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obesidade - sanarflix

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OBESIDADE
SUMÁRIO
1. Introdução ..................................................................... 3
2. Epidemiologia .............................................................. 3
3. Fisiopatologia .............................................................. 4
4. Etiologias ....................................................................... 5
5. Triagem .......................................................................... 6
6. Avaliação do paciente obeso ..............................10
6. Comorbidades e síndrome metabólica ............13
7. Condutas .....................................................................17
Referências bibliográficas ........................................34
3OBESIDADE (NUTROLOGIA)
1. INTRODUÇÃO
A obesidade pode ser conceitua-
da como uma condição de acúmulo 
anormal ou excessivo de gordura no 
organismo, resultante de um balanço 
energético positivo, ou seja, de inges-
ta superior ao gasto calórico. Os fato-
res comportamentais e biológicos que 
contribuem para este balanço e para 
a regulação dos estoques de energia 
do corpo são influenciados pela sus-
ceptibilidade individual e por fatores 
hormonais, culturais e genéticos. 
Durante a evolução, nossos ances-
trais sobreviveram a um ambiente de 
escassez graças à sua capacidade 
de adaptação, criando uma complexa 
rede de regulação metabólica, para 
incrementar as reservas energéti-
cas, maximizar o aproveitamento dos 
nutrientes e flexibilizar as fontes ali-
mentares. A herança genética deter-
minaria um fenótipo para responder 
à escassez de energia, ao longo da 
evolução humana, que, no ambien-
te moderno, corresponderia a uma 
adaptação inadequada levando a gê-
nese dessa epidemia. O desenvolvi-
mento tecnológico atual contribuiu 
para a criação de um ambiente obe-
sogênico, no qual a oferta suplanta 
em muito a demanda energética. Há 
40 anos James Neel propôs a teoria 
do “genótipo econômico”, segundo 
a qual a natureza genética humana, 
privilegiou ao máximo o acúmulo li-
pídico, determinando genes obeso-
gênicos para acumular gordura nos 
breves períodos de fartura e estarem 
aptos a enfrentar os frequentes perí-
odos de carência.
Para Darwin (1859), “Não são os 
mais fortes de cada espécie que so-
brevivem, nem os mais inteligentes, 
mas os que melhor respondem às 
mudanças ambientes”. Segundo essa 
teoria, diante de todas as mudanças 
ambientais e de estilo de vida, o ho-
mem estaria em curso de extinção em 
razão das doenças metabólicas atu-
ais como obesidade, a dislipidemia, 
o diabetes, se não fosse capaz de se 
adaptar, independentemente de sua 
força e inteligência.
2. EPIDEMIOLOGIA
Segundo a Organização Mundial de 
Saúde (OMS), em 2025, a estima-
tiva é de que 2,3 bilhões de adultos 
ao redor do mundo estejam acima do 
4OBESIDADE (NUTROLOGIA)
peso, sendo 700 milhões de indiví-
duos com obesidade, (IMC ≥ 30). No 
Brasil, essa doença crônica aumentou 
67,8% nos últimos treze anos, saindo 
de 11,8% em 2006 para 19,8% em 
2018. A maior taxa de crescimento 
foi entre 25 a 34 anos (84,2%) e de 
35 a 44 anos (81,1%). Hoje, no país, 
20,7% das mulheres têm obesidade 
e 18,7% dos homens. A distribuição 
de gênero por região está disponível 
no site da Associação Brasileira para 
o Estudo da Obesidade e Síndrome 
metabólica (ABESO). 
Figura 1. Disponível em: https://abeso.
org.br/obesidade-e-sindrome-metabolica/
mapa-da-obesidade/
3. FISIOPATOLOGIA
Como mencionado, a fisiopatologia 
da obesidade relaciona-se a um des-
balanço entre a ingesta calórica e o 
gasto energético. Entretanto, diversos 
fatores podem influenciar nesse de-
sequilíbrio, como questões endóge-
nas (neuroendócrinas, metabólicas) e 
exógenas (ambientais)
As questões ambientais decorrem, 
como mencionado, de uma maior 
disposição de alimentos, alimentos 
processados, sedentarismo, desen-
volvimento tecnológico de meios de 
transporte e entretenimento, fatores 
psicossociais, uso de corticoide, an-
tipsicóticos, etc. Já, para entender as 
questões endógenas é necessário 
conhecer o mecanismo normal de re-
gulação da ingesta alimentar e acú-
mulo de gordura. Os dois hormônios 
principais são: os hormônios periféri-
cos e os moduladores centrais. Essas 
substâncias podem ser orexígenas 
(aumentam o apetite) ou anorexíge-
nas (reduzem o apetite). 
5OBESIDADE (NUTROLOGIA)
4. ETIOLOGIAS
Como visto, a origem da obesidade é 
multifatorial, ocorrendo em 99% das 
vezes como causa primária, sendo a 
predisposição familiar um fator im-
portante, tendo como genes mais co-
mumente envolvidos o FTO e MC4R. 
As causas secundárias ocorrem em 
1% das vezes, como decorrente de:
HORMÔNIOS PERIFÉRICOS
MODULADORES CENTRAIS
OREXÍGENOS
OREXÍGENOS
ANOREXÍGENOS
ANOREXÍGENOS
Grelina
neuropeptídeo Y (PYY), sistema endocanabinoide, proteína relacionada ao Agouti (AGRP), nor-
adrenalina, hipocretinas, orexinas
Serotonina, neurotensina, urocortina, ocitocina, interleucina1-beta, peptídeo CART (Cocaine and 
amphetamine-regulated transcript), hormônios liberadores de tireotrofina e corticotrofina (TRH/
CRH) e hormônio estimulador de melanócitos (MSH)
GLP-1, colecistoquinina, leptina, amilina/insulina
Assim, os fatores genéticos que po-
dem influenciar incluem: polimorfis-
mos do gene da leptina e algumas 
síndromes, como a Síndrome de Pra-
der-Willi, além das próprias endocri-
nopatias, como hipotireoidismo. 
SE LIGA! A adiponectina é um hormô-
nio liberado pelo tecido adiposo, que não 
interfere diretamente no mecanismo da 
fome, entretanto tem a função de poten-
cializar a ação da insulina, funcionando 
como um anorexígeno. Em quadro de 
deficiência insulínica (como na síndrome 
metabólica, doenças cardiovasculares), 
tem-se, portanto, um estado de resis-
tência insulínica.
6OBESIDADE (NUTROLOGIA)
5. TRIAGEM
O rastreamento da obesidade pode 
identificar pacientes de alto risco que, 
de outra forma, não receberiam acon-
selhamento sobre riscos à saúde, mu-
danças no estilo de vida, opções de 
tratamento para obesidade e redução 
dos fatores de risco. A avaliação de 
um paciente com sobrepeso ou obe-
sidade deve incluir estudos clínicos e 
laboratoriais; as informações combi-
nadas são usadas para caracterizar 
o tipo e a gravidade da obesidade, 
determinar o risco à saúde e fornecer 
uma base para a seleção da terapia.
OBESIDADE SECUNDÁRIA
ENDOCRINOPATIAS
DROGAS
INSULINOMA
SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS (SOP)
SÍNDROMES GENÉTICAS
Síndrome de Cushing
Haloperidol
Corticoides
Prader-Willli
Deficiência de GH
Antidepressivos tricíclicos
Sulfoniureias
Hipotireoidismo
Anticonvulsivantes
Glitazonas
Alstrom
Hipogonadismo
Lítio
Insulina
Antagonistas adrenérgicos
7OBESIDADE (NUTROLOGIA)
SAIBA MAIS: 
Durante a avaliação do paciente, algumas barreiras podem existir decorrente ao potencial 
estigma associado ao diagnóstico de obesidade. Dessa forma, o uso de uma linguagem mais 
sensível como “excesso” de peso, peso “prejudicial à saúde” e a educação sobre o número 
crescente de opções de tratamento pode melhorar o envolvimento do paciente.
O Ministério da Saúde (MS) aceita 
que no idoso (definido no Brasil como 
≥ 60 anos), o IMC normal varia de 
>22 a <27 kg/m² pela diminuição de 
massa magra e maior risco de sarco-
penia (diminuição de massa, força e 
desempenho muscular e de incapaci-
dade física).
As medidas antropométricas devem 
ser obtidas sempre durante o exame 
físico do paciente a partir da mensu-
ração da estatura e peso e cálculo do 
IMC. Além disso, deve ser feita tam-
bém a medição da circunferência ab-
dominal (CA), principalmente naqueles 
com IMC entre 25 e 35. A combinação 
de massa corporal (IMC) e distribuição 
de gordura (CA) é, provavelmente, a 
melhor opção para preencher a neces-
sidade de avaliação clínica. Deve-se 
notar, a princípio, que não há avaliação 
perfeita para sobrepeso e obesidade, 
que pode variar de acordo com fatores 
étnicos e genéticos.
