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Das Normas Fundamentais e Processuais

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Aula 00 
Direito Processual Civil 
Professoras: Priscila Seifert e Juliana Elir 
 
Direito Processual Civil 
Teoria e Questões comentadas 
Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 
 
Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 2 de 90 
www.exponencialconcursos.com.br 
 
Olá, amigo (a)! 
 
Seja bem-vindo (a) ao curso de Direito Processual Civil, inteiramente 
atualizado com as mudanças trazidas pelo Novo Código (Lei nº 13.105/2015), 
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E eu, professora Juliana, sou advogada, mediadora e coach. Sou 
especialista e apaixonada pelo Processo Civil. Passei no exame de Ordem na 
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Enfim, no Exponencial, você terá acesso a uma aula completa: com a 
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da matéria que não tenha ficado muito claro. Ok?  
Mãos à obra! 
 
APRESENTAÇÃO 
Direito Processual Civil 
Teoria e Questões comentadas 
Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 
 
Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 3 de 90 
www.exponencialconcursos.com.br 
 
Sumário 
1- O que é o Direito Processual Civil? ................................................. 4 
2- Fontes do Direito Processual Civil .................................................. 6 
3- Princípios do Direito Processual Civil ............................................. 9 
3.1- Princípios Constitucionais Processuais ..............................................10 
3.1.1- Princípio do devido processo legal .................................................11 
3.1.3- Princípio da isonomia ..................................................................13 
3.1.3- Princípio do juiz natural ..............................................................14 
3.1.4- Princípio da inafastabilidade da jurisdição ......................................17 
3.1.5- Princípio do contraditório .............................................................18 
3.1.6- Princípio da motivação das decisões judiciais ..................................21 
3.1.7- Princípio da duração razoável do processo......................................23 
3.1.8- Princípio da Boa-fé processual ......................................................24 
3.1.9- Princípio da Cooperação ..............................................................25 
3.1.10- Princípio da primazia da decisão de mérito ...................................27 
4- Regras de organização do processo ............................................. 28 
4.1- Instauração do processo por iniciativa da parte .................................28 
4.2- Desenvolvimento do processo por impulso oficial ...............................29 
4.3- Obediência à ordem cronológica de conclusão. ..................................31 
5- Lei Processual Civil ..................................................................... 34 
6- Aplicação da Lei Processual no Espaço ......................................... 36 
7- Aplicação da Lei Processual no Tempo ......................................... 37 
8- Questões Comentadas ................................................................. 41 
9- Lista de exercícios ....................................................................... 71 
10- Referencial Bibliográfico............................................................ 89 
11- Gabarito .................................................................................... 90 
 
Aula 00 – Direito Processual Civil: definição, fontes e princípios. 
Regras de organização processual. Lei Processual Civil. Aplicação da 
lei processual no espaço e no tempo 
Direito Processual Civil 
Teoria e Questões comentadas 
Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 
 
Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 4 de 90 
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O que é o Direito Processual Civil? 
Bem, de uma forma bem simples, podemos classificar o direito em dois 
grandes blocos: o direito material o direito processual. 
 
O direito material, também chamado de substancial, refere-se ao 
corpo de princípios e regras que regulam nossa vida cotidiana, como por 
exemplo, a união entre duas pessoas, o crédito, as prestações de serviço, 
as relações de consumo etc. 
O direito processual, por sua vez, entra em cena, quando algum 
sujeito, lamentando ao juiz um estado de coisas que lhe desagrada e pedindo-
lhe uma solução mediante invocação do direito material, provoca a 
instauração de um processo. 
O processo, desse modo, é uma técnica para a solução imperativa de 
conflitos, criada a partir da experiência dos que operam nos juízos e tribunais. 
O processo pressupõe a existência de funções e atividades muito 
específicas, quais sejam, a jurisdição, exercida pelos juízes, e a ação e a defesa, 
praticadas pelas pessoas (chamadas de partes) em conflito, representadas de 
seus advogados ou pelo Ministério Público, nos casos em que a lei lhe dá 
legitimidade para atuar1. 
Assim, em apertada síntese, podemos conceituar o Direito Processual 
Civil como o conjunto de normas jurídicas que regula o exercício da jurisdição 
civil, ou seja, o poder e dever dos juízes, os ônus e faculdades das partes e de 
seus respectivos procuradores, bem como a forma de praticar os atos 
processuais. 
 
1 DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016. 
Direito 
Processual
Direito 
Material 
1- O que é o Direito Processual Civil? 
Direito Processual Civil 
Teoria e Questões comentadas 
Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 
 
Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 5 de 90 
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Dessa maneira, o direito processual civil cuida, previamente, das 
normas que vão reger uma relação jurídica, que se materializará através da 
prática de uma sucessão de atos processuais, que, por sua vez, darão origem 
ao processo judicial. 
Através do processo será prestada a tutela jurisdicional, ou seja, serão 
resolvidos os conflitos levados ao Poder Judiciário. Assim, podemos afirmar queo Direito Processual Civil estuda, especialmente, o exercício da atividade fim do 
Poder Judiciário, que é resolver os conflitos jurídicos. 
Mas, atenção!!! O Direito Processual Civil é responsável pelo exercício da 
jurisdição, ação e defesa com referência a pretensões fundadas em normas de 
direito privado (civil e comercial) e também público (administrativo, tributário e 
constitucional). 
Assim, excluem-se do âmbito do Processo Civil as causas de natureza 
penal. 
1- (Analista de Gestão –CESPE – TCE/PE - 2017) Com 
relação às normas processuais, julgue o item seguinte: 
A classificação das normas em materiais ou processuais depende de sua 
localização no ordenamento jurídico, sendo materiais todas as normas 
dispostas nos códigos civil e penal, e processuais aquelas situadas nos 
códigos de processo civil e penal. 
( ) CERTO ( ) ERRADO 
Resolução: 
Não interessa a localização da norma jurídica e sim o seu conteúdo. Este 
é que define se uma norma é material ou processual. 
 F 
 
Quanto aos processos que tramitam na Justiça Eleitoral e na Justiça do 
Trabalho, o processo civil aplica-se apenas supletiva e subsidiariamente, 
pois o processo eleitoral e o processo trabalhista são disciplinados por normas 
próprias. Nesse sentido, confira agora o disposto no art. 15 do CPC: 
Art.15. Na ausência de normas que regulem os processos eleitorais, 
trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão 
aplicadas supletiva e subsidiariamente. 
 
Por conta da aplicação supletiva e subsidiária aos processos que tramitam 
na Justiça Eleitoral e na Justiça do Trabalho é que o Direito Processual Civil é 
exigido na maioria dos concursos. 
Direito Processual Civil 
Teoria e Questões comentadas 
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Profas. Priscila Seifert e Juliana Elir 6 de 90 
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Você certamente vai precisar do Direito Processual Civil para 
desempenhar suas funções diariamente! 
 
