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PRESCRIÇÃO, ADAPTAÇÕES POSTURAIS E TREINAMENTO 
PARA USUÁRIOS DE CADEIRA DE RODAS 
FABRÍCIO RODRIGUES 
ROBERTA RODRIGUES 
 INTRODUÇÃO 
O registro do uso de cadeiras de rodas como alternativa para a locomoção data de antes de Cristo; contudo, a 
uilização desses meios para mover-se apresentava caráter mais de segregação do que de inclusão. Ademais, 
até o início do século XX, as cadeiras de rodas não passavam de estruturas pesadas, usualmente de madeira e 
incapazes de serem autopropulsionadas. Eram, também, produtos pouco populares e caros, geralmente restritos 
àqueles mais abastados.1 
Assim como vários outros campos da reabilitação, a qualidade das cadeiras de rodas avançou muito a partir das 
demandas trazidas pelos soldados incapacitados por lesões provenientes dos combates ocorridos na Primeira 
e na Segunda Guerras Mundiais. A partir de então, cadeiras pesadas e de madeira assumiram design compacto, 
com estrutura em aço ou alumínio, mais leves e funcionais. 
A leveza das cadeiras de rodas e a viabilidade de serem propulsionadas pelo próprio cadeirante permitiram a 
inclusão progressiva de seus usuários na sociedade. Cabe salientar o importante papel do esporte adaptado 
como agente divulgador e difusor dos potenciais dos cadeirantes para a sociedade, que encarava essas 
pessoas, até então, somente como desafortunadas e incapazes. 
A arquitetura urbana desfavorável, presente em alguns países subdesenvolvidos, é ainda fator limitante ao 
processo de inclusão de cadeirantes, já tão avançado nos países desenvolvidos.1Apesar dos avanços 
tecnológicos e das mudanças paradigmáticas atuais, ainda se mantêm visões equivocadas sobre a utilização da 
cadeira de rodas, como castigo ou sinônimo de invalidez e de infelicidade. No entanto, o fornecimento adequado 
dessas cadeiras é imperativo para o sucesso da reabilitação de pessoas sem marcha funcional. 
Historicamente, a prestação de serviços para cadeira de rodas não tem sido parte integrante dos serviços de 
reabilitação. Isso se deve a muitos fatores, incluindo falta de conscientização, escassez de recursos, ausência 
de produtos apropriados e de profissionais de saúde e de reabilitação devidamente capacitados para a 
prescrição adequada.2 
O profissional de reabilitação, por outro lado, frequentemente se depara com situações de resistência inicial do 
paciente e/ou dos familiares para a utilização da cadeira de rodas. Isso ocorre por preconceito ou pela negação 
da condição motora atual, ou, ainda, pelo temor de que o uso de uma cadeira de rodas repercuta negativamente 
sobre o prognóstico de marcha. 
 
Quanto à possível repercussão negativa sobre o prognóstico de marcha, é imprescindível a abordagem 
multidisciplinar para que as etapas do processo de enfrentamento sejam reconhecidas e respeitadas em suas 
particularidades. Dessa forma, antecede esse processo, em alguns casos, a avaliação dos aspectos clínicos e 
neuropsicológicos do paciente. 
A cadeira de rodas deve atender às necessidades individuais do usuário, levar em conta suas condições 
ambientais e oferecer suporte postural, além de ser segura e durável. Assim, a prescrição da cadeira de rodas 
envolve, também, a adequação da postura e o treinamento do cadeirante. 
 OBJETIVOS 
Após a leitura deste artigo, o leitor será capaz de: 
 
 compreender a importância da prescrição adequada de cadeira de rodas para garantir a 
mobilidade do usuário de forma segura, confortável e eficiente; 
 discutir aspectos relevantes para a configuração de uma cadeira de rodas adequada, 
reconhecendo a finalidade dos diferentes acessórios, das tecnologias e dos ajustes 
relacionados; 
 conhecer os principais modelos de cadeiras de rodas disponíveis no mercado e suas 
indicações; 
 identificar estratégias para o treinamento em cadeira de rodas, visando ao melhor 
desempenho e à prevenção de lesões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ESQUEMA CONCEITUAL 
 
 
 
 
 
 TIPOS DE CADEIRAS DE RODAS 
Entre os equipamentos de tecnologia assistiva, a cadeira de rodas é o dispositivo mais comumente utilizado 
pelas pessoas com deficiência para ampliar a mobilidade e permitir o exercício dos direitos humanos, assim 
como sua inserção e participação na sociedade. 
A cadeira de rodas deve atender às necessidades individuais do usuário, considerando as condições ambientais, 
e garantir, além da mobilidade, conforto e segurança.2 
A grande diversidade entre os usuários gerou a necessidade do desenvolvimento de diferentes tipos de cadeira 
de rodas. Para prescrição adequada desse instrumento, é preciso entender bem as necessidades físicas do 
usuário, como ele pretende utilizá-lo e conhecer os diferentes tipos e designs existentes no mercado. Não existe 
um único modelo ou tamanho de cadeira de rodas que possa satisfazer às necessidades de todos os usuários. 
Os modelos de cadeiras de rodas variam para permitir que os usuários possam utilizar suas cadeiras com 
segurança e eficiência nos ambientes onde vivem e trabalham. Merecem atenção especial aqueles ambientes 
com características diferentes entre si, podendo ser necessária a indicação de dois modelos distintos.2 
 
As possibilidades de ajuste de uma cadeira de rodas podem variar de acordo com o modelo, porém as opções 
usualmente disponíveis em alguns locais públicos, como aeroportos e hospitais, não foram projetadas para 
oferecer tais possibilidades.2 
 MATERIAIS 
As cadeiras de rodas são, usualmente, fabricadas em materiais metálicos – os mais populares são o aço e o 
alumínio. O Quadro 1 sintetiza os materiais utilizados para fabricação uma cadeira de rodas. 
Quadro 1 
MATERIAIS UTILIZADOS PARA FABRICAÇÃO UMA CADEIRA DE RODAS 
Material Descrição 
Aço Apresenta baixo custo, é de manufatura simples e barata, mas torna o produto com peso muito 
elevado, dificultando seu manuseio, exigindo maior esforço do usuário para locomoção. Além 
disso, a baixa qualidade da matéria-prima pode levar à quebra prematura de alguns 
componentes da cadeira de rodas, reduzindo a vida útil.3 
Alumínio É mais utilizado na fabricação de cadeira de rodas para usuários permanentes. É reconhecido 
por apresentar a melhor relação custo-benefício. Um pouco mais caro que o aço, o alumínio 
apresenta manufatura simples e relação resistência/peso significativamente melhor.3 
Fibra de 
carbono 
É um material orgânico utilizado para fabricação de cadeiras ultraleves. Estudos mostram que, 
em comparação com os materiais metálicos, a fibra de carbono apresenta maior relação 
resistência/peso e menor deformação, o que lhe confere melhor desempenho. No entanto, por 
ser matéria-prima não metálica, a manufatura da fibra de carbono é mais complexa, sendo 
relatada dificuldade de usinagem e impossibilidade de soldagens.4 
Titânio Apresenta relação resistência/peso ainda mais elevada do que o alumínio e a fibra de carbono. 
Esse material é amplamente utilizado nas indústrias aeronáuticas e de automóveis para redução 
do peso. No entanto, a manufatura requer técnicas e equipamentos extremamente 
especializados, e a matéria-prima é significativamente mais cara do que o alumínio e o aço. 
Assim, as cadeiras de rodas de titânio são as de custo mais elevado do mercado.4 
As diretrizes clínicas atuais recomendam cadeiras de rodas ultraleves como as mais adequadas para usuários 
ativos. O peso reduzido dessas cadeiras ajuda a preservar os membros superiores, diminuindo a força 
necessária para propulsão; além disso, essas cadeiras são mais duráveis.3 O alumínio é o material mais popular 
utilizado na estrutura das cadeiras de rodas ultraleves.3 
 
As cadeiras de rodas manuais (CRMs) ultraleves, com designs modernos, despojados, que permitem ajustes e 
acessórios para atender às demandas individuais do usuário, são consideradasde alta performance e estão em 
franco desenvolvimento no campo da engenharia de reabilitação. 
 CADEIRA DE RODAS MANUAL 
A CRM é a cadeira impulsionada pelo próprio usuário ou empurrada por outra pessoa.2 As CRMs se 
desenvolveram rapidamente nos últimos 15 anos. Até há pouco tempo, existia um único modelo de CRM, em 
apenas uma cor.1 
A Figura 1 ilustra as principais partes que compõem uma CRM.2 
 
Figura 1 – Partes da CRM. 
Fonte: Organização Mundial da Saúde (2014).2 
As primeiras CRMs eram tradicionalmente constituídas por estruturas tubulares de ferro e assentos e encostos 
suspensos em tecidos ou nylon. Algumas CRMs apresentavam quatro rodízios pequenos e não eram passíveis 
de autopropulsão. Aquelas de melhor qualidade tecnológica tinham sua estrutura tubular (em formato de X) 
dobrável, para facilitar o transporte.1,5 
Avanços na tecnologia de cadeira de rodas trouxeram melhorias na estrutura das CRMs – alguns incluem o uso 
de materiais como alumínio, fibra de carbono e titânio para reduzir o peso e o tamanho. Ajustes do eixo traseiro 
das rodas favoreceram a transposição de obstáculos por meio da elevação das rodas dianteiras das CRMs. Já 
a tecnologia para a redução da transmissão da vibração através do aro promoveu melhora do desempenho na 
propulsão.5 
As cadeiras de rodas disponíveis em recepções de espaços públicos conservam, essencialmente, as mesmas 
características daquelas produzidas nos anos 1940. Esse tipo de cadeira foi desenvolvido para atender 
temporariamente a uma grande variedade de indivíduos, é mais barato, de baixa manutenção e, portanto, são 
cadeiras mais pesadas, de baixo desempenho e necessitam ser conduzidas por outra pessoa que não o 
usuário.1 
CADEIRA DE RODAS COM QUADRO DOBRÁVEL EM X OU RÍGIDO 
Após a indicação do uso de uma CRM, uma das primeiras decisões envolve a escolha do modelo da estrutura 
do quadro, conforme demonstrado a seguir. 
A CRM pode ser dobrável em X, como apresenta a Figura 2. 
 
