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SEMINÁRIO DAS SÍNDROMES GENÉTICAS 1 SÍNDROME CRI-DU-CHAT A Síndrome Cri-Du-Chat foi descrita pelo geneticista francês Dr. Jerone Lejeune, em 1963, na França. Esta síndrome pode receber o nome de Síndrome do Miado do Gato, devido ao choro característico que os bebês ou crianças com esta síndrome possuem e que é semelhante aos sons emitidos por um gato em sofrimento. O choro miado de gato, próprio desta síndrome, tem relação direta com uma malformação da laringe das crianças com a síndrome. Isto foi verificado por Turleau e Grouchy, em 1977, ao constatarem que os sons emitidos por estas crianças eram semelhantes aos emitidos por gatos. À medida em que a idade aumenta, esse tipo de choro apresenta-se menos característico, o que dificulta o diagnóstico em pacientes mais velhos. De acordo com Hans e Dibbern (1992), a síndrome em questão se revela numa anomalia cromossômica, e é causada pela deleção parcial (quebra) do braço curto do cromossomo 5. Estatisticamente, esta síndrome afeta cerca de 1 em 50.000 nascidos no mundo. Nem todas as características descritas na síndrome estão presentes em cada criança com síndrome de Cri du Chat. As características mais comuns são: baixo peso ao nascimento, abaixo de 2.500grs (72%); crescimento lento(100%): choro lembrando miado de gato (100%); deficiência mental (100%); hipotonia muscular (78%); microcefalia (100%); face redonda (68%); hipertelorismo (94%); epicanto (85%); posição antimongolóide das fendas palpebrais (81%); estrabismo geralmente divergente (61%); orelhas de implantação baixa e/ou grosseiras (58%); cardiopatia congênita (30%); discreta diminuição do comprimento dos ossos metacarpianos (40%). Alterações que ocorrem em menor frequência são: fenda labial ou palatina, miopia, atrofia do nervo óptico, fibromas pré-auriculares, úvula bífida, falta de oclusão dos dentes, pescoço curto, clinodactilia, hérnia inguinal, criptorquidia, agenesia de rim e baço, hemi-vértebras, escoliose, pés planos, escarnecimento precoce. Há relatos na literatura recente de micrognatia. Diagnóstico Definido pela através da realização de exames citogenéticos (mapeamento dos cromossomos) e características clínicas. Existem dois exames que podem ser feitos durante o pré-natal, que são: Aminocentese, que pode ser realizado por volta da 18ª semana de gestação e Biópsia de Vilo Corial, pode ser realizado semanas antes do teste de aminocentese, porém, este teste traz um grande risco para o bebê. É importante que o diagnóstico seja o mais breve possível, tanto para o início das intervenções quanto pelo fato de que mais tardiamente a precisão do diagnóstico se torna mais difícil pelas características não mais acentuadas, não tão evidentes. Se possível ainda no primeiro mês de vida ou até o primeiro ano, após os seis anos a confirmação se torna mais difícil, devido às modificações das principais características. Características mais relevantes para intervenção fonoaudiológica: • Hipoplasia; • Hipotonia muscular generalizada; • Ponte nasal baixa e larga; • Fenda labiopalatina; • Úvula bífida; • Má oclusão; • Micrognatia; • Assimetria facial; • Palato ogival; • Desvio inferior das extremidades dos lábios; • PPVV assimétricas; • Epiglote pequena, hipotônica, flácida; • Alterações de sucção, mastigação e deglutição; • RGE; • Hipotonia substituída por hipertonia. Avaliação Fonoaudiológica: • Aplicação protocolo para disfagia; • Aplicação protocolo de avaliação da linguagem/ protocolo de observação comportamental; • Aplicação protocolo de MO; • Avaliação de aspectos físicos, de comunicação, de sociabilidade; • Exames audiométricos; • Videofluoroscopia; • Videolaringoscopia. Tratamento: • Não há tratamento clínico nem cirúrgico. Este se da com o auxílio de uma equipe multidisciplinar composta, principalmente, por fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicólogo e terapeuta ocupacional. • Quanto menor tempo para diagnóstico melhor para desenvolvimento psicomotor. • Intervenção precoce e apoio familiar, com o intuído de desenvolver comportamentos comunicativos intencionais, ampliar a funcionalidade da linguagem, melhorar compreensão e expressão da linguagem, aprimorar funções cognitivas e motoras, fortalecer tônus muscular e adaptar manobras para funções de sucção, mastigação e deglutição. • Auxílio de utensílios como colheres, copos e pratos adaptados; adaptações no quarto, cama e banheiro para segurança e independência; cadeiras especiais. • Pode ser necessário o uso de sonda de alimentação. 