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DIREITO PENAL 
 
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE 
 vínculo existente entre a conduta do agente e o resultado por ela produzido; é descobrir quais condutas, 
positivas ou negativas, deram causa ao resultado previsto em lei 
 para se dizer que alguém causou um determinado fato, faz-se necessário estabelecer a ligação entre a sua 
conduta e o resultado gerado, isto é, verificar se de sua ação ou omissão adveio o resultado. 
 seara cível - art. 186 CC 
 seara penal (art. 13 CP). 
 Causa: É toda ação ou omissão que sem o qual o resultado não teria ocorrido. Contudo, se adotarmos 
somente a causa como consequência do crime poderá haver uma regressão ao infinito. 
 Ex: aquele que vendeu a arma para Sicrano também foi causa, assim como o fabricante da arma, nessa 
ceara também entrariam os pais de Sicrano, seus avós, podendo chegar até o jardim do Éden com Adão e 
Eva 
TEORIAS 
 equivalência das condições ou equivalência dos antecedentes ou conditio sine que non: 
▪ toda conduta que compõe a totalidade dos antecedentes é causa do resultado 
▪ ex: venda lícita da arma pelo comerciante que não sabia do propósito homicida do comprador 
▪ “à causa da causa também é causa do que foi causado” 
▪ recebe críticas por permitir o regresso ao infinito já que, em última análise, até mesmo o inventor da 
arma seria causador do evento, pois se arma não existisse, tiros não haveria 
 causalidade adequada: 
▪ a causa do evento é a ação ou omissão do agente apta e idônea a gerar o resultado 
▪ ex: a venda lícita da arma pelo comerciante não é considerada causa do resultado morte que o 
comprador produzir, pois vender licitamente a arma, por si só, não é conduta suficiente a gerar a 
morte. Ainda é preciso que alguém que efetue os disparos que causarão a morte 
▪ É censurada por misturar causalidade com culpabilidade 
 imputação objetiva: 
▪ para que uma conduta seja considerada causa do resultado é preciso que: 
1) o agente tenha, com sua ação ou omissão, criado, realmente, um risco não tolerado nem permitido ao 
bem jurídico 
2) que o resultado não fosse ocorrer de qualquer forma 
3) que a vítima não tenha contribuído com sua atitude irresponsável ou dado seu consentimento para a 
ocorrência do resultado. 
▪ a presença de qualquer uma delas faz com que a conduta do agente fique fora da relação de 
causalidade, isto é, não será reputada causa do resultado 
▪ mesmo que o agente não tenha criado um risco não tolerado nem permitido ao bem jurídico e a vítima 
não tenha se comportado de forma irresponsável de modo a contribuir para o resultado, se este 
resultado fosse ocorrer de qualquer forma, a conduta do agente não será considerada causa 
▪ Essa teoria procura sanar as falhas das outras duas 
ELIMINAÇÃO HIPOTÉTICA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS: 
▪ estabelece a causa objetiva do resultado: teoria da equivalência + teoria da eliminação hipotética 
▪ Regressa a causa objetiva ao infinito, mas não a responsabilidade pelo crime que é imprescindível, 
logo, haverá análise do DOLO e da CULPA, mesmo com uma solução para a responsabilidade penal 
imputada ao agente delituoso, essa teoria é criticada, pois do ponto de vista objetivo, permite o 
regresso ao infinito. 
▪ Concausas absolutamente independente: quando a causa efetiva do resultado (exemplo: 
resultado morte) não se origina do comportamento concorrente, se subdivide em concausas 
preexistente, concomitante e superveniente 
➢ Preexistente: Tício às 20h, insidiosamente, serve veneno para Mévio. Uma hora depois, quando o 
veneno começa a fazer efeito, Caio, inimigo capital de Mévio, aparece e dá um tiro em seu 
desafeto. Mévio morre no dia seguinte em razão do veneno. 
✓ Causa efetiva: Veneno. 
✓ Causa concorrente: Disparo. 
✓ Como consequência Tício responde por homicídio doloso e Caio por homicídio tentado. Porque a 
causa efetiva da morte de Mévio foi o veneno e não ter sido alvejado pelo disparo de arma de 
fogo efetuado por Caio. 
➢ Concomitante: Ao mesmo tempo que Tício envenenava Mévio, Caio deu um disparo nele. Mévio 
morreu em razão do disparo. 
✓ Causa efetiva: Disparo de arma de fogo. 
✓ Causa concorrente: Envenenamento. 
✓ Nesse exemplo Caio responde por homicídio doloso e Tício por homicídio tentado. 
➢ Superveniente: Tício ministrara veneno em Mévio. Antes desse fazer efeito, Mévio, enquanto 
dirigia para o trabalho, sofreu um acidente automobilístico e morreu em razão do acidente. 
✓ Causa efetiva: Acidente automobilístico (é absolutamente independente e é posterior ao 
veneno. Logo, superveniente). 
✓ Comportamento concorrente: Envenenamento. 
✓ O resultado foi o acidente, contudo Fulano vai responder por tentativa de homicídio. 
➢ Importante ressaltar que na concausa absolutamente independente, a causa concorrente deve ser 
punida na forma tentada. 
▪ Concausas relativamente independentes: A causa efetiva do resultado se origina (ainda que 
indiretamente) do comportamento concorrente. 
➢ Preexistente: Mévio, portador de hemofilia é vítima de um golpe de faca executado por Caio. O 
ataque para matar produziu lesão leve, mas em razão da doença preexistente acabou sendo 
suficiente para matar a vítima. 
