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GUERRA FISCAL e o ICMS

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O Sistema Tributário Nacional aferiu competência aos Estados ao Distrito Federal para instituir sobre as operações relativas à circulação de mercadorias sobre prestação de serviços intermunicipais, transportes interestaduais, intermunicipais e de comunicação. Ao analisar o ICMS, entende-se que tal tributo como objeto de obrigação tributária. Além do recolhimento do Imposto de Circulação sobre Mercadorias e Serviços estar presente também nos casos de importação.
 É importante frisar que, por se de competência estadual, o ICMS tem seu recolhimento efetuado ao Estado onde o contribuinte está sediado, fazendo com os Estados apresentem um grande interesse para ter este recolhimento destinado aos seus cofres. 
A Guerra Fiscal existente é devido a uma situação que provoca grande conflito entre as unidades da federação, pois a União não se manifesta expressamente no que tanges à concessão de benefícios fiscais pelos estados federados. Tal guerra também se classifica pelo conflito no estado federativo, onde os estados membros, com intuito de angariar investimentos privados em seu território, oferecem uma série de benefícios e isenções para os contribuintes deste ou daquele estado, o que gera a guerra fiscal.
A Guerra fiscal corrói as finanças públicas, compromete as receitas futuras e desvia os preços relativos. Os estados mais desenvolvidos, com melhores condições locacionais e maior cacife financeiro e político, saem com uma maior vantagem na guerra fiscal, bem como as empresas multinacionais, pois recebem um incentivo maior.
Sendo assim, entende-se que os Estados adotam política de atração, uma vez que não são respeitados os critérios relativos às necessidades de desenvolvimento do território. A política de concessão de incentivos fiscais não é uma política fiscal, e sim uma política de desenvolvimento local e regional combinada com uma política industrial, que se utilizam de um instrumento fiscal para se viabilizarem. Esse uso pode provocar efeitos danosos para o conjunto das localidades, ou dos Estados. Portanto, tal perda fiscal, mesmo que eventual, deve ser compensada pelos benefícios gerados por meio do adensamento industrial e do aumento da oferta de emprego nas regiões mais atrasadas. 
O ambiente de insegurança jurídica existente é por causa do fato de uma lei complementar violar um preceito constitucional, principalmente tratando de princípio que mantém a sistemática igualitária de arrecadação do ICMS, o que favorece um estado em detrimento de outro. 
A responsabilidade pela guerra fiscal não pode ser imputada somente aos Estados ou Municípios, sua principal causa é a falta de articulação da União ao estabelecer políticas cooperativas de desenvolvimento nacional. Fica claro, que para não existir certos benefícios ilegais e inconstitucionais é necessário que exista uma autonomia controlada para os Estados ao ponto de que exista o direito de regular despesas, podendo instituir em caráter privativo e exclusivo tributos que os proverão, mas dentro dos limites legais.
O flagrante descompasso entre as competências materiais e as possibilidades orçamentárias dos entes políticos subnacionais acirra ainda mais a competição interna desses entes por investimentos privados. Assim, a responsabilidade pela guerra fiscal não pode ser imputada, de forma simplória, somente aos Estados ou municípios. Sua principal causa é a falta de articulação da União ao estabelecer políticas cooperativas de desenvolvimento nacional. (2006, p. 17). 
Apesar dos visíveis e reais problemas que a guerra fiscal enseja, não há possibilidade de verificar quem são todos os prejudicados, uma vez que os resquícios desta má administração e descumprimento das normas afetam a todos. Há urgente necessidade da realização de uma reforma tributária, haja vista a pesada carga tributária do país, pois o fato atinge e afeta o desenvolvimento do Estado como um todo. 
Para tanto, é evidente que há de se observar os fatores políticos, que são mandatórios neste tema. Devemos analisar macroscopicamente a economia, a política e o direito, sem misturá-los, para assim entendermos tamanha complexidade no que tange a tributação.
Versano explica: 
É, certamente, aceitável, em face da dinâmica do desenvolvimento, que se incluam entre os objetivos da política industrial a desconcentração da produção e o desenvolvimento regional e que se utilizem recursos públicos com essa finalidade. Tais objetivos, no entanto, são necessariamente nacionais e, por isso, devem ser perseguidos sob a coordenação do governo central. Quando, por meio da guerra fiscal, estados tentam assumir esse encargo, o resultado tende a ser desastroso. Primeiro, os vencedores das guerras fiscais são, em geral, os estados de maior capacidade financeira, que vêm a ser os mais desenvolvidos, com maiores mercados e melhor infra-estrutura. Segundo, ao renunciar à arrecadação, o estado está abrindo mão ou da provisão de serviços (educação, saúde, a própria infraestrutura, etc.) que são insumos do processo produtivo, ou do equilíbrio fiscal, gerando instabilidade macroeconômica. (1996, p. 9). 
Carraza explica: É lhes também permitido exercitar suas competências tributárias, com ampla liberdade. Assim, dependendo da decisão política que vierem a tomar, podem, ou não, criar os tributos que lhes são afetos. Se entenderem de cria-los, poderão fazê-lo de modo mais ou menos intenso, bastando apenas que respeitem os direitos constitucionais dos contribuintes e a regra que veda o confisco (art. 150, IV, da CF). (2007, p. 141) À luz destes dispositivos legais, fica devidamente elencado que os Estados não podem se valer de maneira ativa e/ou passiva da competência tributária um dos outros e, se assim o fazem tem-se por resultado um ambiente de tamanha insegurança jurídica, que por fim reflete em todo o sistema tributário nacional que deve urgentemente ser repensado a fim de aplicar-se devidamente ao ambiente jurídico e econômico vigente. Desta feita, é totalmente plausível se pensar em uma Reforma Tributária.

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