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A importência do vínculo mãe-bebê no processo de desenvolvimento na primeira infância

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FACULDADES INTEGRADAS DE JAU – FIJ 
CURSO DE PSICOLOGIA 
 
ELAINE VALENTINA GIMENEZ 
REBECA OLIVEIRA DOS SANTOS ROJO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO MÃE-BEBÊ NO PROCESSO 
DE DESENVOLVIMENTO NA PRIMEIRA INFÂNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JAÚ/SP 
2013 
 
 
ELAINE VALENTINA GIMENEZ 
REBECA OLIVEIRA DOS SANTOS ROJO 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO MÃE-BEBÊ NO PROCESSO 
DE DESENVOLVIMENTO NA PRIMEIRA INFÂNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JAÚ/SP 
2013 
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em 
Psicologia das Faculdades Integradas de Jaú, como 
parte dos requisitos para obtenção de 
BACHARELADO EM PSICOLOGIA, elaborada sob 
orientação da Prof.ª Drª. Elaine C. Gardinal Pizato. 
 
 
Autorizamos a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer 
meio 
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a 
fonte. 
Catalogação da Publicação 
Serviço de Documentação das Faculdades Integradas de Jaú 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação na fonte Bibliotecária: Yone da Silva – CRB 8/7465 
 
 
 
G491i 
 Gimenez, Elaine Valentina 
 A importância do vínculo mãe-bebê no processo de desenvolvimento 
na primeira infância / Elaine Valentina Gimenez; Rebeca Oliveira Santos 
Rojo. Jaú : Faculdades Integradas de Jaú, 2013. 
 50f. 
 
 Orientadora: Profª. Drª. Elaine Cristina Gardinal Pizato 
 Monografia (Graduação) – Facu ldades Integradas de Jaú. Centro de 
Ciências da Saúde. Faculdade de Psicologia. 
 
1. Vínculo. 2. Relação mãe-bebê. 3. Teoria do apego. I. Rojo, Rebeca 
Oliveira dos Santos II. Pizato, Elaine Cristina Gard inal. III Faculdades 
Integradas de Jaú. Centro de Ciências da Saúde. Faculdade de 
Psicologia. VI. Título. 
 CDD 155 
 
 CDD 158.2 
 
 
 
ELAINE VALENTINA GIMENEZ 
REBECA OLIVEIRA DOS SANTOS ROJO 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO MÃE-BEBÊ NO PROCESSO DE 
DESENVOLVIMENTO NA PRIMEIRA INFÂNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Data da aprovação: 24/10/2013. 
 
 
__________________________________ 
Drª ELAINE CRISTINA GARDINAL PIZATO 
 
 
 
__________________________________ 
Ms. GLAURA MARIA SAJOVIC VERDIANI 
 
 
____________________________________________ 
Drª MARIA RENATA MACHADO VAZ PINTO COELHO 
 
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em 
Psicologia das Faculdades Integradas de Jaú, como 
parte dos requisitos para obtenção de 
BACHARELADO EM PSICOLOGIA, elaborada 
sob orientação da Prof.ª Drª. Elaine C. Gardinal 
Pizato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho à minha família, 
Pois cada um a sua maneira contribuiu para que 
eu pudesse avançar mais uma etapa da minha vida. 
Elaine Valentina Gimenez 
 
Dedico este trabalho aos meus filhos, 
Por terem sido o sentido, a força e motivação de continuar essa jornada que aqui se 
finda e principalmente por serem motivos para o meu viver. 
Rebeca O. dos Santos Rojo 
 
 
 
 
 
 
 
Acima de tudo agradeço a Deus nosso Senhor, 
Agradeço também à minha mãe Maria, ao meu irmão Fernando e a minha amiga 
Cris, pessoas maravilhosas que sempre me deram forças diante das dificuldades 
encontradas ao longo desses cinco anos. 
À minha orientadora pela atenção e paciência. 
Aos professores que contribuíram para minha formação como psicóloga. 
Elaine Valentina Gimenez 
 
 
 
Agradeço primeiramente a Deus, Nosso Pai, a minha mãe pelas noites de cuidado 
desprendidas a meus filhos, 
À querida Drª Camélia S. Murgo, pelo suporte, orientação e atenção direcionados a 
mim nas madrugadas da vida, 
À minha querida orientadora Drª Elaine G. Pizato por todo trabalho e atenção precisa 
nos momentos de dificuldades, 
Aos queridos professores que ajudaram a construir esta profissional prestes a 
graduar-se. 
Rebeca O. dos Santos Rojo 
 
 
 
 
 “Epígrafe”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que desfrutamos uma vez, jamais poderemos perder. 
Hellen Keller 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO MÃE-BEBÊ NO PROCESSO DE 
DESENVOLVIMENTO NA PRIMEIRA INFÂNCIA 
 
Um tema de grande relevância para a Psicologia é sobre o vínculo mãe-bebê. 
Grandes teóricos elaboraram suas teorias diante de informações que resultam dos 
estudos acerca da influência da figura materna para o desenvolvimento da criança. 
Com isso surgiu à necessidade de conhecer e descrever a importância do papel da 
mãe na interação com o filho desde o nascimento ao final dos três anos de idade, 
onde a criança utiliza uma diversidade de fatores intrínsecos e extrínsecos para a 
construção de sua personalidade. Para esta finalidade investigou-se o vínculo mãe-
bebê, como também se levantou e pontuou acerca dos benefícios desta inter-
relação no processo de estruturação da personalidade do bebê, cujo trabalho 
utilizou-se uma revisão em livros e nas bases de dados. Sua estrutura se deu sobre 
um embasamento teórico focado principalmente na figura materna, permeando pelo 
desenvolvimento cognitivo, físico-motor e psicossocial e por último, discutindo o que 
as pesquisas atuais trazem sobre resultados diante da existência e privação do 
vínculo mãe-bebê. Com esta revisão conclui-se que, embora haja resultados 
positivos e negativos no que tange a vinculação mãe-bebê, a criança pode obter 
outros meios para que possa alcançar um bom desenvolvimento, mesmo que não 
possua a figura materna presente. 
 
Palavras-chave: Vínculo. Relação mãe-bebê. Teoria do apego. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
THE IMPORTANCE OF THE LINK BETWEEN MOTHER AND BABY INTO THE 
DEVELOPMENT PROCESS IN FIRST CHILDHOOD 
 
This is a huge theme about the link between mother and baby to Psychology. 
Many theorists prepare their theories with information that result from studies about 
the mother’s figure influence to the development of the child. Because of this, there 
is the necessity to know and describe the importance of the mother’s actuation in 
the interaction with the son-daughter from the birth to the end of the third year, 
where the child uses a diversity of factors, intrinsic and extrinsic ones, to build 
his/her personality. To this finality the link mother-baby was investigated, also it 
was pointed about the benefits of this inter-relationship into the process of the 
baby’s personality organization, which work used information form a review from 
books and data basis. Its structure was upon a based theory focused into the 
mother’s figure, through the cognitive, physical-motor and psych-social 
developments and at the end, discussing on what the actual researches show 
about the results front the existence and privation of the mother-baby link. With this 
review we can conclude that although positive and negative results about this link 
appear, the chi ld can obtain other means to reach a good development, even 
though without the mother’s figure presence. 
 
Key words: Link. Mother-baby relationship. Theory of affection. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 1 - Os seis subestágios do Estágio Sensório-Motor do DesenvolvimentoCognitivo de Piaget............................................................................................................... 19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 1 - Marcos no Desenvolvimento da Linguagem do Nascimento aos 36 meses.
 ................................................................................................................................................. 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12 
1.1 OBJETIVOS GERAIS............................................................................................... 12 
1.1.1 Objetivos Específicos............................................................................................ 13 
1.2 METODOLOGIA........................................................................................................ 13 
2 DESENVOLVIMENTO HUMANO: A INFLUÊNCIA DA MÃE EM UMA 
PERSPECTIVA TEÓRICA .................................................................................................. 14 
2.1 O Desenvolvimento Humano sob a luz da psicanálise....................................... 14 
2.2 A contribuição de Jean Piaget ................................................................................ 18 
2.3 Urie Bronfenbrenner e sua teoria contemporânea do Desenvolvimento ......... 22 
3 DESENVOLVIMENTO HUMANO: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ............. 25 
3.1. Desenvolvimento Cognitivo ..................................................................................... 25 
3.1.1. Abordagem behaviorista ...................................................................................... 25 
3.1.2. Abordagem psicométrica ..................................................................................... 25 
3.1.3. Abordagem piagetiana .......................................................................................... 27 
3.1.4. Abordagem do processamento de informações............................................ 28 
3.1.5. Abordagem da neurociência cognitiva: ........................................................... 28 
3.1.6. Abordagem sociocontextual: .............................................................................. 28 
3.2. Desenvolvimento Físico e Motor ............................................................................ 30 
3.3. Desenvolvimento Psicossocial................................................................................ 33 
4 O VÍNCULO E SUA IMPORTÂNCIA ........................................................................ 38 
4.1 O Estabelecimento do vínculo: resultados de uma boa e má vinculação com a 
mãe...... ................................................................................................................................... 38 
4.2 O psicólogo e sua importância à conscientização junto à família sobre o 
vínculo..................................................................................................................................... 45 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 47 
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 48 
12 
 
1 INTRODUÇÃO 
Este trabalho traz em sua pesquisa um tema muito pertinente para a atualidade, 
embora seja largamente estudado ao longo da Psicologia. O motivo que incentivou 
esta revisão literária é pautado nas informações que a mídia vem trazendo acerca 
das crianças em vulnerabilidade social, onde é observada a falta de um suporte 
familiar, em especial a ausência de um vínculo com os pais, enfatizando a figura 
materna. A literatura traz alguns teóricos fundamentais à Psicologia, que 
contribuíram acerca deste tema pertinente e ainda atual, haja visto que estudos 
ainda pontuam informações de suma importância buscando entender o 
comportamento do indivíduo que tenha ou não usufruído deste vínculo familiar, em 
especial à mãe. Com esta pesquisa busca-se conscientizar a sociedade sobre a 
importância de construir e manter junto à criança um bom relacionamento pautado 
na segurança e afetividade, para que ao necessitar de suporte familiar saiba que 
pode obter no seio familiar. Assim sendo, poder-se-á alcançar indivíduos mais 
seguros frente os revezes da vida. O trabalho está estruturado em três capítulos. O 
primeiro busca apresentar um embasamento teórico acerca do vínculo mãe-bebê. 
No segundo capítulo, é abordado a respeito do desenvolvimento humano físico-
motor, psicossocial e cognitivo da criança na primeira infância. O terceiro e último 
capítulo prevê abordar a importância deste vínculo apresentando alguns resultados 
que os estudos mostram acerca da criança que possui uma boa vinculação com a 
mãe, em contraponto, as dificuldades que a criança apresenta com a privação de 
contato. Também encontrar-se-á o papel do psicólogo, visando enfatizar quão 
pertinente é disseminar as informações aqui apresentadas. Com isso espera-se 
promover esta conscientização tanto aos profissionais em contato com a criança 
como à família. 
 
