam desaparecimento da coloração rósea. As mucosas tornam-se, então, brancas como uma folha de 
papel.
O encontro de mucosas descoradas é um achado semiológico de grande valor prático, pois indica a 
existência de anemia.
Anemia é uma síndrome de grande importância prática. Há muitos tipos de anemia, e cada uma pode ser 
determinada por várias causas. O denominador comum é a diminuição das hemácias e da hemoglobina no 
sanguecirculante, responsável pelo descoramento das mucosas. Além de mucosas descoradas, fazem parte 
desta síndrome os seguintes sintomas e sinais: palidez da pele, fatigabilidade, astenia, palpitações. Em 
função do tipo de anemia, outros sinais e sintomas vão se associando. Assim, nas anemias hemolíticas 
observa-se icterícia, nas anemias megaloblásticas aparecem alterações nervosas localizadas nos membros 
inferiores, e assim por diante.
Mucosas hipercoradas: Significam acentuação da coloração normal, podendo haver inclusive mudança de 
tonalidade, que passa a ser vermelho-arroxeada. Mucosas hipercoradas traduzem aumento das hemácias 
naquela área, como ocorre nas inflamações (conjuntivites, glossites, gengivites) e nas policitemias.
Cianose: Consiste na coloração azulada das mucosas.
Icterícia: As mucosas tornam-se amarelas ou amarelo-esverdeadas; da mesma maneira que na pele, resulta 
de impregnação pelo pigmento bilirrubínico aumentado no sangue. Os locais mais adequados para detectar 
icterícia são a mucosa conjuntival, a esclerótica e o freio da língua. As icterícias mais leves só são 
perceptíveis nessas regiões. Nas pessoas negras, a esclerótica costuma apresentar uma coloração amarelada, 
que não deve ser confundida com icterícia.
● UMIDADE
Em condições normais são úmidas, especialmente a lingual e a bucal, traduzindo bom estado de hidratação. 
Podemos ter: umidade normal ou mucosas secas.
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As mucosas secas perdem o brilho, os lábios e a língua ficam pardacentos, e todas essas mucosas adquirem 
aspecto ressequido.
► MUSCULATURA
Utiliza-se a inspeção e a palpação. 
A palpação é feita com as polpas digitais colocadas em forma de pinça, com o polegar em oponência aos 
demais dedos da mão.
As alterações encontradas devem ser descritas topograficamente. Exemplos de alterações da musculatura: 
nas
hemiplegias, encontra-se espasticidade da musculatura correspondente; nas lesões extrapiramidais, é 
típico o aumento da tonicidade sem alterações da troficidade; os atletas e os trabalhadores braçais 
desenvolvem os grupos musculares mais diretamente relacionados com seu trabalho, que se tornam hipertróficos; os 
idosos e os pacientes acamados durante longo tempo ficam com a musculatura hipotrófica (sarcopenia) e flácida. 
Nas crianças e nas mulheres, há normalmente certo grau de hipotonia.
Rigidez muscular: É expressa pela resistência aumentada à movimentação passiva e que afeta a 
musculatura estriada. Na rigidez parkinsoniana, o exagero dos reflexos tônicos de postura determina o 
aparecimento do “sinal da roda dentada”.
► EDEMA
É o excesso de líquido acumulado no espaço intersticial ou no interior das próprias células (edema 
intracelular). Pode ocorrer em qualquer sítio do organismo, mas, do ponto de vista semiológico, interessa-
nos apenas o edema cutâneo, ou seja, a infiltração de líquido no espaço intersticial dos tecidos que 
constituem a pele e o tecido celular subcutâneo.
● LOCALIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO
A primeira grande distinção a ser feita é se o edema é localizado ou generalizado. 
● INTENSIDADE 
Para determinar a intensidade do edema, emprega-se a seguinte técnica: com a polpa digital do polegar ou 
do indicador, faz-se uma compressão, firme e sustentada, de encontro a uma estrutura rígida subjacente à 
área em exame, seja a tíbia, o sacro ou os ossos da face.
Havendo edema, ao ser retirado o dedo vê-se uma depressão, no local comprimido, chamada de fóvea. 
Estabelece-se a intensidade do edema referindo-se à profundidade da fóvea graduada em cruzes (+, + +, + + 
+ e + + + +).
