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CISTO OVARIANO EM VACAS Ginecologia Veterinária Universidade Estadual do Centro-Oeste INTRODUÇÃO Descrita pela primeira vez por Gurit - 1831 Uma das alterações reprodutivas mais importantes - perdas econômicas infertilidade diminuição do desempenho reprodutivo Não é uma enfermidade primária manifestação de uma disfunção endócrina - mecanismo de defesa do organismo Brenda evolução do caso clínico, repercute sobre o trato genital, interferindo no processo normal da reprodução, originando falha da fertilidade DEFINIÇÃO “Presença de uma estrutura anovulatória de diâmetro maior do que 25mm que persiste por, no mínimo, 10 dias na ausência de um corpo lúteo.” Garverick, 1997. Paola Em termos simples, o cisto ovariano é um folículo que não ovula e continua crescendo. Esta definição porém é criticada por outros autores, que trabalhando com ultra-sonografia citam que existe a possibilidade de cistos com tamanhos inferiores. Não é incomum encontrar dois ou mais cistos em um ovário de uma vez Fonte: Milk Point PAOLA Imagem de cima - Imagem ultrassonográfica (à esquerda) de um ovário com um folículo normal (estrutura grande e preta no centro da imagem) logo antes da ovulação. Ele tem cerca de 16 mm de diâmetro. A imagem da direita foi incluída para ajudar na interpretação da imagem ultrassonográfica. Trata-se da mesma imagem com os contornos do ovário (cinza) e do folículo (preto). Imagem debaixo - Imagem ultrassonográfica (à esquerda) de um ovário com um cisto folicular (estrutura preta grande). Está na mesma escala que a imagem de cima. O folículo tem aproximadamente 24 mm de diâmetro. Os contornos do ovário (cinza) e do folículo (preto) estão representados na imagem à direita. ETIOLOGIA Mais de 70% dos cistos ovarianos ocorrem entre 16 a 50 dias após o parto ocorrência mais alta entre 30 a 40 dias Influenciam no intervalo entre partos causa aumento de 22 a 64 dias Erb e White, 1981; Kirk et al., 1982; Erb e Martin, 1980; Lee et al., 1988. Paola Em bovinos é encontrado principalmente nos primeiros 60 dias pós-parto, pois nesta época o hipotálamo e a hipófise ainda estão parcialmente refratários ao estrógeno produzido pelos folículos que iniciam o crescimento nesta fase (Kesler & Garverick, 1982), ou os folículos não teriam capacidade normal de produção de estradiol (Roche at al, 2000). Cistos são uma importante causa de infertilidade em vacas de leite, podendo causar aumento do intervalo parto-concepção, e consequentemente do intervalo entre partos. ETIOLOGIA Causa desconhecida, são listados fatores como: vacas velhas e de alta produção perda de escore de condição corporal no pós-parto número de lactações - terceira ou mais lactações desordens no pós-parto López-Gatius et al., 2002 Paola Muitos fatores são relacionados com o desenvolvimento do cisto ovariano, mas a causa exata não é bem conhecida. Eles são comuns em vacas velhas e vacas de alta produção. E o balanço energético negativo provavelmente deprime a atividade ovariana pela inibição da liberação pulsátil de LH. Risco maior em vacas de terceira ou mais lactações Ocorrem mais em vacas que tiveram problemas pós-parto (metrite, retenção de placenta, febre do leite - febre vitular, paresia puerperal, hipocalcemia puerperal). ETIOLOGIA Cruzamento Tipo de manejo (alimentação e instalações) Clima - temperado Estação do ano Outros fatores ambientais Alta produção ?? Paola O estresse causa uma maior liberação de cortisol, alterando a onda pré-ovulatória de LH. Quando a concentração plasmática de cortisol é elevada ocorre diminuição tanto na amplitude quanto na frequência dos pulsos de LH. A alta produção está relacionada com a formação dos cistos, mas não está clara