Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Endocrinologia 3 A síndrome metabólica (SM) é comumente definida por uma constelação de interligados fatores fisiológicos, bioquímicos, clínicos e metabólicos que aumentam diretamente o risco de doença cardiovascular e diabetes melito tipo 2 (DM2). Adiposidade visceral, resistência à insulina (RI), liberação excessiva de ácidos graxos livres e citocinas inflamatórias pelos adipócitos viscerais, estresse oxidativo, dislipidemia aterogênica, hiperglicemia, disfunção endotelial, hipertensão e estado de hipercoagulabilidade são os vários fatores que constituem a síndrome.SÍNDROME METABÓLICA A presença de SM confere um aumento de 5 vezes no risco para DM2 e de 2 vezes no risco de desenvolver doenças cardiovasculares (DCV) ao longo dos próximos 5 a 10 anos. Além disso, em comparação aos indivíduos sem a síndrome, os pacientes com SM apresentam risco aumentado em 2 a 3 vezes para acidente vascular cerebral (AVC), 3 a 4 vezes para infarto agudo do miocárdio (IAM) e de 2 vezes o risco para morrerem em consequência de um desses distúrbios, independentemente de história prévia de eventos cardiovasculares. Existem várias definições para síndrome metabólica, mas a que mais utilizamos é o NCEP ATP III, que foi uma reunião de endocrinologistas, cardiologistas e nutricionistas que avaliaram e definiram as alterações que levam a um aumento do risco cardiovascular. A partir disso, definiram também o que é uma síndrome metabólica. A NCEP/ATP III foca no risco cardiovascular, que não usa como critério obrigatório a evidência de anormalidades na insulina ou na glicemia. O NCEP estabeleceu uma forma de fazer diagnóstico de síndrome metabólica usando recursos habituais. Para dizermos que um paciente tem síndrome metabólica, analisamos 5 parâmetros e ele precisa estar positivo em pelo menos 3. Circunferência abdominal (CA): > 102 cm em homens e > 88 cm em mulheres; Glicemia ≥ 110 mg/dl; Triglicerídeos ≥ 150 mg/dl; HDL: < 40 mg/dl em homens e < 50 mg/dl em mulheres; Pressão sistólica ≥ 130mmHg ou diastólica ≥ 85 mmHg. É muito mais importante definir se o paciente tem síndrome metabólica do que definir se ele está abaixo ou acima do peso. Isso porque o paciente pode ser obeso e não ter síndrome metabólica, assim como ele pode ter síndrome metabólica e não ser obeso. Ter síndrome metabólica = maior fator de risco Apesar dessas distinções e definições serem importantes, isso não quer dizer que deixaremos de avaliar o paciente, então, é importante saber sim se o paciente tem sobrepeso ou obesidade, mas não só isso. Medidas antropométricas: Peso isolado ou peso x altura; Distribuição da gordura - mais preditiva de saúde; Massa corporal x distribuição da gordura - melhor opção para avaliação clínica; IMC: ponto de corte - associação IMC x doença crônica/mortalidade; Limitações do IMC: distinção de massa gordurosa e massa magra; não reflete a distribuição da gordura corporal; não indica necessariamente o mesmo grau de gordura em populações diversas. O uso de IMC x distribuição da gordura corporal pode ajudar a resolver alguns problemas do IMC isolado. A bioimpedância é um exame que vai mandar uma pequena corrente que vai circular o organismo do indivíduo, de modo que iremos medir a reatância e a resistência, quando temos um aparelho com menos de 6 eletrodos, ele não é fiel. Nela, conseguimos observar o nível de gordura visceral, avaliação de músculo-gordura, avaliação de obesidade, tanto em valores absolutos quanto em valores relativos. A própria máquina já diz quanto de gordura ele deve perder e quanto de músculo precisa ganhar, além de uma nota. Massa gordurosa e distribuição de gordura Formas de avaliar a massa gordurosa e sua distribuição: Medição da espessura das pregas cutâneas (indicador de obesidade) Bioimpedância (forma portátil disponível para avaliação clínica) USG (bom método para quantificar o tecido adiposo intra-abdominal, menos dispendiosa que TC e RM e mais precisa que as pregas cutâneas) A medida da prega cutânea, se for bem feita, é excelente. O problema é