1.1 OBJETIVOS GERAIS 
 
Uma das perspectivas desta pesquisa é conhecer e descrever a importância 
do papel da mãe na interação com o filho desde o nascimento ao final dos três anos 
13 
 
de idade, quando a criança uti liza uma diversidade de fatores intrínsecos e 
extrínsecos para a construção de sua personalidade. 
 
1.1.1 Objetivos Específicos 
 
Para tanto, é necessário: 
 Investigar acerca da criação do vínculo mãe-bebê; 
 Levantar os benefícios desta interrelação no processo do desenvolvimento da 
criança. 
 
1.2 METODOLOGIA 
 
A metodologia desta pesquisa é um levantamento bibliográfico, o qual seu 
material utilizado originou-se de livros técnicos pertinentes ao tema escolhido, como 
também artigos científicos. As bases de dados utilizadas para a obtenção destes 
artigos foram: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online, 
como também bibliotecas virtuais em universidades brasileiras. Vale ressaltar que foi 
encontrado um grande acervo de discussão sobre o tema referido. O critério utilizado 
para a seleção do material se deu sobre sua relevância na contribuição para esta 
pesquisa. 
14 
 
2 DESENVOLVIMENTO HUMANO: A INFLUÊNCIA DA MÃE EM UMA 
PERSPECTIVA TEÓRICA 
 
A relação mãe-filho é um tema amplamente discutido pela literatura, desde os 
tempos mais remotos até a atualidade. Através dos estudos desenvolvidos pela 
Psicologia observa-se que alguns comportamentos, pensamentos e até mesmo 
traços de personalidade origina-se do relacionamento mãe e filho. Embora com 
algumas vertentes teóricas distintas, é possível afirmar que todas convergem para a 
importância deste vínculo desde a mais tenra idade. Diante disso, esta pesquisa 
apresentará contribuições de alguns teóricos acerca do tema. 
 
2.1 O Desenvolvimento Humano sob a luz da psicanálise 
 
 Em se tratando do desenvolvimento humano, a psicanálise, uma das 
pioneiras, procurou esclarecer o mesmo através de fases. Bee (1997) relata que um 
dos precursores sobre o desenvolvimento da psique humana foi Freud, o qual 
apresentou uma estrutura da personalidade dividida em três partes, sendo elas: Id, 
ego e superego. Segundo ele o id obtém a libido (impulso instintivo), o ego, por sua 
vez, é composto por um conteúdo mais consciente que executa a personalidade, e 
por último o superego sendo o centroda consciência e moral, composto pelas regras 
e limites morais da família e da sociedade. Diante disso, Freud (1925) apud Bee 
(1997) ressalta que o bebê recém-nascido não possui tais estruturas delimitadas. O 
autor contribui com as pontuações acerca das características dos estágios 
psicossexuais. Para ele, o recém-nascido busca saciar seu prazer libidinal 
estimulando suas zonas erógenas orais, como o ato de sugar, conhecida como fase 
oral. 
Sandim (2011) exemplifica a fixação desta fase em um adulto cujo 
comportamento de se dá em fumar, comer demasiadamente, falar demais, roer 
unhas, ou seja, tudo que envolva a zona erógena – a boca. Posteriormente a 
criança adentra na fase anal, cujo prazer se dá no controle esfincteriano, pois 
consegue expelir os excretos por voluntariedade. Pode usar desse mecanismo de 
15 
 
expulsão para conseguir atenção desejada, ao expeli-la em local ou momento 
inoportuno visando à atenção da mãe. Nessa fase, percebem-se traços de 
personalidade de poder e controle, onde o adulto produz comportamentos de 
avareza, devido inconscientemente o dinheiro estar relacionado a algo sujo, assim 
como as fezes. (SANDIM, 2011). 
O desenvolvimento humano na teoria freudiana ainda segue pelas fases 
fálica, latência e genital. Um desenvolvimento livre de neuroses é aquele em que a 
criança obtém satisfação de suas necessidades como cada estágio prevê. Portanto, 
baseado nos escritos de Freud, os primeiros anos de vida são cruciais para o 
desenvolvimento da personalidade do indivíduo, sendo a interação com a figura 
materna imprescindível nesse processo. Freud (1969) acrescenta ainda que, 
inicialmente, a criança busca satisfação sexual vinculando sua libido ao seio 
materno, fonte da sua nutrição, perdendo-o posteriormente, no qual é o período que 
já obtém a representação total da figura que detinha o objeto do prazer, ou seja, a 
figura completa da mãe, portanto, no ato da amamentação, a criança estrutura seus 
relacionamentos amorosos. Posteriormente, a criança busca este prazer 
anteriormente satisfeito através da nutrição, aprendendo a amar outras pessoas que 
saciam seus sentimentos de desamparo. Aponta ainda, que com os atos maternos 
emitidos ao bebê como beijo, abraço, carícia, entre outros, embora sejam de cunho 
terno, a mãe desperta na criança sua pulsão sexual, preparando para buscar este 
prazer posteriormente, ainda que em outro objeto. Contudo, enfatiza veemente a 
suma importância da mãe ter essa consciência diante da sexualidade do bebê e a 
importância da pulsão sexual ser saudável para a vida psíquica da criança, 
preparando-a para todas as suas realizações futuras, pois a mãe está ensinando 
seu bebê a amar. Um dos pontos cruciais nesse contexto se dá quando a criança 
emite uma insaciável demanda de ternura dos pais, o qual Freud (1969) alude um 
prenúncio de neurose posterior. Freud (1925) apud Klein (1969) relata que a criança 
possui um estado de angústia quando a figura materna é ausentada. Os autores 
convergem com a ideia de o bebê não possuir bem definida a sensação de ausência 
temporária ou uma perda definitiva da mãe. Sendo assim, Klein (1969) conclui que a 
criança busca a presença da mãe para suprir a sua angústia inspirada pelo 
superego, com isso a criança desenvolve seu ego. 
16 
 
Seguindo as ideias de Freud (1925) e Klein (1945) apud Bee (1997), Erik 
Erikson (1959) apud Bee (1997) parti lha dos preceitos básicos acerca do 
desenvolvimento, entretanto com algumas ressalvas. Uma delas é a não priorização 
do impulso sexual em sua teoria, mas sim, o surgimento do senso de identidade, 
gradativamente, enfocando no desenvolvimento psicossocial tendo sua conclusão 
na fase adulta, divergindo de Freud e Klein no que tange a construção da 
personalidade ser primordial nos primeiros anos de vida. 
Porém, como Freud, Erikson delimita fases para o desenvolvimento, com 
algumas peculiaridades com o foco fundamental nas relações sociais, como também 
a extensão das fases à idade adulta, contrapondo-se à Freud. Ele acreditava que é 
na infância onde se inicia um ciclo de desenvolvimento influenciável, modificando a 
personalidade da criança até atingir a fase adulta. O indivíduo cresce à medida que 
passa por exigências internas tanto do seu ego como do meio. Então, em cada 
estágio o ego passa por uma crise que resulta em positivo ou negativo, dando 
origem a um ego mais firme e rico ou enfraquecido e fragilizado, respectivamente 
(RABELLO E PASSOS, 2013). 
Para o autor acima citado, essas crises dão os nomes às fases que a criança 
presenciará. Passando positivamente por elas, o ego instaura-se mais forte ou 
fragilizado como já mencionado. As fases, segundo Erikson (1987) apud Rabello e 
Passos (2013) são: 
 Confiança básica versus Desconfiança básica; 
 Autonomia versus Vergonha e Dúvida; 
 Iniciativa versus Culpa; 
 Diligência versus Inferioridade; 
 Identidade versus Confusão de Identidade; 
 Intimidade versus Isolamento; 
 Generatividade versus Estagnação; 
 Integridade versus Desespero. 
 