se ela é o fator desencadeador da formação. Existe predisposição genética para a ocorrência de cistos, e a pressão de seleção para vacas de alta produção pode estar selecionando vacas com maiores chances de desenvolver cistos. é possível se induzir cistos ovarianos em fêmeas bovinas com aplicações de ACTH, hormônio este que estima a secreção de cortisol pelas adrenais. ETIOLOGIA Outras causas: desequilíbrio endócrino envolven- do o eixo hipotálamo-hipófise-gônadas induzido pela aplicação de estradiol - pico de GnRH e LH Kesler e Garverick, 1982; Bosu e Peter, 1987 Brenda desequilíbrio endócrino envolvendo o eixo hipotálamo-hipófise-gônadas induzido pela aplicação de estradiol - pico de GnRH e LH causando uma disfunção hormonal que levaria a uma redução na liberação de LH, principalmente durante a onda pré-ovulatória (Fourichon et al., 2000) Cistos ovarianos são formados devido a uma falha no eixo reprodutivo (Figura 6). O eixo reprodutivo consiste de três órgãos. Na base do eixo ficam os ovários onde os folículos são formados. O crescimento folicular e a ovulação são controlados pelas gonadotrofinas, hormônios secretados pela hipófise, a segunda parte do eixo. O hormônio mais importante quanto à formação do cisto é o LH (hormônio luteinizante). A secreção de LH pela hipófise é regulada por outro hormônio, o GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) que vem do hipotálamo. O hipotálamo é a porção basal do cérebro. Os cistos se formam quando os folículos não ovulam. Teoricamente, é possível que cistos se formem quando há um defeito em qualquer um dos três pontos do eixo reprodutivo. Pesquisadores conduziram experimentos para estudar todas as possibilidades e viram que tanto os folículos/ovários quanto a hipófise podem estar funcionando perfeitamente em vacas com cistos ovarianos. O problema está no hipotálamo que controla muitos aspectos da função da hipófise e também é responsável por alguns comportamentos instintivos, como o estro. CLASSIFICAÇÃO São classificados em folicular, lúteo ou cístico depende do grau de luteinização da estrutura presente no ovário do animal O folicular e o luteal são patológicos e associados com infertilidade FIFI CLASSIFICAÇÃO Cístico Confundido com folicular e luteínico Formado após a ovulação cavidade dentro do CL normal não patológico, não afeta fertilidade CLASSIFICAÇÃO Folicular estrutura de parede fina, com ausência do CL estro constante ou irregular, anestro mais comum - 70% [ ] de P4 menor que 1ng/mL Leslie e Bosu, 1983 FIFI FOLICULAR Simples ou múltiplos Uni ou bilaterais Estruturas arredondadas, lisas, com consistência moderadamente firme ressaltam na superfície do ovário McENTEE, 1990 Os CFO podem ser simples ou múltiplos, uni ou bilaterais Figura 1. O tamanho varia do diâmetro de um folículo maduro normal (igual ou menor a 1,9 cm) até vários centímetros de diâmetro, apresentam-se como estruturas arredondadas, lisas, com consistência moderadamente firme e ressaltam na superfície do ovário (McENTEE, 1990). CLASSIFICAÇÃO Lúteo estrutura de parede mais espessa, sem CL anestro - incapacidade ovulatória - deficiência de LH > produção de progesterona cortisol - inibe onda pré-ovulatória de LH FIFI FOLICULAR Alvarez (2012). FIFI FIGURA 1 CITADA NO SLIDE ANTERIOR FOLICULAR FIFI LUTEÍNICO FIFI > intervalo entre partos ninfomania diminuição da produção de leite corrimento muco claro edema generalizado - hipertrofia e prolapso vaginal anestro SINAIS CLÍNICOS Derivaux, 1980; Hafez 2004 FIFI ?? Embora algumas vacas afetadas possam exibir intenso comportamento de monta (ninfomania), a maioria deixa de exibir cio, permanecendo em anestro (DERIVAUX, 1980; HAFEZ 2004) o córtex adrenal está envolvido com a ninfomania, já