- Edema elástico: a pele retorna imediatamente à sua situação normal, ou seja, a fóvea perdura pouquíssimo 
tempo. O edema elástico é típico dos edemas inflamatórios.
- Edema inelástico: é aquele cuja pele comprimida demora a voltar à posição primitiva, ou seja, a depressão 
persiste por certo tempo.
A formação do edema depende de vários fatores, incluindo alteração da pressão hidrostática, da pressão 
oncótica das proteínas, do fluxo linfático, da permeabilidade capilar e do balanço hidrossalino, em especial 
retenção de sódio. Dependendo da causa, predomina um ou mais destes fatores no aparecimento de edema.
A retenção de sódio e água constitui fator importante em todo edema generalizado.
EDEMA LOCALIZADO: 
Varizes
 Flebites e trombose venosa
 Processos inflamatórios
 Afecções dos linfáticos
 Postura.
► TEMPERATURA CORPORAL
● LOCAIS DE VERIFICAÇÃO DA TEMPERATURA E VALORES NORMAIS
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◗ Temperatura axilar: 35,5 a 37°C, com média de 36 a 36,5°C
◗ Temperatura bucal: 36 a 37,4°C
◗ Temperatura retal: 36 a 37,5°C, ou seja, 0,5°C maior que a axilar.
Início
Súbito ou gradual.
Intensidade
-Febre leve ou febrícula: até 37,5°C
-Febre moderada: de 37,6° a 38,5°C
-Febre alta ou elevada: acima de 38,6°C.
Duração
Modo de evolução
Febre contínua: aquela que permanece sempre acima do normal com variações de até 1°C e sem grandes 
oscilações. 
Febre irregular ou séptica: registram-se picos muito altos intercalados por temperaturas baixas ou 
períodos de apirexia. Não há qualquer caráter cíclico nestas variações. Mostram-se totalmente 
imprevisíveis e são bem evidenciadas quando se faz a tomada da temperatura várias vezes ao dia
Febre remitente: há hipertermia diária, com variações de mais de 1°C e sem períodos de apirexia. 
Febre intermitente: nesse tipo, a hipertermia é ciclicamente interrompida por um período de temperatura 
normal; isto é, registra-se febre pela manhã, mas esta não aparece à tarde; ou então, em 1 dia ocorre febre, 
no outro, não. Por vezes, o período de apirexia dura 2 dias. A primeira se denomina cotidiana, a segunda 
terçã e a última quartã. O exemplo mais comum é a malária. 
Febre recorrente ou ondulante: caracteriza-se por período de temperatura normal que dura dias ou semanas 
até que sejam interrompidos por períodos de temperatura elevada. Durante a fase de febre não há grandes 
oscilações; por exemplo: brucelose, doença de Hodgkin e outros linfomas.
Término
Crise: quando a febre desaparece subitamente. Neste caso costumam ocorrer sudorese profusa e prostração. 
Exemplo típico é o acesso malárico.
Lise: significa que a hipertermia vai desaparecendo gradualmente, com a temperatura diminuindo dia a dia, 
até atingir níveis normais. Observado em inúmeras doenças.
EXAME DA PELE, DAS MUCOSAS E DOS FÂNEROS
►HIPODERME OU TECIDO CELULAR SUBCUTÂNEO
A avaliação semiológica do panículo adiposo se faz pela palpação, embora pela inspeção se possam obter 
alguns dados.
Por este procedimento, avalia-se a espessura do panículo adiposo, mas não é apenas sua quantidade que 
interessa à clínica médica, também a sua distribuição pelo corpo, variável em condições fisiológicas, 
conforme a idade e o sexo, e patológicas.
É preciso diferenciar o aumento do tecido adiposo de duas outras condições: pele espessada e edema 
intersticial. As sensações táteis e as características semiológicas de um e outro possibilitam a correta 
diferenciação.
► PELE
Serão sistematicamente investigados os seguintes elementos:
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◗ Coloração
Relembrar que a “cor da pele”, como um todo, foi anotada na identificação do paciente. Esse dado influi de 
modo considerável na apreciação das modificações da coloração.
As principais alterações da coloração da pele são:
- Palidez
A palidez deve ser pesquisada em toda a extensão da superfície cutânea, inclusive nas regiões 
palmoplantares. Para pessoas pardas e negras é interessante observar principalmente as regiões 
palmoplantares. 
Palidez generalizada:
- Vasoconstrição generalizada em consequência de estímulos neurogênicos ou hormonais;
- Redução real das hemácias – hemoglobina.