✓ Causa efetiva: Hemofilia. 
✓ Causa concorrente: A facada. 
✓ Caio deve responder por homicídio consumado, com base no art. 13, caput do Código Penal. 
O resultado deve ser atribuído a Caio. Contudo, se o agente não sabia que a vítima era 
hemofílica, evitando a responsabilidade penal objetiva, o direito penal moderno defende que 
Caio deverá responder por tentativa de homicídio, observe que o dolo era de matar, por isso 
não há que se falar em responder por lesão corporal. 
▪ Concomitante: Caio dispara contra Mévio, este, ao perceber a ação do agente tem um colapso 
cardíaco e morre. 
➢ Causa efetiva: Colapso cardíaco. 
➢ Causa concorrente: O disparo. 
➢ Caio vai responder por homicídio consumado, pois se for eliminada a conduta de fulano, a vítima 
teria falecido? Não! Logo, o resultado é imputável à Caio. 
▪ Superveniente: assentar se o fato conduz normalmente a um resultado dessa índole (resultado 
como consequência normal, provável, previsível do comportamento humano). 
➢ Não basta perceber que a conduta foi determinante para o resultado, mas que o resultado é 
consequência normal e provável dessa conduta. 
a) por si só produziu o resultado: 
✓ A causa efetiva superveniente não está na linha de desdobramento causal normal da conduta 
concorrente. A causa efetiva é um evento imprevisível. 
✓ Ex: Caio atirou em Mévio, esse é socorrido para um hospital, contudo o hospital pegou fogo e 
Fulano morreu em decorrência do incêndio. 
➢ Causa real: Incêndio. 
➢ Causa concorrente: Disparo de arma de fogo. 
➢ A responsabilidade de Caio, nesse caso, será de homicídio tentado, apesar de ter concorrido 
para o resultado da morte de Mévio, não foi o disparo de arma de fogo a causa real e sim o 
incêndio. 
b) por si só não produziu o resultado 
✓ A causa efetiva superveniente está na linha de desdobramento causal normal da conduta 
concorrente. A causa efetiva é um evento previsível, não sai da linha de normalidade. 
✓ Ex: Caio atira em Mévio, esse é socorrido, mas morre em função de erro médico 
➢ Causa real: Erro médico. 
➢ Causa concorrente: Disparo de arma de fogo. 
 
 
DOLO E CULPA 
 O principal elemento para diferenciar dolo e culpa é a VONTADE DE QUEM PRATICA UM ATO 
ILÍCITO. Por vontade, deve-se entender tanto a intenção quanto o objetivo de se obter certo resultado 
 Art. 18, CP 
CONCEITO DE DOLO 
 Vontade livre e consciente dirigido a realizar uma conduta prevista no tipo penal incriminador 
 O dolo pode ser: 
▪ Direto: é o querer, a vontade, a intenção que o agente tem de praticar a infração (TEORIADA 
VONTADE). 
▪ Indireto: se dá quando o agente assume o risco de produzir o resultado (TEORIA DO 
ASSENTIMENTO). O dolo indireto pode ser alternativo (ou o agente pratica um crime ou outro 
crime) ou eventual (o agente não quer produzir o resultado, mas se o mesmo acontecer o agente não 
se incomodará). 
 conduta intencional, voluntária e com o objetivo de atingir certo resultado ilícito 
 pode ser de agir ou de deixar de agir 
 se você deixa de auxiliar alguém em um acidente de carro mesmo que o auxílio não colocasse você em 
risco, há dolo na sua conduta de não agir. 
 dolo é um sinônimo de vontade, incluindo intenção e objetivo 
 via de regra, um crime doloso tende a ser mais grave do que um crime culposo. 
 
CONCEITO DE CULPA 
 Comportamento voluntário desatencioso, voltado a um determinado objeto, lícito ou ilícito, embora 
produza resultado ilícito, não desejável, mas previsível e que poderia ter sido evitado 
 a culpa pode se dar através da: 
▪ imprudência: agir sem cautela ou com precipitação ou insensatez, trata-se de uma atitude que a 
média da sociedade considera perigoso. 
▪ negligência: descuido ou desatenção nos casos em que exige o contrário, é uma abstenção, um não 
agir 
▪ imperícia: falta de conhecimento necessário ou incapacidade para o exercício de determinado ofício 
ou profissão, é uma demonstração de inaptidão técnica, que é esperada de uma profissão ou 
atividade. 
 existem outros elementos que configuram o crime culposo: 
▪ Tipicidade: enquadramento, amoldamento, ligação de uma conduta praticada realmente e de fato, do 
descrito na lei penal. 
▪ Conduta humana voluntária: sua ação tem que ser livre de coação, o agente não pode ser forçado, a 
praticar a atitude 
▪ Resultado involuntário: se a conduta tem que ser voluntária o resultado não pode esperado, se não, 
não se falaria em culpa, e sim em dolo. 
▪ Nexo de causalidade: a conduta do ser humano deve levar ao resultado. Para a avaliação do nexo de 
causalidade, devemos utilizar o processo hipotético de eliminação, consistente em retirar 
hipoteticamente a conduta do agente e verificar, com isso, se o resultado ocorre ou desaparece. 
▪ Previsibilidade objetiva: só ocorrerá o crime culposo com previsibilidade. Fatos totalmente 
imprevisíveis não são criminosos. Dessa forma, somente se o perigo for visível, pressentido, palpável, 
lógico é que haverá crime culposo. 
