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CEDERJ - CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO CURSO: Administração DISCIPLINA: Gestão Financeira CONTEUDISTAS: Fabrícia de Farias da Silva e Kátia de Almeida AULA 03 Capital de Giro META DA AULA Apresentar o conceito de Capital de Giro, explicar o tradeoff entre lucratividade e risco e discutir em termos de lucratividade e risco, as estratégias de financiamento de curto prazo. OBJETIVOS Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de entender: • O conceito de Capital de Giro; • O tradeoff entre lucratividade e risco; • Reconhecer as estratégias de financiamento de curto prazo e analisá-las sob a ótica da lucratividade e risco. PRÉ-REQUISITOS Para que você encontre maior facilidade na compreensão dessa aula, é importante que faça uma revisão dos principais conceitos da disciplina Fundamentos de Finanças, com foco principalmente no capítulo Risco e Retorno. 1. INTRODUÇÃO A administração financeira a curto prazo (ou administração do capital de giro) abrange a administração de ativos e passivos circulantes. Do ponto de vista financeiro ativo são aplicações (usos) de recursos e passivos origens (fontes) de recursos. Os investimento e as fontes de financiamentos compõe a estrutura das empresas e a principal fonte de informações destas (estruturas) é o Balanço Patrimonial. A razão para avaliar estruturas alternativas de ativos, passivos e patrimônio líquido é a maximização da riqueza dos proprietários. As estruturas escolhidas devem continuamente levar à maximização do valor do investimento dos proprietários na empresa. Objetivo da administração financeira a curto prazo (ou administração do capital de giro) é gerir cada um dos ativos circulantes (caixa, títulos negociáveis, duplicatas a receber e estoques) e passivos circulantes (duplicatas a pagar, títulos a pagar e contas a pagar) de tal forma que se alcance um equilíbrio entre lucratividade e risco que contribua positivamente para o valor da empresa. Cada item do ativo circulante deve ser administrado eficientemente a fim de manter a liquidez da empresa, evitando ao mesmo tempo, um nível alto demais a qualquer um deles. Cada item do passivo circulante deve ser cuidadosamente administrado, para se ter garantia de que os financiamentos são obtidos e usados da melhor forma possível. Um investimento alto demais em ativos circulantes reduz a lucratividade, enquanto um investimento baixo demais aumenta o risco de a empresa não poder honrar suas obrigações nos prazos estipulados. Ambas as situações levam à redução do valor da empresa. O capital de giro costuma apresentar diferentes interpretações, que são aplicadas segundo os critérios e a natureza do estudo desenvolvido. Em razão de terem sido esboçadas, muitas vezes, metodologias alternativas de cálculo de acordo com as definições consideradas, é fundamental que se descrevam os principais conceitos e formas de mensuração do capital de giro, conforme são usualmente considerados. 2. CAPITAL DE GIRO Qualquer que seja a definição adotada, o conceito de capital de giro (ou capital circulante) identificam os recursos que giram (ou circulam) várias vezes em determinado período. Ou seja, corresponde a uma parcela de capital aplicada pela empresa em seu ciclo operacional, caracteristicamente de curto prazo, a qual assume diferentes formas ao longo de seu processo produtivo e de vendas. Por exemplo, um capital alocado no disponível pode ser aplicado inicialmente em estoque, assumindo posteriormente a venda realizada na forma de realizável (crédito, se a venda for a prazo) ou novamente de disponível (se a venda for efetuada a vista). Esse ciclo ininterrupto constitui-se, basicamente, no ciclo operacional (produção de venda) de uma empresa. Capital de giro são os ativos circulantes, que representam a parcela do investimento que circula de uma forma ou de outra, durante a condução normal dos negócios. Essa idéia compreende o ciclo operacional da empresa. Ciclo operacional - transição periódica de caixa para estoques, destes para duplicatas a receber e de volta para caixa, que ocorre dentro do capital circulante da empresa. rose4 Realce Na condição de substitutos de caixa, os títulos negociáveis são considerados como parte do capital de giro. Da mesma forma, as despesas pagas antecipadamente estão incluídas no capital de giro porque representam serviços devidos à empresa e que são usados na realização de suas atividades, eliminando a necessidade de desembolsos de caixa posteriores. A ilustração a seguir retrata o fluxo de capital de giro de acordo com o ciclo de produção e venda (operacional) de uma empresa industrial. Figura 1 – O fluxo do ativo circulante Fonte: Assaf Neto, 2003 Conforme a Figura 1, observa-se que os recursos, próprios ou de terceiros, aplicados no ativo circulante são, em uma etapa inicial, disponibilizados para financiar as necessidades operacionais. Os recursos vão para a produção através da compra de matérias-primas e pagamento de custos fabris. Os produtos acabados, por sua vez, vão para o estoque esperando a comercialização. Parte dessas vendas retorna imediatamente ao disponível quando realizadas à vista e a curto prazo quando as vendas forem a prazo. O ciclo recomeça acrescentando ao disponível, em função das vendas, os lucros auferidos e os montantes de dispêndios não desembolsáveis, como é o caso da depreciação. A administração do capital de giro refere-se à administração dos ativos e passivos circulantes. À diferença entre ativos e passivos circulantes, dá-se o nome de capital circulante líquido (CCL). O CCL representa a parcela de ativo circulante que se encontra financiada por recursos de longo prazo (exigibilidades e patrimônio líquido). Quanto maior o CCL menor será o risco de insolvência de uma empresa. A necessidade de capital de giro é fruto do descompasso entre entradas e saídas de caixa. A necessidade de capital de giro surge da falta de sincronismo entre as atividades de produção, vendas e cobrança. As saídas de caixa são relativamente previsíveis, enquanto que as entradas são mais difíceis de serem previstas. Deste modo, quanto mais previsíveis forem as entradas de caixa, menor será a necessidade de capital de giro para a empresa. Comparando-se o capital circulante com o ativo fixo de uma empresa, podem ser observadas duas características: 1ª - Refere-se à baixa rentabilidade produzida pelos investimentos em itens circulantes. Excetuando-se aquelas empresas em que a administração do capital circulante consiste na essência de seus negócios (empresas comerciais, basicamente), para os setores industriais os investimentos circulantes tendem a produzir a mais baixa rentabilidade. Evidentemente, esta situação induz a minimizar, tanto quanto possível, as aplicações em circulantes. 2ª - Refere-se à divisibilidade dos elementos circulantes, que são bem superior à dos ativos fixos. Este aspecto permite que o aporte de recursos nos itens de curto prazo ocorra em níveis variados e relativamente baixos, podendo-se, muitas vezes, alocar recursos no momento do surgimento das necessidades financeiras. Os passivos circulantes representam os financiamento a curto prazo da empresa, pois incluem todas as dívidas que terão seu vencimento (e deverão ser pagas) em um ano ou menos. Tais dívidas incluem normalmente os valores devidos a fornecedores (duplicatas a pagar), bancos (títulos a pagar), empregados e governo (contas a pagar), dentre outros. 