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O Estado, política social e controle do capital (SANTOS, 2016).

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL - 2019
Disciplina: Questão Social
Docente: Mariana Alvez
Discente: Ana Beatriz Alexandrino de Queiroz
Fichamento do Capítulo I do livro - O Estado política social e controle do capital (SANTOS, 2016).
Neste capítulo a autora postula com base nas formulações e teorias dos autores Engels, Marx, Laski, Netto & Braz e Mézáros, a formação do Estado e seus fundamentos ontológicos; a constituição do Estado Moderno e sua função social; e as formas de controle socio metabólico do Estado.
A autora traz a princípio, a constituição da comunidade primitiva, até a sociedade capitalista. Frisando a Revolução Neolítica, na qual os indivíduos deixam de ser nômades e passam a cultivar a terra, a criar animais, a desenvolver a agricultura e a pecuária. O processo e o avanço das forças produtivas, proporcionaram um salto ontológico de uma comunidade, para outra, assim, rompendo com o regime gentílico.
A divisão econômica do trabalho surge. O homem passa a produzir mais do que necessita para sua subsistência, desenvolvem-se a partir daí, outros ramos de produção, como a criação de gado, agricultura, ofícios manuais e domésticos. O homem passa a produzir além do que necessita, obtendo um acúmulo maior riqueza, esse excedente se dá com o aumento da produtividade do trabalho. A partir desse avanço, surgem dois respectivos efeitos: o excesso de produção, que acontece quando a tribo passa a ter mais produtos que consegue consumir, portanto, são usados como objeto de troca com outras tribos; e a possibilidade da cumulação, que se dá através da exploração do trabalho humano. Quando diferentes tribos entram em conflito por interesses opostos, capturam prisioneiros, que servem futuramente como uma força de trabalho. Essa força de trabalha escravo, proporciona uma divisão social de trabalho, onde se tem duas classes: a classe dos senhores e dos escravos. A divisão social de trabalho é uma forma de divisão desigual, que assim como as forças produtivas vão se desenvolvendo, também se desenvolve a desigualdade social. 
Os escravos serviam como uma ferramenta de trabalho no campo e nas oficinas, dando origem a uma divisão na produção, onde os escravos trabalhavam na agricultura e com ofícios manuais. A segunda divisão do trabalho surge por meio da troca e da produção mercantil, junto com ela, o comércio. A terceira divisão do trabalho, se dá pela atuação dos comerciantes, os quais não efetuam a produção mercantil, pois são responsáveis pelas trocas dos produtos produzidos, essa é denominada como uma nova uma nova classe.
Além da riqueza que havia constituído naquela época com as mercadorias, escravos, dinheiro, surge também a propriedade privada da terra a qual o indivíduo tem a liberdade de usar para fins lucrativos.
Com a evolução das forças produtivas, houve a expansão do comércio, existindo uma centralização e concentração de riqueza nas mãos da minoria de classe, a qual possui em seu domínio uma grande quantia de riqueza. A propriedade privada dos meios de produção e a exploração do homem pelo homem surge, sendo uma característica marcante para o início do capitalismo.
O Estado surgiu junto com a divisão de classes, substituindo o regime gentílico. A autora dividiu 5 teses do fundamento do estado com base em Engels:
Com surgimento da divisão de classes, surgiu também um conflito de interesses; como eu forma de aparato e de mediador e controlador, foi criado um terceiro poder, o Estado, que possui um poder acima das classes. Porém, segundo Marx, o Estado possuí a função social de administrar os conflitos entre as classes, favorecendo sempre a classe dominante.
O Estado é criado através do processo do desenvolvimento da sociedade, sendo um poder imposto à sociedade, ao passo que a sociedade se desenvolve o Estado se desenvolve simultaneamente. Com a sociedade cheia de conflitos e contradições, o Estado tem a função de administrar essas questões, manter o desenvolvimento da sociedade e auxiliar a reprodução material.
 O Estado, foi criado como o mecanismo de aparato com poder coercitivo, por meio de prisões, instituições coercitivas de todos os tipos. O Estado é composto pela classe dominante, sendo responsável, pela defesa da economia.
O Estado existe desde quando surgiu a classe social, a divisão de classes. O Estado evoluiu com o tempo, porém, nunca deixou de ser o estado o estado durante o período escravocrata, servia para manter os escravos subjugados. Os estados na perspectiva feudal, eram um mecanismo composto pela nobreza para manter os servos sujeitados a eles. O Estado moderno é um mecanismo usado e manuseado pelo capital, para benefício da exploração do trabalho assalariado.
 O Estado possuí uma força política, usada como meio de dar liberdade a classe dominante para explorar, pois, sem ela, o capitalismo não se reproduz. Como visto na lei do aparato estatal, a exploração sempre foi alimentada, para manter a ordem da classe dominada.
O Estado foi determinante para a supressão modo de produção feudal, sendo responsável pelo desenvolvimento do comércio.