que a hiperplasia adrenal tem sido observada em vários animais com CFO. Além da intensa algia sexual, as vacas ninfomaníacas podem apresentar também diminuição da produção leiteira e frequente corrimento muco claro pela vulva (HAFEZ, 2004). SINAIS CLÍNICOS Ciclos irregulares curtos períodos de aceitação de monta e duração acima do normal Associada a produção maior e acima do normal de 17β- estradiol Fernandes, 2004. FIFI sintomatologia está associada a produção maiore acima do normal de 17β- estradiol DIAGNÓSTICO Sinais clínicos Palpação Ultrassom Dosagem de P4 no soro do leite no plasma sanguíneo thalita DIAGNÓSTICO Histórico reprodutivo do animal Cisto folicular anestro, estro constante, intervalo entre estros irregulares crônico: relaxamento dos ligamentos pélvicos e descarga de muco Cisto luteínico anestro sem sinais de cisto crônico THALITA DIAGNÓSTICO - PALPAÇÃO Palpação retal Duas avaliações - intervalo de 10-12 dias alterações circunscritas em ovários diâmetro >25mm Difícil prática do veterinário thalita DIAGNÓSTICO - US Retal ou abdominal Alterações na camada da granulosa - difícil de visualizar as vezes repete o exame Sensibilidade de diagnóstico 91,5% cisto lúteo parede espessa, com líquido no interior 70% cisto folicular parede fina, com fluído thalita US Fonte: Andreia Morardi Mrubin thalita DIAGNÓSTICO - DOSAGEM P4 Dosagens de progesterona no plasma e no leite cisto folicular - [ ] plasmática de P4 < que 1ng/mL cisto lúteo - [ ] acima de 1ng/mL Sprecher et al., 1988; Farin et al., 1990; Leslie e Bosu, 1983 thalita TRATAMENTO Depende da classificação em cisto folicular ou lúteo Cisto folicular gonadotrofina coriônica humana (hCG) ou com GnRH - induz a onda pré-ovulatória de LH - luteiniza sucesso em 80% dos casos Osawa et al., 1995; Garverick, 1997 Daniel TRATAMENTO Cisto folicular → Parede fina → GnRh Cisto luteínico → Parede espessa → PGF2∝ Protocolo COSYNCH GnRh no diagnóstico do cisto (dia 0) PGF2∝ 7 dias após o GnRh (dia 7) GnRh e inseminação 2 dias após a PGF2∝ TRATAMENTO Estudos indicam que é mais eficaz utilizar GnRH mais um dispositivo vaginal de P4 durante sete dias seguido de aplicação de PGF2α ao final do tratamento Thatcher et al., 1993; Gümen e Wiltbank, 2005b; Kim et al., 2006; Todoroki e Kaneko,2006 Daniel TRATAMENTO A prostaglandina causa lise do cisto luteal ou cisto folicular 7 dias após o tratamento com GnRH ou hCG Grande número das vacas tem recuperação espontânea As que não respondem a 2 tratamentos consecutivos com GnRH prognóstico ruim Daniel Referências BUENO, A. P.; ROCHA, E. J. N.; PRADO, F. R. A.; TOZZETTI, D. S. Cistos Ovarianos em Fêmeas da Raça Bovina. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária. Ano IV, n. 8, 2007. DERIVAUX, J. Reprodução dos animais domésticos, Acríbia 1980, p. 264- 265 Fernandes, C. A. C.; FigueiredO, A. C. S.; Oba, E.; Viana, J. H. M. Fatores predisponentes para cistos ovarianos em vacas da raça holandesa.Ars veterinaria, Jaboticabal, SP, Vol. 21, nº 2, 287-295, 2005 HAFEZ, E. S. E. Reprodução animal, Manole: São Paulo, 2004, p. 261- 265 Referências McENTEE K, Ed: Reproductive pathology of domestic animals, New York, 1990, Academic Press. 1990, 52p Santos, R.M.; Démetrio,D.G.B. ; Vasconcelos, J.L.M. Cisto ovariano em vacas de leite: incidência, resposta à aplicação de GnRH e desempenho reprodutivo . Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.61, n.3, p.527-532, 2009 SANTOS, R. M.; DÉMETRIO, D. G. B.; VASCONCELOS, J . L. M. Cisto ovariano em vacas de leite: incidência, resposta à aplicação de GnRh e desempenho reprodutivo. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. V. 61, n. 3, p. 527-532, 2009. OBRIGADO
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