Chamam-se “fontes” as formas de expressão do direito positivo. Assim, 
o Direito Processual Civil tem por fontes: (1) a Constituição Federal; (2) a lei 
complementar federal; (3) a lei ordinária federal; (4) os tratados, convenções 
ou acordos internacionais dos quais a República Federativa do Brasil faça parte; 
(5) as Constituições e leis estaduais; e (6) os regimentos internos dos tribunais; 
 
 
Atenção!!! Não há leis municipais sobre o direito processual. 
Também não há medidas provisórias com esse objeto. (art.62, §1º, letra 
b, da CRFB). 
A seguir, vamos ver, em separado, cada fonte do direito processual: 
A Constituição Federal é responsável pelo enunciado 1) dos princípios 
constitucionais do direito processual; 2) das regras de organização judiciária; 
3) das funções essenciais à Justiça; 4) dos procedimentos processuais 
diferenciados (mandado de segurança, ação civil pública, habeas data, ação 
popular, mandado de injunção, ação direta de inconstitucionalidade etc). 
A lei complementar federal, como por exemplo, a Lei Orgânica da 
Magistratura (LC nº 35/1979) é uma fonte importante do Direito Processual 
Civil. 
É preciso lembrar que a lei complementar federal é uma espécie 
normativa aprovada pelo Poder Legislativo Federal e sancionada pela 
Fontes do Direito 
Processual Civil
CF88
LC federal
LO federal
Tratados, convenções ou acordos internacionais
Constituições e leis estaduais
Regimentos internos dos tribunais
Leis Municipais
Medidas Provisórias
2- Fontes do Direito Processual Civil 
Direito Processual Civil 
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Presidência da República e tem como característica a aprovação pela maioria 
absoluta de cada uma das casas do Congresso Nacional (art.69, da CRFB). 
A lei ordinária federal, assim como a lei complementar federal, também 
pressupõe a aprovação pelas casas do Congresso, bem como a sanção pela 
Presidência da República. Mas, diferente da lei complementar, para ser 
aprovada, a lei ordinária federal não necessita de aprovação pela maioria 
absoluta de cada uma das casas do Congresso. 
É importante saber que a competência para legislar sobre direito 
processual é exclusiva da União (art.22, I, da CRFB). 
O Código de Processo Civil, Lei nº 13.105/2015, é a lei processual civil 
mais importante do ordenamento jurídico brasileiro. 
Os tratados, convenções ou acordos internacionais dos quais a 
República Federativa do Brasil faça parte também são fontes do Direito 
Processual Civil. Eles ocupam a mesma posição das leis ordinárias federais na 
hierarquia das leis, salvo aqueles que versem sobre direitos humanos, como, 
por exemplo, o Pacto de São José da Costa Rica, em vigor desde 1978 e 
incorporada a ordem jurídica brasileira em 1992, pelo Decreto nº 678, de 
6.11.92. Tais tratados gozam de status constitucional, por força do disposto no 
art.5º, §3º, da Constituição. 
As constituições e leis estaduais, por sua vez, são fontes do Direito 
Processual Civil porque as constituições estaduais são responsáveis pela 
definição das competências dos Tribunais de Justiça, segundo o art. 125, §1º, 
da CRFB. 
Já as leis estaduais são responsáveis pela definição da organização 
judiciária de cada Estado e sempre serão de iniciativa do próprio Tribunal de 
Justiça. 
Por fim, os regimentos internos dos tribunais são considerados 
fontes do Direito Processual Civil uma vez que é por meio de tais regimentos 
que as questões interna corporis dos Tribunais são regulamentadas (art.96, I, 
letra a, da CRFB). 
Direito Processual Civil 
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Vejamos uma observação importante. Segundo Candido Rangel 
Dinamarco, com a entrada em vigor do novo código de processo civil, a 
jurisprudência passou a ser considerada fonte do direito processual civil2. 
Explica-se: o novo código de processo civil passou a adotar a teoria dos 
precedentes. Isso significa que determinados precedentes, decisões e linhas 
jurisprudenciais são de observância obrigatória pelos juízes de todos os níveis 
de jurisdição, os que os qualificaria como verdadeiras fontes do direito. 
O art. 926 do Código, ao determinar que “os tribunais devem uniformizar 
sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente”, reforça esse 
entendimento. 
Na visão do prof. Dinamarco, “mantê-la estável, íntegra e coerente 
significa prestigiá-la mediante sua observação sistemática, o que passa a ser 
imposto no art. 927, segundo o qual “os juízes e tribunais observarão” os 
precedentes ali indicados, como as decisões do Supremo Tribunal Federal em 
controle abstrato de constitucionalidade (inc. I), os enunciados de súmula 
vinculante (inc. II), os acórdãos em incidente de assunção de competência ou 
de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos 
extraordinário e especial repetitivos (inc. III), etc.”3 
Tudo bem até agora? Alguma dúvida? Pode nos chamar no fórum de 
dúvidas, caso precise de algum esclarecimento. 
 
 
 
 
2 DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016. 
3 Idem. 
Fontes do Direito Processual Civil
• Constituição Federal
• Lei Complementar Federal 
• Lei Ordinária Federal
• Os tratados, convenções e acordos internacionais dos 
quais o Brasil faça parte
• Constituição Estadual
• Lei estadual
• Regimento Interno dos Tribunais
• Jurisprudência (?)Direito Processual Civil 
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O processo civil brasileiro, assim como os demais ramos do processo, é 
construído a partir de um modelo estabelecido pela Constituição da República. 
Dessa maneira, temos o chamado “modelo constitucional de processo 
civil”, expressão que designa o conjunto de princípios constitucionais 
destinados a disciplinar o processo brasileiro4. 
Não é, por acaso que o art. 1º do Código de Processo Civil, traz a seguinte 
redação: 
Art.1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado em 
conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidas na 
Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as 
disposições desse Código. 
 
Segundo Fredie Didier Jr, do ponto de vista normativo, o art.1º reproduz 
uma obviedade: qualquer norma jurídica brasileira somente pode ser construída 
e interpretada de acordo com a Constituição da República5. 
Assim, podemos encontrar na Constituição quatro grupos de regras que 
dizem respeito ao modelo constitucional de processo civil: 1) princípios 
constitucionais do direito processual; 2) regras de organização judiciária; 3) 
funções essenciais à Justiça; 4) procedimentos processuais diferenciados pela 
Constituição (mandado de segurança, ação civil pública, habeas data, ação 
popular, mandado de injunção, ação direta de inconstitucionalidade etc). 
 
Neste momento, nos interessam apenas os princípios constitucionais 
processuais. 
 
4 CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. São Paulo: Atlas, 2016.p.7. 
5 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e 
processo de conhecimento. Salvador: Jus Podivm, 2015. p.47. 
Constituição 
Princípios 
Constitucionais
Regras de 
Organização 
Judiciária 
Funções 
Essenciais à 
Justiça
Procedimentos 
processuais 
diferenciados
3- Princípios do Direito Processual Civil 
Direito Processual Civil 
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Vejamos, agora, os princípios constitucionais gerais. Esses princípios 
inspiraram o legislador processual a escrever o primeiro capítulo do Código de 
Processo Civil, que se dedica, exatamente, às normas fundamentais do 
processo. 
 
É importante deixar claro, desde já, que o rol de normas fundamentais 
encontrado no primeiro capítulo do Código de Processo Civil, não é exaustivo. 
Há diversos princípios constitucionais processuais, como por exemplo, o do juiz 
natural, que não se encontram nesse rol. 
Basicamente, o modelo constitucional de processo é composto pelos 
seguintes princípios: 1) do devido processo legal; 2) da isonomia; 3) do juiz 
natural; 4) da inafastabilidade da jurisdição; 5) do contraditório; 6) da 
motivação das decisões judiciais e 7) da duração razoável do processo; 8) da 
boa-fé processual; 9) da cooperação; 10) da primazia da decisão de mérito. 
 
 
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Devido processo legal
Isonomia
Juiz natural
Inafastabilidade da jurisdição
Contraditório
Motivação das decisões judiciais
Duração razoável do processo
Boa-fé processual
Cooperação
Primazia da decisão de mérito
3.1- Princípios Constitucionais Processuais 
Direito Processual Civil 
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 Além desses princípios, veremos também três regras de organização 
processual bem importantes: 
1) a da instauração do processo por iniciativa da parte; 
2) o do desenvolvimento do processo por impulso oficial; 
3) da obediência da ordem cronológica de conclusão. 
 
 
O estudo desse princípio é muito importante. Como veremos a seguir, 
podemos afirmar que o devido processo legal é um princípio “guarda-chuva”, 
que abriga sobre o seu conceito uma série de outros princípios, verdadeiros 
corolários de sua aplicação. 
Por conta dessa amplitude, tem-se afirmado que o devido processo legal 
se caracteriza como uma cláusula geral, aberta, geradora de diversos princípios 
autônomos6. 
O princípio do devido processo legal está previsto no art.5º, inciso LIV, 
da Constituição da República que estabelece que “ninguém será privado da 
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. 
 