Figura 2 – Cadeira de rodas em aço com pintura epóxi, dobrável em X, com apoio para as pernas eleváveis. 
Fonte: Fisiostore (2015).6 
A CRM também pode ser rígida (monobloco), como apresenta a Figura 3. 
 
Figura 3 – Cadeira high performance – cadeira monobloco, estrutura em fibra de carbono, rodas Acrobat que absorvem o impacto, 
reduzindo muito a vibração transmitida ao usuário. 
Fonte: Leichman (2013).7 
 
As CRMs dobrável em X e rígida podem ser encontradas com classificação ultraleve, em alumínio, em fibra de 
carbono e em titânio. 
A CRM com quadro dobrável em X tem estrutura mais flexível, o que favorece o deslocamento em terrenos 
irregulares, pois permite a manutenção do contato das quatro rodas com a superfície. No entanto, parte da 
energia empregada na propulsão se dissipa pela estrutura e não é transmitida às rodas, o que exige maior 
esforço do usuário. Além disso, a grande quantidade de peças móveis acarreta maior peso e fragilidade.8 
Em terrenos mais regulares, a estrutura rígida (monobloco) da CRM permitirá melhor desempenho, por 
transmitir toda a energia da propulsão às rodas, tornando o deslocamento mais efetivo e com menos esforço 
físico. A menor quantidade de peças removíveis confere mais leveza e oferece maior resistência à cadeira.8 
O Quadro 2 lista as vantagens e as desvantagens das diferentes CRMs.8 
Quadro 2 
VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS CADEIRAS DE RODAS MANUAIS 
Modelo Vantagem Desvantagens 
Estrutura 
monobloco 
 Requer menos componentes e, 
portanto, possui melhor relação 
peso/resistência. 
 Normalmente, é mais leve do 
que uma cadeira dobrável em X com as 
mesmas características. 
 Possui menos peças removíveis. 
 O ângulo assento/encosto é, 
normalmente, ajustável. 
 É necessário retirar as 
rodas traseiras para caber no 
carro ou no avião. 
 É mais instável nos 
terrenos irregulares. 
 Demanda espaços 
maiores para ser guardada em 
carros ou em aviões, mesmo 
com as peças removidas. 
Dobrável 
em X 
 Dobrada é mais compacta para 
ser guardada em avião ou carro, sem 
que seja necessária a remoção de 
partes. 
 A flexibilidade da estrutura 
permite que as quatro rodas 
permaneçam em contato com o solo 
em terrenos irregulares, conferindo 
maior estabilidade. 
 Apresenta maior número 
de componentes móveis. 
 Não atende às 
necessidades para a prática 
esportiva e algumas atividades 
de lazer. 
 O ângulo assento/encosto 
não é ajustável. 
CADEIRAS DE RODAS RECLINÁVEIS VERSUS SISTEMA TILT 
As cadeiras de rodas reclináveis e as com sistema tilt permitem a mudança do posicionamento do indivíduo ao 
longo do dia, conferindo-lhe melhor alinhamento postural e funcionalidade, além de favorecer as funções 
fisiológicas, as transferências e a acomodação de contraturas e de deformidades articulares.9,10 
As cadeiras reclináveis e o sistema tilt podem oferecer, ainda, a possibilidade de controle de edema e de 
espasticidade, conferir maior conforto e tolerância da postura sentada e atuar na redistribuição de pressão na 
região sacrococcígea, prevenindo lesões de pele.9,10 
A associação dos sistemas de cadeiras de rodas reclináveis e tilt pode ser encontrada no mercado e atende a 
situações clínicas muito específicas, que não serão abordadas no presente artigo. Os dois sistemas estão 
disponíveis em ambos os modelos, manual e motorizado. 
Particularidades 
As cadeiras de rodas reclináveis permitem a mudança de posicionamento mediantes aumento do ângulo entre 
o assento e o encosto, associado ou não à elevação do apoio para pernas e pés (Figura 4). 
 
Figura 4 – Cadeira com encosto reclinável – modelo em alumínio. 
Fonte: Ortobras (2015).11 
O sistema tilt possibilita a mudança de posicionamento mantendo fixa a posição do conjunto 
quadril/joelho/tornozelo, permitindo, dessa forma, a redistribuição da pressão de uma área (sacro e ísquios) para 
outra (região posterior do tronco e cabeça). 
A Figura 5 apresenta uma cadeira de rodas com sistema tilt. 
 
Figura 5 – Cadeira com sistema tilt – modelo em aço. 
Fonte: Ortomix (2015).12 
Tanto o sistema reclinável quanto o tilt atendem a uma variedade de indicações. Algumas estão abordadas no 
Quadro 3.9,10 
Quadro 3 
INDICAÇÕES DE CADEIRAS DE RODAS COM SISTEMAS RECLINÁVEL E TILT 
Indicação Descrição 
Alinhamento postural e 
funcionalidade 
A cadeira de rodas reclinável e o sistema tilt alteram o centro de gravidade do 
indivíduo, favorecendo o controle cervical e do tronco, promovendo maior 
estabilidade. Ambos podem ser indicados para favorecer aspectos funcionais, 
como o alcance, além de aumentar a segurança nos deslocamentos em 
declives. 
Transferências e funções 
biomecânicas 
Os dois sistemas podem possibilitar posicionamento que minimize o esforço 
necessário para transferências, contribuindo para prevenção de lesões por 
esforço tanto do usuário quanto do cuidador. 
Espasticidade O sistema tilt contribui para a manutenção da postura ideal nos indivíduos cuja 
espasticidade é agravada pelo aumento do ângulo entre o encosto e o 
assento. 
Contraturas e deformidades 
ortopédicas 
Na presença de contratura e de deformidades, os dois sistemas podem ser 
indicados para promover o posicionamento mais adequado, acomodando e 
respeitando as limitações de movimento do indivíduo. 
Alívio de pressão/prevenção de 
lesões de pele 
A combinação entre um dos dois sistemas e outros recursos disponíveis, como 
almofadas e o apoio elevável para pernas, pode contribuir para prevenção das 
úlceras por pressão. O sistema tilt evita o deslizamento, principalmente do 
tronco sobre o encosto, prevenindo lesões por cisalhamento 
 
O apoio elevável para pernas permite a mudança do posicionamento na cadeira de rodas, estendendo os joelhos 
do indivíduo. Esse recurso é indicado, normalmente, em associação com o sistemareclinável ou o tilt. Assim, 
além de contribuir para o controle do edema, o apoio elevável para pernas proporciona maior conforto e 
tolerância da postura sentada e atua na redistribuição de pressão, auxiliando na prevenção de lesões de pele. 
 
Para prescrição adequada da cadeira de rodas, é imprescindível aliar o conhecimento das características e das 
possibilidades de cada sistema à compreensão das particularidades de cada indivíduo. 
 
 
 
 CADEIRA DE RODAS MOTORIZADA 
A cadeira de rodas motorizada foi idealizada para atender à necessidade de deslocamento independente com 
mínimo esforço físico. Em 1937, os norte-americanos Everest e Jennings patentearam seu modelo e reinaram 
como os principais fornecedores de cadeiras de rodas motorizadas dos Estados Unidos da América até o fim 
dos anos 1970.1 
Desde então, os modelos motorizados evoluíram de forma surpreendente e vão, aos poucos, tomando conta do 
mercado. Esses modelos buscam atender às necessidades individuais considerando os aspectos da adequação 
postural e da mobilidade. Aliados aos muitos recursos para o posicionamento, há também recursos para o 
deslocamento em todos os tipos de terrenos e transposição de obstáculos, além de vasta possibilidade de se 
controlar sua velocidade e sua direção.5,13 
 
A indicação da cadeira de rodas motorizada deve ser considerada quando o indivíduo apresentar força 
insuficiente para propelir uma CRM de forma independente em tempo integral, quando houver necessidade de 
economia de energia durante deslocamentos por longas distâncias e quando a mobilidade motorizada permitir 
maior independência em sua vida diária, incluindo trabalho e lazer. Merece destaque o papel da avaliação das 
habilidades cognitivas e perceptuais do paciente.13 
As cadeiras de rodas motorizadas são classificadas considerando-se a função ou a intenção de uso, conforme 
apresenta o Quadro 4.1,5,13 
Quadro 4 
CLASSIFICAÇÃO DAS CADEIRAS DE RODAS MOTORIZADAS CONSIDERANDO-SE A 
FUNÇÃO OU A INTENÇÃO DE USO 
Modelo Descrição 
Indoor Destinado à utilização em ambientes protegidos, demanda pouco espaço para manobras e 
possui motores e baterias de baixa potência e autonomia, o que compromete o uso externo. 
Comumente desmontável, o encosto e o assento são em tecido. É possível transportar essas 
cadeiras em porta-malas de veículos pequenos. 
Outdoor Concebidas para uso na rua e no transporte público, essas cadeiras apresentam motorização e 
baterias de grande autonomia e desempenho. Em geral, são pesadas, com mais de 60kg. 
Possuem sistema de amortecimento e quadro monobloco, encosto e assento em material rígido. 
Oferecem acessórios como lanternas e faróis, sistemas de acionamento automático para 
posicionamento do assento (sistema tilt com acionamento automático etc.) e outros itens de 
conforto. Há várias opções de acionamento, como joysticks, hastes, sopro, botoeiras etc.. 
Indoor/outdoor Atendem às demandas de deslocamento em casa, na escola, em escritórios e em alguns 
lugares da comunidade, desde que tenham terrenos regulares sem grandes obstáculos. As 
baterias permanecem pequenas, mantendo a autonomia reduzida 
 
As Figuras 6 e 7 apresentam modelos de cadeira de rodas indoor. 
 