Este trabalho se atentará às fases “Confiança básica versus Desconfiança 
básica” e “Autonomia versus Vergonha e Dúvida” por abarcar a faixa etária proposta. 
Inicialmente, trata-se do estágio “Confiança básica versus Desconfiança” (grifo 
17 
 
nosso), que corresponde à fase oral citada por Freud em seus estudos. De acordo 
com Erik Erikson (1959) apud Bee (1997) esse estágio é marcado pela figura 
materna como fundamental para o estabelecimento de confiança básica para a 
criança. O bebê necessita satisfazer seus anseios de aconchego, conforto e 
saciedade, o qual para satisfazer tal necessidade, a mãe necessita amar 
consistentemente e responder prontamente às necessidades do bebê para que a 
confiança vá tecendo-se, caso contrário, a criança torna-se desprovida de confiança, 
cujo conceito é utilizado posteriormente por Bowlby (1989) em sua teoria do apego. 
É a primeira relação social do bebê, onde ele aprende a lidar com a força básica 
(grifo do autor), que para Erikson (1987) apud Rabello e Passos (2013) cada fase 
produz uma força, sendo essa a originária a chamada “esperança”. Diante da 
ausência da mãe, o bebê cria esperança de tê-la novamente, e com seu regresso, o 
bebê percebe que é possível querer e esperar porque irá alcançar seu desejo. 
Sendo assim aprende a concepção de confiança, pois o mundo é bom, caso 
contrário, cria decepções, tendo o sentimento que o mundo é mau. Para o bebê a 
mãe é um ser supremo e diante da experiência positiva, seu ego fortalece, caso 
contrário, o bebê cria o idolismo, ou seja, o culto ao heroi, achando que nunca 
superará o nível da mãe. (RABELLO E PASSOS, 2013). 
A fase seguinte é “Autonomia versus Vergonha e Dúvida”, correspondente à 
fase anal da contribuição de Freud (1925) apud Bee (1997). A criança já possui mais 
autonomia, devido obter controles musculares, ocorre então à fase da exploração ao 
novo. Com isso percebe que não pode fazer tudo o que quer, pois é o momento em 
que as regras começam a serem presentes em suas ações. Esse controle social dá 
início ao aprendizado. Rabello e Passos (2013) incita que os adultos utilizam do 
conceito “vergonha” para ensinar a criança o certo e errado, como também 
desprendendo autonomia para a criança aprender. Porém, ressalta-se a importância 
para não expor demasiadamente a criança a essa vergonha, pois é possível 
desencadear um indivíduo dissimulado ou com extrema vergonha pondo em dúvida 
duas potencialidades e capacidades. Para Rabello e Passos (2013) que citam 
Erikson (1976, p. 234): “A vergonha precederia a culpa, sendo esta última derivada 
da vergonha avaliada pelo superego”. 
Com a aprendizagemdo controle social e autocontrole a criança adquire o 
conceito de “vontade”, aprendendo a utilizá-la na manipulação de objetos, 
18 
 
locomoção, o conceito de “eu” no diálogo, tornando-se cada vez mais independente. 
É imprescindível cuidado dos pais para saber equilibrar a autonomia da criança, pois 
se exigida demais, diminuirá sua autoestima, em contrapartida, se pouco exigida 
causará sensação de abandono e dúvidas de sua capacidade. Diante disso Rabello 
e Passos (2013) enfatizam a necessidade dos pais ensinarem a criança ter 
autonomia, entretanto é necessário também estar sempre presente para auxi liar nos 
momentos que a criança sentir dificuldades e duvidar de suas capacidades. 
 
2.2 A contribuição de Jean Piaget 
 
Bee (1997) cita que na abordagem cognitivo-desenvolvimental, um grande 
teórico destaca-se por sua contribuição, seu nome é Jean Piaget. Diante de algumas 
observações acerca de comportamentos a um grupo de crianças com a mesma faixa 
etária, o teórico generaliza comportamentos semelhantes entre elas. 
Comportamentos esses, que preveem soluções de problemas e dificuldades de igual 
modo dentre este grupo. Seus estudos remetem ao pressuposto de que a criança 
busca adaptar-se ao meio, não apenas ser modelado por ele, mas, buscar 
ativamente a compreensão deste ambiente, examinando e manipulando os objetos e 
pessoas. (PIAGET, 1932; 1952; 1954; 1970; 1977 apud BEE, 1997). 
Para entender a contribuição de Piaget, é necessário atentar para o conceito 
de esquemas. O autor do livro “Inteligência e Afetividade da Criança na Teoria de 
Piaget” Barry J. Wadsworth (1997) diz que o esquema abarca a concepção de um 
repertório de ações, de cunho físico e mental, para efetuar algum ato ou 
comportamento. Sendo assim, o bebê possui uma limitação nesse repertório de 
esquemas inatos. De acordo com o seu desenvolvimento maturacional, a criança vai 
criando novas categorias baseadas nesses esquemas inatos, diante da comparação 
de um objeto a outro. Todo esse processo se origina de três processos básicos: 
assimilação, acomodação e equilibração, ou seja, absorver o novo evento, mudar o 
esquema mental (atualizar) e por último diante da adaptação do novo esquema 
equilibrar-se, respectivamente. 
19 
 
O desenvolvimento humano na visão de Freud, Erikson e Piaget, pode ser 
classificado em estágios e fases. Vale ressaltar, que Piaget (1971) apud Wadsworth 
(1997) enfatiza a importância do ambiente na influência da construção cognitiva do 
bebê. Bee (1997) menciona baseada em Piaget (1932; 1952; 1954; 1970; 1977), 
que, embora haja um desenvolvimento linear, nem todas as crianças conseguem 
atingir todos os estágios. Piaget (1971) apud Wadsworth (1997) pontua este 
desenvolvimento em quatro estágios, a saber: 
 Estágio sensório-motor: período que compete do nascimento até os 18 
meses; 
 Estágio pré-operacional: dos 18 meses aos seis anos; 
 Estágio operacional-concreto: dos seis aos 12 anos; e por último; 
 Estágio operacional formal: a partir dos 12 anos (PIAGET, 1971 apud 
WADSWORTH, 1997). 
Esta pesquisa visa se atentar basicamente ao estágio sensório-motor e a 
partes do estágio pré-operacional pertinente à idade pontuada neste trabalho, o qual 
Piaget relata a formação dos esquemas da criança a partir de sua perspectiva do 
que sente e suas ações motoras. 
Quadro 1 - Os seis subestágios do Estágio Sensório-Motor e Estágio 
Pré-Operacional do Desenvolvimento Cognitivo de Piaget. 
SUBESTÁGIOS 
DESCRIÇÃO 
Subestágio 1 – 
nascimento até 01 
mês 
(uso de reflexos) 
 
Os bebês exercitam seus reflexos inatos e ganham certo controle sobre eles. 
Não coordenam informações dos sentidos. Não pegam um objeto que estão 
olhando. Com algumas semanas, observa-se o bebê já procurando o seio 
materno para saciar a fome, invés de esperá-lo chegar à boca. Diante do 
estímulo externo, percebe-se que o bebê vai construindo seus esquemas 
primários, embora ainda não saiba diferenciar entre o objeto e a si mesmo, no 
âmbito afetivo não possui consciência de sentimentos, apenas a sensação de 
fome e saciedade; 
 
Subestágio 2 – 01 a 
04 meses 
( reações circulares 
primárias) 
Os bebês fazem as primeiras adaptações adquiridas, isto é, sugam objetos 
diferentes de maneiras diferentes. Eles começam a coordenar informações 
sensórias e a agarrar objetos. Alguns comportamentos vão se originando de 
acordo com as experiências do bebê através da interação com o meio, por 
exemplo, a coordenação de levar o dedo à boca, movimentação da cabeça 
em busca da direção sonora emitida, levando-se a concluir que o bebê 
começa a associar os sentidos de visão e audição, nesse período a criança já 
demonstra haver afeto, entretanto não emitido a outrem, pois ainda não 
diferenciasse de si e as demais pessoas; 
20 
 
Subestágio 3 – 04 a 
08 meses 
(reações circulares 
secundárias) 
 
Os bebês interessam-se mais pelo ambiente e repetem ações que trazem 
resultados interessantes e prolongam experiências interessantes. As ações 
são intencionais, mas inicialmente, não são orientadas a metas. Período que a 
criança começa distinguir-se do outro, tanto a si como os objetos, já ocorre 
uma intencionalidade primitiva; 
Subestágio 4 – 08 a 
12 meses 
(coordenação dos 
esquemas 
secundários) 
 
O comportamento é mais deliberado e proposital à medida que os bebês 
coordenam esquemas previamente aprendidos (como olhar e pegar o 
chocalho) e usam comportamentos anteriormente aprendidos para atingir seus 
objetivos (como engatinhar para alcançar o brinquedo). Podem antecipar 
acontecimentos. Consegue prevê e antecipar situações do objeto manuseado, 
tornando evidente que a criança demonstra ter consciência de que os objetos 
tem utilidade para diversas coisas. Sobre o afeto percebe -se que os 
sentimentos são utilizados para obterem algumas finalidades, diante disso a 
criança já experimenta conscientemente a sensação de sucesso e fracasso, 
no que tange o conteúdo afetivo da situação. 
 
Subestágio 5 – 12 a 
18 meses 
(reações circulares 
terciárias) 
Os bebês demonstram curiosidade e experimentação; vairam propositalmente 
suas ações para obter resultados. Eles exploram ativamente seu mundo para 
saber em que aspecto um objeto, acontecimento ou uma situação são novos. 
Experimentam novas atividades e usam o método de tentativa e erro para 
resolver problemas. a criança utiliza de seus esquemas cognitivos para 
resolver situações em experimentação, criando assim novos esquemas 
cognitivos. Piaget, então, enfatiza que é nesse momento que se pode concluir 
que é um comportamento de inteligência, pois a criança está formulando 
resoluções de problemas. No campo da afetividade, instala-se o gostar ou não 
gostar das situações, pessoas, entre outros, pois a criança já tem noção do 
seu eu. 
Subestágio 6 – 18 a 
24 meses 
 
Uma vez que sabem representar os acontecimentos mentalmente, as crianças 
não se restringem mais à tentatia e ao erro para resolver problemas. O 
pensamento simbólico permite que a criança comece a pensar sobre os 
acontecimentos, antecipe suas consequencias sem sempre ter que recorrer à 
ação. As crianças começam a demonstrar compreensão. São capazes de 
utilizar símbolos, como gestos e palavras, e saber fazer de conta. Por 
exemplo, se a criança ouve a palavra cadeira, em sua mente constrói a 
imagem ilustrada referente a palavra ouvida. Através de sua capacidade de 
gostar e não gostar, ela a utiliza para escolher o que quer ou não. O mesmo 
ocorre em situação de inter-relação com os demais membros de seu convívio. 
 