2.1 Capital Circulante Líquido (CCL) 1ª Definição: É a interpretação mais usual. Representa, de maneira geral, o valor líquido das aplicações (deduzidas das dívidas a curto prazo) processadasno ativo (capital) circulante da empresa. Segundo essa conceituação, a forma mais direta de obter-se o valor do capital circulante líquido é mediante a diferença entre o Ativo Circulante e Passivo Circulante. Visto por este ângulo, o capital circulante líquido constitui uma medida estática de folga financeira que a empresa apresenta para liquidar seus compromisso de curto prazo. Algebricamente tem-se: CCL = Ativo Circulante – Passivo Circulante 2ª Definição: Dentro de um conceito mais rigoroso, o capital circulante líquido representa normalmente a parcela de Ativos Circulantes financiada por recursos a longo prazo. Na realidade, essa interpretação acurada do capital circulante líquido é processada de “baixo para cima” no balanço, isto é, identificando-se os valores passivos de longo prazo (próprios ou de terceiros) que estão financiando o ativo circulante da empresa. Em outras palavras, o CCL representa a parcela do financiamento total de longo prazo que excede as aplicações também de longo prazo. Algebricamente, o cálculo desse valor é obtido pela seguinte expressão: CCL = (Patrimônio Líquido + Passivo não Circulante) – (Ativo não Circulante) Ilustrativamente, admita a seguinte estrutura patrimonial de uma empresa ilustradas na Figura 2. Figura 2 – Empresa com capital circulante líquido positivo. AC $25 PC $15 CCL PNC ANC $25 $55 PL $40 Observe na ilustração que, do total de $25 aplicados no ativo circulante, $15 são financiados por créditos de curto prazo (passivo circulante), e os $10 restantes, que representa capital circulante líquido da empresa, são oriundos de recursos de longo prazo (exigível a longo prazo e patrimônio líquido). Em outras palavras, dos $65 captados a longo prazo, $55 estão aplicados em ativos também de longo prazo (ativo permanente) e os $15 excedente são direcionados para financiar o capital de giro da empresa, denotando certa folga financeira. Visto que os passivos circulantes representam fontes de recursos a curto prazo, quando os ativos circulantes superam os passivos circulantes, a diferença precisa ser financiada com fundo de longo prazo. Quando os ativos circulantes são menores que os passivos circulantes, a empresa tem capital circulante negativo. Esta situação denota que os recursos de longo prazo da empresa não são suficientes para cobrir suas aplicações de longo prazo, devendo utilizar recursos do passivo circulante para tal fim. Ou seja, um CCL negativo revela que a empresa está usando passivos circulantes para financiar seus ativos permanentes. Essa conclusão decorre da equação do balanço patrimonial: o ativo total é igual à soma do passivo com o patrimônio líquido. A Figura 3 ilustra a estrutura financeira de uma empresa com capital circulante líquido negativo. Figura 3 – Empresa com capital circulante líquido negativo. A folga financeira é negativa pela presença de exigibilidade de curto prazo financiando aplicações com prazos de retorno maiores. Em outras palavras, parte da dívida da empresa tem prazo de resgate menor que o retorno das aplicações destes recursos. Na Figura 2, o CCL é de ($40), indicando que $40 dos $230 aplicados em ativo permanente são financiados por dívidas de curto prazo. De outra maneira, observa-se que a empresa tem levantado $190 de recursos de longo prazo (exigível e patrimônio líquido). No entanto, este montante não é suficiente para cobrir suas aplicações permanentes de $230, sendo a diferença de $40 coberta por obrigações correntes (passivo circulante). Esta situação de aperto de liquidez é, muitas vezes, uma decisão de estrutura financeira da empresa, optando-se por uma preferência em relação ao dilema risco-retorno. A posição de liquidez é decidida com base na estrutura que melhor satisfaça às necessidades e aos objetivos da empresa. Por exemplo, empresas com fluxos de caixa bastante previsíveis podem operar com capital circulante líquido baixo ou, até mesmo, negativo, como costuma ser o caso de companhias prestadoras de serviços públicos. No entanto, para a maioria das empresas a presença de um CCL positivo é básica a seus negócios, principalmente ao se constatar que as saídas de caixa (pagamentos) são eventos relativamente previsíveis, enquanto as entradas de caixa (recebimentos) são geralmente de difícil previsibilidade. De forma geral, quanto maior a margem pela qual os ativos circulantes de uma empresa cobrem suas obrigações a curto prazo (passivo circulante), tanto mais apta ela estará para pagar suas contas nos vencimentos. Isto ocorre porque como a maioria das empresas não consegue conciliar com precisão as entradas e as saídas de caixa, os ativos circulante precisam exceder os passivos circulantes. Exemplo (Gitman, 2004): Os itens circulantes da Nilcholson Company, uma empacotadeira de salsicha estão demonstrados no Quadro 1. No final do período corrente vencem todos os $600 AC $170 PC $210 CCL (Negativo) ANC $230 PNC $90 PL 100 QUADRO 1 POSIÇÃO CORRENTE DA NICHOLSON COMPANY Ativos circulantes Passivos circulantes Caixa $ 500 Duplicatas a pagar $ 600 Títulos negociáveis 200 Títulos a pagar 800 Duplicatas a receber 800 Outras contas a pagar 200 Estoques 1.200 Total $1.600 Total $2.700 Ativo Passivo e P atrimônio Líquido 1.000 1.600 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 2.700 Capital C irculante Líquido Ativo Circulante To tal d o Ativo Total do Passivo e Patr imônio Líquido$ Ativo Permanente = $4.300 Exig ível a Longo Praz o = $2.400 Passivo Circulante Recursos a Lo ngo P raz o = $5.400 Patrimônio Líquid o = $3.000 7.000 de duplicatas a pagar, mais $200 de títulos a pagar e $100 de outras contas a pagar. Sabe-se com certeza que será preciso desembolsar esses $900, mas é difícil determinar de que forma a empresa cobrirá esses pagamentos. Ela pode garantir que terá $700 disponíveis, pois possui $500 em caixa e $200 em títulos negociáveis, os quais podem ser facilmente convertidos em caixa. Os restantes $200 deverão vir de cobrança de duplicatas e/ou de venda à vista de estoques. Entretanto, a empresa não pode garantir quando fará uma venda à vista ou quando receberá o valor de uma duplicata. O nível adequado de CCL depende dos padrões de fluxo de caixa da empresa. Geralmente, quanto mais duplicatas a receber e estoques houver à disposição, maior será a probabilidade de transformá-lo em dinheiro. Por esse motivo, é recomendável que seja mantido um certo nível de CCL, para assegurar a capacidade de pagamento da empresa. A Nilcholson tem $1.100 de CCL ($2.700 - $1.600) que muito provavelmente bastarão para quitar suas contas. Seu índice de liquidez corrente de 1,69 ($2.700/$1.600) deve prover liquidez suficiente, contanto que suas duplicatas a receber e estoques permaneçam relativamente em movimento. Fonte: Gitman, 2004 Essa definição pode ser melhor ilustrada através de um tipo especial de Balanço ilustrado abaixo, onde o eixo vertical é uma escala em $, sobre a qual são mostrados todos os seus itens importantes. Figura 4 – Balanço ilustrado da Nilcholson Company Fonte: Gitman, 2004 A Figura 4 mostra que a empresa tem $2.700 de ativos circulantes, $4.300 de ativos permanentes e $7.000 de ativos totais. Também mostra que a empresa tem $1.600 de passivos circulantes, $2.400 ($4.000 - $1.600) de exigível a longo prazo e $3.000 de patrimônio líquido ($7.000 - $4.000). O exigível a longo prazo mais o patrimônio líquido representam origensde recursos a longo prazo; que nessa empresa são de $5.400. A parte dos ativos circulantes financiada com recursos de longo prazo é chamada de “Capital Circulante Líquido”. Exemplo (Gitman, 2004): Identificação do CCL Ativo Passivo e patrimônio líquido Ativo Circulante $ 160.000 Passivo Circulante $ 120.000 Realizável a Longo Prazo $ 20.000 Exigível a longo prazo $ 80.000 Ativo Permanente $ 120.000 Patrimônio líquido $ 100.000 Total $ 300.000 Total $300.000 Observa-se que o valor do capital circulante líquido apresenta, para qualquer das identidades sugeridas, resultado idêntico, ou seja: CCL = $160.000 - $120.000 = $40.000 Ou: CCL ($100.000 + $80.000) – ($120.000 + $20.000) ⇒ CCL = $180.000 - $140.000 = $40.000 É muitas vezes adotado na prática, ainda, o conceito de capital de giro próprio, que é apurado pela diferença entre o patrimônio líquido e o ativo permanente mais o realizável a longo prazo, ou seja: Capital de Giro Próprio = Patrimônio Líquido – (Ativo não Circulante). Esta medida de liquidez revela basicamente os recursos próprios da empresa que estão financiando suas atividades correntes (ativo circulante). É um indicador limitado, notadamente por pretender identificar a natureza (origem) dos recursos de longo prazo – próprios ou de terceiros – que se encontram financiando as atividades circulantes. As instituições financeiras e as empresas públicas prestadoras de serviços, por exemplo, costumam operar com este indicador financeiro para avaliar sua posição de liquidez. Admitem na apuração, implicitamente, que o patrimônio líquido se encontra vinculado ao financiamento do ativo permanente, somente ocorrendo capital de giro próprio positivo quando os recursos dos proprietários excederem ao montante do investimento permanente. Com isso, a medida financeira assume a identificação da origem dos recursos que sustentam o capital circulante. 