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Damaso_Alonso_tatica_dos_conjuntos_semelhantes

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9. TÁTICAS DOS CONJUNTOS SEMELHANTES
NA EXPRESSÃO LITERÁRIA
Dámaso Afonso
CONJUNTOS SEMELHANTES
A REALIDADE FISICA ou ultrafísicaoferececommuitafreqüência
ao poeta(ou seja,ao escritor)umasériede fenômenossemelhantes
entresi. (No que se segue,!entendopor 'semelhança'a vinculação
a um mesmogêneropróximo).Por exemplo(escolhendoum muito
simples):"A fera (AI) corre (Bl) pela terra (Cl); a ave (A2) voa
(B2) pelo ar (C2);o peixe(Aa) nada(Ba)pelaágua(Ca)".Dizemos
queestestrêsfenômenosda realidadesãosemelhantesentresi por-
quetodospertencema um mesmogêneropróximo,ou seja:"O ani-
mal (A) move-se(B) por seuelemento(C)". Chamamos'conjunto'à
expressãológicae gramaticaldeum fenômeno.Assima expressãodos
trêsfenômenosdenossoexemploconstituiumasériede trêsconjun-
tos, a saber:AI B1CI; A2B2C2; AaBaCa. Estes,por seremexpres-
sãode trêsfenômenossemelhantesentresi, terãode sersemelhantes
entresi: comefeito,sãodiferençasespecíficasde um mesmogênero
próximo(o conjunJoABC). Quandováriosconjuntossão rigorosa-
mentesemelhantes,por força, tambémhão de ser semelhantesseus
elementoshomólogos.Issoequivalea dizerqueAI, A2e Aa sãoseme-
lhantesentresi, poissãodiferençasespecíficasde um mesmogênero
TraduzidodeSeis calas en Ia expresionliteraria espanola,Edito-
rial Gredos,Madri,1956.
297
próximo A; B" B2 e Ba o são enquantoespéciesde um mesmogêne-
ro B; C1, C2 e C3, enquanto espécies de um gênero C. Em nosso
exemplo, os conjuntos semelhantesforam três. Em geral, falaremos
semprede n conjuntos (aos quais chamaremos,respectivamente,'con-
junto 1', 'conjunto 2', 'conjunto 3'e assim sucessivamenteaté o últi·
mo, a que chamaremos'conjunto n').
Como se pode ordenar no poema - na expressãoliterária -
uma sériedeconjuntossemelhantesentre si? A Retórica, desdea Idade
Média! descobriu e descreveua seu modo um artificiosíssimo proce-
dimento de ordenação,de cujos nomeso mais generalizadofoi o de
'correlação poética'.)Vejamos brevementeo que é um poema cor-
relativo.3
CONJUNTOS EM ORDENAÇÃO CORRELATIVA
A FRENTE DA CORRELAÇÃO, presidindo, pelo menos, sua tradu-
ção européia,encontra-seum famoso dístico latino, erradamenteatri-
buído às vezesa Virgílio, e na realidade,de épocae autor incertos:
Pastor(AI), arator(Az), eques(A3), pavi (B,),
colui (Bz), superavi(Ba),capras(C1), rus (Cz), hostes(Ca),
/ronde (DI), ligone(Dz), manu(D3).
Cal'amuel,no século XVII, o traduziu em quatro versinhos cas-
te!hanose eu rctoquei a tradução de Caramuel:
Pací (AI),cultivé(Az),vencí(Aa),
pastor
(B1),labrador(Bz),soldado(B3),
cabras
(C1),campos(C2),encmigos(Ca),
con haja
(Dt),azadón(Dz),y mano(D3).
Os três conjuntos (correspondentesa três fenômenosda realida-
de semelhantesentre si), são Pací (A,), pastor(B1), cabras(C1) con
haja (DI); cultivé(Az), labrador(B2),campos(Cz) con azadón(D2);
vencí (A3), soldado(Ba), enemigos(C3) con (1a)mano (Da).
Mas, em lugar desta ordem, na pequena copIa espanhola' en-
contramosa seguinte:
AIAzAs
B,
BzBa
C,
CzCa \
DI
D?D~
298
Eis aqui um poema correlativo (assim chamadoporque em cada
linha um elemcntoqualquer, por exemplo Cz, é correlato dos demais
elementosde sua mesmacoluna, a saber,A2 Bz e Dz). Mas, às vezes,
a estrutura de um poema corrcIativo é muito mais complicada.Um
poeta italiano, tão famoso nos meados do século XVI quanto hoje
obscuro, Domenico Veniero, fez sonetos corre!ativos de endiabrada
complicação.Como este,por exemplo:
Non punse(A,), arse(Az) o legô(Ao,), siml (B,), jial11l11a(B2)
o laccio(Bs),
d'Amorgiamaisi duro (C,) e freddo(C2) e sciolto(C3)
cor, quanto'lmio, /erito (D,), acceso(Dz) e'nvolto(Do),
miseropur ne l'amorosoimpaccio.
Saldo(E,) e gelido(Ez) piu chemarmoe ghiaccio,
liberoe franco(E3) i'non temeva,stolto,
piaga(F,), incendio(F2) o ritegno(F:j): e pur m'acolto
l'arco (G,) e l'esca(G2) e Ia rete(G3) in cll'io mi giaccio.
E trafitto(H,), distrutto(H2) e preso(H3) in modo
son,ch'altrocor nonapre (1,), avampa(12)o cinge(L)
dardo (J,), face (Tz) o catena(J 3) hoggisi forte,
Ne fia, credo,ch' il sangue(K,), il foco (Kz), il nodo(K:;)
che'lfiancoa!laga(L,) e mi consuma(Lz) e stringe(L)
stagni(M,), spenga(Mz) o ra!lente(Ms) altri chemorte."
Foi traduzido para o castelhano,provavelmentepor Brocense:
Ni flecha(A,), l/ama(A2) o lazo (A3) de Cupido,
hirió (B,), quemó(Bz), enlazó(B3), pechomásduro (C1),
frio (Cz), suelto(C3) queel mío,cuando,puro,
herido(D,), ardido(Dz) y preso(Da) seha sentido.
