Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR PROF.A LARISSA PROTANO DE ALMEIDA DOS SANTOS Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Felipe Veiga da Fonseca Luana Ramos Rocha Marta Yumi Ando Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Aliana de Araújo Camolez © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande re- sponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie- dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhec- imento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên- cia no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de quali- dade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mer- cado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................. 5 1. INSERÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO NA ESTRUTURA HOSPITALAR ASSOCIADO AO INÍCIO DE BIOSSEGURAN- ÇA E CONTROLE DE INFECÇÃO ................................................................................................................................ 6 1.1 INÍCIO DA BIOSSEGURANÇA E CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR ...................................................... 7 2. BIOSSEGURANÇA E CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR ASSOCIADO À INTRODUÇÃO DA ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO AMBIENTE HOSPITALAR ................................................................................................ 8 2.1 MEDIDAS PREVENTIVAS ...................................................................................................................................... 9 2.2 UTILIZAÇÃO CORRETA DAS MÁSCARAS ........................................................................................................... 11 2.3 PRECAUÇÕES DE CONTATO ............................................................................................................................... 12 2.4 PRECAUÇÕES PARA GOTÍCULAS ....................................................................................................................... 12 INTRODUÇÃO A FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR PROF.A LARISSA PROTANO DE ALMEIDA DOS SANTOS ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR 4WWW.UNINGA.BR 2.5 PRECAUÇÕES PARA AEROSSÓIS....................................................................................................................... 13 2.6 SEQUÊNCIA PARA RETIRAR OS EPIS ................................................................................................................ 15 3. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO AMBIENTE HOSPITALAR ..................................................................... 17 3.1 LEITURA DO PRONTUÁRIO .................................................................................................................................. 17 3.2 ESTADO GERAL DO PACIENTE ............................................................................................................................ 17 3.3 PRINCIPAIS PATOLOGIAS ENCONTRADAS NO MEIO HOSPITALAR, COM SUAS RESPECTIVAS SIGLAS DE IDENTIFICAÇÃO .................................................................................................................................................... 19 3.4 ESCALA DE GLASGOW E SUA INTERPRETAÇÃO .............................................................................................. 21 3.5 VENTILAÇÃO MECÂNICA ................................................................................................................................... 22 3.6 TRAQUEOSTOMIA ............................................................................................................................................... 24 3.7 UTI E OS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS ............................................................................................................ 25 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................... 30 5WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO O fonoaudiólogo é responsável por promoção da saúde, avaliação e diagnóstico, orientação, habilitação e/ou recuperação funcional, monitoramento e aperfeiçoamento de aspectos fonoaudiológicos envolvidos na função auditiva periférica e central, na função vestibular, na linguagem oral e escrita, na articulação e fluência da fala, na voz, nas funções orofaciais e na deglutição. Para tal atuação é de suma importância que o profissional conheça rigorosamente os aspectos voltados para anatomia e fisiologia do corpo humano, para que sua intervenção seja executada da melhor forma possível. Lidar com vidas nem sempre é fácil, por isso faz-se necessário toda cautela possível, pois os limites das emoções encontram-se nestes temidos corredores, e estas emoções vão desde a boa notícia do nascimento perfeito, até a notícia do óbito de nossos entes queridos e, por vezes, tão jovens. A partir deste princípio devemos seguir a linha do atendimento humanizado, que intervém sob a patologia ou os efeitos que a patologia causou no corpo deste indivíduo, mas de forma doce, delicada, colocando-se sempre no lugar no outro. Precisamos de profissionais com empatia e que se tornem cada vez mais resilientes, pois, embora seja extremamente gratificante a atuação fonoaudiológica hospitalar, é também significativamente estressante e dolorosa. 6WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. INSERÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO NA ESTRUTURA HOSPITALAR ASSOCIADO AO INÍCIO DE BIOSSEGURANÇA E CONTROLE DE INFECÇÃO O fonoaudiólogo tem sido cada vez mais solicitado dentro do âmbito hospitalar, por ser a área da Fonoaudiologia que trabalha diretamente com o paciente a beira do leito, proporcionando intervenção precoce, preventiva, intensiva, pré e pós-cirúrgica, reduzindo as sequelas voltadas para a área da comunicação e alimentação, cada qual desencadeada pela etiologia base. Associado a estes fatos, a agilidade na alta hospitalar deve também ser um ponto chave nesta atuação, minimizando os riscos deste paciente, assim como as perdas e os danos que o ambiente hospitalar pode vir a causar; aumentando seu tempo de utilidade na sociedade com as funções neurovegetativas e comunicativas mais funcionantes possível (LUZ, 1999). O fonoaudiólogo hospitalar deve estar presente em berçários de risco, no setor de pediatria, centros de atendimentos intensivos, enfermarias, pois sua atuação visa avaliação, prognóstico, participação na decisão do tipo de dieta, orientação pré-cirúrgica, tipo de sonda a ser utilizada quando necessário, adequação de funções para retirada de sonda com segurança, controle no risco de bronco – aspiração(PELEGRINI, 1999). Levando em consideração a utilidade deste