Figura 6 – Modelo indoor. 
Fonte: Easy Med Online (2015).14 
 
Figura 7 – Modelo indoor. 
Fonte: Hospitalar Brasil (2015).15 
A Figura 8A e B apresenta os modelos de cadeira de rodas indoor e outdoor. 
 
Figura 8 – A) Modelo de tração dianteira indoor. B) Modelo outdoor. 
Fonte: Invacare (2015);16 Heartway USA (2014).17 
O par de rodas diretamente ligado à motorização da cadeira será chamado, neste artigo, de rodas motrizes. Elas 
vão determinar o tipo de tração e são responsáveis pela potência e pela orientação, mas não conferem direção 
à cadeira. 
Em cadeiras de rodas motorizadas, a tração (dianteira, central ou traseira) interage com outros fatores, como o 
tamanho da cadeira, o dispositivo para controle, a programação, e influencia o potencial e o desempenho do 
usuário.13 
 
É preciso aliar ao conhecimento dos tipos de tração e a suas características uma avaliação criteriosa dos 
aspectos físicos, clínicos e cognitivos do indivíduo, bem como suas necessidades e expectativas, que definirão 
a escolha do equipamento mais adequado. 
O Quadro 5 apresenta vantagens e desvantagens relacionadas a cada tipo de tração.13 
Quadro 5 
VANTAGENS E DESVANTAGENS DA CADEIRA DE RODAS MOTORIZADA 
CONFORME O TIPO DE TRAÇÃO 
Tração Vantagens Desvantagens 
Dianteira  Apresenta menor área de 
giro frontal. 
 Apresenta boa capacidade 
de manobra. 
 Consegue ultrapassar com 
mais facilidade os obstáculos. 
 Apresenta menor velocidade e 
dirigibilidade (cauda de peixe). 
 Balança quando em alta 
velocidade. 
 É difícil de ser operada por 
cuidador ou acompanhante. 
 Alguns usuários podem 
estranhar as características de 
dirigibilidade. 
Média  Apresenta menor área de 
giro. 
 Apresenta excelente 
capacidade de manobra (melhor 
opção para espaços mais 
limitados). 
 Apresenta dirigibilidade 
mais intuitiva (maior facilidade de 
aprendizado). 
 Tem velocidade baixa. 
 Apresenta dificuldade em 
ultrapassar obstáculos. 
 Vibração dos rodízios quando 
em alta velocidade. 
 Difícil de ser operada por um 
cuidador ou acompanhante. 
Traseira  Apresenta maior velocidade 
e dirigibilidade. 
 Apresenta melhor 
desempenho para uso em ambos 
os ambientes, indoor e outdoor. 
 Os controles são de fácil 
uso. 
 É facilmente operada por 
um cuidador ou acompanhante. 
 Apresenta maior área de giro. 
 Apresenta menor capacidade de 
manobra em espaços limitados. 
 É limitada na ultrapassagem de 
obstáculos 
A Figura 9 apresenta os tipos de tração e o arco delimitado no solo – de roda a roda – ao realizar-se uma 
manobra de 360º. 
 
Figura 9 – Tipos de tração e o arco delimitado no solo – de roda a roda – ao realizar-se uma manobra de 360º: A) Tração 
anterior; B) Tração média; C) Tração posterior. 
Fonte: Clinical Corner (2013).18 
Após a definição do modelo e da tração mais indicados, será necessário avaliar as características da cadeira de 
rodas e os acessórios que podem beneficiar o usuário. O tamanho do aro e o tipo de quadro, de pneu e de 
bateria são alguns acessórios disponíveis nos sites dos fabricantes e fornecedores. 
ASSISTÊNCIA MOTORIZADA PARA CADEIRA DE RODAS 
Os programas de reabilitação costumam reforçar que todo indivíduo com capacidade física de propelir 
uma CRM deveria fazê-lo com o intuito de se manter “ativo”; no entanto, aqueles com capacidade física limitada 
para tal vêm percebendo que, muitas vezes, esgotam suas energias apenas tentando alcançar seus objetivos 
e, uma vez que chegam aonde desejam, já não lhes resta energia. A situação é ainda pior para os indivíduos 
que usam a cadeira por 20 ou 30 anos e depois percebem que seus ombros encontram-se irreversivelmente 
desgastados.8 
Durante muitos anos, estiveram disponíveis no mercado apenas três tipos principais de cadeiras de rodas: 
 
 as CRMs; 
 as scooters; 
 as cadeiras de rodas motorizadas. 
 
As CRMs com motores elétricos acessórios, pushrim-activated power-assist wheelchairs (PAPAW), 
recentemente, tornaram-se mais uma opção para os usuários. 
O PAPAW é uma combinação de uma CRM e uma cadeira motorizada, em que um motor elétrico é ligado ao 
aro ou fixado no eixo traseiro, alimentado por uma bateria. Esses dispositivos minimizam a sobrecarga nos 
membros superiores proveniente da propulsão.5,19 
A Figura 10 apresenta o PAPAW em que um motor elétrico é ligado ao aro da cadeira de rodas. 
 
Figura 10 – Smart Drive. 
Fonte: Max mobility (c2015).20 
A Figura 11 apresenta o PAPAW em que um motor elétrico é fixado no eixo traseiro da cadeira de rodas. 
 
Figura 11 – Rodas e-motion. 
Fonte: Matsuy (2012).21A indicação de um modelo motorizado (cadeira de rodas motorizada ou assistência motorizada) deve ser 
considerada mesmo para os indivíduos capazes de propelir uma CRM, com o objetivo de prevenir o uso 
excessivo da musculatura do ombro e suas consequentes lesões. 
Muitos usuários dispõem de CRM para ser usada quando uma cadeira de rodas motorizada é inconveniente, 
contudo usuários de CRM podem contar com uma CRM em casa e, no trabalho, utilizar uma cadeira de rodas 
motorizada.8 
INTERFACES PARA CONTROLE DA CADEIRA MOTORIZADA 
Existe uma variedade de formas pelas quais as cadeiras de rodas motorizadas podem ser controladas. A 
interface mais utilizada é o joystick de quatro direções, mas o terapeuta deve estar atento à necessidade de 
controladores alternativos ou até mesmo de integração entre o sistema de controle da cadeira motorizada e 
outra tecnologia assistiva já utilizada pelo paciente – por exemplo, algum recurso para comunicação alternativa 
ou uso de computadores.1,5 
A Figura 12 apresenta a interface do joystick de quatro direções. 
 
Figura 12 – Joystick tradicional. 
Fonte: Freedom connect (2015).22 
Existem programações diversas que podem ser adotadas para favorecer o controle da direção e da velocidade 
da cadeira motorizada. 
O joystick deve ser adaptado para uso com a parte do corpo em que o indivíduo tenha controle voluntário 
bastante consistente. Esse dispositivo é, normalmente, controlado pelas mãos, mas também se pode utilizar a 
cabeça, os pés, o queixo, os lábios e outras partes do corpo.1,5 
A Figura 13 apresenta um tipo de joystick acionado pelos movimentos da cabeça. 
 
Figura 13 – Controle de joystick com a cabeça. O indivíduo acionará o dispositivo, controlando a movimentação da cadeira de rodas, 
pelos movimentos de flexão e/ou de extensão cervical. 
Fonte: ASL (2012).23 
A Figura 14 apresenta um tipo de joystick acionado pelos movimentos do pé. 
 
Figura 14 – Controle com o pé. Esse joystick é ativado pela movimentação do pé, controlando a cadeira de rodas. 
Fonte: Switch (2014).24 
 
O joystick de controle de cadeira de rodas é uma tecnologia também em franco desenvolvimento, mas ainda 
pouco disponível no Brasil. 
SCOOTERS 
As scooters foram desenvolvidas para atender às necessidades de pessoas com capacidade de deambulação 
diminuída, mas com bom controle de posturas e movimentos. Elas são compostas de assento e guidão sobre 
uma plataforma potentemente motorizada. 
Uma característica bem específica das scooters é ter a velocidade controlada eletronicamente e a direção 
manual. As scooters podem apresentar tração dianteira ou traseira. A tração traseira é a mais utilizada pelos 
usuários ativos.1,13 
A Figura 15 apresenta um modelo de scooter. 
 