▪ Ausência de previsão: o resultado ruim era previsível, porém, se o agente agir com total cuidado, não 
haverá crime culposo. Só haverá crime se o agente ignorar a previsibilidade, se ele se portar como se 
não houvesse perigo algum. 
 Pode ser analisada em sentido: 
▪ Amplo: culpa é a responsabilidade que une o agente à conduta. 
▪ Estrito: a culpa se dá quando o agente não quer praticar o crime, mas age com imprudência, 
negligência ou imperícia, em quebra do dever objetivo de cuidado, gerando a infração penal. 
 A culpa ainda pode ser: 
▪ Inconsciente: (maioria) o agente está desatento, praticando o crime por não perceber o alcance de 
suas atitudes. 
▪ Consciente: que se dá quando o agente visualiza o resultado indesejado, porém acredita sinceramente 
que ele não irá ocorrer 
 
DIFERENÇA ENTRE DOLO EVENTUAL E CULPA CONSCIENTE 
 culpa consciente: o agente em nenhum momento assume o risco de produzir o resultado (pode 
acontecer, mas comigo não), ou seja, o agente não aceita o resultado. 
 dolo eventual: se o resultado acontecer para o agente, isso é indiferente (não quero que aconteça, mas 
se acontecer que seja). 
 Quando alguém quer cometer um delito ou assume o risco de cometê-lo, ele estará agindo 
dolosamente. Mas se ele cometeu o crime apenas por negligência, imprudência ou imperícia, ele estará 
agindo culposamente. 
 se Pedrinho dá um tiro em Zezinho, ele agiu dolosamente, pois quis matá-lo. Se pega um revólver, 
retira a metade dos projéteis, coloca-o contra a cabeça de Zezinho e diz que vai brincar de roleta-russa, 
aperta o gatilho e o mata, ele pode até não ter querido matá-lo, mas assumiu o risco de fazê-lo e, por 
isso, terá agido dolosamente, pois ninguém em sã consciência brinca de roleta-russa sem saber que 
está assumindo o risco de fazer a arma disparar. 
 se Mariazinha deixa seu revólver cair da bolsa sem querer, e ao bater no chão ele dispara e mata 
Rosinha, ela não desejou e nem assumiu o risco de matar Rosinha, mas agiu com imprudência, pois 
ninguém deveria andar com uma arma destravada em uma bolsa. Ela está agindo culposamente 
 as punições contra as modalidades dolosas são bem mais severas, pois o agente quis o resultado e, 
segundo, porque a regra é que todo delito é punido apenas na forma dolosa (eles não são punidos 
quando a pessoa o cometeu sem querer). Apenas quando a lei diz especificamente que aquele crime 
também é punido na modalidade culposa é que ele poderá ser punido mesmo se o agente não o quis 
cometer ou não assumiu tal risco. É o caso do homicídio, por exemplo. 
 
TEORIAS 
 Finalista: dolo é a vontade consciente de praticar a conduta típica, ou seja, é o dolo natural. É necessário 
que essa conduta dolosa se encaixe em um injusto penal para que se possa existir um crime. Basta que o 
sujeito queira, tenha a vontade de realizar aquela conduta e saiba o que faz e que aquilo é lesivo, para a 
caracterização do dolo. 
 Naturalista: principal defensor foi Hanz Welzel, a teoria surge entre 1920 e 1930, a qual observava 
elementos finalísticos nos tipos penais. Para essa teoria, o crime é um fato típico e antijurídico, onde a 
culpabilidade é um mero pressuposto de valoração e aplicação da pena. Correto se faz analisar se a 
conduta do agente foi culposa ou dolosa, ou seja, se é típica, e no final como pressuposto da pena analisa-
se a culpabilidade do agente. 
 DA VONTADE: para esta teoria, haverá dolo quando o sujeito pratica a conduta consciente e 
voluntariamente, isto é, o agente prevê e quer o resultado; 
 da representação: segundo esta teoria, basta a simples previsão do resultado pelo sujeito para a existência 
do dolo; 
 DO ASSENTIMENTO: de acordo com esta teoria, configurar-se-á o dolo quando o sujeito consente em 
causar o resultado ao realizar a conduta. 
 O Código Penal Brasileiro adotou duas das teorias supramencionadas, a saber: da vontade quanto ao dolo 
direto, e do assentimento ao definir o dolo eventual. 
CULPABILIDADE 
 costuma ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação exercido sobre alguém que praticou um 
fato típico e ilícito, não podendo ser tratado como elemento do crime, pois é um pressuposto para a 
imposição de pena, por ser um juízo de valor sobre o autor da infração penal. Não tem como estar dentro 
do crime (elemento) e fora (juízo externo de valor) ao mesmo tempo. Por isso culpa e culpabilidade são 
elementos independentes. 
 
 
 
 
 CRIME CONSUMADO E TENTADO 
CRIME CONSUMADO 
 O crime consumado para o ordenamento jurídico é aquele no qual se realiza todos os requisitos exigidos pelo 
tipo penal. No entanto, por trás de quase todo crime consumado há um iter criminis que nada mais é do que 
a preparação, pari passu, de vários elementos que se sobrepõem até a consumação do ato delitivo. 
 Art. 14 - Diz-se o crime: I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
 o momento da consumação varia de acordo com a natureza ou espécie do crime. 
