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T.A.T - Teste de Apercepção temática Eduarda Silva Larissa Mariano Mahelly Oliveira Histórico e Fundamentos Teóricos ● Henry Murray (1893 - 1988) - BA em História na Universidade de Harvard, MA em Biologia, Dr da Clínica Psicológica de Harvard, Atraído pelas obras de Freud e Jung, dedicou-se ao estudo da imaginação e da organização da personalidade. ● Para o TAT, Murray partiu do princípio de que diferentes indivíduos, frente a uma mesma situação vital, a experimentam cada um a seu modo, de acordo com sua perspectiva pessoal. ● Murray e Christiana Morgan escolhem fotografias e pinturas de museus, revistas e filmes, que posteriormente foram redesenhadas por Morgan e Samuel Thal. ● Murray acreditava que a teoria de Freud sobre as pulsões inconscientes, sexuais e agressivas pecava por simplificar a complexidade da motivação humana. Então, desenvolveu sua personologia. Os conceitos centrais na Personologia É preciso considerar o indivíduo naquilo que ele tem de mais próprio na sua relação consigo e com o mundo. Identificar as necessidades e pressões percebidas pelo sujeito. Descobrir a direcionalidade de suas atividade mentais, verbais e físicas. ● Necessidade - construto que representa uma força, na região cerebral, que organiza a apercepção, percepção, intelecção, conação e ação, que é transformada em direção a uma situação insatisfatória. ● Pressões - são os determinantes do meio que podem facilitar ou impedir a satisfação da necessidade, representando a forma como o sujeito vê ou interpreta seu meio. Método Material do teste ● O TAT é uma técnica projetiva onde são apresentadas uma série de pranchas para o sujeito que deverá contar uma história . ● As histórias frequentemente revelam componentes da personalidade. ○ Interpretação de ambiguidade baseando-se em experiências passadas e anseios presentes. ○ Inclinação de agir de acordo com a história contada, utilizando suas experiências e expressando sentimento e necessidades conscientes e inconscientes Material do teste Tipo de Estímulo Convenção Universal Apenas o número Para Mulheres Número seguido de F Para Homens Número seguido de H Para crianças do sexo feminino (menina) Número seguido de M Para crianças do sexo masculino (rapaz) Número seguido de R ● 31 pranchas de situações humanas clássicas. ● A cada sujeto devem ser aplicados 20 estímulos, gerando um total de 20 histórias ● O grau de realismo é variável, sendo as 10 primeiras mais estruturadas e as 10 últimas menos. ● Impresso no verso de cada prancha, está apenas seu número ou o número seguido de letras. ● Os números indicam a ordem dos estímulos e as letras referem-se ao gênero e/ou idade dos indivíduos. Nesta edição para o Brasil, é adotada a seguinte convenção: Considerações e Notas ● TAT não é adequado para crianças. Recomenda-se o Children’s Apperception Test (CAT), deBellak e Bellak (Bellak e Abrams, 2000). ● A prancha 3RH tem se demonstrado mais produtiva para sujeitos do sexo feminino do que a correspondente 3 MF. Aconselha-se a substituição (Silva, 1989). Temas evocados pelos estímulos - Pranchas Experiências de Rapaport, Stein, Bellak, nos Estados Unidos, e de Silva (1989), no Brasil, em relação ao levantamento das áreas que costumam ser mobilizadas pelos estímulos do TAT. ● Prancha 1 (universal) O menino e o violino: Relação com autoridade/ Aspirações, objetivos, dificuldades e realizações do herói. ● Prancha 2 (universal) A menina no campo: Relações familiares, percepção do ambiente, nível de aspiração e atitude frente aos pais. ● Prancha 3 (masculina - feminina) Curvada/o sobre o divã (masculina)/ A jovem na porta (feminina): Tristeza, abandono, desespero, depressão, suicídio/ Desespero e culpa. ● Prancha 4 (universal) A mulher que retém o homem: Conflitos nas relações heterossexuais (abandono, traição, ciúmes) e Controle versus impulso. ● Prancha 5 (universal) A senhora na porta: Mãe-esposa (protetora, vigilante, castradora) / Atitudes antissociais / reações frente ao inesperado. ● Prancha 6 (masculina) O filho que parte: Relação com a figura materna (dependência-independência, abandono-culpa). ● Prancha 6 (feminina) Mulher surpreendida: Relação com a figura paterna. ● Prancha 7 (masculina) Pai e filho: Atitude frente à figura paterna. ● Prancha 7 (feminina) menina e boneca: Relação com a figura materna. ● Prancha 8 (masculina) A intervenção cirúrgica: Estímulo desconcertante/ Agressividade. ● Prancha 8 (feminina) Mulher