exatamente o fato de ser examinador-dependente, além de ser demorado. Tomografia computadorizada (preciso e confiável para quantificar o tecido adiposo subcutâneo) Ressonância magnética (diagnóstico e acompanhamento da gordura visceral em indivíduos com alto risco) A ultrassonografia, a tomografia, a ressonância, todas essas são medidas importantes na distribuição corporal, mas não são custo efetivo. Relação circunferência abdominal/quadril (um dos critérios para caracterizar a síndrome metabólica pela OMS) Medida da circunferência abdominal (reflete melhor o conteúdo de gordura visceral que a RCQ) Dexa – Densitometria óssea A densitometria óssea, se for feita de corpo inteiro, também é um exame super bacana, pois consegue nos dizer a quantidade de gordura corporal, de massa magra e de massa óssea. Medida da circunferência abdominal – OMS (Adotado pelo Brasil) De acordo com o National Cholesterol Education Program (NCEP) - Adult Treatment Panel III (ATPIII), o ponto de corte deve ser de 102 cm para homens e 88 cm para mulheres. Entretanto há divergências entre as idades e os diferentes grupos étnicos. TRATAMENTO Não existe milagre!!! Se tiver só o tratamento farmacológico e não houver uma disciplina do paciente, isto é, uma mudança de hábitos e uma prática de exercício físico, jamais iremos chegar ao resultado desejado. É complexo e multidisciplinar Não existe nenhum tratamento farmacológico em longo prazo que não envolva MEV Há várias opções de tratamento para a obesidade e sobrepeso A longo prazo, depende da constante vigilância sobre atividades físicas e ingestão alimentar, bem como apoio social, familiar e automonitorização. Tratamento farmacológico Critérios atuais para utilização de fármacos: 1- IMC de 30 kg/m² ou 25 kg/m² na presença de comorbidades. 2- falha em perder peso com tratamento não farmacológico. *Desinchá: folhas e ervas que são diuréticos; *Glifage: diminui a resistência à insulina, que é um hormônio anabolizante; faz a glicose ser degradada mais rápido, porque joga a glicose para dentro da célula e o paciente fica com fome por menos tempo, porque a glicose é melhor distribuída, diminuindo a resistência insulínica e a gordura abdominal. Porém, tem muitos efeitos colaterais, como náuseas, gases, desconforto, sensação de empachamento. USADO OFF-LABEL NOS PACIENTES DO SUS. *Orlistate: inibe a ação das enzimas pancreáticas que iriam quebrar as gorduras, de modo que 40% da gordura ingerida será excretada. Essa eliminação, no entanto, se dá por gravidade, de modo que o paciente não tem controle dessa excreção, é quase que imediata. Vitaminas lipossolúveis A, D, E , K; Orlistate 6 dias na semana e vitamina D durante o dia que não usa no orlistate; Age sobre as lipases pancreáticas, diminuindo de 25% a 30% a absorção de gorduras. Pode levar à diminuição da resistência insulínica, melhora do controle glicêmico, redução do CT e LDL. Sugere-se complementação vitamínica devido a diminuição de absorção de vitaminas lipossolúveis. *Sibutramina: inibe a receptação da noradrenalina e da serotonina, e o aumento desses níveis provoca um bem-estar, de modo que ajuda o paciente que come por compulsão, ansiedade, por um lado emocional; o aumento da noradrenalina, por outro lado, acelera o metabolismo e causa também taquicardia, palpitações, aumento da pressão arterial. Não devendo ser usado em pacientes maiores de 50 anos, pacientes com arritimias e picos hipertensivos. *Anfetaminas: não são ruins para o paciente perder peso, o problema é seu uso indiscriminado, contínuo, por muito tempo, pois isso traz complicações cardíacas, hepáticas. O seu uso é recomendado por somente 4-8 semanas, de modo que ele é uma espécie de “empurrãozinho”. *Fluoxetina (prozac): é um antidepressivo e funciona quando o paciente ganha peso por ansiedade. Sua ação média é de 3 meses e máxima de 6. Efeito colateral principal é a diminuição da libido (mulher na menopausa – não vale a pena). Efeitotransitório de perda de peso, principalmente nos 6 primeiros meses de uso, após o qual ocorre recuperação do peso perdido.
Compartilhar