2.2 Risco e Lucratividade Como regra geral, as decisões financeiras, incluindo aqui aquelas de capital de giro, são baseadas na comparação entre risco e retorno. O investimento total de uma empresa engloba os ativos circulantes (capital de giro) e os ativos permanentes, sendo que sua lucratividade e risco são afetados pela relação entre essas duas categorias. O nível de ativos permanentes de uma empresa é determinado pela escala de produção e pela intensidade de uso do fator capital. Por sua vez, o nível de ativos circulantes guarda estreita relação entre com o nível de produção, acompanhando de forma direta os aumentos e reduções desta. A lucratividade, neste contexto, é a relação entre receitas e custos (receitas menos custos) geradas pelo usos dos ativos da empresa (circulantes e permanentes) nas suas atividades produtivas. O lucro de uma empresa pode ser aumentado de dois modos: (1) aumentando-se as receitas (através do investimento em ativos mais rentáveis) ou (2) reduzindo-se os custos, notadamente os provenientes de suas fontes de financiamento (pagando-se menos por um item ou serviço, ou usando-se os recursos existentes de modo mais eficiente). As empresas mais rentáveis são geralmente aquelas que detêm a maior parcela de mercado para seus produtos. O risco tem dois significados. O risco operacional é o risco de a empresa ser incapaz de cobrir os custos operacionais. Já o risco financeiro refere-se a impossibilidade de efetuar os pagamentos fixos programados decorrentes de empréstimos, leasing e dividendos preferenciais. Para o objetivo deste capítulo, risco será definido como a probabilidade de que a empresa não esteja apta a pagar suas obrigações no vencimento. Uma empresa que não consegue saldar suas dívidas nos vencimentos é considerada tecnicamente insolvente. Geralmente, entende-se que quanto maior o CCL de uma empresa, menor o seu risco, exatamente porque sua liquidez reduz a probabilidade de que ela se torne tecnicamente insolvente (Box). Entretanto, tal suposição pode ser equivocada. Um CCL positivo significa que fundos a longo prazo estão financiando parte dos ativos circulantes. Como os custos desses recursos a longo prazo costumam ser mais caros do que aqueles a curto prazo, a empresa poderá enfrentar maiores restrições. Uma empresa pode decidir minimizar o montante de seus investimentos em capital circulante como estratégia para reduzir seus custos, notadamente os provenientes de suas fontes de financiamento. Neste objetivo de cortar custos e promover maiores lucros, a unidade decisória envolve-se com o dilema risco-retorno, cuja conciliação traz normalmente conflitos ao processo decisório. É aceito que quanto maior o capital circulante líquido mantido por uma empresa, mais ampla é sua folga financeira e menor seu risco de insolvência, ou seja, apresenta-se bastante estreita a relação entre capital de giro, folga financeira e insolvência. É preciso não ignorar, por outro lado, que uma maior segurança mantida por uma folga financeira crescente incorpora um custo de oportunidade mais elevado para a empresa, pressionando negativamente seus resultados. Para qualquer nível de atividade, quanto maior o montante de recursos aplicados em ativos circulantes menor tende ser a rentabilidade oferecida pelo investimento e, em contrapartida, menos arriscada se apresenta a política de capital de giro adotada. Nesta situação, revela-se maior imobilização de capital de giro (maior folga financeira), que promove retornos relativos inferiores àqueles apurados ao optar-se por uma estrutura financeira de menor liquidez, com mais reduzido volume de capital de giro. De maneira inversa, um montante mais reduzido de CCL, ao mesmo tempo em que sacrifica a margem de segurança da empresa elevando seu risco de insolvência, contribui positivamente para a formação da rentabilidade do investimento ao restringir o volume de fundos imobilizados em ativos de menor rentabilidade. Essa relação risco-retorno comporta-se de forma que nenhuma alteração na liquidez ocorre sem que promova, em sentido contrário, modificações na rentabilidade. Assim, na definição do nível adequado de recursos a serem imobilizados em ativos circulantes, a empresa deve levar em consideração sua opção entre risco e retorno. BOX a. Variações nos ativos circulantes É sabido que o ativo circulante se constitui, para diversos segmentos empresariais, no grupo patrimonial menos rentável. Os investimentos em capital de giro, conforme comentado, não geram diretamente unidades físicas de produção e venda, meta final do processo empresarial de obtenção de lucros. A manutenção de determinado volume de recursos aplicado no capital de giro visa, fundamentalmente, à sustentação da atividade operacional de uma empresa. O capital de giro é constituído, em grande parte, por ativos monetários, ou ativos depreciáveis perante a inflação. Tipicamente, investimentos em disponível e créditos realizáveis a curto prazo produzem perdas inflacionárias à empresa, as quais são determinadas em função do tempo em que os recursos ficam expostos à inflação. Dessa maneira, o mais rentável para qualquer empresa seria manter em seus ativos circulantes valores mínimos ou exatamente iguais à sua necessidades operacionais. Por exemplo, os valores disponíveis poderiam ser sempre iguais aos desembolsos de caixa efetuados em diferentes momentos. Da mesma forma, o valor investido no realizável a curto prazo seria o reflexo do volume e prazo ideais de vendas a crédito, e os estoques deveriam conter a quantidade estritamente necessária para a consecução da meta de produção e venda estabelecida pela empresa. Ratifique-se, entretanto, que os baixos níveis de ativo circulante determinam, juntamente com o aumento na rentabilidade, uma elevação nos riscos da empresa. Evidentemente, valores mínimos de capital de giro, ou exatamenteiguais à demanda por esses recursos, podem levar a empresa a um aperto em sua liquidez, no caso de eventuais atrasos nos recebimentos, ou a sacrificar seu processo normal de produção e venda, na eventualidades de falta de estoques. Uma empresa é tecnicamente insolvente, se for incapaz de pagar suas contas na data do vencimento. A insolvência técnica normalmente precede a falência. Uma empresa, em muitos casos, pode superar a insolvência técnica através de empréstimos. Os efeitos das variações no nível dos ativos circulantes sobre o tradeoff risco-lucratividade das empresas podem ser ilustrados mediante o uso da relação ativos circulantes/ativos totais, que indica a percentagem de ativos totais constituída por ativos circulantes. A parte superior do Quadro 2 resume os efeitos sobre o risco e a lucratividade a partir de variações desses índices, supondo-se que os ativos totais permaneçam inalterados (o nível de ativos totais é mantido constante nesta e nas discussões seguintes, como forma de isolar os efeitos de mudanças na composição de ativos e fontes de financiamento sobre o risco e a lucratividade da empresa). Quadro 2 – Efeitos de variações nos índices sobre o risco e a lucratividade Índice Variação no índice Efeito sobre o lucro Efeito sobre o risco totaisAtivos scirculante Ativos Aumento Redução Redução Aumento Redução Aumento totaisAtivos scirculante Passivos Aumento Redução Aumento Redução Aumento Redução Fonte: Gitman, 2004 Quanto o índice ativos circulante-ativos totais aumenta, a lucratividade reduz-se, entretanto, o risco também se reduz à medida que esse índice aumenta. O oposto também é verdadeiro. 1. Efeitos de um aumento no índice AC/AT • a lucratividade diminui, visto que ativos circulantes são menos rentáveis que os ativos permanentes, • o risco de insolvência técnica diminui, visto que com o Passivo Circulante constante, um aumento no Ativo Circulante elevará o Capital Circulante Líquido. 2. Efeitos de uma diminuição no índice AC/AT • Lucratividade aumenta, • risco crescerá, pois o CCL diminuirá com a redução no CCL. b. Variação nos Passivos Circulantes A decisão de financiar os ativos com empréstimos de curto ou de longo prazo é uma escolha entre minimizar risco e maximizar lucros. Sob condições normais, empréstimos a longo prazo são mais caros do que os de curto prazo. A razão é que os credores que esticam o crédito por um longo período defrontam com mais incertezas do que os credores que coletam seus empréstimos originais após um curto período de tempo. O risco de inadimplência e de inflação é, normalmente, mais significante para empréstimos de prazos longos, já que a perda do investimento principal é maior para empréstimos de maior prazo se a taxa de juro aumentar. Um aumento na taxa de juro produz um desconto maior no valor do título de longo prazo devido ao prazo de vencimento ser relativamente longo. Entretanto, os custos maiores dos empréstimos de longo prazo são, em parte, uma compensação pelo risco. Outra razão para os financiamentos a longo prazo serem mais caros é que aos devedores fica assegurada a utilização dos fundos por um longo período sem precisar estar renovando o empréstimo ano a ano. Se o empréstimo de curto prazo não forem renovados em tempo, a empresa pode ficar sem dinheiro, e as suas atividades comerciais podem ser interrompidas. O financiamento de longo prazo, embora mais caro, é uma abordagem conservadora para assegurar a continuidade da liquidez da empresa. Nessa linha de raciocínio, os administradores financeiros conservadores satisfazem a maioria de suas necessidade de financiamento através de empréstimos de longo prazo, captando apenas uma quantia muito limitada através de empréstimos a curto prazo. Os efeitos das variações no nível do passivo circulante da empresa sobre a lucratividade e o risco também pode ser demonstrado, usando-se a relação dada por passivos circulantes e ativos totais. Esse índice revela a percentagem dos ativos totais da empresa que está sendo financiada por passivos circulantes. A parte inferior do Quadro 16.2 mostra as conseqüências sobre o risco e a lucratividade das variações nesse índice, enquanto se mantém inalterado o total de ativos da empresa. Vê-se que, quando o índice se eleva, a lucratividade aumenta (recursos menos onerosos). Entretanto, o risco de insolvência técnica também se eleva, pois o aumento do passivo circulante leva à redução do CCL. O inverso também é verdadeiro. 