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Aula 00 Direito Processual Civil Professoras: Priscila Seifert e Juliana Elir Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 2 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Olá, amigo (a)! Seja bem-vindo (a) ao curso de Direito Processual Civil, inteiramente atualizado com as mudanças trazidas pelo Novo Código (Lei nº 13.105/2015), com foco no concurso do Tribunal Regional Federal da 4ª Região – TRF4. Esse ano é o seu ano! Você vai conseguir alcançar a sua tão sonhada vaga no serviço público. Aposte nisso! Você não está sozinho nessa jornada. Você tem uma excelente equipe ao seu lado. O Curso Exponencial não medirá esforços para a sua aprovação. Particularmente, sentimo-nos felizes e honradas por fazermos parte dessa equipe e por participarmos da sua história de sucesso. Eu, professora Priscila, já trilhei esse mesmo caminho e sei muito bem o que você está passando, suas ansiedades, medos e angústias. Fui aprovada no concurso para o cargo de Advogado da União (AGU), em 2003, aos 24 anos. Qual o segredo para uma aprovação tão rápida? Bons professores e um estudo estratégico do edital. Tudo isso você encontra aqui, no Exponencial. E eu, professora Juliana, sou advogada, mediadora e coach. Sou especialista e apaixonada pelo Processo Civil. Passei no exame de Ordem na primeira tentativa. Em minha jornada profissional, já auxiliei inúmeras pessoas a alcançarem seus sonhos. Aí está minha missão pessoal e realização pessoal e profissional: auxiliar pessoas a alcançarem os resultados pretendidos. Assim como nós, você também terá um final feliz! E poderá chorar de alegria quando vir o seu nome dentro das vagas dos candidatos aprovados. Acredite! Você verá o seu nome dentro das vagas dos candidatos aprovados! Nossa missão é oferecer um material completo com a máxima objetividade. No curso de Direito Processual Civil, você vai estudar os principais pontos da teoria, vai realizar muitas questões e receber as dicas e orientações necessárias para ser bem-sucedido nas provas de concurso. Enfim, no Exponencial, você terá acesso a uma aula completa: com a teoria e a prática (estudo de questões) necessárias para sua aprovação! Em caso de dúvidas, não pense duas vezes em entrar em contato conosco no fórum do Exponencial. Teremos enorme prazer em esclarecer qualquer ponto da matéria que não tenha ficado muito claro. Ok? Mãos à obra! APRESENTAÇÃO Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 3 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Sumário 1- O que é o Direito Processual Civil? ................................................. 4 2- Fontes do Direito Processual Civil .................................................. 6 3- Princípios do Direito Processual Civil ............................................. 9 3.1- Princípios Constitucionais Processuais ..............................................10 3.1.1- Princípio do devido processo legal .................................................11 3.1.3- Princípio da isonomia ..................................................................13 3.1.3- Princípio do juiz natural ..............................................................14 3.1.4- Princípio da inafastabilidade da jurisdição ......................................17 3.1.5- Princípio do contraditório .............................................................18 3.1.6- Princípio da motivação das decisões judiciais ..................................21 3.1.7- Princípio da duração razoável do processo......................................23 3.1.8- Princípio da Boa-fé processual ......................................................24 3.1.9- Princípio da Cooperação ..............................................................25 3.1.10- Princípio da primazia da decisão de mérito ...................................27 4- Regras de organização do processo ............................................. 28 4.1- Instauração do processo por iniciativa da parte .................................28 4.2- Desenvolvimento do processo por impulso oficial ...............................29 4.3- Obediência à ordem cronológica de conclusão. ..................................31 5- Lei Processual Civil ..................................................................... 34 6- Aplicação da Lei Processual no Espaço ......................................... 36 7- Aplicação da Lei Processual no Tempo ......................................... 37 8- Questões Comentadas ................................................................. 41 9- Lista de exercícios ....................................................................... 71 10- Referencial Bibliográfico............................................................ 89 11- Gabarito .................................................................................... 90 Aula 00 – Direito Processual Civil: definição, fontes e princípios. Regras de organização processual. Lei Processual Civil. Aplicação da lei processual no espaço e no tempo Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 4 de 90 www.exponencialconcursos.com.br O que é o Direito Processual Civil? Bem, de uma forma bem simples, podemos classificar o direito em dois grandes blocos: o direito material o direito processual. O direito material, também chamado de substancial, refere-se ao corpo de princípios e regras que regulam nossa vida cotidiana, como por exemplo, a união entre duas pessoas, o crédito, as prestações de serviço, as relações de consumo etc. O direito processual, por sua vez, entra em cena, quando algum sujeito, lamentando ao juiz um estado de coisas que lhe desagrada e pedindo- lhe uma solução mediante invocação do direito material, provoca a instauração de um processo. O processo, desse modo, é uma técnica para a solução imperativa de conflitos, criada a partir da experiência dos que operam nos juízos e tribunais. O processo pressupõe a existência de funções e atividades muito específicas, quais sejam, a jurisdição, exercida pelos juízes, e a ação e a defesa, praticadas pelas pessoas (chamadas de partes) em conflito, representadas de seus advogados ou pelo Ministério Público, nos casos em que a lei lhe dá legitimidade para atuar1. Assim, em apertada síntese, podemos conceituar o Direito Processual Civil como o conjunto de normas jurídicas que regula o exercício da jurisdição civil, ou seja, o poder e dever dos juízes, os ônus e faculdades das partes e de seus respectivos procuradores, bem como a forma de praticar os atos processuais. 1 DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016. Direito Processual Direito Material 1- O que é o Direito Processual Civil? Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 5 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Dessa maneira, o direito processual civil cuida, previamente, das normas que vão reger uma relação jurídica, que se materializará através da prática de uma sucessão de atos processuais, que, por sua vez, darão origem ao processo judicial. Através do processo será prestada a tutela jurisdicional, ou seja, serão resolvidos os conflitos levados ao Poder Judiciário. Assim, podemos afirmar queo Direito Processual Civil estuda, especialmente, o exercício da atividade fim do Poder Judiciário, que é resolver os conflitos jurídicos. Mas, atenção!!! O Direito Processual Civil é responsável pelo exercício da jurisdição, ação e defesa com referência a pretensões fundadas em normas de direito privado (civil e comercial) e também público (administrativo, tributário e constitucional). Assim, excluem-se do âmbito do Processo Civil as causas de natureza penal. 1- (Analista de Gestão –CESPE – TCE/PE - 2017) Com relação às normas processuais, julgue o item seguinte: A classificação das normas em materiais ou processuais depende de sua localização no ordenamento jurídico, sendo materiais todas as normas dispostas nos códigos civil e penal, e processuais aquelas situadas nos códigos de processo civil e penal. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resolução: Não interessa a localização da norma jurídica e sim o seu conteúdo. Este é que define se uma norma é material ou processual. F Quanto aos processos que tramitam na Justiça Eleitoral e na Justiça do Trabalho, o processo civil aplica-se apenas supletiva e subsidiariamente, pois o processo eleitoral e o processo trabalhista são disciplinados por normas próprias. Nesse sentido, confira agora o disposto no art. 15 do CPC: Art.15. Na ausência de normas que regulem os processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente. Por conta da aplicação supletiva e subsidiária aos processos que tramitam na Justiça Eleitoral e na Justiça do Trabalho é que o Direito Processual Civil é exigido na maioria dos concursos. Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 6 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Você certamente vai precisar do Direito Processual Civil para desempenhar suas funções diariamente! Chamam-se “fontes” as formas de expressão do direito positivo. Assim, o Direito Processual Civil tem por fontes: (1) a Constituição Federal; (2) a lei complementar federal; (3) a lei ordinária federal; (4) os tratados, convenções ou acordos internacionais dos quais a República Federativa do Brasil faça parte; (5) as Constituições e leis estaduais; e (6) os regimentos internos dos tribunais; Atenção!!! Não há leis municipais sobre o direito processual. Também não há medidas provisórias com esse objeto. (art.62, §1º, letra b, da CRFB). A seguir, vamos ver, em separado, cada fonte do direito processual: A Constituição Federal é responsável pelo enunciado 1) dos princípios constitucionais do direito processual; 2) das regras de organização judiciária; 3) das funções essenciais à Justiça; 4) dos procedimentos processuais diferenciados (mandado de segurança, ação civil pública, habeas data, ação popular, mandado de injunção, ação direta de inconstitucionalidade etc). A lei complementar federal, como por exemplo, a Lei Orgânica da Magistratura (LC nº 35/1979) é uma fonte importante do Direito Processual Civil. É preciso lembrar que a lei complementar federal é uma espécie normativa aprovada pelo Poder Legislativo Federal e sancionada pela Fontes do Direito Processual Civil CF88 LC federal LO federal Tratados, convenções ou acordos internacionais Constituições e leis estaduais Regimentos internos dos tribunais Leis Municipais Medidas Provisórias 2- Fontes do Direito Processual Civil Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 7 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Presidência da República e tem como característica a aprovação pela maioria absoluta de cada uma das casas do Congresso Nacional (art.69, da CRFB). A lei ordinária federal, assim como a lei complementar federal, também pressupõe a aprovação pelas casas do Congresso, bem como a sanção pela Presidência da República. Mas, diferente da lei complementar, para ser aprovada, a lei ordinária federal não necessita de aprovação pela maioria absoluta de cada uma das casas do Congresso. É importante saber que a competência para legislar sobre direito processual é exclusiva da União (art.22, I, da CRFB). O Código de Processo Civil, Lei nº 13.105/2015, é a lei processual civil mais importante do ordenamento jurídico brasileiro. Os tratados, convenções ou acordos internacionais dos quais a República Federativa do Brasil faça parte também são fontes do Direito Processual Civil. Eles ocupam a mesma posição das leis ordinárias federais na hierarquia das leis, salvo aqueles que versem sobre direitos humanos, como, por exemplo, o Pacto de São José da Costa Rica, em vigor desde 1978 e incorporada a ordem jurídica brasileira em 1992, pelo Decreto nº 678, de 6.11.92. Tais tratados gozam de status constitucional, por força do disposto no art.5º, §3º, da Constituição. As constituições e leis estaduais, por sua vez, são fontes do Direito Processual Civil porque as constituições estaduais são responsáveis pela definição das competências dos Tribunais de Justiça, segundo o art. 125, §1º, da CRFB. Já as leis estaduais são responsáveis pela definição da organização judiciária de cada Estado e sempre serão de iniciativa do próprio Tribunal de Justiça. Por fim, os regimentos internos dos tribunais são considerados fontes do Direito Processual Civil uma vez que é por meio de tais regimentos que as questões interna corporis dos Tribunais são regulamentadas (art.96, I, letra a, da CRFB). Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 8 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Vejamos uma observação importante. Segundo Candido Rangel Dinamarco, com a entrada em vigor do novo código de processo civil, a jurisprudência passou a ser considerada fonte do direito processual civil2. Explica-se: o novo código de processo civil passou a adotar a teoria dos precedentes. Isso significa que determinados precedentes, decisões e linhas jurisprudenciais são de observância obrigatória pelos juízes de todos os níveis de jurisdição, os que os qualificaria como verdadeiras fontes do direito. O art. 926 do Código, ao determinar que “os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente”, reforça esse entendimento. Na visão do prof. Dinamarco, “mantê-la estável, íntegra e coerente significa prestigiá-la mediante sua observação sistemática, o que passa a ser imposto no art. 927, segundo o qual “os juízes e tribunais observarão” os precedentes ali indicados, como as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle abstrato de constitucionalidade (inc. I), os enunciados de súmula vinculante (inc. II), os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos (inc. III), etc.”3 Tudo bem até agora? Alguma dúvida? Pode nos chamar no fórum de dúvidas, caso precise de algum esclarecimento. 2 DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016. 3 Idem. Fontes do Direito Processual Civil • Constituição Federal • Lei Complementar Federal • Lei Ordinária Federal • Os tratados, convenções e acordos internacionais dos quais o Brasil faça parte • Constituição Estadual • Lei estadual • Regimento Interno dos Tribunais • Jurisprudência (?)Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 9 de 90 www.exponencialconcursos.com.br O processo civil brasileiro, assim como os demais ramos do processo, é construído a partir de um modelo estabelecido pela Constituição da República. Dessa maneira, temos o chamado “modelo constitucional de processo civil”, expressão que designa o conjunto de princípios constitucionais destinados a disciplinar o processo brasileiro4. Não é, por acaso que o art. 1º do Código de Processo Civil, traz a seguinte redação: Art.1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado em conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidas na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições desse Código. Segundo Fredie Didier Jr, do ponto de vista normativo, o art.1º reproduz uma obviedade: qualquer norma jurídica brasileira somente pode ser construída e interpretada de acordo com a Constituição da República5. Assim, podemos encontrar na Constituição quatro grupos de regras que dizem respeito ao modelo constitucional de processo civil: 1) princípios constitucionais do direito processual; 2) regras de organização judiciária; 3) funções essenciais à Justiça; 4) procedimentos processuais diferenciados pela Constituição (mandado de segurança, ação civil pública, habeas data, ação popular, mandado de injunção, ação direta de inconstitucionalidade etc). Neste momento, nos interessam apenas os princípios constitucionais processuais. 4 CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. São Paulo: Atlas, 2016.p.7. 