 Classificação para Cunha quanto à natureza do crime e seu respectivo momento de consumação 
▪ Crime material ou de resultado: é previsto, no tipo penal, a descrição da conduta e seu respectivo 
resultado, exigindo, para sua efetiva consumação, a alteração (modificação) do mundo exterior. Ex: 
homicídio, art. 121 do Código Penal. Comefeito, o homicídio só se consuma com a morte. 
▪ Crime formal ou de consumação antecipada: “a norma penal também descreve um comportamento 
seguido de um resultado naturalístico, mas dispensa a modificação do mundo exterior, contentando-se, 
para a consumação, com a prática da conduta típica”. Se consumando no momento da ação. 
▪ Crime de mera conduta: delito sem resultado naturalístico, descrevendo a lei apenas uma conduta, 
consumando-se o crime no momento da prática da ação. Ex: violação de domicílio, art. 150 do Código 
Penal. Com efeito a consumação da violação de domicílio se dá no próprio momento da prática delitiva, 
não importando as ações subsequentes. 
▪ Crime permanente: a consumação se protrai no tempo, prolongando-se até que o agente cesse a conduta 
delituosa”. Ex: sequestro ou cárcere privado, art. 148 do Código Penal. 
▪ Crime habitual: para enquadrar-se no tipo crime habitual a prática do mesmo deve ser constante e 
repetitiva. 
▪ Crime qualificado pelo resultado: a consumação dá-se com a produção do resultado que agrava 
especialmente a pena. Exemplo: lesão corporal seguida de morte, art. 129 §3º, Código Penal. 
▪ Crime omissivo próprio: Consuma-se no momento que o agente se abstém de realizar a conduta devida 
que lhe era imposta pelo tipo mandamental. Ex: omissão de socorro, art. 135 do Código Penal. 
▪ Crime omissivo impróprio: Tem a sua consumação com a produção do resultado naturalístico. Ex: crime 
do garantidor, art. 13, §2º do Código Penal. 
CRIME TENTADO 
 Crime tentado: A tentativa não constitui um crime sui generis, com pena autônoma delimitada. 
 Art. 14 - Diz-se o crime: II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias 
alheias à vontade do agente. 
 É a tentativa violação incompleta da mesma norma de que constitui o crime consumado como violação 
plena. Por conseguinte, não há que se falar em crime de tentativa, mas apenas tentativa de crime. 
 Nucci: “É a realização incompleta da conduta típica, que não é punida como crime autônomo 
 Natureza jurídica da tentativa: ampliação da tipicidade proibida, em razão de uma fórmula geral ampliatória 
dos tipos dolosos, para abranger a parte da conduta imediatamente anterior à consumação 
 a tentativa constitui uma ampliação temporal da figura típica e para que tal ato executório, anterior à 
consumação, seja punível é preciso que a figura típica se estenda para o alcançar 
 A sua punibilidade se estabelece em face do disposto no art. 14, II, do CP, que tem eficácia extensiva, uma 
vez que por força dele é que se amplia a proibição contida nas normas penais incriminadoras a fatos que o 
agente não realiza de forma completa, pois apenas pratica atos dirigidos à realização perfeita do tipo. 
TEORIAS 
 Teoria Subjetiva: deve-se, para a punição da tentativa, levar em conta a vontade criminosa, como o objetivo 
é punir quem manifesta vontade contrária ao Direito, nem sempre deve a pena ser atenuada pelo juiz. 
 Teoria Objetiva: o objetivo da punição da tentativa volta-se ao perigo efetivo que o bem jurídico corre, o que 
somente se configura quando os atos executórios, de caráter unívoco, têm início, com idoneidade, para 
atingi-lo 
 Teoria Subjetivo-objetiva: a punição fundamenta-se pela junção da avaliação da vontade criminosa com o 
efetivo risco ao bem jurídico tutelado. É levado em conta a vontade criminosa e o efetivo risco dessa a um 
bem jurídico, é faculdade do juiz reduzir ou não a pena. 
 Teoria Sintomática o fundamento da punição da tentativa concentra-se na verificação do nível de 
periculosidade do agente. 
ESPÉCIES DE TENATIVA 
 Quanto ao inter criminis percorrido 
a) Tentativa imperfeita: quando o agente é impedido de prosseguir no seu intento, deixando de praticar 
os atos executórios à sua disposição (cf. CUNHA, 2015, p. 340). 
b) Tentativa perfeita: o agente, mesmo tendo praticado todos os atos executórios disponíveis, não logra a 
consumação do crime por circunstâncias alheias à sua vontade. 
 Quanto ao resultado produzido na vítima 
a) Tentativa branca ou incruenta: o golpe desferido não atinge a vítima, consequentemente não gerando 
lesão à mesma. 
b) Tentativa vermelha ou cruenta: a vítima sofre lesão por haver sido efetivamente atingida. 
 Quanto à possibilidade de alcançar o resultado 
a) Tentativa idônea: o resultado era possível, só não o foi por motivos alheios à vontade do agente. 
b) Tentativa inidônea: o crime mostra-se impossível de ser consumado, seja por ineficácia do meio 
empregado pelo agente, ou, por impropriedade do objeto material. 
 
ELEMENTOS DA TENTATIVA 
1) Início da execução; 
2) Não ocorre a consumação do delito por circunstâncias alheias à vontade do agente; 
3) Dolo de consumação: Apenas este terceiro elemento é dito por Flávio Monteiro de Barros e Luiz Flávio 
Gomes. Rogério Sanches entende que o dolo de consumação é presumido, já que não se consumou o 
crime pela vontade que é alheia a do agente. (CUNHA, 2015). 