O Estado, por ser um poder político, sempre houve uma competitividade entre quem ficaria no controle do aparelho de poder. Nessa perspectiva, é postulado, o fato de que, a função social do Estado, no modo de produção capitalista, é justamente, o uso da lei geral da acumulação capitalista, onde ao mesmo tempo em que se tem um progresso na produção, se tem um processo retardatário no âmbito da classe oprimida, a lei geral da acumulação capitalista, é caracterizada pela acumulação da riqueza e a multiplicação da miséria, tendo em vista isso, o Estado serve como força de coesão e objeto para execução da manutenção do modo de produção capitalista. Este fato é fundamental para o surgimento do liberalismo europeu.
1.2 Estado Moderno
O Estado moderno surge como um aparelho evoluído, para execução da manutenção do sistema sociometabólico do capital, se baseando na produção do capital na era moderna.
O desenvolvimento da produção econômica, desenvolveu o modo de produção mercantil simples: nesse modo de produção não se tem a exploração, porque cada trabalhador tinha seu próprio trabalho, cada um que trabalhava para si, cada camponês, cada artesão, produzia para si e eram proprietários dos meios de produção e obtinham lucro pela troca de mercadorias; já o modo de produção mercantil capitalista: o modo de produção capitalista é composto pela divisão social do trabalho e na propriedade dos meios de produção, os capitalistas se apropriam dos meios de produção, se apropriam da força de trabalho, explorando os trabalhadores, os quais vendem sua força de trabalho que é único meio para subsistir, ganhando em troca, um salário.
Nesse modo de produção, é necessária uma rotatividade de produção, pois, quanto mais se produz, mais se tem riqueza às custas dos operários. Ele se insere o dinheiro no processo de produção, efetuando compras de mercadorias, como matéria-prima, meios de produção, as quais são as ferramentas e máquinas, e contratam a força de trabalho para operar essas ferramentas e máquinas, só depois que o valor monetário é inserido no processo de produção, é que ele vira capital. Durante o processo de produção, é produzido uma mercadoria que é vendida pelo valor excedente, correspondente a apropriação da mais-valia.
Segundo Laski, novas condições materiais deram origem às novas relações sociais e mediante a isso, surge uma nova filosofia; a filosofia do liberalismo, com uma nova concepção política e econômica, sendo base de uma nova forma de sociabilidade. O liberalismo, traz consigo novas ideias, novos descobrimentos geográficos, nova cosmologia, novas invenções tecnológicas, e nova forma econômica.
O capitalismo foi se substituindo aos poucos o feudalismo, pois o surgimento da acumulação primitiva transformou os servos e trabalhadores assalariados. Nesse mesmo período de início do capitalismo, houve a expulsão dos servos das terras para implantação de lavouras e pastagem deovelhas, fazendo com que os servos virassem operários nas grandes indústrias.
O mercado mundial passa a se manifestar e em consequência desse acontecimento, se há uma procura de lucro, assim, se estabelecendo as relações sociais vinculadas ao interesse lucrativo.
A filosofia do liberalismo é como uma liberdade propriamente dita para defender a burguesia levantando um Estado contratual. O pensamento liberal foi criado justamente com a intenção de impedir que o governo interferisse na lei da oferta e da procura, nessa perspectiva da liberdade contratual foi legalizado a exploração. Os trabalhadores possuem a ilusão de que são livres, porém, não podem negociar o preço da sua força de trabalho. A liberdade se refere apenas ao mercado capitalista, sendo uma ideia com fins estratégicos, para que os trabalhadores pudessem ter a liberdade como um ato voluntário para a venda da sua força de trabalho, isso acontecia por meio de um contrato social.
No Estado liberal, houve a presença de direitos fundamentais, como o direito à vida, à liberdade e à propriedade.
 A autora traz a teoria do Estado Moderno segundo a perspectiva de alguns teóricos, como a teoria segundo Thomas Hobbes, a qual coloca o Estado como sendo dominado por um soberano, através de poderes ilimitados, colocando os súditos a merser das decisões de um único soberano, o rei; como a teoria segundo a perspectiva de John Locke, o Estado é regido por leis e direitos, a partir disso, os que dominassem o Estado teriam poderes limitados e o contrato social; como na perspectiva de Rousseau, onde o Estado deu origem a desigualdade social, pois, o Estado garante que a liberdade e a igualdade, sempre beneficiando a classe dominante, através de um caráter mais democrático.
O liberalismo surgiu no fim do período feudal, trazendo o chamado Estado contratual, o qual tinha limites de intervenção política para obtenção da manutenção da ordem pública.
Como referência, a autora usou Laski para definir do Estado Moderno ao liberalismo e o Estado Contratual. Laski postula, que o capitalismo passou por duas fases: primeiro, ele transformou a sociedade em um novo modo de produção e depois obteve o controle do aparelho estatal, assim, tendo o controle do Estado, podendo ter o poder de controle e criação da sociedade e usá-la para seus interesses. A burguesia possuí um grande interesse pela dominação do status político.