2 SÍNDROME DE TREACHER COLLINS Foi descrita pela primeira vez por THOMSON em 1846, mas teve na abordagem de TREACHER COLLINS em 1900 a descrição dos seus componentes essenciais. A Síndrome de Treacher Collins é um distúrbio hereditário caracterizado por anomalias craniofaciais. É uma Síndrome rara, com incidência de 1:40.000 a 1:70.000 pessoas. CARACTERÍSTICAS: • Inclinação antimongolóide das fendas palpebrais; • Hipoplasia da região malar, mandíbula e faringe; • Coloboma da pálpebra inferior; • Ausência parcial ou completa dos cílios nas pálpebras inferiores; • Malformação dos pavilhões auriculares, com atresia do conduto auditivo externo; • Fenda palatina ou palato alto, com dentição anormal • Narinas estreitas com dorso nasal em nariz de papagaio; • Microftalmia, macrostomia ou microstomia; • Atresia das coanas; A literatura documenta a ocorrência de obstrução das vias aéreas superiores, com apneia obstrutiva em pacientes com síndrome, provavelmente ocasionada por associação de fatores estruturais. O ângulo da base do crânio reduzido posiciona a faringe posterior mais anteriormente, a nasofaringe. Além disso, a micrognatia está frequentemente presente e a língua é posicionada posteriormente. A combinação desses fatores durante o crescimento não favorece um padrão respiratório adequado. A redução do tamanho das vias aéreas superiores, além de oferecer risco à vida desses pacientes, acarreta prejuízos relacionados a outras funções, como fala e deglutição. DIAGNÓSTICO Pode ser feito no pré ou pós-natal. Quando é feito no pré-natal, pode ser através de biópsia entre 10ª e 13ª semanas ou amniocentese entre 16ª e 18ª semanas de gestação para realização de estudo do material genético, também são utilizados os exames de ultrassonografia e a fetoscopia neste processo diagnóstico. Quando o diagnóstico é realizado no pós-natal, deverá ser feito mediante a análise de DNA no indivíduo portador da síndrome. TRATAMENTO Em alguns casos, é necessária a realização de uma traqueostomia, objetivando manter uma via aérea adequada. A intubação costuma ser dificultada pelas vias aéreas superiores serem muito estreitas. Algumas vezes, a gastrostomia também pode ser necessária para garantir uma adequada ingestão calórica. A cirurgia plástica para corrigir a estrutura facial. Nesse momento, a fonoaudiologia acompanha o pré e pós nas cirurgias tratando edemas, restrição de abertura de boca, dificuldades na mastigação, deglutição e fala, além de dores orofaciais. Acelera o processo de recuperação com drenagens faciais, laser, manipulações musculares e exercícios ativos além de auxiliar no restabelecimento das funções estomatognáticas através da fonoterapia miofuncional. A fonoaudiologia estimula, através de exercícios miofuncionais, a musculatura facial afetada com movimentos proprioceptivos e exercícios que trazem maior sensibilidade às regiões afetadas com especial atenção a deglutição e linguagem; promovendo maior qualidade de vida, facilitando a integraçãosocial com o meio no qual a criança vive, de forma singular, respeitando sempre sua individualidade. Nos casos de perda auditiva, o reconhecimento precoce da mesma e sua correção por meio da utilização de próteses ou por cirurgia, quando possível, é altamente importante no processo de desenvolvimento do paciente. 