4) Resultado possível: Este último elemento é posicionamento de Rogério Sanches, que entende que este 
seria o elemento diferenciador entre o crime tentado e o crime impossível. (CUNHA, 2015). 
CONSEQUÊNCIAS DA TENTATIVA 
A tentativa é, em regra, punida com a pena do crime consumado diminuída, já que o parágrafo único 
ressalva ao seu início que poderá haver disposição em contrário. 
PENA DE TENTATIVA 
 Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime 
consumado, diminuída de um a dois terços. 
 No crime subjetivamente consumado a intenção do agente era de matar; no crime objetivamente 
consumado, efetivamente o agente matou a pessoa; no crime objetivamente tentado, o agente não 
conseguiu matar a pessoa por circunstâncias alheias, a qual justifica a diminuição da pena 
 Excepcionalmente, a tentativa de crime é punida como o crime já consumado, sem que haja a redução, 
quando houver previsão legal especial para tanto. 
 O crime excepcional em que a tentativa não possui qualquer redução quando comparado ao crime 
consumado é denominado de Crime de Atentado ou Crime de Empreendimento. A tentativa tem a mesma 
pena da consumação, sem redução. 
 Existe ainda o crime em que a tentativa é punida, mas a consumação não o é. São os crimes de lesa pátria, 
da Lei 7170/1983, que enuncia os crimes contra a segurança nacional: Tentar desmembrar parte do 
território nacional para constituir país independente. 
 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ 
 desistência voluntária e o arrependimento eficaz podem ser consideradas como “espécies de tentativa 
abandonada ou qualificada”. 
 art. 15 do Código Penal, in verbis: “O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou 
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos praticados”. 
 desistência voluntária: desistência no prosseguimento dos atos executórios, de modo voluntário, 
respondendo o agente somente pelo que já praticou. Mesmo que o agente desista de prosseguir na execução 
por achar o momento inapropriado, pretendendo continuar posteriormente, deve ser beneficiado pela 
excludente de culpabilidade. pensamento majoritário. 
 arrependimento eficaz: consiste na desistência ocorrida entre o término dos atos executórios e a consumação. 
O agente, nesse caso, já fizera o que podia para atingir o resultado pretendido, mas, resolve intervir para 
evitar a concretização do mesmo. 
a) Causa de exclusão da tipicidade: “se a desistência for voluntária, não há que se falar em causa alheia à 
vontade, afastando-se a tipicidade” 
b) Causa de exclusão da culpabilidade: tendo em vista que o agente desistiu de prosseguir no crime 
idealizado, não deve maissofrer juízo de reprovação social, resultando no afastamento da sua culpabilidade 
c) Causa pessoal de exclusão da punibilidade: afasta-se a punibilidade do que abandona a tentativa, mas não 
a tipicidade ou a culpabilidade. Segundo tal corrente, não se pode suprimir retroativamente a tipicidade. 
 O ex-marido de uma mulher, com o firme propósito de matá-la, coloca veneno na comida dela. Após ela 
finalizar a refeição, ele se arrepende e a leva ao hospital para uma lavagem gástrica, tudo a tempo de 
salvá-la da morte. Responderá por algum crime? E se não houvesse dado tempo de socorrê-la e ela tivesse 
morrido? Qual conduta seria imputada ao agente? E ainda, se no meio do caminho o ex-marido pronto para 
despejar o veneno no prato da vítima, é convencido pelo amigo a abandonar sua empreitada delitiva, 
desistindo voluntariamente de matar a mulher? Subsistiria alguma ilicitude? Para entender cada situação é 
preciso conhecer os institutos da desistência voluntária, do arrependimento eficaz e do arrependimento 
posterior. Vejamos: 
ARREPENDIMENTO EFICAZ ocorre quando a agente prática alguma conduta para salvaguardar o bem 
jurídico que já foi colocado em risco. Em tal situação, a fase de execução foi realizada, entretanto, o agente 
agrega nova conduta a fim de evitar o sacrifício do bem tutelado, salvando-o. Note que a execução do crime 
aconteceu, mas não o seu exaurimento. 
O ARREPENDIMENTO POSTERIOR, previsto no artigo 16 do Código Penal, só pode acontecer em crimes 
praticados sem violência ou grave ameaça, desde que o agente repare o dano ou restitua a coisa até o 
recebimento da denúncia ou da queixa. Trata-se de situação na qual o crime já foi consumado, mas se for 
possível a reparação o agente terá em seu benefício a causa obrigatória de diminuição da pena de 
um a dois terços. 
De acordo com as hipóteses lançadas inicialmente, nota-se que o agente que envenena a ex-mulher e pratica 
alguma conduta a tempo de salvá-la, evitando assim o sacrifício do bem jurídico tutelado, terá o benefício do 
arrependimento eficaz (CP, art. 15). A consequência penal de tal conduta será a responsabilização apenas 
pelo que fez, deixando de ser responsabilizado pela tentativa de homicídio; responde tão somente por lesão 
corporal. Isso porque o arrependimento foi eficaz, caso não a tivesse socorrido a tempo, o agente responderia 
por homicídio doloso. 