Desse enunciado, extrai-se o princípio do devido processo legal, que 
confere a todo sujeito de direito o direito fundamental a um processo justo. No 
entanto, a interpretação da abrangência desse princípio revela-se uma atividade 
complexa, pois seu enunciado é bastante vago, razão pela qual afirma-se 
também que o devido processo legal é uma cláusula geral. 
De acordo com Fredie Didier Jr, “a cláusula geral é uma espécie de texto 
normativo, cujo antecedente (hipótese fática) é composto por termos vagos e 
o consequente (efeito jurídico) é indeterminado. Há, portanto, uma 
 
6 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e 
processo de conhecimento. Salvador: Jus Podivm, 2015. 
Devido 
Processo 
Legal 
Art.5º, 
inciso LIV, 
da CRFB
Art.8º do 
CPC
3.1.1- Princípio do devido processo legal 
Direito Processual Civil 
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indeterminação legislativa em ambos os extremos da estrutura lógica 
normativa”7. 
A locução “devido processo legal” corresponde à tradução para o 
português da expressão inglesa due process of law. Law, porém, significa 
Direito, e não lei (statute law). A observação é importante: o processo há de 
estar em conformidade com o Direito como um todo, e não apenas em 
consonância com a lei. “Legal”, então, é adjetivo que remete a “Direito”, e não 
a lei8. 
Em síntese, todas as normas jurídicas são produzidas após um processo. 
Em outras palavras: a edição das normas pressupõe a existência de um 
processo. Assim, as leis são produzidas após o processo legislativo; as normas 
administrativas, após um processo administrativo; as normas individualizadas 
jurisdicionais, após um processo jurisdicional. Nenhuma norma jurídica pode ser 
produzida sem a observância do devido processo legal. Dessa forma, esse 
princípio pode ser considerado uma verdadeira garantia contra o exercício 
abusivo do poder, qualquer que seja ele. 
Veja como esse assunto foi cobrado em concurso. 
2- (Juiz Substituto – FMP-RS – TJ/MT – 2014) O direito 
ao processo no Estado Constitucional: 
a) é o direito ao procedimento encartado em lei. 
b) é o direito a um procedimento tendencialmente estável, que pode ser 
alterado sem qualquer prévio aviso pelo juiz. 
c) é o direito ao processo justo, constituindo ao mesmo tempo um princípio e 
uma cláusula geral. 
d) é o direito ao processo justo, constituindo uma regra e um conceito jurídico 
indeterminado. 
e) Nenhuma das alternativas está correta. 
Resolução: 
A resposta CERTA é a letra “c”. Ora, o direito ao processo no Estado 
Constitucional não deve ser encarado apenas como um procedimento legal. O 
Estado Constitucional busca a efetivação dos direitos, portanto, deve-se buscar 
um processo que sejajusto, que é direito fundamental do jurisdicionado. 
 C 
 
7 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e 
processo de conhecimento. Salvador: Jus Podivm, 2015. p.51 
8 Idem. p.63. 
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Por fim, no que se refere ao princípio do devido processo legal, é preciso 
esclarecer que ele apresenta duas dimensões: a material (ou substancial) e a 
formal. 
Na dimensão formal, o devido processo legal nada mais é do que o direito 
de processar e ser processado de acordo com as normas preestabelecidas em 
conformidade com o devido processo legislativo. Já na dimensão material 
(substantive due processo of law), o devido processo legal é a exigência e a 
garantia de que as normas sejam razoáveis, adequadas, proporcionais e 
equilibradas. 
Quanto a esta última dimensão, é importante registrar que a 
jurisprudência extrai do princípio do devido processo legal os deveres da 
proporcionalidade ou razoabilidade (STF - RE nºn374.981, de 28.03.2005, INF 
nº 381). 
Para finalizar o estudo desse princípio, devemos frisar que o art.8º do 
CPC/15 consagra, expressamente o dever do órgão jurisdicional de observar a 
proporcionalidade e a razoabilidade ao aplicar a lei (lato sensu). Confira o teor 
do artigo: 
Art. 8º: Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais 
e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade 
da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a 
legalidade, a publicidade e a eficiência. 
 
 
O art. 5º, caput, da Constituição da República é a fonte normativa do 
princípio da isonomia processual, também conhecido como princípio da 
paridade. 
No Código de Processo Civil o princípio se encontra refletido na primeira 
parte do art. 7º. Vejamos: 
Art. 7º. É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao 
exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos 
ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao 
juiz zelar pelo contraditório. 
 
Segundo Fredie Didier Jr, a igualdade processual deve observar quatro 
aspectos: 1) imparcialidade do juiz (equidistância em relação às partes); 2) 
igualdade no acesso à justiça, sem discriminação (gênero, orientação sexual, 
raça, nacionalidade etc); 3) redução das desigualdades que dificultem o acesso 
3.1.3- Princípio da isonomia 
Direito Processual Civil 
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à justiça, como a financeira (concessão do benefício da gratuidade da justiça, 
arts. 98-102 do CPC), a geográfica (ex.: possibilidade de sustentação oral por 
videoconferência, art.937, § 4º, CPC), a de comunicação (ex.: garantir a 
comunicação por meio da língua brasileira de sinais, nos casos de partes e 
testemunhas com deficiência auditiva, art.162, III, CPC); 4) igualdade no 
acesso às informações necessárias ao exercício do contraditório9. 
 
 
É importante ressaltar que dar tratamento isonômico às partes significa 
tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de 
suas desigualdades. 
Dessa forma, o princípio da isonomia também se materializa em casos 
em que se criam regras para tratamento diferenciado. Por exemplo, na 
estipulação de prazo em dobro para os entes públicos se manifestarem nos 
autos do processo (art.183 do CPC); quando a lei prevê a tramitação prioritária 
de processos que envolvem idosos ou pessoas portadoras de doença grave (art. 
1048 do CPC); quando se criam regras especiais de competência territorial para 
a proteção de vulneráveis (arts.53, I, II e III, “e” do CPC). 
Ok?  
 
 
O princípio do juiz natural consiste na exigência de que os atos de 
exercício da jurisdição sejam realizados por juízes instituídos pela própria 
Constituição e competentes segundo a lei. 
Tal exigência pode ser desdobrada em três características: 
 
9 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e 
processo de conhecimento. Salvador: Jus Podivm, 2015. p.92. 
Isonomia
Imparcialidade
do julgador
Igualdade no 
acesso à 
justiça
Redução das 
desigualdades 
no acesso à 
justiça
Igualdade no 
acesso às 
informações 
necessárias ao
exercício do 
contraditório
3.1.3- Princípio do juiz natural 
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a) os julgamentos devem ser realizados por juiz e não por outras pessoas 
ou servidores. Segundo a Constituição Federal, os juízes são os 
integrantes dos órgãos elencados no art. 92; 
b) o órgão judiciário competente para julgamento deve ser preexistente, 
sendo vedados eventuais tribunais de exceção instituídos depois de 
configurado o litígio (art.5º, inc. XXXVII); 
c) o juiz deve ser investido de competência, segundo determinado pela 
Constituição e pela lei (art.5º, inciso III). 
 