 Fonte: Adaptado de Papalia, Olds e Feldman (2008). 
Dando continuidade ao que Piaget (1971) apud Wadsworth (1997) menciona 
acerca sobre o desenvolvimentohumano à fase que é previsto neste trabalho, a 
criança ao atingir os 24 meses, já não se encontra mais no estágio sensório-motor, 
entrando agora o estágio pré-operacional que permeia até os sete anos. Entretanto 
será relatado apenas o que compete ao início. 
É observado que a criança apresenta eventos já internalizados com a 
construção de novos esquemas adquiridos na fase sensório-motora. A imitação 
21 
 
diferida agora é evidente, ou seja, a imitação de objetos e eventos que se encontram 
distantes da criança há algum tempo. Com isso Wadsworth (1997) enfatiza que a 
criança emite a representação mental do evento ou objeto, em outras palavras, 
existe a recordação. A criança passa também a utilizar de alguns objetos imputando 
nestes, outros conceitos, como por exemplo: pegar uma calculadora e brincar de 
telefone com ela. Esse recurso é chamado de jogo simbólico. As garatujas 1 agora 
estão presentes procurando externalizar aquilo que a criança tem em mente. Ocorre 
o desenvolvimento da linguagem falada, o qual a criança pode obter uma interação 
muito mais ampla e precisa. Em suma, a partir do estágio pré-operacional, a criança 
abrange seu meio, trocando e recebendo informações que influenciam grandemente 
em seu desenvolvimento. 
Piaget (1971) apud Wadsworth (1997) enfatiza que é na interação com outras 
pessoas que a criança obtém a desequilibração relativa para obtenção de novos 
esquemas, interação essa que abrange todos os ambientes oferecidos para a 
criança. Papália, Olds e Feldman (2006) baseados na conceituação de Rogoff, 
(1990, 1998), Rogoff, Mistry, Göncü e Mosier (1993) vem acrescentar acerca da 
importância na relação da criança com a família ressaltando a importância da 
participação guiada, como as interações recíprocas com adultos que organizam as 
atividades a serem desenvolvidas pelas crianças, criando uma conexão entre o 
entendimento da criança e do adulto. Comparti lhando a ideia de Piaget, Papália et 
al. (2006) adentra que essa participação acontece comumente nas brincadeiras e 
atividades diárias, onde as crianças conquistam de forma natural, habilidades, 
conhecimento e valores relevantes em sua cultura. 
Papália et al. (2008) convergem com Piaget onde enfatizam que da 
maturação do cérebro, informando que é durante os primeiros meses e anos de vida 
que este órgão passa por um crescimento notório e também por uma reorganização, 
porém algumas dessas mudanças estão diretamente ligadas ao desenvolvimento da 
linguagem. A frequência com que os pais ou cuidadores leem para as crianças e a 
 
1 Garatujas: É experimentando traços aparentemente sem nexo - as chamadas garatujas - que as 
crianças pequenas desenham na tentativa de representar o que interpretam do mundo à sua volta. 
(Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/desenvolvimento-e-
aprendizagem/importancia-garatuja-educacao-infantil-crianca-520247.shtml). 
22 
 
forma com que essa leitura é feita podem interferir em sua habilidade para falar, 
depois em sua competência para leitura e o tempo que demora em começar a ler 
(PAPALIA, OLDS E FELDEMAN, 2006). 
Para Rice, (1989) apud Papália, Olds e Feldman, (2006) quando a criança 
pequena tem pais ou cuidadores que se dispõe a ler histórias para a criança, cria-se 
uma intimidade emocional neste bebê fortificando o vínculo e a comunicação entre 
pais e filhos. 
 
2.3 Urie Bronfenbrenner e sua teoria contemporânea do Desenvolvimento 
 
Outra grande contribuição para o desenvolvimento humano na atualidade é 
de Urie Bronfenbrenner, que divergindo do modelo clássico do estudo sobre tal 
tema, enfatiza as múltiplas influências nos mais diversos contextos. 
(BRONFENBRENNER 1977; 1996 apud MARTINS E SZYMANSKI, 2004). 
 Para Bronfenbrenner e Morris (1998) citados por Martins e Szymanski (2004) 
as crianças influenciam o ambiente que vivem, entretanto são influenciadas não 
apenas por pessoas, como também objetos e símbolos. No que tange propriamente 
sobre o início do desenvolvimento humano, Bronfenbrenner e Morris discorrem 
sobre os processos proximais, descrevendo-os como: “formas particulares de 
interação entre organismo e ambiente, que operam ao longo do tempo e 
compreendem os primeiros mecanismos que produzem o desenvolvimento humano” 
(BRONFENBRENNER: MORRIS, 1998, p 994 apud MARTINS E SZYMANSKI, 
2004). Alves (1997) diz que a Teoria da Ecologia do Desenvolvimento de 
Bronfenbrenner, busca compreender, basicamente, o contexto de quatro níveis 
básico, sendo eles, a saber: 
1. A Pessoa: Os autores citados por Martins e Szymanski (2004) traçam três 
características existentes na pessoa o qual influenciam e modificam seu 
desenvolvimento, sendo eles: 
 Disposições: coloca os processos proximais em movimento e os mantém; 
23 
 
 Recursos bioecológicos: são os recursos e habilidades, experiências e 
conhecimentos que levam os processos proximais existirem e efetivarem-se 
de acordo com a fase do desenvolvimento; 
 Demanda: contextos que podem ou não encorajar a pessoa em determinada 
circunstância, influenciando assim, os processos proximais. 
2. O Processo: Martins e Szymanski (2004) diz estar relacionado às ligações nos 
mais diversos níveis que propulsionam o indivíduo ao crescimento e 
desenvolvimento, sendo de âmbito intelectual, emocional, social e moral, tendo 
uma participação ativa e constante para que assim possa ser instalado o 
progresso do aprendizado. Com isso, o processo de aprendizagem vai 
solidificando-se na criança no que tange a conteúdos já adquiridos, como 
também novas informações, onde Bronfenbrenner denominou processo proximal. 
3. O Contexto: baseado na definição de Bronfenbrenner, Martins e Szymanski 
(2004) incitam que contexto é o ambiente global em que toda a história e 
processos desenvolvimentais ocorrem, desde ambientes habituais como os mais 
remotos em que o indivíduo venha encontrar-se, ambientes estes que se 
discorrerá adiante neste presente trabalho. 
4. O Tempo: Encerrando esta pontuação, Martins e Szymanski (2004) explicam que 
este desenvolvimento decorre de fatos históricos da vida do indivíduo, onde 
algum evento ocorrido veio a influenciar mudanças significativas, tanto de ordem 
familiar quanto eventos sociais de grande magnitude. Não esquecendo as 
consideráveis mudanças ocorrentes de geração a geração no quesito educação 
familiar, aprendizagem, etc. 
Para Kreppner (2000) apud Mondin (2005) o estudo sobre a família é 
imprescindível para a contribuição na psicologia contemporânea, pois Kreppner 
partilha da ideia de Bronfenbrenner focando e compreendendo a dinâmica entre os 
membros desse microssistema, tendo em vista que tanto influencia como é 
influenciada pelos demais meios, alterando assim o desenvolvimento do ser humano 
que compõe este sistema. Sendo assim, Gomes (1995) apud Mondin (2005) afirma 
que o autoconceito é construído pelos fatores biológicos em contato com influências 
contextuais, tanto sociais como afetivas. Conforme dito acima, Martins e Szymanski 
(2004) mencionam Bronfenbrenner então exemplifica as estruturas ecológicas do 
24 
 
desenvolvimento como uma boneca russa, onde uma se encaixa dentro da outra. 
Sendo tais estruturas: 
 Microssistema: no que diz respeito ao núcleo familiar, escola, ou seja, todo 
ambiente que promove uma influência imediata na criança: 
 Mesossistema: no que tange a interação dos microssistemas em conjunto 
influenciando o indivíduo; 
 Exossistema: se refere à interação de ambientes o qual, ao menos um deles, 
não obtém a presença direta do individuo a ser influenciado por tal ambiente, 
como por exemplo, o ambiente de trabalho do paida criança, e por último, 
 Macrossistema: de dimensão mais abrangente, envolvendo cultura, crenças, 
sistemas econômicos, entre outros, os quais influenciam indiretamente no 
desenvolvimento humano. 
Urie Bronfenbrenner, segundo Martins e Szymanski (2004), é um dos teóricos 
mais aceitos na atualidade, devido seu modelo de desenvolvimento humano dividido 
em camadas, onde todas interagem num contexto direta e indiretamente na criança, 
como também no adulto, abarcando assim todos os fatores existentes na vida do 
indivíduo. Alves (1997) concorda com Martins e Szymanski (2004) e complementa 
com a afirmativa que a abordagem prevê uma constante construção fortemente 
ligada a seus próprios autores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
3 DESENVOLVIMENTO HUMANO: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 
 
 É na primeira infância que os principais vínculos são construídos, assim como 
os cuidados e estímulos necessários para o desenvolvimento da criança, o qual é a 
família a responsável por fornecer essas condições (ZAMBERLAN; BIASOLI-ALVES, 
1996 apud ANDRADE et al 2003). Com a qualidade dos cuidados físico, afetivo e 
social, proporciona uma segurança e melhor qualidade de vida à criança. Para os 
autores Mussen, Conger, Kagan e Hutson (2001), na perspectiva biológica do 
desenvolvimento, há um padrão de comportamento da criança, independente de seu 
país, onde basicamente, alguns comportamentos são observados numa mesma 
faixa etária, sendo então fatores biológicos inatos. Este capítulo visa pontuar 
algumas informações acerca dos três tipos de desenvolvimento que o individuo 
possui, embora apresentados distintivamente, vale ressaltar que são um conjunto 
interagindo e influenciando entre si. 
 
