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Crítica do Sraffa

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Crítica do Sraffa:
Sraffa debate os fundamentos e premissas do modelo geral Neoclássico de Marshall. Sua crítica divide-se em interna e externa, pois ele debate tanto o modelo Neoclássico de Marshall, aceitando suas premissas, discutindo em seu cerco teórico (Núcleo duro da teoria), quanto fazendo um paralelo com a realidade, caracterizando como crítica externa (Positiva).
Sraffa em sua crítica refere-se as duas leis de rendimentos, “Rendimentos crescentes” e “Rendimentos decrescentes”, contesta o funcionamento dessas leis na teoria neoclássica. 
Para fundamentar o funcionamento da tesoura Marshalliana (Oferta X Demanda), houve uma manipulação das leis (artimanha analítica). Para entendermos a crítica, voltemos às leis originais (Clássicas):
Ricardo deriva a lei de rendimentos marginais decrescentes a partir de um estudo da agricultura, analisando a produtividade marginal da terra, dentro do âmbito da distribuição. Na qual tal a teoria é desenvolvida para fundamentar sua teoria de distribuição funcional da renda entre salário, lucro e renda da terra, para que fosse possível distribuir o excedente entre lucro e renda da terra, com salário dado pelo nível de subsistência. Tendo em vista o objetivo maior de obter a taxa de lucro, que pela lei da concorrência, a qual é uniforme, e seu objeto de estudo foi a agricultura, dado inexistência de capital, e a premissa de que a produção vai expandindo para terras cada vez menos férteis, e na fronteira agrícola, onde a terra é menos fértil, a terra é um bem livre, portanto não se cobra taxas para o uso da terra, a renda da terra é igual a zero. O excedente é completamente apropriado como forma de lucro, assim obtém-se a taxa de lucro, por consequência a taxa de lucro geral do sistema. 
Smith deriva a lei dos rendimentos marginais crescentes a partir de um estudo da produtividade do trabalho, e seu efeito sobre o incremento da riqueza. A partir da divisão do trabalho, que origina de uma propensão dos homens a trocar, causa um incremento da dimensão do mercado, que gera especialização do trabalho, que junto ao capital acaba por gerar o aumento da riqueza. Ou seja, os rendimentos crescentes estão no âmbito da produção, a acumulação do capital e a divisão do trabalho fazem com que a produtividade do trabalho aumente. Em outros termos, diminui-se o custo unitário do bem produzido, custo decrescente, economias de escala. Economias internas a firma em questão, algo inaceitável para Marshall, completamente incompatível com a premissa neoclássica, pois Marshall precisa de uma curva de custo crescente para ser possível fundamentar a Tesoura Marshalliana. Marshall constata essa incoerência e transforma tais leis para que seja coerente a teoria, e ser possível fundamentar a Tesoura Marshalliana. 
A lei dos rendimentos marginais decrescente sofre uma transformação sútil, que é caracterizada por uma generalização, ao invés manter-se referindo-se a uma característica técnica da terra, foi generalizada para todos os fatores de produção, quando um fator é fixo e outro é variável, sendo estes: Terra, capital e trabalho. Sendo assim, o produtor pode alcançar um momento onde fica impelido de produzir, quando a lei de rendimentos decrescente entra em vigor.
Por outro lado, a lei dos rendimentos marginais crescentes sofre uma grande transformação, pois o formato da curva de CME (custo médio) de acordo com Smith, é completamente incompatível com a teoria de Marshall, pois se aceitarmos a Divisão do Trabalho e suas decorrências, que seria o decrescimento do custo unitário, ou seja, economias internas a firma, não é possível obter o equilíbrio estável, entre o cruzamento das curvas de oferta e demanda. Portanto, durante a transformação, a divisão do trabalho teve de ser desconsiderada, por conta da incoerência das consequências da Divisão do Trabalho com a estrutura da Tesoura Marshalliana. Então se o rendimento crescente não pode ser explicado por fatores internos a firma, havia de ser explicado por fatores externos a firma. Com isso, para Marshall, o rendimento crescente advém de uma externalidade do setor vigente, em outras palavras, advém de uma vantagem absorvida pela firma, por consequência de um crescimento do setor. Que por via de uma representação gráfica, resultaria em um deslocamento da curva, pois a um mesmo nível de produção, obtém-se tem custo reduzido. 
Porém, para Sraffa, essa externalidade resultava em ser internalizada pelas firma, os efeitos das externalidades, acabavam por refletir em sintomas internos, como por exemplo, uma firma absorvendo mão-de-obra qualificada e treinada de uma firma concorrente, é quase que incoerente dizer que a firma não ganharia em técnicas de produção, ou rentabilidade do trabalho, que por consequência reduziria o custo. Vantagens externas que acabam por acarretar ganhos internos na firma, que conflitam com a inclinação ascendente da curva de custo de Marshall.
Para melhor entendimento, Marshall em sua teoria adota duas premissas básicas: O “Equilíbrio Parcial” e a “Concorrência Perfeita”. No que tange ao Equilíbrio Parcial, as curvas de oferta e demanda de um dado setor, de maneira alguma podem sofrer influência das curvas outros setores, e mais especificamente se tratando da curva de oferta, em relação a outras curvas de ofertas, a curva de oferta de um dado produto não pode sofrer influência de outras curvas de ofertas de outros produtos, pois caso aconteça, não seria possível traçar uma curva, apenas é possível traçar o par preço/quantidade (P; q) vigente, pois não é possível mensurar o quão e como outras curvas impactam a curva de oferta vigente, sendo assim é necessário admitir que para atingir um Equilíbrio Parcial, é necessário independência das curvas de ofertas, então, para Sraffa ao admitir rendimentos decrescentes, estaríamos violando esse pressuposto, da independência das curvas. Porque não são independentes? Pois os custos são variáveis, e os fatores de produção são compartilhados. Se uma firma compartilha fatores de produção com outra firma, e tal fator possui rendimentos decrescentes, o aumento da produção da firma em questão não vai impactar apenas no custo da própria firma, mas também vai impactar no custo da outra firma que compartilha o fator de produção em questão, ou seja, na realidade as curvas de oferta são interdependentes, por isso não é possível determinar um equilíbrio parcial, portando não é possível traçar a curva de oferta. Se aceita a lei de Rendimentos Marginais Decrescentes Neoclássica, não é possível atingir o Equilíbrio Parcial Marshalliano. Seria necessário descartar a lei dos Rendimentos Decrescentes, voltando a teoria do valor clássica, onde se obtém os coeficientes técnicos de produção fixos, portanto os custos são constantes, sendo assim, é possível encontrar o preço de equilíbrio parcial. 
Sraffa contesta também, o fato dos rendimentos serem decrescentes, afirmando que rendimentos são constantes ou crescentes, dado que o empresariado não opera sua produção em pleno emprego de fatores, e sim com capacidade ociosa, a fim de ter a capacidade de absorver um possível aumento de demanda.

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