Másfirme (E,), helado(Ez) y libre (E3) yase vida
queroca(FI), yelo (F2) y ave(F3), y bienseguro
de !laga(G,), incendio(G2) o red (Ga); masya estemuro
conarco (H1), fuego(H2) y iíudo (Ha) estárendido.
Punzado(11), asado(12) y preso(Ia) allsímesiento,
quejara (1),ni ascua(Tz), ni cadena(la) fuerte
no hiere(K,), inflama(Kz), enreda(K3) amantealguno.
Ni creoel golpe(LI), ardor (Lz) y enlazamiento(Ls)
quemetrapasa(M1) y asa(Mz) y liga (Ma) en uno,
sane(N1), apague(Nz) y desate(Nn) otro quenlllerte.6
Oferecemosum exemplo simplese outro'complicado(porque ex-
tenso) de correlaçãocontínua; ou seja, que afeta a todo o corpo do
299
FORMULA GERAL DO POEMA CORRELATlVO
A EXPRESSÃO mais geral das relaçõesque se estabelecemem um
poema correlativo pode-secondensarna seguintefórmula:
Com o soneto de Vcniero estávamosem um mundo de fria c
extravaganteartificiosidade; com o de Góngora - apesar da corre-
lação - nos sentimosem uma região de arte e poesia.
Ai A2As........An
Ai
A2As" •• 'O •• a
Ar.
AI
A2A~." .. " ..An
• •• 'O •••••••••• 'O •••••• " •• 'O" •
.".'O ••••••••••. " ••• ,,'O'O "AI
A2As...........
A"
a chamamos'pluralidade básica' ou 'base'. Na tradução de Caramuel,
a base é pastor-Iabrador-soldado;no sonetode Veniero. jIecha-llanu:z-
lazo; no de Gôngora, jiera-ave-pece.A designao conteúdoconceitual
genéricoda primeira pluralidade; B, o da segtmda;C, o da terceira;
... P, o da última. O número de pluralidade é, portanto. indetermi-
nado. Quanto a n, ele designa o número de conjuntos semelhantes;
se são apenasdois, o poema será 'bimembre'; se três, 'trimembre',
etc. Os subíndices (l, 2, 3 ... n) indicam, pois, a modificação espe-
cífica do conceitogenéricocorrespondenteà esfera ideológicade cada
um dos conjuntos, desde 1 até n. Por exemplo, c.1designaráo con-
teúdo conceitual genérico da terceira pluralidade com a modificação
específicacorrespondenteà esfera ideológicado conjunto 4.1
A fórmula geral que acabamosde estabeleceré o que permite
reconhecera vinculaçãoa um mesmosistemade uma enormequanti-
dade de fatos estéticosque, de outro modo, nos pareceriamtotalmente
diferentes.
Em geral, A será diferente de D e este, de C, etc. Ou seja, em
geral, os conteúdosconceituaisdas diferentespluralidades serão dife-
rentes.f. o que podemosconsiderar como caso normal. À correlação"\
que preenche estas condições (como nos dois exemplos até agora
citados) chamamos'progressiva'.
Esta fórmula, tambémde indeterminadonúmero de pluralidades
e de indeterminadonúmero de membrospor pluralidade, cobre todos
MAS NEM SEMPRE a correlação é progressiva. Imaginemos um
poema sujeito à fórmula geral, em que suceda que A = B = C
... =P (ou seja, que nele tooas as pluralidades tenhamo mesmo
conteúdo conceitual). --
A fórmula geral se transfornlouentão nestaoutra (que não passa
de um caso especialda primeira):
UM TIPO ESPECIAL: A Q...0RRELAÇAO REITERATIVAl
(. ~..........•.
AI A2A3'.4' ••
·1\n
BI
B2Ba.......Rn
CI
C2Ca........Cn
............................... •. ..................................PI
P2Pa..........
Pn
Ni en estemonte (AI), este aire (A2), ni este río (A3)
corre fiera (DI), vuelva ave (D2), pece nada (Da),
de quién con atenci6nno seaescllchada
Ia triste voz deI triste llanto mío;
y allnque en Ia juerza sea deI estío
aI· viento mi querella encomendada,
cuando a cada cuaI de ellos más le agrada
fresca cueva (Cl), árbol verde (C2), arroyo frío (C3).
. a compasi6nmovidosde mi llanto
dejan Ia sombra (DI), el ramo (D2) y Ia hondura (D,),
cllal ya por escucharel duIce canto
de aquel que, de Strim6n en Ia espesura,
Ias suspendíacien mil veces.i tanto
puede mi mal y pudo su dulzura!
'.
í
"
.poema.Mas a correlaçãopode ser. às vezes,mi.litodescontínua.Como
nestesonetode Góngora (no qual o.leitor rcconhec~ráo tema fiem-
-ave-pezque antesnos serviu para explicar a semelhançade conjun-
tos). Ressaltoem cursivo os únicos versos que trazem correlação:
Chamamos'pluralidade de correlação' (ou simplesmente'plura-
!idade') cada linha horizontal destafórmula. Por exemplo:\DI. D2• Da
. . . .. Dn é a segundapluralidade de correlação. À pluralidade que
mais claramentepermitever a relaçãoentre os termos1.2.3 ..... n
\..
300
301
As pluralidades de cerreIação.reiterativa são.quatro: uma em
cada um dos quartetese uma em cada um das tercetos.As quatro.
pluralidades têm, exatamente,a mesmo.canteúdo.conceitual: rios-o
montes-vientos.8A fórmula destesaneto.seria pois:
os poemasque chamaremasde 'carrelaçãa reiterativa', au mais bre-
vemente,'reiterativas'.
A paesia - e cancretamentea cspanho.la- no.so.ferece,co.m
efeito.,abundantesexemplos de co.rrelaçãareiterativa. Eis aqui uni
so.neto.de Luis Martín de Ia Plaza (penhe em cursivo.as palavrasque
trazem a co.rrelaçãoreiterativatrimembre e as calaco entre calchetes
em duas ocasiões em que estão.claramente mentadas,embora não.
expressamentemencionadas):
Veo,seiíora,al SOIl de mi instrumento,
cuandoentonami voz tu nombresanto,
parar10sdosa escucharmi canto,
correr10smontesy colfarel,viento.