3 SÍNDROME DE DOWN A Síndrome de Down foi descrita em 1866 pelo médico John Down. A síndrome é também denominada de Trissomia do Cromossomo 21. A SD é uma cromossopatia, ou seja, uma síndrome cujo quadro clínico global é explicado por um desequilíbrio na constituição cromossômica, no caso, a presença de um cromossomo extra no par 21, caracterizando a Trissomia do 21. Há três tipos de trissomia do 21(SD): • Trissomia Simples: Resultado da não-disjunção cromossômica (quando o cromossomo falha na separação das células) do par 21 que ocorre no momento de divisão celular, representando 95% dos casos; • Mosaicismo: 2% dos casos, que compromete apenas parte das células, ou seja, algumas células possuem 46 cromossomos e outras, 47; • Translocação: Também pouco expressiva, ocorrendo em cerca de 2% dos casos, em que o cromossomo extra do par 21 fica "grudado" em outro cromossomo e, embora o indivíduo tenha 46 cromossomos, ele é portador da Síndrome de Down. ETIOLOGIA Os pais da pessoa com síndrome de Down são geralmente normais em termos genéticos. A presença do cromossomo adicional ocorre por “acidente genético” no momento da concepção em 95% dos casos. Com o avanço da idade materna existe uma maior probabilidade de gestar um bebê com alterações cromossômicas como a Síndrome de Down, principalmente acima dos 35 anos de idade. DIAGNÓSTICO • Teste do Vilo Coriônico (CVS), que pode ser realizado entre a 10ª. e a 12ª semana de gravidez. • Teste de Amniocentese, que pode ser feito a partir da 15ª semana de gravidez. • Após o nascimento, o diagnóstico clínico é comprovado pelo exame do cariótipo (estudo dos cromossomos). CARACTERÍSTICAS A face apresenta um contorno achatado devido, principalmente, aos ossos faciais pouco desenvolvidos; Ponte nasal achatada; olhos amendoados; as pálpebras são estreitas e levemente oblíquas; em geral são menores em tamanho; problemas de visão são frequentes; orelhas pequenas e geralmente arredondadas; pescoço com aparência larga e grossa; as mãos são curtas e largas, geralmente com uma única prega palmar transversa (prega semiesca); os dedos costumam ser curtos geralmente com apenas duas falanges; os membros são mais curtos e altura reduzida. Cavidade oral de tamanho reduzido e língua protrusa; alterações nos órgãos que compõem o SE, ocasionando distúrbios fonoarticulatórios; a hipotonia muscular provoca um desequilíbrio de forças entre os músculos orais e faciais, alterando a arcada dentária, dando um aspecto de projeção mandibular e contribuindo para que a língua assuma uma posição inadequada; a hipotonia juntamente com a respiração oral predispõe as dificuldades com a fala, alterando o palato e dificultando a articulação dos sons. AVALIAÇÃO Observação e testagem de lábios, língua, dentes, palato duro e palato mole, QV, avaliação da sucção não nutritiva, deglutição (saliva, líquido fino e engrossado, pastoso homogêneo e heterogêneo, alimento sólido), bebês principalmente deglutição no seio materno observando a posição, as respostas e o estabelecimento de laços afetivos entre mãe-bebê. TRATAMENTO O tratamento fonoaudiológico visa realizar orientações aos familiares, propiciar a adequação dos padrões corretos das funções estomatognáticas, incluindo a reabilitação dos órgãos fonoarticulatórios. O trabalho engloba: Tonicidade, mobilidade e postura de bochechas, língua e lábios e toda a musculatura envolvida. O primeiro aspecto a ser trabalhado com o bebê é o reflexo de busca/procura a partir do toque nas comissuras labiais. 4 SÍNDROME DE MOEBIUS Raro distúrbio neurológico complexo, caracterizado por paralisia não progressiva dos nervos cranianos VII e VI. Afeta aproximadamente 1 a cada 10.000 indivíduos. A síndrome de Moebius é uma doença de ocorrência rara e somente aproximadamente 300 casos foram descritos na literatura inglesa. A ocorrência dessa síndrome tem aumentado nos últimos anos em decorrência do uso frequente do medicamento misoprostol (medicamento abortivo) por mulheres grávidas. Caracteriza-se por paralisia congênita e não progressiva do VII e VI NC, quase sempre bilateral, o que produz uma aparência facial pouco expressiva e estrabismo convergente. Frequentemente outro NC apresentam-se comprometidos, uni ou bilateralmente, determinando ptose palpebral, estrabismo divergente, surdez, distúrbios da sensibilidade nos territórios inervados pelos trigêmeo, disfagia, disfonia e atrofia da