Índice de Massa Corporal (IMC)
É o primeiro passo para determinar o 
grau de excesso de peso. É uma fer-
ramenta de fácilmensuração, confiá-
vel e relacionada com a porcentagem 
de gordura corporal e massa de gor-
dura corporal (estimativa melhor que 
o peso isolado). O cálculo é feito da 
seguinte forma:
ÍNDICE DE MASSA 
CORPORAL
PESO/ALTURA² 
(KG/M²)
Magro ou baixo peso
Obesidade grau I
Sobrepeso ou pré-
obeso
Obesidade grau III ou 
grave
Normal ou eutrófico
Obesidade grau II
<18,5
30 – 34,9
25 - 29,9
≥40
18,5 – 24,9
35 – 39,9
ADAPTADO DE: Diretrizes Brasileiras de Obesidade. 
ABESO (2016) 
8OBESIDADE (NUTROLOGIA)
SE LIGA! O IMC não faz a distinção de massa magra e massa gor-
durosa, o que pode superestimar o grau de adiposidade em indivíduos 
muito musculosos (atletas profissionais e fisiculturistas), idosos com es-
tatura reduzida (por exemplo, por cifose, osteoporose) ou em indivíduos 
edemaciados. Já em pessoas idosas sem estatura reduzida, devido a perda 
de massa muscular associada ao envelhecimento, o grau de adiposidade 
pode ser subestimado. Outro aspecto é que o IMC não reflete a distribui-
ção da gordura visceral (intra-abdominal), que corresponde a um fator de 
risco potencial para doença (independente da gordura corporal total). Por 
isso, realizar o IMC junto ao CA reduz essas limitações.
SAIBA MAIS: 
Existem gráficos de IMC padronizados para faixa etária pediátrica, uma vez que em crianças, 
além da variação do peso, o IMC também varia com a altura e com a idade, não sendo ade-
quada a sua aplicação direta.
Circunferência abdominal (CA)
A gordura abdominal é influencia-
da pelo sexo, sendo em homens, em 
média, o dobro da quantidade de gor-
dura abdominal em relação a mulher 
antes da menopausa. A fita métrica 
para medição da CA deve estar po-
sicionada entre a margem inferior do 
rebordo costal e a crista ilíaca, na al-
tura do maior perímetro abdominal, 
de forma que não comprima a cintura 
do paciente, esteja paralela ao chão e 
com paciente sob expiração normal 
(Recomendação da OMS).
FIgura 2. Disponível em: https://www.uptodate.com/
contents/image?imageKey=ENDO%2F77584&topicKe-
y=PULM%2F4316&search=obesity&rank=2~150&-
source=see_link
9OBESIDADE (NUTROLOGIA)
FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE DIABETES (FDA)
CRITÉRIOS DE OBESIDADE VISCERAL CONFORME ETNIA
Europídeos ≥ 94 cm (H); ≥ 80 cm (M)
Sul-africanos, Mediterrâneos Ocidental e Oriente Médio Idem aos europídeos
Sul-asiáticos e Chineses ≥ 90 cm (H); ≥ 80 cm (M)
Japoneses ≥ 90 cm (H); ≥ 85 cm (M)
Sul-americanos e América Central Usar referências dos sul-asiáticos
SE LIGA! Outras medidas de circunfe-
rências que podem ser usadas são: bra-
quial, coxa, cervical e panturrilha. A cir-
cunferência braquial (ponto médio entre 
o acrômio e o olecrano) e a da panturrilha 
são bons marcadores de estados de defi-
ciência nutricional, sendo que esta última 
indica sarcopenia em idosos se < 31 cm. 
A circunferência da coxa (medida logo 
abaixo da prega glútea) tem alta correla-
ção com o IMC, com gordura periférica, e 
tem correlação inversa com doença CV.
A Federação Internacional de Diabe-
tes (FDA) e OMS adotaram para eu-
ropídeos o ponto de corte de 94 cm 
em homens e 80 cm em mulheres. Já 
de acordo com o National Cholesterol 
Education Program (NCEP) – Adult 
Treatment Panel III (ATP-III), o ponto 
de corte deve ser de 102 cm para ho-
mens e 88 cm para mulheres.
SAIBA MAIS! 
A relação circunferência abdominal/quadril (RCQ) foi inicialmente a medida mais comum para 
avaliação da obesidade central, mas há aproximadamente 20 anos reconheceu-se que pode ser 
menos válida como medida relativa. A medida da circunferência abdominal (CA) reflete melhor o 
conteúdo de gordura visceral que a RCQ e também se associa muito à gordura corporal total.
Outras formas de avaliar peso e com-
posição corporal são por somató-
ria de medidas de pregas cutâneas 
(subescapular, tricipital, bicipital, su-
prailíaca e da coxa), ultrassonografia 
e análise de bioimpedância. Essas 
são alternativas mais disponíveis e 
menos onerosas, em comparação às 
técnicas de imagem como ressonân-
cia magnética e tomografia computa-
dorizada. A ultrassonografia tem sido 
documentada para avaliar a gordura 
visceral e apresenta excelente corre-
lação com a ressonância magnética 
e a tomografia computadorizada, po-
dendo medir a espessura do tecido 
adiposo e tecidos mais profundos nas 
diferentes regiões corporais. Conside-
ra-se bom método para quantificar o 
tecido adiposo intra-abdominal, com 
a vantagem de ser uma alternativa 
menos dispendiosa. A bioimpedância, 
10OBESIDADE (NUTROLOGIA)
ou impedanciometria elétrica baseia-
-se no corpo humano ser composto 
por água e íons condutores elétricos 
(o tecido adiposo impõe resistência 
a passagem da corrente elétrica ao 
passo que o tecido muscular esque-
lético, rico em água, é um bom condu-
tor). A calorimetria indireta é um mé-
todo muito pouco disponível, mas que 
pode ser útil na avaliação de desequi-
líbrios do balanço energético. Pode 
identificar indivíduos com taxa me-
tabólica de repouso baixa, que seria 
um indicador de risco para ganho de 
peso, em pacientes hipometabólicos, 
que podem necessitar de tratamento 
mais intensivo.
Em uma avaliação, os objetivos e in-
tervenções são diferentes de acordo 
com o tipo de prevenção (primária se-
cundária ou terciária). Essas informa-
ções estão dispostas na tabela abaixo.
FASES DE IN-
TERVENÇÃO
DEFINIÇÃO E OBJETIVOS MÉTODOS DE PREVENÇÃO
Primária
Práticas gerais:
Prevenir uma doença de ocorrer.
Obesidade:
Prevenir o desenvolvimento de sobrepeso e 
obesidade.
Práticas gerais:
Eliminar fatores de risco, remover causas ou 
aumentar resistência à doença.
Obesidade:
Educar o público, promover alimentação 
saudável e atividade física regular. Construir 
meio ambiente propício.
Secundária
Práticas gerais:
Impedir progressão da doença na sua fase inicial 
antes de progredir para um estágio mais grave. 
Deter o processo da doença para prevenir com-
plicações ou sequelas.
Obesidade:
Prevenir ganho de peso futuro e desenvolvimen-
to de complicações relacionadas ao peso em 
pacientes com sobrepeso e obesidade.
Práticas gerais:
Usar um teste de rastreamento e diagnósti-
co seguido por tratamento.
Obesidade:
Rastrear e diagnosticar usando IMC; avaliar 
a presença de complicações; tratar com in-
tervenção de estilo de vida sem/com medi-
camentos antiobesidade.
Terciária
Práticas gerais:
Usar atividades clínica que reduzam complica-
ções e previnam deterioração posterior.
Obesidade:
Tratar com terapia e medicamentos para perda de 
peso visando aliviar complicações relacionadas à 
obesidade e prevenir a progressão de doença.
Práticas gerais:
Usar estratégias de tratamento que limitem 
consequências adversas da doença.
Obesidade:
Tratar com intervenção de estilo de vida/
comportamental e medicamentos antiobesi-
dade. Considerar cirurgia bariátrica.
6. AVALIAÇÃO DO 
PACIENTE OBESO
Em pacientes com sobrepeso (IMC ≥ 
25 km/m2) ou obesidade abdominal 
(Homem ≥ 94 cm; mulher ≥ 80 cm) 
deve ser avaliado a etiologia do ga-
nho de peso e seu risco à saúde as-
sociado. Essa investigação inclui uma 
11OBESIDADE (NUTROLOGIA)
história, exame físico, medição da 
glicemia em jejum ou hemoglobina 
glicada (Hb1Ac), colesterol HDL e tri-
glicerídeos, podendo também solici-
tar hormônio estimulador da tireoide 
(TSH) e enzimas hepáticas. A inter-
venção subsequente, quando neces-
sária será baseada nos resultados da 
história, exames físico e laboratorial.
DADOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS PARA AVALIAÇÃO DE PACIENTES COM 
SOBREPESO
Sintomas de apneia do sono?
Atividade física regular?
Uso de medicações que aumentam o peso?