O capitalismo foi responsável pela gestão de aumento da produtividade e consequentemente o aumento econômico o qual impulsionava os problemas da sociedade inclusive, da massa pobre da população.
Depois da revolução inglesa, o Estado inglês passa a se adequar para atender o interesse dos homens e da propriedade, criando uma liberdade civil e religiosa como forma de controlar o exército.
A filosofia que se manifestava em meados do século XVII, impulsionava a emancipação de um indivíduo para se obter uma liberdade plena, tal pensamento, influiu na dissolução da autoridade teológica, a qual privava o indivíduo de uma livre interpretação e da razão. A burguesia, luta para obter influência política para conquistar a maior liberdade em sua atividade econômica, com ideias e princípios direcionados a riqueza.
A era do mercantilismo, foi um momento onde houve grandes conflitos e competições por interesses diversos, para obter a regulamentação da exploração da força de trabalho.
Para classe burguesa, é fundamental ter um Estado que proporcionasse o poder executivo através das leis, tendo em vista isso, a classe burguesa passa a influenciar a religião e a cultura.
O Estado secular da época, substitui a igreja, e acaba sendo responsável pela função de proporcionar o bem-estar social.
O liberalismo e o mercantilismo geraram contradições multas, como o crescimento industrial, a emigração em grande escala, a necessidade de proteção da atividade econômica internacional, o domínio colonial, a fiscalização das normas e padrões industriais, a divisão de classe, e a segurança da propriedade, através de uma intervenção estatal.
O papel do Estado segundo a concepção de Adam Smith, tem uma visão de poder coesivo contra a injustiça e a violência, que por algum motivo, cheguem a afetar os proprietários, a educação por exemplo, era e ainda permanece sendo algo ameaçador, por esse motivo, os burgueses repudiam educação e obras políticas. O Estado é como uma mão invisível, que atua como um meio de intervenção estatal para realização da livre atividade econômica, facilitando a obtenção da riqueza. Esse tipo de Estado, dava-se origem a teoria liberal. O estado impõe a classe trabalhadora disciplina social, assim, facilitando a exploração. 
1.3 Estado e controle do capital
Nesse tópico a autora usa as teorias de Mézáros, o qual ressalta, que o capital e o trabalho, possuem uma relação social, através de uma operação conjunta. O modo de produção capitalista é baseado na divisão social do trabalho e tem como característica principal, a apropriação da mais-valia. A alienação é algo essencial para esse modo de produção, pois, o capitalismo é uma estrutura totalizadora de controle.
Dentro do capitalismo existem contradições ontológicas da socialização, produção e da privatização da riqueza. Mézáros postula, que o capital possuí um caráter totalizador, como um sistema de controle socio metabólico, articulada como uma estrutura de comando singular, tendo poder regulador das relações sociais. Também é característica do capitalismo, a desigualdade econômica e social, reforçado pelo liberalismo, o qual possuí a proposta de dar mais vantagens para a classe exploradora, a qual obtém cada vez mais lucro nas custas da população pobre.
Os capitalistas sempre possuem o desejo de expansão e acumulação, que causando sérias consequências, devido à crise estrutural. As crises cíclicas, marcam e causam falência na concorrência capitalista, a centralização do capital também efetua expulsões de pequenos capitais do mercado, pois, o capitalismo possuí a necessidade de realizar seus objetivos, passando por cima de todas as barreiras que se posicionem contra os seus interesses. As crises acontecem devido a quebra de integração entre produção e consumo.
O capitalismo produz as crises industriais e ao mesmo tempo tenta contornar esses acontecimentos, justificando as contradições que surgem por consequência desses procedimentos.
O Estado tem como função, administrar a ordem do sistema sócio metabólico, para que ele não perca o autocontrole, através de diferentes formas, porém, nunca exacerbando sua essência, atuando sobre os defeitos estruturais do capital.
Mézáros específica três defeitos estruturais do sistema: 
A produção e seu controle: onde as classes se dividem em quem produz e quem se apropria;
A produção e consumo: a produção excessiva que acarreta vários desperdícios, onde de um lado tá uma produção exorbitante e de outro uma miséria que se alastra pela população elementos constitutivos da lei geral da acumulação;
A produção e circulação: o capitalismo tende a se tornar global, através da esfera planetária, se expandindo e ultrapassando o mercado de consumo, assim, se tornando um capitalismo dominante, seguindo personificações que perpassam barreiras regionais e fronteiras nacionais. O capitalismo, através da exploração, procura acumular riqueza nos países mais avançados de forma desigual e extrair mais-valia nos países periféricos.
 O Estado, possuí a função de tratar os problemas estruturais do sistema capitalista, seguindo a lógica capitalista, através da coesão artificial, criando diversas formas, desde investidas diretas a políticas sociais. O Estado é responsável pelo desenvolvimento da estrutura econômica, intervindo e atuando na reprodução do capital, regulamentando a manutenção e funcionamento do sistema capitalista dentro da indústria.

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