língua. Mal-formações esqueléticas podem estar presentes, especialmente pés tortos, micrognatia e aplasia do peitoral. Diagnóstico O critério essencial para o diagnóstico é a paralisia parcial ou completa do nervo facial, sendo as malformações límbicas e orofaciais outros sinais frequentemente presentes. Pode vir ainda acompanhada de paralisia uni ou bilateral de outros nervos cranianos, principalmente do abducente, determinando distúrbios de sensibilidade nas regiões inervadas pelo trigêmeo, disfagia, disfonia e paralisia do músculo reto lateral, verificados em diferentes combinações. Se manifesta logo após o nascimento e pode ser diagnosticada pela incapacidade do fechamento completo das pálpebras durante o sono, além da dificuldade de sucção. Frequentemente, observa-se o acúmulo de saliva na região das comissuras labiais e, mais tarde, pode-se notar que a criança não apresenta modificação da expressão facial, mesmo quando chora ou sorri, sinal este denominado de "face de máscara” ou de face inexpressiva. As dificuldades durante a amamentação, assim como os problemas decorrentes da aspiração de alimentos, são responsáveis pelo aumento insatisfatório do peso durante o primeiro ano de vida. A mastigação e a fala podem estar comprometidas, devido ao envolvimento da língua, dos lábios, do palato e, ocasionalmente, da laringe. Os indivíduos normalmente apresentam dificuldades de realizar movimentos de ateralidade e protrusão, uma vez que o côndilo mandibular, geralmente hipoplásico, realiza apenas o movimento de rotação. Avaliação fonoaudiológica A criança deve ser avaliada, quanto ao sistema estomatognático. Investiga-se a mobilidade, motricidade, tônus e postura dos órgãos fonoarticulatórios (lábio, língua, bochechas, palato, mandíbula, maxila, dentes) e atividades das funções neurovegetativas (sucção, deglutição, mastigação e respiração). Os músculos responsáveis pela expressão facial são avaliados individualmente, para se ter dados sobre a real manifestação desses pacientes. Tratamento Uma equipe multidisciplinar, é de fundamental importância, pois esses indivíduos apresentam problemas complexos que envolvem a região bucomaxilo-facial, necessitando muitas vezes da interação cirurgião-dentista, fonoaudiólogo, médico e fisioterapeuta. Casos como de SM são oportunidades para que o fonoaudiólogo possa contribuir no atendimento a tais pacientes no intuito de minimizar as alterações encontradas. A terapia fonoaudiológica para portadores de SM é de fundamental importância, não só com ênfase nas funções estomatognáticas, como também no monitoramento antroposcópico e na motivação do portador. 5 SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL A SAF é consequência da ação teratológica tóxicometabólica do álcool sobre o embrião ou feto em decorrência da ingestão de bebidasalcoólicas pela mãe durante a gravidez, ou seja, alterações físicas e comportamentais presentes em crianças cujas mães apresentavam antecedentes do uso de álcool durante a gestação. Fenótipo: Tríade Sintomática: Dismorfismos faciais; Prejuízo no crescimento pré e pós-natal; Malformações do SNC + histórico materno para o uso de álcool durante a gestação. Epidemiologia Mundialmente, acredita-se que a prevalência média se encontre entre 0,5 a 2 casos para 1.000 nascidos vivos, no Brasil é estimado em torno de 1/1000 nascidos vivos. Etiologia É ambiental e sua severidade advém da combinação da ingestão de álcool pela mãe com algumas modalidades de fatores de risco, tais como quantidade e frequência com que o álcool foi consumido pela gestante, período da gestação em que a mãe ingeriu a substância, idade materna e seus aspectos genéticos, nutricionais e físicos, o uso concomitante de tabaco e/ou outras drogas, fatores socioeconômicos, psicológicos, familiares e tolerância da mãe e do feto aos possíveis efeitos teratogênicos do álcool. Características • Aspectos Audiológicos: Atraso no desenvolvimento da função auditiva, perda auditiva do tipo neurossensorial, perda auditiva do tipo condutiva (maior prevalência devido otites recorrentes justificadas pela