5 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. Salvador: Jus Podivm, 2015. p.47. Constituição Princípios Constitucionais Regras de Organização Judiciária Funções Essenciais à Justiça Procedimentos processuais diferenciados 3- Princípios do Direito Processual Civil Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 10 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Vejamos, agora, os princípios constitucionais gerais. Esses princípios inspiraram o legislador processual a escrever o primeiro capítulo do Código de Processo Civil, que se dedica, exatamente, às normas fundamentais do processo. É importante deixar claro, desde já, que o rol de normas fundamentais encontrado no primeiro capítulo do Código de Processo Civil, não é exaustivo. Há diversos princípios constitucionais processuais, como por exemplo, o do juiz natural, que não se encontram nesse rol. Basicamente, o modelo constitucional de processo é composto pelos seguintes princípios: 1) do devido processo legal; 2) da isonomia; 3) do juiz natural; 4) da inafastabilidade da jurisdição; 5) do contraditório; 6) da motivação das decisões judiciais e 7) da duração razoável do processo; 8) da boa-fé processual; 9) da cooperação; 10) da primazia da decisão de mérito. P r in c íp io s C o n s ti tu c io n a is P r o c e s s u a is Devido processo legal Isonomia Juiz natural Inafastabilidade da jurisdição Contraditório Motivação das decisões judiciais Duração razoável do processo Boa-fé processual Cooperação Primazia da decisão de mérito 3.1- Princípios Constitucionais Processuais Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 11 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Além desses princípios, veremos também três regras de organização processual bem importantes: 1) a da instauração do processo por iniciativa da parte; 2) o do desenvolvimento do processo por impulso oficial; 3) da obediência da ordem cronológica de conclusão. O estudo desse princípio é muito importante. Como veremos a seguir, podemos afirmar que o devido processo legal é um princípio “guarda-chuva”, que abriga sobre o seu conceito uma série de outros princípios, verdadeiros corolários de sua aplicação. Por conta dessa amplitude, tem-se afirmado que o devido processo legal se caracteriza como uma cláusula geral, aberta, geradora de diversos princípios autônomos6. O princípio do devido processo legal está previsto no art.5º, inciso LIV, da Constituição da República que estabelece que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Desse enunciado, extrai-se o princípio do devido processo legal, que confere a todo sujeito de direito o direito fundamental a um processo justo. No entanto, a interpretação da abrangência desse princípio revela-se uma atividade complexa, pois seu enunciado é bastante vago, razão pela qual afirma-se também que o devido processo legal é uma cláusula geral. De acordo com Fredie Didier Jr, “a cláusula geral é uma espécie de texto normativo, cujo antecedente (hipótese fática) é composto por termos vagos e o consequente (efeito jurídico) é indeterminado. Há, portanto, uma 6 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. Salvador: Jus Podivm, 2015. Devido Processo Legal Art.5º, inciso LIV, da CRFB Art.8º do CPC 3.1.1- Princípio do devido processo legal Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 12 de 90 www.exponencialconcursos.com.br indeterminação legislativa em ambos os extremos da estrutura lógica normativa”7. A locução “devido processo legal” corresponde à tradução para o português da expressão inglesa due process of law. Law, porém, significa Direito, e não lei (statute law). A observação é importante: o processo há de estar em conformidade com o Direito como um todo, e não apenas em consonância com a lei. “Legal”, então, é adjetivo que remete a “Direito”, e não a lei8. Em síntese, todas as normas jurídicas são produzidas após um processo. Em outras palavras: a edição das normas pressupõe a existência de um processo. Assim, as leis são produzidas após o processo legislativo; as normas administrativas, após um processo administrativo; as normas individualizadas jurisdicionais, após um processo jurisdicional. Nenhuma norma jurídica pode ser produzida sem a observância do devido processo legal. Dessa forma, esse princípio pode ser considerado uma verdadeira garantia contra o exercício abusivo do poder, qualquer que seja ele. Veja como esse assunto foi cobrado em concurso. 2- (Juiz Substituto – FMP-RS – TJ/MT – 2014) O direito ao processo no Estado Constitucional: a) é o direito ao procedimento encartado em lei. b) é o direito a um procedimento tendencialmente estável, que pode ser alterado sem qualquer prévio aviso pelo juiz. c) é o direito ao processo justo, constituindo ao mesmo tempo um princípio e uma cláusula geral. d) é o direito ao processo justo, constituindo uma regra e um conceito jurídico indeterminado. e) Nenhuma das alternativas está correta. Resolução: A resposta CERTA é a letra “c”. Ora, o direito ao processo no Estado Constitucional não deve ser encarado apenas como um procedimento legal. O Estado Constitucional busca a efetivação dos direitos, portanto, deve-se buscar um processo que sejajusto, que é direito fundamental do jurisdicionado. C 7 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. Salvador: Jus Podivm, 2015. p.51 8 Idem. p.63. Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 13 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Por fim, no que se refere ao princípio do devido processo legal, é preciso esclarecer que ele apresenta duas dimensões: a material (ou substancial) e a formal. Na dimensão formal, o devido processo legal nada mais é do que o direito de processar e ser processado de acordo com as normas preestabelecidas em conformidade com o devido processo legislativo. Já na dimensão material (substantive due processo of law), o devido processo legal é a exigência e a garantia de que as normas sejam razoáveis, adequadas, proporcionais e equilibradas. Quanto a esta última dimensão, é importante registrar que a jurisprudência extrai do princípio do devido processo legal os deveres da proporcionalidade ou razoabilidade (STF - RE nºn374.981, de 28.03.2005, INF nº 381). Para finalizar o estudo desse princípio, devemos frisar que o art.8º do CPC/15 consagra, expressamente o dever do órgão jurisdicional de observar a proporcionalidade e a razoabilidade ao aplicar a lei (lato sensu). Confira o teor do artigo: Art. 8º: Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. O art. 5º, caput, da Constituição da República é a fonte normativa do princípio da isonomia processual, também conhecido como princípio da paridade. No Código de Processo Civil o princípio se encontra refletido na primeira parte do art. 7º. Vejamos: Art. 7º. É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo contraditório. Segundo Fredie Didier Jr, a igualdade processual deve observar quatro aspectos: 1) imparcialidade do juiz (equidistância em relação às partes); 2) igualdade no acesso à justiça, sem discriminação (gênero, orientação sexual, raça, nacionalidade etc); 3) redução das desigualdades que dificultem o acesso 3.1.3- Princípio da isonomia Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 14 de 90 www.exponencialconcursos.com.br à justiça, como a financeira (concessão do benefício da gratuidade da justiça, arts. 98-102 do CPC), a geográfica (ex.: possibilidade de sustentação oral por videoconferência, art.937, § 4º, CPC), a de comunicação (ex.: garantir a comunicação por meio da língua brasileira de sinais, nos casos de partes e testemunhas com deficiência auditiva, art.162, III, CPC); 4) igualdade no acesso às informações necessárias ao exercício do contraditório9. É importante ressaltar que dar tratamento isonômico às partes significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades. Dessa forma, o princípio da isonomia também se materializa em casos em que se criam regras para tratamento diferenciado. Por exemplo, na estipulação de prazo em dobro para os entes públicos se manifestarem nos autos do processo (art.183 do CPC); quando a lei prevê a tramitação prioritária de processos que envolvem idosos ou pessoas portadoras de doença grave (art. 1048 do CPC); quando se criam regras especiais de competência territorial para a proteção de vulneráveis (arts.53, I, II e III, “e” do CPC). Ok? O princípio do juiz natural consiste na exigência de que os atos de exercício da jurisdição sejam realizados por juízes instituídos pela própria Constituição e competentes segundo a lei. Tal exigência pode ser desdobrada em três características: 9 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. Salvador: Jus Podivm, 2015. p.92. Isonomia Imparcialidade do julgador Igualdade no acesso