Na hipótese de o agente desistir de colocar veneno no prato da ex-mulher, restará para ele a 
responsabilização pelo que realmente praticou, se tal conduta constituir crime. No caso em análise, não 
responderá por nenhum delito, nem mesmo na forma tentada, haja vista ter abandonado seu intento antes de 
adentrar a esfera do proibido. 
 
EXCLUDENTE DE ILICITUDE 
Para que haja ilicitude em uma conduta típica, independentemente do seu elemento subjetivo, é necessário 
que inexistam causas justificantes. Isto porque estas causas tornam lícita a conduta do agente. 
As causas justificantes têm o condão de tornar lícita uma conduta típica praticada por um sujeito. Assim, 
aquele que prática fato típico acolhido por uma excludente, não comete ato ilícito, constituindo uma exceção à 
regra que todo fato típico será sempre ilícito. 
As excludentes de ilicitude estão previstas no artigo 23 do Código Penal brasileiro. São elas: o estado de 
necessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de direito. 
a) Estado de necessidade 
Trata-se de uma excludente de ilicitude que constitui no sacrifício de um bem jurídico penalmente protegido, 
visando salvar de perigo atual e inevitável direito próprio do agente ou de terceiros - desde que no momento 
da ação não for exigido do agente uma conduta menos lesiva. Nesta causa justificante, no mínimo dois bens 
jurídicos estarão postos em perigo, sendo que para um ser protegido, o outro será prejudicado. 
Para que se caracterize a excludente de estado de necessidade é necessários dois requisitos: existência de 
perigo atual e inevitável e a não provocação voluntária do perigo pelo agente. Quanto ao primeiro, importante 
destacar que se trata do que está acontecendo, ou seja, o perigo não é remoto ou incerto e além disso, o 
agente não pode ter opção de tomar outra atitude, pois caso contrário, não se justifica a ação. Enquanto o 
segundo requisito significa que o agente não pode ter provocado o perigo intencionalmente. A doutrina 
majoritária entende que se o agente cria a situação de perigo de forma culposa, ainda assim poderá se utilizar 
da excludente. 
Vale observar o tema abordado por Rogério Greco quanto ao estado de necessidade relacionado a 
necessidades econômicas. Trata-se de casos em que devido a grandes dificuldades financeiras, o agente 
comete crimes em virtude de tal situação. 
Conforme o doutrinador, não é qualquer dificuldade econômica que autoriza o agente a agir em estado de 
necessidade, somente se permitindo quando a situação afete sua própria sobrevivência. Como é o caso, por 
exemplo, do pai que vendo seus familiares com fome e não sem condições de prover sustento, furta alimentos 
num mercado. É razoável que prevaleça o direito à vida do pai e de sua família ante ao patrimônio do 
mercado. 
b) Legítima Defesa 
O conceito de legítima defesa, esta que é a excludente mais antiga de todas, está baseado no fato de que o 
Estado não pode estar presente em todos os lugares protegendo os direitos dos indivíduos, ou seja, permite 
que o agente possa, em situações restritas, defender direito seu ou de terceiros. 
Assim sendo, a legítima defesa nada mais é do que a ação praticada pelo agente para repelir injusta agressão 
a si ou a terceiro, utilizando-se dos meios necessários com moderação. 
A formação da legítima defesa depende de alguns requisitos objetivos. São eles: 
a) Agressão injusta, atual ou iminente; 
b) Direito próprio ou alheio; 
c) Utilização de meios necessários com moderação. 
O elemento subjetivo existente na legítima defesa é a vontade de se defender ou defender direito alheio. Além 
de preencher os requisitos objetivos, o agente precisa ter o animus defendendi no momento da ação. Se o 
agente desconhecia a agressão que estava por vir e age com intuito de causar mal ao agressor, não haverá 
exclusão da ilicitude da conduta, pois haverá mero caso de coincidência. 
Ponto bastante discutido entre os doutrinadores é o que trata de ofendículos. Para alguns autores, constituem 
legítima defesa preordenada e para outros, exercício regular de direito, embora ambos se enquadrem na 
exclusão da antijuricidade da conduta. Ofendículos são aparatos que visam proteger o patrimônio ou qualquer 
outro bem sujeito a invasões, como por exemplo, as cercas elétricas em cima de um muro de uma casa. A 
jurisprudência entende que todos os aparatos dispostos para defender o patrimônio devem ser visíveis e 
inacessíveis a terceiros inocentes, somente afetando aquele que visa invadir ou atacar o bem tutelado alheio. 
Preenchendo estes requisitos, o agente não responderá pelos danos causados ao agressor, pois configurará 
caso de legítima defesa preordenada. Só serão conceituados como exercício regular de direito quando levados 
em consideração o momento de sua instalação. 
Por fim, faz-se necessário analisar quando o agente deverá responder por excesso, em caso de legítima 
defesa. São três as situações: a primeira refere-se à forma dolosa, a segunda culposa e a última é aquela que 
se origina de erro. 
A primeira o agente tem ciência de que a agressão cessou, mas mesmo assim, continua com sua conduta, 
lesando o bem jurídico do agressor inicial. Neste caso, o agente que inicialmente se encontra em estado de 
legítima defesa e excede conscientemente seus limites, responderá pelosresultados do excesso a título de 
dolo. A segunda se configura quando o agente que age reagindo contra a agressão, excede os limites da 
causa justificante por negligência, imprudência ou imperícia. O resultado lesivo causado deve estar previsto 
em lei como crime culposo, para que o agente possa responder. E a última, que é proveniente do erro, se 
configura no caso de legítima defesa subjetiva. Aqui, o agente incide em erro sobre a situação que ocorreu, 
supondo que a agressão ainda existe. Responderá por culpa, caso haja previsão e se for evitável. 
c) Estrito cumprimento do dever legal. 