1. Efeitos de um aumento no índice PC/AT • Lucratividade cresce - menores custos relacionados com a utilização de mais financiamento a curto prazo e menos a longo prazo. • CCL diminui, conseqüentemente risco aumenta. 2. Efeitos de uma diminuição do índice PC/AT: • Lucratividade cai • CCL aumenta e risco diminui. 3. ESTRATÉGIAS DE FINANCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO Uma das decisões importantes que precisam ser tomadas em termos de lucratividade e risco, com respeito aos circulantes da empresa é como usar os passivos circulantes para financiar os ativos circulantes. Limitação: Qualquer empresa só pode dispor de um montante limitado de financiamento a curto prazo, ou seja, o montante dos passivos circulantes disponíveis é limitado pelo valor das compras a prazo, no caso de duplicatas a pagar, pelo valor das despesas, no caso das contas a pagar e pelo valor considerado aceitável pelos credores, no caso de empréstimos a pagar e commercial papers. Um modelo ideal: Segundo Ross (2002), se a produção e as vendas ocorressem uniformemente ao longo de todo o ano, a gestão do capital de giro nas empresas industriais seria bastante facilitada porque haveria fluxos regulares de entradas e saídas de caixa. Nessa situação econômica ideal, os ativos de curto prazo sempre podem ser financiados com dívidas de curto prazo, e os ativos de longo prazo podem ser financiados com dívidas de longo prazo e capital próprio. Nesta situação, o capital de giro líquido é sempre igual a zero. Imagina-se o caso simples de um armazém de cereais. Os operadores de armazéns de cereais compram a produção após a colheita, a armazenam e a vendem a longo do ano. Detêm estoques elevados de cereais após a colheita e terminam com estoque pequenos imediatamente antes da colheita seguinte. Empréstimos bancários com prazo inferior a um ano são utilizados para financiar a compra de cereais. Esses empréstimos são restituído com a receita de venda de cereais. A situação é representada na Figura abaixo. Os ativos a longo prazo crescem a longo prazo, ao passo que os ativos circulantes aumentam no final da colheita e diminuem durante o ano. Os ativos de curto prazo chegam a zero imediatamente antes da colheita seguinte. Esses ativos são financiados por endividamento de curto prazo, e os ativos de longo prazo são financiados a longo prazo e capital próprio. O capital de giro líquido – ativo circulante – passivo circulante – é sempre igual a zero. Uma das decisões importantes que precisam ser tomadas em termos de lucratividade e risco, com respeito aos circulantes da empresa é como usar os passivos circulantes para financiar os ativos circulantes. Limitação: Qualquer empresa só pode dispor de um montante limitado de financiamento a curto prazo, ou seja, o montante dos passivos circulantes disponíveis é limitado pelo valor das compras a prazo, no caso de duplicatas a pagar, pelo valor das despesas, no caso das contas a pagar e pelo valor considerado aceitável pelos credores, no caso de empréstimos a pagar e commercial papers. Numa situação ideal, o capital de giro é sempre igual a zero, porque os ativos de curto prazo são financiados comdívidas de curto prazo. Não se pode esperar que os ativos circulantes caiam a zero na realidade porque um nível crescente de vendas a longo prazo tende a resultar em algum investimento permanente em ativo circulante. Pode-se conceber uma empresa em processo de crescimento como tendo tanto necessidades permanentes de ativo circulante quanto de ativos de longo prazo. Estas necessidades totais de ativos apresentarão níveis que, com o passar do tempo, refletirão (1) uma tendência secular de crescimento, (2) uma variação sazonal em torno da tendência e (3) variações diárias e mensais imprevisíveis. 3.1 Necessidade de Financiamento do Capital de Giro É importante estender o conceito de capital de giro através de sua classificação em permanente (ou fixo) e sazonal (ou variável). A parte fixa do capital de giro é determinada pela atividade normal da empresa, e seu montante é definido pelo mínimo de necessidades de recursos em determinado período. O capital de giro sazonal, por sua vez, é determinado pelas variações temporárias que ocorrem normalmente nos negócios da empresa. Por exemplo, maiores vendas em determinados meses do ano ou grandes aquisições de estoques antes de períodos de entressafra produzem variações temporárias no ativo circulante, e são, por isso, denominadas sazonais ou variáveis. Se a empresa, ainda mantiver uma política fixa de pagamento a prazo a fornecedores e a outros dispêndios operacionais, esses valores devem ser subtraídos de suas necessidades sazonais. O comportamento do capital de giro permanente e sazonal é representado graficamente na Figura 6. Figura 5 – Capital de giro permanente e sazonal Investimentos necessários ($) Fonte: Gitman, 2004 As necessidades de financiamento podem ser subdivididas em permanentes e sazonais. Necessidade permanente Necessidade de financiamento para os ativos permanentes mais a parcela permanente dos ativos circulantes; essas necessidades permanecem inalteradas ao longo do ano. Necessidade permanente = ativo permanente + parcela permanente do ativo circulante. Necessidade sazonal Necessidade de financiamento para os ativos circulantes temporários, as quais variam ao longo do ano. Necessidade Sazonal = ativos circulantes temporários, que variam ao longo do ano. 1 2 1 + 2 = 3 4 JAN. 4.000 13.000 17.000 13.800 FEV. 3.000 13.000 16.000 13.800 MAR 2.000 13.000 15.000 13.800 ABR. 1.000 13.000 14.000 13.800 MAI. 800 13.000 13.800 13.800 JUN. 1.500 13.000 14.500 13.800 JUL. 3.000 13.000 16.000 13.800 AGO. 3.700 13.000 16.700 13.800 SET. 4.000 13.000 17.000 13.800 OUT. 5.000 13.000 18.000 13.800 NOV. 3.000 13.000 16.000 13.800 DEZ 2.000 13.000 15.000 13.800 189.000 165.600 15.750 13.800 c Equivalem à soma dos valores mensais dividida por 12 Necessidades permanentesᵇ Ativos totaisa Total Média mensalc Mês $1.950 ª Estes valores representam a necessidade total de fundos pela empresa b Estes valores representam a necessidade mínima de ativos totais 2.200 1.200 23.400 2.900 3.200 4.200 0 700 2.200 2.200 1.200 200 Necessidades sazonais 5 = 3 - 4 3.200 Ativos circulantes Ativos permanentes Os credores concedem empréstimos a curto prazo, para permitir que a empresa financie aumentos sazonais de estoques ou duplicatas a receber. Eles geralmente não emprestam dinheiro a curto prazo para aplicações a longo prazo. Exemplo (Gitman, 2004): A estimativa feita pela Nicholson Company com relação aos valores mensais de ativos circulantes, permanentes e totais para o ano seguinte é dada nas colunas 1, 2, e 3 do Quadro 3. Observe que a relativa estabilidade do nível de ativos totais ao longo do ano reflete a ausência de crescimento da empresa. As colunas 4 e 5 apresentam a subdivisão dos recursos totais exigidos em seus componentes permanente e sazonal. O componente permanente (coluna 4) corresponde ao menor nível de ativos totais exigidos durante o período, ao passo que a parcela sazonal é a diferença entre os recursos totais (isto é, os ativos totais) exigidos para cada mês e a necessidade de recursos permanentes. Quadro 3 – Estimativas das Necessidades de Fundos para a Nicholson Company Fonte: Gitman, 2004 Comparando os ativos permanentes da empresa (coluna 2) com suas necessidades de fundos permanentes (coluna 4), vê-se que as necessidades de fundos permanentes superam o nível de ativos permanentes da empresa. Isso acontece porque uma parte dos ativos circulantes da empresa é permanente, e deve ser continuamente renovada. A parte permanente dos ativos circulantes da Nicholson é de $800. Esse valor corresponde ao nível básico de ativos circulantes que tem se mantido