Figura 15 – Scooter modelo freedom. 
Fonte: Freedom (2015).25 
 ESCOLHA DO TIPO DE CADEIRA DE RODAS 
A escolha do tipo de cadeira de rodas depende de alguns fatores. Quanto à opção por uma CRM,8 citam-se 
algumas razões, como: 
 
 o paciente deve apresentar força muscular e resistência global suficientes para propelir a 
cadeira de rodas em tempo integral; 
 a maioria das atividades cotidianas é mais facilmente executada em uma CRM; 
 o indivíduo não apresenta quadro álgico em membros superiores; 
 a demanda de deslocamento do indivíduo não representa gasto de energia que 
comprometa seu desempenho nas atividades de interesse. 
No que se refere à escolha de um modelo de cadeira de rodas motorizado (incluída scooter), são pertinentes os 
seguintes aspectos:8 
 
 atentar para o fato de o paciente apresentar força muscular, resistência e capacidade 
funcional insuficientes para propelir uma CRM de forma independente em tempo integral; 
 observar a necessidade de economia de energia durante deslocamentos por longas 
distâncias, como o trajeto para o trabalho ou a escola; 
 analisar se a mobilidade motorizada permite maior independência na vida diária, no 
trabalho e nas atividades recreativas; 
 observar se o paciente possui acesso a transporte pessoal ou público que acomode 
cadeira motorizada ou scooter para viagens mais longas; 
 considerar a cadeira de rodas motorizada como alternativa mais plausível para evitar 
recorrência de lesões por esforço repetitivo de membros superiores; 
 observar se o gasto energético no deslocamento compromete o desempenho nas 
atividades de interesse do paciente. 
 ADEQUAÇÃO POSTURAL 
A seguir, serão apresentados os parâmetros de adequação postural (seating) para uso de cadeira de rodas. 
PARÂMETROS DA CADEIRA DE RODAS 
A partir da avaliação físico-funcional, das informações sobre a rotina do paciente e da avaliação de sua 
capacidade cognitiva de conduzir ou não a cadeira de rodas com segurança, definem-se o modelo de cadeira 
mais apropriado e a configuração que favoreça o desempenho. 
 
A relação entre os componentes da cadeira de rodas e o usuário determina sua mecânica, a estabilidade e a 
biomecânica da propulsão.13,26,27 As medidas e os ajustes deverão buscar a preservação das articulações dos 
membros superiores, bem como o mínimo de gasto energético possível durante a propulsão da cadeira de rodas. 
Existem parâmetros que o profissional deve utilizar como referência para prescrever uma cadeira de rodas que 
atenda às demandas do usuário (Figuras 16 e 17). 
 
A: profundidade do assento; B: altura do encosto; C: altura posterior do assento; D: altura anterior do assento; E: ângulo de fechamento 
do quadro anterior; F: distância entre o encosto e o eixo da roda. 
Figura 16 – Vista do perfil da cadeira de rodas. 
Fonte: Equipament for the Physically Challenged (2015).28 
 
A: largura do assento; B: altura do apoio dos pés; C: cambagem das rodas traseiras. 
Figura 17 – Vista posterior da cadeira de rodas. 
Fonte: Equipament for the Physically Challenged (2015).28 
A seguir, serão descritas as referências básicas necessárias para as cadeiras de rodas.25,26 
Profundidade do assento 
A profundidade do assento da cadeira de rodas corresponde à distância mais posterior das nádegas até, 
aproximadamente, 3cm do ângulo poplíteo. O posicionamento dos joelhos (de 90 a 120°), dos pés e o 
fechamento do quadro anterior também são referências que auxiliam na determinação da profundidade ideal do 
assento da cadeira. Esses detalhes são observados na avaliação da postura no plano sagital.26,27 
Altura do encosto 
A altura do encosto é a medida que influencia no suporte do tronco e na amplitude de movimento dos membros 
superiores. Um encosto mais alto pode garantir bom suporte ao tronco, porém limita a extensão dos ombros, 
que é um movimento necessário para alcançar o aro durante a propulsão da cadeira. Com o encosto mais baixo, 
os membros superiores se movimentam com mais liberdade, contudo se perde em suporte e em estabilidade 
posterior.26 
 
Entre os benefícios de um encosto menor da cadeira de rodas (mais baixo), estão a capacidade para realizar 
movimentos mais livres dos membros superiores e a diminuição na frequência dos movimentos repetitivos 
durante a propulsão. 
 
Os cadeirantes que apresentam comprometimento no controle de tronco se beneficiam de um encosto mais alto 
da cadeira de rodas, com cerca de 2cm abaixo do ângulo inferior da escápula. Para os que não apresentam 
essa complicação, a referência de altura do encosto da cadeira pode ser o início da coluna lombar.26 
Altura do assento ao chão 
Quanto à altura do assento ao chão, a altura anterior do assento também deverá considerar as dimensões dos 
membros inferiores e a sua relação com o suporte dos pés e o fechamento do quadro. Essa medida será 
determinada a partir das dimensões anatômicas da perna (comprimento) e da altura do apoio dos pés. Tais 
medidas podem facilitar a acessibilidade (fechamento do quadro anterior), bem como a altura apropriada para 
acomodar a almofada.A altura posterior do assento pode facilitar o acesso ao aro de propulsão, favorecendo o deslocamento. Muitos 
indivíduos com dificuldades no controle de tronco aumentam a altura anterior do assento da cadeira de rodas 
para favorecer a estabilidade (Figura 18A e B).26,27 
 
Figura 18 – A) Altura posterior do assento mais elevada que a anterior. B) Altura anterior do assento mais elevada que a posterior. 
Fonte: Engström (2002).21 
 
Diferenças entre as alturas anterior e posterior do assento das cadeiras de rodas de até 10cm favorecem a 
manutenção do equilíbrio de tronco durante a propulsão e o alcance ao solo, bem como auxiliam no controle da 
espasticidade sem promover o aumento da pressão isquiática. A altura posterior deverá ser sempre inferior à 
anterior.29,30 
Largura do assento 
A largura do assento da cadeira refere-se à máxima largura do quadril, incluindo partes moles, quando o 
indivíduo está sentado sobre os ísquios. É possível acrescentar 1 a 2cm, considerando a possibilidade de 
variações na vestimenta do paciente. 
 
A adequação da largura do assento da cadeira de rodas é essencial para evitar inclinações laterais do tronco, 
na tentativa de manter a estabilidade. Tal situação poderá comprometer o alinhamento do tronco.26,27 
Ângulo entre o encosto e o assento 
Em relação ao ângulo entre o encosto e o assento, a inclinação apenas do encosto, em torno de 120°, é capaz 
de reduzir a pressão sobre a área da tuberosidade isquiática, porém causa grande deslocamento dessa 
proeminência óssea (cerca de 6cm). 
São necessárias mais pesquisas acerca dos efeitos da fricção e da pressão sobre a superfície do assento pelo 
deslocamento da tuberosidade isquiática para determinar se, de fato, existem benefícios em reclinar apenas o 
encosto.5,26 
Posição anteroposterior do eixo das rodas traseiras 
A posição anteroposterior do eixo das rodas traseiras influencia dois aspectos relevantes da mobilidade na 
cadeira de rodas: estabilidade e propulsão. Embora o posicionamento das rodas traseiras colocadas 
posteriormente melhore a estabilidade, também limita a habilidade do usuário em alcançar o aro, que está mais 
posterior, reduzindo, assim, a capacidade de impulsão. Ao mover as rodas para frente, há melhora na 
capacidade de propulsão, porém reduz-se sua estabilidade.5,13,26 
 
A posição ideal das rodas traseiras das cadeiras de rodas é detalhe a ser definido pelo usuário, baseado na sua 
percepção de estabilidade e de como irá propulsionar a cadeira com maior facilidade. 
As rodas traseiras das cadeiras de rodas devem ser posicionadas o mais anterior possível, desde que isso não 
prejudique a estabilidade da cadeira, ou seja, que não comprometa o centro de gravidade (distância entre o 
encosto e o centro da roda traseira). Essa posição favorece o aumento da amplitude de movimento do ombro e 
a menor necessidade de movimentos repetitivos e de força sobre o aro durante a propulsão do auxílio. Dessa 
maneira, reduzem-se os riscos de lesão dos membros superiores. Outro benefício é que o comprimento da 
cadeira de rodas diminui, facilitando a realização de manobras circulares, pela redução da inércia rotacional do 
sistema.13,26 
Posicionamento vertical das rodas traseiras 
Quanto ao posicionamento das rodas traseiras, a distância vertical entre a roda traseira em relação ao assento 
influencia na biomecânica da propulsão. A altura ideal do assento é determinada pelo ângulo de flexão do 
cotovelo quando o usuário segura no topo do aro mantendo o cotovelo em um ângulo de 100 a 120° de flexão. 
Com o membro superior nessa posição, existe maior eficácia na propulsão e baixo gasto energético. Um assento 
mais baixo e o ângulo de flexão do cotovelo entre 80 e 90° implicam menor eficiência da propulsão e maior gasto 
energético.5,26 
 