Palidez localizada ou segmentar – Isquemia é a causa principal. 
Deve-se pressionar a polpa do polegar por alguns segundo e observar que, em condições normais, o tempo 
necessário para que seja recuperada a cor rósea, indicadora do retornodo fluxo sanguíneo, é inferior a um 
segundo. 
-Vermelhidão ou eritrose
Significa exagero na coloração rósea da pele e indica aumento da quantidade de sangue na rede vascular 
cutânea, podendo decorrer de vasodilatação.
A vermelhidão compreende os seguintes tipos:
• Generalizada: observada nos pacientes febris, nos indivíduos que ficaram expostos ao sol, nos estados 
policitêmicos e em algumas afecções que comprometem toda a pele (escarlatina, eritrodermia, psoríase);
• Localizada ou segmentar: pode ter caráter fugaz quando depende de um fenômeno vasomotor (ruborização 
do rosto por emoção, ‘fogacho" do climatério), ou ser duradoura.
- Cianose
Significa cor azulada da pele e das mucosas. Manifesta-se quando a hemoglobina reduzida alcança no 
sangue valores superiores a 5 g/100 ml. 
A cianose deve ser pesquisada no rosto, especialmente ao redor dos lábios, na ponta do nariz, nos lobos das 
orelhas e nas extremidades das mãos e dos pés (leito ungueal e polpas digitais). Nos casos de cianose muito 
intensa, todo o tegumento cutâneo adquire tonalidade azulada ou mesmo arroxeada.
Quanto à localização, a cianose diferencia-se em:
• Generalizada: observada em toda a pele, embora predomine em algumas regiões.
• Localizada ou segmentar: apenas segmentos corporais adquirem coloração anormal, significando sempre 
obstrução de uma veia que drena uma região, enquanto a cianose generalizada ou universal pode ser causada 
por diversos fatores.
Quanto à intensidade, a cianose é classificada em três graus:
• Leve
• Moderada
• Intensa.
Há 4 tipos de cianose:
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• Cianose central: nesses casos, há insaturação arterial excessiva, permanecendo normal o consumo de 
oxigênio nos capilares. Ocorre principalmente nas seguintes situações:
o Diminuição da tensão do oxigênio no ar inspirado, cujo exemplo é a cianose observada nas grandes 
altitudes. 
o Hipoventilação pulmonar: não há ar atmosférico em quantidade suficiente para que se faça a hematose, por 
obstrução das vias respiratórias, diminuição da expansibilidade toracopulmonar, aumento exagerado da 
frequência respiratória ou por diminuição da superfície respiratória ( atelectasia, pneumotórax).
o Curto-circuito (shunt) venoarterial, como se observa em algumas cardiopatias congênitas (tetralogia de 
Fallot e outras).
• Cianose periférica: ocorre em consequência de perda exagerada de oxigênio na rede capilar, devido a 
estase venosa ou diminuição funcional ou orgânica do calibre dos vasos da microcirculação.
• Cianose mista: assim chamada, quando se associam mecanismos responsáveis por cianose central e 
periférica. Exemplo típico é a cianose em consequência de insuficiência cardíaca congestiva grave, na qual 
se relatam congestão pulmonar, impedindo adequada oxigenação do sangue, e estase venosa periférica, com 
perda exagerada de oxigênio.
• Cianose por alteração da hemoglobina: alterações bioquímicas da hemoglobina podem impedir a fixação 
do oxigênio neste pigmento. O nível de insaturação eleva-se até alcançar valores capazes de ocasionar 
cianose. É o que ocorre nas metemoglobinemias e sulfonoglobinemias provocadas por ação medicamentosa 
(sulfas, nitritos, antimaláricos) ou por intoxicações exógenas.
- Icterícia
Coloração amarelada da pele, das mucosas visíveis e da conjuntiva bulbar, resultante de acúmulo de 
bilirrubina no sangue.
A icterícia deve ser diferenciada de outras condições em que a pele, mas não as mucosas, pode adquirir 
coloração amarelada: uso de determinadas substâncias que impregnam a pele (p. ex., quinacrina), uso 
excessivo de alimentos ricos em carotenos (cenoura, mamão, tomate).
