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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS Campus Sorocaba Prática III Extração do Eugenol a partir do botão do cravo Docente: Profº Dr. Aparecido Júnior de Menezes Discentes: Franciny Oliveira Rodrigues R.A.: 641286 Patrícia de Almeida R.A.: 427594 Sorocaba, 25 de Abril de 2017. 1. Objetivos Extrair o Eugenol do botão do cravo a partir da destilação simples e fazendo uso do rotaevaporador. 2. Introdução Teórica 2.1 Óleos Essenciais e Extração por Solvente Os óleos essenciais são constituídos principalmente por monoterpenos, sesquiterpenos, fenilpropanóides, ésteres e são usados, geralmente como misturas, pois suas propriedades estão associadas a vários componentes, que formam a característica de cada óleo em particular. [1] São empregados principalmente como aromas, fragrâncias e fixadores de fragrâncias em composições farmacêuticas e são comercializados na sua forma bruta ou modificada, fornecendo substâncias purificadas como o limoneno, citral, citronelal, eugenol, mentol e safrol. [2] Uma característica bastante importante dos óleos essenciais é a sua volatilidade: uma propriedade derivada do processo de obtenção que geralmente é o arraste do material vegetal com vapor de água.[3] A extração pode ser feita, também, pela prensagem do pericarpo de frutos cítricos, que no Brasil dominam o mercado de exportação. Outra forma de extração é aquela realizada com solventes orgânicos, a qual envolve o uso de compostos como éter, éter de petróleo ou diclorometano, que, entretanto, extraem outros compostos lipofílicos, além do óleo essencial. Por isso, os produtos obtidos assim raramente possuem valor comercial. [7] O processo de extração por solvente é muito utilizado na química orgânica tanto para separar e isolar substâncias de misturas que ocorrem na natureza (presentes em tecidos animais e vegetais) como isolar substâncias dissolvidas de soluções; pode ser usado também para remover impurezas solúveis de misturas. A maioria das extrações consiste de uma fase aquosa e uma fase orgânica. Para extrair uma substância de uma fase aquosa, deve ser usado um solvente orgânico e imiscível com água. Os solventes que têm uma densidade menor do que a da água (1,0 g/mL) constituirão a camada superior na separação, quando forem agitados com água, já os que têm uma densidade maior ficarão na camada inferior na separação. [1,8] 2.2 Eugenol O cravo-da-índia de nome científico Caryophyllus aromaticus L. e família Myrtaceae, é o produto do craveiro da índia. Esta é uma árvore de até 15m, de origem asiática. [8] O cravo é uma flor ainda não aberta em botão, o qual posto a secar adquire cor quase preta de sabor acre e picante. É justamente esse botão e o caule que são empregados por terem o princípio ativo. [8] Dessa planta se extrai, por destilação e em aparelhos especiais, uma essência oleaginosa, fortemente aromática, muito empregada na indústria de perfumes e da Medicina. O cravo é vendido no comércio como condimento, sendo antigo seu emprego na indústria de confeitos, onde é grande seu consumo, em virtude de conferir o agradável sabor a certos tipos de doces, não só de produção doméstica como em fábricas. [2,8] Das sementes de aroma ativo, se extrai o ácido eugênico, incolor e de sabor picante. O conteúdo total de óleo em cravos chega a 15%. O óleo é constituído, basicamente, por eugenol (70 a 80%), acetato de eugenol (15%) e beta-cariofileno (5 a 12%) O óleo de cravo-da-índia contém eugenol (70 a 98%), cariofileno, metil amil acetona, álcool benzílico, ácido eugênico, ácido salicílìco e furfurol. O chamado "óleo-de-cravo" é um produto vegetal muito conhecido, o qual já teve mais aplicado que hoje na medicina popular. [1,8] A nomenclatura IUPAC para o eugenol é 4-Alil-2-Metoxifenol e o número CAS é 97-53-0.2 Sua fórmula estrutural apresenta um fenol e um éster na cadeia principal, como pode ser observado na Figura 1. Figura 1: Fórmula estrutural Eugenol Fonte: <https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/eugenol#section=Top> As especificações técnicas do eugenol são:8 ● Massa molar: 164.20 g/mol ● Densidade: 1.06 g/cm3 ● Ponto de fusão: 9.2°- 9.1°C ● Ponto de ebulição: 255 °C 2.3. Destilação Destilação caracteriza-se pelo processo de vaporizar uma substância, condensar tal vapor e coletar esse condensado em outro frasco. Esta técnica é utilizada para separar uma mistura de substâncias quando um dos componentes apresentam diferentes pontos de ebulição. É considerado, também, como sendo o principal método de purificação de um líquido. [7] A destilação pode ser classificada em quatro métodos: ● Destilação simples; ● Destilação à vácuo, ou sob pressão reduzida; ● Destilação fracionada; ● Destilação por arraste à vapor. É possível, durante o