constante nos livros da empresa, ao longo do ano. Esse valor também pode ser encontrado subtraindo-se o nível de ativos permanentes da necessidade permanente de fundos ($13.800 - $13.000 = $800). As relações apresentadas no Quadro 3 podem ser ilustradas graficamente na Figura 6: Figura 6 – Estimativa das necessidades de fundos para a Nicholson Company NECESSIDADE DE FUNDOS 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 20000 0 JA N. FE V. M AR AB R. M AI . JU N. JU L. AG O . SE T. O UT . NO V. DE Z Tempo (meses) Fu n do s n ec es sá ri o s ($) AC AP Necessidade total de fundos Necessidade permanente Necessidade sazonal Fonte: Gitman, 2004 3.2 Estratégias de Administração do Capital de Giro 1- Estratégia agressiva de financiamento Estratégia pela qual a empresa financia suas necessidades sazonais e possivelmente, algumas de suas necessidades permanentes, com recursos a curto prazo, e o restante de suas necessidades permanentes com recursos a longo prazo. Esta situação será ilustrada graficamente. Exemplo: A estimativa feita pela Nicholson Company de suas necessidades totais de recursos (isto é, ativos totais) numa base mensal para o ano seguinte consta do Quadro 16.3. As colunas 4 e 5 subdividem essas necessidade nos componentes permanente e sazonal. Uma estratégia agressiva poderia financiar a parcela permanente da necessidade total de fundos ($13.800) com recursos a longo prazo e a parcela sazonal que varia de $0 em maio a $4.200 em outubro com recursos a curto prazo. Grande parte do financiamento a curto prazo pode ser feita por meio do crédito comercial (i.e., duplicatas a pagar). A aplicação desse plano de financiamento é ilustrada na Figura 7. Figura 7 – Aplicando a estratégia agressiva às necessidades de fundos da Nicholson Company ESTRATÉGIA AGRESSIVA 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 20000 JA N. FE V. M AR AB R. M AI . JU N. JU L. AG O . SE T. O UT . NO V. DE Z Tempo (meses) Fu n do s n ec es sá ri o s ($) AC AC e CCL AP Fundos a curto prazo Fundos de longo prazo Fundos de longo prazo B Necessidade total de fundos Capital circunate líquido Fonte: Gitman, 2004 Por esta técnica, o, CCL é igual a $800 (parcela do ativo circulante financiada com recursos a longo prazo). a. Considerações sobre custo: Usando a técnica agressiva, o empréstimo médio de curto prazo (necessidades sazonais) é de $1.950, enquanto a média do empréstimo a longo prazo (necessidades permanentes) é de $13.800 (colunas 4 e 5 do Quadro16.3). Se o custo anual dos recursos a curto prazo necessitados pela Nicholson fosse de 3% e o custo dos recursos a longo prazo fosse 11%, o custo total do plano de financiamento poderia ser estimado como segue: Custo do financiamento a curto prazo = $1.950 × 0,03 = $ 58,50 Custo dos recursos a longo prazo = $13.800 × 0,11 = 1.518,00 Custo total $1.576,50 b. Considerações sobre risco: O plano agressivo é arriscado porque: 1- A estratégia agressiva funciona com um mínimo de CCL, pois apenas a parcela permanente dos ativos circulantes é financiada com fundos a longo prazo. Conforme se vê na Figura 7, a Nicholson tem um nível de CCL de $800, que corresponde aos ativos circulantes permanentes (necessidade permanente de $13.800 menos $13.000 de ativos permanentes). 2- A estratégia agressiva é também arriscada não só do ponto de vista do baixo CCL, mas também porque a empresa precisa contar tanto quanto possível com as fontes de recursos a curto prazo, para atender às flutuações sazonais nas suas necessidades de fundos. Se a sua necessidade total de fundos vier a corresponder ao nível indicado pela linha pontilhada B na Figura 7, a empresa poderá ter dificuldades para obter recursos a curto prazo em tempo hábil para suprir suas necessidades de curto prazo. Este aspecto do risco associado à estratégia agressiva advém do fato de que a capacidade de uma empresa poder obter financiamento a curto prazo é limitada a um dado montante. Se ela aproveitar demais dessa capacidade, poderá enfrentar dificuldades para satisfazer necessidades inesperadas de recursos. 2- Estratégia conservadora de financiamento Estratégia pela qual a empresa financia todas as necessidades esperadas de fundos com recursos a longo prazo e recorre ao financiamento de curto prazo apenas nas emergências ou desembolsos inesperados. Exemplo: A Figura 8 mostra graficamente a aplicação da estratégia conservadora às necessidades totais de fundos estimadas para a Nicholson Company, dadas no Quadro 16.3. O financiamento a longo prazo de $18.000, o qual corresponde à necessidade máxima da empresa (em outubro), é usado nessa estratégia. Dessa forma, todos os recursos necessários no decorrer do ano, inclusive os $18.000 previstos para outubro, são financiados com recursos a longo prazo. O CCL da empresa, definido aqui como a parte dos ativos circulantes financiada com recursos a longo prazo, atinge $5.000 ($18.000 - $13.000). Qualquer financiamento a longo prazo além dos $13.000 de ativos permanentes fornece CCL. Figura 8 – Aplicação da estratégia conservadora às necessidades de fundos da Nicholson Company Fonte: Gitman, 2004 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Tempo (meses) Recursos Necessários ($) Ativos Circulantes Ativos Permanentes B Necessidades de Recursos Totais Recursos a Longo Prazo CCL ($5.000) a. Considerações sobre custo No exemplo anterior, o custo dos fundos a longo prazo foi dado como 11% ao ano. Já que o saldo médio do financiamento a longo prazo no plano conservador é $18.000, o custo total dessa estratégia é: Saldo Médio de financiamento = $18.000 Custo total = $18.000 × 11% = $1.980 Comparando esses resultado com o custo total de $1.576,50 usando-se a estratégia agressiva, percebe-se que a estratégia conservadora é mais onerosa. Basta consultar a Figura 8 para entender porque a abordagem conservadora fica tão dispendiosa; a área acima da curva da necessidade total de fundos e abaixo da reta de financiamento a longo prazo representa o montante de fundos disponíveis em excesso, sobre os quais a empresa está pagando juros. Mesmo que o administrador financeiro aplique esses recursos ociosos no mercado financeiro, para compensar parte dos custos, é altamente improvável que ele consiga uma taxa de retorno superior à taxa de juros. b. Considerações sobre risco O capital circulante líquido de $5.000 (financiamento a longo prazo de $18.000 menos $13.000 de ativos permanentes) resultante da estratégia conservadora deve significar um nível muito baixo de risco para a empresa (BOX). O risco deve ainda ser reduzido pelo fato de que essa estratégia não exige que a empresa use sua capacidade limitada de empréstimo a curto prazo. Em outras palavras, se o financiamento total exigido for, na realidade, o nível representado pela linha pontilhada B na Figura 8, a empresa poderá usar sua capacidade de empréstimo a curto prazo para cobrir as necessidades financeiras inesperadas e evitar a insolvência técnica. Resumindo: Risco baixo, porque: • CCL de $5.000 • a empresa poderá utilizar recursos a curto prazo para cobrir as necessidades financeiras inesperadas e evitar insolvência técnica. Ou seja, se o financiamento total exigido for, na realidade, o nível representado pela linha pontilhada B na figura acima, a empresa poderá usar sua capacidade de empréstimos a curto prazo para cobrir as necessidades financeiras inesperadas e evitar a insolvência técnica. BOX: BOX O nível de capital circulante líquido é constante durante todo o ano, uma vez que a firma tem $5.000 em ativos circulantes que serão totalmente financiados com recursos a longo prazo. Uma vez que se supõe que a parte dos $5.000 que excede o nível programado de Ativos Circulantes seja aplicada em títulos negociáveis, o saldo do ativo circulante da empresa aumentará para esse nível. 