As principais causas são: hepatite infecciosa, hepatopatia alcoólica, hepatopatia por medicamentos, 
leptospirose, malária, septicemias, lesões obstrutivas das vias biliares extra-hepáticas (litíase biliar, câncer 
da cabeça do pâncreas) e algumas doenças nas quais ocorra hemólise (icterícias hemolíticas).
• A oxigenoterapia é eficaz no tratamento da cianose central e não influi na periférica; melhora também a 
cianose do tipo misto
• A cianose periférica diminui ou desaparece quando a área é aquecida
• A cianose das unhas concomitantemente com calor nas mãos sugere cianose central.
◗ Continuidade ou integridade
◗ Umidade
A verificação da umidade inicia-se pela inspeção, mas o método adequado é a palpação, por meio das polpas 
digitais e da palma da mão. Pela sensação tátil, pode-se avaliar a umidade da pele com razoável precisão.
Observa-se uma das seguintes possibilidades:
• Umidade normal: geralmente a pele tem certo grau de umidade que pode ser percebido ao se examinarem 
indivíduos hígidos
• Pele seca: a pele seca confere ao tato uma sensação especial. É observada em pessoas idosas, em algumas 
dermatopatias crônicas (esclerodermia, ictiose), no mixedema, na avitaminose A, na intoxicação pela 
atropina, na insuficiência renal crônica e na desidratação
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• Umidade aumentada ou pele sudorenta: pode ser observada em alguns indivíduos normais ou pode estar 
associada a febre, ansiedade, hipertireoidismo e doenças neoplásicas. Em mulheres na menopausa, a 
umidade excessiva da pele (sudorese) provém das ondas de calor.
◗ Textura
A textura da pele é avaliada deslizando-se as polpas digitais sobre a superfície cutânea, sendo possível 
constatar uma das seguintes alternativas:
 Textura normal: desperta uma sensação própria que a prática vai proporcionando, e é encontrada em 
condições normais
 Pele lisa ou fina: observada nas pessoas idosas, no hipertireoidismo e em áreas recentemente edemaciadas
 Pele áspera: observada nos indivíduos expostos às intempéries e que trabalham em atividades rudes, tais 
como lavradores, pescadores, garis e foguistas, e em algumas afecções como mixedema e dermatopatias 
crônicas 
 Pele enrugada: que se nota nas pessoas idosas, após emagrecimento rápido, ou quando se elimina o 
edema.
◗ Espessura
Para se avaliar a espessura da pele faz-se o pinçamento de uma dobra cutânea usando-se o polegar e o 
indicador. Há de se ter o cuidado de não englobar o tecido celular subcutâneo. Em outras palavras: pinçam-
se apenas a epiderme e a derme.
Essa manobra deve ser feita em várias e diferentes regiões, tais como antebraço, tórax e abdome.
Podem-se encontrar:
 Pele de espessura normal: é a observada em indivíduos hígidos
 Pele atrófica: acompanha-se de certa translucidez que permite ver a rede venosa superficial. É observada 
nos idosos, nos prematuros e em algumas dermatoses
 Pele hipertrófica ou espessa: é vista nos indivíduos que trabalham expostos ao sol. A esclerodermia é uma 
colagenose que tem no espessamento do tegumento cutâneo uma de suas características clínicas mais fáceis 
de observar.
◗ Temperatura
Antes de tudo, deve-se chamar atenção para não se confundir temperatura corporal com temperatura da pele. 
São coisas diferentes, embora com certa frequência estejam intimamente relacionadas.
Para avaliação da temperatura da pele usa-se a palpação com a face dorsal das mãos ou dos dedos, 
comparando-se com o lado homólogo cada segmento examinado.
A temperatura da pele varia entre amplos limites. Nas extremidades essas variações são mais acentuadas. É 
muito influenciada pela temperatura do meio ambiente, emoção, ingestão de alimentos, sono e outros 
fatores.
O aumento da temperatura da pele pode ser universal ou generalizado, e aí, então, trata-se da exteriorização 
cutânea do aumento da temperatura corporal (febre).
A causa principal do aumento da temperatura em áreas restritas ou segmentos corporais são os processos 
inflamatórios. A presença de calor e rubor é suficiente para o reconhecimento de um processo inflamatório. 
A dor pode ocorrer apenas quando provocada.
Quando há diminuição generalizada da temperatura corporal, trata-se de uma hipotermia. 
A hipotermia localizada ou segmentar traduz quase sempre redução do fluxo sanguíneo para uma 
determinada

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