3.1. Desenvolvimento Cognitivo 
 
 Papalia, Olds e Feldman (2008) relatam que pesquisadores do 
desenvolvimento cognitivo se pautam em três vertentes clássicas, abordagem 
behaviorista, abordagem psicométrica e abordagem piagetiana, descritas abaixo em 
maiores detalhes: 
3.1.1. Abordagem behaviorista 
 É responsável por investigar a aprendizagem básica através do 
comportamento adaptado conforme o estímulo e resposta. A abordagem 
behaviorista prevê alguns comportamentos aprendidos pelo bebê como ouvir, 
cheirar, tocar e degustar onde a criança possui uma capacidade, ainda que primitiva, 
de se recordar de tal aprendizagem. Papalia, Olds e Feldman (2008) enfatizam que 
para tal processo de aprendizagem é crucial a maturação, embora os teóricos 
behavioristas reconheçam a maturação “como um fator de limitação” (p.190), não se 
atém muito a ela, enfatizam os mecanismos usados para a aprendizagem. 
3.1.2. Abordagem psicométrica 
26 
 
Calcula quantitativamente as diferenças individuais, onde quanto maior for o 
escore, a pessoa é julgada mais inteligente. Segundo Papalia, Olds e Feldman 
(2008), Sir Francis Galton (1822-1911) afirmou que a inteligência poderia ser medida 
através do tamanho da cabeça e o tempo de reação. Os autores também relatam 
que Cattell (1860-1944) desenvolvera testes cujo objetivo era medir “a intensidade 
da pressão da mão, sensibilidade à dor, discriminação de peso, julgamento de 
tempo e memória automática” (p. 192). 
Embora Papalia, Olds e Feldman (2008) enfatizem que o uso destes testes 
seja relativamente inviável a bebês, destaca grande utilidade a idade escolar, 
predizendo o desempenho da criança com grande precisão e confiança. 
Com isso Papalia, Olds e Feldman (2008) referem-se que dificilmente o teste 
de inteligência com bebês é preciso, haja vista que não possuem comunicação 
precisa com o ambiente. Entretanto, de acordo com a necessidade que os pais 
julgam obter uma avaliação sobre a criança, observando esta não estar dentro dos 
comportamentos padrões para a idade, é possível efetuar testes de desenvolvimento 
que comparam tais comportamentos da criança a uma série de tarefas almejadas 
que sejam efetuadas de acordo com a idade. Os autores relatam também diante de 
alguns estudos observados, conclui-se que a condição socioeconômica influencia no 
desenvolvimento cognitivo da criança, por limitar a capacidade dos pais fornecerem 
recursos educacionais, como também exercer um efeito psicológico negativo nos 
genitores. 
Outra questão que Papalia, Olds e Feldman (2008) citam ser importantes para 
a avaliação do desenvolvimento da criança é o Impacto do Ambiente Doméstico, 
mensurado através do teste de Observação Doméstica para Medição do Ambiente 
(HOME) (Bradley, 1989; Caldwell e Bradley, 1984 apud Papalia, Olds e Feldman, 
2008), onde avaliam os recursos e o ambiente que a criança vive como também 
utilizam a entrevista com os genitores. Vale ressaltar que este teste possui versão 
para bebês como crianças de idade pré-escolar e escolar. É observado durante a 
sua aplicação junto à família de um bebê, a questão de atenção e carícia 
desprendida à criança, ou bebê, que o examinador se atenta, dentre outras 
questões. Diante disso, Papalia, Olds e Feldman (2008) concluem que pais 
inteligentes podem proporcionar um ambiente doméstico muito favorável e 
27 
 
estimulante ao desenvolvimento cognitivo, além de passar seu material genético a 
esta criança vindo a ser um fator de grande influência também. 
Por último, nesta abordagem, Papalia, Olds e Feldman (2008) citam que a 
intervenção precoce também é outro fator a ser avaliado, fator este dividido em seis 
mecanismos de preparação para o desenvolvimento (grifo dos autores): 
 Incentivo à exploração; 
 Instrução em habilidades cognitivas e sociais básicas; 
 Reforçamento de novas realizações; 
 Orientação na prática e aquisição de novas habilidades; 
 Cuidado contra punição inadequada diante da experimentação de novas 
habilidades 
 Estimulação a comunicação e linguagem simbólica. 
Ramey e Ramey (1998a, 1998b) apud Papalia, Olds e Feldman (2008) 
relatam que uma criança normal é aquela que possui todos estes itens acima 
citados. Também se percebeu que crianças com intervenção educacional precoce 
tendem a se desenvolverem mais rápido. As intervenções precoces mais eficazes 
são as que iniciam cedo permeando ao longo da escola, necessitam ser intensas, de 
cunho educacional direto, com uma abordagem abrangente, incluindo saúde, 
orientação familiar. 
3.1.3. Abordagem piagetiana 
Indica que o desenvolvimento cognitivo é construído à medida que os esquemas 
são construídos com a influência dos fatores internos e externos da pessoa. Ferreira 
(2009) relata que a preocupação de Piaget era saber todo o processo do 
desenvolvimento do ser humano desde o seu nascimento. Papalia, Olds e Feldman 
(2008) mencionam que os estudos de Piaget inicialmente ocorreram visando 
padronizar os testes de Binet, entretanto percebeu haver respostas erradas das 
crianças, intrigando-o e assim levando-o a pesquisar o motivo. Foi então que ao 
observar seus próprios fi lhos, Piaget concluiu que os pensamentos das crianças 
diferem-se dos pensamentos dos adultos, pois seu cognitivo se desenvolve no 
decorrer da infância e adolescência. 
28 
 
 Os autores relatam ainda a suma importância para a construção cognitiva da 
criança o conceito de objeto, ou seja, saber que os objetos existem e tem 
características e localização distintas e independentes. Sendo assim a criança 
percebe que não faz parte do corpo da mãe, assim como todos os demais objetos a 
sua volta, diante disso a criança se interessa por alcançar coisas além de seu campo 
de alcance, evoluindo assim a buscar pelos seus objetivos. 
 Papalia, Olds e Feldman (2008) pontuam essas três abordagens como as 
principais, entretanto, mencionam, ainda, algumas abordagens recentes, como: 
3.1.4. Abordagemdo processamento de informações 
Para Papalia, Olds e Feldman (2008) é focada nos processos de 
aprendizagem, percepção, memória e resolução de problemas, visando descobrir o 
que o indivíduo faz com as informações antes de uti lizá-las. Muitas pesquisas acerca 
desta abordagem se atêm a habituação e desabituação do bebê como uma 
ferramenta de aprendizagem, sendo a habituação uma aprendizagem devida sua 
exposição constante e frequente tornando desconhecido em conhecido. A 
desabituação ocorre no momento em que esta quebra do habitual, leva a criança a 
se interessar novamente por este novo estímulo, aprendendo então essa nova 
informação. (PAPALIA, OLDS E FELDMAN, 2008). 
 
3.1.5. Abordagem da neurociência cognitiva: Os autores ressaltam que 
esta abordagem está focada no funcionamento do sistema nervoso central, 
identificando as estruturas cerebrais importantes e imprescindíveis para a 
construção da cognição. Nesta abordagem a memória explícita remete à 
lembrança do consciente, já a memória implícita se dirige à questão de 
hábitos e habilidades. Embora seja de grande importância no processo 
cognitivo, não apenas tais memórias são ressaltadas, como também, o fator 
ambiental como estímulo nos primeiros anos de vida, que trazem conteúdos 
a traçar as memórias mencionadas acima. 
3.1.6. Abordagem sociocontextual: Papalia, Olds e Feldman (2008) 
mencionam que tal abordagem direciona o desenvolvimento cognitivo para 
aspectos de influência ambiental no processo de aprendizagem, focando 
principalmente o papel dos pais e outros cuidadores. Isso vem confirmar o 
que já exposto neste trabalho acerca da permissão de um ambiente 
29 
 
propenso e estimulante a aprendizagem que os pais possam proporcionar à 
criança. Sabendo também que o contexto cultural é de suma importância no 
processo de aprendizagem da criança, pois influencia os cuidadores à 
educação. Papalia, Olds e Feldman (2008) referem à linguagem como algo 
de suma valia para o desenvolvimento cognitivo, pois através dela a criança 
tem contato com informações e situações influenciando a sua estrutura 
cognitiva. 
Segue abaixo quadro com marcos importante sobre a aquisição da linguagem 
na primeira infância: 
Tabela 1 - Marcos no Desenvolvimento da Linguagem do Nascimento aos 36 
meses. 
 
 Fonte: Extraído do blog Danieli Scherer Pires, 2013. 
 