Fatores de risco etiológicos
Altura
Triglicérides
Peso
HDL-c
Circunferência abdominal
IMC
Glicemia jejum jejum
Pressão arterial
DISPONÍVEL EM: https://www.uptodate.com/contents/image?imageKey=ENDO%2F69717&topicKey=PC%-
2F5372&search=obesity&rank=2~150&source=see_link
A investigação da etiologia deve 
se basear no comportamento 
do paciente, como sedentaris-
mo e aumento de ingesta ca-
lórica. Além disso, é importante 
tambémbuscar causas secun-
dárias de obesidade, embora 
não sejam tão comuns, devem 
ser consideradas e descarta-
das. É importante na investiga-
ção o médico avaliar em relação 
ao ganho de peso e comporta-
mento do paciente:
Idade de início de ganho de peso
Eventos associados ao ganho de peso
Tentativas anteriores de perda de peso
Mudança de padrões dietéticos
Histórico de exercícios
Medicamentos atuais e passados
Histórico de tabagismo (cessação?)
12OBESIDADE (NUTROLOGIA)
SE LIGA! É importante lembrar que 
medicamentos são uma causa co-
mum de ganho de peso, em particular 
insulina, sulfonilureias, tiazolidinedio-
nas, glicocorticoides, antipsicóticos e 
antidepressivos.
Os achados do exame físico que po-
dem apontar para uma causa secun-
dária ou relacionada à obesidade in-
cluem bócio (disfunção da tireoide); 
fraqueza muscular proximal, fácies 
lunar e/ou estrias roxas (síndrome de 
Cushing); e acne e/ou hirsutismo (sín-
drome dos ovários policísticos [SOP]). 
A partir desses achados, testes adi-
cionais podem ser necessários.
FIgura 3, 4 e 5. Ganho de peso cursando com fácies 
lunar, acne, hirsutismo e estrias decorrente de síndrome 
de Cushing iatrogênica; (B) ganho de peso decorren-
te de disfunção da tireoide; (C) ganho de peso com 
hirsutismo e acne decorrente de SOP. DISPONÍVEL 
EM: https://www.researchgate.net/figure/a-Patient-
s-facial-appearance-3-months-after-therapy-wi-
th-inhaled-fluticasone_fig2_230835669, https://
salud-salud-salud-saludsalud.blogspot.com/2017/01/
cancer-de-tiroides-sintomas-y.html, https://www.
dermatologyadvisor.com/home/decision-support-in-
-medicine/dermatology/polycystic-ovarian-syndrome-
-stein-leventhal-syndrome-polycystic-ovarian-disease-
-functional-ovarian-hyperandrogenism-ovarian-hyper-
thecosis-sclerocystic-ovary-syndrome/
Avaliação do risco à saúde relacio-
nado à obesidade é feito por meio 
do IMC, CA, identificação de fatores 
de risco cardiovascular (hipertensão, 
dislipidemia, hiperglicemia/diabetes, 
tabagismo), apneia do sono, doen-
ça hepática gordurosa não alcoólica, 
osteoartrite sintomática e outras co-
morbidades relacionadas à obesida-
de. A coexistência de várias doenças, 
incluindo doença coronariana (DAC) 
estabelecida, outra doença ateros-
clerótica, diabetes mellitus tipo 2 e 
13OBESIDADE (NUTROLOGIA)
apneia do sono, coloca os pacientes 
em uma categoria de risco muito alto 
para mortalidade subsequente. Além 
disso, a relação entre o IMC e o risco 
permite a identificação de categorias 
de IMC que podem ser usadas para 
orientar a seleção da terapia de perda 
de peso. 
6. COMORBIDADES E 
SÍNDROME METABÓLICA
A obesidade, particularmente a ab-
dominal, está associada à resistência 
aos efeitos da insulina na utilização 
periférica da glicose e dos ácidos gra-
xos, geralmente levando ao diabetes 
mellitus tipo 2. A resistência à insuli-
na, a hiperinsulinemia e hiperglicemia 
associadas e as citocinas de adipóci-
tos (adipocinas) também podem levar 
à disfunção endotelial vascular, um 
perfil lipídico anormal, hipertensão e 
inflamação vascular, todos promo-
vendo o desenvolvimento de doença 
cardiovascular aterosclerótica (DCV). 
A co-ocorrência de fatores de risco 
metabólicos para diabetes tipo 2 e 
DCV (obesidade abdominal, hipergli-
cemia, dislipidemia e hipertensão) su-
gere a existência de uma “síndrome 
metabólica”. Segundo a Federação 
Internacional de Diabetes (IDF), os 
critérios de Síndrome Metabólica são:
SÍNDROME METABÓLICA
CRITÉRIO OBRIGATÓRIO MAIS 2 CRITÉRIOS DE 4
Circunferência abdominal
≥ 94 cm (H); ≥ 80 cm (M)
(Europídeos, Sul-africanos, Mediterrâneos Oci-
dental e Oriente Médio)
≥ 90 cm (H); ≥ 80 cm (M)
(Sul-asiáticos e Chineses, sul-americanos e 
América Central)
≥ 90 cm (H); ≥ 85 cm (M)
(Japoneses)
Triglicerídeos: ≥ 150 mg/dl ou em tratamento 
HDL: < 40 mg/dl (H); < 50 mg/dl (M)
PAS: ≥ 130 mmHg ou PAD: ≥ 85 mmHg ou tratamento
Glicemia em jejum: ≥ 100 mg/dl ou diagnóstico prévio de 
diabetes. (Se glicemia > 99 mg/dl, o teste de tolerância à 
glicose é recomendado, mas não é necessário para diagnós-
tico da síndrome metabólica).
Algumas manifestações clínicas que 
pacientes com Síndrome Metabólica 
podem apresentar são: 
• Acantose nigricans: lesões hiper-
pigmentadas e hiperceratósicas 
na pele. Podem se localizar, si-
metricamente, nas axilas, virilhas, 
pescoço;
• Esteatose hepática (EH): acúmulo 
de gotículas de lipídeos nos hepa-
tócitos, podendo levar a hepato-
megalia e alterações no USG (hi-
perecogenicidade). A EH, caso não 
haja uma intervenção principal-
mente nos hábitos comportamen-
tais do paciente, pode culminar em 
14OBESIDADE (NUTROLOGIA)
cirrose hepática;
• Hiperandrogenismo: apresen-
ta-se com hirsutismo, acne, im-
plantação masculina dos pelos, 
podendo vim acompanhado de 
SOP (múltiplos cistos ovarianos, 
amenorreia, esterilidade e o pró-
prio hiperandrogenismo)
FIgura 6 e 7. Acantose nigricans. DISPONÍVEIS EM: https://drasuzanavieira.med.br/2015/05/05/acantose-nigricante/, 
https://mipmed.com/Acanthosis-nigricans-axilas-dobras-cutaneas-escurecidas
SAIBA MAIS: 
Outras manifestações da Síndrome Metabólica são hiperuricemia e a síndrome da apneia do 
sono
• Resistência insulínica: O que 
você precisa saber do mecanismo 
normal para entender a resistência 
insulínica na obesidade é que os 
receptores de insulina são do tipo 
tirosina-quinase e que a ligação da 
insulina com esse receptor fosfo-
rila resíduos de tirosina dentro do 
próprio receptor, levando a glico-
gênese, lipogênese e proteogêne-
se (por transporte da glicose pela 
GLUT-4). 
Em pacientes obesos, ocorre um 
estado de inflamação sistêmica 
com altas concentrações de ácidos 
graxos, fator de necrose tumoral 
(TNF) e outras citocinas inflama-
tórias (IL-1, IL-6, INF-1), que cau-
sam a ativação de uma enzima 
(PKC) que passa a fosforilar uma 
das subunidades do receptor de 
insulina, porém não em resíduos 
de tirosina, mas de treonina e se-
rina. Esse padrão de fosforilação 
inadequado faz com que a sinali-
zação da insulina também se torne 
deficiente, configurando um estado 
de resistência insulínica. Além dis-
so, no indivíduo obeso, há um de-
pósito de gordura visceral grande, 
15OBESIDADE (NUTROLOGIA)
a qual é naturalmente mais resis-
tente a ação da insulina (adipócitos 
grandes com metabolismo desvia-
do para lipólise, e não lipogêne-
se). Dessa forma, liberam grandes 
quantidades de ácidos graxos li-
vres (AGL) para a circulação portal 
e estes alcançam diretamente o fí-
gado. Os AGL circulantes aumen-
tam diretamente a produção de ci-
tocinas inflamatórias no organismo 
e acentuam a resistência insulínica. 
Assim, o fígado vai se tornando re-
sistente e, pela proximidade do te-
cido adiposo visceral, ocorre uma 
inundação de AGL promovendo 
uma inflamação hepática precoce, 
resistência insulínica local e inca-
pacidade de lidar com excesso de 
AGL, sendo depositado sob forma 
de esteatose hepática.
• Falência pancreática: Além do 
comprometimento da ação da in-
sulina, nos obesos também há re-
dução da sua capacidade de sinte-
tizar esse hormônio. Quanto maior 
a concentração de interleucinas 
e citocinas inflamatórias, maior o 
índice de apoptose e necrose das 
células beta-pancreáticas, decor-
rente do depósito pancreático de 
substância amiloide.