O agente que cumpre o seu dever proveniente da lei, não responderá pelos atos praticados, ainda que 
constituam um ilícito penal.. Isto porque o estrito cumprimento de dever legal constitui outra espécie de 
excludente de ilicitude, ou causa justificante. 
O primeiro requisito para formação desta excludente de ilicitude é a existência prévia de um dever legal. Este 
requisito engloba toda e qualquer obrigação direta ou indireta que seja proveniente de norma jurídica. Dessa 
forma, pode advir de qualquer ato administrativo infralegal, desde que tenham sua base na lei. Também pode 
ter sua origem em decisões judiciais, já que são proferidas pelo Poder Judiciário no cumprimento de ordens 
legais. 
Outro requisito é o cumprimento estrito da ordem. Para que se configure esta causa justificante, é necessário 
que o agente se atenha aos limites presentes em seu dever, não podendo se exceder no seu cumprimento. 
Aquele que ultrapassa os limites da ordem legal poderá responder por crime de abuso de autoridade ou algum 
outro específico no código Penal. Por fim, o último requisito é a execução do ato por agente público, e 
excepcionalmente, por particular. Para que se caracterize a causa justificante, o agente precisa ter consciência 
de que pratica o ato em cumprimento de dever legal a ele incumbido, pois, do contrário, o seu ato 
configuraria um ilícito. Trata-se do elemento subjetivo desta excludente, que é a ação do agente praticada no 
intuito de cumprir ordem legal. 
Ao tratar de coautores e partícipes, Fernando Capez suscita uma questão interessante. Para ele, ambos não 
poderiam ser responsabilizados, pois não como falar em ato lícito para, e para o outro ilícito. Porém, se um 
deles desconhecer a situação justificante que enseja o uso a excludente de ilicitude, e age com propósito de 
lesar direito alheio, respondera pelo delito praticado, mesmo isoladamente. 
d) Exercício regular do direito 
Aquele que exerce um direito garantido por lei não comete ato ilícito. Uma vez que o ordenamento jurídico 
permite determinada conduta, se dá a excludente do exercício regular do direito. 
O primeiro requisito exigido por esta causa justificante é a existência de um direito, podendo ser de qualquer 
natureza, desde que previsto no ordenamento jurídico. O segundo requisito é a regularidade da conduta, isto 
é, o agente deve agir nos limites que o próprio ordenamento jurídico impõe aos direitos. Do contrário haveria 
abuso de direito, configurando excesso doloso ou culposo. 
Também se faz necessário que o agente tenha conhecimento da situação em que se encontra para poder se 
valer desta excludente de ilicitude. É preciso saber que está agindo conforme um direito a ele garantido, pois 
do contrário, subsistiria a ilicitude da ação. Fernando Capez traz o exemplo do pai que prática vias de fato ou 
lesão corporal leve contra seu filho, mas sem o intuito de correção, tendo dentro de si a intenção de lhe 
ofender a integridade física. 
Algumas situações são relevantes merecem ser mencionadas quanto ao alcance do exercício regular do 
direito. Uma delas é a intervenção médica e cirúrgica. Seria incompreensível considerar atos de médicos que 
salvam vidas como ilícitos. Porém, para que haja exercício regular do direito, é necessário que exista a 
anuência do paciente, pois, do contrário, haveria estado de necessidade praticado em fator de terceiro, 
podendo restar alguma responsabilidade no âmbito civil. 
Outra situação refere-se à violência desportiva. A sociedade tem ciência de que alguns esportes possuem 
riscos de lesões à integridade física de seus praticantes, como por exemplo, o boxe ou MMA. No entanto, 
assim como na situação anterior, é essencial que as regras sejam respeitadas para que exista a excludente do 
exercício regular de direito. Havendo desproporcionalidade nas lesões, como por exemplo, a morte do 
adversário, haveria responsabilidade do agente. 
CONCURSO DE PESSOAS 
Conceito e teorias 
O concurso de pessoas é o cometimento da infração penal por mais de uma pessoa. Tal cooperação da prática 
da conduta delitiva pode se dar por meio da coautoria, participação, concurso de delinquentes ou de agentes, 
entre outras formas. Existem ainda três teorias sobre o concurso de pessoas, vejamos: 
a) teoria unitária: quando mais de um agente concorre para a prática da infração penal, mas cada um 
praticando conduta diversa do outro, obtendo, porém, um só resultado. Neste caso, haverá somente um 
delito. Assim, todos os agentes incorrem no mesmo tipo penal. Tal teoria é adotada pelo Código Penal. 
b) teoria pluralista: quando houver mais de um agente, praticando uma conduta diversa dos demais, ainda 
que obtendo apenas um resultado, cada qual responderá por um delito. Esta teoria foi adotada pelo Código 
Penal ao tratar do aborto, pois quando praticado pela gestante, esta incorrerá na pena do art. 124, se 
praticado por outrem, aplicar-se-á a pena do art. 126. O mesmo procedimento ocorre na corrupção ativa e 
passiva. 
c) teoria dualista: segundo tal teoria, quando houver mais de um agente, com diversidades de conduta, 
provocando-se um resultado, deve-se separar os coautores e partícipes, sendo que cada "grupo" responderá 
por um delito. 