presença de fissura lábiopalatina) e perda auditiva central. • Linguísticos: Prejuízos na fala e atraso na aquisição e desenvolvimento da linguagem, receptiva e expressiva, sendo a sintaxe um dos componentes mais comprometidos. • **SAF pode ser a causa mais comum de deficiência intelectual não hereditária** • Cognitivos: Dificuldades de memória (prejuízos no armazenamento e na evocação da informação verbal), maior tempo p/ o processamento da informação, somado a dificuldade de atenção e o comportamento hiperativo e impulsivo, justificando as dificuldades na aprendizagem, incluindo o aprendizado de conceitos lógico-matemáticos e sócios comunicativos. • Faciais: Hemiface achatada, fissuras palpebrais curtas, ptose, narinas antevertidas, filtro nasal apagado e lábio superior fino e liso. Estes são um dos principais sinais clínicos que torna possível o diagnóstico precoce da síndrome, somado às manifestações comportamentais. • Alterações Estruturais: Lóbulos frontal e parietal – especificamente a região perisilviana – no cerebelo, gânglios basais e no corpo caloso, são as mais comuns, o que justifica a presença de alterações nas habilidades da linguagem, aprendizagem, funções cognitivas e também motoras, com comprometimento da coordenação bimanual. • Outras Alterações: Anomalias digitais, deficiência mental, alterações nas habilidades de comunicação, linguística e de aprendizagem, além de alterações comportamentais e nos aspectos sócio interacionais. Diagnóstico O diagnóstico da SAF é mais fácil dos 2 aos 11 anos, quando as dismorfias faciais são mais evidentes e as disfunções típicas do SNC surgem clinicamente. O diagnóstico neonatal depende das características faciais, da restrição de crescimento intrauterino em relação ao peso, perímetro cefálico e comprimentos associados à exposição intrauterina ao álcool. A associação de malformações congênitas e restrição de crescimento obrigam a investigação da exposição intrauterina ao álcool. Exames Complementares: TC de Crânio ou RNM de crânio; EEG; Testes neurocognitivos; Avaliação psicopedagógica. Outros testes ou exames, de acordo com as necessidades clínicas (testes de audição, testes de visão, etc.). A avaliação fonoaudiológica clínica inclui: • Anamnese: Desenvolvimento neuropsicomotor e social; • Avaliação das habilidades comunicativas; • Linguagem oral e escrita; • Avaliação da recepção auditiva e visual; • Avaliação do perfil audiológico; • Avaliação de estruturas de MO; Tratamento Não existe cura para a SAF, apenas intervenções propostas para crianças e para a família capazes de minimizar os danos causados. O tratamento é de suporte, baseado em intervenções que envolvam diferentes aspectos afetados pela síndrome, de forma associada e concomitantemente com participação d equipe multiprofissional que resulte em plano terapêutico específico para cada indivíduo. 6 FENILCETONÚRIA A fenilcetonúria (FNC) é uma doença causada por alterações metabólicas no organismo com fatores hereditários. É uma das doenças genéticas mais emblemática. Atualmente, existem mais de 500 mutações diferentes no gene responsável pela doença que codifica a enzima fenilalanina hidroxilase (ou da presença da mesma mutação em cada alelo), e diversas manifestações clínicas diferentes. A fenilcetonúria é uma entre as mais de 300 doenças hereditárias causadas por distúrbios celulares e é, clinicamente, a de maior prevalência entre os erros inatos do metabolismo de aminoácidos. A fenilcetonúria (FNC) é uma doença genética, autossômica recessiva, metabólica rara. Ou seja, o gene é herdado dos pais para o filho. Causando ausência ou deficiência na enzima hepática impedindo a conversão hepática de fenilalalina (FAL) essencial para o nosso organismo. A FNC é a doença responsável pelo acúmulo de aminoácido no sangue e outros tecidos. O excesso deste aminoácido (FAL) é neurotóxico e causa alteração no desenvolvimento infantil, interferindo no processo de mielinização do SNC. Epidemiologia Mundialmente, a prevalência da doença varia conforme a população analisada. Mais frequente na população caucasiana