• Hipertensão Arterial Sistêmica: 
O tecido adiposo é capaz de pro-
duzi muitas substâncias, como o 
angiotensinogênio e angiotensi-
na II. Desta forma, a angiotensi-
na II age diretamente causando 
vasoconstrição e, indiretamente, 
promovendo aumento da secreção 
de aldosterona, que levará a reab-
sorção tubular renal de sódio. Além 
disso, no obeso, há maior ativação 
do sistema nervoso simpático por 
meio da leptina, insulina e ácidos 
graxos livres, levando a maior libe-
ração de catecolaminas que pro-
movem vasoconstrição periférica 
e elevação da pressão. Outros me-
canismos, como a compressão re-
nal devido a gordura visceral acar-
retar um efeito mecânico sobre as 
artérias renais, levando a chegada 
de menos sangue no rimtambém 
contribuem para a instalação da 
hipertensão no obeso.
• Hipertrigliceridemia: A concen-
tração de triglicerídeos plasmática 
depende do somatório principal-
mente de triglicerídeos presentes 
nas moléculas de quilomícrons 
(QM) e triglicerídeos presentes 
nas moléculas de VLDL sintetiza-
das pelo fígado. Ressalta-se que, 
na obesidade, ambas as situações 
favorecem a elevação dos níveis 
de triglicerídeos séricos. Os QM 
são as moléculas de lipoproteínas 
que nosso organismo produz para 
transportar os triglicerídeos que 
são absorvidos pelo intestino. Os 
QM vão sendo metabolizados na 
corrente sanguínea pela enzima 
endotelial chamada de lipoprote-
ína lipase (LPL), que vai retiran-
do as moléculas de triglicerídeos, 
16OBESIDADE (NUTROLOGIA)
transformando-as em AGL e glicerol, 
que podem ser utilizadas para ge-
rar energia ou são depositadas 
como tecido adiposo (lipogênese). 
Em situações de obesidade a LPL 
não funciona adequadamente, 
assim as QM não são adequada-
mente metabolizadas e não são 
retiradas da circulação pelo fígado, 
levando a elevação do nível séri-
co de triglicerídeos, às custas de 
hiperquilomicronemia. Na obesida-
de, devido aos níveis elevados de 
AGL, há maior produção de VLDL, 
que são moléculas riquíssimas em 
triglicerídeos.
A partir desses mecanismos, podem 
ocorrer acometimento de diversos 
sistemas do organismo, como os des-
critos abaixo:
AVE Depressão
Distúrbios alimentares 
Distorção corporal
HA
S
DAC
Cardiomiopatia
Fibrilação atrial
ICC
Trombose venosa profunda
Insuficiência venosa
Asma Dispneia
Apneia do sono
Glomerulopatias 
Incontinência urinária
Osteoartrite
Gota Discopatias 
Resistência insulínica
Diabetes Melito 2
Hiperinsulinemia e SOP
Dislipidemia
CA de rim
CA de fígado
CA de mama
Distorção corporal
Fibrilação atrial
Incontinência urinária
CA de fígado
Resistência insulínica
Trombose venosa profunda
CA de mama
Hiperinsulinemia e SOP
Dislipidemia
Distúrbios alimentares 
Cardiomiopatia
Glomerulopatias 
CA de rim
Diabetes Melito 2
Insuficiência venosa
Apneia do sono
Osteoartrite
AVE
H DAC ICC
Asma
Gota
Depressão
Dispneia
Discopatias 
17OBESIDADE (NUTROLOGIA)
7. CONDUTAS
Por conta de todos os riscos relacio-
nados à saúde associados ao excesso 
de peso corporal, pessoas com IMC 
>25 kg/m2 são candidatas a interven-
ções para perda de peso. O objetivo 
da terapia é prevenir, tratar ou rever-
ter as complicações da obesidade, 
incluindo diminuição na qualidade de 
vida. Assim, para pacientes com:
• IMC entre 24,9 e 30 kg/m2 que não 
apresentam fatores de risco para 
DCV ou outras comorbidades re-
lacionadas à obesidade, o aconse-
lhamento sobre a redução do peso 
é importante. Isso inclui conselhos 
sobre hábitos alimentares e 
atividade física.
• IMC ≥30 kg/m2 ou entre 24,9 
e 30 kg/m2 e com um ou mais 
fatores de risco para DCV 
(diabetes, hipertensão, dis-
lipidemia), ou com apneia 
obstrutiva do sono ou os-
teoartrite sintomática, de-
vem ser aconselhados so-
bre redução do peso (dieta, 
atividade física, modificação 
comportamental).
O tratamento da obesidade 
deve ser sempre baseado em 
um conjunto de elementos: die-
ta; exercício físico; tratamento 
medicamentoso (quando ne-
cessário); tratamento cirúrgico 
(para casos refratários); e apoio 
psicoterápico, reestruturação cogniti-
va e apoio social.
Dieta
A orientação dietética é fundamen-
tal no tratamento da obesidade, sen-
do o principal e fundamental fator no 
sucesso terapêutico, uma vez que a 
perda de peso será a consequência 
de uma ingestão calórica quantitati-
vamente menor que o gasto energé-
tico diário.
Para iniciar um planejamento alimen-
tar para o paciente, deve-se aplicar 
um questionário alimentar, conforme 
abaixo:
1. Qual a alimentação habitual e os horários?
2. Faz fracionamento das refeições?
3. Quais as quantidades, preferências, intolerân-
cias, aversões e alergias alimentares? 
4. Em que condições se alimenta? (come por que 
está com fome, por que está na hora de comer, 
por estar ansioso ou como válvula de escape?)
5. O que sente após ter comido? (saciedade, 
empachamento, sensação de ter comido de-
mais, arrependimento?)
6. Como é o funcionamento do trato gastrintes-
tinal: tem constipação intestinal? Intolerância a 
algum tipo de alimento?
18OBESIDADE (NUTROLOGIA)
Após o questionário, avaliar o gasto 
energético do paciente para se pro-
gramar a quantidade calórica da dieta 
a ser orientada. O gasto energético 
pode ser estimado, segundo a OMS, 
por meio da fórmula de Harris-Bene-
dict que é feito da seguinte forma:
Homens: 66,5 + 13,7 × (peso em kg) 
+5 × (altura em cm) – 6,8 × (idade em 
anos)
Mulheres: 655,1 + 9,6 × (peso em kg) 
+ 1,7 × (altura em cm) – 4,7 × (idade 
em anos)
Multiplicar o valor final pelo fator 
de atividade:
• 1,1, se sedentário
• 1,3, se pratica exercícios físicos le-
ves 1 a 3 vezes/semana
• 1,5, se pratica exercícios físicos 
moderados 3 a 5 vezes/semana
• 1,7, se pratica exercícios físicos in-
tensos 6 a 7 vezes/semana
• 1,9, se pratica exercícios físicos 
intensos 2 vezes/dia ou é atleta 
profissional
SAIBA MAIS: 
Apesar da praticidade da fórmula, muitas vezes podem superestimar ou subestimar o gas-
to energético de um indivíduo, uma vez que não levam em consideração a genética, nem 
a composição corporal, mas apenas o peso, altura, idade e sexo. Dessa forma a aplicação 
da fórmula em obesos superestima o gasto se utilizar o peso real e subestima se utilizar o 
peso ideal. Assim, aparelhos com a função de avaliação da composição corporal, como os de 
bioimpedância, conseguem mostra o gasto energético com uma acurácia maior do que as 
fórmulas isoladamente.
SE LIGA! Para redução de peso, redu-
zir 500kcal/dia, a perda esperada é de 
0,5kg/semana. Ao se reduzir 1000 kcal/
dia, redução esperada de 1 kg/semana.
Deve-se manter o tipo de alimento 
que o paciente gosta, com uma die-
ta que seja mais familiar e próxima de 
suas preferências alimentares, ade-
quando as calorias e fornecendo os 
macro e micronutrientes necessários. 
Segundo o Guia Alimentar para a Po-
pulação Brasileira, publicado pelo Mi-
nistério da Saúde, a alimentação bra-
sileira deve ser composta de diversos 
grupos alimentares, respeitando as 
seguintes proporções:
19OBESIDADE (NUTROLOGIA)
CARBOIDRATOS
GORDURAS
PROTEÍNAS
OUTROS COMPONENTES
55 a 75% (< 10% de açúcar simples)
15 a 30% (< 7% saturada e <1% trans)
10 a 15%
6 porções ricas em carboidratos ao dia para dietas de 2000 kcal, sendo, pelo menos, uma de 
leguminosas e duas a três de frutas
A maior parte da gordura consumida deve ser mono ou poli-insaturada, de preferência ômega-3.
Incluem: carnes, aves, peixes, soja, leite e derivados, leguminosas, embutidos (presunto, peito de peru), 
ovos, cereais integrais e castanhas
Incluem: pão, torrada, bolachas, arroz, massa, batatas, mandioca, grãos e cereais. 