Uma CRM com a possibilidade de ajustes nos seus eixos vertical e horizontal pode facilitar a propulsão e reduzir 
os riscos de lesão dos membros superiores.5 
Suporte das pernas e dos pés 
O posicionamento inadequado das pernas e pés pode interferir na pressão sobre o assento, no conforto e na 
estabilidade do usuário, além da habilidade em realizar as manobras. Quando o suporte para os pés está muito 
baixo, a pressão sobre o assento tende a aumentar, uma vez que o peso das pernas e dos pés empurra o forro 
da cadeira para baixo, comprimindo-o sobre o assento. Com a falta de apoio nos pés, os tornozelos tendem a 
permanecer em equino, aumentando o risco de encurtamento dos músculos plantiflexores. 
A falta de um suporte anterior para os pés torna a progressão da cadeira de rodas instável e perigosa. Quando 
o suporte para os pés está muito alto, em contrapartida, e a coxa não está completamente apoiada sobre o 
assento, pode haver aumento da pressão sobre as nádegas. O ângulo do joelho pode ser usado como referência 
para posicionar o suporte dos pés. Geralmente, o suporte do pé é posicionado de forma que o joelho mantenha 
flexão de 90 a 120°. 
Ao posicionar os joelhos fletidos acima de 90º, o apoio do pé ficará em posição recuada, o que é favorável para 
a realização de manobras, uma vez que haverá redução na profundidade da cadeira de rodas. Adicionalmente, 
pode-se optar pelo fechamento anterior do quadro, reduzindo-se também a largura anterior da cadeira em 
2,5cm.26,27 
Cambagem das rodas traseiras 
A cambagem das rodas traseiras, que é a aproximação da parte superior das rodas e o consequente 
alargamento da base da cadeira de rodas, tem sido utilizada, principalmente, nas cadeiras de rodas esportivas, 
visto que proporciona maior estabilidade. 
Esse posicionamento traz algumas vantagens ao atleta, que precisa de agilidade para a realização das 
manobras, como os movimentos circulares e as mudanças bruscas de direção. Em adição, a aproximação dos 
aros de propulsão facilita o seu alcance e reduz a necessidade de abdução dos ombros, trazendo repercussões 
interessantes à propulsão.26,27 
Nas CRMs utilizadas para locomoção ao longo do dia, a cambagem traz as mesmas vantagens, porém a 
circulação em alguns espaços pode ser mais restrita, pois aumenta a largura total da cadeira, o que pode 
dificultar a sua acessibilidade.2 
ACESSÓRIOS 
Existe uma série de acessórios para cadeira de rodas; entre eles, diferentes tipos de rodas, pneus, aros de 
propulsão e almofadas. Esses acessórios deverão ser escolhidos, sobretudo, considerando-se o uso ao qual a 
cadeira se destinará, mas também devem ser respeitadas as preferências pessoais do paciente e os aspectos 
estéticos. 
Rodas traseiras 
Existem diferentes tipos de rodas traseiras para cadeiras de rodas, com variações de tamanho, de peso e de 
material. Uma roda maior favorece mecanicamente a propulsão; porém, caso esse tamanho afete o 
posicionamento ideal dos membros superiores, essa vantagem mecânica não acontecerá.13 
 
Usualmente, as CRMs de adultos têm rodas com aro de 24 polegadas (aproximadamente, 61cm).2 
O design das rodas traseiras da cadeira de rodas desempenha papel preponderante na transmissão de vibração 
e na distribuição de massa do sistema. Tradicionalmente, as rodas traseiras são produzidas em plástico ou em 
aço. Mais recentemente, a fibra de carbono tem sido usada para produzir rodas mais leves. Além da redução de 
peso, elas minimizam a transmissão de vibração para o quadro, o que é altamente benéfico, pois a vibração 
pode causar desconforto, fadiga e até agravar a hipertonia muscular e a dor.26 
 
As rodas traseiras das CRMs devem ter o sistema quick-release, que permite sua rápida montagem e 
desmontagem, tornando o transporte mais prático.31 
Rodas dianteiras 
O tamanho das rodas dianteiras das cadeiras de rodas afeta significativamente a estabilidade dinâmica, uma 
vez que rodas maiores podem passar sobre obstáculos sem travar e tombar para frente. Esses acessórios 
precisam de mais espaço para girar, conquanto o desenhoda cadeira de rodas precisará ser mais comprido ou 
mais largo para haver espaço para os pés do usuário. 
 
Os aros maiores das rodas das CRMs são usados, principalmente, para terrenos mais acidentados, ao passo 
que aros menores conferem mais agilidade em terrenos planos.2 
As rodas dianteiras, geralmente, têm diâmetros que variam de 4 a 8 polegadas (aproximadamente, de 10 a 20cm 
respectivamente), com diferentes formas de fixação. O design dos garfos é pensado com o propósito de 
absorção de impactos, por causa dos pneus maciços (Figura 19). 
 
Figura 19 – Leg frogs. 
Fonte: Arquivo de imagens dos autores. 
Rodas antitombo 
As rodas antitombo (Figura 20), como o próprio nome sugere, auxiliarão na prevenção de quedas posteriores da 
cadeira de rodas. Elas podem ser unilaterais ou bilaterais. 
 
As rodas antitombo estão indicadas para pacientes que não conseguem domínio completo da cadeira de rodas 
ao transpor obstáculos na posição empinada.31 
 
Figura 20 – Rodas antitombo. 
Fonte: Arquivo de imagens dos autores. 
Pneus 
Existe uma gama de pneus tanto para a roda dianteira quanto para a traseira de cadeiras de rodas. A escolha, 
assim como a das demais peças, deverá considerarar a destinação da cadeira(terrenos que usualmente serão 
frequentados, capacidade funcional do usuário, quem a conduzirá e quanto se pretende investir no 
equipamento). 
Ao selecionar os pneus das rodas traseiras das cadeiras de rodas, duas opções estão disponíveis no 
mercado:2,26 
 
 pneumáticos – promovem a absorção do impacto e da vibração, melhorando, assim, o 
conforto dos usuários; 
 maciços – ainda são comumente usados porque exigem pouca manutenção, já que não 
há risco de esvaziamento por furo. 
Usualmente, o pneu traseiro da cadeira de rodas será pneumático, e o dianteiro, maciço; contudo, por exemplo, 
para uso em ambientes internos (terrenos planos), o pneu traseiro maciço pode ser mais vantajoso, por facilitar 
a propulsão. Pneus dianteiros pneumáticos auxiliarão na absorção do impacto, mas dificultam a dirigibilidade. 
Assim, deve-se avaliar criteriosamente a vantagem que de fato esse acessório trará ao usuário da cadeira. 
 
Os pneus das cadeiras de rodas devem ser frequentemente calibrados e devem estar inflados em 50% ou mais 
de sua pressão.32 
Aro de impulsão 
O aro é necessário para os indivíduos que propulsionarão sua própria cadeira de rodas. É a interface entre o 
usuário e a cadeira. Para indivíduos dependentes de terceiros, é possível até mesmo retirar os aros, a fim de 
reduzir a largura total da cadeira, conseguindo, assim, maior facilidade no deslocamento e na manobra em 
ambientes estreitos. 
Os aros de cadeiras de rodas disponíveis no mercado variam em tamanho e em material. Considerando-se a 
biomecânica da propulsão, um aro mais anatômico e flexível pode favorecer o uso do membro superior, 
reduzindo a sobrecarga durante o deslocamento. 
Estudo investigou a atividade dos flexores de punho e de dedos utilizando-se um aro flexível em comparação a 
um aro padrão. Nesse estudo, as cadeiras de rodas foram propulsionadas em diferentes terrenos, com 
irregularidades e desníveis.33 O uso do aro flexível na cadeira de rodas reduziu significativamente a atividade 
dos flexores de punho e de dedos em comparação ao uso do aro padrão, indicando que, ao longo de anos, os 
aros flexíveis podem minimizar a sobrecarga dos membros superiores. 
O formato do aro também parece interferir no desempenho, bem como a forma de fixação à roda. 
Adicionalmente, um estudo que utilizou aros em forma oval no lugar de aros tubulares observou redução dos 
sintomas dos membros superiores.34 
Para cadeirantes com potencial para tocar sua cadeira de rodas, mas que apresentam dificuldades para a 
preensão do aro – como é o caso, por exemplo, de indivíduos com tetraplegia ou artrite reumatoide –, um aro 
com pinos pode favorecer a propulsão (Figura 21). 
 
Figura 21 – Aro com pinos. 
Fonte: Arquivo de imagens dos autores. 
O uso de coberturas dos aros em materiais mais aderentes, vinil, por exemplo, tem sido recurso atual mais 
utilizado para o favorecimento dessa preensão do aro.34 Existem diferentes tipos de protetores de roupa e dos 
aros, variando em forma, em material e em posicionamento. A escolha deverá atender à preferência do 
usuário,33 havendo, inclusive, os que dispensam o uso desses acessórios. 
Almofadas 
A úlcera de pressão, usualmente ocasionada por períodos prolongados na posição sentada, ainda é umas das 
complicações secundárias mais comuns em pessoas com lesão medular, ocorrendo em mais de 50% desses 
indivíduos ao longo da vida.5,35 
As almofadas das cadeiras de rodas desempenham duas funções básicas: 5,35 
 
 contribuir para uma postura funcional, equilibrada e estável; 
 redistribuir a pressão das áreas críticas (tuberosidades isquiáticas e sacra) para outras 
regiões de maior superfície, reduzindo os picos de pressão sobre essas proeminências ósseas. 
 
A prescrição de almofadas em cadeiras de rodas está baseada na percepção e na antecipação do risco de 
determinado perfil de paciente em desenvolver úlcera de pressão. 
O profissional de saúde que indica o uso de almofada em cadeiras de rodas deve compreender e avaliar a 
capacidade de redistribuição da pressão dos diferentes tipos de almofadas. Ao indicá-la, devem-se avaliar 
alguns detalhes, como: 
 
 grau de pressão reduzida e redistribuída; 
 efeitos na temperatura; 
 nível da lesão medular; 
 habilidade no alívio da pressão; 
 técnica de transferência; 
 estilo de vida do indivíduo. 
 