Y, luego,su publicomi tormento,
fwir 10sríos con temory espanto,
y ser10smantessordosa mi ilanto,
y el viento murmurardel tristeacento.
Y esporquehacessusarenas[de 10s-rios]deoro,
traesaIos; montes un veranoeterno,
y dasolor al viento.que te toca.
Yo deshago,lforando,su tesouro[de les ríes],
traigoa Ias mantesun heladoivierno
y doyaI viente el fuegodemi boca.
EI Sol (AI) a noblefuria seprovoca
cuandosin luz 10dejasdescontento,
y por gozarteenfrenael movimiento
el aura(A2) quedegloriaseretoca.
Tus beilosajas (B1) y tu dulceboca(B2)
de luz (C1) divinau de olorosoaliento(C2)
envidiael claroSol (AI) y adorael viento(A2),
por 10queel unove (D1) y el otrotoca (D2).
Ojos (B1), y boca(B2), quetenéiscostumbre
dedarmevida,honraosconmásdespojos;
mi ardienteamorvuestrapiedadinvoca.
Fáltamealiento(E2) y fáltameIa lumbre(E1).
Préstadmevuestraluz (C1), divinosojos!
Bebayo vuestroaliento(Cz), dulceboca!9
AI A2
B1 B2
C1 C2
AI A2
DI D2
B1 B2
E1 E2
Cl C2
A análise pede mudar algo.segundoas critérias.10Tal coma re-
gistramesna texto.da p~ópriasoneto.,a fórmula é a seguinte:
).. .
pluralidades que são. 'pregressivas' e eutras que são. 'reiterativas':
surge, pais, neles cema uma mistura da casa geral ('cerrelaçãepro-
gressiva')e de particular que acabamasde explicar ('carrelaçãa rei-
terativa').Chamamoses po.emasdestetipo 'misto.seu híbrido.sde pro-
gressão.e reiteração.'.Estude-se este so.netabimembre de Pedro
Espinosa:
A~
A3
A3
As
A~
A2
A%
A2
AI
AI
A1
AI
OUTRO TIPO ESPECIAL:
HIBRIDISMO PROGRESSIVO-REITERATIVO
MUITO MAIS freqüente que este caso particuhir (carrelaçãa tatal-
mentereiterativa)é o.utreno.qual não.tadas,mas sim apenasalgumas
pluralidades são iguais entre si. Ou seja, em paemasdesta classehá
De suas o.itopluralidades, cinco.são.progressivas(A B C DE);
uma reitera A; autra, B e o.utra,C. Este tipo. híbrido aparececam
grandefreqüênciaem todasas literaturasem que existempoemascor-'
relativas de muitas pluralidades (cama a espanhela, a francesa, a
italiana, etc.).l1
302 303
Não há tipo mais fértil em nossaliteratura;aos montões(do
mesmomodo que em sonetos,em canções,romances,etc.), no-lo
ofereceLope de Vega,e conhecidíssimodo públicoé essetipo, em
infinitas florescênciaslíricas do teatrode Calderón(monólogode
Sigismundo,etc.)Deseusmuitossubtiposnãomepossoocuparagora.
Sempreseajustaà fórmula:
.,,-\
Mas sucedesercaracterísticodestetipo que a primeiraplurali- !
dadeesteja"disseminada"ao largo de todo o poemaou de parte
dele,e a segundarel;mida("recoletada")pelo final da composição,
às vezesemumúnicoverso.HE esteo tipo quechamamos'dissemi-
nativo-rccoletivo'.
UM SUBTIPO: DISSEMINATIVO-RECOLETIVO
VOLTEMOS, PORI1M,os olhosà puracorrelaçãoreiterativa.Parta-
mosda fórmulado poemareiterativo,já acimaconsignada:
AI A2As............An
AI
A2As...........
An
AI
A2As............
An
AI
A2As...........
An
...................................•
...................................AI
AoAs..........
Ali
Nela,comodissemos,o númerode pluralidadeé indeterminado.
Segundoisso,'consideremoso casoemqueemum poemadestetipo
as pluralidadessejamapenasduas:a dita fórmula(aplicadaagoraa
estecasoespecial)ficará transformadanestaoutra:
AI
AI
A,
A2
As
As
An
An
-"
AI
AI
A2
A2
As
As
An
An
ORDENAÇÃO PARATATICA E ORDENAÇÃO HIPOTATICA
VOLTEMOS AGORA a nossafórmulageral (entendendo-a,porém,
em suamodalidadeprogressiva):
••• 1 ••• ••••••••••••
I
".. i<..J' 'p~'"'''p~ Pn. ."'J/j / r," I ~.~
\ Se consideramosagora,deum pontodevistagramatical,a rela-
ção mútuaentreos elementosde uma mesmalinha, veremosque
consisteem seremelestodosmembrosoe:tÍmmesmosintagmanão
progressivo;chamamosesta!.e~ç~õde 'paratática'.
Mas a fórmulageralpode-seler também,nãono sentidode suas
tinhas,comoocorrenospoemascorrelativos(ecomotemosfeitoneste
artigodesdeque a formulamos),massim no de suascolunas.Que
relaçãomútuaexisteentreos membrosde um~.mCSVlacoluna?Sim-
plesmente,a de pertencerem-toClosa-um-mesmosintagniã--progres-
sivo:H a estarelaçãochamamos'hipotática'.lft
Com freqüênciaincrível e portentosamentegrandea literatura
espanholaoferecepoemasquese ajustama esteesquemareiterativo
emduaspluralidades.Um exemplo,quatrimembre,de LopedeVega:
Echadoen estesuelo,i oh lucesbellas,
cuyapiedaden mi mediainvoco!,
con Ias suspirosde mí almaos toco,
queos igualantambiénen ser centel/as.
jOh Bocina,famosalumbreentreellas,
y tlí, Lucero,quenoamastepoco,
si estrellaeresde Venus,yo soy loco,
quea medianochecuentoIas estrellas!
iOh Carrocelebrado!iOh lumbrespuras!
iOh Norte hermoso,queen el alta corte
deI cieloestuvo,donde,estáissegura!