Coautoria e participação 
Há dois posicionamentos sobre o assunto, embora ambos dentro da teoria objetiva: 
a) teoria formal: de acordo com a teoria formal, autor é o agente que pratica a figura típica descrita no tipo 
penal, e partícipe é aquele que comete ações não contidas no tipo, respondendo apenas pelo auxílio que 
prestou (entendimento majoritário). Exemplo: o agente que furta os bens de uma pessoa, incorre nas penas 
do art. 155 do CP, enquanto aquele que o aguarda com o carro para ajudá-lo a fugir, responderá apenas pela 
colaboração. 
b) teoria normativa: aqui o autor é o agente que, além de praticar a figura típica, comanda a ação dos demais 
("autor executor" e "autor intelectual"). Já o partícipe é aquele colabora para a prática da conduta delitiva, 
mas sem realizar a figura típica descrita, e sem ter controle das ações dos demais. Assim, aquele que planeja 
o delito e aquele que o executa são coautores. 
Sendo assim, de acordo com a opinião majoritária - teoria formal, o executor de reserva é apenas partícipe, 
ou seja, se João atira em Pedro e o mata, e logo após Mario também desfere tiros em Pedro, Mario (executor 
de reserva) responderá apenas pela participação, pois não praticou a conduta matar, já que atirou em um 
cadáver. Ressalta-se, porém, que o juiz poderá aplicar penas iguais para autor e partícipe, e até mesmo pena 
mais gravosa a este último, quando, por exemplo, for o mentor do crime. 
Sobre o assunto, preceitua o art. 29 do CP que, "quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas 
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade", dessa forma deve-se analisar cada caso concreto 
de modo a verificar a proporção da colaboração. Além disso, se a participação for de menor importância, a 
pena pode ser diminuída de um sexto a um terço, segundo disposição do § 1º do artigo supramencionado, e 
se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicadaa pena deste; essa pena 
será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave (art. 29, § 2º, do CP). 
 
Ademais, quando o autor praticar fato atípico ou se não houver antijuridicidade, não há o que se falar em 
punição ao partícipe - teoria da acessoriedade limitada. 
Requisitos do concurso pessoas 
a) presença de dois ou mais agentes; 
b) nexo de causalidade material entre as condutas realizadas e o resultado obtido; 
c) não há necessidade de ajuste prévio entre os agentes, mas deve haver vontade de obtenção do resultado 
(vínculo de natureza psicológica). Ou seja, mesmo que os agentes não se conheçam pode haver o concurso 
de pessoas se existente a vontade de obtenção do mesmo resultado. Tal hipótese admite ainda a autoria 
sucessiva. Exemplo: empregada deixa a porta da casa aberta, permitindo que o ladrão subtraia os bens do 
imóvel. Enquanto isso, uma outra pessoa, ao ver os fatos, resolve dele aderir retirando também as coisas da 
casa; 
d) reconhecimento da prática do mesmo delito para todos os agentes; 
e) existência de atipicidade e antijuridicidade, já que se o fato não é punível para um dos coautores, também 
não será para os demais. 
Participação e cumplicidade 
Há três visões sobre o assunto: 
a) cúmplice é aquele que auxilia no cometimento de crime sem ter tal conhecimento. Exemplo: dar carona a 
bandido sem saber que este está fugindo; 
b) cúmplice é aquele que colabora materialmente com a prática de infração penal; 
c) cúmplice é aquele que colabora dolosamente para prática de conduta delituosa, mesmo que o autor não 
tenha consciência deste favorecimento. 
Como não há entendimento majoritário, decidiu-se que quem auxilia na prática de um crime é cúmplice, seja 
coautor ou partícipe. 
Casos de impunibilidade 
Determina o art. 31 do CP que, "o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa 
em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado". Entretanto, tais condutas - 
ajuste (acordo), instigação (estímulo), auxílio (assistência) e determinação (decisão) - serão puníveis quando 
houver disposição expressa neste sentido, como é o caso do art. 288 do CP - "associarem-se 03 (três) ou mais 
pessoas, para o fim específico de cometer crimes (...)". Assim, serão puníveis tais atos quando houver início 
da execução do delito, pois do contrário serão consideradas condutas atípicas, já que não houve perigo a 
nenhum bem protegido pelo ordenamento jurídico (o mesmo ocorre no crime impossível). 
 
TEORIA DO ERRO 
 
Erro de tipo: erro sobre elemento constitutivo do tipo (Art. 20, CP) 
Evitável (inescusável) – Exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se houver previsão. 
Inevitável (escusável) – Exclui dolo e culpa. 
Exemplo: Indivíduo que subtrai celular de outra pessoa, idêntico ao seu, acreditando tratar-se de seu próprio 
aparelho. No exemplo, o indivíduo ignora a elementar “coisa alheia”. 
Em suma, o agente não sabe o que faz. 
Erro de proibição: erro sobre a ilicitude do fato (Art. 21, CP) 
Evitável (inescusável) – Diminui a pena de 1/6 a 1/3. 
Inevitável (escusável) – Isenta de pena. 
Exemplo: Indivíduo que se apropria de coisa encontrada na rua, porque acredita que “achado não é 
roubado”, pois desconhece completamente o Art. 169, II, CP, que pune a apropriação de coisa achada. 
Em suma, o agente sabe o que faz, mas não sabe que o seu agir contraria o direito.

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