à justiça Redução das desigualdades no acesso à justiça Igualdade no acesso às informações necessárias ao exercício do contraditório 3.1.3- Princípio do juiz natural Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 15 de 90 www.exponencialconcursos.com.br a) os julgamentos devem ser realizados por juiz e não por outras pessoas ou servidores. Segundo a Constituição Federal, os juízes são os integrantes dos órgãos elencados no art. 92; b) o órgão judiciário competente para julgamento deve ser preexistente, sendo vedados eventuais tribunais de exceção instituídos depois de configurado o litígio (art.5º, inc. XXXVII); c) o juiz deve ser investido de competência, segundo determinado pela Constituição e pela lei (art.5º, inciso III). Em uma perspectiva objetiva, o princípio consagra duas garantias básicas: proibição de juízo ou tribunal de exceção (art.5, XXXVII, da CRFB) e respeito absoluto às regras objetivas de determinação de competência (art.5, LIII, da CRFB). Sob um viés subjetivo, o princípio encerra a garantia de imparcialidade. Assim, todos os juízes e demais servidores públicos deverão agir com vistas à justa composição do litígio e não voltados a interesses ou vantagens particulares. Vamos praticar um pouco? Segue uma questão bem legal para revisão dos conceitos: 3- (Promotor de Justiça – MPE/MT - UFMT -2014 - adaptada) Levando em conta a legislação processual civil brasileira, analise as afirmativas. I- Genericamente, o princípio do devido processo legal caracteriza-se pelo trinômio vida-liberdade-prosperidade, vale dizer, tem-se o direito de tutela àqueles bens da vida em seu sentido mais amplo e genérico. Princípio do juiz natural Julgamento por juiz Preexistência do orgão julgador Juiz constitucionalmente competente Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 16 de 90 www.exponencialconcursos.com.br II- O princípio da isonomia determina o tratamento igualitário das partes, significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na exata medida de suas desigualdades. III- O princípio do juiz natural tem grande importância na garantia do estado de direito, bem como na manutenção dos preceitos básicos de imparcialidade do juiz na aplicação da atividade jurisdicional. IV- O princípio do direito de ação determina que, além do direito ao processo justo, todos tenham direito à tutela jurisdicional adequada. No entanto, abrange somente os direitos individuais levados ao conhecimento do judiciário, não tendo aplicação aos direitos coletivos. Estão corretas as afirmativas: a) I, II e III, apenas. b) I e II, apenas. c) I, III e IV, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) II e IV, apenas. Resolução: A assertiva “I” está CORRETA. De forma genérica, o princípio do devido processo legal caracteriza-se pelo trinômio vida-liberdade-prosperidade. Como vimos, o princípio do devido processo legalé bastante amplo e abrangente. A assertiva “II” também está CORRETA. Ela reproduz exatamente o significado do princípio da isonomia uma vez que dar tratamento isonômico às partes significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades. A assertiva “III está igualmente CORRETA. Com efeito, o princípio do juiz natural ao garantir que ninguém será julgado por tribunal de exceção e que as regras de competência devem ser previamente definidas, garante o estado de direito e, consequentemente, a imparcialidade das decisões judiciais. Por fim, a assertiva “IV” está ERRADA. De fato, o princípio do direito de ação determina que, além do direito ao processo justo, todos tenham direito à tutela jurisdicional adequada. No entanto, ele abrange os direitos individuais e coletivos levados ao conhecimento do Poder Judiciário. Logo, o equívoco da assertiva encontra-se na exclusão dos direitos coletivos. Assim, considerando que as assertivas “I”, “II” e “III” estão corretas, a resposta da questão é a letra “A”. A Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 17 de 90 www.exponencialconcursos.com.br O princípio da inafastabilidade da jurisdição está previsto no art.5º, XXXV da CRFB, bem como no art. 3º do CPC. Tradicionalmente, o referido princípio era associado ao direito de ingresso em juízo, de dirigir-se ao Poder Judiciário para mover uma ação judicial. Atualmente, o princípio recebeu uma nova leitura e tem abrangido, além da garantia ao acesso ao Poder Judiciário (acesso à Justiça), uma garantia de outorga a quem tiver razão, de uma tutela jurisdicional efetiva, adequada e tempestiva. Tutela efetiva é a tutela que satisfaz. É a tutela que implementa o direito no mundo da vida. Já a tutela adequada é aquela “compatível e aderente aos interesses em jogo no processo e capaz de fazer justiça com observância dos valores presentes nas normas de direito material”10. Por fim, a tutela tempestiva é aquela prestada em prazo razoável, “compatível com a complexidade da causa, a urgência na obtenção da tutela e a conduta manifestada pelas partes no processo – sempre com a preocupação de obstar os males corrosivos dos direitos representados pelo tempo-inimigo”. 11 Antes de passarmos ao estudo do próximo princípio, segue uma questão bem legal sobre o princípio da inafastabilidade: 4- (Defensoria Pública - DPE/AP – FCC - 2018) Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. Esse é o princípio da: a) inclusão obrigatória, decorrente da dignidade humana e do mínimo existencial, tratando-se de princípio constitucional e, simultaneamente, infraconstitucional do processo civil. b) vedação a tribunais de exceção ou do juiz natural, tratando-se apenas de princípio constitucional do processo civil. c) legalidade ou obrigatoriedade da jurisdição, tratando-se apenas de princípio infraconstitucional do processo civil. d) reparação integral do prejuízo, tratando-se de princípio constitucional e também infraconstitucional do processo civil. e) inafastabilidade ou obrigatoriedade da jurisdição e é, a um só tempo, princípio constitucional e infraconstitucional do processo civil. 10 DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016. p.55. 11 Idem. 3.1.4- Princípio da inafastabilidade da jurisdição Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 18 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Resolução: O preceito constitucional assim enunciado: “a lei não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito”, diz respeito ao princípio constitucional do processo civil da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional, art. 5º, XXXV, CF, com previsão também no CPC/15, em seu art.3º. E A Constituição da República prevê o princípio do contraditório no inciso LV do art.5º, que estabelece o seguinte: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com meios e recursos a ela inerentes”. A doutrina tem apontado duas dimensões do princípio do contraditório: a formal e a substancial. A dimensão formal diz respeito à possibilidade de participação do processo, que se desdobra na garantia de ser ouvido, receber comunicações, ter oportunidade de se manifestar no âmbito processual. Já a dimensão substancial refere-se ao poder de influência. Influenciar é mais que participar. É permitir que a parte seja ouvida em condições de poder influenciar, efetivamente, o conteúdo da decisão do órgão jurisdicional. Essa dimensão do contraditório impede a prolação de decisão surpresa. Decisão-surpresa é decisão nula, por violação ao princípio do contraditório. O art.9 do CPC estabelece que “não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida”. Ou seja, como regra, alguém somente pode ter uma decisão judicial proferida contra si após ter sido garantida a chance de ser ouvido. Contraditório Dimensão Formal Participar do Processo Dimensão Material Influenciar o Julgador 3.1.5- Princípio do contraditório Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 19 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Atenção: é muito importante observar que a regra impõe a audiência da parte para que a decisão seja proferida contra ela. Se a decisão for favorável à parte, não haverá necessidade de sua oitiva. Há, porém, situações excepcionais, em que se admite que a decisão seja proferida sem a