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Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos Disciplina: Gênese de Jazidas Código: IA 257 Professor: Francisco Silva Departamento de Geociências (IA) UFRuralRJ Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos Depósitos Formados por Fluidos Meteóricos (Águas Subterrâneas) • Poucos depósitos hidrotermais estão associados com a circulação de fluidos meteóricos (águas subterrâneas) pois, em geral, estes não transportam metais. • Uma exceção são os depósitos de urânio hospedados em sedimentos. Estes depósitos estão associados com fluidos meteóricos, de baixa temperatura, e são formados por mecanismos de precipitação em zonas de oxi-redução. Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos • O íon U+4 está presente em ambientes magmáticos, sendo um elemento traço incompatível. Está presente em alguns poucos minerais acessórios, tais como zirconita, monazita, apatita, titanita, etc. • Este íon é oxidado para U+6 quando em contato com águas meteóricas e, neste estado de oxidação, é facilmente transportável em uma ampla gama de valores de pH (o íon U+4 é geralmente insolúvel). • Com as modificações das condições de Eh (redução), o U6+ em solução, na forma de complexos oxidados ou carbonáticos, precipita como uraninita (UO2) ou pitchblenda (uma variação da uraninita). Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos • Deste modo, muitos depósitos uraniníferos em sedimentos são formados a partir da precipitação, por redução, de fluidos contendo originalmente U+6 em solução. • Outros fatores que podem afetar a precipitação do urânio são: > Mistura de fluidos > Modificação nas condições de pH do fluido > Adsorção Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos • A maior parte dos depósitos deste tipo está nos EUA. Estes localizam-se principalmente em três regiões: Colorado Plateau, South Texas e Wyoming-South Dakota. • Os depósitos estão, geralmente, associados com sedimentos arenosos flúvio-lacustres, do Paleozóico ao Mesozóico, tendo comumente uma geometria stratabound. • Duas variações deste tipo de depósito se destacam: > Tipo Colorado Plateau U-V > Tipo Roll-Front Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos Tipo Colorado Plateau Urânio e Vanádio Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos • Os depósitos ocorrem em arenitos tabulares que hospedam várias mineralizações sobrepostas. A mineralização forma-se na interface entre dois fluidos meteóricos distintos, ambos de baixa temperatura. • Um fluido é bacinal, com uma salinidade alta (nível de salmoura, ou seja, > 50000 ppm de sais dissolvidos), estagnado, contendo íons como Na+, Mg2+, Ca2+, Cl- e SO42-. • O outro fluido, sobrejacente ao primeiro, mais típico de água subterrânea, mostra baixa salinidade e fluxo ativo ao longo do aquífero. Este contém compostos solúveis como UO2(CO3)22- e VO+. Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos • No local onde ocorre o encontro e mistura destes dois fluidos, são precipitados minerais de urânio em zonas tabulares horizontais. • Esta precipitação, ocorre em profundidades de poucas centenas de metros abaixo da superfície, com a temperatura das soluções não ultrapassando mais de 30o a 40o C. • Alguns processos importantes na formação deste tipo de depósitos são: > Mistura de fluidos > pH > Adsorção > Atividades bacteriológicas > Reações de oxi-redução Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos • Dados históricos de produção de depósitos do Tipo Colorado Plateau mostram uma razão V2O5 / U3O8 igual a ~ 5.8. • A tonelagem destes depósitos é pequena possuindo, em média, cerca de 100000 t com teores que variam entre 0.05 a 0.6 % U3O8. • Os subprodutos principais são V e Cu. Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos http://www.madreline.com/colorado_plateau.php Recursos e teores de áreas onde ocorrem depósitos do Tipo Colorado Plateau com urânio e vanádio Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos Yancey, C.L e McLemore, V.T (2008) Uranium Geology of the West Localização das principais províncias uraniníferas na parte oeste dos EUA Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos Tipo Roll-Front Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos • O modelo aplicado à este tipo de depósito prevê um fluido meteórico oxidante, com o transporte de um complexo de carbonato de urânio solúvel. Este fluido migra ao longo de aquífero (arenito) e a precipitação do urânio ocorre em zonas de oxi-redução. • A rocha encaixante à montante das mineralizações (roll-front), representada por arenito, está comumente alterada e oxidada. À jusante da mineralização, este arenito se encontra praticamente inalterado, mais reduzido e com a presença de minerais e materiais indicadores de condições redutores como pirita, calcita e matéria orgânica. Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos • O roll-front indica o local, no tempo e no espaço, onde o fluido meteórico perde a sua capacidade de alterar a rocha (arenito) na qual está migrando. • Com a mudança relativamente brusca de Eh nesta zona, os complexos solúveis de urânio-carbonato são desestabilizados, o que promove a precipitação dos óxidos de urânio. • O roll-front é dinâmico e a sua posição em constante mudança. Esta frente desloca-se progressivamente em direção à jusante, segundo o paleorelevo (gradiente hidráulico) e a recarga do aquífero arenoso. • O tamanho dos depósitos é pequeno contendo, em média 5000t, com um teor variando entre 0.04 e 0.39% U3O8. Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos Seção esquemática de um depósito de urânio Tipo Roll-Front http://www.window.state.tx.us/comptrol/fnotes/fnEnergy08/nuclear.html Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos Seção esquemática de um depósito de urânio Tipo Roll-Front http://www.geovicenergy.com/userfiles/file/ISR/900x695-RollFront%20OreDeposit.jpg Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos deUrânio em Arenitos Modelo de depósito de urânio em arenitos Tipo Roll-Front http://www.curnamona-energy.com.au/figure2.html Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos Modelo conceitual de depósito de urânio do Tipo Roll-Front http://www.wma-minelife.com/uranium/mining/rllfrnt1.html Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos http://www.wsgs.uwyo.edu/uranium/origin.aspx Aspecto da mineralização de urânio do Tipo Roll-Front Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos http://www.wma-minelife.com/uranium/mining/rllfrnt1.html Aspecto da mineralização de urânio (escuro) do Tipo Roll-Front Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos http://geology.about.com/od/geology_co/ig/goldencologeo/rollfront500.htm Aspecto da mineralização de urânio (escuro) do Tipo Roll-Front Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos Urânio Roll-Front em arenitos intercalados em folhelhos, Southern Wyoming (USA) http://www.stockinterview.com/News/04132007/Wyoming-Juniper-Ridge-Uranium-Mining.html Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos http://www.stockinterview.com/News/04132007/Wyoming-Juniper-Ridge-Uranium-Mining.html Teores de urânio em sondagem de prospecto do Tipo urânio Roll-Front (Southern Wyoming, EUA) Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos http://www.callabonna.com.au/projects_curnamona.html Seção típica de depósito de urânio do Tipo Roll-Front em um ambiente de canal arenoso confinado Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos http://wn.com/Moab,_Utah Arenitos vermelhos (oxidados) e branco-esverdeados (reduzidos) devido a diferentes níveis de oxi-redução das águas subterrâneas. Mina de urânio em Moab (Utah, EUA) Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos http://www.world-nuclear.org/info/inf27.html A maior parte do urânio produzido nos EUA é feita por extração ou recuperação in situ (ISL - in situ leaching ou ISR - in situ recovery) ou mineração por dissolução (solution mining). Na figura um exemplo esquemático do processo de extração de urânio in situ Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos http://www.world-nuclear.org/info/inf27.html Exemplo esquemático do processo de extração de urânio in situ Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos Depósito Sedimentar de Urânio de Iporá / Amorinópolis (GO) Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos • A mineralização é encontrada principalmente em arenitos feldspáticos (sub-arcósios) na base da Formação Ponta Grossa do Devoniano. • O depósito mostra-se tabular e concordante com o acamamento. O controle da mineralização é basicamente litoestratigráfico e químico-bioquímico. • A mineralização está hospedada em delgados horizontes de arenito feldspático permeável que estão intercalados em folhelhos e siltitos impermeáveis. As camadas de arenitos feldspáticos mostram uma espessura que pode variar entre 3 e 8 m, e ocorrem em uma área de cerca de 2000 km2. Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos • A mineralização mostra-se segundo dois tipos: primária, onde os minerais de urânio mostram número de oxidação +4, e secundária onde os minerais de urânio apresentam número de oxidação +6. A mineralização primária é encontrada abaixo do nível freático. De forma geral, a mineralogia do depósito é bastante complexa. • A mineralização mostra dois controles: > Controle litoestratigráfico: é representado pela delgada camada de arenito feldspático, de granulometria média a grossa, com alta permeabilidade. Como este está situado entre camadas pelíticas impermeáveis, ocorre um aprisionamento estratigráfico favorável à percolação e concentração da mineralização. Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos > Controle químico-bioquímico: está relacionado com a matéria orgânica, que é um fator importante para a deposição do urânio, assim como mudanças e características das zonas de oxi- redução associadas. O urânio ocorre na interface destas zonas de oxi-redução (Roll- Front) sendo a distribuição das zonas controladas pela atividade biogênica. A mineralização ocorre quando as soluções uraníferas oxidantes e acidificadas encontram condições redutoras, relacionadas com organismos, gerando a precipitação da sua carga metálica. Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos Localização das rochas devonianas (pontilhado) que hospedam a mineralização uraninífera de Iporá/Amorinópolis (GO) Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos Tipo Brecha de Colapso em Chaminé Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos • Este tipo de depósito não se enquadra nos Tipos Colorado Plateau ou Roll-Front, mas também hospeda mineralizações de urânio nos sedimentos Paleozóicos do Colorado Plateau do Norte do Arizona (EUA). • A origem do fluido mineralizante ainda é desconhecida, sendo a sua temperatura de formação, com base em isótopos, entre 80o e 173oC. Esta temperatura é bastante elevada se considerado o grau médio geotérmico das águas subterrâneas do Plateau. • Excluindo a ocorrência do urânio, esta mineralização se assemelha, em termos mineralógicos e geoquímicos, com mineralizações do Tipo MVT. Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos • Este tipo de depósito é de ocorrência relativamente comum no Plateu do Norte do Estado do Arizona (EUA). Nesta região, são encontradas milhares de estruturas similares àquelas que hospedam este tipo de mineralização, isto é, dolinas (sinkholes). • Estas chaminés (pipes) são verticais ou subverticais, com seção circular ou elíptica, sendo preenchidas principalmente por fragmentos de rochas. • Estes fragmentos são blocos angulares provenientes de formações superiores. O colapso ou abatimento da estrutura foi proveniente dadissolução de carbonatos situados em posições mais inferiores na sequência estratigráfica. A brecha é, deste modo, formada devido ao colapso do teto das cavidades. Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos • Estes fragmentos estão imersos em matriz fina, também proveniente de rochas adjacentes. Esta matriz encontra-se cimentada devido a processos de silicificação e carbonatação. • Estas chaminés podem atingir, em comprimento vertical, até cerca de 1000 m, tendo na base a unidade de dissolução (Redwall Limestone), e podendo atingir a superfície. • A mineralização ocorre na zona de brecha, no centro da chaminé, ou em falhas anelares que posicionam-se ao redor da chaminé. Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos • A principal mineralização é composta por uraninita (UO2). Esta também apresenta minerais de cobre e vanádio e outros como pirita, galena, barita e esfalerita. • A expressão superficial da mineralização mais comumente prospectada está relacionada com a presença de minerais de cobre, barita, calcita e goethita ao longo de fraturas anelares. Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos Wenrich, K.J. e Titley, S.R. (2008) Uranium exploration for northern Arizona (USA) breccia pipes in the 21st century and consideration of genetic models Modelo metalogenético para a formação de depósitos uraniníferos em brechas de colapso com base na mistura de distintos fluidos Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos http://www.northern-arizona-uranium-project.com/breccia_pipe_anatomy Típica brecha de colapso encontrada em chaminé ( Norte do Arizona, EUA) Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos Testemunho de sondagem com brecha de chaminé. Os fragmentos são de arenito, calcário e folhelho em matriz de uraninita e polimetálica (Norte do Arizona, EUA) Wenrich, K.J. e Titley, S.R. (2008) Uranium exploration for northern Arizona (USA) breccia pipes in the 21st century and consideration of genetic models Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos http://www.northern-arizona-uranium-project.com/breccia_pipe_anatomy Depressão causada pelo colapso de cone. Estas estruturas podem chegar até 2 km de diâmetro ( Norte do Arizona, EUA) Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos http://www.northern-arizona-uranium-project.com/breccia_pipe_anatomy Seção esquemática de chaminé típica com brecha de colapso e mineralização de urânio (Norte do Arizona, EUA) Prof. Francisco Silva – Departamento de Geociências (IA) Depósitos de Urânio em Arenitos http://www.tournigan.com/s/home.asp Seção esquemática de mineralização de urânio em brecha de colapso de chaminé (Mohave, Arizona, EUA) Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43
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