masculina ou feminina. A prevalência da doença é de 1 em cada 10 mil recém-nascidos. Características A criança é aparentemente “normal” durante os primeiros meses, surgindo apenas por volta do terceiro ao quarto mês o atraso no desenvolvimento. Alguns sinais que podem variar de intensidade conforme o caso: • Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor; • Retardo mental; • Tremores; • Movimentos descoordenados de pernas e braços; • Hiperatividade; • Cabeça pequena (microcefalia); • Crises convulsivas entre os 6 e 18 meses de vida • Lesões cutâneas semelhantes ao eczema; • Odor no suor e na urina parecido com o do bolor ou da urina de rato; • Pele, cabelos e olhos claros, porque a fenilalanina não se converte em tirosina, aminoácido envolvido na síntese de melanina, o pigmento que dá cor à pele. Diagnóstico A doença não está clinicamente presente ao nascimento, tornando-se evidente entre 3 e 6 meses de vida do paciente quando, então já instalada, tem pior prognóstico. O diagnóstico precoce da fenilcetonúria é possível pela realização do exame de triagem neonatal mediante dosagem das concentrações de phe no sangue retirado do calcanhar do recém-nascido. O sangue coletado é colocado em papel filtro para facilitar o transporte do material, que pode ser enviado, inclusive, pelos correios. A recomendação da idade para realização do exame de rastreio neonatal varia com o programa de cada país e, no Brasil, é recomendada a coleta entre o 3º e o 5º dia de vida. Avaliação A avaliação fonoaudiológica consiste na aplicação de testes que vão avaliar as habilidades cognitivas, motoras, comportamentais e linguísticas do portador. O processo de avaliação fonoaudiológica inclui entrevistas com os pais ou responsáveis pela criança e/ou adolescente. • Aplicação de testes e procedimentos para identificar as habilidades e as fragilidades no desenvolvimento. • Avaliação das funções executivas. • Contato com a escola para maior conhecimento do desempenho escolar do paciente, conforme idade. Tratamento Uso de uma dieta especial que controla a ingestão de fenilalanina.Regulando a ingestão de alguns alimentos e excluindo alimentos ricos em proteínas. Uso de fórmula de aminoácidos, fenilalanina, enriquecida com vitaminas, minerais e outros nutrientes encontrados nos alimentos que não podem ser usados ou são controlados na dieta. São de uso indispensável ao tratamento. O objetivo é manter as concentrações de fenilalanina no sangue dentro de limites que não prejudique o cérebro. 7 SÍNDROME DE PIERRE ROBIN Sequência de anomalias congênitas em humanos, podendo ocorrer como uma síndrome isolada ou como parte de uma outra doença. Foi descrita pela primeira vez no ano de 1891, por Lannelongue e Menard. Em 1926, Pierre Robin publicou o caso de uma criança que apresentava a sintomatologia completa da síndrome. Estimativa da incidência na população geral é de 1/8500 a 1/14000 nascidos vivos. Características: • Micrognatia deformação da mandíbula; • Glossoptose queda ou retração da língua; • Fissura de palato em forma de “U”. Tratamento • Posição Prona (PP): a criança é colocada em decúbito ventral; • Intubação nasofaríngea (INF) colocação de uma cânula de intubação orotraqueal de silicone (leitosa), com diâmetro de 3 a 3,5 mm, introduzida de 7 a 8 cm pela narina até a faringe e cortada 1 cm para fora da narina. Tratamento cirúrgico • Distração osteogênica mandibular • Glossopexia: fixação da língua no lábio inferior e na mandíbula. • Traqueostomia: em casos mais graves, onde as outras alternativas não tiveram resultados ou em um comprometimento muito grande das vias respoiratórias. Dificuldade alimentar • Incoordenação entre sucção, deglutição e respiração; • Glossoptose dificulta a anteriorização da língua, necessária para a adequada sucção; • Fissura de palato proporciona déficit na pressão intra-oral negativa, resultando em sucção ineficiente e em refluxo nasal de alimentos, favorecendo a bronco-aspiração. Fonoaudiologia • Estimulação da sucção não-nutritiva: • Chupeta; • Massagem para relaxar e anteriorizar a língua; • Suporte