oitiva da parte contrária (inaudita altera parte). O parágrafo único do art.9º traz alguns exemplos: 1) decisão que concede tutela provisória liminar de urgência (art.300, § 2º, do CPC); 2) decisão que concede tutela provisória liminar de evidência (arts.311, II e III, do CPC) e 3) decisão que determina a expedição de mandado monitório, na ação monitória (art.701 do CPC), que também é uma hipótese de tutela da evidência. É importantíssimo saber que o princípio do contraditório impõe ao juiz o dever de dar às partes a oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual se deva decidir de ofício, ou seja, matéria de ordem pública, que diga respeito às condições da ação e aos pressupostos processuais, temas que estudaremos mais adiante. Por ora, basta que você memorize integralmente o teor do art. 10 do CPC. Confira: Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Por fim, é preciso ressaltar que a parte final do art.7º do CPC impõe ao órgão julgador o dever de zelar pelo efetivo contraditório. Confira-se: Regra Ouvir a parte antes de profera decisão judicial Exceções Tutela de urgência Tutela de evidência Decisão que determina a expedição do mandado monitório Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 20 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Art. 7º: É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa,aos ônus, aos devedores e a aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. 5- (Promotor de justiça – MPE/SC – 2016) Nos termos do Novo Código de Processo Civil, o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, salvo se tratar de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resolução: A assertiva praticamente reproduz o teor do art. 10 do CPC/2015. No entanto, há um erro no final, pois a lei não ressalva a matéria sobre a qual o juiz deva decidir de ofício, mas a inclui. Confira-se: Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. F 6- (Procurador Municipal – FUNDATEC – Prefeitura de Porto Alegre – 2016) Considerando o princípio constitucional do contraditório, na estruturação conferida pelo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/15), assinale a alternativa correta. a) O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ressalvadas as questões sobre as quais deva decidir de ofício. b) É vedado ao juiz apreciar questão, proferir decisão ou conceder tutela de urgência contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. c) O juiz não pode conceder tutela de evidência, quando houver tese afirmada em julgamento de casos repetitivos, contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. d) É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos devedores e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 21 de 90 www.exponencialconcursos.com.br e) Nos tribunais, quando já julgada a causa pelo juiz de primeiro grau, se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão recorrida que deva ser considerado no julgamento do recurso, poderá intimar as partes para que se manifestem no prazo de dez dias. Resolução: A letra “a” está ERRADA. Depreende-se do teor do art. 10 do CPC/2015 que o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. As letras “b” e “c” também estão ERRADAS, haja vista o estabelecido no art. 9º do CPC/2015. Vejamos: Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: I – à tutela provisória de urgência; II – às hipóteses de tutela de evidência previstas no art. 311, incisos II e III; III – à decisão prevista no art. 701. A letra “d”, por sua vez, está CERTA. A assertiva é cópia fiel do estabelecido no art. 7º do CPC. Confira-se: Art. 7º. É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. Por fim, a letra “e” está ERRADA. O erro da assertiva encontra-se do prazo. Segundo o teor do art. 932, parágrafo único, do CPC/2015, o prazo é de 5 (cinco) dias e não de 10 (dez) dias. D Até aqui, tudo bem? O princípio da motivação das decisões judiciais se caracteriza pela necessidade imposta pela Constituição (art.93, IX, CRFB) e reiterada pelo 3.1.6- Princípio da motivação das decisões judiciais Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 22 de 90 www.exponencialconcursos.com.br CPC/15 (art.11) de que o julgador deixe explicito os motivos de decidir. Confira- se: Art. 93, IX, da CRFB: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação. Art.11 do CPC: Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Nessa direção, a motivação deve estar presente em todas as decisões judiciais e tem como objetivo conferir transparência ao exercício do poder pelo juiz para conhecimento pelas partes e possível controle pelos órgãos superiores da Magistratura. Da obrigatoriedade da motivação das decisões judiciais decorre a exigência procedimental da tríplice estrutura da sentença, a qual deve conter o relatório, a motivação e o dispositivo. Não há uma fórmula objetiva para dizer se uma decisão judicial viola ou não o princípio da motivação das decisões judicial. A análise se dará em cada caso concreto, em fase das questões debatidas na instrução da causa e do grau de relevância de cada uma delas. Não obstante, o §1º, do art. 489, CPC/15, enumera os seguintes casos nos quais não se considera fundamentada determinada decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão: 1) que se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida (inciso I); 2) empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso (inciso II); 3) invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; 4) não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; 5) se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demostrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos (inciso V); Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 23 de 90 www.exponencialconcursos.com.br 6) deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento (inciso VI). A falta ou insuficiência de motivação constitui vício formal, reputando-se inválida a decisão judiciária que nesse vício houver incidido. Essa invalidade é tratada pela ordem-processual como nulidade absoluta. Já ressaltamos, ao tratar do princípio da inafastabilidade da jurisdição, que o tempo pode se caracterizar como um inimigo do processo. Isso porque o decurso do tempo, muitas vezes, é responsável pelo perecimento do direito e das próprias partes (que podem falecem antes do término do processo). Sensível a esse problema, o legislador, através da Emenda Constitucional nº 45, de 8 de dezembro de 2004, incluiu, no capítulo da Constituição Federal referente às garantias de direito, o princípio da duração razoável do processo. Confira: Art. 5°, LXXXVIII, da CRFB: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios quegarantam a celeridade de sua tramitação. Na mesma direção da Constituição Federal, o Código de Processo Civil prevê no art. 4º que “as partes têm o direito de obter em um prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”. É importante ressaltar que o novo código inovou ao incluir expressamente a atividade satisfativa no direito de obtenção da solução integral do mérito dentro de um prazo razoável. A atividade satisfativa diz respeito aos procedimentos de cumprimento de sentença e do processo de execução autônomo, cuja finalidade principal é efetivar/satisfazer o direito. Preste atenção na parte final do art. 4º do CPC!!! As bancas gostam de modificar essas locuções finais. Logo, não se esqueça: o princípio da duração razoável do processo inclui a atividade satisfativa!!! Ok? Tudo certo até aqui? Qualquer dúvida, me chama lá no fórum! Vamos praticar mais um pouquinho? O tema foi alvo do concurso para analista judiciário do TRT 8º, no ano passado. 3.1.7- Princípio da duração razoável do processo Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 24 de 90 www.exponencialconcursos.com.br 7- (Analista Judiciário – CEBRASPE – TRT8 – 2016 - adaptada). Em decorrência do princípio da duração razoável do processo, o juiz possui a faculdade de prolatar sentença ilíquida, mesmo que o autor tenha formulado pedido certo e determinado. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resolução: O item está ERRADO. Como vimos o art. 4º prevê que as partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. A decisão ilíquida não é satisfativa, pois depende de um procedimento chamado de liquidação de sentença para que possa ser devidamente cumprida. Ademais, segundo o teor do art. 492 do CPC, “é vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado”. No caso, o autor formulou pedido certo e determinado, não tendo justificativa para que a sentença seja ilíquida. F O princípio está previsto no art. 5º do CPC, que estipula o seguinte: “aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé”. O princípio da boa-fé processual (objetiva) encerra uma norma de conduta e não pode ser confundido com a exigência de boa-fé (elemento subjetivo) para a configuração de alguns atos ilícitos processuais, como o manifesto propósito protelatório, apto a permitir a tutela provisória prevista no inciso I do art. 311 do CPC. De acordo com Didier Jr, “a boa-fé subjetiva é elemento do suporte fático de alguns fatos jurídicos; é fato, portanto. A boa-fé objetiva é uma norma de conduta: impõe e proíbe condutas, além de criar situações jurídicas ativas e passivas”12. 12 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. Salvador: Jus Podivm, 2015. p.104. 3.1.8- Princípio da Boa-fé processual Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 25 de 90 www.exponencialconcursos.com.br O princípio da boa-fé processual também é considerado uma cláusula geral processual. Questão interessante e que pode ser cobrada em concurso diz respeito aos destinatários do princípio da boa-fé processual. Ele é destinado somente às partes ou ao órgão jurisdicional também? A boa-fé objetiva destina-se não apenas as partes, mas também ao órgão jurisdicional, que também deve agir de maneira leal e com proteção à confiança. Os princípios do devido processo legal, do contraditório e da boa-fé processual, juntos, servem de base para o surgimento de outro princípio do processo: o princípio da cooperação. O princípio da cooperação define o modo como o processo civil deve estruturar-se no direito brasileiro. Assim, tem se afirmado que o modelo processual brasileiro não é nem inquisitivo, nem adversarial, mas cooperativo ou comparticipativo13. Vamos explicar esse assunto na próxima aula, quando estudarmos a jurisdição. O princípio da cooperação está previsto no art. 6º do CPC: “Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. O modelo cooperativo caracteriza-se pelo redimensionamento do princípio do contraditório, com a inclusão do órgão jurisdicional no rol dos sujeitos do diálogo processual, e não mais como um mero expectador do duelo das partes. Consequentemente, surgem deveres de conduta para as partes e para o órgão jurisdicional. Dessa forma, o juiz deve conduzir o processo numa posição 13 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. Salvador: Jus Podivm, 2015. p.125. Boa fé Objetiva Normas de Conduta Princípio Processual Boa-fé Elemento Subjetivo Intenção (boa ou má) Fato 3.1.9- Princípio da Cooperação Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 26 de 90 www.exponencialconcursos.com.br paritária em relação às partes, com diálogo e equilíbrio. Dessa forma, as partes também passam a participar da gestão adequada do processo. No entanto, é muito importante frisar, que não haverá paridade no momento da decisão. Em outras palavras: a decisão judicial é manifestação do poder estatal, que é exercido, com exclusividade, pelo órgão jurisdicional. Por fim, é preciso esclarecer que decorrem do princípio da cooperação diversos deveres processuais, que podem ser sistematizados em três grupos: deveres de 1) esclarecimento; 2) lealdade; 3) de proteção. Sobre o assunto, veja o esquema abaixo: Veja como o tema foi cobrado em concurso: 8- (Auditor – CESPE – TCE/RN – 2015) O princípio da cooperação processual se relaciona à prestação efetiva da tutela jurisdicional e representa a obrigatoriedade de participação ampla de todos os sujeitos do processo, de modo a se ter uma decisão de mérito justa e efetiva em tempo razoável. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resolução: O princípio da cooperação, fonte do dever de colaboração entre as partes e o juiz, tem previsão no art. 6º do CPC/2015, que estabelece o seguinte: Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. Dever de esclareci mento Os atos processuais e decisões judiciais devem ser claros e coerentes. Ex: caso a decisão contenha uma parte obscura, é possível pedir esclarecimento sobre essa parte ao juiz.( art. 1022 do CPC). Dever de lealdade As partes nâo podem litigar de má-fé. Ex: se uma das partes litigar de má-fé, será punido com multa (arts.79-81 do CPC) Dever de proteção As partes não podem causar danos à parte adversária. Ex: se o exequente promover a execução injustamente, ele responderá pelos eventuais danos de maneira objetiva (arts. 520, I e 776 do CPC). Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 27 de 90 www.exponencialconcursos.com.br O princípio se dirige àspartes e ao juiz, enfim a todos os sujeitos do processo. V Tudo certinho? Podemos prosseguir? Caso tenha dúvida, pode nos chamar no fórum. Amigo (a), esse princípio é muito importante e tem sido bastante cobrado nos concursos realizados após a entrada em vigor do novo CPC. O princípio da primazia da decisão de mérito estabelece que o órgão jurisdicional deve priorizar que o deslinde do processo resulte em uma decisão de mérito, com o julgamento da demanda. Essa prioridade incide tanto na primeira instância, através da análise da demanda, como nos Tribunais, nos julgamentos dos recursos. A primazia da decisão de mérito está prevista no art. 4º do CPC, que estabelece o seguinte: Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. Vamos ver como esse princípio tem aparecido nos concursos? 9- (Auditor de Controle Externo – CESPE – TCE-PA – 2016) No que diz respeito às normas processuais, aos atos e negócios processuais e aos honorários de sucumbência, julgue o item que se segue, com base no disposto no Novo Código de Processo Civil. Em observância ao princípio da primazia da decisão de mérito, o magistrado deve conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir vício processual antes de proferir sentença terminativa. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resolução: A assertiva está CERTA. Em observância ao princípio da primazia da decisão de mérito, o magistrado deve conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir vício processual antes de proferir sentença terminativa, ou seja, sentença sem apreciação de mérito. 3.1.10- Princípio da primazia da decisão de mérito Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 28 de 90 www.exponencialconcursos.com.br V Lembre-se que durante todo o curso iremos estudar outros princípios e retomar os conceitos até então abordados. Além dos princípios constitucionais processuais, o primeiro livro do Código de Processo Civil, também traz três regras essenciais para a organização e desenvolvimento do processo, quais sejam, 1) a de instauração do processo por iniciativa da parte (princípio do dispositivo); 2) a do desenvolvimento do processo por impulso oficial (princípio inquisitivo); 3) a de obediência a ordem cronológica de conclusão. Vamos examinar cada uma dessas regras? Tradicionalmente, o processo civil brasileiro começa por iniciativa da parte. Isso significa que, em regra, o órgão jurisdicional não pode dar início ao processo. Dessa forma, uma das características da jurisdição é a inércia. A regra da instauração do processo por iniciativa da parte, que também é chamada de princípio do dispositivo, está prevista na primeira parte do art.2º do CPC: Art. 2º: O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. Há duas exceções a essa regra. Primeira exceção: o juiz pode instaurar o cumprimento de sentença que impõe prestação de fazer, não-fazer ou dar coisa distinta de dinheiro (arts.536 O processo começa por iniciativa da parte se desenvolve por impulso oficial Salvo exceções previstas em lei 4- Regras de organização do processo 4.1- Instauração do processo por iniciativa da parte Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 29 de 90 