Em uma perspectiva objetiva, o princípio consagra duas garantias 
básicas: proibição de juízo ou tribunal de exceção (art.5, XXXVII, da CRFB) e 
respeito absoluto às regras objetivas de determinação de competência (art.5, 
LIII, da CRFB). 
Sob um viés subjetivo, o princípio encerra a garantia de imparcialidade. 
Assim, todos os juízes e demais servidores públicos deverão agir com vistas à 
justa composição do litígio e não voltados a interesses ou vantagens 
particulares. 
Vamos praticar um pouco? Segue uma questão bem legal para revisão 
dos conceitos: 
3- (Promotor de Justiça – MPE/MT - UFMT -2014 - 
adaptada) Levando em conta a legislação processual civil brasileira, analise as 
afirmativas. 
I- Genericamente, o princípio do devido processo legal caracteriza-se pelo 
trinômio vida-liberdade-prosperidade, vale dizer, tem-se o direito de tutela 
àqueles bens da vida em seu sentido mais amplo e genérico. 
Princípio 
do juiz 
natural
Julgamento por juiz
Preexistência do 
orgão julgador
Juiz 
constitucionalmente 
competente
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II- O princípio da isonomia determina o tratamento igualitário das partes, 
significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na exata 
medida de suas desigualdades. 
III- O princípio do juiz natural tem grande importância na garantia do estado de 
direito, bem como na manutenção dos preceitos básicos de imparcialidade do 
juiz na aplicação da atividade jurisdicional. 
IV- O princípio do direito de ação determina que, além do direito ao processo 
justo, todos tenham direito à tutela jurisdicional adequada. No entanto, abrange 
somente os direitos individuais levados ao conhecimento do judiciário, não 
tendo aplicação aos direitos coletivos. 
Estão corretas as afirmativas: 
a) I, II e III, apenas. 
b) I e II, apenas. 
c) I, III e IV, apenas. 
d) II, III e IV, apenas. 
e) II e IV, apenas. 
Resolução: 
A assertiva “I” está CORRETA. De forma genérica, o princípio do devido 
processo legal caracteriza-se pelo trinômio vida-liberdade-prosperidade. Como 
vimos, o princípio do devido processo legalé bastante amplo e abrangente. 
A assertiva “II” também está CORRETA. Ela reproduz exatamente o 
significado do princípio da isonomia uma vez que dar tratamento isonômico às 
partes significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na 
exata medida de suas desigualdades. 
A assertiva “III está igualmente CORRETA. Com efeito, o princípio do 
juiz natural ao garantir que ninguém será julgado por tribunal de exceção e que 
as regras de competência devem ser previamente definidas, garante o estado 
de direito e, consequentemente, a imparcialidade das decisões judiciais. 
Por fim, a assertiva “IV” está ERRADA. De fato, o princípio do direito de 
ação determina que, além do direito ao processo justo, todos tenham direito à 
tutela jurisdicional adequada. No entanto, ele abrange os direitos individuais e 
coletivos levados ao conhecimento do Poder Judiciário. Logo, o equívoco da 
assertiva encontra-se na exclusão dos direitos coletivos. 
Assim, considerando que as assertivas “I”, “II” e “III” estão corretas, a 
resposta da questão é a letra “A”. 
 A 
 
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O princípio da inafastabilidade da jurisdição está previsto no art.5º, XXXV 
da CRFB, bem como no art. 3º do CPC. 
Tradicionalmente, o referido princípio era associado ao direito de ingresso 
em juízo, de dirigir-se ao Poder Judiciário para mover uma ação judicial. 
Atualmente, o princípio recebeu uma nova leitura e tem abrangido, além da 
garantia ao acesso ao Poder Judiciário (acesso à Justiça), uma garantia de 
outorga a quem tiver razão, de uma tutela jurisdicional efetiva, adequada e 
tempestiva. 
Tutela efetiva é a tutela que satisfaz. É a tutela que implementa o direito 
no mundo da vida. Já a tutela adequada é aquela “compatível e aderente aos 
interesses em jogo no processo e capaz de fazer justiça com observância dos 
valores presentes nas normas de direito material”10. Por fim, a tutela 
tempestiva é aquela prestada em prazo razoável, “compatível com a 
complexidade da causa, a urgência na obtenção da tutela e a conduta 
manifestada pelas partes no processo – sempre com a preocupação de obstar 
os males corrosivos dos direitos representados pelo tempo-inimigo”. 11 
Antes de passarmos ao estudo do próximo princípio, segue uma questão 
bem legal sobre o princípio da inafastabilidade: 
4- (Defensoria Pública - DPE/AP – FCC - 2018) Não 
se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. Esse é o 
princípio da: 
a) inclusão obrigatória, decorrente da dignidade humana e do mínimo 
existencial, tratando-se de princípio constitucional e, simultaneamente, 
infraconstitucional do processo civil. 
b) vedação a tribunais de exceção ou do juiz natural, tratando-se apenas de 
princípio constitucional do processo civil. 
c) legalidade ou obrigatoriedade da jurisdição, tratando-se apenas de 
princípio infraconstitucional do processo civil. 
d) reparação integral do prejuízo, tratando-se de princípio constitucional e 
também infraconstitucional do processo civil. 
e) inafastabilidade ou obrigatoriedade da jurisdição e é, a um só tempo, 
princípio constitucional e infraconstitucional do processo civil. 
 
10 DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016. p.55. 
11 Idem. 
3.1.4- Princípio da inafastabilidade da jurisdição 
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Resolução: 
O preceito constitucional assim enunciado: “a lei não excluirá da apreciação do 
poder judiciário lesão ou ameaça a direito”, diz respeito ao princípio 
constitucional do processo civil da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional, art. 
5º, XXXV, CF, com previsão também no CPC/15, em seu art.3º. 
 E 
 
 
A Constituição da República prevê o princípio do contraditório no inciso 
LV do art.5º, que estabelece o seguinte: “aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e 
ampla defesa, com meios e recursos a ela inerentes”. 
A doutrina tem apontado duas dimensões do princípio do contraditório: a 
formal e a substancial. 
A dimensão formal diz respeito à possibilidade de participação do 
processo, que se desdobra na garantia de ser ouvido, receber comunicações, 
ter oportunidade de se manifestar no âmbito processual. 
Já a dimensão substancial refere-se ao poder de influência. Influenciar é 
mais que participar. É permitir que a parte seja ouvida em condições de poder 
influenciar, efetivamente, o conteúdo da decisão do órgão jurisdicional. Essa 
dimensão do contraditório impede a prolação de decisão surpresa. 
Decisão-surpresa é decisão nula, por violação ao princípio do 
contraditório. 
 
 
O art.9 do CPC estabelece que “não se proferirá decisão contra uma das 
partes sem que ela seja previamente ouvida”. Ou seja, como regra, alguém 
somente pode ter uma decisão judicial proferida contra si após ter sido garantida 
a chance de ser ouvido. 
Contraditório
Dimensão Formal
Participar do 
Processo
Dimensão Material
Influenciar o 
Julgador
3.1.5- Princípio do contraditório 
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Atenção: é muito importante observar que a regra impõe a audiência da 
parte para que a decisão seja proferida contra ela. Se a decisão for favorável à 
parte, não haverá necessidade de sua oitiva. 
Há, porém, situações excepcionais, em que se admite que a decisão seja 
proferida sem a oitiva da parte contrária (inaudita altera parte). O parágrafo 
único do art.9º traz alguns exemplos: 1) decisão que concede tutela provisória 
liminar de urgência (art.300, § 2º, do CPC); 2) decisão que concede tutela 
provisória liminar de evidência (arts.311, II e III, do CPC) e 3) decisão que 
determina a expedição de mandado monitório, na ação monitória (art.701 do 
CPC), que também é uma hipótese de tutela da evidência. 
 
 
 
É importantíssimo saber que o princípio do contraditório impõe ao juiz o 
dever de dar às partes a oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de 
matéria sobre a qual se deva decidir de ofício, ou seja, matéria de ordem 
pública, que diga respeito às condições da ação e aos pressupostos processuais, 
temas que estudaremos mais adiante. 
Por ora, basta que você memorize integralmente o teor do art. 10 do CPC. 
Confira: 
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base 
em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes 
oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a 
qual deva decidir de ofício. 
 
Por fim, é preciso ressaltar que a parte final do art.7º do CPC impõe ao 
órgão julgador o dever de zelar pelo efetivo contraditório. Confira-se: 
Regra
Ouvir a parte antes de 
profera decisão judicial
Exceções
Tutela de urgência 
Tutela de evidência
Decisão que determina a 
expedição do mandado 
monitório
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Art. 7º: É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao 
exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa,aos 
ônus, aos devedores e a aplicação de sanções processuais, competindo 
ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. 
 
