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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAS Disciplina: Métodos e Técnicas de Pesquisa Social 1 – 2019/1 – Turma C Professora: Marcela Amaral Aluna: Fernanda de Oliveira Mariano Resenha O Autor ———————————————————————————————— Boaventura de Sousa Santos, hoje com 78 anos, nascido em Coimbra, Portugal. Traz com seu nome, trabalhos conquistados ao longo de sua carreira como cientista social, professor e graduado em Direito, publicações sobre globalização, sociologia do direito e do Estado, epistemologia, democracia e Direitos Humanos. Realizou pesquisas empíricas em favelas do Brasil, em Portugal e em Cabo Verde, o que lhe rendeu a publicação de um de seus principais livros, publicados pela Universidade de Yale, em 1974. ————————————————————————————————————— Um Discurso Sobre as Ciências É evidente o descontentamento do autor com a ciência moderna, tanto que por vários momentos ele faz algumas menções sobre o quão atrasados estamos cientificamente falando. E quando suas reflexões são cheias de sombras do passado, Boaventura passa a refletir sobre o temor do futuro da ciência, onde a mesma nos leva à uma catástrofe ecológica ou à guerra nuclear. Bem referenciado, o autor tem fundamento em suas críticas à revolução científica que levou à ciência moderna. Ele não só cita grandes cientistas que foram percussores do modelo, tal qual Copérnico, Galileu e Newton, como também dá nomes àquele que vai ajudar a defender o seu ponto: Rousseau, aquele que dá resposta a perguntas simples. A crise do paradigma dominante, que acontece tanto por condições sociais como por condições teóricas (sendo essa última o foco maior do autor), levou ao paradigma emergente, que na fala do Boaventura é um “paradigma de um conhecimento prudente para uma vida decente”. Ele fala agora de um paradigma que, além de científico, é também um paradigma social. 1. Todo conhecimento científico-natural é científico-social Uma das características levantadas sobre o conhecimento do paradigma emergente, é a superação da dicotomia, ou seja, da divisão de conceitos entre ciências naturais/ciências sociais, e essa superação volta a valorizar os estudos humanísticos; “o mundo, que hoje é natural ou social e amanhã será ambos”. 2. Todo o conhecimento é local e total Ainda em crítica à ciência moderna, é pontuado sobre o seu tipo de conhecimento, que é especializado, rigoroso e restrito. E como contraste ao paradigma dominante, temos o paradigma emergente, que aborda o conhecimento total, e que por ser total é também local (o que significa que é temática, e não disciplinar). 3. Todo o conhecimento é autoconhecimento Boaventura defende que ciência é autobiográfico, e antes de chegar a essa conclusão, parafraseia Clausewitz, afirmando que o objeto é a continuação do sujeito por outros meios. “Por isso, todo o conhecimento científico é autoconhecimento”. O autor segue dizendo que a ciência não é um ato de descoberta, e sim de criação; “o conhecimento científico ensina a viver e traduz-se num saber prático”. 4. Todo o conhecimento científico visa constituir-se em senso comum Voltando para a ciência moderna e seus métodos de especialização, o autor demonstra descontentamento com o paradigma dominante ao dizer que “se faz do cientista um ignorante especializado faz do cidadão comum um ignorante especializado”. Logo em seguida, se põe com vigor em defesa de uma forma de conhecimento: A [forma de conhecimento] mais importante de todas é o conhecimento do senso comum, o conhecimento vulgar e prático com que no quotidiano orientamos as nossas ações e damos sentidos à nossa vida. A ciência moderna construiu-se contra o senso comum que considerou superficial, ilusório e falso. A ciência pós-moderna procura reconhecer nesta forma de conhecimento algumas virtualidades para enriquecer a nossa relação com o mundo. (BOAVENTURA, 2002, p.56) O senso comum é um tipo de saber que “aceita o que existe tal como existe”, o que contribui um desafeto da ciência moderna por esse saber. Entretanto, apesar das tradicionalidades dessa forma de conhecimento, a ciência pós-moderna reconhece nos saberes espontâneos a possibilidade de um enriquecimento do conhecimento científico. E é assim que se justifica a importância atribuída à essa forma de conhecimento no trecho destacado, afinal, “Todo o conhecimento científico visa constituir-se em senso comum”. Fernanda de Oliveira Mariano, acadêmica no primeiro período no curso de Ciências Sociais, na Faculdade de Ciências Sociais, na Universidade Federal de Goiás.
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