Além de reduzir os riscos de úlcera de pressão, a almofada na cadeira de rodas deverá promover postura 
adequada e estável ao usuário. Essa almofada pode ser confeccionada em diversos materiais (espuma, gel, ar, 
água), adaptáveis aos diversos tipos de cadeiras de rodas.5 
Alguns estudos realizaram o mapeamento de pressão na tentativa de determinar qual tipo de almofada oferece 
maior alívio de pressão e, consequentemente, menor risco de ocorrência de úlceras no cadeirante. Apesar de 
instrumento relevante para comparar as características de distribuição de pressão da almofada, o mapeamento 
será apenas um dos componentes da avaliação, e não a sua principal parte.5,35 
O Quadro 6 apresenta uma comparação entre os tipos de almofadas para cadeira de rodas.5,35 
Quadro 6 
VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS ALMOFADAS PARA CADEIRA DE 
RODAS 
Tipo Vantagem Desvantagem 
Espuma  É mais barata e leve. 
 Está disponível em 
diferentes densidades. 
 Fornece estabilidade. 
 Pode ser ajustada para alívio 
de pressão. 
 Não apresenta vazamentos. 
 Apresenta 
desgaste mais rápido. 
 Apresenta perda 
da forma; com o 
tempo, pode ser 
deformada e provocar 
lesões. 
Gel  Apresenta excelente 
distribuição da pressão e é 
bastante confortável. 
 Há possibilidade de inserção 
suplementar para o apoio das 
coxas. 
 É mais pesada. 
 Apresenta 
possibilidade de 
vazamento. 
 Apresenta 
menor capacidade de 
absorção de impacto. 
 Apresenta 
alguns modelos 
permitem que o gel 
seja deslocado para as 
regiões laterais 
(deformação). 
Ar  É leve. 
 Há possibilidade de 
distribuição de pressão uniforme ou 
variada. 
 Apresenta boa durabilidade 
se adequadamente inflada. 
 Alguns modelos permitem 
que sejam infladas para atender as 
necessidades especiais do usuário. 
 É menos 
estável. 
 Apresenta 
possibilidade de 
vazamento. 
 Há necessidade 
de manutenção 
frequente para garantia 
da pressão apropriada. 
 
 
Algumas estratégias para a prevenção de úlceras de pressão aliam o uso das almofadas às técnicas de alívio 
de pressão. Os guias de prática clínica, geralmente, indicam a realização de manobras de alívio de pressão 
durante aproximadamente 30 segundos a cada 30 minutos, porém evidências clínicas mostramque seria 
necessária ao menos uma realização da manobra de alívio de 4 em 4 minutos para gerar a completa recuperação 
da oxigenação dos tecidos e auxiliar efetivamente na prevenção das úlceras.35 
A inclinação anterior e lateral do tronco é boa alternativa de alívio de pressão, não sendo necessária a elevação 
de todo o corpo pelos membros superiores. Esse tipo de orientação não gera sobrecarga articular e muscular 
dos membros envolvidos (Figuras 22A e B).35 
 
Figura 22 – Posicionamentos para alívio de pressão. A) Inclinação anterior do tronco. B) Inclinação lateral do corpo. 
Fonte: Kaupankg (2012).35 
O quadro 7 apresenta pontos-chaves quanto ao uso das almofadas em cadeiras de rodas.5 
Quadro 7 
PONTOS-CHAVES QUANTO AO USO DAS ALMOFADAS EM CADEIRAS DE RODAS 
 Não há um único modelo de almofada apropriada para todos os pacientes com lesão medular. 
 O mapeamento de pressão é um instrumento útil na comparação das redistribuições de 
pressão entre as almofadas, porém é importante levar em consideração os fatores citados 
anteriormente, que auxiliarão na escolha da almofada mais adequada. 
 O alívio de pressão realizado com a elevação do tronco por meio dos membros superiores 
não é uma prática aconselhável. Para que esse alívio seja eficiente e proporcione uma circulação 
local adequada, a permanência nessa postura teria que ser prolongada. Isso pode contribuir para um 
aumento no risco de lesões por esforço repetitivo. 
 São necessários mais estudos para determinar os parâmetros de mudanças na postura em 
relação à pressão dos tecidos sobre o assento e fluxo sanguíneo que auxiliem na prevenção das 
úlceras de pressão após a lesão medular. 
 
ADAPTAÇÕES EM CADEIRA DE RODAS 
Apesar da busca pela prescrição de cadeiras personalizadas, existem situações especiais em que a cadeira 
pode necessitar de algumas modificações. Os indivíduos com movimentações involuntárias mais graves ou com 
deformidades ortopédicas que trazem desarmonias posturais podem necessitar de adaptações na tentativa de 
oferecer melhor posicionamento, estabilidade e segurança. 
Entre os objetivos das adaptações, está o de acomodar e posicionar melhor o paciente na cadeira e viabilizar 
ou maximizar o seu potencial funcional. Ressalta-se que nem sempre será necessário corrigir, mas 
simplesmente acomodar determinadas posturas, porporcionando ao cadeirante o equilíbrio entre o conforto e a 
funcionalidade. 
Adaptar uma cadeira de rodas exige habilidade do profissional em avaliar as alterações posturais do paciente e 
encontrar soluções para minimizar o impacto negativo na função, no conforto e na segurança. Quando 
necessário, a adaptação também poderá buscar prevenir deformidades. Esse “quebra-cabeça” composto por 
diversas peças requer trabalho em equipe e estrutura física que permita a finalização de tal processo.37,38 
O apoio de técnicos, o acesso a materiais de boa qualidade e a existência de uma oficina ortopédica são 
essenciais para que a cadeira de rodas idealizada seja efetivamente concretizada. 
As modificações na cadeira de rodas podem variar de simples ajustes – como regular a inclinação do conjunto 
assento/encosto para melhorar o campo visual, por meio da mudança na orientação da linha do olhar – aos 
ajustes mais complexos, que exigem modificações na estrutura do encosto e/ou do assento praticamente 
moldadas às alterações posturais de indivíduos com comprometimentos mais graves. Cada indivíduo é único, 
assim como suas demandas de posicionamento. O detalhe comum a todas as situações é desenvolver um 
auxílio que proporcione função, conforto e segurança ao cadeirante. 
 
Oferecer estabilidade à pelve, à coluna e modificar a inclinação do conjunto assento/encosto (tilt) quando 
necessário são estratégias básicas que regem a adequação postural na cadeira de rodas.37,38 
O melhor resultado que o seating (adaptação postural em cadeira de rodas) deve buscar é uma melhor função 
com conforto para o indivíduo. O seating deverá contemplar uma posição vertical do tronco com a cabeça em 
posição equilibrada. A pelve, o ponto-chave da adaptação, deve estar bem posicionada e alinhada nas três 
dimensões sempre que possível.38 
Levam-se em consideração alguns pontos importantes ao adequar um indivíduo na postura sentada na cadeira 
de rodas, conforme apresenta o Quadro 8. 
Quadro 8 
ASPECTOS PERTINENTES PARA ADEQUAR UM INDIVÍDUO NA POSTURA SENTADA NA 
CADEIRA DE RODAS 
Aspecto Descrição 
Estabilidade da 
superfície de suporte 
A estabilidade é necessária para “ancorar” as partes do corpo que estão ativas e/ou em 
movimento. Essa estabilidade é adquirida com o apoio adequado da pelve, das coxas e dos 
pés. Assim, o indivíduo poderá ser fisicamente ativo, mesmo quando sentado. 
Distribuição da 
pressão 
Para oferecer a estabilidade, não é preciso que o assento seja necessariamente rígido ou 
que ofereça pressão desconfortável às partes do corpo apoiadas sobre ele. Apesar de a 
pressão contribuir para a estabilidade, ela é mais eficiente quando distribuída sobre uma 
superfície larga. Quando concentrada em pequenas áreas, a estabilidade é reduzida. O 
desconforto produzido por pressão excessiva em determinadas áreas do assento pode 
resultar em fadiga muscular quando o usuário tenta estabilizar um tronco instável: no caso 
de alterações da sensibilidade, o indivíduo pode desenvolver úlcera de pressão. 
Suporte às costas O suporte oferecido pelo encosto dependerá do nível de atividade e de estabilidade do 
usuário. O objetivo poderá ser apenas de posicionamento para o conforto ou o de favorecer 
o movimento mais livre dos membros superiores. A forma como a coluna (costas) está 
apoiada determinará a estabilidade da porção superior do tronco. Às vezes, oferecer muito 
suporte quando não é necessário cria uma situação mais cansativa. 
Segurança É importante que o paciente se sinta seguro e firme enquanto sentado. A sensação de 
bem-estar pode aumentar o conforto e, consequentemente, o tempo de permanência e de 
funcionalidade dessa posição. Associado às modificações no assento e no encosto, o uso 
de um cinto de segurança oferece posicionamento e estabilidade adicionais, podendo estar 
posicionado em diferentes angulações, a depender do objetivo almejado 
 
Fonte: Adaptado de Engstrom (2002).37 
 
Outro aspecto relevante a ser considerado sobre as adaptações à cadeira de rodas é minimizar as situações de 
fadiga. 
A seguir, apresentam-se alguns fatores que podem levar à fadiga enquanto sentado em uma cadeira de rodas:37 
 
 estabilidade física exagerada; 
 liberdade de movimento exagerada; 
 desconforto por pressão excessiva em pontos específicos; 
 cadeira de rodas inadequada às atividades/necessidades do pacientes; 
 manter-se sentado por longos períodos. 
O próximo passo na direção de boa performance com a cadeira de rodas ideal será o treinamento. Nessa etapa, 
o usuário aprenderá a forma mais eficiente de utilizar sua cadeira, usufruindo das vantagens de configuração e 
posicionamento adequados. 
 