Leguminosas: feijão, lentilha, ervilha, grão de bico
Incluem: azeite de oliva, oleaginosas (castanha, nozes, amêndoas), abacate, óleo de peixe, óleo de soja, 
óleo de canola
HORTALIÇAS: folhas, saladas, legumes, vegetais (3 porções/dia)
FITOESTEROIS VEGETAIS (2 g/dia)
COLESTEROL (< 200 a 300 mg/dia)
FIBRAS (10 a 25 g/dia)
SÓDIO (< 2,4 g/dia)
20OBESIDADE (NUTROLOGIA)
Algumas dietas de emagrecimento 
são nutricionalmente corretas e con-
sistentes com bons hábitos alimen-
tares. Outras se apresentam como 
dietas milagrosas, que encorajam 
práticas irracionais, algumas vezes 
perigosas. Na percepção popular, a 
velocidade e a quantidade de perda 
de peso geralmente se confundem 
com o sucesso da dieta. Deve-se me-
dir esse sucesso pela condição de se 
atingir e manter perda de peso clini-
camente significativa. As dietas reco-
mendadas pela ABESO são as dietas: 
balanceadas, de muitas baixa calorias, 
de substituições de refeições, DASH. 
Já as dietas da moda, sem evidências 
científicas de longo prazo de efetivi-
dade englobam as dietas: “low carb”, 
“low fat”, do mediterrâneo, jejum in-
termitente, sem glúten, sem lactose.Dietas recomendadas:
• Dietas balanceadas: composta 
por 55 a 60% de carboidratos, 20 
a 30% de gorduras e 15 a 20% de 
proteínas. As dietas balanceadas 
e suas variantes foram calculadas 
para promover um déficit de 500 
a 1000 kcal, com um mínimo de 
1000 a 1200 kcal/dia para mulhe-
res e 1200 a 1400 kcal/dia para 
homens. O objetivo das dietas ba-
lanceadas é permitir ao consumi-
dor a escolha de maior variedade 
de alimentos, adequação nutricio-
nal, maior aderência, resultando 
em perda de peso pequena, mas 
sustentada. Dietas com 1.000 a 
1.200 kcal/dia resultam em perda 
de 7 a 13 kg (média de 8%) e re-
dução na gordura abdominal me-
dida pela circunferência abdominal 
em média de 10 cm, no período 
de seis semanas a seis meses. 
Quando a escolha de alimentos é 
apropriada, as dietas hipocalóricas 
balanceadas são nutricionalmente 
adequadas. Dietas hipocalóricas 
balanceadas, com quantidades 
moderadas de gorduras, reduzem 
o LDL colesterol, normalizam os 
triglicerídeos e diminuem a pres-
são arterial.
CHO Proteínas
55-60%
20-30%
15-20%
Gorduras
• Dietas de muito baixas calorias: 
Feitas com 400 a 800 kcal por dia 
e devem conter 0,8 a 1 g por kg/
peso ideal/dia de proteínas de boa 
qualidade e quantidades diárias 
recomendadas de minerais, vita-
minas e ácidos graxos essenciais. 
São utilizadas como única fonte 
de nutrição durante 4 a 16 sema-
nas e, em geral, são efetivas para 
pacientes que não obtiveram su-
cesso com outros tratamentos ou 
21OBESIDADE (NUTROLOGIA)
que tenham comorbidades, sen-
do necessária intensa supervisão. 
Bastante efetivas, principalmente 
inicialmente, com redução de 9 a 
26 kg em 4 a 20 semanas. A lon-
go prazo, não é efetiva, podendo 
cursar com ausência da redução 
do peso ou redução de até 4 kg. 
As dietas de muito baixas calorias 
são úteis para induzir rápida perda 
de peso e motivar o paciente mui-
to obeso, mas devem ser seguidas 
por outro tratamento para manter 
a perda de peso. Os efeitos cola-
terais são pode ser fadiga, fraque-
za, tonturas, constipação, alope-
cia, alterações menstruais, dentre 
outros.
Atenção!! Essa dieta é contrain-
dicada caso o paciente apresente 
doença cardiovascular, renal, he-
pática e transtornos psiquiátricos 
que impeça a compreensão da 
dieta.
• Substituições de refeições: Al-
guns estudos foram feitos asso-
ciados a substituições de refeições 
com acompanhamento médico, 
substituindo-as por shakes, so-
pas e barras de cereais. A média 
de perda de peso foi de 6 kg, com 
redução variando de 3 a 9,5 kg, 
equivalente a 6,2%. Essa perda de 
peso associou-se à melhora na cir-
cunferência abdominal, glicemia, 
hemoglobina glicosilada, insuline-
mia, trigliceridemia, colesterolemia, 
nível da pressão arterial e quali-
dade de vida. A longo prazo, de-
monstrou resultados positivos no 
tratamento de diabetes, auxiliando 
no controle e manutenção da per-
da de peso.
SAIBA MAIS: 
A Herbalife vende suplementos nutricionais e fitoterápicos em comprimidos, cápsulas, be-
bidas e barras energéticas para controle de peso, melhora da nutrição, bem estar e estética, 
através de estratégias de mercado on-line ou agentes de venda independente. Existem rela-
tos publicados sobre lesões hepáticas após ingestão desses produtos em pelo menos 30 ca-
sos de 5 países (Suíça, Israel, Espanha, Argentina e Islândia), com padrão de lesão predomi-
nante hepatocelular, mas também observados padrões mistos e de colestase. A intensidade 
de lesão variou desde leve até lesão hepática grave, incluindo cirrose e insuficiência hepática 
aguda com necessidade de transplante de fígado em dois casos, com um desses pacientes 
evoluindo com óbito. A causalidade entre a ingestão de produtos Herbalife e evolução da le-
são hepática foi avaliada em 5 de 6 relatórios e considerada como correta em, pelo menos, 5 
pacientes por uma reação de reexposição positiva e provável na maioria dos casos restantes.
22OBESIDADE (NUTROLOGIA)
o ganho. Defendem que a dieta 
rica em carboidratos deixa o indi-
víduo menos satisfeito, resultan-
do em mais fome, maior ingesta 
de carboidratos, maior produção 
de insulina, inibindo a liberação 
de serotonina cerebral e aumento 
de apetite. Em curto prazo, dietas 
cetogênicas, ricas em gorduras e 
escassas em carboidratos, causam 
maior perda de água do que de gor-
dura corporal. As dietas escassas 
em carboidratos e ricas em gordu-
ras, especialmente saturadas em 
colesterol, são também ricas em 
proteínas animais e deficientes em 
vitaminas A, B6 e E, folato, cálcio, 
magnésio, ferro, potássio e fibras. 
Portanto, requerem suplementa-
ção. Pacientes nesse tipo de dieta 
podem cursar com halitose, dor de 
cabeça e litíase renal por oxalato, 
questionando-se a segurança car-
diovascular do seu emprego a lon-
go prazo.
10-20%
30-65%
20-30%
Gorduras ProteínasCHO
• Dieta “low fat”: historicamente 
foram desenvolvidas para preve-
nir ou reverter doença cardiovas-
cular e não para perder peso. São 
dietas ovolactovegetarianas, com-
postas por vegetais, frutas, grãos 
• Dieta DASH (dietary approach to 
stop hypertension): Foi uma die-
ta desenvolvida especificamente 
para pacientes obesos e hiperten-
sos, a qual incentiva o consumo de 
frutas, legumes, cereais integrais, 
nozes, sementes, lácteos com bai-
xo teor de gordura, carnes magras 
e, principalmente, limitando o con-
sumo de sal, bebidas cafeinadas e 
alcoólicas. Não há limite diário de 
calorias, mas costuma cursar com 
perda de peso aliada a redução da 
pressão arterial.
SE LIGA! O aumento da ingesta calóri-
ca no início do dia, ao invés do final do 
dia, pode contribuir para o controle do 
peso, por influência do ritmo circadiano. 
Um estudo mostrou que o aumento da 
ingesta pela manhã promoveu uma per-
da de peso de cerca de 6 kg a mais que 
uma ingesta ao final do dia.
Dietas da moda
• Dieta “low carb”/cetogênica: 
composta de 55% a 65% de gor-
dura (variando em algumas lite-
raturas de 30-50%), 25% a 30% 
de proteínas e menos de 20% de 
carboidratos (até 100 g por dia). 
A mais famosas delas são a Dieta 
Revolucionária do Dr. Atkins, publi-
cada em 1972, e, a mais recente, 
Duncan e a dieta paleolítica. Essas 
dietas ignoram o conceito de que a 
ingesta calórica é importante tanto 
para a perda de peso, quanto para 
23OBESIDADE (NUTROLOGIA)
integrais, feijão, moderada quan-
tidade de ovos, laticínios escassos 
em gorduras, produtos de soja e 
pequenas quantidades de açúcar e 
farinha. São dietas que promovem 
menor ingestão de calorias, levan-
do a perda de peso (a quantidade 
de calorias ingeridas é mais impor-
tante que a composição dietética). 
Dietas escassas em gorduras, ri-
cas em carboidratos complexos, 
em fibras e hipocalóricas resultam 
em diminuição da pressão arterial, 
da glicemia e dos níveis de insulina 
em pacientes obesos e diabéticos.