De mi estrellaIa luz al sol importe;
antesuclaridadseránoscuras, .••
Ia Bocina,el Lucero,el Carro,el Norte.13
(. ...)
AI
Bl
C1 I
A2
B'2
C2
A3
B3
C3
:)
An
Bn
Cn
304 305
Na traduçãojá citada,
CONJUNTOS EM ORDENAÇÃO HIPOTATICA
OU PARALELlSTICA
Tierras (Cl) con piedad (Bl) labré (A,)
virtud (C:) con te (B2) cultivé (A:)
cielo (Cs) con cela (Bs) cogí (A~).
Madre, un caballero (AI)
que estabaen estecorro (Bl)
a cada vuelta
hacíamedeI ajo (C1)
Yo como era bonica
teníaseloen poco (DI).
Madre, un escudero (A2)
que estabaen estahuella (Ba)
Q cada vuelta
asíame de Ia manga (C2).
Yo como era bonica
teníaseloen nada (Da).lt
Assim modificado,é um simplesexemplode poemasparaleIístico.
E chamamosa estespoemas'paraleIísticos'porque, em primeiro
.lugar, dentro de duas definições entramtotalmenteas formas chama-
das 'paraleIísticas'na tradição hispânica (tanto na castelhanaquanto
na portuguesa):
1 (')
,f'. ,~~Pací, cultivé, vencí,:
pastor, labrador, soldado,
cabras,campos,enemigos,
con haja, azadón y mana.
\('~ '~,\
os me~biõSde uma linha (de uma pluralidade),por exemplo,"cabras,
campos,enemigos",estão mutuamenteem relaçãoparatática.Mas se
lemos por colunas, de cima para baixo (ou seja, "Pací, pastor, cabras
con hoja; cultivé, Iabrador, campos [con] azadón; vencí, soldado,
ellemigos [con Ta] mano"), restabelecemosa ordem natural dos três
conjuritos semelhantes.Pois bem, dizemos que os membros de cada
conjunto (ou, o que é o mesmo,de cada coluna de nossa fórmula)
estãoentre si em relaçãohipotática.
A ordenaçãoparatáticadevários conjuntos semelhantesnos dá,
como vfmos, o poemacorrelativo. Mas será que não existe em litera-
"tmaa ordenaçãohipotática de conjuntos semelhantes?
Sim, existe,e seu resultadoé o poem~paraleIístico.
NA BEATIFICACIÓN DE SAN ISIDRO,17 há uma pequena copIa
correlativa de três pluralidades trimembresde correlaçãoprogressiva,
ou seja:
Este poeminhapoderia ser desenvolvidoem ordenaçãohipótática
(sentidodas colunas), atése as lemos de baixo para cima, semperder
a estruturaoctossilábica:18 "
Labré. cultivé, cogl,
con piedad, con te, com ceIo,
tierras, virtudes y cielo.
B a seguinte(fala Isidro):
A2
Bz
Cz
Dz
AI
Bl
Cl
DI
"
Mas se há de levar em conta que no paralelismo popular, em
geral, as diferenças entre os membros 1 e os membros 2 não são
conceituais,mas sim meramentefonéticas. Com efeito, "hadame deI
ajo (Cl)" vale, de um ponto de vista conceitual,aproximadamenteo
mesmoque "asíame de Ia manga (C2)" e "teníaselo en poco (D,)".
o mesmoque "teníaseloen nada (D2)". Se compararmoscom a pe-
quena copIa de "Pad, cultivé, vencí", vemosque aí. os elementosdo
primeiro conjunto (primeira coluna) vinculam-seao mundo pastoril;
os do segundo,ao agrícola; os do terceiro, ao militar. Enquanto que
aqui, na cançãode Castillejo (ou por ele recolhida), os elementosdo
conjunto 1 só têm de signo específico sua participação comum na
assonância6-0 frente à assonânciaá-Q caracterizadorado conjunto 2.
Ou seja:liO
..
As
Bs
Cs
Az
B2
C2
AI
B1
C1
306 307
Remontando-nosmais,teríamosdereconhecerqueo paralelismo,
sobretudoo binário,é umprocedimentofreqüentedesdea origemde
todaa literatura.( ... )
O paralclismotambémserveparaexpressar,comperfeitacorres-
pondencia,um complicadofenômenoda realidadec uma rebuscada
imagemquea elese vai amoldando.elementoa elemento.r: prática
bemconhecidada poesiaárabe:
As rosas(AI) seespalharamnorio (B,) c osventos(C,) _
ao passaremas escalonaram(D,) comseusopro,
comoseo rio fosseacouraça(B,) deumherói.desgarradapela
lança(C2)e na qualmanao sangue(A2)dasferidas(D").n
TambémnaDivina commedia:
Digas tú el marinero (AI)
que en Ias navesvivias (Bl)
si Ia nave o Ia vela o Ia estrelia (C1)
es tan belIa.
Digas tú el cabalIero (A2)
que Ias armas vestias (B2)
si el cabalio o Ias armas o Ia guerra (C2)
es tan belia.
Digas tú el pastorcico (As)
que el ganadico guardas (Bs)
si el ganadoo Ias valies o Ia sierra (Cs)
es tan bella.25
Ou seja:
CORRELAÇÃO E PARALELISMO
CORRELAÇÃO e paralelismosão,portanto,as duastáticas(isto é,
ordenações)fundamentaisquea elocuçãopodeseguirparaexpressar
umasériede n conjuntossemelhantes.
o quevaledizer:trata-sede trêsconjuntossemelhantes,de três
elementoscadaum, dispostosem ordenaçãohipotática(paralelismo
ternário).Estacançãode Gil Vicenteé um perfeitoexemplode poe-
ma paralelístico.Note-se,porqueé curioso:pareceum desenvolvi-
mentoem sentidohipotáticoda mesmabase(as três atividadesdo
homem)queemsentido"paratáticodesenvolveo famosodístico"Pas-
tor, arator, eques". Mas o lavrador(arator) foi substituído... por
quem?Por quemhaviade serem Portugal?Pelo "marinheiro".
Teríamosdeexplorarcuidadosamentea literaturacontemporânea.