5- (Promotor de justiça – MPE/SC – 2016) Nos termos 
do Novo Código de Processo Civil, o juiz não pode decidir, em grau algum de 
jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às 
partes oportunidade de se manifestar, salvo se tratar de matéria sobre a qual 
deva decidir de ofício. 
( ) CERTO ( ) ERRADO 
Resolução: 
A assertiva praticamente reproduz o teor do art. 10 do CPC/2015. No entanto, 
há um erro no final, pois a lei não ressalva a matéria sobre a qual o juiz deva 
decidir de ofício, mas a inclui. Confira-se: 
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base 
em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes 
oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre 
a qual deva decidir de ofício. 
 F 
6- (Procurador Municipal – FUNDATEC – Prefeitura 
de Porto Alegre – 2016) Considerando o princípio constitucional do 
contraditório, na estruturação conferida pelo Código de Processo Civil (Lei nº 
13.105/15), assinale a alternativa correta. 
a) O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em 
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se 
manifestar, ressalvadas as questões sobre as quais deva decidir de ofício. 
b) É vedado ao juiz apreciar questão, proferir decisão ou conceder tutela de 
urgência contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. 
c) O juiz não pode conceder tutela de evidência, quando houver tese afirmada 
em julgamento de casos repetitivos, contra uma das partes sem que ela seja 
previamente ouvida. 
d) É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de 
direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos devedores 
e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo 
contraditório. 
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e) Nos tribunais, quando já julgada a causa pelo juiz de primeiro grau, se o 
relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão recorrida que 
deva ser considerado no julgamento do recurso, poderá intimar as partes para 
que se manifestem no prazo de dez dias. 
Resolução: 
A letra “a” está ERRADA. Depreende-se do teor do art. 10 do CPC/2015 que o 
juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento 
a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, 
ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 
As letras “b” e “c” também estão ERRADAS, haja vista o estabelecido no art. 
9º do CPC/2015. Vejamos: 
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que 
ela seja previamente ouvida. 
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: 
I – à tutela provisória de urgência; 
II – às hipóteses de tutela de evidência previstas no art. 311, incisos II e 
III; 
III – à decisão prevista no art. 701. 
 
A letra “d”, por sua vez, está CERTA. A assertiva é cópia fiel do estabelecido no 
art. 7º do CPC. Confira-se: 
Art. 7º. É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao 
exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos 
ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao 
juiz zelar pelo efetivo contraditório. 
 
Por fim, a letra “e” está ERRADA. O erro da assertiva encontra-se do prazo. 
Segundo o teor do art. 932, parágrafo único, do CPC/2015, o prazo é de 5 
(cinco) dias e não de 10 (dez) dias. 
 D 
 
Até aqui, tudo bem?  
 
 
O princípio da motivação das decisões judiciais se caracteriza pela 
necessidade imposta pela Constituição (art.93, IX, CRFB) e reiterada pelo 
3.1.6- Princípio da motivação das decisões judiciais 
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CPC/15 (art.11) de que o julgador deixe explicito os motivos de decidir. Confira-
se: 
Art. 93, IX, da CRFB: todos os julgamentos dos órgãos do Poder 
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob 
pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados 
atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em 
casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no 
sigilo não prejudique o interesse público à informação. 
Art.11 do CPC: Todos os julgamentos dos órgãos do Poder 
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob 
pena de nulidade. 
 
Nessa direção, a motivação deve estar presente em todas as decisões 
judiciais e tem como objetivo conferir transparência ao exercício do poder pelo 
juiz para conhecimento pelas partes e possível controle pelos órgãos superiores 
da Magistratura. 
Da obrigatoriedade da motivação das decisões judiciais decorre a 
exigência procedimental da tríplice estrutura da sentença, a qual deve conter o 
relatório, a motivação e o dispositivo. 
Não há uma fórmula objetiva para dizer se uma decisão judicial viola ou 
não o princípio da motivação das decisões judicial. A análise se dará em cada 
caso concreto, em fase das questões debatidas na instrução da causa e do grau 
de relevância de cada uma delas. 
Não obstante, o §1º, do art. 489, CPC/15, enumera os seguintes casos 
nos quais não se considera fundamentada determinada decisão judicial, seja 
ela interlocutória, sentença ou acórdão: 
1) que se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato 
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida 
(inciso I); 
2) empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo 
concreto de sua incidência no caso (inciso II); 
3) invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; 
4) não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes 
de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; 
5) se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem 
identificar seus fundamentos determinantes nem demostrar que o caso 
sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos (inciso V); 
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6) deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente 
invocado pela parte sem demonstrar a existência de distinção no caso 
em julgamento ou a superação do entendimento (inciso VI). 
A falta ou insuficiência de motivação constitui vício formal, reputando-se 
inválida a decisão judiciária que nesse vício houver incidido. Essa invalidade é 
tratada pela ordem-processual como nulidade absoluta. 
 
 
Já ressaltamos, ao tratar do princípio da inafastabilidade da jurisdição, que 
o tempo pode se caracterizar como um inimigo do processo. Isso porque o 
decurso do tempo, muitas vezes, é responsável pelo perecimento do direito e 
das próprias partes (que podem falecem antes do término do processo). 
Sensível a esse problema, o legislador, através da Emenda Constitucional 
nº 45, de 8 de dezembro de 2004, incluiu, no capítulo da Constituição Federal 
referente às garantias de direito, o princípio da duração razoável do processo. 
Confira: 
Art. 5°, LXXXVIII, da CRFB: a todos, no âmbito judicial e administrativo, 
são assegurados a razoável duração do processo e os meios quegarantam a celeridade de sua tramitação. 
 
Na mesma direção da Constituição Federal, o Código de Processo Civil 
prevê no art. 4º que “as partes têm o direito de obter em um prazo razoável a 
solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”. 
É importante ressaltar que o novo código inovou ao incluir expressamente 
a atividade satisfativa no direito de obtenção da solução integral do mérito 
dentro de um prazo razoável. 
A atividade satisfativa diz respeito aos procedimentos de cumprimento de 
sentença e do processo de execução autônomo, cuja finalidade principal é 
efetivar/satisfazer o direito. 
 
 
Preste atenção na parte final do art. 4º do CPC!!! As bancas gostam de 
modificar essas locuções finais. Logo, não se esqueça: o princípio da duração 
razoável do processo inclui a atividade satisfativa!!! 
Ok? Tudo certo até aqui? Qualquer dúvida, me chama lá no fórum! 
Vamos praticar mais um pouquinho? O tema foi alvo do concurso para 
analista judiciário do TRT 8º, no ano passado. 
3.1.7- Princípio da duração razoável do processo 
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7- (Analista Judiciário – CEBRASPE – TRT8 – 2016 - 
adaptada). Em decorrência do princípio da duração razoável do processo, o 
juiz possui a faculdade de prolatar sentença ilíquida, mesmo que o autor tenha 
formulado pedido certo e determinado. 
( ) CERTO ( ) ERRADO 
Resolução: 
O item está ERRADO. Como vimos o art. 4º prevê que as partes têm o 
direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a 
atividade satisfativa. A decisão ilíquida não é satisfativa, pois depende de um 
procedimento chamado de liquidação de sentença para que possa ser 
devidamente cumprida. Ademais, segundo o teor do art. 492 do CPC, “é vedado 
ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a 
parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado”. 
No caso, o autor formulou pedido certo e determinado, não tendo justificativa 
para que a sentença seja ilíquida. 
 F 
 
 
O princípio está previsto no art. 5º do CPC, que estipula o seguinte: 
“aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de 
acordo com a boa-fé”. 
O princípio da boa-fé processual (objetiva) encerra uma norma de 
conduta e não pode ser confundido com a exigência de boa-fé (elemento 
subjetivo) para a configuração de alguns atos ilícitos processuais, como o 
manifesto propósito protelatório, apto a permitir a tutela provisória prevista no 
inciso I do art. 311 do CPC. 
De acordo com Didier Jr, “a boa-fé subjetiva é elemento do suporte fático 
de alguns fatos jurídicos; é fato, portanto. A boa-fé objetiva é uma norma de 
conduta: impõe e proíbe condutas, além de criar situações jurídicas ativas e 
passivas”12. 
 