<20%
Gorduras Proteínas
55-60%
15-20%
CHO
• Dieta mediterrânea: Existem evi-
dências de que a substituição de 
gordura saturada por gorduras 
monoinsaturadas, como azeite de 
oliva, abacate e nozes, pode me-
lhorar o perfil lipídico e o contro-
le glicêmico, além de auxiliar na 
perda de peso (por diferenças na 
captação, oxidação e efeito sobre 
o apetite). Composta tipicamente 
por 40% de energia de gorduras, 
principalmente monoinsaturadas, 
e 40% de carboidratos. Um estudo 
concluiu que essas dietas são efi-
cientes na perda de peso, podendo 
ser utilizada como alternativa às 
dietas hipocalóricas. A longo prazo 
não há evidências.
30-40%
> 40%
20-30%
Gorduras ProteínasCHO
SE LIGA! O guideline de sobrepeso e 
obesidade da AHA/ACC/TOS (2013) 
recomenda qualquer dieta que promova 
déficit calórico e que forneça < 30% do 
total de calorias de fonte de gordura e < 
10% de gordura saturada.
Exercício físico
O exercício físico é fundamental não 
só para a obtenção da perda de peso 
desejada, mas, principalmente, para 
a manutenção do peso perdido. Vá-
rios estudos mostram que a ativida-
de física é um dos principais fatores 
que determinam se a pessoa conse-
guirá manter ou não o peso perdido.O exercício físico favorece o balanço 
energético negativo, promove lipólise, 
aumenta a sensibilidade à insulina e 
a produção de adiponectina, assim 
como reduz a síntese de adipocinas 
pró-inflamatórias. A realização de ati-
vidade física aeróbica em moderada 
quantidade produz aumento da taxa 
metabólica basal, que pode perma-
necer mais elevada por até 48 h após 
a realização do exercício físico. Além 
disso, há todos os benefícios cardio-
metabólicos dos exercícios físicos em 
24OBESIDADE (NUTROLOGIA)
reduzir o risco cardiovascular, diabe-
tes, hipertensão arterial, dislipidemia, 
entre tantos outros fatores de risco.
Para prevenir o ganho de peso e fa-
vorecer a manutenção de peso, a re-
alização de 150 a 200 min semanais 
de atividade física de intensidade 
moderada são suficientes (ex., 1 h de 
exercício 3 vezes na semana), o que 
corresponde a um gasto de 1.000 a 
2.000 kcal/semana pela atividade físi-
ca. Já para promover perda de peso, 
a quantidade de exercício físico pres-
crita deve ser maior, algo em torno de 
225 a 420 min/semana de exercício 
de intensidade moderada (p. ex., 1 h 
de exercício 5 a 7 vezes na semana).
Estudos mostram que há maiores be-
nefícios cardiovasculares e metabóli-
cos quando são realizadas atividades 
físicas intervaladas, que consistem 
naquelas em que os exercícios aeró-
bicos de intensidade moderada são 
intercalados com intervalos mais cur-
tos de exercícios aeróbicos de inten-
sidade maior (chamados “tiros”). Os 
tiros causam liberação de epinefrina, 
norepinefrina e aminas que ativam 
o sistema adrenérgico do indivíduo, 
promovendo elevação da taxa meta-
bólica basal, da lipólise, além de se-
rem mais eficientes na promoção de 
melhor capacidade física aeróbica a 
longo prazo no indivíduo. Já o exer-
cício físico de resistência (anaeróbi-
co) promove pouca oxidação lipídica, 
pois tem como principal fonte ener-
gética os carboidratos, sobretudo o 
glicogênio muscular. Estudos mos-
tram que a realização desse tipo de 
exercício físico isoladamente não é 
capaz de reduzir a quantidade de 
gordura corporal, mas sim de promo-
ver aumento da massa magra.
Resumindo: Para os pacientes obe-
sos ou com sobrepeso almejando a 
perda de tecido gorduroso, o princi-
pal tipo de exercício a ser prescrito é 
o aeróbico de moderada intensidade, 
idealmente intercalado com períodos 
de intensidade mais elevada, confor-
me a capacidade física do paciente. 
Algo em torno de 300 min/semana 
para perda de peso, e 180 min/sema-
na para manutenção do peso perdido. 
Caso seja possível, a associação com 
atividade física de resistência 2 a 3 
vezes/semana seria o ideal, para evi-
tar grandes perdas de massa magra. 
Outras medidas úteis
• Automonitoramento da dieta por 
meio de diário alimentar
• Conhecer o valor energético dos 
alimentos
• Ler os rótulos alimentares
• Prestar atenção no modo de pre-
paro dos alimentos
• Fracionar refeições (5 a 6x/dia)
• Tomar café da manhã diariamente
• Realizar atividade física 
frequentemente
25OBESIDADE (NUTROLOGIA)
• Se alimentar antes e depois da ati-
vidade física
• Comer devagar e mastigar bem os 
alimentos
• Não se alimentar assistindo à 
televisão
• Automonitoramento do peso por 
meio de balança (1x/semana, nas 
mesmas condições, preferencial-
mente pela manhã após esvaziar a 
bexiga)
• Não fazer compras no mercado de 
estômago vazio
• Comer em casa antes de eventos 
sociais
Tratamento medicamentoso
Como toda doença crônica, o tra-
tamento farmacológico inicia-se na 
prevenção secundária para impe-
dir a progressão da doença para um 
estágio mais grave e prevenir com-
plicações e deterioração posterior. O 
tratamento medicamentoso é uma 
arma que pode ajudar determinados 
tipos de pacientes a controlar melhor 
o seu padrão alimentar, para que si-
gam a dieta prescrita com mais faci-
lidade e menos sofrimento, tornando 
a adesão à dieta e, portanto, o suces-
so terapêutico muito maior em casos 
específicos. Vale sempre lembrar aos 
pacientes que o medicamento sozi-
nho não é suficiente para emagrece-
-lo. É necessário basear-se no tripé: 
mudanças dietéticas, atividade físi-
ca, associados ou não a tratamento 
medicamentoso.
São indicados para o tratamento me-
dicamentoso, quando falha no trata-
mento não farmacológico em pacien-
tes com:
IMC ≥ 30 kg/m2
IMC ≥ 25 kg/m2 + comorbidades 
IMC normal + aumento de CA + comorbidades
Considera-se um sucesso da terapia 
medicamentosa quando atinge uma 
perda de peso clinicamente útil que 
resulte em benefícios sobre as doen-
ças associadas, como diabetes tipo II, 
hipertensão e dislipidemia.
SE LIGA! Uma perda de peso sustenta-
da de 5% em 3 a 6 meses é um critério 
mínimo de sucesso, pois leva a melhora 
de doenças associadas. A meta de perda 
de peso inicial deve ser realista, mas sig-
nificativo, estimando-se entre 5 a 10% 
do peso inicial em 6 meses. A longo pra-
zo, o sucesso depende da vigilância na 
adequação do nível de atividade física 
e de controle de ingestão de alimento, 
além de outros fatores, como apoio so-
cial, familiar e automonitorização.
Os fármacos aprovados no Brasil 
para uso especificamente para diabe-
tes, ou seja, as medicações on label, 
são: sibutramina, orlistate, liraglutida 
26OBESIDADE (NUTROLOGIA)
e lorcaserina. As anfetaminas, como 
mazindol, anfepramona, femporpo-
rex, foram suspensas pela ANVISA, 
em 2011, devido aos efeitos adver-
sos serem maiores que os benefícios, 
dentre eles hipertensão, ansiedade e 
psicose. Porém, em 2014 a ANVISA 
liberou novamente a comercialização 
desde que “sejam apresentados da-
dos que comprovem a eficácia e se-
gurança, de acordo com as normas 
sanitárias vigentes”.
Outras medicações que podem ser 
utilizadas no tratamento da obesida-
de foram inicialmente desenvolvidas 
para o tratamento de outras doenças, 
sendo utilizados off label para obesi-
dade. O Conselho Federal de Medici-
na (CFM) considera que o uso de me-
dicamentos off label é ético quando 
há evidência de potencial benéfico e 
a terapia padrão foi ineficaz. Tais me-
dicações são: topiramato, bupropiona 
+ naltrexona, lisdexanfetamina e ini-
bidores de recaptação de serotonina. 
ON LABEL
Sibutramina
A sibutramina é uma droga sacietó-
gena e anorexígena, que atua bloque-
ando a recaptação de noradrenalina 
e serotonina no SNC. Apresenta be-
nefícios tanto para sobrepeso, obesi-
dade, quanto para as comorbidades, 
sendo eficaz em melhorar parâme-
tros da síndrome metabólica, como 
glicemia em jejum, triglicerídeos e 
HDL-c. Os efeitos colaterais ocorrem 
em 10 a 20% dos casos, podendo 
cursar com boca seca, obstipação, 
cefaleia e insônia; irritabilidade, an-
siedade, náuseas e taquicardia são 
menos comuns. Há algumas contro-
vérsias em relação ao uso dessa dro-
ga, sendo já proibida em alguns pa-
íses, em relação às modificações na 
pressão arterial (pequenas diminui-
ções e aumentos), aumento de fre-
quência cardíaca e aumento dos des-
fechos cardiovasculares, como IAM e 
AVC. Por esse motivo, pacientes hi-
pertensos devem ser acompanhados 
com controles constantes dos níveis 
pressóricos e da frequência cardíaca 
e é contraindicada em pacientes com 
história de doença cardiovascular, in-
cluindo doença arterial coronariana, 
acidente vascular cerebral ou ataque 
isquêmico transitório, arritmia cardía-
ca, insuficiência cardíaca congestiva, 
doença arterial periférica ou hiperten-
são não controlada (acima de 145x90 
mmHg).