 TREINAMENTO 
O treinamento é uma etapa essencial para o paciente que utilizará a CRM ou motorizada para a locomoção e, 
sobretudo, para aqueles indivíduos que não tocarão sua cadeira de forma independente. 
O treinamento englobará os cuidados com a cadeira de rodas: 
 
 a forma segura e apropriada de transporte; 
 a forma de propulsão em diferentes terrenos (pelo cadeirante ou por terceiros); 
 a forma de transposição de barreiras arquitetônicas. 
Devem, também, ser treinadas as transferências a partir de e para a cadeira de rodas, buscando-se a eficiência 
e a segurança; além disso, é preciso considerar como retornar para a cadeira de rodas em caso de quedas. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a capacitação dos indivíduos da comunidade da qual o 
usuário da cadeira de rodas participa, garantindo, também,maior adesão e maior consolidação das 
orientações.13 
O Quadro 9 lista as principais áreas de treinamento de usuários de cadeiras de rodas.2,13 
Quadro 9 
PRINCIPAIS ÁREAS DE TREINAMENTO DE USUÁRIOS DE CADEIRAS DE RODAS 
 Transferência da cadeira de rodas. 
 Manuseio da cadeira de rodas. 
 Noções básicas de mobilidade em cadeira de rodas. 
 Prevenção de úlceras por pressão. 
 Prevenção de lesões por esforço repetitivo dos membros superiores. 
 Cuidados da cadeira de rodas e da almofada e, quando for o caso, montagem e 
desmontagem do equipamento. 
 
No treinamento, se a cadeira de rodas a ser utilizada for motorizada, será treinada a direção, e não a propulsão. 
Antes da aquisição dessa cadeira, o paciente deverá vivenciar sua utilização. O treino envolverá a familiarização 
do usuário com o joystick, treinando-se as manobras e os deslocamentos nos diferentes terrenos que o indivíduo 
frequentará. É preciso, também, que o cadeirante esteja ciente da tecnologia envolvida para o funcionamento 
da cadeira e do tipo de manutenção necessário. 
Para a orientação quanto à propulsão da cadeira de rodas, é essencial considerar os tipos e 
os aspectos biomecânicos envolvidos, conforme detalhado a seguir. 
PROPULSÃO 
Mesmo com todos os avanços tecnológicos aplicados à construção das cadeiras de rodas atuais, esses 
dispositivos ainda são considerados aparelhos de baixa eficiência mecânica. Isso significa que a propulsão de 
uma CRM demandará o desprendimento de mais energia em prol do deslocamento.39 
São quatro as formas de propulsão de uma cadeira de rodas – em arco, em laço, semicircular e em duplo laço – 
conforme se vê na Figura 23. 
 
Figura 23 – Técnicas de propulsão. 
Fonte: Sauatzky e colaboradores (2015).40 
As terminologias das formas de propulsão se referem ao desenho formado pela mão ao executar um ciclo 
completo, ou seja, o impulso e a recuperação ao propulsionar a roda da cadeira. O que difere uma forma da 
outra é a maneira como se dá a fase de recuperação, notando-se que a fase de impulso sempre obedecerá a 
uma mesma trajetória, sendo somente mais ou menos curta.1 
O treinamento de propulsão terá como finalidade principal a redução da sobrecarga do membro superior do 
usuário da cadeira de rodas, uma vez que essa tarefa é inerentemente um esforço repetitivo. Estima-se que 31 
a 73% dos indivíduos que conduzem sua própria cadeira de rodas referem dor nos ombros após 10 a 15 anos 
de uso.41 
 
Os cotovelos e, sobretudo, os ombros e os punhos estarão em risco de lesões musculotendíneas mesmo que a 
propulsão da cadeira de rodas seja realizada de forma correta e eficiente. 
BIOMECÂNICA DA PROPULSÃO 
A propulsão da CRM é dividida em duas fases: 
 
 impulsão – dura de 44 a 55% do ciclo total; nessa fase, são ativos os músculos infra e 
supraespinhoso, deltoide anterior, peitoral maior e cabeça longa do bíceps, além de tríceps 
braquial e serrátil anterior. Além disso, forças tangenciais à roda são aplicadas inicialmente 
para cima e, na segunda metade do movimento, para baixo;42 
 recuperação – o indivíduo prepara seus membros superiores para um novo toque no aro. 
Essa fase, que é ativa, pode acontecer de quatro formas distintas, o que determinará qual 
padrão de propulsão está sendo adotado. Nela, deltoide médio e posterior, subescapular e 
supraespinhoso são ativados, além de bíceps braquial e fibras médias de trapézio.43 
O músculo supraespinhoso está ativo durante ambas as fases da propulsão, sem haver a necessária 
recuperação muscular entre as contrações. Esse fato é um dos indicativos do caráter lesivo do ato de propelir a 
cadeira de rodas.43 Outro aspecto a ser considerado, além da contração muscular em si, são as forças que 
atuam sobre as articulações, gerando momentos articulares e forças de cisalhamento. 
Na fase de impulsão, há momento adutor e flexor da articulação glenoumeral, que está, inicialmente, posicionada 
em extensão, em rotação interna e em abdução, estando a escápula retraída. Já na fase de recuperação, ocorre 
um momento adutor e extensor.43 
Em relação às demais articulações, os cotovelos partem de uma postura fletida para uma postura em extensão, 
variando o tempo em cada posição de acordo com o padrão de propulsão adotado. O punho inicia a impulsão 
em extensão e o desvio radial, com o antebraço tendendo a supinação, evoluindo ao longo da fase para flexão 
e desvio ulnar com antebraço em pronação. 
 
A tarefa do ombro na propulsão da CRM seria gerar força, ao passo que o cotovelo e o punho teriam papel 
maior de estabilização articular.39,43 
 
A síndrome do impacto é a lesão por esforço repetido mais comumente associada à propulsão da CRM. 
Contudo, de forma frequente, a síndrome do túnel do carpo também pode ocorrer em razão dos esforços 
excessivos, da repetitividade e pela pressão direta exercida pelo aro da roda da cadeira.41,42,44 
O Quadro 10 lista os fatores que contribuem para o desenvolvimento da síndrome do impacto em indivíduo que 
realiza a propulsão de sua cadeira de rodas.44 
Quadro 10 
DESENVOLVIMENTO DA SÍNDROME DO IMPACTO EM INDIVÍDUO QUE REALIZA 
PROPULSÃO DE SUA CADEIRA DE RODAS 
 Posição abduzida com rotação interna no início da impulsão/final da recuperação. 
 Contrações repetitivas de supraespinhoso e infraespinhoso. 
 Fadiga do peitoral maior e supraespinhoso levando ao aumento da ação do deltoide e à 
consequente elevação da cabeça do úmero. 
 
Há diferenças entre usuários de cadeiras de rodas com paraplegia e tetraplegia. O nível da lesão medular afeta 
o recrutamento muscular durante a propulsão da cadeira de rodas. Os indivíduos com paraplegia demonstram 
aplicação da força mais eficaz na mão durante a propulsão da cadeira de rodas do que pessoas com tetraplegia. 
Isso indica que pacientes com lesões medulares mais altas são ainda mais propensos a lesões dos membros 
superiores em médio e em longo prazo.13 
A técnica considerada mais eficiente e menos lesiva é a propulsão semicircular, pois, graças ao maior tempo de 
contato com o aro, há impulso mais eficiente e menor frequência de toques necessários por minuto.45,46 
O impacto gerado quando a mão do usuário toca o aro para iniciar a impulsão contribui para as lesões em 
membros superiores. Assim, o padrão semicircular, que demanda menor frequência de toques, reduzirá a 
exposição ao risco de lesões.46 Para utilizar esse padrão, o usuário deve deixar as mãos caírem naturalmente 
abaixo do aro depois do movimento de impulsão. As mãos devem seguir o seu curso natural até chegarem ao 
ponto de início do próximo ciclo (Figura 24). 
 
Figura 24 – Formas de propulsão da cadeira de rodas. 
Fonte: Paralized Veterans of America (2008).45 
A propulsão em arco é particularmente eficiente para manobrar a cadeira de rodas em espaços estreitos ou 
quando se deseja uma baixa velocidade de deslocamento ou maior controle da movimentação da cadeira, por 
exemplo.47 
A técnica da propulsão em laço, muitas vezes, é adotada quando as configurações da cadeira não estão 
apropriadas para o indivíduo – quando a cadeira é muito larga ou o assento está alto, por exemplo. O curto 
tempo em que a mão faz contato com o aro na técnica em laço a torna pouco eficiente, de modo que é uma 
forma apropriada de propulsão em terrenos de superfícies macias, onde não há grande resistência aplicada às 
rodas dianteiras.47 
A técnica de propulsão em duplo laço pode ser eficiente quando o cadeirante pretende deslocar-se por longas 
distâncias ou em alta velocidade, sendo mais eficiente caso haja um deslocamento concomitante do centro de 
gravidade à medida que se executa a propulsão (anteriorizando-se e posteriorizando-se o tronco de acordo com 
a posição da mão no aro de propulsão).47 
RECOMENDAÇÕES PARA O TREINO DE PROPULSÃO 
São recomendações que o fisioterapeuta pode indicar ao paciente para o treino de propulsãopara o 
deslocamento em terrenos planos (em terrenos irregulares e íngremes, pode ser mais apropriada a adoção da 
propulsão em arco):45,46 
 
 tocar a cadeira de forma suave e prolongada; 
 reduzir a cadência dos toques; 
 adotar a posição 11-14h; 
 evitar toques rápidos e súbitos no aro; 
 realizar a fase de recuperação de forma semicircular; 
 adotar períodos de repouso. 
A Figura 25 apresenta a posição correta do toque ao aro para propulsão mais eficiente. 
 