12 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e 
processo de conhecimento. Salvador: Jus Podivm, 2015. p.104. 
3.1.8- Princípio da Boa-fé processual 
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O princípio da boa-fé processual também é considerado uma cláusula 
geral processual. 
Questão interessante e que pode ser cobrada em concurso diz respeito 
aos destinatários do princípio da boa-fé processual. Ele é destinado somente às 
partes ou ao órgão jurisdicional também? 
A boa-fé objetiva destina-se não apenas as partes, mas também ao órgão 
jurisdicional, que também deve agir de maneira leal e com proteção à confiança. 
 
 
Os princípios do devido processo legal, do contraditório e da boa-fé 
processual, juntos, servem de base para o surgimento de outro princípio do 
processo: o princípio da cooperação. O princípio da cooperação define o modo 
como o processo civil deve estruturar-se no direito brasileiro. 
Assim, tem se afirmado que o modelo processual brasileiro não é nem 
inquisitivo, nem adversarial, mas cooperativo ou comparticipativo13. Vamos 
explicar esse assunto na próxima aula, quando estudarmos a jurisdição. 
O princípio da cooperação está previsto no art. 6º do CPC: 
“Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que 
se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. 
 
O modelo cooperativo caracteriza-se pelo redimensionamento do 
princípio do contraditório, com a inclusão do órgão jurisdicional no rol dos 
sujeitos do diálogo processual, e não mais como um mero expectador do duelo 
das partes. 
Consequentemente, surgem deveres de conduta para as partes e para o 
órgão jurisdicional. Dessa forma, o juiz deve conduzir o processo numa posição 
 
13 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e 
processo de conhecimento. Salvador: Jus Podivm, 2015. p.125. 
 
Boa fé Objetiva
Normas de 
Conduta
Princípio
Processual
Boa-fé
Elemento 
Subjetivo
Intenção
(boa ou má)
Fato
3.1.9- Princípio da Cooperação 
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paritária em relação às partes, com diálogo e equilíbrio. Dessa forma, as partes 
também passam a participar da gestão adequada do processo. 
No entanto, é muito importante frisar, que não haverá paridade no 
momento da decisão. Em outras palavras: a decisão judicial é manifestação do 
poder estatal, que é exercido, com exclusividade, pelo órgão jurisdicional. 
Por fim, é preciso esclarecer que decorrem do princípio da cooperação 
diversos deveres processuais, que podem ser sistematizados em três grupos: 
deveres de 1) esclarecimento; 2) lealdade; 3) de proteção. Sobre o assunto, 
veja o esquema abaixo: 
 
 
Veja como o tema foi cobrado em concurso: 
8- (Auditor – CESPE – TCE/RN – 2015) O princípio da 
cooperação processual se relaciona à prestação efetiva da tutela jurisdicional 
e representa a obrigatoriedade de participação ampla de todos os sujeitos do 
processo, de modo a se ter uma decisão de mérito justa e efetiva em tempo 
razoável. 
( ) CERTO ( ) ERRADO 
Resolução: 
O princípio da cooperação, fonte do dever de colaboração entre as partes e o 
juiz, tem previsão no art. 6º do CPC/2015, que estabelece o seguinte: 
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si 
para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e 
efetiva. 
 
Dever de 
esclareci
mento
Os atos processuais e 
decisões judiciais 
devem ser claros e 
coerentes.
Ex: caso a decisão contenha 
uma parte obscura, é possível 
pedir esclarecimento sobre essa 
parte ao juiz.( art. 1022 do 
CPC).
Dever de 
lealdade
As partes nâo podem 
litigar de má-fé.
Ex: se uma das partes litigar de 
má-fé, será punido com multa 
(arts.79-81 do CPC)
Dever de 
proteção
As partes não podem 
causar danos à parte 
adversária.
Ex: se o exequente promover a 
execução injustamente, ele 
responderá pelos eventuais 
danos de maneira objetiva 
(arts. 520, I e 776 do CPC).
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 O princípio se dirige àspartes e ao juiz, enfim a todos os sujeitos do 
processo. 
 V 
 
Tudo certinho? Podemos prosseguir? Caso tenha dúvida, pode nos 
chamar no fórum.  
 
 
 
Amigo (a), esse princípio é muito importante e tem sido bastante cobrado 
nos concursos realizados após a entrada em vigor do novo CPC. 
O princípio da primazia da decisão de mérito estabelece que o órgão 
jurisdicional deve priorizar que o deslinde do processo resulte em uma decisão 
de mérito, com o julgamento da demanda. Essa prioridade incide tanto na 
primeira instância, através da análise da demanda, como nos Tribunais, nos 
julgamentos dos recursos. 
A primazia da decisão de mérito está prevista no art. 4º do CPC, que 
estabelece o seguinte: 
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução 
integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. 
 
Vamos ver como esse princípio tem aparecido nos concursos? 
9- (Auditor de Controle Externo – CESPE – TCE-PA – 
2016) No que diz respeito às normas processuais, aos atos e negócios 
processuais e aos honorários de sucumbência, julgue o item que se segue, com 
base no disposto no Novo Código de Processo Civil. 
Em observância ao princípio da primazia da decisão de mérito, o magistrado 
deve conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir vício processual 
antes de proferir sentença terminativa. 
( ) CERTO ( ) ERRADO 
Resolução: 
A assertiva está CERTA. Em observância ao princípio da primazia da 
decisão de mérito, o magistrado deve conceder à parte oportunidade para, se 
possível, corrigir vício processual antes de proferir sentença terminativa, ou 
seja, sentença sem apreciação de mérito. 
3.1.10- Princípio da primazia da decisão de mérito 
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 V 
 
Lembre-se que durante todo o curso iremos estudar outros princípios e 
retomar os conceitos até então abordados. 
 
 
Além dos princípios constitucionais processuais, o primeiro livro do 
Código de Processo Civil, também traz três regras essenciais para a organização 
e desenvolvimento do processo, quais sejam, 1) a de instauração do processo 
por iniciativa da parte (princípio do dispositivo); 2) a do desenvolvimento do 
processo por impulso oficial (princípio inquisitivo); 3) a de obediência a ordem 
cronológica de conclusão. 
Vamos examinar cada uma dessas regras? 
 
 
Tradicionalmente, o processo civil brasileiro começa por iniciativa da 
parte. Isso significa que, em regra, o órgão jurisdicional não pode dar início ao 
processo. Dessa forma, uma das características da jurisdição é a inércia. 
A regra da instauração do processo por iniciativa da parte, que também 
é chamada de princípio do dispositivo, está prevista na primeira parte do art.2º 
do CPC: 
Art. 2º: O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por 
impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. 
 
Há duas exceções a essa regra. 
 