Uma boa partedas Canciones de FedericoGarcía Lorca temestru-
tura paraleIística(bináriacomocorrespondeà sua provávelrelação
comosantigoscancioneiros).O séculoXIX poderevelarinsuspeitados
conteúdosempoesiaparalelística.E o quefazementreverosdesco-
brimentosde CarlosBousonona poesiade Bécquer.26
Si come i peregrinpensosi (AI) !armo
giugnendo(B,) per cammingente (Cl) non nota
che si vo/gono (DI) ad essae 110/1 restanno(E,),
COSI di relro a noi (C2) phl tosto mata,
venendo(B2) e trapassando(E2) cl ammirava (D2)
d'animeturba tacitae devota (A2).22
Destatradição,muitopassaà imagemprolongadados poemas
renascentistas.Mas estesparalelismos,o árabecomoo de Dante.são
sempre.binários(re~lid.~~e~--_·im.agem):·
Por queteríamosdenosrestringira chamar'paralelismo'ao de-
senvolvimentohipotáticode apenasdois conjuntossemelhantes?Na-
turalmente,emestética,a dualidadeé a maisfreqüentedasplura!i-
dades(porquenossocérebropercebecom muito menoresforçoas
relaçõesbinárias).Tambémquandopensamosem paralelasgeomé-
tricas costumamosantesde tudo imaginarapenasduas linhas que
seguem"comoos trilhosdo trem".Mas as linhasparalelasentresi
podem,na realidade,ser cinco,ou vintee set~,ou trezentas... Do
mesmomodo,o númerodeconjuntossemelhantesquepodemserde-
senvolvidosparalelamenteé indefinido.Ao ladodo paralelismohiná-
rio (semdúvida,o maisfreqüente)existeo tcrnário,o quaternário,
etc-.,tantona-poesia-cultaquantona poesiapopularda maiorparte
dospovos.23
Considere-seestabelíssimacançãode Gil Vicente" (omitoo
t:stribilho): "
AI
Bl
Cl
Az
B:
C2
As
Bs
Cs
308 309
A ordenaçãomaissimples,a maisnaturale imediata,é a hipo-
táticaouparalelística(A1 B1C1 .... P1); (A2 B2C2 .... P2); (AaBa.
Cs .... Pa); .... ; (AnBnCn .. .'. Pn),poisapresentaos fenômenos
emsucessão(conjuntodo fenômeno1; conjuntodo fenômeno2; con-
junto do fenômeno3... ; conjuntodo fenômenon), mostrando-os
tal comoa natureza,a história,a fantasia,etc.,os pode oferecer
(por ex.: "pací, pastor,cabrascon hoja; cuItivé,labrador,campos
con azadón;vencí,soldado,enemigoscon Ia mano").A ordenação
paratáticaou correlativa,em troca,extrai,por assimdizer, os ele-
mentosgenéricoscomunsa todasas partesde todosos conjuntosda
série, agrupandoas parteshomólogas:A, em sua multiplicidade
(AI A: Aa ... An); depoisB,emsuamuItiplicidade(Bl B2Bs '" Bn);
depoisC, emsuamuItiplicidade(Cl C2 Ca ... Cn),etc.; enfim,P,
emsua'muItiplicidade(P1 P2Pa ~.. Pn).A sériejá emsuaexpressão
nãoaparececomoumasucessãodeconjuntos,massimcomoumcop-
juntoúnico,do qual cadaelementotemumanaturezaplurimembre.
A ordenaçãohipotáticaou paralelísticaé mais sensorial,como
reflexonão modificadode sucessõesfenomênicasfísicasou ultrafí-
sicas(nãonosestranhaquecertostiposde paralelismose dêemaqui
e ali na poesiapopular).A ordenaçãoparatáticaou correlativa,em
troca,temum fortecaráterintelectualenquantorepresentaumaaná-
lisedefenômenos,umaordenaçãodomundopor suascategoriasgené-
ricas. "E. uma arte de momentoscomplexose refinados.
FORMAS H/BRIDAS DE CORRELAÇÃO E PARALELISMO
Na realidade,todoo poemaé correlativo;masumadasplurali-
dades(na fórmulaqueantecede,a primeira)temseusmembrosfor-
madospor n conjuntossemel)luntes;ou seja,uma daspluralidades
contémum desenvolvimentoparalelístico.
Estude-sea seguinteampliaçãolírica emumacenadeCalderón:
Yo mismafiay de mí!) encendí(AI)
e1fuego(Bl) en quetristepeno(C1);
yo conficioné(As) e1veneno(B2)
queyo mismame bebí (C2);
yo mismadesperté(Aa), yo,
1afiera (Ba) quemeha deshecho(Cs);
yo crié (A4) dentrode1pec1w
e1áspid (B4) queme mordió(C.,).
Arda (Cl), gima(C:), pene(C'I),muera(Cs)
quiensop1ó(AI), conficionó(As),
alimentó(A4), despertá(As),
Veneno(B2), ardor (Bl), áspid(B4),fiera (BaV1
Ou seja:
AI B1C1 A2B2 C2AsBaCsA4B4C.
Cl
C2CsC4
AI
A2AaA.
B1
'? B3 B3B4
.............................................................................................................•.
................................................................................................................
OCORRE QUE, freqüenteniente,vários conjuntossemelhantessão
expressospor umaordenaçãomistadehipotaxee parataxe.Em muitas
ocasiõesa ordenaçãohipotáticaprecedea paratáticae os mesmos
elementos,desenvolvidosprimeiroparalelisticamente,se recolhemno
final emordemcorrelativa.Nestecaso,a fórmulapodeseresta:;.
... P1A2B2C2 ... P2AsBaCa ... Prr
A2 Aa
B2 Ba
C2 Ca
A pluralidadebásicaé fuego-veneno-fiera-áspid.Aqui, comoqua-
sesempreemCalderón,a reiteração,àsvezes,ésóaproximadamente38
conceituale nãoexatamenteverbal.Ademais,a pluralidadede C, na
reiteração(arda,gima,pene,muera),nãomostraclarasas diferenças
específicas:se arda correspondea encendí(conJunto1), em troca,
gima,penee mueranão ficambemdeterminadosentreosconjuntos
2; 3 e 4. Não cabedúvida,porém,de que,intencionalmente(e tam-
bémpor suaeficáciasobreo ouvintedo teatro),a passagemcorres-
pondetotalmenteà fórmulatranscrita.