manual para sustentar a mandíbula; • Bico de mamadeira longo, macio, com furo aumentado para 1 mm, colocação do bico exatamente sobre a língua; • Postura global simétrica e movimentos rítmicos do bico na cavidade oral durante a sucção nutritiva. • Retira-se a sonda nasogástrica quando o lactente aceita, por VO, a cada mamada, volumes médios de leite, correspondentes a aproximadamente 70% do volume preconizado para a idade, ingeridos em tempo médio menor do que 30 minutos, sem intercorrências, como engasgos, cianose ou tosse; • A alimentação é complementada com dieta hipercalórica (fórmula láctea ou leite materno acrescido de 5 a 8% de polímeros de glicose e 3 a 5% de triglicerídeos de cadeia média, com ácidos graxos essenciais). 8 OSTEOGÊNESE IMPERFEITA Osteogênese imperfeita (OI) é uma doença genética sistêmica do tecido conjuntivo, caracterizada por grande fragilidade óssea e osteopenia. É uma doença rara e potencialmente incapaci- tante. A OI afeta todos os tecidos que contêm colágeno, mas princi- palmente o tecido ósseo. Baixa massa óssea é a principal caracterís- tica da OI, o que torna os ossos frágeis e suscetíveis a deformidades e fraturas de repetição, com deformidades secundárias, surdez pre- coce, escleras azuladas e dentinogênese imperfeita. Epidemiologia Com prevalência de 6 a 7/100 mil nascimentos. No Brasil estima-se que existam 12.000 indivíduos com tal diag- nóstico. Etiologia A causa da doença é uma deficiência na produção de colágeno do tipo 1, o principal constituinte dos ossos, ou de proteí- nas que participam do seu processamento. O resultado é o surgi- mento de quadros de osteoporose bastante graves. A falta de colágeno afeta não só os ossos, mas também a pele e os vasos sanguíneos. Análises de DNA mostram que alguns pacientes não apresentam mutações nos genes responsáveis pela produção de colágeno, embora sejam portadoras da doença. Classificação O grupo de Nosologia da Sociedade Internacio- nal de Displasias Esqueléticas, redefiniu a classificação clínica da OI, adicionando a OI tipo 5 aos 4 grupos originalmente descritos por Sillence: • OI tipo 1 (OI-1) é uma forma leve, caracterizada por nenhuma ou poucas fraturas e deformidades ósseas discretas; • OI tipo 2 (OI-2) é o mais grave, caracterizado por fragilidade óssea extrema, levando à morte no período neonatal; • OI tipo 3 (OI-3) é grave; os pacientes apresentam múltiplas fraturas, deformidades ósseas significativas e baixa estatura; • OI tipo 4 (OI-4) é uma forma moderada com alta variabilidade clínica, em que os pacientes podem evoluir com poucas ou muitas fraturas associadas às deformidades ósseas; • OI tipo 5 (OI-5) os indivíduos apresentam uma forma moderada da doença com características clínicas e radiológicas distintas, como calcificação da membrana interóssea entre rádio e ulna e/ou tíbia e fíbula, formação de calos hisperplásicos em ossos longos, deslocamento da cabeça do rádio e ausência de dentinogênese im- perfeita. Diagnóstico • Pré-Natal: As formas mais graves e letais da doença podem ser identificados em ultrassom durante o segundo trimestre da gravidez, com base na detecção de óssea e atraso do crescimento fetal.anormalidades no crânio e nas costelas, micromelia, encurvamento de ossos longos, cão da ecogenicidade. • Pós-Natal: É baseado na história familiar positiva de OI, sinais clínicos, radiológicos e desintometria óssea. Pode incluir análise bioquímica e molecular. Tratamento Ainda não existe cura para osteogê- nese imperfeita, o tratamento visa melhor qualidade de vida, e envolve um trabalho de equipe multidisciplinar entre médicos, enfermeiros, fisioterapeuta e fonoaudiólogo. O fonoaudiólogo trabalha com terapia à terapia fonoaudiologia para a criança aprender a controlar os músculos da cavidade oral, visto que a OI pode cau- sar enfraquecimento desta musculatura. Cerca de 50% das pessoas afetadas pela doença tem algum tipo de perda auditiva, pode ocorrer perda condutiva, neurossensorial ou mista. Para esta população, a utilização de AASI pode ser solicitada.
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