3- Estratégia intermediária de financiamento - Misto das duas técnicas. Estratégia pela qual a empresa financia suas necessidades permanentes e mais uma parte das necessidades sazonais com recursos a longo prazo. A relação exata feita entre a lucratividade e o risco depende muito de quem toma decisões com respeito ao risco. Exemplo: Observando a coluna (3) do Quadro 3, verificamos que as necessidades totais de recursos apresentam dois extremos: em maio o menor nível (413.800) e em outubro o nível mais elevado ($18.000). A Nicholson Company decidiu-se por um plano de financiamento baseado num montante permanente, igual ao ponto médio da necessidade mínima e máxima mensal de recursos para o período, que é: [($13.800 + $18.000)] ÷2 = $15.900 Com isto a empresa usará, mensalmente, $15.900 de recursos a longo prazo e obterá quaisquer recursos adicionais necessários de fontes a curto prazo. Ou seja, os recursos adicionais corresponderiam à diferença entre as necessidades totais (coluna 3 do Quadro 16.3) e os $15.900. O desdobramento a longo e curto prazo sob este plano é dado na Quadro 4. Quadro 4 – Plano de Financiamento baseado na relação entre Retorno e Risco para a Nicholson Company. MESES Ativos totais Recursos a longo prazo Recursos a curto prazo JAN. 17.000 15.900 1.100 FEV. 16.000 15.900 100 MAR 15.000 15.900 0 ABR. 14.000 15.900 0 MAI. 13.800 15.900 0 JUN. 14.500 15.900 0 JUL. 16.000 15.900 100 AGO. 16.700 15.900 800 SET. 17.000 15.900 1.100 OUT. 18.000 15.900 2.100 NOV. 16.000 15.900 100 DEZ 15.000 15.900 0 5.400Total A coluna 3 do Quadro 4 mostra o montante necessário de recursos a curto prazo, mensalmente. Esses valores foram encontrados subtraindo-se $15.900 dos recursos totais necessários, dados na coluna 1. Para os meses março, abril, maio, junho e dezembro, o nível de fundos necessários é menor do que o nível de recursos disponíveis a longo prazo; portanto não é preciso qualquer recurso a curto prazo. A implementação dessa estratégia resultaria em níveis de CCL de $2.900 (recursos a longo prazo de $15.900 - $13.000 de ativos permanentes) Isso deve dar à empresa uma posição de risco intermediária entre o alto risco da estratégia de financiamento agressiva (que dá um CCLde $800) e o baixo nível de risco da estratégia conservadora de financiamentos das necessidades de fundos. CCL = $15.900 - $13.000 = $2.900 A Figura 9 representa graficamente aplicação da técnica intermediária, bem como as estratégias baseadas nas técnicas agressiva e conservadora para as necessidades de fundos para a Nicholson Company. A área acima da linha das necessidades de recursos totais e abaixo da linha de financiamento a longo prazo, ou seja, abaixo da linha 3 (composta somente de hachuras) representa o nível de recursos desnecessários, mas sobre os quais a empresa está pagando juros. Figura 9 –Três planos de financiamento para a Nicholson Company Três planos de financiamento para a Companhia GHI 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 0 Ja n Fe v M a r Ab r M a i Ju n Ju l Ag o Se t O u t N o v D e z Tempo (meses) R e c u rs o s N e c e s s ár io s ($) Ativos Circulantes Ativos Permanentes 1 2 3 Necessidades de Recursos Totais CCL ($2.900) Recursos a Longo Prazo Recursos a Longo Prazo Recursos a Curto Prazo Explicação: Linha 1 - técnica agressiva Linha 2 - técnica conservadora Linha 3 - técnica intermediária B Fonte: Gitman, 2004 a. Considerações sobre custo: Custo a curto prazo: [($5.400 ÷12)] × 3% = $13,50 Custo a longo prazo: $15.900 × 11% = $1.749. Custo total: $13,50 + $1.749 = $ 1.762,50 b. Considerações sobre risco. Como mostra a Figura 9, a técnica intermediária é menos arriscada do que a técnica agressiva, porém mais arriscada do que a técnica conservadora. Com o plano intermediário, caso a necessidade de recursos totais seja realmente ao nível dado pela reta B na figura abaixo, a probabilidade de se obter financiamento adicional a curto prazo é boa, uma vez que uma parte das necessidades financeiras a curto prazo está sendo financiada com recursos a longo prazo. Comparação entre as técnicas: Plano de financiamento CCL Grau de Risco Custo total dos recursos Nível de lucro Agressiva $ 800,00 O maior $1.576,50 O maior Intermediária $2.900,00 Médio $1.762,50 Médio Conservadora $5.000,00 O menor $1.980,00 O menor A comparação nos leva a duas questões muito importantes: Qual é a melhor? Qual o montante mais apropriado de endividamento a curto prazo? Não há resposta definitiva para essa pergunta. Várias considerações devem ser feitas numa análise adequada: 1. Reservas de caixa. A estratégia financeira conservadora leva a superávits de caixa e pouco endividamento de curto prazo. Esta estratégia reduz a probabilidade de que uma empresa passe por dificuldades financeiras. As empresas não precisam se preocupar tanto com o pagamento freqüente de obrigações de curto prazo. Entretanto os investimentos em caixa e títulos negociáveis são, na melhor das hipóteses, aplicações com presente líquido nulo. 2. Casamento de Prazos. Muitas empresas financiam estoques com empréstimos bancários de curto prazo e ativos permanentes com financiamento de longo prazo. As empresas tendem a evitar financiamento em ativos permanentes com recurso de curto prazo. Este tipo de descasamento de prazos exigiria financiamento freqüente e é intrinsecamente arriscado, pois as taxas de juros de curto prazo são mais voláteis do que as taxas de juros de longo prazo. 3. Estruturas de Taxas. As taxas de juros a curto prazo são normalmente inferiores às taxas de longo prazo. Isto quer dizer que, em média, é mais caro depender de financiamento a longo prazo do que de recursos de curto prazo. Resumindo: A estratégia conservadora requer que a empresa pague juros sobre recursos desnecessários, ao contrário da técnica agressiva. O custo mais baixo da estratégia agressiva torna-se mais lucrativa do que as estratégia conservadora., sendo, contudo mais arriscada. Uma situação intermediária entre essas duas estratégias deve resultar numa opção aceitável de financiamento para quase todas as empresas. Necessidade de Recursos Ativos Permanentes Ativos Circulantes Ativos Totais Permanentes Sazonais 1 2 3 = 1 + 2 4 5 = 3 - 4 Janeiro $20.000 $5.000 $25.000 $22.000 $3.000 Fevereiro 20.000 4.500 24.500 22.000 2.500 Março 20.000 2.500 22.500 22.000 500 Abril 20.000 2.000 22.000 22.000 0 Maio 20.000 2.500 22.500 22.000 500 Junho 20.000 4.000 24.000 22.000 2.000 Julho 20.000 5.500 25.500 22.000 3.500 Agosto 20.000 6.500 26.500 22.000 4.500 Setembro 20.000 7.000 27.000 22.000 5.000 Outubro 20.000 6.500 26.500 22.000 4.500 Novembro 20.000 6.000 26.000 38.000 4.000 Dezembro 20.000 5.500 25.500 38.000 3.500 Médias 20.000 $4.792 $24.792 $22.000 $2.792 Exemplo (Gitman, 2004): No Quadro abaixo são apresentados as necessidades de recursos projetadas para determinada empresa industrial. Quadro 5 – Necessidades de recursos projetadas Qual das estratégias de financiamento deveríamos adotar: A estratégia agressiva? A estratégia conservadora? Adotar uma posição intermediária entre as duas anteriores? Analisando: Alternativa Agressiva Financia as necessidades sazonais integralmente com passivos circulantes. Neste caso estaríamos minimizando o CCL, o que seria bom para a rentabilidade da empresa, mas perigoso para sua liquidez. A empresa mantém recursos permanentes na medida exata para financiar suas necessidades permanentes que correspondem a $22.000 conforme coluna 4 do Quadro 5. Logo, o CCL é de $2.000. As necessidades sazonais são financiadas com recursos temporários e a média mensal destes recursos adicionais correspondem a $2.792 (última linha da coluna 5 do Quadro 5) MESES Ativos totais Recursos a longo prazo Recursos a curto prazo Janeiro. $25.000 $24.500 $500 Fevereiro 24.500 24.500 0 Março 22.500 24.500 0 Abril 22.000 24.500 0 Maio 22.500 24.500 0 Junho 24.000 24.500 0 Julho 25.500 24.500 1.000 Agosto 26.500 24.500 2.000 Setembro 27.000 24.500 2.500 Outubro 26.500 24.500 2.000 Novembro 26.000 24.500 1.500 Dezembro 25.500 24.500 1.000 Total $10.500 Alternativa Intermediária Os recursos permanentes serão suficientes para financiar as necessidades permanentes e mais uma parte das necessidades sazonais. Observando a coluna 4 do Quadro 16.5, verificamos que as necessidades totais de recursos apresentam dois extremos: em abril o menor nível ($22.000) e em setembro o nível mais elevado ($27.000). Admitimos que os recursos permanentes correspondem à média desses dois valores, ou seja, $24.500 ($22.000 + $27.000) ÷ 2. Assim, haveria a sobra de recursos entre março e junho e falta de recursos em janeiro e entre julho e dezembro. Em Fevereiro não haveria sobra nem falta. Os recursos adicionais necessários corresponderiam à diferença entre as necessidades totais coluna 3 e os $24.500, como segue: Média mensal = $10.500 ÷ 12 = $875 O CCL dessa alternativa seria de $4.500 (= $24.500 - $20.000) Estratégia conservadora Utiliza recursos permanentes para financiar a totalidade das necessidades de fundos. Aí estaríamos com excelente liquidez, porém prejudicaríamos a rentabilidade, uma vez que haveria recursos ociosos durante certos meses do ano. A empresa mantém recursos permanentes no valor correspondente ao pico das necessidades totais ($27.000) em setembro. Não são utilizados recursos temporários e haveria sobra em todos os meses, exceto em setembro. O CCL seria de $7.000 (= $27.000 - $20.000). Verificando os efeitos dos custos financeiros e do risco de insolvência para astrês estratégias. Supõe-se as seguintes taxas reais de juros: • 15% ao ano sobre os recursos permanentes e • 6% ao ano sobre os recursos temporários que correspondem ao custo do passivo circulante formado por