Primeira exceção: o juiz pode instaurar o cumprimento de sentença que 
impõe prestação de fazer, não-fazer ou dar coisa distinta de dinheiro (arts.536 
O processo
começa por 
iniciativa
da parte
se desenvolve por 
impulso
oficial
Salvo exceções previstas em lei
4- Regras de organização do processo 
4.1- Instauração do processo por iniciativa da parte 
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e 538 do CPC), independente da iniciativa da parte (de ofício). É muito 
importante que você saiba, desde já, que o mesmo não acontece com o 
cumprimento de sentença de pagamento de quantia certa, que depende de 
iniciativa da parte (art. 513, § 1º, do CPC). 
Segunda exceção: o juiz pode dar instaurar três incidentes processuais 
sem a necessidade de provocação da parte. São eles: 1) o incidente de 
demandas repetitivas (art. 976 do CPC); 2) de conflito de competência (art. 951 
do CPC) e o 3) incidente de arguição de inconstitucionalidade (art. 948 do CPC). 
Mais adiante, iremos estudar esses incidentes. Por ora, basta saber que eles 
configuram exceções à regra de que o processo começa por iniciativa da parte 
(princípio do dispositivo). 
Permita-me uma última observação quanto à regra em comento, e que 
pode aparecer na sua prova de concurso, como pegadinha? Lá vai: 
 
No CPC de 1973, o art. 989 permitia que o juiz desse início ao processo 
de inventário. Esse dispositivo era bastante utilizado como exemplo de exceção 
à regra do dispositivo. Ocorre que não há no novo CPC qualquer artigo 
semelhante ao mencionado art. 989. Logo, não há mais essa exceção em nosso 
ordenamento processual. 
 
 
A segunda parte do art. 2º, por sua vez, traz a regra de que, uma vez 
instaurado, o processo desenvolve-se por impulso oficial, independente de 
novas provocações da parte. Essa regra também é conhecida como princípio do 
inquisitivo. 
Logo, o processo precisa da manifestação da parte para ser iniciado, mas 
depois que é foi instaurado, se desenvolverá por iniciativa do órgão jurisdicional. 
Essa regra, no entanto, não impede que o autor desista da demanda, e, 
dessa forma, provoque a extinção do processo sem o exame do mérito (art.485, 
VIII, CPC). 
Por fim, é importante frisar que o dever de impulso oficial não se estende 
à fase recursal. Assim, para que o processo seja reexaminado pelo Tribunal, é 
necessário que haja provocação do interessado. 
Vejamos uma questão a respeito do tema: 
10- (Procurador – MP de Contas – FCC – 2015) 
Considere os artigos da lei processual civil: 
4.2- Desenvolvimento do processo por impulso oficial 
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“O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, 
salvo as exceções previstas em lei”; e “O juiz não pode decidir, em grau algum 
de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado 
às partes oportunidades de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre 
a qual deva decidir de ofício”. 
Dizem respeito às normas fundamentais, respectivamente 
a) dispositivo e da inafastabilidade da jurisdição. 
b) inquisitivo e da proibição da decisão-surpresa. 
c) dispositivo e da congruência. 
d) inquisitivo e da cooperação. 
e) da motivação das decisões judiciais e do contraditório. 
Resolução: 
Dizem respeito às normas fundamentais, respectivamente, o inquisitivo, 
ou seja, o desenvolvimento do processo por impulso oficial e a proibição da 
decisão- surpresa, que está relacionada ao princípio do contraditório (art. 10º 
do CPC). 
 B 
 
 
Considerando que o tema tem sido cobrado nas provas de concurso, e 
que a banca tem contraposto os princípios do dispositivo e do inquisitivo, 
formulamos o seguinte esquema para te ajudar a memoriza-los: 
 
 
 
Princípio do Dispositivo
A prositura de um "processo" está 
na esfera de disposição da parte.
Logo, em regra, o processo começa 
por iniciativa da parte.
Princípio do Inquisitivo
O desenvolvimento de um 
"processo" não depende de novas 
provocações da parte.
Logo, uma vez instaurado, o 
processo desenvolve-se por 
impulso oficial (do órgão 
jurisdicional)
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Por fim, vamos abordar uma interessante inovação trazida pelo CPC/15, 
a regra de obediência à ordem cronológica de conclusão do processo, para fins 
de proferir a decisão final. 
A regra está prevista no art. 12 do CPC/15. Confira: 
Art.12. Os juízes e tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem 
cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. 
§1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar 
permanentemente à disposição para consulta pública em cartório e na 
rede mundial de computadores. 
 
Em 2016, a regra acima foi alterada. Na redação original do CPC/15, havia 
a obrigatoriedade de obediência à ordem cronológica de conclusão. 
Atualmente, os juízes e tribunais atenderão preferencialmente à ordem 
cronológica de conclusão. 
A regra de obediência à ordem cronológica de conclusão dos processos 
está em conformidade com o princípio da igualdade, pois previne preferências 
ilegais, bem como com o princípio da duração razoável do processo, pois evita 
que processos fiquem “conclusos” por tempo indeterminado. 
O que é “processo concluso” ou “conclusão”? 
 
 
Há muitas piadas com esses termos, que, de fato, são bem estranhos. 
“Conclusão” é o ato através do qual o escrivão ou o chefe de secretária 
(ou outro servidor público) certifica que o processo está pronto para decisão 
judicial, pois não há mais nenhuma medida processual a ser tomada14, por isso 
 
14 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e 
processo de conhecimento. Salvador: Jus Podivm, 2015. p.146-147. 
4.3- Obediência à ordem cronológica de conclusão. 
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os autos são “conclusos” (entregues) ao gabinete do juiz, para que ele profira a 
decisão. 
Assim, pela regra estabelecida no art. 12, o processo que primeiro ficar 
concluso é, preferencialmente, o primeiro que será julgado. 
A regra aplica-se aos juízes e tribunais, de qualquer instância, mas 
somente se refere às decisões finais – sentenças ou acórdãos finais. 
 
 
É muito importante que você saiba que, as decisões e os acórdãos 
interlocutórios (decisões e acórdãos que não são finais, mas que impulsionam o 
processo) estão excluídas da regra da obediência à ordem cronológica de 
conclusão. 
A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente 
à disposição para consulta pública em cartório e na rede mundial de 
computadores (art. 12, §1º, CPC). 
A primeira lista de processos para julgamento em ordem cronológica 
observará a antiguidade da distribuição entre os já conclusos na data da entrada 
em vigor do Código de Processo Civil (18.03.2016). Essa determinação está 
contida no §5º, do art. 1046, que deverá ser combinado com o art. 12. 
Art.1046, §5º: A primeira lista de processos para julgamento em ordem 
cronológica observará a antiguidade da distribuição entre os já conclusos 
na data de entrada em vigor deste Código. 
 
 Agora, vamos às exceções. 
Como podemos perceber, ao ler o inteiro teor do art. 12, o §2º traz 9 
exceções à regra. Essas exceções têm como fundamentos os princípios da 
eficiência e da duração razoável do processo. São elas: 
§2º Estão excluídos da regra do caput: 
I- as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de 
improcedência liminar do pedido; 
II-o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica 
firmada em julgamento de casos repetitivos; 
III-o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de 
demandas repetitivas; 
IV-as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932; 
V-o julgamento de embargos de declaração; 
VI-o julgamento de agravo interno; 
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VII-as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho 
Nacional de Justiça; 
VIII-os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham 
competência penal; 
IX-a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por 
decisão fundamentada. 
 
Que tal uma questão sobre o assunto? 
 
11- (Assistente Jurídico – SERCTAM – 2016 – 
Prefeitura de Quixadá - adaptada) Julgue as questões abaixo: 
Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de 
conclusão para proferir sentença ou acórdão. A lista de processos aptos a 
julgamento deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública 
em cartório e na rede mundial de computadores. Porém, estão excluídos desta 
regra: 
I-as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de 
improcedência liminar do pedido; 
II-o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada 
em julgamento de casos repetitivos; 
III-o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de 
demandas repetitivas; 
IV-as decisões proferidas com base nos artigos 485 e 932 do novo CPC; 
V-o julgamento de embargos de declaração; 
VI-o julgamento de agravo interno; 
VII-as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de 
Justiça; 
VIII- os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência 
penal; 
Marque a alternativa correta. 
a) Os itens I, II e IV são falsos. 
b) Todas as alternativas são falsas. 
c) Os itens III, V e VIII são falsos e os demais verdadeiros. 
d) Todas as alternativas são corretas. 
e) Os itens III, V, e IV estão corretos e os demais incorretos. 
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Resolução: 
Como vimos, para resolver essa questão basta ler o estabelecido no art. 
12 do CPC. 
Após a leitura do referido artigo, você descobrirá que, em regra, os 
processos devem ser julgados conforme a ordem cronológica de conclusão 
(caput). Excepcionalmente, porém, estão excluídas da regra do caput (§2º), as 
seguintes hipóteses: 
I-as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de 
improcedência liminar do pedido; 
II-o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica 
firmada em julgamento de casos repetitivos; 
III-o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de 
demandas repetitivas; 
IV-as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932; 
V-o julgamento de embargos de declaração; 
VI-o julgamento de agravo interno; 
VII-as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho 
Nacional de Justiça; 
VIII-os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham 
competência penal; 
IX-a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por 
decisão fundamentada. 
 