pensativa: Conflitos atuais e conteúdos de devaneios. ● Prancha 9 (masculina) Grupo de vagabundos: Atitude frente ao trabalho e ao ócio, sentimentos quanto à própria capacidade e possibilidades de atuação/ Relação com o próprio grupo e homossexualidade. ● Prancha 9 (feminina) Duas mulheres na praia: Competência feminina, espionagem, culpa, perseguição/ Atitude frente ao perigo, ao desconhecido, ao proibido. ● Prancha 10 (universal) O abraço: Conflitos do casal e atitude frente a separação/ Relações heterossesuais satisfatórias. ● Prancha 11 (universal) Paisagem primitiva de pedra: Atitudes frente ao desconhecido, ao perigo, ao instintivo. ● Prancha 12 (masculina - infantil) O hipnotizador: Atitude frente a figuras de autoridade, à terapia e à própria situação de teste. ● Prancha 12 (feminina) Mulher jovem e velha: Atitude frente à figura da mão ou da filha, ao envelhecimento e ao matrimônio. ● Prancha 12 (infantil) Bote abandonado: Evoca fantasias desiderativas. ● Prancha 13 (adultos): Mulher na cama: Atitude dos desejos frente às mulheres e ao sexo, e às vezes sentimentos de culpa e atitude frente ao alcoolismo/ Sexualidade associada à agressividade. ● Prancha 13 (rapazes) Menino sentado na soleira: Evoca carências, solidão, abandono e expectativas. ● Prancha 13 (meninas) Menina subindo as escadas: Evoca carências, solidão, abandono e expectativas. ● Prancha 14 (universal) Homem na janela: Autoquestionamento, à contemplação e à aspiração. ● Prancha 15 (universal) No cemitério: Relação com a morte, culpa, castigo. ● Prancha 16 (universal) Em branco: Necessidades mais prementes/ relação transferencial. ● Prancha 17 (masculina O acrobata): Desejo de reconhecimento, narcisismo, exibicionismo. ● Prancha 17 (feminina) Aponte: Frustração, depressão, suicídio. ● Prancha 18 (masculina) Atacado por trás: A figura masculina, explicitamente, sofre uma agressão/ Vícios ou males físicos. ● Prancha 18 (feminina) Mulher que estrangula: A figura feminina é agente do comportamento agressivo/ Relações entre figuras femininas. ● Prancha 19 (universal) Cabana na neve: Necessidade de proteção e amparo frente a um ambiente inóspito. ● Prancha 20 (universal) Só sob a luz: Principais aflições e perspectivas do sujeito. Administração Preparação do Sujeito e do Ambiente de teste ● A maioria não precisa de preparo. ● Aos resistentes, indica-se começar com tarefas menos exigentes como um teste de inteligência. ● Crianças respondem melhor depois de sessões dedicadas a expressão de fantasias com barro ou brinquedos. ● O ambiente deve ser acolhedor e a psicóloga deve mostrar boa vontade e apreço. Instruções I. Primeira Sessão O sujeito deve sentar-se numa cadeira ou, então, reclinar-se num divã. As instruções serão lidas devagar, utilizando-se uma das seguintes formas: Forma A (aconselhável para adolescentes e adultos de graus médio de inteligência e cultura) Forma B (aconselhável para crianças, adultos pouco inteligentes ou de pouca instrução, como psicóticos) II. Segunda sessão É desejável que haja um intervalo de. pelo menos, um dia entre a primeira e a segunda sessão. O procedimento é semelhante ao anterior, mas com ênfase nasinstruções sobre a completa liberdade da imaginação. Forma A Forma B Prancha em branco III. Entrevista seguinte Análise e Interpretação das Histórias Formação do Examinador e Dados básicos exigidos ● Intuição leiga (in vacuo) é diferente da Intuição crítica ● Experiência na área clínica ● Conhecimento da Psicanálise (caso queira penetrar mais fundo nas interpretações) ● Treinamento do uso deste teste específico ➔ Idade e sexo do sujeito; se os pais estão vivos ou separados; idade e sexo dos irmãos; a profissão e o estado civil do sujeito Tipos de análise de conteúdo ➔ Método: Analisar cada evento sucessivo em relação (1) à força ou às forças provenientes do herói; e (2) à força ou às forças provenientes do meio. 1. O herói a. O personagem por quem o contador das histórias se mostra aparentemente mais interessado b. Em geral, será aquele(a) que mais se parece com o sujeito c. É em geral a pessoa, ou uma das pessoas, retratadas na prancha d. A pessoas que desempenha o principal papel no drama, aparecendo no começo e estando fortemente presente no desfecho. Possíveis complicações ● Haver uma sequência de heróis ● Tema endopsíquico composta de dois heróis ● Herói primário e herói secundário ● O sujeito pode identificar-se com um personagem do sexo oposto ● Heróis parciais ● O personagem principal