passivos onerosos e passivos de funcionamento não onerosos Para calcular os custos financeiros anuais aplica-se essas taxas sobre os valores médios mensais de recursos permanentes e temporários. Concluindo: Dentro das hipóteses assumidas para o desenvolvimento do modelo, verificamos que, quanto menor for o CCL, menores serão os custos financeiros. As sobras de recursos (linha 10 do Quadro 16.6) poderiam ser aplicados no mercado financeiro, porém as taxas bastantes inferiores aos 15%. Logo, esses recursos ociosos implicam ônus para a empresa. Os $2.208 que sobrariam na estratégia conservadora, se aplicados a 8% ao ano, renderiam $177, os quais, mesmos abatidos dos custos financeiros de $4.050, seriam insuficientes para alterar as conclusões extraídas desta simulação. Constatamos deste modo, que do ponto de vista da rentabilidade é conveniente operar com o menor CCL possível. Considerando o aspecto da liquidez da empresa, verificamos que a situação se inverte: quanto menor for o CCL, maior será o risco de insolvência. Ou seja: Na alternativa agressiva temos o CCL restrito ao mínimo atingido pelos ativos circulantes durante o ano. Deste modo, as flutuações sazonais teriam de ser integralmente financiadas com passivos circulantes. Trata-se de uma política de financiamento muito arriscada porque a empresa teria de contar com uma resposta positiva instantânea de seus fornecedores e emprestadores de recursos de curto prazo. Como sabemos, existem limites para a expansão dos passivos circulantes e o reduzido CCL colocaria os credores atuais e potenciais de sobreaviso sobre as condições de solvência da empresa. Ocorrendo elevação não prevista nos ativos circulantes, a empresa provavelmente não conseguiria expandir seus passivos circulantes na medida necessária, ao mesmo tempo em que teria dificuldades na rápida obtenção de novos recursos de longo prazo. Na alternativa conservadora a empresa não utilizando o seu potencial de crédito, com a agravante de prejudicar a rentabilidade das operações em face dos elevados custos dos recursos permanentes. A maior parte das empresas fazem opção por operar com esquemas semelhantes à alternativa intermediária, equilibrando os aspectos relativos à liquidez e à rentabilidade. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS: 1. (Gitman, 2004): Ativos circulantes, permanentes e totais das Manchester Industries, para cada mês do próximo ano, são resumidos na tabela abaixo: Ativos circulantes Ativos permanentes Ativos totais [(1) +(2)] Mês (1) (2) (3) Janeiro $15.000 $30.000 $45.000 Fevereiro 22.000 30.000 52.000 Março 30.000 30.000 60.000 Abril 18.000 30.000 48.000 Maio 10.000 30.000 40.000 Junho 6.000 30.000 36.000 Julho 9.000 30.000 39.000 Agosto 9.000 30.000 39.000 Setembro 15.000 30.000 45.000 Outubro 20.000 30.000 50.000 Novembro 22.000 30.000 52.000 Dezembro 20.000 30.000 50.000 a. Classifique as necessidades mensais totais de fundos (ativos totais) nos componentes permanente e sazonal. b. Calcule as necessidades médias mensais de fundos (1) permanentes e (2) sazonais a partir de seus resultados em a. Resposta: a. Ativo circulante Ativos permanentes Ativos totais [(1) + (2)] Necessidade* permanente Necessidad e sazonal Mês (1) (2) (3) (4) (5) = (3-4) Janeiro $15.000 $30.000 $45.000 $36.000 $9.000 Fevereiro 22.000 30.000 52.000 36.000 16.000 Março 30.000 30.000 60.000 36.000 24.000 Abril 18.000 30.000 48.000 36.000 12.000 Maio 10.000 30.000 40.000 36.000 4.000 Junho 6.000 30.000 36.000 36.000 0 Julho 9.000 30.000 39.000 36.000 3.000 Agosto 9.000 30.000 39.000 36.000 3.000 Setembro 15.000 30.000 45.000 36.000 9.000 Outubro 20.000 30.000 50.000 36.000 14.000 Novembro 22.000 30.000 52.000 36.000 16.000 Dezembro 20.000 30.000 50.000 36.000 14.000 Total 432.000 124.000 * Ativos permanentes mais o menor nível de ativos circulantes ($30.000 + $6.000) b) Necessidades médias mensais de fundos: Permanentes = $432.000 ÷ 12 = $36.000 Sazonais = $124.000 ÷ 12 = $10.333,33 2. (Gitman, 2004): Qual é o saldo médio e o custo anual dos empréstimos, dada uma taxa de juros anual de 15%, para uma empresa cujos empréstimos mensais são os seguintes: Mês Montante Mês Montante Janeiro $12.000 Julho $6.000 Fevereiro 13.000 Agosto 5.000 Março 9.000 Setembro 6.000 Abril 8.000 Outubro 5.000 Maio 9.000 Novembro 7.000 Junho 7.000 Dezembro 9.000 Resposta: Custo anual do empréstimo Mês Montante Mês Montante Janeiro $12.000 Julho 6.000 Fevereiro 13.000 Agosto 5.000 Março 9.000 Setembro 6.000 Abril 8.000 Outubro 5.000 Maio 9.000 Novembro 7.000 Junho 7.000 Dezembro 9.000 Total $96.000 Saldo Médio = $96.000 ÷ 12 = $8.000 Custo anual = $8.000 × 0,15 = $1.200 3. (Gitman, 2004): Dynabase Tool projetou suas necessidades totais de fundos para o próximo ano como segue: Mês Montante Mês Montante Janeiro $2.000.000 Julho $12.000.000 Fevereiro 2.000.000 Agosto 14.000.000 Marחo 2.000.000 Setembro 9.000.000 Abril 4.000.000 Outubro 5.000.000 Maio 6.000.000 Novembro 4.000.000 Junho 9.000.000 Dezembro 3.000.000 a. Classifique as necessidades mensais de fundos da empresa, nos seus componentes (1) permanente e (2) sazonal. Calcule a necessidade média mensal para cada um desses componentes. b. Indique os montantes de financiamento a longo e a curto prazo quesão usados para atender às necessidades totais de fundos sob: (1) uma estratégia agressiva e (2) uma estratégia conservadora. Suponha que, sob a estratégia agressiva, os fundos a longo prazo financiem as necessidades permanentes e que os fundos a curto prazo seriam usados para financiar as necessidades sazonais. c. Admitindo que os fundos a curto prazo têm um custo anual de 12% e que o custo anual dos fundos a longo prazo é de 17%, utilize as médias encontradas em a para calcular o custo total das estratégias descritas em b. d. Discuta os tradeoffs entre risco e lucratividade associados com as estratégias agres- siva e conservadora. Resposta: a. Mês Montante Necessidades permanentes Necessidades sazonais Janeiro $2.000.000 $2.000.000 $0 Fevereiro 2.000.000 2.000.000 0 Março 2.000.000 2.000.000 0 Abril 4.000.000 2.000.000 2.000.000 Maio 6.000.000 2.000.000 4.000.000 Junho 9.000.000 2.000.000 7.000.000 Julho 12.000.000 2.000.000 10.000.000 Agosto 14.000.000 2.000.000 12.000.000 Setembro 9.000.000 2.000.000 7.000.000 Outubro 5.000.000 2.000.000 3.000.000 Novembro 4.000.000 2.000.000 2.000.000 Dezembro 3.000.000 2.000.000 1.000.000 Total $24.000.000 $48.000.000 Média Mensal 2.000.000 4.000.000 a Representa o menor nível de recursos necessários ao longo do período de 12 meses b. Montante de financiamento a longo e curto prazo 1) Estratégia agressiva – A empresa irá financiar de $1.000.000 a $12.000.000 de acordo com as necessidades sazonais mostradas na tabela em a. com prevalecentes recursos a curto prazo. A empresa irá financiar $2.000.000, ou a parcela permanente de suas necessidades com recursos de longo prazo. 2) Estratégia Conservadora - A aplicação desta estratégia resultaria na existência de financiamento a longo prazo suficiente para a cobertura de todas as necessidades projetadas de fundos; o financiamento a curto prazo seriautilizado apenas para cobrir necessidades emergenciais ou inesperadas. Neste caso, a empresa irá financiar a necessidade máxima de recursos a nível de $14.000 com recursos de longo prazo, e não seria preciso qualquer financiamento a curto prazo. c. Custo total 1) Estratégia agressiva: Custo do financiamento a longo prazo $2.000.000 x 0,17 = $340.000 Custo do financiamento a curto prazo $4.000.000 x 0,12 = 480.000 Custo total $820.000 2) Estratégia conservadora: Custo total do financiamento = $14.000.000 × 0,17 = $2.380.000 d. Tradeoff entre risco e lucratividade Neste caso, a grande diferença nos custos de financiamento tornou a estratégia agressiva mais atrativa. Ela é mais rentável, pois como se verificou em c, seu custo total é de $820.000, contra $2.380.000 da técnica conservadora. Esta diferença é resultado do fato de que a técnica agressiva se utiliza tanto quanto possível de financiamento a curto prazo, enquanto a estratégia conservadora financia todas as necessidades com fundos a longo prazo, mais onerosos.Possivelmente altos retornos permitem altos riscos. Em geral, uma vez que a estratégia conservadora requer pagamento de juros sobre recursos não necessários, seu custo é mais alto. Assim, estratégia agressiva é mais rentável mas, também mais arriscada, pois depende fortemente de financiamentos limitados a curto prazo, enquanto a técnica conservadora reserva a alternativa de empréstimo a curto prazo para casos emergenciais ou inesperados. Além disso, a estratégia agressiva implica menor capital circulante líquido do que a técnica conservadora, resultando em menor liquidez e maior risco de insolvência técnica. 