Conferindo o teor do referido parágrafo, você percebe que todas as 
alterantivas estão corretas e configuram exceções à regra da obediência da 
ordem cronológica de conclusão. 
Logo, a resposta correta é a alternativa “D”. 
 D 
 
 
O direito processual civil integra o ordenamento jurídico objetivo (direito 
positivo); consequentemente, ele encontra sua expressão jurídica também na 
lei ou norma jurídica. 
O primeiro e mais importante aspecto da lei processual civil é que ela é, 
predominantemente, uma norma de Direito Público e, de regra, de caráter 
cogenteou de ordem pública. 
5- Lei Processual Civil 
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Isso significa que a aplicação da lei processual não pode ser afastada pela 
vontade das partes, diferente do que ocorre com a norma de caráter dispositivo 
ou facultativa, que é aquela cuja aplicação pode ser afastada se as partes de 
manifestarem nesse sentido. 
Em resumo: as normas jurídicas distinguem-se, sob o aspecto dos 
principais pressupostos de sua incidência, em duas espécies: cogentes ou 
dispositivas. 
A norma cogente ou de ordem pública, desde que ocorram os 
pressupostos de seu funcionamento, necessariamente incide no caso 
concreto, independente da vontade dos interessados e mesmo contra tais 
vontades, que são irrelevantes para impedir a sua incidência. 
Já a norma dispositiva ou de caráter facultativo é aquela que incide 
na ausência de qualquer manifestação volitiva das partes, em sentido contrário 
à norma, ou cuja incidência pode ser afastada se as partes se manifestarem 
nesse sentido. Assim, a vontade das partes pode afastar a incidência da 
norma dispositiva. 
No que se refere ao caráter cogente da lei processual civil, a doutrina 
de Arruda Alvim é esclarecedora: 
“Mas, conquanto existam, no Direito Processual Civil, algumas normas 
dispositivas, na sua imensa maioria elas são cogentes. É característica da 
norma processual civil o não ser possível afastar sua incidência nem às 
partes, nem ao juiz. Assim, está excluída a possibilidade de um processo 
convencional”15. 
Então, amigo (a), a maior parte das normas processuais são cogentes, 
ou seja, elas não podem ser afastadas pela vontade, seja das partes, seja do 
juiz. 
Vejamos como o assunto tem sido cobrado nas provas: 
12- (Juiz Substituto – FCC – TJ/SC – 2015). No tocante 
às normas processuais civis, examine os enunciados seguintes: 
I-Quanto ao seu grau de obrigatoriedade, pode-se afirmar que o direito 
processual civil é composto preponderantemente por regras cogentes, 
imperativas e de ordem pública, que não podem ter sua incidência afastada pela 
vontade das partes. 
 
15 ALVIM, Arruda. Manual de Direito Processual Civil, v.1: parte geral. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2013.p.109. 
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II-No que tange ao direito intertemporal são aplicáveis as normas processuais 
que estão em vigor no momento da prática dos atos no processo, não as que 
vigoravam na época em que se passaram os fatos da causa. 
III-Relativamente aos títulos executivos extrajudiciais, vale a regra que 
vigorava quando o ato extrajudicial foi praticado e não a regra do momento do 
ajuizamento da ação executiva. 
É correto o que se afirma APENAS em 
a) III. 
b) II e III. 
c) I e III. 
d) I e II. 
e) II. 
Resolução: 
Por tudo que estudamos até aqui, podemos afirmar que a assertiva “I” 
está CORRETA. O direito processual civil é composto preponderantemente por 
regras cogentes, imperativas e de ordem pública, que não podem ter sua 
incidência afastada pela vontade das partes. 
Na mesma direção, a assertiva “II” também está CORRETA. No que 
tange ao direito intertemporal são aplicáveis as normas processuais que estão 
em vigor no momento da prática dos atos no processo, não as que vigoravam 
na época em que se passaram os fatos da causa. 
Por fim, a assertiva “III” está INCORRETA. Para fins de ajuizamento da 
ação executiva, vale a regra que vigorar no momento da propositura da petição 
inicial. Não se preocupe, você ainda estudará esse tema em outras aulas. 
Logo, a resposta certa é a letra “d”. 
 D 
 
 
Como vimos, a lei processual civil disciplina, de modo principal, o 
exercício de uma função estatal, que é a jurisdição. Assim, a lei processual tem 
força impositiva no território do Estado que a edita. 
Nessa direção, afirma-se que em relação à aplicação da lei processual no 
espaço vigora o princípio da territorialidade. Isso significa que, em regra, a lei 
processual civil é aplicável apenas no território nacional. Tal princípio pode ser 
encontrado nos arts. 1º e 13º do CPC/15. Vejamos: 
6- Aplicação da Lei Processual no Espaço 
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Art. 1º: O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado 
conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidas na 
Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as 
disposições deste Código. 
Art. 13: A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, 
ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, 
convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte. 
 
No que diz respeito aos atos realizados no exterior com reflexos no Brasil, 
excepcionalmente, tais atos podem ser considerados válidos quando tiverem 
sido práticos em conformidade com a lei do país em que foram realizados, desde 
que compatíveis com a ordem pública brasileira. 
 
 
A lei processual tem, em regra, aplicação imediata, a partir de sua 
entrada em vigor. 
Fatos pretéritos e situações já consumadas no passado não se 
regem pela lei que entra em vigor, pois, segundo a Constituição, há que se 
respeitar os limites representados pelo direito adquirido, pelo ato jurídico 
perfeito ou pela coisa julgada (art.5º, inciso XXXVI, da CRFB). 
Quanto aos processos pendentes na data da entrada em vigor da lei 
processual, temos, em tese, três possibilidades de aplicação da lei nova: a) 
aplicação imediata da lei nova, de modo integral; b) não aplicação da lei nova, 
de modo que o processo prosseguiria sob o império da lei velha; c) aplicação 
parcial da lei nova. Dessa forma, as fases procedimentais já superadas ou em 
curso (postulatória, ordinatória, executória etc) estariam sob a égide da lei velha 
e a lei nova, por sua vez, seria aplicada às fases subsequentes. 
Nenhuma dessas possibilidades tem prevalecido no cenário nacional. 
Aplicamos a chamada “teoria do isolamento dos atos processuais”. 
Assim, quando a lei nova entra em vigor, respeita-se a eficácia dos atos 
processuais praticados sob à égide da lei velha. Assim, a lei nova não retroage 
(princípio da irretroatividade da lei) para atingir os atos processuais já 
praticados, mas apenas disciplina os atos que serão realizados a partir de sua 
vigência. 
 
7- Aplicação da Lei Processual no Tempo 
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Nesse sentido, vale a pena conferir o disposto nos arts. 14 e 1046 do 
Código: 
 
Art. 14: A norma processual não retroagirá e será aplicável 
imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais 
praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma 
revogada. 
Art. 1046: Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão 
desde logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei nº 5.869, de 
11 de janeiro de 1973. 
 
Por fim, é importante ressaltar que o Código traz mais três regras 
específicas quanto à aplicação da lei processual no tempo. Essas regras têm 
aparecido muito nos concursos!!! 
 
Vamos

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