www.exponencialconcursos.com.br e 538 do CPC), independente da iniciativa da parte (de ofício). É muito importante que você saiba, desde já, que o mesmo não acontece com o cumprimento de sentença de pagamento de quantia certa, que depende de iniciativa da parte (art. 513, § 1º, do CPC). Segunda exceção: o juiz pode dar instaurar três incidentes processuais sem a necessidade de provocação da parte. São eles: 1) o incidente de demandas repetitivas (art. 976 do CPC); 2) de conflito de competência (art. 951 do CPC) e o 3) incidente de arguição de inconstitucionalidade (art. 948 do CPC). Mais adiante, iremos estudar esses incidentes. Por ora, basta saber que eles configuram exceções à regra de que o processo começa por iniciativa da parte (princípio do dispositivo). Permita-me uma última observação quanto à regra em comento, e que pode aparecer na sua prova de concurso, como pegadinha? Lá vai: No CPC de 1973, o art. 989 permitia que o juiz desse início ao processo de inventário. Esse dispositivo era bastante utilizado como exemplo de exceção à regra do dispositivo. Ocorre que não há no novo CPC qualquer artigo semelhante ao mencionado art. 989. Logo, não há mais essa exceção em nosso ordenamento processual. A segunda parte do art. 2º, por sua vez, traz a regra de que, uma vez instaurado, o processo desenvolve-se por impulso oficial, independente de novas provocações da parte. Essa regra também é conhecida como princípio do inquisitivo. Logo, o processo precisa da manifestação da parte para ser iniciado, mas depois que é foi instaurado, se desenvolverá por iniciativa do órgão jurisdicional. Essa regra, no entanto, não impede que o autor desista da demanda, e, dessa forma, provoque a extinção do processo sem o exame do mérito (art.485, VIII, CPC). Por fim, é importante frisar que o dever de impulso oficial não se estende à fase recursal. Assim, para que o processo seja reexaminado pelo Tribunal, é necessário que haja provocação do interessado. Vejamos uma questão a respeito do tema: 10- (Procurador – MP de Contas – FCC – 2015) Considere os artigos da lei processual civil: 4.2- Desenvolvimento do processo por impulso oficial Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 30 de 90 www.exponencialconcursos.com.br “O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei”; e “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidades de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”. Dizem respeito às normas fundamentais, respectivamente a) dispositivo e da inafastabilidade da jurisdição. b) inquisitivo e da proibição da decisão-surpresa. c) dispositivo e da congruência. d) inquisitivo e da cooperação. e) da motivação das decisões judiciais e do contraditório. Resolução: Dizem respeito às normas fundamentais, respectivamente, o inquisitivo, ou seja, o desenvolvimento do processo por impulso oficial e a proibição da decisão- surpresa, que está relacionada ao princípio do contraditório (art. 10º do CPC). B Considerando que o tema tem sido cobrado nas provas de concurso, e que a banca tem contraposto os princípios do dispositivo e do inquisitivo, formulamos o seguinte esquema para te ajudar a memoriza-los: Princípio do Dispositivo A prositura de um "processo" está na esfera de disposição da parte. Logo, em regra, o processo começa por iniciativa da parte. Princípio do Inquisitivo O desenvolvimento de um "processo" não depende de novas provocações da parte. Logo, uma vez instaurado, o processo desenvolve-se por impulso oficial (do órgão jurisdicional) Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seiferte Juliana Elir 31 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Por fim, vamos abordar uma interessante inovação trazida pelo CPC/15, a regra de obediência à ordem cronológica de conclusão do processo, para fins de proferir a decisão final. A regra está prevista no art. 12 do CPC/15. Confira: Art.12. Os juízes e tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. §1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores. Em 2016, a regra acima foi alterada. Na redação original do CPC/15, havia a obrigatoriedade de obediência à ordem cronológica de conclusão. Atualmente, os juízes e tribunais atenderão preferencialmente à ordem cronológica de conclusão. A regra de obediência à ordem cronológica de conclusão dos processos está em conformidade com o princípio da igualdade, pois previne preferências ilegais, bem como com o princípio da duração razoável do processo, pois evita que processos fiquem “conclusos” por tempo indeterminado. O que é “processo concluso” ou “conclusão”? Há muitas piadas com esses termos, que, de fato, são bem estranhos. “Conclusão” é o ato através do qual o escrivão ou o chefe de secretária (ou outro servidor público) certifica que o processo está pronto para decisão judicial, pois não há mais nenhuma medida processual a ser tomada14, por isso 14 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. Salvador: Jus Podivm, 2015. p.146-147. 4.3- Obediência à ordem cronológica de conclusão. Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 32 de 90 www.exponencialconcursos.com.br os autos são “conclusos” (entregues) ao gabinete do juiz, para que ele profira a decisão. Assim, pela regra estabelecida no art. 12, o processo que primeiro ficar concluso é, preferencialmente, o primeiro que será julgado. A regra aplica-se aos juízes e tribunais, de qualquer instância, mas somente se refere às decisões finais – sentenças ou acórdãos finais. É muito importante que você saiba que, as decisões e os acórdãos interlocutórios (decisões e acórdãos que não são finais, mas que impulsionam o processo) estão excluídas da regra da obediência à ordem cronológica de conclusão. A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores (art. 12, §1º, CPC). A primeira lista de processos para julgamento em ordem cronológica observará a antiguidade da distribuição entre os já conclusos na data da entrada em vigor do Código de Processo Civil (18.03.2016). Essa determinação está contida no §5º, do art. 1046, que deverá ser combinado com o art. 12. Art.1046, §5º: A primeira lista de processos para julgamento em ordem cronológica observará a antiguidade da distribuição entre os já conclusos na data de entrada em vigor deste Código. Agora, vamos às exceções. Como podemos perceber, ao ler o inteiro teor do art. 12, o §2º traz 9 exceções à regra. Essas exceções têm como fundamentos os princípios da eficiência e da duração razoável do processo. São elas: §2º Estão excluídos da regra do caput: I- as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do pedido; II-o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos; III-o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas; IV-as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932; V-o julgamento de embargos de declaração; VI-o julgamento de agravo interno; Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 33 de 90 www.exponencialconcursos.com.br VII-as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça; VIII-os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal; IX-a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada. Que tal uma questão sobre o assunto? 11- (Assistente Jurídico – SERCTAM – 2016 – Prefeitura de Quixadá - adaptada) Julgue as questões abaixo: Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores. Porém, estão excluídos desta regra: I-as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do pedido; II-o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos; III-o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas; IV-as decisões proferidas com base nos artigos 485 e 932 do novo CPC; V-o julgamento de embargos de declaração; VI-o julgamento de agravo interno; VII-as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça; VIII- os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal; Marque a alternativa correta. a) Os itens I, II e IV são falsos. b) Todas as alternativas são falsas. c) Os itens III, V e VIII são falsos e os demais verdadeiros. d) Todas as alternativas são corretas. e) Os itens III, V, e IV estão corretos e os demais incorretos. Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 34 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Resolução: Como vimos, para resolver essa questão basta ler o estabelecido no art. 12 do CPC. Após a leitura do referido artigo, você descobrirá que, em regra, os processos devem ser julgados conforme a ordem cronológica de conclusão (caput). Excepcionalmente, porém, estão excluídas da regra do caput (§2º), as seguintes hipóteses: I-as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do pedido; II-o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos; III-o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas; IV-as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932; V-o julgamento de embargos de declaração; VI-o julgamento de agravo interno; VII-as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça; VIII-os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal; IX-a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada. Conferindo o teor do referido parágrafo, você percebe que todas as alterantivas estão corretas e configuram exceções à regra da obediência da ordem cronológica de conclusão. Logo, a resposta correta é a alternativa “D”. D O direito processual civil integra o ordenamento jurídico objetivo (direito positivo); consequentemente, ele encontra sua expressão jurídica também na lei ou norma jurídica. O primeiro e mais importante aspecto da lei processual civil é que ela é, predominantemente, uma norma de Direito Público e, de regra, de caráter cogenteou de ordem pública. 5- Lei Processual Civil Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 35 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Isso significa que a aplicação da lei processual não pode ser afastada pela vontade das partes, diferente do que ocorre com a norma de caráter dispositivo ou facultativa, que é aquela cuja aplicação pode ser afastada se as partes de manifestarem nesse sentido. Em resumo: as normas jurídicas distinguem-se, sob o aspecto dos principais pressupostos de sua incidência, em duas espécies: cogentes ou dispositivas. A norma cogente ou de ordem pública, desde que ocorram os pressupostos de seu funcionamento, necessariamente incide no caso concreto, independente da vontade dos interessados e mesmo contra tais vontades, que são irrelevantes para impedir a sua incidência. Já a norma dispositiva ou de caráter facultativo é aquela que incide na ausência de qualquer manifestação volitiva das partes, em sentido contrário à norma, ou cuja incidência pode ser afastada se as partes se manifestarem nesse sentido. Assim, a vontade das partes pode afastar a incidência da norma dispositiva. No que se refere ao caráter cogente da lei processual civil, a doutrina de Arruda Alvim é esclarecedora: “Mas, conquanto existam, no Direito Processual Civil, algumas normas dispositivas, na sua imensa maioria elas são cogentes. É característica da norma processual civil o não ser possível afastar sua incidência nem às partes, nem ao juiz. Assim, está excluída a possibilidade de um processo convencional”15. Então, amigo (a), a maior parte das normas processuais são cogentes, ou seja, elas não podem ser afastadas pela vontade, seja das partes, seja do juiz. Vejamos como o assunto tem sido cobrado nas provas: 12- (Juiz Substituto – FCC – TJ/SC – 2015). No tocante às normas processuais civis, examine os enunciados seguintes: I-Quanto ao seu grau de obrigatoriedade, pode-se afirmar que o direito processual civil é composto preponderantemente por regras cogentes, imperativas e de ordem pública, que não podem ter sua incidência afastada pela vontade das partes. 15 ALVIM, Arruda. Manual de Direito Processual Civil, v.1: parte geral. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013.p.109. Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 36 de 90 www.exponencialconcursos.com.br II-No que tange ao direito intertemporal são aplicáveis as normas processuais que estão em vigor no momento da prática dos atos no processo, não as que vigoravam na época em que se passaram os fatos da causa. III-Relativamente aos títulos executivos extrajudiciais, vale a regra que vigorava quando o ato extrajudicial foi praticado e não a regra do momento do ajuizamento da ação executiva. É correto o que se afirma APENAS em a) III. b) II e III. c) I e III. d) I e II. e) II. Resolução: Por tudo que estudamos até aqui, podemos afirmar que a assertiva “I” está CORRETA. O direito processual civil é composto preponderantemente por regras cogentes, imperativas e de ordem pública, que não podem ter sua incidência afastada pela vontade das partes. Na mesma direção, a assertiva “II” também está CORRETA. No que tange ao direito intertemporal são aplicáveis as normas processuais que estão em vigor no momento da prática dos atos no processo, não as que vigoravam na época em que se passaram os fatos da causa. Por fim, a assertiva “III” está INCORRETA. Para fins de ajuizamento da ação executiva, vale a regra que vigorar no momento da propositura da petição inicial. Não se preocupe, você ainda estudará esse tema em outras aulas. Logo, a resposta certa é a letra “d”. D Como vimos, a lei processual civil disciplina, de modo principal, o exercício de uma função estatal, que é a jurisdição. Assim, a lei processual tem força impositiva no território do Estado que a edita. Nessa direção, afirma-se que em relação à aplicação da lei processual no espaço vigora o princípio da territorialidade. Isso significa que, em regra, a lei processual civil é aplicável apenas no território nacional. Tal princípio pode ser encontrado nos arts. 1º e 13º do CPC/15. Vejamos: 6- Aplicação da Lei Processual no Espaço Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 37 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Art. 1º: O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidas na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código. Art. 13: A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte. No que diz respeito aos atos realizados no exterior com reflexos no Brasil, excepcionalmente, tais atos podem ser considerados válidos quando tiverem sido práticos em conformidade com a lei do país em que foram realizados, desde que compatíveis com a ordem pública brasileira. A lei processual tem, em regra, aplicação imediata, a partir de sua entrada em vigor. Fatos pretéritos e situações já consumadas no passado não se regem pela lei que entra em vigor, pois, segundo a Constituição, há que se respeitar os limites representados pelo direito adquirido, pelo ato jurídico perfeito ou pela coisa julgada (art.5º, inciso XXXVI, da CRFB). Quanto aos processos pendentes na data da entrada em vigor da lei processual, temos, em tese, três possibilidades de aplicação da lei nova: a) aplicação imediata da lei nova, de modo integral; b) não aplicação da lei nova, de modo que o processo prosseguiria sob o império da lei velha; c) aplicação parcial da lei nova. Dessa forma, as fases procedimentais já superadas ou em curso (postulatória, ordinatória, executória etc) estariam sob a égide da lei velha e a lei nova, por sua vez, seria aplicada às fases subsequentes. Nenhuma dessas possibilidades tem prevalecido no cenário nacional. Aplicamos a chamada “teoria do isolamento dos atos processuais”. Assim, quando a lei nova entra em vigor, respeita-se a eficácia dos atos processuais praticados sob à égide da lei velha. Assim, a lei nova não retroage (princípio da irretroatividade da lei) para atingir os atos processuais já praticados, mas apenas disciplina os atos que serão realizados a partir de sua vigência. 7- Aplicação da Lei Processual no Tempo Direito Processual Civil Teoria e Questões comentadas Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 38 de 90 www.exponencialconcursos.com.br Nesse sentido, vale a pena conferir o disposto nos arts. 14 e 1046 do Código: Art. 14: A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. Art. 1046: Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Por fim, é importante ressaltar que o Código traz mais três regras específicas quanto à aplicação da lei processual no tempo. Essas regras têm aparecido muito nos concursos!!! Vamos
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