4. (Gitman, 2004): A Marbell Intemational projetou suas necessidades sazonais de financiamento para o próximo ano, conforme os valores abaixo. Admitindo que as necessidades permanentes de fundos da empresa são de $4 milhões, calcule o custo anual total do finanCÍamento sob as estratégias agressiva e conservadora, respectivamente. Recomende uma dessas estratégias para cada uma das condições a seguir: a. Custo anual de 9% para os fundos a curto prazo e de 15% para fundos a longo prazo. b. Custo anual de 10% para os fundos a curto prazo e de 13% para fundos a longo prazo. c. Custo anual de 11 % para ambos. Mês Necessidades sazonais Mês Necessidades sazonais Janeiro 0 Julho $700.000 Fevereiro 300.000 Agosto 400.000 Março 500.000 Setembro 0 Abril 900.000 Outubro 200.000 Maio 1.200.000 Novembro 700.000 Junho 1.000.000 Dezembro 300.000 Resposta: a. Mês Necessidades sazonais Necessidades Permanentes Janeiro $0 $4.000.000 Fevereiro 300.000 4.000.000 Março 500.000 4.000.000 Abril 900.000 4.000.000 Maio 1.200.000 4.000.000 Junho 1.000.000 4.000.000 Julho 700.000 4.000.000 Agosto 400.000 4.000.000 Setembro 0 4.000.000 Outubro 200.000 4.000.000 Novembro 700.000 4.000.000 Dezembro 300.000 4.000.000 Total $6.200.000 $48.000.000 Média $516.666,67 $4.000.000 Cálculo do custo anual: a) Custo anual de fundos de curto prazo = 9% Custo anual de fundos de longo prazo = 15% 1) Estratégia agressiva Custo Total = Custo de Curto Prazo + Custo de Longo Prazo Custo Total = ($6.200.000 ÷ 12) × 0,09 + ($48.000.000 ÷ 12) × 0,15) ⇒ [$516.666,67 x 0,09 + $4.000.000 x 0,15] = $46.500,00 + $600.000 Custo Total = $646.500,00 2) Técnica Conservadora Necessidade Permanente = $4.000.000 Necessidade de recurso sazonal de maior valor = $1.200.000 Custo Total = [($4.000.000 + $1.200.000) × 0,15] ⇒ $5.200.000 × 0,15 = $780.000 b) Custo anual de fundos de curto prazo = 10% Custo anual de fundos de longo prazo = 13% 1- Técnica Agressiva = Custo Total = Custo de Curto Prazo + Custo de Longo Prazo Custo Total = ($6.200.000 ÷ 12) × 0,10 + ($48.000.000 ÷ 12) × 0,13) ⇒ [$516.666,67 x 0,10 + $4.000.000 x 0,13] = $51.666,67 + $520.000 Custo Total = $571.666,67 2- Técnica Conservadora = Necessidade Permanente = $4.000.000 Necessidade de recurso sazonal de maior valor = $1.200.000 Custo Total = ($4.000.000 + $1.200.000) × 0,13 ⇒ $5.200.000 × 0,13 = $676.000 c) Custo anual de fundos de curto prazo = 11% Custo anual de fundos de longo prazo = 11% 1- Técnica Agressiva = Custo Total = Custo de Curto Prazo + Custo de Longo Prazo Custo Total =[($6.200.000 ÷ 12) × 0,11 + ($48.000.000 ÷ 12) × 0,11] =[($516.666,67+$4.000.000)x 0,11] Custo Total = $56.833,34 + $440.000 = $496.683,34 2- Técnica Conservadora = Necessidade Permanente = $4.000.00 Necessidade de recurso sazonal de maior valor = $1.200.000 Custo Total = ($4.000.000 + $1.200.000) × 0,11 ⇒ $5.200.000 × 0,11 = $572.000 Em todos os caso, a estratégia agressiva tem o menor custo. Uma vez que recursos permanentes cobrem a maior parcela do total de fundos requeridos, a empresa provavelmente pode levantar os recursos de curto prazo necessários para utilizar com êxito na estratégia agressiva. CONCLUSÃO A administração do capital de giro consiste do processo de planejamento, organização, liderança e controle de pessoas e recursos com o objetivo de maximizar o valor gerado pelos itens circulantes da empresa. Os itens considerados circulantes em= uma empresa são basicamente: caixa, contas a receber, estoques, fornecedores, despesas provisionadas e dívidas de curto prazo. São estes itens que sustentam as operações do dia-a-dia da empresa. Essa atividade é uma das mais importantes dos administradores financeiros, pois é a ela que são dedicados maior tempo e trabalho. O capital de giro representa os recursos demandados por uma empresa para financiar suas necessidades operacionais, que vão desde a aquisição de matérias-primas (mercadorias) até o recebimento pela venda do produto acabado. Portanto, a administração do capital de giro engloba decisões de compra e venda e também as mais diversas atividades operacionais e financeiras de uma empresa, garantindo uma adequada consecução de sua política de estocagem, compras, produção e vendas. Os elementos do ativo e passivo circulante não se comportam de maneira sincronizada. Se isso ocorresse, seria desnecessário o investimento em capital de giro. Devido às atividades de venda, pagamento e recebimento não serem sincronizadas, torna-se necessário o profundo conhecimento delas, para uma melhor administração do capital de giro. A princípio, pode-se concluir que o ideal é que a empresa tenha seus ativos circulantes maiores que seus passivos circulantes, cuja diferença é denominada de capital de giro líquido. É uma medida conveniente da liquidez da empresa e também reflete a capacidade desta em gerenciar suas relações com fornecedores e clientes. Tem-se, então, que a administração ineficiente do capital de giro afeta diretamente o fluxo de caixa das empresas. O correto dimensionamento da necessidade de capital de giro é um dos maiores desafios do gestor financeiro. Elevado volume de capital de giro irá desviar recursos financeiros que poderiam ser aplicados no ativo permanente da empresa. Entretanto, capital de giro muito reduzido restringirá a capacidade de operação e de vendas da empresa. O capital de giro deve ser minimizado até o ponto em que não traga restrições às vendas e à lucratividade da empresa. Estoques elevados em períodos de baixa demanda, por exemplo, podem tornar-se um problema para a empresa, pois ela terá de pagá-lo sem ao menos tê-lo vendido. Uma das decisões mais importantes que precisa ser tomada com respeito aos itens circulantes da empresa é determinar como usar os passivos circulantes para financiar os ativos circulantes. O montante de passivos circulantesdisponíveis é limitado pelo valor das compras a prazo (duplicatas a pagar), pelo valor das despesas (contas a pagar) e pelo valor considerado aceitável para credores (empréstimos). O que determina o real investimento em capital de giro são a liquidez dos ativos circulantes e a capacidade de a empresa postergar o pagamento das obrigações correntes. A liquidez dos ativos pode ser atribuída a dois fatores: ao aspecto operacional e às características de liquidação dos ativos correntes. Outro fator determinante da liquidez dos ativos é a capacidade de a empresa prever a magnitude e composição das vendas, principalmente no que tange às pequenas e médias empresas, que são notoriamente deficientes na previsão de vendas. Portanto, constata-se que a administração do capital de giro tem por objetivo administrar cada uma das contas de ativo e passivo circulantes da empresa, de forma a manter, considerando a visão da empresa em termos do binômio liquidez e rentabilidade, um nível mínimo aceitável de capital circulante líquido. Tal capital é representado pela diferença entre ativos e passivos circulantes ou pela diferença entre ativos e passivos não-circulantes, conforme propõem. RESUMO Nesta aula vimos como descrever os vários aspectos e características do capital circulante liquido. O conceito de capital de giro, vimos também o que é necessidade permanente e necessidade sazonal e as estratégias mais utilizadas para financiar o capital de giro. INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA Na próxima aula você vai entender porque as empresas mantêm saldos de caixa e títulos negociáveis e como os níveis mantidos em cada um se relacionam com esses motivos. Entender as estratégias que podem ser usadas para o melhor controle do caixa. Conhecer os principais modelos quantitativos de administração de caixa votados para maximizar o retorno dos recursos disponíveis e a manter a liquidez da empresa. REFERÊNCIAS Assaf Neto, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. São Paulo: Atlas, 2003. Brigham, Eugene F.; Ehrhardt, Michael C. Administração Financeira - Teoria e Prática. 10ª Edição. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006.1044 páginas. Gitman, Lawrence Jeffrey. Princípios de Administração Financeira. 10 Edição. São Paulo: Pearson Education, 2004. 745 páginas. Lemes Jr., Antonio Barbosa; Rigo, Claudio Miessa; Cherobim, Ana Paula Miessa. Administração Financeira - Princípios, Fundamentos e Práticas Brasileiras . 2ª Edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 547 páginas. Ross, Stephen A.; Westerfield, Randolph W.; Jaffe, Jeffrey F. Administração Financeira - Corporate Finance. 2ª Edição. São Paulo: Atlas, 2002. 699 páginas. Weston, J. Fred; Brigham, Eugene F. Fundamentos da Administração Financeira. 10ª Edição. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2000.1030 paginas.
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