27OBESIDADE (NUTROLOGIA)
Nome comercial: BioMag
Uso: As doses habituais de cloridrato de 
sibutramina estão entre 10 e 15 mg/dia e dose 
máxima de 20 mg/dia em casos selecionados
Custo: 30 a 60 reais/mês
SE LIGA! A prescrição da sibutramina 
deverá ser realizada por meio da Noti-
ficação de Receita tipo B2, com assina-
tura do termo de responsabilidade do 
prescritor.
Orlistate
Apresenta ação intestinal, inibindo li-
pases pancreáticas e reduzindo em 
30% a absorção das gorduras que 
são eliminadas com a excreção fecal. 
Menos de 1% da medicação é absor-
vida e não há ação em SNC. Possui 
benefícioem sobrepeso, obesidade 
e síndrome metabólica, com redução 
da circunferência abdominal, IMC, 
pressões arteriais sistólica e diastó-
lica, glicemia em jejum, hemoglobina 
glicada, colesterol total e LDL-c. Não 
apresentou benefícios na redução de 
triglicérides, nem aumento do HDL-c. 
Os efeitos adversos foram fezes amo-
lecidas, presença de óleo nas fezes, 
urgência fecal, incontinência fecal, fla-
tulências e, menos frequentemente, 
dores abdominais e retais. Esses são 
sintomas que ocorrem mais no início 
do tratamento e são reduzidos com 
a continuidade do mesmo e com a 
redução da quantidade de gorduras 
ingeridas. Apesar de ser uma droga 
pouco absorvida, pode interferir com 
a absorção de drogas lipofílicas, como 
amiodarona, varfarina, ciclosporina, la-
motrigina e anticonvulsivantes. Alguns 
estudos estabeleceram relação entre o 
orlistate e insuficiência hepática aguda 
grave. Por esses motivos essa droga 
é contraindicada para pacientes com 
síndrome de má absorção crônica, co-
lestase ou em pacientes em uso das 
medicações supracitadas.
Nome comercial: Xenical
Uso: Iniciar com 1 comprimido por dia. Pode ser 
utilizado 3 vezes ao dia, antes ou até uma hora 
após as principais refeições, em cápsulas de 
120 ou de 60 mg. Indivíduos que ingerem pouca 
gordura no café da manhã podem utilizar apenas 
no almoço e no jantar.
Custo: 200 reais/mês (80 a 120 reais caixa 42 
comp) 
28OBESIDADE (NUTROLOGIA)
SAIBA MAIS: 
Estudos clínicos em indivíduos com sobrepeso e obesos indicam que doses de 60 mg de 
orlistate, 3 vezes ao dia, nas principais refeições, promovem perda de peso de aproximada-
mente 85% da dose de 120 mg.
e perfil lipídico. Os efeitos adversos 
foram relacionados ao trato gastroin-
testinal, como náuseas, vômitos, diar-
reia e, particularmente em indivíduos 
que perderam mais peso, colelitíase. 
Há um possível aumento do número 
de casos de pancreatite e neoplasia 
de pâncreas pelo uso de terapias ba-
seadas em incretinas, mas que, até o 
momento, não há associação causal 
com a droga. É uma droga contraindi-
cada em gestantes.
Nome comercial: 
Saxeneda
Uso: Dose inicial de 
0,6 mg, titulada em 4 
semanas, sendo até 3 
mg/dia via subcutânea.
Custo: 500-800 reais
SE LIGA! O orlistate, sendo um medica-
mento que não tem ação central, pode 
ser associado às demais drogas an-
tiobesidade. Inclusive a associação com 
sibutramina é a mais utilizada por espe-
cialistas. Alguns estudos concluíram que 
a redução de peso com a combinação de 
orlistate e sibutramina foi mais efetiva 
do que a monoterapia com orlistate, mas 
não foi superior ao uso de sibutramina 
isoladamente. O orlistate também pode 
ser utilizado associado ao femproporex 
e à anfepramona (quando provado o be-
nefício superior ao risco para o paciente)
Liraglutida
É um agonista do peptídeo seme-
lhante ao glucagon-1 (GLP-1), que 
possui ação hipotalâmica em neurô-
nios envolvidos no balanço energé-
tico, em centros ligados ao prazer e 
recompensa e uma ação menor na 
velocidade de esvaziamento gástri-
co. Apresenta benefícios na redução 
do peso, da glicemia em jejum, he-
moglobina glicada, insulina, melhora 
dos parâmetros de pressão arterial 
SAIBA MAIS: 
É uma droga aprovada para tratamento de DM2 (2010), sendo benéfica em até 1,8 mg/dia. 
Foi aprovada para tratamento da diabetes em pacientes não diabéticos, em 2014, pelo FDA 
e, em 2016, pela ANVISA.
29OBESIDADE (NUTROLOGIA)
Locarsserina
Foi aprovada pela ANVISA em 2016. 
É um agonista seletivo de ação central, 
que age no receptor 5-HT2C, aumen-
tando a saciedade e inibindo a fome. 
Apresentou melhora estatisticamente 
significativa de pressão arterial, fre-
quência cardíaca, perfil lipídico, glice-
mia em jejum, insulina e hemoglobina 
glicada (de 0,9%). Mostrou seguran-
ça em relação ao risco de valvopatias 
(presente em outras medicações ago-
nistas não seletivos de 5-HT). Os efei-
tos adversos relatados foram cefaleia, 
náuseas, vertigem, boca seca, consti-
pação, fadiga, hipoglicemia, dorsalgia 
e tosse. É contraindicado para pacien-
te em uso de medicações antidepres-
sivas ou com efeito serotoninérgico, 
gestantes e menores de 18 anos.
Nome comercial: Belviq
Uso: Dose de 10 mg, 2x/dia. 
Custo: 300 reais/mês
OFF LABEL
Topiramato
Age sobre diversos neurotransmis-
sores, tendo efeitos inibitórios so-
bre receptores de glutamato. É uma 
medicação aprovada para tratamento 
de epilepsia e enxaqueca. Tem uma 
eficácia comprovada na redução de 
peso com continuação da perda por 
até mais de um ano de tratamento, po-
rém apresenta um número elevado de 
efeitos adversos. Tais efeitos são: pa-
restesias, alterações de memória, di-
ficuldade de concentração, alterações 
do humor, teratogenicidade (fendas 
orais), potencial de interferência com 
a farmacocinética de contraceptivos 
orais, litíase renal (eleva levemente o 
pH urinário), acidose metabólica, mio-
pia aguda. É contraindicado e pacien-
tes com glaucoma de ângulo fecha-
do, nefrolitíase, insuficiência hepática 
e mulheres em idade fértil devem ser 
alertadas sobre toxicidade fetal.
Nome comercial: 
Topamax
Uso: Iniciar com 25 mg 
à noite, aumentando de 
forma progressiva até 1 
a 2 semanas, conforme 
tolerado. Evitar dose 
acima de 200 mg/dia.
Custo: 200 reais 
(genérico 25 mg – 40 
reais, 50 mg – 65 reais, 
100 mg – 125 reais).
Bupropiona + naltrexona
A bupropiona atua sobre os recepto-
res adrenérgico e dopaminérgicos no 
hipotálamo, enquanto a naltrexona é 
um antagonista do receptor opioide. 
Isoladamente apresentam efeitos mí-
nimos na perda de peso, mas a com-
binação, principalmente nas formas 
de liberação lenta de ambos fármacos 
30OBESIDADE (NUTROLOGIA)
leva a sinergismo por ação do neurô-
nio da POMC. Apresentou benefícios 
em estudo com obesos e diabéticos 
de perda de peso e melhora da he-
moglobina glicada. As reações ad-
versas mais comuns foram: náuseas, 
constipação, dor de cabeça, vômitos 
e tonturas. Apresenta um potencial 
de interação medicamentosa com os 
ISRSs ou inibidores da MAO. É con-
traindicado em epilepsia, em uso de 
inibidores da MAO nos últimos 14 
dias, anorexia ou bulimia, uso de an-
tidepressivos serotoninérgicos, cate-
colaminérgicos, tentativa de cessar 
alcoolismo, uso crônico de opioides.
Nome comercial: Contrave
Uso: 1 comprimido 
(naltrexona 8 mg/
bupropiona 90 mg) pela 
manhã na 1ª semana. Na 2ª 
semana, 1 comprimido 2x/
dia, sendo 1 comprimido 
pela manhã e 1 à noite. Na 
3ª semana, 1 comprimido 
3x/dia, sendo 2 comprimidos 
pela manhã e 1 comprimido 
à noite. E na 4ª semana, 2 
comprimidos, 2x/dia, sendo 
2 pela manhã e 2 pela 
noite. A dose total diária 
deve ser naltrexona 32 mg/
bupropiona 360 mg.