Figura 25 – Posição correta do toque no aro para a propulsão mais eficiente. 
Fonte: Arquivo de imagens dos autores. 
 
Em indivíduos hemiplégicos, é possível adotar – para deslocamento domiciliar – a propulsão utilizando-se o 
membro superior e o membro inferior não acometidos. Para maiores distâncias, podem-se considerar as 
alternativas CRM com eixo único ou cadeira de rodas motorizada. É necessário considerar as habilidades 
cognitivas do indivíduo para realizar de forma segura e eficiente esse deslocamento. 
No Quadro 11, são detalhadas as vantagens e as desvantagens dos principais parâmetros ajustáveis com 
objetivo de melhorar a eficiência da propulsão.2 
Quadro 11 
CONFIGURAÇÕES DA CADEIRA PARA MELHORA DA EFICIÊNCIA DA PROPULSÃO 
Aspecto Vantagem Desvantagem 
Anteriorizar as rodas 
dianteiras 
A cadeira de rodas terá resistência a quedas 
para frente quando as rodas dianteiras 
encontrarem um objeto sobre o qual não 
consigam passar. 
Menos peso sobre as rodas dianteiras reduzirá 
a resistência, permitindo, assim, que a cadeira 
se movimente com mais facilidade. 
O comprimento geral da cadeira 
de rodas aumenta, tornando 
manobras em espaços 
pequenos mais difíceis. 
Anteriorizar as rodas 
traseiras 
Acesso mais fácil aos aros de impulsão. Com 
maior ângulo para o movimento de impulso, 
tanto para frente quanto para trás, o usuário 
precisa fazer menos esforço para manobrar e 
girar a cadeira em espaços pequenos. 
Com mais peso do usuário diretamente sobre a 
roda traseira, a cadeira de rodas responde 
melhor às manobras de giro. 
Estabilidade traseira reduzida. 
Adequar a largura do 
assento 
O usuário não precisa estender os braços para 
alcançar os aros de impulsão. 
 
Cambagem das rodas 
traseiras 
A inclinação faz com que as rodas sejam 
aproximadas do usuário, facilitando o 
movimento de impulso. Essa característica pode 
auxiliar particularmente as mulheres, que 
costumam ter ombros mais estreitos e quadris 
mais largos do que os homens. A tração é mais 
fácil ao passar por rampas. 
Uma cadeira de rodas mais 
larga pode não passar por 
portas estreitas. A inclinação 
das rodas torna a cadeira de 
rodas mais larga quando 
dobrada. 
Usar pneus maciços nas 
rodas traseiras 
Pneus mais duros (que deformam menos) 
apresentam menor resistência ao movimento 
sobre superfícies lisas do que pneus mais 
macios, considerando-se os demais fatores da 
cadeira de rodas inalterados. Pneus sólidos não 
apresentam defeitos resultantes de perfuração. 
Pneus duros/sólidos oferecem 
pouca absorção de choque. 
Pneus sólidos são difíceis de 
reparar ou de substituir. 
Usar pneus pneumáticos 
nas rodas traseiras 
Pneus que devolvem energia têm menor 
resistência ao movimento em superfícies 
irregulares do que aqueles que dissipam 
energia. Esses pneus são relativamente fáceis 
de serem reparados em oficinas adequadas. 
Cravos ou ranhuras, como as 
existentes em pneus 
de mountain bikes, provocam 
flexibilidade adicional aos pneus 
e, consequentemente, maior 
resistência. 
Pneus pneumáticos podem 
furar. 
Aumentar a largura, o 
diâmetro e a maciez das 
rodas traseiras 
Rodas traseiras com diâmetro maior podem 
facilitar a movimentação sobre terreno 
acidentado. 
Rodas traseiras maiores e mais 
macias podem dificultar a 
manobra de giro da cadeira, 
principalmente em curvas em 
baixa velocidade e em espaços 
pequenos. Rodas traseiras com 
diâmetro maior tornam a cadeira 
mais difícil de ser transportada. 
Aumentar a largura, o 
diâmetro e a maciez das 
rodas dianteiras 
Uma roda larga com um ponto de protuberância 
no centro da banda de rodagem pode combinar 
pouca resistência sobre superfícies firmes e 
bom desempenho sobre solo macio. Menos 
peso nas rodas dianteiras reduz a sua 
resistência, tornando o movimento da cadeira 
mais fácil. 
Aumentar a área de contato da 
roda dianteira com o solo pode 
dificultar a manobra de giro da 
cadeira, principalmente em 
curvas em baixa velocidade e 
em espaços pequenos. 
 
Para saber mais: 
 
É importante um treinamento físico dos indivíduos que realizarão a propulsão de suas cadeiras de rodas, 
considerando-se as lesões potenciais. Faz-se mandatória a orientação de exercícios voltados não só para a 
flexibilidade muscular, mas também para o fortalecimento da musculatura de ombros e cintura escapular, como 
sugerido no guia Preservation of Upper Limb Function: what you should know, disponibilizado pelos Veteranos 
da América em seu site: www.pva.org.45,46 
 
É equivocada a ideia de que a propulsão da cadeira de rodas é um exercício físico, pois essa ação não deve 
trazer exaustão ao indivíduo; ao contrário, deve-se buscar o mínimo de esforço para o deslocamento nos 
terrenos habituais do paciente. 
Os profissionais de reabilitação devem considerar que a propulsão não é a única sobrecarga imposta aos 
membros superiores, lembrando-se de que as transferências – sobretudo para níveis mais altos – e a altura 
inadequada de armários, pias, bancadas (etc.) levarão à sobrecarga adicional aos membros superiores do 
paciente. Assim, pacientes, familiares e empregadores devem ser orientados a adequar o ambiente, 
minimizando essa sobrecarga nas atividades do cotidiano do cadeirante.13 
O Quadro 12 apresenta uma lista de verificação para a redução do risco de lesão de membro superior na 
propulsão de CRM.13 
Quadro 12 
LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA A REDUÇÃO DO RISCO DE LESÃO DE MEMBRO 
SUPERIOR NA PROPULSÃO DE CADEIRA DE RODA MANUAL 
 Buscar configuração apropriada da cadeira de rodas. 
 Manter bom condicionamento/fortalecimento dos membros superiores do cadeirante. 
 Manter peso corporal apropriado. 
 Treinar o cadeirante quanto à técnica mais apropriada de propulsão. 
 Buscar estratégias para a redução dos riscos ergonômicos, como: 
 eliminar ou evitar atividades que demandem posições extremas do ombro, do cotovelo e do 
punho; 
 adotar pausas e buscar estratégias que favoreçam a recuperação durante a propulsão; 
 reduzir a intensidade e a frequência das atividades identificadas como os riscos de lesão no 
ombro. Exemplos: estratégias de alívio de pressão, alternativas para reduzir a frequência de 
elevações para alívio de pressão; modificações ambientais para reduzir a inclinação da rampa, 
resistência dos terrenos; 
 buscar alternância entre as técnicas de transferências, se possível variando o membro 
superior de apoio e buscando transferências entre os mesmos níveis. 
 
 
Quando a propulsão se torna um esforço que traz repercussões negativas para o cadeirante, deve-se considerar 
a prescrição de uma cadeira motorizada. Há também o PAPAW, que propicia assistência ao deslocamento 
da CRM. Quando o usuário julga necessário, ele ativa esse dispositivo acoplado ao quadro da cadeira, 
possibilitando, assim, um repouso do membro superior.5,19 
 LEGISLAÇÃO 
Considerando-se a integralidade da assistência estabelecida na Constituição Federal, a Portaria nº 116, de 9 de 
setembro de 1993, do Ministério da Saúde (MS) inclui no rol de informações ambulatoriais do Sistema de 
Informação Ambulatorial do Sistema Único de Saúde (SIA/SUS) a concessão de equipamentos de órteses e 
próteses e a adaptação e o treinamento do paciente. Essa portaria já incluía a concessão de cadeiras de rodas. 
Desde 2012, os cadeirantesbrasileiros contam com o serviço de adaptação das cadeiras de rodas. O paciente 
que não consegue utilizar a cadeira de roda padrão fornecida pelo SUS tem o auxílio da rede pública para 
financiar as alterações necessárias. Mais recentemente, em 2013, as Portarias nº 1.272 e nº 1.274 ampliaram a 
gama de produtos concedidos pelo SUS, incluindo a doação de cadeira de rodas motorizada para pacientes que 
necessitem e que tenham condições sensoriais e cognitivas para guiá-la. 
 
A prescrição da cadeira de rodas pode ser feita por fisioterapeuta, por terapeuta ocupacional, por médico ou por 
assistente social (Portaria da Secretaria de Atenção à Saúde [SAS]/MS nº 661). 
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Como citar a versão impressa deste documento 
 
Rodrigues F, Rodrigues R. Prescrição, adaptações posturais e treinamento para usuários de cadeira de rodas. 
In: Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional; Garcia CSNB, Facchinetti LD, organizadores. 
PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia Neurofuncional: Ciclo 2. Porto Alegre: Artmed 
Panamericana; 2015. p. 9-70. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 4).

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