Papalia, Olds e Feldman (2008) mesclam a influência da maturação cerebral 
como a interação social, em especial o papel dos pais e dos cuidadores. O modo 
30 
 
como se processa a linguagem no cérebro varia de acordo com o indivíduo, 
entretanto Papalia, Olds e Feldman (2008) ressalvam que cerca de 98% da 
população utiliza o hemisfério esquerdo à linguagem, incluindo as crianças. Vale 
ressaltar que o hemisfério direito participa deste processo, em menor contribuição, 
por isso Papalia, Olds e Feldman (2008) concluem que funções de linguagem estão 
ligadas a maturação de estruturas cerebrais como experiências contextuais. 
Contudo, a linguagem é um fenômeno estritamente social, o qual a 
importância dos pais como cuidadores em interação com a criança vem contribuir 
grandemente para essa aquisição. Em cada etapa da linguagem, desde o balbucio 
até a formulação oral de sentenças gramaticais, o papel do outro está inserido para 
essa evolução. Por isso é importante a pronúncia e repetição das palavras à criança. 
Embora não sejam propriamente os genitores em contato com o bebê, é importante 
haver uma “fala dirigida à criança” (p. 222), pois desempenha o papel além de 
cognitivo, social e emocional. Papalia, Olds e Feldman (2008) mensura a 
importância de ler em voz alta para a criança e questioná -la acerca das ilustrações, 
pois isso criará hábitos de leitura e linguagem à criança. 
Piaget em seus estudos afirma que a interação que a criança produz em sua 
infância resulta no desenvolvimento das relações no âmbito social, ou seja, além de 
instigar o desenvolvimento afetivo e social, seu papel também é contribuir na 
construção do desenvolvimento cognitivo. Cavicchia (2001) finaliza dizendo que 
Piaget incita a interação como o principal elemento para o desenvolvimento 
intelectual, ou seja, a interação do objeto ao sujeito através da assimilação, 
acomodação e equilibração. Esse construtivismo vê tanto o objeto já conhecido 
como o sujeito como resultado de um processo em constante construção. 
 
3.2. Desenvolvimento Físico e Motor 
 
Para Young et al. (2010), o desenvolvimento cerebral se dá através das 
experiências que o indivíduo tem desde a vida intrauterina. Suas vias sensoriais são 
responsáveis pela maior parte das interpretações que o cérebro possui frente ao 
estimulo de ordem emocional, psicológica, intelectual, física e de linguagem. Tal 
situação é originada a partir daquilo que o feto vivenciou em sua formação neural. 
31 
 
Pesquisas apontam que na fase da construção dos genes (processo epigenética2) 
alguma experiência pode influenciar neste processo, tornando esta mudança no 
gene persistente até a vida adulta. Em suma, toda mudança genética influenciada 
por estímulos vividos na vida intrauterina, permanece por toda a vida do indivíduo. 
Papalia et al. (2006) apud Lopes, Nascimento, Souza e Mallet (2010) pontuam 
dois importantes momentos desenvolvimento físico e motor ainda na vida 
intrauterina. O primeiro é denominado Princípio Céfalo-caudal, ou seja, o 
desenvolvimento avança da cabeça às partes inferiores. Posteriormente vem o 
Princípio Próximo-distal, cujo desenvolvimento segue do centro às partes externas 
do corpo. Os bebês então desenvolvem a capacidade de utilizar os braços e pernas, 
após isso mãos e pés, terminando nos dedos. Ao longo dos dois últimos meses de 
vida fetal os bebês de termo saudáveis ganham camadas de gordura que servem 
para manter a temperatura corporal após o nascimento e de se adaptar as 
mudanças da temperatura do ambiente (PAPALIA, 2006). 
Os batimentos cardíacos e os sistemas circulatórios da mãe e do feto são 
separados, porém quando o bebê ainda está no útero seus sistemas corporais como 
circulação do sangue, respiração, alimentação, eliminação de resíduos e regulação 
da temperatura são feitas pelo corpo da mãe. Ao final, em média, o bebê nascerá 
com o tamanho de cinquenta centímetros e por volta de três quilos. O bebê que é 
privado de nascer através de parto vaginal pode sofrer prejuízo por não ter o 
estímulo da produção de hormônios de estresse que podem ajudá-lo a se adaptar a 
vida fora do útero (LARGERCRANTZ e SHOTKIN, 1986 apud PAPALIA e COLS, 
2006). 
Para Fontanel e d’Harcourt (1997) apud Papália et al. (2006) o nascimento 
era considerado um ritual social feminino, onde a figura paterna não havia tanta 
importância. A gestante ficava sentada numa cama coberta apenas por um lençol e 
dava à luz sob os cuidados de uma parteira que a oferecia “conselhos, massagens, 
poções, irrigações e talismãs”. Algumas mulheres da família e da vizinhança ficavam 
 
2
O termo epigenética é definido pela alteração herdável na expressão gênica, sem que haja mudança 
na sequência primária de DNA (WOLFFE; GUSCHIN, 2000 apud OLIVEIRA, 2012) 
32 
 
junto à gestante. Os gritos da mãe assim, como os do bebê, eram considerados 
naturais na hora do parto. 
Após o nascimento, o recém nascido passa por uma avaliação que visa cor, 
frequência cardíaca, irritabilidade reflexa (careta), tônus muscular e respiração, 
efetuada no primeiro minuto e ao 5º minuto após o parto, cuja avaliação chama-se 
Avaliação com Escore de Apgar3. Seus ossos cranianos estarão totalmente unidos 
somente após os 18 meses de idade. Alguns neonatos, durante osprimeiros dias 
são peludos, porque a penugem pré-natal ainda não caiu e todos os bebês novos 
são revestidos de vernix caseosa (“verniz caseoso”) que é uma espécie de capa 
protetora gordurosa contra infecções, que desaparece dentro de alguns dias 
(PAPALIA ET AL., 2006). 
Após o nascimento, os bebês necessitam fazer tudo sozinhos. Os neonatos 
possuem batimentos cardíacos rápidos e irregulares e a pressão arterial só se 
estabiliza após o décimo dia de vida. Na maioria das vezes o recém-nascido começa 
a respirar assim que fica em contato com o ar, mas se o bebê não conseguir respirar 
em cinco minutos ocorre a anoxia, ou seja, a falta de oxigênio, causando danos 
cerebrais irreversíveis. É também durante os primeiros dias de vida que os bebês 
eliminam o mecônio que são fezes verde-escuras e viscosas que se formam no 
intestino do feto. Para aprender a controlar os esfíncteres o bebê levará vários 
meses, pois no inicio da vida esses esfíncteres se abrem automaticamente quando a 
bexiga e o intestino estão cheios. (PAPALIA, 2006). 
 Lopes, Nascimento, Souza e Mallet (2010) relatam que a audição do bebê é 
desenvolvida na vida intrauterina, para afirmar isso, em alguns estudos observaram-
se reações dos bebês a diversos estímulos de cunho auditivo. Embora primitivo, o 
olfato é atuante, pois é observado que o bebê diferencia a mãe dos demais 
indivíduos, entretanto, segundo as autoras, isso não ocorra nos dois primeiros dias 
de vida. Quanto à questão gustativa, os bebês já nascem com os quatro sabores 
 
3
É o método mais comumente empregado para avaliar o ajuste imediato do recém-nascido à vida 
extra-uterina, avaliando suas condições de vitalidade. Consiste na avaliação de 5 itens do exame 
físico do recém-nascido, com 1, 5 e 10 minutos de vida. Os aspectos avaliados são: freqüência 
cardíaca, esforço respiratório, tônus muscular, irritabilidade reflexa e cor da pele . ( 
http://www.uff.br/disicamep/escala_de_apgar.htm acessado em 09 de jul de 2013) 
33 
 
básicos – salgado, doce, azedo e amargo -, já a visão é menos desenvolvida ao 
nascer, embora responda a estímulos luminosos, sua visão é turva, entretanto 
discrimina o rosto da mãe aos demais. Bee (1997) apresenta dois tipos de reflexos 
que o bebê possui. O reflexo primitivo prevê de partes primitivas do cérebro, o qual 
ela já nasce com ele. Por volta dos seis meses o bebê deixa este reflexo primitivo, 
dando lugar ao reflexo adaptativo, sendo estruturas mais complexas do cérebro 
responsáveis por ele. Esses reflexos adaptativos dão suporte à criança adaptar-se e 
sobreviver no mundo. 
 Para Lopes, Nascimento, Souza e Mallet (2010) o primeiro indício do 
desenvolvimento motor no bebê é acerca da sua capacidade de ficar de bruços, 
cujos joelhos dobrados procuram impulsioná-lo. Seguindo por tentar sustentar a 
cabeça ao tronco. O desenvolvimento motor é possível a partir da maturação 
muscular dos ombros, braços, mãos e dedos. Aliado a isso, a maturação das áreas 
corticais responsáveis pela parte sensorial como também coordenação motora. Com 
isso, sua percepção acerca dos objetos aprimora-se e, em conjunto com as mãos, 
podendo tentar levantar-se e quiçá dar os primeiros passos. Com o constante 
manuseio dos objetos vai adquirindo o movimento de pinça que resultará, 
futuramente, na habilidade do traço fino. Para isso Lopes, Nascimento, Souza e 
Mallet (2010) enfatiza a necessidade da maturação do corpo todo para que a criança 
adquira a condição de caminhar e manusear objetos, não esquecendo que este 
desenvolvimento é gradativo e ocorre em diversas circunstâncias, sendo o tempo de 
evolução relativamente diferente de uma criança para a outra. 
 