processo de destilação, determinar o ponto de ebulição da substância. O ponto de ebulição é uma constante física usado para identificar líquidos e para avaliar a sua pureza. O ponto de ebulição sendo sensível à variação de pressão é importante conhecer a pressão atmosférica para efetuar a correção do valor encontrado para a grandeza. Dois métodos podem ser usados para determinar o ponto de ebulição de um líquido: através de um sistema de destilação simples, quando se dispõe de um volume considerável do líquido a ser analisado e também através de uma micro-destilação quando se dispõe de uma pequena alíquota da substância. [4,7] É importante salientar o fato de que a primeira e a última alíquotas da destilação devem ser isoladas do destilado e não devem ser utilizadas. A primeira alíquota “carrega” as impurezas recolhidas durante a passagem da mesma pelas vidrarias ou seja, serve para ambientar o sistema. Além disso, também apresenta em sua formação diversas outras impurezas. Assim como a alíquota final, que também apresenta impurezas devido ao ponto de ebulição das mesmas. [4,7] Basicamente, a destilação simples refere-se à separação de substâncias essencialmente puras; de uma substância contida numa mistura homogênea com materiais não voláteis e de líquidos com grande diferença de pontos de ebulição. Essa diferença deve estar próxima de 30° C. [7] Ou seja, destilação só é possível se as substâncias em questão apresentarem volatilidades diferentes ou seja, pontos de ebulição diferentes. Estas diferenças estão necessariamente relacionadas com as forças intermoleculares que cada substância apresenta, as quais dependem das estruturas moleculares, o que implica em diferentes pressões de vapor para as substâncias formadas pela mistura. A pressão de vapor de um líquido a uma dada temperatura é a pressão na situação de equilíbrio e é exercida pelas moléculas que passam para o estado de vapor através da superfície. Pode-se dizer que um líquido entra em ebulição quando a sua pressãode vapor se equivale à pressão atmosférica. Os líquidos que apresentam pressões de vapor mais altas entram em ebulição a temperaturas mais baixas, sendo classificados, por conta disso de mais voláteis. [6,7] 2.4. Rotaevaporador Figura 4: Rotaevaporador. Fonte: SP Labor <http://www.splabor.com.br/blog/evaporador-rotativo-2/evaporador-rotativo-tecnologia-empr egada-na-destilacao/> O Evaporador Rotativo – rotaevaporador ou rotavapor – é um aparelho utilizado para separação de solventes voláteis através da destilação simples, porém à uma pressão reduzida e, consequentemente, à uma temperatura reduzida quando comparada à temperatura de destilação à pressão atmosférica. Este é o princípio básico de funcionamento do evaporador rotativo, equipamento inventado por volta de 1950 por Lyman C. Craig, um químico americano que na época revolucionou a ciência da separação. [9] A amostra que terá suas substâncias separadas é colocada no balão de evaporação, que por sua vez permanece dentro do banho de aquecimento. O motor do evaporador faz rodar este balão aumentando a superfície da qual o solvente se evapora e assim acelerando o processo. A serpentina do condensador, dentro da qual passa água fria, condensa os vapores do solvente que vai pingar no balão de recolha; o solvente assim recolhido pode ser utilizado posteriormente. O condensador e, consequentemente, todo o conjunto fechado é ligado a um sistema de vácuo, desta maneira é possível manter o solvente em uma temperatura baixa e constante. O evaporador rotativo pode ser utilizado para concentrar amostras sólidas ou líquidas, separar solventes com pontos de ebulição diferentes ou ainda realizar uma destilação simples. [9] A possibilidade de manter a temperatura da amostra em níveis abaixo do ponto de ebulição que encontramos em condições ambientes, faz com que o evaporador rotativo seja utilizado em processos que a alta temperatura poderia degradar uma amostra, por exemplo. 3. Materiais utilizados - 25g de Cravo em pó - 50 mL de diclorometamo - 100 mL de Água destilada - 1 funil de separação - Balão de fundo chato - Condensador - Rotaevaporador - Termômetro - Béquer de 50 mL - Garras - Suporte Universal - Manta térmica 4. Metodologia Deu-se início ao experimento pesando em um béquer de 50 mL, 25g de cravo em pó, que em seguida foi transferido ao balão de fundo chato e adicionado 100mL de água destilada. Foi montado um sistema de destilação simples, para que se obtivesse o destilado da amostra em questão (cravo + água destilada), como mostra a figura a seguir: Figura 5: Esquema representativo de um sistema de destilação simples. Fonte: http://www.explicatorium.com/cfq-7/destilacao-simples.html (2017) Deixou-se a amostra destilar por completo, até que não houvesse mais água no balão de fundo chato. A amostra obtida pelo processo de destilação simples foi transferida a um funil de separação, e foram adicionados 50mL de diclorometano, agitado suavemente e extraído a parte aquosa obtida. A amostra final obtida através da separação foi secada com o auxílio de um rotaevaporador, obtendo-se o produto final desejado. 