Mas é necessáriosaberque há muitasvariedadeshíbridasde
paralelismoe correlaçãoquenãoseajustamà formulaçãoquedemos.
No exemploseguinte,a partehipotáticavem depoisda paratática.
Outravariaçãoqueoferece,comentá-Ia-emosemseguida.f: umsoneto
à Virgemde Monteagudo:~~
-r\
PD
AnBnCn ... PIl
An
Bn
Cn
PaP2.Pl
AI Bl C1
AI
B1
Cl
310 311
FINAL
Não teremosuma visão clara nem da correlação nem do para-
lelismo se não partirmos da noção de éonjuntos semelhantes.Uma
vez, contudo,que ganhamosesteconhecimento,tudo se aclara unita-
riamente)e uma imensa zona da expressão literária fica articulada
como um perfeito sistema científico.
Observe-seque, na breve parte paralelísticacom que termina,s6
os elementosA são reiteraçãode uma pluralidade da parte paratática.
Seria inútil querer agora apresentaraqui sequerum breve mos-
truário da infinita variedadecom que, na prática,podem-sematizar as
formas híbridas de correlaçãoe paralelismo.
Esteshíbridos eram interessantesporque eles mesmosconfirmam
a teoria unitária do presentetrabalho.
Selva(AI), viento(A~),corriente(Ao), quejiieces
os merecÍóem mi mal eI llanto mío;
verdeealle(BI), luz tiema(Bz), cristallIío(Ba)
quea Febo (CI), a amor(C2), a Diana (C3) gloriaolreces.
y a mi cantorespondesdulcesveces;
anchaselva(D,), airefresco(D2), clarorío (Da),
dealtasombra(EI), luz nueva(Ez), alegrebrío (Es),
deanimales(FI), depájaros(F2), de peces(Fa):
Sin temorquea las lágrimasmevuelva,
vino mi amor,y en ella mi contento,
Virgendei Norte,a quienel almaenvío.
Las flores(G,) tienesde suslabios(HI), selva(A,);
la luz (G2) ganastedesusojos (H2), viento(A2);
el oro (Ga) debesa sufrente(Ha), río (Aa).ao
Fórmula:
Desde a mais remotaantigüidade,muito antesde Teócrito, quan-
do os autênticos pastores cantavam altemadamente,até Federico
GarCÍa Lorca, estende-seo campo do paralelismo (que nunca se en-
tendeu, porque só se viu o binário, sem se colocar o problema em
seustermosgerais).Quanto ao campoda correlação,é enorm~liquan,
tidade de materiais,o que faz que nosso livro ainda esteja inédito.31
.Tenha-se,porém, em conta que, para oferecermosexemplosrigorosos,
escolhemossempre poemasque seguemestritamente(ou quase) sua
norma correlativa ou paralelística. O mais interessantecontudo, em
literatura, são precisamenteas obras que trazemesquemasinteriores,
dissimulados,porque um comprimento frouxo, um esfumado super-
ficial oculta a estruturaÍntima. ( ... )
Todo o tempo operamoscom exemplospoéticos: mas tudo que
se disse tem aplicação imediata à prosa; aí está, se faltam exemplos
próximos,a prosa dos séculosXVI e XVII.a2
É que a natureza física e o mundo moral oferecem constante-
menteao poeta séries de fenômenossemelhantesentre si, nos quais
existeum princípio formal (a própria semelhança)que seduz a ima-
ginação,e mesmoesta procurará imagensmúltiplas semelhantespara
expressaras realidades imediatas. Assim, o trabalho da ordenação
dos conjuntos semelhantesse apresentouao escritor em várias oca-
siõesna história da Humanidade: o modo mais natural de ordenação
era o paralelístico; mas logo se descobriu outro mais artificioso e
intelectual, o correlativo. Enfim, uma terceira oportunidade era ofe-
recida pelas formas híbridas entre correlação e paralelismo. Vimos
que tambémelas foram freqüentementeusadas.
Eis aqui um imensocampo literário reduzido a rigoroso sistema.
Pela própria naturezado objeto essareduçãoera fácil.
Se tudo na matéria literária pudesseser assim tratado, a consti-
tuição de uma Ciência da Literatura não seria problema. No cosmo
da Literatura (ou seja, da poesia em seu sentido mais geral), há
infelizmente, enormeszonas nas quais, cremos, nunca será possível
uma sistematizaçãoexata.É que a poesiaé um complexodosmateriais
mais distintos, físicos e espirituais. Toda a Geometria pode sair de
uma única postulaçãoa priori. Nada de semelhanteserá o panorama
da Ciência da Literatura, se algum dia se constituir.
Entre os setores,como o que estudamos,e estesoutros que hoje
vemoscomo irredutíveisa uma organizaçãocientífica, há muitos que
esperamo investigadore como que o estão convidando.
Este é o maior, o mais instigantetrabalho no campo da investi-
gaçãoliterária. E é por certo necessáriaa perspectivahistórica. Mas
,.','
,
As
Ba
Ca
Da
Ea
Fa
• GaH3 As
Az
Bz
Cz
Dz
Ez
F~
G2 H2 A~
A,
BI
C1
DI
E1
FI
G, HI AI
312 313
tenhamosconceitosumpoucoclaros:a Ciênciada Literaturanãoserá
emsi mesmaumaciênciahistórica,emboraassimpareçamhojeacre-
ditar algunsilustresinvestigadores.33
NOTAS
1. Definoaqui o conceitode (semelhança'de um pontode vistà
lógico ( ... ). Tambémse observeque a semelhançade con-
juntospodeestarbaseadaemcondiçõesclaramenteencontráveis
na realidade(comoé o casoem nossoexemploda fiera, da
avee do pez); contudo,o maisfreqüenteé que sejaa mente
humanaquetenha,digamos,forçadoos fenômenosa entrarou
aparecerem relaçãode semelhança,medianteuma hábilaná-
lise de elementos.Estenão é senãoum aspectoda inclinação
do espíritohumanoparaa ordenaçãomentaldo mundo.