pertence à parte objeto da relação sujeito-objeto. O sujeito não está se representando ou estaria por intermédio de um personagem secundário. Caracterização dos heróis: Superioridade (poder, capacidade) inferioridade, criminalidade, anormalidade psíquica, solidão, sentimento de pertinência, liderança e inclinação para discussões (grau em que se envolve em conflitos interpessoais) 2. Motivos, inclinações e sentimentos dos heróis: Tudo dependerá do que se pretende saber sobre o sujeito. Critérios de força de uma variável: Intensidade, duração, frequência e importância no enredo. ● Agressão (Emocional e verbal; Física, social; Física, associal; Destruição), Ajuda, Auto-agressão, Degradação, Desvelo, Dominância, Passividade, Realização, Sexo. ● Abatimento,, Conflito, Instabilidade Emocional. 3. Forças do ambiente do herói Atenção aos aspectos de Singularidade, Intensidade e Frequência, bem como verificar a ausência de elementos correntes. ● Aflição (Associativa e Emocional), Agressão (Emocional e verbal; Física, social; Física, associal; Destruição da propriedade), Ajuda, Danos físicos, Dominância (Coerção, Constrangimento, Indução/Sedução), Falta, Perda, Perigo físico (Ativo, Acidentes). 4. Desfecho/ Desenlace 5. Temas 6. Interesse e sentimentos Interpretação da Pontuação As conclusões que se chega por meio das histórias do TAT devem ser consideradas mais como bons “guias” ou hipóteses de trabalho a serem verificadas por outros métodos do que como fatos comprovados. ● Interpretação profunda ● Análise formal ● Confiabilidade Estudos de Validade no Brasil “ Para a validação das técnicas projetivas, Anzieu (1960/1981), entre outras recomendações, sugere pesquisas para padronização da aplicação de tais técnicas, estudos da relação sujeito-examinador, desenvolvimento de normas (a fim de impedir uma mera “interpretação configuracional intuitiva” e análise de cada elemento na configuração global dos resultados” Resolução CFP 009/2018 - - Anexo I - Atualizações (art.26 a 29) - TAT- SATEPSI (Sistema de Aval.dos Testes Psi) Estudos de Validade no Brasil (Silva 1983) Aborda o caráter “antigo” das pranchas do TAT e conclui que não há diferença na produção diante dos estímulos originais do instrumento ou de cartões com detalhes modernizados. - Pranchas universais, série feminina e 3RH - 48 estudantes universitárias - Classificar como “antigo, “moderno” ou indefinido - Categorias (épocas distantes, época indefinida - adaptação(modernização)) Ex.: A prancha 7MF foi radicalmente modificada a fim de evidenciar mais claramente uma situação de maternidade. 2 etapa - 30 alunas psi (19-32 anos) - aplicação do teste conforme Murray - Respostas avaliadas quanto ao grau de ambiguidade, grau de projeção, tônus emocional e temas mais frequentes Surgem as hipóteses! Estudos de Validade no Brasil Ex: Hipótese quanto ao grau de projeção - Características de época “antigas” produzem um grau de projeção inferior ao das características de épocas atuais e indefinidas Em relação a essa variável, apenas as pranchas 6 e 6ad apresentaram diferença significante, e no sentido inverso ao previsto: o grau de projeção da prancha “antiga” foi superior ao do estímulo adaptado. A conclusão decorrente dos vários aspectos analisados neste trabalho é que a variável “característica de época” não influencia significativamente o grau de ambiguidade, projeção e tônus emocional das pranchas do Teste de Apercepção Temática de Murray. Sendo assim não há nenhuma vantagem em alterar os estímulos originais do TAT para atualizar sua aparência pois além de manterem suas características desejáveis como estímulos projetivos, já são validados por inúmera literatura. Estudos de Validade no Brasil - Outros Miranda (2000) Investigou os aspectos psicodinâmicos que envolvem a personalidade de autores de crimes sexuais cometidos contra criança. - entrevista e TAT - 11 detentos -SP Foram detectados: presença de profundas frustrações na satisfação de necessidades básicas; sentimento de perda afetiva, abandono, rejeição e rigidez tanto da figura paterna quanto materna, sentimentos ambivalentes dirigidos à figura do sexo oposto...etc. Os dados fornecidos pelo TAT mostram-se coerentes com as hipóteses psicodinâmicas levantadas, o que constitui evidência de validade discriminante. Nunes (1990) Investigou relações entre fracasso escolar, desamparo adquirido e depressão em crianças de nível socioeconômico baixo.
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