5. Resultados e Discussão O diclorometano, insolúvel em água e de densidade equivalente a 1,33g/cm³ foi utilizado para separar o eugenol da fase aquosa. O diclorometano consiste na fase inferior do funil durante a separação (já que a densidade da água equivale à 1,0g/cm³, e portanto consiste na fase superior) e é chamada de fase orgânica. Esta fase contém, portanto, o eugenol e a mesma foi utilizada para extração do óleo através do rotaevaporador. O ponto de ebulição do eugenol, como citado anteriormente, equivale à 254°C, e o ponto de ebulição do diclorometano equivale à 39,6°C. Logo, o destilado resultante que continha eugenol e diclorometano, quando submetido ao rotaevaporador, se separou em óleo e solvente através de uma diminuição do ponto de ebulição do diclorometano forçado pelo aparelho, propiciando no final somente o óleo essencial de cravo. A técnica utilizada para extração do óleo que consistiu na utilização do diclorometano, proporcionou as seguintes reações químicas: As massas e os rendimentos encontrados estão dispostos na Tabela 1. Grupos Massa Cravo em pó (± 0,0001)g Massa Eugenol (± 0,0001)g Rendimento (m/m %) 1 24,9922 1,0120 4,05 2 24,8753 0,5934 2,38 3 24,4257 0,9662 3,95 4 24,9226 0,7631 3,06 5 24,4923 0,4625 1,89 Média 24,7416 0,7594 3,07 Tabela 1: Resultados referentes à massa e ao rendimento de todos os grupos. Quanto ao rendimento da extração do eugenol a partir do botão do cravo, existem resultados de trabalhos na literatura equivalentes desde 1,87% (m/m) até 15,4% (m/m). [8] Segundo (SIMÕES et al., 2007), a composição do óleo essencial de uma planta é determinada geneticamente, sendo, geralmente, específica para um determinado órgão e característica para o seu desenvolvimento, mas as condições ambientais são capazes de causar variações significativas, ou seja clima com altas temperaturas podem ter favorecido a evaporação parcial de alguns constituintes do óleo. É necessário observar que a amostra-mãe era a mesma para todos os grupos, logo, comparando o rendimento do Grupo 1 com os demais, percebe-se que houve uma flutuação de até 46%, o que indica que houveram alguns erros experimentais ao longo dos demais procedimentos. Porém, é possível ainda dizer que, mesmo assim, o rendimento encontrado por todos os grupos estão dentro do esperado pela literatura. 6. Conclusão A prática experimental nos permite concluir que a técnica de destilação é uma boa opção na extração de óleo essencial presente no cravo-da-índia. É necessário destacar a importância do rotaevaporador, que permitiu uma destilação bastante satisfatória e eficaz do eugenol. Foi possível determinar o rendimento de forma simples e compará-los com a literatura; os possíveis erros em relação ao rendimento do óleo são comuns, visto que há uma larga faixa de rendimentos possíveis. Além disso, qualquer descuido no manuseio e na pesagem do mesmo pode levar ao erro. 7. Referências Bibliográficas [1] BIZZO, H. R.; REZENDE, C. M.; HOVELL, A. M. C. Óleos Essenciais no Brasil: Aspectos Gerais, Desenvolvimento e Perspectivas, Química Nova, disponível em <http://www.scielo.br/pdf/qn/v32n3/a05v32n3.pdf>, acesso em 22 de abril de 2017. [2] CRAVEIRO, A. G.; QUEIROZ, D. C. Óleos Essenciais e Química Fina, Química Nova , disponível em <http://submission.quimicanova.sbq.org.br/qn/qnol/1993/vol16n3/v16_n3_%20%289 %29.pdf>, acesso em 22 de abril de 2017. [3] Destilação por Arraste , disponível em <http://www.qmc.ufsc.br/organica/exp10/arraste.html>, acesso em 22 de abril de 2017. [4] Química Orgânica Experimental I, Departamento de Química Orgânica/UFRGS, QUI02 223, disponível em<http://www.iq.ufrgs.br/dqo/poligrafos/poligrafo_223_ed2012_1.pdf> acesso em 22 de abril de 2017. [5] SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre: UFRGS, 2007. 821p. [6] SOLOMONS, T. W. G.; FRYHLE, C. Química Orgânica. 9. ed. v.1, New York, 2003. [7] VOGEL, Arthur Israel, Qualitative Organic Analysis, 5ª ed./rev. p.166. [8] MOUCHREK FILHO, V. E. Estudos analíticos e modificações químicas por metilação e acetilação do eugenol contido no óleo essencial extraído das folhas da espécie Pimenta dioica Lindl. São Carlos: USP, 2000. 124 p. Tese (Doutorado) - Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2000. [9] Evaporador Rotativo , disponível em <http://www.splabor.com.br/blog/evaporador-rotativo-2/evaporador-rotativo-tecnologi a-empregada-na-destilacao/> acesso em 22 de abril de 2017.
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