2. Cf. E. Fara!: Les arts poétiquesdu moyenage,passim;
.3. Para a correlaçãoconsiderem-seos seguintestrabalhos:
1) JohannesBoIte: Die indischcRedefigur"Yatha Samkhya"
(Archiv für dasStudiumder neurcnSprachenund Literaturen,
CXII, 265; CLIX, 11).
2) BrunoBerger:Vers rapportés.Ein Beitragzur Stilgeschichte
der franzoesischenRenaissancedichtung,Karlsruhe,1930(Tese
doutoraldá Universidadede Freiburgim Breisgau).
3) DámasoAlonso: "Versosplurimembresy poemascorrelati-
vos.CapítuloparaIa estilísticadei siglode oro", Madri, 1944,
112pp., in 4.° (é,compequenasvariações,separatada Revista
de Ia biblioteca,archivoy musco,da Câmarade Madri, ano
XIII, número49, pp. 89-111).
4) DámasoAlonso: "Versos correlativosy retórica tradicio-
nal" (Revistade filologiaespaiíola,1944,pp. 139-153).Estu-
do reimpressoentreos apêndicesde Seiscalasen Ia expresión
líterariaespaiíola,EditorialGredos,Madri, 1956.
5) Agustín dei Campo: "Plurimembracióny correlaciónen
FranciscodeTorre" (Revistade,filologíaespaiíola,XXX, 1946,
385-392).
6) DámasoAlonso:Vida y obrade Medrano,Madri, 1948,ca-
pítulo XVIII, "La Correlación",pp. 210-223.
7) ErnestRobertCurtius:EuropaeischeLiteraturund lateinis-
chesMittelalter,Berna,1948,pp.287-289.
314
8) DámasoAlonso: "La correlaciónpoéticaen Campanella"
(Revistade ideasestéticas,1949,julho-setembro,núm.27, pp.
223-237).Reimpressonos apêndicesde Seis calas.
9) DámasoAlonso:Poesíaespaiíola.Ensayodemétodosy lími-
tesestilísticos,Madri, 1950(pp. 463-471,"Lope, manierista").
10) DáinasoAlonso:EstilísticadeI petrarquismoy dei siglode
oro. (Inédito.Redatadoentre1945e 1950).
11) DámasoAlonso: "Antecedentesgriegosy latinosde Ia poe-
sía correlativamoderna"(Estudiosdedicadosa M. Pidal,Cons.
s. de investigacionescientíficas,t. IV, Madri, 1953,pp. 3-26).
Reimpressoin Seiscalas.( ... )
4. No originallatinoa fórmulateriaum valoralgodiverso(pois
aí é A o quena traduçãoé B e vice-versa).
5. Seguimoso textode 11primo volumedellerime scelteda di·
versiautori... , Veneza,1565,p. 419.Mas já apareceno Libro
terzodellerimedi diversiautori,Veneza,1550,foi. 198..Comp.
Rime di DomenicoVeniero,Bérgamo1751,p. 31; ai é o so·
netoXXIV .
6. Reproduzidopor RodriguezMarinem PedroEspinosa,p. 379,
nota1 e por AlonsoZamoraVicenteemFranciscode Ia Torre.
Poesías,Clásicoscastellanos,195 ( ... ).
7. Em resumo:tantoas letrasquantoos subindicestêmumadu-
pla função:1.°designamum conteúdoconceitual;2.°designam
uma ordem.Leve-se,porém,em conta que as letras(A, B,
C ... P) só têmvalorordinalna correlaçãoprogressiva(e não
nosoutrostipose subtiposdequeemseguidafalaremos).
8. Observe-seo artificiosocuiidadodo poeta:conservouescrupu-
losamentea mesmaordemnasquatrovezes.Com muitafre-
qüência,na poesiacorrelativa,as pluralidadessãà desordena-
das.Em nossasfórmulas,sempreas consideramosordenadas.
9. Ed. RodríguezMarín, p. 5.
10. Por exemplo:a últimapluralidade(queé de um tipoespecial
que estudaremosadiante),poderíamostê-Iaconsideradocomo
constituídapor ojos-bocae entãoreiterariaB, B2• Tambémse
poderiapensarque a pluralidadeque designamospor E, E2
(lumbre-aliento)não passada reiteraçãoda pluralidadeC, C2
(luz-aliento),pois lumbrenãoé senãoa variaçãoverbalde luz.
Mas não a consideramosreiterativa,porqueem C, C2 luz e
alientosãoda pessoaamadae emE, Ez lumbree alientosão
as qualidadesde que,emsi, sentefalta o poeta.Estasvacila-
çõesemnadaafetama essênciadenossaexplicação.
315
11. Em.. confronto,por exemplo,à poesiaárabe, que costuma
ter apenasduaspluralidades.Comp. "Versosplllrimel"!bres".
pp. 153-155(artigocitadona nota3).
12. La escoIásticacelosa,Ed. Acad.N. V, p. 444.
13. La arcadia,Rivad.,XXXVIII, p. 92.
14. Veja-seno sonetode La escolásticacelosa:os quatromembros
(bocina, Iucero, carro, norte) estão primeiro 'disseminados'
entreos versosquintoe décimoprimeiro:logo,'recoletados'no
últimoverso.
15. Esta proposiçãonão é verdadeiraem absoluto,massim o é
noscasosnormaisdecorrelaçãoprogressiva,comosãoosexem-
plos dadosno princípio(pp. 54-58 do original,passagemnão
traduzida,N. do T.). Nüo temostempoparaapresentare dis-
cutir agoraas exceções.
16. Parataxee hipotaxesãoconceitosbemconhecidosemsintaxe.
Leve-seem contaque,semnos determosagoraem umadeli-
mitaçãocom o conceitonormalem sintaxe,chamamos'para-
tática'a ordenaçãode um sintagmanão progressivoe 'hipo-
tática',a de umsintagmaprogressivo;ou seja,simplesmente,a
parataxecorrespondeà leitura de nossafórmulaem sentido
horizontal,a hipotaxe,à leituraemsentidovertical.Será'para-
tática'a relaçãoentreos membrosde umalinha: 'hipotática',
a relaçãoentreos elementosde umacoluna.