3.3. Desenvolvimento Psicossocial 
 
Para DiPietro, Hodgson, Costigan e Johson (1996) apud Papália et al.(2006) 
ainda no útero os fetos evidenciam personalidades diferentes, apresentando 
diversos níveis de atividade e frequências cardíacas, resultando num prognóstico de 
diferenças de disposição após o nascimento. Um estudo transcultural com crianças 
chinesas e canadenses de dois anos de idade mostra que mães canadenses de 
crianças inibidas tendiam a ser punitivas ou superprotetoras, enquanto que as mães 
chinesas do grupo estudado eram afetuosas e acolhedoras e incentivavam os filhos 
34 
 
em suas ações. Nos países ocidentais como o Canadá as crianças que são tímidas 
podem ser vistas como incompetentes imaturas e incapazes de obter sucesso na 
vida. 
Já na China a timidez e a inibição são socialmente bem aceitas onde uma 
criança tímida é vista como bem comportada, sendo então aprovada pelos adultos 
(CHEN ET AL., 1998 apud PAPALIA E COLS., 2006). Outro estudo realizado por 
Harry Harlow e colaboradores, onde macacos rhesus foram separados de suas 
mães e colocados em jaulas cada um com uma “mãe” substituta feita de arame ou 
feita de tecido. Alguns desses macacos foram alimentados por mamadeiras ligadas 
a “mãe” de arame enquanto outros foram “amamentados” pelos bonecos feitos de 
tecido que são quentes e aconchegantes. Porém quando os macacos podiam 
escolher com qual “mãe” ficar, todos eles ficavam a maior parte do tempo abraçados 
às “mães” substitutas de tecido, mesmo que estivessem sendo alimentados pelas 
“mães” de arame. E quando colocados em outro ambiente desconhecido os 
macacos que foram “criados” pelas substitutas de tecido mostravam um interesse 
natural maior do que os outros que foram “criados” pelas substitutas de arame em 
explorar o ambiente mesmo com a presença das “mães” apropriadas. Esse estudo 
mostra claramente que a alimentação não é a coisa mais importante que os bebês 
recebem das mães, ser mãe abrange o conforto do contato físico íntimo e nos 
macacos atender a necessidade inata de estarem agarrados (PAPALIA ET AL., 
2006). 
A hipótese de que os bebês utilizam referencial social foi questionada, pois 
bebês com menos de um ano de idade, sabem quais são suas próprias 
necessidades de conhecimento e a capacidade de outras pessoas em disponibilizar 
tal conhecimento? Ainda que os bebês com oito ou nove meses olhem de forma 
espontânea para os cuidadores em situações ambíguas não se sabe ao certo se 
estão buscando informação, conforto, atenção, querendo dividir sentimentos, ou 
garantir sua tranquilidade em relação à presença do cuidador – que são 
comportamentos típicos de apego. (BALDWIN E MOSES, 1996 apud PAPALIA E 
COLS, 2006). 
Papalia et al. (2006) relatam que antes mesmo de serem responsáveis por 
suas próprias atividades, as crianças precisam se identificar cognitivamente e como 
pessoas diferentes, apartadas do resto do mundo onde suas características e 
35 
 
comportamentos podem ser descritos e avaliados. A autoconsciência é o inicio do 
desenvolvimento de padrões de comportamento, possibilitando que as crianças 
entendam que a resposta de um dos pais a algo realizado por elas, é direcionada a 
elas e não ao ato em si. 
Segundo os pesquisadores Stipek, Gralinski e Kopp (1999) apud Papalia 
(2006) o autoconceito se desenvolve em três etapas: 
1- Autorreconhecimento físico e autoconsciência: Crianças entre 18 e 24 meses 
se reconhecem no espelho ou em fotografias, indicando que possuem 
consciência de si mesmas como seres diferentes fisicamente. Entre 20 e 24 
meses o uso de pronomes em primeira pessoa é um sinal do 
desenvolvimento da autoconsciência (LEWIS, 1997 apud PAPALIA E COLS., 
2006). 
2- Autodescrição e autoavaliação:Inicia-se logo após a aquisição do conceito de 
si mesmas como seres diferentes, quando as crianças utilizam termos 
descritivos e de avaliação, ou seja, descrevem-se como grandes, pequenas, 
se tem cabelos curtos ou longos e se avaliamcomo bonitas, feias, boas ou 
más. Isso ocorre entre os 19 e 30 meses, quando a capacidade de 
representar e o vocabulário se ampliam (STIPEK ET AL., 1990 apud PAPALIA 
E COLS., 2006). 
3- Resposta emocional a más ações: É quando as crianças ficam desapontadas, 
aborrecidas com um dos pais quando ele não concorda com o que estão 
fazendo e elas param de fazer ao menos durante o período em que estão 
sendo monitoradas. Portanto esta etapa que proporciona as bases para o 
desenvolvimento da consciência acontece de maneira mais gradativa do que 
a segunda etapa, porém uma se sobrepõem a outra (STIPEK ET AL., 1990 
apud PAPALIA E COLS., 2006). 
Amparo et al. (2008) apud Cunha e Rodrigues (2010) apontam três tipos de 
fatores de proteção importantes para o desenvolvimento psicossocial da criança: 
 Fatores individuais: como autoestima, autocontrole, autonomia e 
temperamento afetivo; 
 Fatores familiares: estabilidade, respeito mútuo, suporte; 
36 
 
 Fatores relacionados ao meio ambiente: pessoas que “interpretem” de 
forma assertiva para com a criança fazendo-a sentir-se amada e 
querida. 
Pinheiro (2004) apud Cunha e Pinheiro (2010) relata que tal fator de proteção 
busca reduzir o impacto negativo nas situações de exposição ao risco. Em 
concordância aos autores, Pesce, Assis, Santos e Oliveira (2004) apud Cunha e 
Pinheiro (2010) ainda acrescentam que isso prenuncia a resiliência na infância, onde 
Gil (2006) apud Cunha e Pinheiro (2010) explica que tal resiliência envolve a 
capacidade da criança resolver os problemas, já indicando suas competências 
individuais. Cecconello e Koller (2000, 2003) apud Cunha e Pinheiro (2010) supõem 
que com estes comportamentos, é possível afirmar a existência de habilidades e 
estratégias de enfrentamento, mostrando a capacidade de adaptação favorável 
diante dos revezes. Os autores ainda relatam que a competência é um fenômeno 
psicossocial. Vale ressaltar que competência social não é o mesmo que habilidade 
social, mesmo sendo íntimos. Para Del Prette e Del Prette (2006) apud Cunha e 
Pinheiro (2010) “competência social é a capacidade de articular emoções, 
pensamentos e comportamentos em relação a metas pessoais e circunstanciais”. Os 
autores conceituam habilidade social como “diversas classes de comportamentos 
sociais que contribuem para competência social, favorecendo um relacionamento 
interpessoal saudável e produtivo ”, ou seja, habilidade social denota identificar os 
componentes comportamentais, afetivos, cognitivos e fisiológicos, já competência 
social permeia em avaliar a coerência e funcionalidade do desempenho social. 
Alguns conceitos são formados de acordo com as interações das relações 
interpessoais, como o autoconhecimento, a empatia, e a comunicação eficaz. O 
autoconhecimento é a capacidade do individuo conscientizar-se acerca de si, suas 
habilidades, seus limites. As relações interpessoais é saber relacionar-se 
satisfatoriamente com os demais. O autoconhecimento envolve conhecer as próprias 
habilidades, limites, pensamentos e sentimentos. Já a empatia é a capacidade de 
compreender o outro, entendendo assim o comportamento distinto deste diante das 
situações. E por último a comunicação eficaz é saber expressar-se verbalmente ou 
não, de forma apropriada as demais situações. 
Para Cecconello e Koller (2000, 2003) apud Cunha e Pinheiro (2010) uma 
criança competente é aquela que sabe das suas potencialidades e demonstra 
37 
 
sentimentos positivos sobre si mesmos. Entretanto Morais, Otta e Scala (2001) apud 
Cunha e Pinheiro (2010) citam que déficits de competência psicossocial podem 
resultar reações de caráter grave, tais como, raiva, autopiedade, entre outros, que 
podem gerar depressão à drogadição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
4 O VÍNCULO E SUA IMPORTÂNCIA 
 
A importância do vínculo mãe-bebê é um tema amplamente discutido pela 
literatura, conforme já apresentado no segundo capítulo. Portanto, atentar-se-á para 
o importante papel do psicólogo no que tange a conscientização junto a esta mãe e 
a importância de vincular-se com este fi lho deste a vida intrauterina. 
 
4.1 O Estabelecimento do vínculo: resultados de uma boa e má vinculação com a 
mãe. 
 
A formação do vínculo de acordo com Klaus, Kennel e Klaus (2000) apud 
Borsa (2006) é uma espécie de investimento emocional dos pais para com seu filho, 
um processo que aumenta de acordo com a frequência de experiências 
significativas, prazerosas e simultaneamente outro vínculo é construído, o apego, 
que é desenvolvido nas crianças em relação aos pais ou qualquer outra pessoa que 
também cuidam delas. É através dessa relação emocional que os bebês podem 
desenvolver um sentido do que eles são, e a partir do que a criança pode evoluir e 
tornar-se capaz de se aventurar no mundo. Borsa (2006), afirma que as crianças que 
não desenvolveram esse apego seguro com suas mães podem tornar-se 
emocionalmente afastadas, hostis ou antissociais, segundo o autor, crianças que 
desenvolvem um apego seguro com suas mães estão propensas a serem 
futuramente cooperativos autoconfiantes e sociáveis. Conforme as crianças vão 
crescendo, o apego, que foi construído com a mãe se tornará próprio da criança e 
mais tarde ela poderá usar esse apego ou algo a que esteja ligada nas futuras 
relações ao longo da vida (WENDLAND, 2001; BOWLBY, 1989; MONDARDO; 
VALENTINA, 1998). 
Bowlby (1989) cria acerca da teoria do apego, que foi criada com 
o objetivo de explicar certos modelos de comportamentos provenientes não só de 
crianças, mas também de adolescentes e adultos que foram definidos em termos de 
dependência e superdependência. O desenvolvimento dessa teoria se deu a partir 
39 
 