Custo: 330 reais
SE LIGA! A titulação da droga é feita 
com 90 mg de bupropiona SR e 8 mg 
de naltrexona SR. Entretanto, no Brasil, 
dispomos apenas de bupropiona de li-
beração lenta na dose de 300 mg e da 
naltrexona na dose de 50 mg de libera-
ção convencional, o que faz as reações 
adversas serem mais intensas.
Lisdexanfetamina
Atua inibindo a recaptação de do-
pamina e norepinefrina e promove 
a liberação de neurotransmissores 
de monoamidas. É aprovado para o 
tratamento de transtorno de déficit 
de atenção e hiperatividade (TDAH) 
a partir de 6 anos de idade. O FDA 
aprovou esta medicação para o tra-
tamento de transtorno de compulsão 
alimentar periódica (TCAP) em ja-
neiro de 2015. Os doentes tratados 
com essa medicação apresentaram 
2,6 vezes mais chances de não apre-
sentar episódios de compulsão ali-
mentar com maior redução dos dias 
de compulsão por semana, melhores 
resultados em questionários de psi-
copatologia alimentar de obsessão e 
compulsão, além da redução do peso. 
Mostrou tais eficácias nas doses de 
50 e 70 mg. Como efeitos colaterais 
pode ocorrer exacerbação de psico-
ses pré-existentes, sintomas psicó-
ticos, agitação/agressividade, possí-
vel indução de episódio maníaco em 
paciente bipolar, maior risco de crises 
convulsivas, aumento potencial do 
risco cardiovascular.
SE LIGA! Essa é uma medicaçãoque 
faz parte da lista A3 de substâncias psi-
cotrópicas sujeitas a Notificação de Re-
ceita “A”.
31OBESIDADE (NUTROLOGIA)
Nome comercial: 
Venvanse
Uso: 1º mês, 30 mg/
dia. 2º mês , 50 mg/
dia. 3º mês, 70 mg/
dia. (usar sempre pela 
manhã para evitar 
insônia)
Custo: 30 mg – 270 
reais, 50 mg – 330 
reais, 70 mg – 360 
reais (caixas com 28 
comprimidos).
Inibidores de recaptação de 
serotonina (ISRSs)
Principalmente fluoxetina e sertrali-
na. São utilizados no tratamento da 
depressão, mas podem proporcio-
nar efeito de perda de peso no curto 
prazo, embora não tenham indicação 
formal no tratamento de obesidade. A 
fluoxetina demonstrou efeito transitó-
rio de perda de peso, presente, prin-
cipalmente, nos 6 primeiros meses de 
uso, após o qual ocorre recuperação 
do peso perdido, não sendo por isso 
indicada para tratamento em longo 
prazo da obesidade.
Sertralina: 50 a 200 mg/dia. Fluoxeti-
na: 20 a 80 mg/dia. Usar pela manhã 
para evitar insônia
Nome comercial: Prozac
20 a 80 mg/dia. Usar pela 
manhã para evitar insônia
Custo: 10 mg – 30 reais, 
20 mg – 70 reais (caixa 
com 28 cápsulas). 20 mg/
ml – 40 reais (frasco 20 
ml)
A tabela abaixo dispõe a perda de 
peso estimada com cada medica-
ção, o tempo de efeito máximo, chan-
ces de reganho de peso e a taxa de 
abandono em 1 ano, principalmente 
decorrente dos efeitos adversos.
MEDICAÇÃO PERDA DE PESO EFEITO MÁX.
REGANHO DE 
PESO
ABANDONO EM 1 
ANO
Orlistate - 2,94 kg 60 sem 0,51 kg/ano 29%
Lorcarcerina - 3,06 kg 54 sem 0,48 kg/ano 40,9%
Liraglutide - 5,5 kg 65 sem 0,91 kg/ano 24,3
NAL / BUP NAL / BUP NAL / BUP 1,27 kg/ano 49,1
Disponível em: Aula Sanar
32OBESIDADE (NUTROLOGIA)
Os mecanismos de ação das principais medica-
ções estão descritos abaixo:
MECANISMO DE AÇÃO DOS MEDICAMENTOS
FÁRMACOS AÇÃO
SIBUTRAMINA
Inibição direta no centro da fome no hipotálamo (ativação da via anorexígena e ini-
bição da via orexigênica) e aumento do gasto energético basal (efeito termogênico)
ORLISTATE Inibição da absorção de gorduras pelo trato gastrointestinal 
LIRAGLUTIDA
Retardando o esvaziamento gástrico (sensação de saciedade e redução da ingesta 
alimentar por refeição)
LOCARSSERINA Inibição direta no centro da fome no SNC
LISDEXANFETAMINA Inibição da compulsão alimentar e ansiedade
Recomendações finais
A sibutramina e o orlistate são con-
siderados medicamentos de primei-
ra linha para o tratamento crônico da 
obesidade e do sobrepeso.
Qualquer uma das medicações po-
dem ser associadas entre si e tam-
bém com as medicações on label/off 
label. Deve-se ter um cuidado a mais 
para combinação entre sibutramina e 
locarserina.
Para sucesso no tratamento da obe-
sidade e do sobrepeso, independente 
do medicamento escolhido, é obri-
gatória a manutenção das medidas 
não-farmacológicas, com a orienta-
ção dietoterápica, incentivo à prática 
de atividade física e às mudanças no 
estilo de vida.
33OBESIDADE (NUTROLOGIA)
DEFINIÇÃO FISIOPATOLOGIA
ETIOLOGIAS
COMORBIDADES
AVALIAÇÃO
OBESIDADE
FÁRMACOS
MANEJO
MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS
DIETAS 
RECOMENDADAS
On label: sibutramina, 
orlistat, liraglutida e 
lorcaserina
Síndrome metabólica
Anamnese
Resistência insulínica
Hábitos de vida
HAS
História medicamentosa
Distorção corporal
Exame físico
Distúrbios alimentares
Triglicérides, HDL-c, 
glicemia jejum 
Fatores exógenos
Primárias
Secundárias
“genótipo econômico”
Acúmulo excessivo de 
gordura decorrente 
de balanço energético 
positivo
Falência pancreática
Comorbidades
Hipetrigliceridemia
Medidas antropométricas
Depressão
Exames laboratoriais
Neoplasias
Fatores endógenos
Predisposição familiar: 
genes FTO e MC4R
Endocrinopatias, 
insulinoma, SOP, 
genéticas, drogas
Mudança de estilo de 
vida (MEV)
IMC
< 18,5: baixo peso
18,5 até <24,9: normal
25 até < 30: sobrepeso
30 até < 35: obesidade I
35 até < 40: obesidade II
≥ 40: obesidade III
CA
≥ 94 cm (H); 
≥ 80 cm (M)
Tratamento 
farmacológico
SBEM e ABESO: 
dietas balanceadas, 
hipocalóricas
AHA/ACC/TOS: qualquer 
dieta de déficit calórico 
+ < 30% de calorias de 
gordura e < 10% de gor-
dura saturada.
Off label: topiramato, 
BUP/NAL, lisdexanfeta-
mina e ISRSs
*anfetaminas
CA + 2 critérios
História do peso
Hormônios periféricos: 
grelina (orexígeno), 
GLPP-1, leptina (an-
orexígenos)
Moduladores centrais: 
PYY, AGRP, noradrena-
lina (orexígeno), sero-
tonina, ocitocina, TRH, 
MSH (anorexígenos)
Dieta e exercício físico
Medidas de circunferência: braquial, 
coxa, cervical e panturrilha
Outras: Pregas cutâneas, bioimpedân-
cia, calorimetria indireta, USG
IMC ≥ 30 kg/m2 OU
IMC ≥ 25 kg/m2 + co-
morbidades OU 
IMC normal + aumento 
de CA + comorbidades
MAPA MENTAL
34OBESIDADE (NUTROLOGIA)
REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRÁFICAS 
Diretrizes Brasileiras de Obesidade. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da 
Síndrome Metabólica (ABESO). 4ª Ed. São Paulo, 2016.
MANCINI, MC. et al. Tratado de Obesidade. 2ª Ed. Editora Guanabara Koogan Ltda. Rio de 
Janeiro, 2015
PERREAULT, L. Obesity in adults: Prevalence, screening, and evaluation. Uptodate, 2020.
MEIGS, JB. Metabolic syndrome (insulin resistance syndrome or syndrome X). Uptodate, 
2020.
PERREAULT, L. Obesity in adults: Dietary therapy. Uptodate, 2020.
O essencial em endocrinologia / Patrícia Sales, Alfredo Halpern, Cintia Cercato. 1. ed. Rio de 
Janeiro : Roca, 2016.
MARTINS, MV. Why Roux-em-Y Gastric bypass is Nowadays the Best Surgery to Treat 
Obesity. Revista Brasileira de Videocirurgia. Vol.3 Nº 2 - Abr/Jun 2005
35OBESIDADE (NUTROLOGIA)

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