17. Do ano de 1620.Pode-sever nas Obras sueltasde Lape de
Vega,tomoXI. A copIaseencontrano frontispíciodo livro.
18. Apenascomumamudança:Uvirtud",emvezde Uvirtudes".
19. Cristóbalde Castillejo,Ed. DomínguezBordona,lI, 80.
20. As flechasindicamquea fórmulahá de ser lida por colunase
nãopor linhas.
21. As uheridas",separadasumas das outras,correspondemno
planoimaginárioao uescalonado"dasrosasno real.Esteexem-
plo (do Libro de Iasbanderas,ed. por GarCÍaGómez)foi por
nóscomentado,doutropontode vista,emEnsayossobrepoesía
espafioIa,p. 41.
22. PurgoXXIII, 16-21.Exemplocomunicadopor meuamigoCarlo
Consiglio.O paralelismoconceitualé perfeito,emborao mesmo
nãosedê como sintático.
23. Analise-sepor exemplo,na poesiaalemã,UDasbucklichtMaen-
nlein"ou UEskamelldreiDiebeausMorgenland".composições
anônimasque se podemencontrarem Bofill e Gutiérrez,La
316
24.
..
25.
26.
27.
28.
29.
30.
poesiaalemana,Barce/ona,1947,pp. 102e 112.Na primeira
são oito os conjuntosparalelísticos;a segundacontémvários
sistemasparalelísticosdiferentes.
Considero"si /a naveo Ia velao Ia estreIla"comoum único
elemento(Cl); do mesmomodo"si el cabaIloo Ias armaso
Ia guerra"comoCz; e "se el ganadoo Ias vaIleso la sierra"
comoC3• E possívelquesepudesselevara antiliseadiante,mas
assimbastaparanossoobjetivo.Que o poetasentiuumamaior
correspondênciao prova,semmaisconsiderações,a natureza
ternáriade C.
Observe-sea anáfora(UDigastú") e tambéma reiteraçãofinal
(UestanbeIla").Se designamospor X e Y esteselementosque
não têmdiferenciaçãoespecíficanos diversosconjuntos,a ex-
pressãogenéricados três conjuntosdestacomposiçãode Gil
Vicenteseria:
XABCY
A anáforaaparece,com enormefreqüência,nas ordenações
paralelísticas.E ela (e, emgeral,os elementosinvariáveis)cos-
tuma ter grandeextensãono paralelismodos cancioneiros
antigos.
Veja-seem Seiscalasseuestudo"Los conjuntosparalelísticos
de Bécquer".
Mafianasde abril y mayo,Rivad.,IX, 29.
Por exemplo:sopfóreiteraaproximadamenteencendíapesarda
mudançade verboe de sernumaocasiãoterceirapessoae na
outraprimeirapessoa.
A Virgemveneradana localidadeflamengade Scherperheuvel
(em francês,Montaigu,em espanhol,Monteagudo),uma ima-
gemda qual foi levadaparaAntequeraem 1608.Os poetas
locaiscelebraramabundantementea suachegada.Veja-seCan-
cioneroantequerano,recogidopor Ignaciode ToIedoy Godoy,
publicadopor DámasoAlonsoe RafaelFerreres,Madri, 1950,
pp. XXXI-XXXIII e 449-450.
Pedro Espinosa,Obras, ed. RodríguezMarín, p. 34. Poderia
tambémter supostoque a quartapluralidadeé reiteraçãoda
primeira;decido-mepor considerá-laprogressivaatendendoa
queinovanaadjetivaçãoacrescentada.Serelemosagorao soneto
"El Sol a noblefuria seprovoca",do mesmoEspinosa- con-
317
sideradono § IV - podemosagoraanalisá-Iocommaisexati-
dão: a últimapluralidadeque entãoregistramoscomoC1 C,
é na realidadeCI-B1 CZ-B2• Ou seja,estesonetoé misto,con-
tendoao mesmotempoprogressãoe reiteração,correlaçãoe
paralelismo.
31. Estilística deI petrarquismoy deI sigla de oro ondeoferecemos,
amplamente,exemplosespanhóise, suficientemente,exemplos
estrangeiros.No presenteestudose tratavaapenasde mostrar
os exemplosindispensáveisparaa articulaçãoda teoria(... ).
32. Existemsejacorrelações,sejaparalelismosemváriosdosexem-
plos de prosaque,ao falar daspluralidades,mencioneiatrás:
"alumbrarámi elltendimiento(AI) Y fortalecerámi corazón
(Az) de modoquequedeúnico(BI) y sin igual(Bz)en Ia dis-
creción(CI) u en Ia valentía(Cz)" (Quijote). A primeirae a
terceiradualidadessãoevidentes;a segunda,duvidosa;embora
único pareçaaludir à inteligência("única Fénix, etc.) e sin
igual ao valordo invencívelcavalheiro( ... ).
J3 . Não negamosa "história"como"ciência".Negamossim que
"História da literatura"seja igual a "Ciênciada literatura".
Tradução
Luiz CostaLima
I
318
li') 1')7').Lilr;.lri"FranciscoAlves EditoraS.A.
I~"vi<íotipográfica: ManoeI Reis de Oliveira, FernandoAugusto
daR. Rodriguese AnaMariaCaldeirae Sousa.
Impressono Brasil
Pri"ted in Brazil
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte
SindicatoNacionaldos Editoresde Livros,RJ.
Lima, Lulz Costa.
L698t Teoria da literaturaem suasfontesI ,LuizCostaLima.
2v. - 2." ed. rev. e ampl. - Rio de Janeiro: F. Alves,1983.
Bibliografia.
1. Literatura- Históriae crítica2. Literatura- Teo-
ria I. Título.
83-0167
cnn- 809
801
cnu- 82.0
82.09
, ~ I
1983
Todosos direitosdestaediçãoreservadosà:
LIVRARIA FRANCISCO ALVES EDITORA S.A.
Rua Setede Setembro,177- Centro
20050- Rio de Janeiro- RJ

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