da tradição psicanalítica das relações objetais, porém pautada também em 
definições da teoria da evolução, etologia4, teoria do controle e psicologia cognitiva. 
 O autor reforça que é na primeira infância onde os laços são estabelecidos com os 
pais (ou pais substi tutos), a fim de alcançar proteção, conforto e suporte. Esses 
laços persistem para uma adolescência saudável seguindo à vida adulta, 
permeando outros laços, sendo mais comum os de origem heterossexual. 
O desenvolvimento do comportamento de apego é um sistema organizado cujo 
objetivo é manter a proximidade ou estar junto à figura materna, exigindo que a 
criança tenha capacidade cognitiva para manter sua mãe à memória quando esta 
não está presente. Esse desenvolvimento cognitivo só ocorre durante a segunda 
metade do primeiro ano de vida. Um aspecto importante sobre esta teoria é a 
hipótese de que o comportamento de apego é definido através de um sistema de 
controle gravado no sistema nervoso central, similar aos sistemas de controle 
fisiológicos que conservam a pressão sanguínea e a temperatura corpórea. 
(BOWLBY, 1969, 1982 apud BOWLBY, 1989). 
Para Bowlby (1989) apud Borsa (2006) as relações de apego desenvolvidas 
primeiramente com os pais, e ulterior com outras pessoas, acontecem com o 
objetivo de garantir proteção à criança, como também, o suporte e a preservação 
necessária para sua saúde mental, diante disso Bowlby (1989) afirma que todo 
comportamento da criança permite que conquiste e mantenha esse vínculo com 
outro indivíduo, em especial a mãe, preparando-se para enfrentar o mundo. É 
primordial que os pais passem para seus filhos uma base sólida, dando suporte à 
criança e ao adolescente explorar o mundo sabendo que estão amparados física e 
emocionalmente, clarificando que em situações de sofrimento, ameaça, insegurança, 
serão protegidos, encorajados. 
Os primeiros anos de vida da criança são mais influenciados pelo modelo de 
self emergenteda relação vincular com a mãe, pois é sabido que em todas as 
culturas conhecidas, a maioria dos bebês e crianças tem uma ligação muito maior 
com a mãe do que com o pai. Segundo Winnicott, (1998, 2000, 2001) apud Borsa 
 
4
Segundo o sitewww.portaleducacao.com.br“etologia” é a ciência que estuda a evolução do 
comportamento animal através da seleção natural. 
 
40 
 
(2006), se a díade mãe-bebê funciona bem, o ego da criança é fortalecido de 
maneira abrangente. Quando o bebê é bem cuidado, constrói-se rapidamente como 
indivíduo, em contrapartida, o bebê que não tem o ego apoiado de maneira 
abrangente pode apresentar um comportamento marcado por inquietude, 
estranhamento, apatia, inibição e complacência. 
Para Bowlby (1989) no início, a única forma de comunicação entre criança e a 
mãe é a expressão emocional e o comportamento proveniente desse 
sentimento. Para ele, a comunicação é feita pela emoção contínua, sendo traço 
principal das relações internas que se permeia por toda a vida. Tanto um bebê 
como uma criança que já esteja engatinhando exige cuidados intensos e constantes. 
Essa demanda de atenção desprendida pela mãe permanece por toda a vida. Com 
isso a mãe subvaloriza seus interesses e atividades visando dar mais atenção a esta 
criança. Ao final do primeiro ano de vida o comportamento começa a se organizar. O 
comportamento é provocado sempre que certas situações surgem, citando como 
exemplo o comportamento de apego de uma criança, que é desencadeado pela dor, 
fadiga ou qualquer outra coisa que provoque medo, como também com a percepção 
de que a mãe encontra-se longe de seu campo de visão. É nos primeiros meses de 
vida que a criança revela muitas das respostas que posteriormente se converterão 
em padrão de apego, porém esse comportamento organizado não se desenvolverá 
até a segunda metade do primeiro ano de vida. (STEM, 1985 apud BOWLBY, 1989) 
 Kaye (1977), apud Bowlby (1989) relata a importância do comportamento da 
mãe no momento da amamentação onde interage com seu bebê de forma precisa e 
sincrônica entre o sugar e o descansar. No momento em que o bebê suga na 
maioria das vezes a mãe fica quieta e nos intervalos a mãe embala e conversa com 
seu bebê. Segundo Ainsworth et al (1978) apud Bowlby (1989), as 
crianças, cujas mães responderam de maneira sensível durante o primeiro ano de 
vida, choravam menos na segunda metade desse mesmo ano e se interessavam 
mais em realizar o desejo dos pais do que os bebês de mães que não responderam 
sensivelmente. Para Bowlby (1989), o cuidar (grifo nosso) é o papel mais importante 
dos pais e o complemento do apego. A exploração do meio ambiente, no que 
tange brincadeiras e outras atividades com crianças da mesma faixa etária, é 
considerada um terceiro componente básico e também como o contrário do 
comportamento de apego, pois, quando um sujeito de qualquer idade está se 
41 
 
sentindo seguro, ousa em explorar mais, distanciando-se assim, de sua figura de 
apego – neste caso a mãe -, contudo quando se cansa ou sente-se inseguro busca 
contatar novamente a figura do apego que lhe sacia essa fragilidade. Eis um modelo 
de interação entre a criança e um dos genitores, definido pelo autor 
como exploração a partir de uma base segura. A ligação entre o sistema de 
comportamento de apego e os modelos funcionais do self e da figura de apego que 
são formados na mente durante a infância é vista como traços centrais do 
desempenho da personalidade no decorrer de toda a vida do indivíduo. (BOWLBY, 
1989) 
Outro autor que contribui com estudos sobre o vínculo mãe-filho é Spitz, que em 
sua obra de 1963, citado por ele mesmo em sua obra editada em 2004, enfatiza, 
sem dúvida, que o fator mais importante que torna a criança capaz de construir 
gradativamente uma imagem coerente de seu mundo provém da reciprocidade entre 
mãe e filho. O bebê recebe toda informação do mundo através de estímulos emitidos 
pela mãe, portanto, constrói o seu mundo diante desta reciprocidade. Uma 
ferramenta de extrema importância nesse processo é o diálogo mãe-filho originado 
das relações objetais. Pode-se concluir, como Von Sender (1932) apud Spitz (2004) 
que através das experiências dos “fluxos incessantes e em constante movimento” a 
percepção é aprendida. É sabido que quase todas as mães, ao nascimento de seus 
filhos, criam um clima emocional, ou seja, o sentimento materno, onde esse amor e 
afeição se tornam contínuo e de suma importância para a mãe. Para Spitz (2004) 
esse afeto é essencial para o bebê, sendo extremamente importante nesse período, 
muito mais que nos vindouros. Devido o fato do aparelho sensório e perceptivo do 
recém-nascido não estar maduro, é pautado nas atitudes emocionais da mãe que o 
afeto do bebê será orientado. O autor incita que cada bebê possui a sua 
característica própria, como a mãe, onde cada indivíduo varia de um a outro. Sobre 
isso, é explicado um processo circular, onde a personalidade do bebê pode-se 
influenciar pelo afeto e vínculo da mãe, e por sua vez, a mãe influencia-o de acordo 
com suas atitudes para com ele. Spitz (2004) enfatiza que a criança não sofre 
Influência emocional apenas da mãe, mas sim de todo ambiente que a cerca, 
entretanto, para a psicologia a relação mãe-filho é o fator psicológico mais sensível à 
uma intervenção terapêutica. Então, para o bebê a mãe é a representante do 
ambiente. 
42 
 
É por volta do fim da primeira semana de vida que o bebê começa a responder 
aos estímulos. Após o oitavo dia de vida, ao retirar o bebê do berço na posição 
horizontal e colocá-lo nos braços de uma pessoa, seja homem ou mulher, observa-
se que o bebê vai virar a cabeça em direção ao seio por decorrência da posição de 
amamentação já associada como estímulo. Ainda Spitz (2004) baseado na ideia de 
Gesell e Ilg (1937), relata que durante as primeiras semanas de vida, um traço 
mnemônico5 do rosto humano é formado na memória infantil como primeiro símbolo 
da presença de uma satisfação das necessidades, pois o mesmo rosto alimenta, dá 
banho, troca as fraldas, ou seja, satisfaz suas necessidades. Como Klein (1969) se 
refere à importância do seio, Spitz menciona que durante a amamentação o bebê 
perde e recupera o bico do seio da mãe inúmeras vezes, assim o contato com o 
percepto satisfação de necessidade é perdido e recuperado por várias vezes. 
Entretanto o bebê continua com o olhar fixo no rosto da mãe (percepção à distância) 
durante o intervalo entre a perda e a recuperação de contato. Durante a ocorrência 
dessas experiências repetitivas a percepção visual não é interrompida, mostrando 
ser a mais constante e consequentemente a mais recompensadora de ambas. 
(HARTMANN, 1952 apud SPITZ, 2004). 
Spitz (2004) reforça a suma importância dos fatores genéticos e maturacionais, 
que por si, possuem uma sequência até alcançar o total desenvolvimento, e diante 
disso os fatores ambientais interagem juntamente, estruturando assim o processo 
cognitivo da criança, com isso o autor ainda diz sobre a mãe possuir um papel 
abrangente no aparecimento e desenvolvimento da consciência do bebê, sua 
participação é de suma importância nesse processo de aprendizagem. Spitz, (2004) 
considera o desenvolvimento neural embriológico e epigenético6 muito importante 
durante os primeiros meses e anos de vida, pois sem a maturação do sistema 
nervoso ações e padrões de comportamento seriam impossíveis. Dentro deste 
contexto é de extrema relevância os sentimentos da mãe em relação a ter um filho, o 
 
5
Segundo o site http://conceito.de/mnemonica é um processo intelectualque consiste em estabelecer

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