profissional, torna-se evidente a suma importância de sua presença física no corpo constituinte da equipe multidisciplinar, uma vez que, segundo Tonetto e Gomes (2007), o atendimento em grupo no setor da saúde necessita de evidências, transparência e objetividade. Apesar dos obstáculos encontrados, torna-se efetivo e coerente levando em consideração a sistematização do trabalho conjunto, melhorando os dados obtidos nos atendimentos e, como consequência, gera custo financeiro positivo à instituição. Esta ação gera um círculo vicioso efetivo, cujo principal beneficiário é o paciente, pois quanto mais rápido e positivo for o trabalho em grupo, mais rápido será a recuperação, este paciente terá alta mais cedo e automaticamente voltará ao mercado de trabalho e sua seguirá vida social de forma mais efetiva e segura. A variedade de especialidades que constituem uma equipe faz com que sejam necessários encontros diários e/ou semanais, compartilhando da mesma rotina, cada um dentro do seu saber específico, para que sejam tomadas decisões em conjunto sobre o melhor para cada paciente. Dessa foram há a obrigatoriedade do diálogo, respeito à opinião alheia, discernimento, clareza e objetividade na definição da conduta terapêutica ou de intervenção mais efetiva a cada paciente (GUIMARÃES; BARBOSA; PORTO, 2009; TONETTO; GOMES, 2007; SAAR; TREVIZAN, 2007). Para Erdmann et al. (2007), os cuidados ao paciente constituem um conjunto de ações que se inicia pelas atitudes e pelo compartilhamento do seu saber com a equipe e, assim, a junção de saberes de diversos especialistas se fundam no cuidado ao paciente. Vale expor que as condutas diferem significativamente levando em consideração os locais de atendimento, seja ele hospitalar, a beira do leito ou ambulatorial. 7WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.1 Início da Biossegurança e Controle de Infecção Hospita- lar De acordo com o Ministério da Saúde (2010), a Biossegurança é tratada pela Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS) que é coordenada pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) e composta pelas Secretarias de Vigilância em Saúde (SVS) e de Atenção à Saúde (SAS), pela Assessoria de Assuntos Internacionais em Saúde (AISA), pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A CBS foi instituída pela Portaria GM/MS nº 1.683, de 28 de agosto de 2003. Desta forma, Biossegurança pode ser definida por um conjunto de ações que possuem como objetivo a prevenção e/ou eliminação de riscos em atividades que possam vir a gerar danos à saúde, alterar a qualidade de vida ou ocasionar alterações no ambiente. Desde que foi elaborada, a CBS tem o intuito e o dever de traçar caminhos de atuação, acompanhamento, avaliação e intervenção a ações ligadas a biossegurança, pois são essenciais para a promoção e manutenção do bem-estar e proteção à vida (BINSFELD, 2004). Associado a toda organização exposta anteriormente, foi determinado pela Lei Federal número 6.4318 e mantida por meio da Portaria MS Nº2616/989 a Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) em qualquer hospital do território Brasileiro, sendo indiferente o órgão mantenedor. Com base nesta lei, é de única e exclusiva responsabilidade da CCIH elaborar estratégias de prevenção e controle de infecção à saúde do indivíduo que se encontra no meio hospitalar, seja ele funcionário ou paciente (ROSA; LIMA, 2006). Pensando em um maior e melhor desempenho da segurança nos hospitais, Horr, Oro e Lorenzini (1978, p. 3-4) definiram as subdivisões da CCIH em seus principais setores, permanecendo da seguinte forma: Setor executivo e fiscalizador: ao qual compete executar. Setor normativo: ao qual compete estudar e aprovar os recursos usados ou a serem usados para o controle e profilaxia de infecções. Setor informativo e de estatística: compete notificar todos os casos de infecção ou sugestivos a infecção e as transgressões das normas e rotinas da C.C.I.H., ao setor executivo e fiscalizador, fazer executar e fiscalizar as normas estabelecidas e aprovadas pelo setor normativo. Setor laboratorial: ao qual compete executar testes laboratoriais, quer esclarecedores de diagnóstico ou de controle geral. Em vista da efetividade nas ações a partir das subdivisões, houve ainda novas áreas subdividas, como, por exemplo, Investigação epidemiológica: Taxa de incidência e de prevalência de infecções hospitalares; Taxa de infecção em cirurgias não contaminadas; Taxa de infecção em cirurgias potencialmente contaminadas; Taxa de letalidade por infecções hospitalares; Taxa de infecção por microrganismo específico; Coeficientes de sensibilidade aos antimicrobianos; Índice de consumo de antimicrobianos; Notificação compulsória pelos médicos, dos casos de infecção mediante preenchimento de Ficha de Notificação de Infecções, constante de todos os prontuários; 8WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Identificação, pelos enfermeiros, dos prontuários de pacientes em uso de antimicrobianos, com ou sem infecção; Encaminhamento, após alta, dos prontuários dos pacientes [...]; Pesquisas periódicas de prevalência de infecção; Levantamentos bacteriológicos da frequência e dos coeficientes de sensibilidade de microrganismos isolados em pacientes, visitantes e funcionários; Levantamento e controle do consumo de antimicrobianos (HORR; ORO; LORENZINI, 1978, p. 4). Este conjunto de ações de investigação epidemiológica dá à CCIH maior possibilidade de controle das infecções e, consequentemente, de eliminar suas causas. Ainda neste sentido, elencou as áreas mais críticas dos hospitais, sendo elas: • Berçário. • Centro cirúrgico. • Centro obstétrico. • Centro de recuperação pós-anestésica. • Unidade de terapia intensiva. • Centro de material e esterilização. • Pediatria. • Isolamento. • Serviço de nutrição e dietética. • Lavanderia. 2. BIOSSEGURANÇA E CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR ASSOCIADO À INTRODUÇÃO DA ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO AMBIENTE HOSPITALAR Como vimos anteriormente, por meio dos dados obtidos a partir da avaliação do controle de infecções, a ANVISA, em parceria com a CCIH, elaborou normas de precauções de contato, visando a redução e/ou extinção das infecções. Iniciaremos pelas normas básicas de segurança. 9WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1 Medidas Preventivas A higienização correta das mãos deve ser realizada antes e após qualquer atendimento. Figura 1 - Higienização Simples das Mãos com Água e Sabão. Fonte: IPSEMG (2017). 10WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 2 - Higienização Simples com Álcool gel a 70%. Fonte: IPSEMG (2017). Faz-se necessário, ainda, a realização dos seguintes aspectos (PROTOCOLO DE REFERÊNCIA PARA O USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI, 2011): • Utilizar lenço descartável para higiene nasal. • Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir. • Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca. • Higienizar as mãos após tossir ou espirrar. 11WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 3 - Precaução Padrão. Fonte: ANVISA (2010). A precaução padrão deverá ser realizada obrigatoriamente antes de iniciar o atendimento ao paciente e após finalizar o atendimento. 2.2 Utilização Correta das Máscaras Figura 4 - Utilização Correta das Máscaras. Fonte: Cordeiro (2014). 12WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.3 Precauções de Contato Figura 5 - Precauções de Contato. Fonte: ANVISA (2010). A paramentação da precaução de contato deverá ser realizada para asseguintes descrições (CORDEIRO, 2014): Bactérias multirresistentes (solicitar avaliação da CCIH): VRE, MRSA, KPC. • Pediculose. • Escabiose. • Infecção de ferida cirúrgica: com secreção não contida. • Rotavírus e outros vírus em pacientes incontinentes ou uso de fralda. • Diarreia por Clostridium Dificile (colite associada). 2.4 Precauções para Gotículas • Adenovírus. • Caxumba. • Rubéola. • Meningite Bacteriana. • Influenza A (H1N1), B, C. Gotículas + Contato: • Adenovírus, infecção por lactente e pré-escolar. • Pneumonia Adenovírus (CORDEIRO, 2014). 13WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 6 - Precauções para gotículas. Fonte: ANVISA (2010). 2.5 Precauções para Aerossóis • Sarampo. • Tuberculose laríngea. • Tuberculose Pulmonar. • Influenza A (H1N1) - em procedimentos com risco de geração de aerossóis: intubação, aspiração, broncoscopia. Aerossóis + Contato: • Varicela. • Herpes Zoster (disseminado ou em imunossuprimidos) (CORDEIRO, 2014). 14WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 7 - Precauções para Aerossóis. Fonte: ANVISA (2010). Faz-se necessária a leitura sobre o Guia Básico de Precauções, Isolamento e Me- didas de Prevenção de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. Este guia irá nos auxiliar sobre quais medidas de precauções devemos obter mediante a cada patologia. Disponível em: <http://www.hu.ufsc.br/setores/ccih/wp-content/uploads/sites/16/2014/11/ manual_isolamento_2012-13.pdf>. 15WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.6 Sequência para Retirar os EPIs • Inicie o processo retirando as luvas. Com os dedos polegar e indicador, faça o formato de uma pinça e pegue pela borda que está sob o punho do jaleco de isolamento, puxando-a para frente em um único movimento e segure a luva que acabou de ser retirada com a mão enluvada. Em seguida faça os mesmos movimentos com outra mão, deixando uma luva dentro da outra e ambas do lado avesso. Figura 8 - Retirada de EPIs. Fonte: EBSERH (2015). • Após a retirada das luvas, desamarre a parte superior do jaleco de isolamento com cuidado para não tocar em nenhuma outra parte do dele, pois este estará, possivelmente, contaminado. Em seguida, desamarre o laço do meio do jaleco, mantendo os mesmos cuidados. Com o polegar e indicador em pinça, tente pegar um pedaço do jaleco da sua parte interna próximo à nuca e puxe-o para frente. Tocando na parte interna do jaleco termine de retirá-lo, deixando do lado avesso para reduzir o risco de contágio. É de extrema importância que o profissional siga as etapas corretas no momen- to de retirar os equipamentos de proteção individual, uma vez que atendem pa- cientes com patologias variadas e altamente contagiosas. Caso o profissional se equipe adequadamente, realize todos os procedimentos de segurança dentro do leito isolado, mas ao retirar seu equipamento inverte alguma regra ou toca em alguma parte que não poderia tocar, este pode estar automaticamente contami- nado e vir a desencadear a mesma patologia do paciente. 16WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 9 - Retirada de EPIs. Fonte: EBSERH (2015). • Retirar os óculos pegando-o sempre em sua porção lateral. • Retirar a máscara. Figura 10 - Retirada de EPIs. Fonte: EBSERH (2015). • Fricção antisséptica das mãos. Como utilizar os EPIs – Enfermagem. Este vídeo irá facilitar a compreensão na colocação e na retirada dos equipamentos de proteção individual. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mqi5OQvRuM0>. 17WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO AMBIENTE HOSPITALAR 3.1 Leitura do Prontuário A leitura do prontuário é parte importante no processo de compreensão da patologia que o paciente apresenta e as condições em que se encontra para posterior avaliação e/ou intervenção. Sendo assim, o prontuário é a construção, em conjunto, de um arquivo único disponibilizado para cada paciente dentro do ambiente hospitalar, que resulta em variados registros dos integrantes da equipe de saúde disponibilizada e necessária para aquele caso específico. Sendo assim, relata-se a história que fez com que o paciente adentrasse o âmbito hospitalar com todos os dados de identificação, patologia base ou o que será investigado, assim como aborda todos os procedimentos já realizados no paciente, medicamentos utilizados, resultados de exames, deixando explícito os procedimentos que cada profissional fará durante o dia com o indivíduo. Este registro é sigiloso com acesso permitido exclusivamente aos profissionais direcionados ao caso (MESQUITA; DESLANDES 2010). 3.2 Estado Geral do Paciente De forma simplificada, encontramos no prontuário dos pacientes as seguintes sigas BEG, REG, MEG, caracterizando, portanto: • Bom Estado Geral (BEG). • Regular Estado Geral (REG). • Mau Estado Geral (MEG) (WAGNER, 1998). Faz-se necessário compreendermos também os sinais vitais normais do indivíduo, pois eles são indicadores de como está o funcionamento vital, podendo nortear o diagnóstico inicial e, ainda, proporcionar dados importantes da evolução ou não do paciente. Desta forma, os sinais vitais são: pressão arterial, frequência cardíaca (pulso), frequência respiratória e temperatura corporal (PORTAL EDUCAÇÃO, 2019b). Pressão arterial (PA)é a pressão exercida pelo sangue no interior das artérias. Depende da força desenvolvida pela sístole ventricular, do volume sanguíneo e da resistência oferecida pelas paredes das artérias. O sangue sempre está sob pressão no interior das artérias. O primeiro número de maior valor corresponde à pressão sistólica, enquanto o segundo, de menor valor, corresponde à pressão diastólica. 18WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Segundo as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2010), a classificação ocorre da seguinte forma: CLASSIFICAÇÃO PAS PAD ÓTIMA 120 80 NORMAL 130 <85 LIMÍTROFE 130-139 85-89 HIPERTENSÃO ESTÁGIO I LEVE 140-159 90-99 ESTÁGIO II MODERADO 160-179 100-109 ESTÁGIO III GRAVE > 180 > 110 SISTÓLICA ISOLADA 140 > 90 Quadro 1 - Classificação da Pressão Arterial. Fonte: Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2010). Frequência cardíaca (FC) é representada pelo número de vezes que o coração bate por minuto. É controlada pelo nódulo sinoatrial (SA), também conhecido como o marca-passo natural do coração. Em um adulto espera-se uma FC entre 60 a 100 ciclos por minuto, já em um recém-nascido espera-se cerca de 120 a 140 ciclos por minuto. O que estiver acima das referidas medidas denominamos taquicardia e o que estiver abaixo da frequência estabelecida definimos como bradicardia (PORTAL EDUCAÇÃO, 2019b). Frequência respiratória corresponde ao número de inspirações realizadas por uma pessoa em um minuto, podendo ocorrer variações conforme a idade, sendo elas: • Adultos: 14 a 20 respirações por minuto (rpm). • Crianças menores de 2 meses: 35 a 60 rpm. • Crianças maiores de 2 meses até 11 meses: 30 a 50 rpm. • Crianças de 12 a 59 meses: 20 a 45 rpm. As medidas que ultrapassam o limite máximo denominamos de taquipneico, já para as mínimas definimos como bradipneico (PORTAL EDUCAÇÃO, 2019b). Contamos, ainda, com a medida de Saturação de O2, ou seja, a oximetria de pulso arterial, pois apresenta-nos dados sobre a saturação de oxigênio carregado pelas hemoglobinas presentes no sangue artéria, sendo que em qualquer idade que o indivíduo se encontre, o padrão de normalidade para a saturação ou oximetria de pulso é de 95% a 100% (PORTAL EDUCAÇÃO, 2019b). 19WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.3 Principais Patologias Encontradas no Meio Hospitalar,com Suas Respectivas Siglas de Identificação AVE – Acidente Vascular Encefálico: também identificado por acidente vascular cerebral (AVC) ou derrame cerebral. Segundo Bruna (2019), podem ocorrer em duas formas distintas, sendo eles o AVC isquêmico e o AVC hemorrágico. AVC Isquêmico: é ocasionado pela falta de circulação sanguínea em uma região específica do cérebro, desencadeado por obstrução de uma ou mais artérias. Comumente identificado em hipertensos, fumantes, indivíduos com problemas vasculares, colesterol elevado, diabetes, e em pessoas com idades mais avançadas (BRUNA, 2019). AVC Hemorrágico: sua etiologia condiz com o rompimento de vaso sanguíneo ou artéria, gerando extravasamento sanguíneo cerebral. Ocorre a partir do aumento da pressão arterial, traumatismos sofridos, problemas de coagulação sanguínea. Como sua causa pode ser por traumas, é comumente identificado em pessoas mais jovens, com prognóstico relativamente mais grave do que o anterior (BRUNA, 2019). IR- Insuficiência Renal: os rins perdem sua função de filtro, permanecendo incapazes de eliminar determinados resíduos produzidos no corpo humano. A IR pode ser de forma aguda ou crônica. IRA - Insuficiência Renal Aguda: a função renal é perdida rapidamente, porém em semanas pode ser recuperada. A etiologia advém por meio de intoxicação, medicamentos traumatismos, desidratação e algumas doenças, entretanto não se exclui o risco de realizar a diálise. IRC - Insuficiência Renal Crônica: ocorre a perda da função renal de forma progressiva e lentificada, porém de forma irreversível, sendo necessário a realização contínua de diálise (PORTAL DIÁLISE, 2010). PNM – Pneumonia: é uma infecção que pode ser ocasionada por alergias, fungos, vírus, bactérias que acometem um ou os dois pulmões, chegando aos alvéolos pulmonares e causando dificuldade na troca gasosa e dificuldades respiratórias (VARELLA, 2015). Sabemos que a inserção do fonoaudiólogo no meio hospitalar está em ascensão, sendo cada vez mais solicitado a compor o quadro de profissionais da equipe multidisciplinar. Contudo, a responsabilidade que possuímos ao fazermos parte desta equipe, nos obriga a dominarmos todos os parâmetros de vitalidade, assim como precisamos obrigatoriamente separarmos cada sigla, pois uma única inter- pretação errada de alguns destes dados é o suficiente para contribuirmos com a morte do paciente. A atenção deve ser extrema, do início ao fim da jornada de trabalho, pois as consequências, muitas vezes, são irreversíveis. 20WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica: DPOC, como o próprio nome nos revela, é causada nos pulmões gerando significativa dificuldade nos processos respiratórios. É possível identificarmos esta doença por meio do enfisema pulmonar, que se refere à destruição dos alvéolos e à bronquite crônica, ou seja, inflamação dos brônquios. A restrição da passagem pelas vias respiratórias na parte interna dos pulmões faz com que o ar chegue até os alvéolos brônquios e bronquíolos, porém, devido a patologia, o ar tem dificuldades para sair, permanecendo preso dentro dos pulmões (PORTAL NARTIS, 2019). HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica: hipertensão arterial ou pressão alta é uma doença crônica causada pelo alto índice de pressão sanguínea nas artérias. Este excesso de pressão arterial exerce uma sobrecarga de esforço no coração ao distribuir sangue para todo o corpo humano. A pressão alta gera riscos para aneurisma cerebral, AVC, insuficiência renal e cardíaca, assim como enfarte (PORTAL MS, 2019). TCE – Traumatismo Crânio Encefálico: qualquer agressão traumática que gere lesão anatômica, comprometimento funcional do couro cabeludo, crânio, meninges, encéfalo ou seus vasos (SOUSA, 2006). ELA – Esclerose Lateral Amiotrófica: a esclerose lateral amiotrófica não possui sua etiologia definida, porém sabe-se que ocorre a degeneração progressiva dos neurônios motores localizados no cérebro e na medula espinal. Estes neurônios são células nervosas especializadas que vão perdendo a capacidade de transmitir os impulsos nervosos. Os sintomas característicos correspondem à tremor muscular, perda de sensibilidade, endurecimento dos músculos, espasmos, fraqueza muscular, atrofia e câimbras (BRUNA, 2019b). TRM – Trauma Raquimedular: o trauma raquimedular é uma agressão à medula espinhal que pode ocasionar danos neurológicos, tais como alterações da função motora, sensitiva e autônoma. Acidentes automobilísticos, queda de altura, acidente por mergulho em água rasa e ferimentos por arma de fogo têm sido as principais causas de traumatismo raquimedular (SOUSA et al., 2013). 21WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.4 Escala de Glasgow e sua Interpretação Para Muniz et al. (1997), a escala de Glasgow corresponde a uma avaliação neurológica confiável e objetiva, cujo intuito é avaliar e mensurar qual o nível de consciência do indivíduo. Normalmente utiliza-se para os casos de traumatismo craniano, ou seja, lesão no crânio após pancada ou acidente. Realiza-se esta avaliação nas primeiras 24 horas após a lesão ou trauma. É feita por meio de três parâmetros básicos, como abertura ocular, resposta motora e resposta verbal; a partir do resultado obtido é possível prever eventuais sequelas. Cada parâmetro citado deve ser avaliado com pontuações de 1 a 4, sendo que quanto mais baixa for a nota apresentada pior é o quadro deste paciente. A nota mínima refere-se a 3 pontos e a máxima a 15 pontos. Quadro 2 - Escala de Glasgow. Fonte: Muniz et al. (1997). Forma de interpretação: Como já citado anteriormente, uma nota baixa significa coma profundo, apresentando cerca de 85% de chance de o paciente vir a óbito. A variação desta pontuação vai de 3 pontos, referindo-se a coma profundo, até 15 pontos, que se enquadra dentro da normalidade. Pontuação total: de 3 a 15 ➢ 3 = Coma profundo (80 a 85% risco de óbito; paciente encontra-se em estado vegetativo). ➢ 4 = Coma profundo. ➢ 7 = Coma intermediário. ➢ 11 = Coma superficial. ➢ 15 = Normalidade. 22WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Classificação do Trauma cranioencefálico: ➢ 3-8 = Grave (necessidade de intubação imediata). ➢ 9-12 = Moderado. ➢ 13-15 = Leve (MUNIZ et al., 1997). 3.5 Ventilação Mecânica A ventilação mecânica (VM) ou suporte ventilatório nada mais é do que uma estratégia para o tratamento de pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada. Pode ser subdivida em ventilação não invasiva (VNI) e ventilação invasiva (VI). Nas duas situações a ventilação artificial é conseguida com a aplicação de pressão positiva nas vias aéreas. A diferença entre elas fica na forma de liberação de pressão: enquanto na ventilação invasiva utiliza-se uma prótese introduzida na via aérea, isto é, um tubo oro ou nasotraqueal (menos comum) ou uma cânula de traqueostomia, na ventilação não invasiva utiliza-se uma máscara como interface entre o paciente e o ventilador artificial. Atualmente, a maior parte dos ventiladores artificiais apresenta telas nas quais se podem visualizar as curvas de volume, fluxo e pressão ao longo do tempo. Assim, serão apresentadas, neste capítulo, as definições das modalidades ventilatórias usando esquemas representativos das curvas (CARVALHO; TOUFEN JUNIOR; FRANÇA, 2007). Sendo assim, a ventilação não invasiva (VNI) pode ser definida como o uso de um suporte ventilatório sem recurso a métodos invasivos da via aérea, ou seja, intubação orotraqueal (EOT) e/ou traqueostomia. Ocorre uma conexão entre o ventilador e o paciente gerado por meio de uma máscara. Os objetivos da VNI referem-se à redução do esforço respiratório, maior efetividade nas trocas gasosas, o repouso dos músculos respiratórios. Um dos seus pontos positivos está intimamente ligado com a prevenção da EOT. Pormeio da EOT não se faz necessária a sedação do paciente, permitindo, assim, sua comunicação e, ainda, mantém a tosse que além de trabalhar a musculatura atua como prevenção na aspiração, ou seja, atua como mecanismo de defesa e mantém a alimentação oral. Seu manuseio é de fácil manipulação, seu uso reduz o tempo de internação, assim como reduz a taxa de mortalidade associado a uma diminuição dos custos (FERREIRA et al., 2009). • Fatores que facilitam a adaptação a VNI • Ausência de pneumonia. • Gravidade inicial baixa. • Escassez de secreção. • Menor idade. • Capacidade de cooperação; sincronismo doente/ventilador. • Melhor score neurológico. • Boa adaptação à interface (sem fugas). • Melhoria clínica das trocas gasosas nas primeiras duas horas de VNI (FERREIRA et al., 2009). 23WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 11 - Ventilação mecânica não invasiva. Fonte: Ferreira et al. (2009). Figura 12 - Ventilação Mecânica Invasiva - Intubação orotraqueal. Fonte: Caser (2013). 24WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 13 - Ventilação Mecânica Invasiva - Traqueostomia. Fonte: Ativo Saúde (2019). 3.6 Traqueostomia Consiste em uma intervenção cirúrgica por meio de uma abertura localizada na parede anterior da traqueia, comunicando-se com o meio externo. Desta forma, é definido o tipo de cânula que será utilizada e o seu calibre, sendo elas a cânula metálica ou a cânula de pvc/ portex. Esta última tem sido a mais utilizada inicialmente, e após o desmame da cânula portex evoluímos para a cânula metálica. Contudo, cada caso deve ser avaliado individualmente para seleção adequada ao paciente. Sua função é servir como alternativa artificial para a passagem segura do ar. É comumente utilizada para os casos com obstrução da via aérea superior, com acúmulo de secreção na traqueia ou para gerar uma via aérea estável nos casos de pacientes que necessitam do uso prolongado da intubação traqueal. Contudo, existem várias situações que devem ser analisadas, como, por exemplo, os processos inflamatórios da via aérea superior (difteria, epiglotite infecciosa, choque anafilático, queimaduras da região cervicofacial, entre outras); tumores volumosos envolvendo faringe, laringe, traqueia e o esôfago, que obstruem o fluxo aéreo; traumatismos craniomaxilofaciais; traumatismos laringotraqueais (com edema da via aérea ou enfisema cervical);anomalias congênitas com obstrução da laringe ou traqueia (hemangiomas, linfangiomas, laringomalácea, síndromes genéticas, entre outros);compressões extrínsecas de tumorações ou de lesões vasculares cervicais (bócios, abscessos, hematomas, tumores benignos cervicais);paralisias bilaterais de pregas vocais; estenoses laringotraqueais; corpos estranhos laríngeos; ingestão e aspiração de agentes químicos cáusticos ou ácidos. Vale considerar que a traqueostomia facilita a higiene pulmonar (aspiração), reduzindo a quantidade de secreção nas vias aéreas inferiores (RICZ et al. 2011). 25WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.7 UTI e os Equipamentos Utilizados A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) consiste em uma área da unidade hospitalar criada para centralizar os pacientes que necessitam de cuidados intensos de uma equipe multidisciplinar. Normalmente são pacientes graves que por uma descompensação clínica, ou por terem sido submetidos a cirurgias complexas, invasivas, precisam do acompanhamento da equipe por 24 horas, associado ao monitoramento dos equipamentos para verificação das funções vitais. Um dos equipamentos de suma importância é o monitor geral, pois nos apresenta diferentes dados sobre o paciente, tais como: frequência cardíaca, pressão arterial, nível de oxigênio no sangue e temperatura. Contamos também com a máscara facial (VNI), respirador/tubo traqueal, utilizado para auxiliar na respiração do paciente. Vale ressaltar que enquanto o paciente permanecer “intubado” não poderá se comunicar verbalmente. Contamos, ainda, com a bomba de infusão cuja utilidade será para administrar medicamentos e dieta por meio de gotejamento. Vale salientar que quanto maior o número de bombas infusoras ao lado do leito da UTI mais grave é o caso (INTO, 2019). Figura 14 - UTI. Fonte: Instituto de neurologia de Goiânia (2016). 26WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 15 - Monitor de Ventilação Mecânica. Fonte: USP (2019). Figura 16 - Bomba infusora. Fonte: Enfermagem novidade (2015). 27WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 17 - Máquina de hemodiálise. Fonte: Hospital de Clínicas (2013). A cânula de Guedel (Figura 18) deve ser utilizada para manutenção e manejo das vias aéreas, evitando que a base da língua obstrua a orofaringe e, portanto, o aumento da dificuldade respiratória (PORTAL DO MÉDICO, 2016). 28WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figuras18 - Cânula de Guedel. Fonte: Portal do Médico (2016). Figura 19 - Cânula de Traqueostomia PVC/ Portex. Fonte: Victória Régia (2019). 29WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 20 - Cânula de Traqueostomia Metálica. Fonte: Vitória Régia (2019). O cufômetro é utilizado para medir a quantidade de ar que se encontra dentro do balonete (cuff) que está inserido na traqueia do paciente. Figura 21 - Cufômetro, Medidor de Cuff. Fonte: NEWMED (2016). 30WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Como vimos, a atuação Fonoaudiológica no ambiente hospitalar tem evoluído de forma gradativa e vem sendo cada vez mais solicitada, visto que a atuação tem, de fato, feito a diferença na (re)habilitação do paciente e reduzido os custos para os hospitais. Para que o trabalho seja realizado de forma efetiva, é imprescindível que o fonoaudiólogo conheça toda a estrutura hospitalar, assim como as regras que regem cada setor, identificando cada protocolo elaborado e seguindo fidedignamente as etapas de intervenções. Por muitas vezes o lado humano nos sensibiliza ao ponto de querermos pular algumas etapas para que o paciente possa sentir, ao menos, o sabor de uma gelatina, pois não é raro encontrarmos paciente graves que estão há três ou quatro meses em um leito de UTI sendo alimentado exclusivamente por uma sonda. Quando adentramos ao box com uma simples vitamina para avaliação, os olhos do paciente falam por si só, sem que eles expressem ao menos uma palavra. Neste momento somos tocados e aí, por vezes, esquecemos os protocolos e podemos, na ânsia de querer fazer o melhor, acabar prejudicando ou atrasando um processo por pular uma simples etapa do protocolo. Pensando em nossa segurança e na segurança do paciente, é de suma importância conhecermos e estarmos aptos a identificarmos as situações de riscos, como, por exemplo, quais as precauções de contato que devemos utilizar para cada caso, assim como devemos conhecer todos os equipamentos utilizados no paciente e a hora de utilizá-los, pois um simples pedido de ajuda que o fonoaudiólogo solicita a um médico ou um enfermeiro pode fazer a diferença e ajudar a salvar uma vida. 3131WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................33 1.DEGLUTIÇÃO NORMAL E SEUS ASPECTOS .............................................................................................................34 1.1 ANATOMIA DA CAVIDADE ORAL .............................................................................................................................351.2 ANATOMIA DA FARINGE .........................................................................................................................................35 1.3 ANATOMIA DA LARINGE ........................................................................................................................................36 1.4 ANATOMIA DO ESÔFAGO ........................................................................................................................................37 2. DISFAGIA ....................................................................................................................................................................38 2.1 INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA DISFAGIA ..............................................................................................39 3. NUTRIÇÃO NO AMBIENTE HOSPITALAR ...............................................................................................................42 ATUAÇÃO E INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PROF.A LARISSA PROTANO DE ALMEIDA DOS SANTOS ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR 32WWW.UNINGA.BR 3.1 NUTRIÇÃO EM DISFAGIA ......................................................................................................................................44 3.2CONSISTÊNCIA ALIMENTAR .................................................................................................................................45 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................................ 47 33WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO A partir desta unidade entraremos nas questões referentes à mediação que faremos sobre a necessidade fonoaudiológica que cada paciente pode apresentar. Faz-se necessário conhecermos cada área ou atuação específica que entraremos com a mediação, pois é nossa a função prevermos as dificuldades que cada etapa proporcionará ao paciente. A partir do momento que associarmos os dados do paciente com o nosso embasamento teórico e, automaticamente, identificamos as reais dificuldades, poderemos, então, antecipar, por meio do processo terapêutico, a intervenção sob uma possível sequela. Atuar de forma preventiva também é possível no ambiente hospitalar e tem sido de grande relevância este tipo de atendimento. Obviamente não podemos prever quais situações estaremos expostos a cada dia de trabalho, pois não temos como definir quais serão as patologias bases que os pacientes darão entrada no meio hospitalar. Neste momento, precisaremos de diálogo claro e objetivo com a equipe multidisciplinar, assim como o conhecimento do funcionamento correto do corpo humano, pois sabendo o que acontece de forma certa ficará mais fácil identificar e intervir no que encontrarmos diferente do padrão esperado. Uma das patologias que nos exige precisão e conhecimento correto do organismo é a disfagia, pois muitas vezes ela pode ser apresentada de forma silenciosa e certamente agravar o quadro do paciente. 34WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.DEGLUTIÇÃO NORMAL E SEUS ASPECTOS Antes de iniciarmos sobre o tema disfagia, precisamos, necessariamente, compreender sobre o funcionamento correto da deglutição. Esta acontece a partir da junção de ações neuromusculares, englobando os nervos cranianos. Também se faz necessário compreendermos a fisiologia da deglutição normal, sendo um processo contínuo (ZANCAN; LUCHESI; MITUUTI, 2017). O seu funcionamento pode ser dividido em quatro fases principais, sendo elas: fase preparatória, fase oral, fase faríngea e a fase esofágica. A fase oral ocorre de forma voluntária e pode ser definida como a preparação do bolo alimentar para a deglutição, seguida da propulsão que faz com que o alimento seja conduzido para a faringe. A fase faríngea ocorre de forma involuntária e se inicia quando o bolo alimentar toca o véu palatino, sendo significativamente complexa por conter a participação ativa de várias estruturas em atuação concomitante associado às funções respiratória e digestória. Já a fase esofágica ocorre quando o alimento cai no esôfago a partir da abdução do músculo cricofaríngeo, sendo conduzido ao estômago por meio dos movimentos peristálticos (PORTAL EDUCAÇÃO, 2019a). Figura 1- Processos da Deglutição. Fonte: Magalhães (2019). Para entendermos melhor o desempenho correto da deglutição devemos compreender ainda sobre a anatomia das estruturas que constituem o seu processo e para isso Marchesan (1999, p. 3-4) relatou as principais estruturas, sendo elas: 35WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA As estruturas duras são os ossos: hióide, esfenóide, mandíbula e vértebras cervicais. Os músculos e outros tecidos importantes são: a orofaringe, músculos constritores faríngeos, palato mole, língua - genioglosso, hioglosso e estiloglosso, epiglote, esôfago, cartilagens cricóide e tireóide, e os músculos do pescoço. Os nervos encefálicos são: Trigêmeo V (motor e sensitivo), Facial VII (motor e sensitivo), Glossofaríngeo IX (motor e sensitivo), Vago X (motor e sensitivo), Hioglosso XII (motor), e Spinal - Cervical 1-3 (motor). Se considerarmos que o pescoço necessita estar bem posicionado para uma deglutição harmoniosa, poderíamos também incluir o nervo Acessório XI 1.1 Anatomia da Cavidade Oral Estruturas principais: maxila, mandíbula, lábios, assoalho da boca, bochechas, língua, dentes, palato duro, palato mole e arcos palatoglosso e palatofaríngeo (pilares anterior e posterior). Existem também os espaços, chamados de vestíbulos. Vestíbulos anteriores, espaço entre os maxilares e os músculos do lábio. Vestíbulos laterais, espaços entre os maxilares e as bochechas (MARCHESAN, 1999, p. 4). 1.2 Anatomia da Faringe De acordo com Marchesan (1999), pode ser subdividida em três áreas, nasofaringe, orofaringe e hipofaringe. As paredes da faringe são constituídas de três músculos que estão relacionados no ato de deglutir. Estes músculos são os constritores da faringe superior, médio e inferior. A faringe se estende desde a base do crânio até a o nível da sexta vértebra cervical. Seu tamanho é de cerca de 12cm. A nasofaringe é uma estrutura localizada na base do crânio que conecta a cavidade nasal com a orofaringe, servindo como um conduto de ar, área de drenagem para o nariz, para os seios paranasais e para a tuba auditiva e, por último, como um ressonador para a produção da voz. Contém, ainda, a abertura da tuba auditiva e, lateralmente, o recesso faríngeo; e na parede posterior a tonsila faríngea. A nasofaringe comunica-se com a cavidade nasal por meio das aberturas nasais posteriores (coanas). Anteriormente é limitada pela coana nasal posterior, antero-inferiormente pelo palato mole, posteriormente pela base do crânio e inferiormente pela orofaringe. Embora a adenoide não tenha relação direta com a deglutição, quando hipertrófica pode obstruir parcial ou totalmente o fluxo aéreo e interferir na deglutição. A orofaringe é a extensão da cavidade oral posteriormente. Vai desde os pilares anteriores até a parede da faringe. A tonsila palatina repousa entre os pilares anteriores e posteriores. A valécula é um espaço em forma de cunha entre a base da língua e a epiglote. As paredes lateral e posterior da orofaringe são formadas pela parte mediana e inferior com três dos músculos constritores da faringe. Algumas fibras mais superiores do constritor superior e do palato faríngeo formam uma faixa muscular que, durante a deglutição, elevam uma crista transversa (crista de Passavant) na parede posterior da faringe que, junto com a elevação do palato mole, separa a parte nasal da faringe da parte oral. A hipofaringe vai da ponta da epiglote, ao nível do osso hioide, até o músculo cricofaríngeo (parte do constritorfaríngeo inferior). Termina sobre a laringe, ao nível das falsas pregas vocais. 36WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A parte laríngea da faringe (laringofaringe ou hipofaringe) estende-se da borda superior da epiglote à borda inferior da cartilagem cricoide e continua abaixo com o esôfago. A laringe projeta-se na hipofaringe dorsalmente, contendo as fossas piriformes em ambos os lados da abertura laríngea. As fibras obliquas do músculo constritor inferior terminam onde as fibras horizontais do músculo cricofaríngeo começam. As paredes lateral e posterior da hipofaringe são sustentadas pelos constritores médio e inferior. A parede anterior é formada pela laringe e estruturas relacionadas. 1.3 Anatomia da Laringe A laringe é uma estrutura complexa constituída de cartilagens, músculos e ligamentos. As cartilagens incluem a tireóide, cricóide, aritenóides, cuneiformes, corniculadas e epiglote. Os músculos intrínsecos da laringe controlam os movimentos de abertura e fechamento das pregas durante a respiração, a fonação e deglutição. Controlam ainda a tensão para produção de sons agudos e graves. O músculo que corresponde ao corpo da prega vocal é chamado músculo vocal, que também é o músculo das pregas ventriculares (falsas cordas). Os ligamentos tíreohióideo e cricotireóideo ajudam na suspensão e estabilidade da laringe. A laringe possui três funções básicas, que em ordem de prioridade são: protetora, respiratória e fonatória. A laringe e a traquéia estão suspensas no pescoço pela musculatura suprahioidea, superior e anteriormente ao osso hióide. A membrana tíreo-hióidea e os músculos tireóideos conectam a laringe ao osso hióide, o que forma a base de sustentação para a língua. A porção posterior ou laríngea da epiglote forma a parede anterior e o telhado do vestíbulo laríngeo. As paredes do lado do vestíbulo laríngeo são formadas pela cartilagem tireóide e suas demais estruturas, incluindo os músculos tireoepiglótico e, em parte, pelos músculos tireoaritenóideo em cada lado. O fechamento esfincteriano da via aérea superior é realizado em três níveis dentro da configuração laringeal por estimulação bilateral do nervo laríngeo recorrente. As pregas ariepiglóticas (músculo 4 ariepiglótico), se aproximam para cobrir a entrada superior da laringe. Neste nível mais alto, o espaço anterior é preenchido pelo movimento descendente da epiglote. O espaço posterior é preenchido pela cartilagem aritenóide (Sasaki & Isaacson, 1988). As pregas ventriculares, que formam o teto do ventrículo laríngeo, são o segundo nível de proteção. Os músculos tireoaritenóideos ajudam na adução das pregas ventriculares. O terceiro nível de proteção, corresponde às pregas vocais, com o feixe interno dos músculos tireoaritenóideos. As pregas vocais verdadeiras se ligam ao processo vocal da cartilagem aritenóide posterior. As pregas vocais verdadeiras parecem ser o nível mais eficaz de proteção contra a aspiração (MARCHESAN, 1999, p. 5). 37WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.4 Anatomia do Esôfago O esôfago é um tubo muscular envolto com uma mucosa que propulsiona o alimento da hipofaringe ao estômago. O músculo cricofaríngeo ou esfíncter esofageal superior, forma a junção entre a hipofaringe e o esôfago. A mucosa logo acima do músculo cricofaríngeo é rarefeita e vulnerável à lesões e perfurações por corpos estranhos (Caruso & Sauerlander, 1990). O esfíncter gastroesofágico ou esfíncter esofágico inferior, forma a junção entre o esôfago e o estômago. Estes dois esfíncteres conservam o esôfago vazio entre as deglutições. O esôfago está em íntima proximidade a outras estruturas do pescoço e do tórax. No pescoço, o esôfago está na frente das vértebras cervicais, atrás da traquéia e entre as artérias carótidas. Os nervos laríngeos recorrentes estão localizados de cada lado do esôfago na fissura traqueoesofageal. Outras estruturas importantes relacionadas à alimentação e respiração, as quais estão próximas ao esôfago, incluem o principal brônquio-fonte esquerdo, arco aórtico, pericárdio, nervos esofageaes e veias sangüíneas. A parede do esôfago é composta de três camadas de tecido: o epitelium, a lâmina própria e a muscularis mucosae. Os músculos são encontrados em camadas longitudinais externas e em camadas circulares internas. As porções posterior e lateral do músculo longitudinal circundam as camadas dos músculos internos em um padrão espiral. Estas porções são ligadas superiormente à porção posterior das cartilagens da laringe. O terço superior do esôfago é composto de músculo estriado similar ao da faringe, e os dois terços inferiores são compostos pelas fibras musculares lisas. A faringe e o esôfago proximal são as únicas regiões do corpo humano onde a musculatura estriada não está sob o controle neurológico voluntário. Ambas as fibras, simpática e parassimpáticas, inervam o esôfago (MARCHESAN, 1999, p. 5). Para maiores informações a respeito do desenvolvimento normal da deglutição e das estruturas associadas neste processo, acesse: MARCHESAN, I. Q. Deglutição Normalidade. Disponível em: <http://www.fonovim. com.br/arquivos/ef50dafde6352186ffb233e5d204fac9-Degluti----o-Normali- dade---Irene-Marchesan.pdf>. 38WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. DISFAGIA Uma vez que foram discriminadas as estruturas e sua importância no processo da deglutição, partiremos para a dificuldade na deglutição, conhecida como disfagia. A disfagia consiste na alteração da deglutição, ou seja, no ato de deglutir saliva ou alimentos, podendo ser desenvolvida desde a cavidade oral até o trato digestivo, gerando um desvio do bolo alimentar e/ou saliva, desencadeando obstrução parcial ou total das vias respiratórias, gerando prejuízos referentes aos aspectos nutricionais, hidratação, alimentar e questões referentes ao estado pulmonar, uma vez que o alimento desviado pode vir a se alojar na cavidade pulmonar, apresentando sintomas e sinais característicos. A disfagia pode ser congênita ou adquirida, sendo que a adquirida ocorre a partir de uma lesão neurológica, como acidente vascular encefálico, traumatismo craniano, doenças neurológicas Parkinson, Alzheimer, distrofias musculares, câncer de cabeça e pescoço, assim como a disfagia mecânica ou psicogênica que também podem estar associadas ao envelhecimento normal das estruturas musculares. Desta forma, podemos classificar a disfagia em leve, cuja dificuldade resulta no transporte do bolo alimentar, desencadeando pequena quantidade de estase de secreção nos recessos faríngeos sem que ocorra a penetração laríngea, broncopneumonia de repetição ou perda nutricional. Contamos ainda com a disfagia moderada, que apresenta dificuldades no transporte oral do bolo, com a presença de estase em recessos faríngeos, associados aos sinais indicativos de penetração laríngea com quantidade reduzida de alimento aspirado, além de possíveis pneumonias, déficits nutricionais e alterações do prazer alimentar. Já na disfagia severa ocorre grande quantidade de estase em recessos faríngeos, com penetração laríngea e grande quantidade de material aspirado, associado a pneumonias de repetição, desnutrição e alteração do prazer alimentar com impacto social (FURKIM; SILVA, 1999; PERALTA; ESNAOLA Y ROJAS; GAGLIARD, 2000; SOARES et al., 2006). O que é disfagia? Este vídeo nos auxiliará no entendimento da disfagia de uma forma mais dinâmi- ca, uma vez que que nele contém o mecanismo correto da deglutição uma breve explicação comentando sobre a disfagia, sendo finalizado com o mecanismo in- correto ou incoordenado da deglutição, definido como processo disfágico. É possível acessar o vídeo por meio do seguinte endereço: <https://www.youtube. com/watch?v=leJacdFb75g>. 39WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 2EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1 Intervenção Fonoaudiológica na Disfagia Para início da intervenção Fonoaudiológica, é imprescindível a realização detalhada de uma avaliação sem alimento. Desta forma, denominamos de avaliação funcional da deglutição, observando os seguintes parâmetros de monitorização: • Saturação. • Pressão arterial. • Batimentos cardíacos. • Nível de consciência do paciente. • Condições clínicas gerais. • Funções do sistema estomatognático. Para realizarmos esta avaliação, podemos solicitar comandos ao paciente, como, por exemplo, perguntar seu nome, a cidade onde mora, nome dos pais, filhos, assim como podemos solicitar para que o paciente force uma tosse, pois já saberemos se ainda possui o mecanismo de defesa ou não. Podemos solicitar para que toque as comissuras labiais, que coloque a língua para fora, que volte a língua para dentro e assim sucessivamente. A partir das respostas apresentadas pelo paciente, definiremos a conduta de entrarmos ou não com a avaliação da alimentação via oral de forma segura. No caso da avaliação da deglutição funcional objetiva-se identificar os achados e correlacioná-los como os distúrbios da dinâmica da deglutição, levando em consideração que o teste com alimento é realizado de forma extremamente cautelosa, com escolha criteriosa de consistência, podendo ser interrompida imediatamente, procurando-se evitar aspiração (FURKIM; SILVA, 1999; MOSCHETTI, 2003; SOARES et al. 2006). É imprescindível que o fonoaudiólogo que atue nesta área tenha a convicta segu- rança e domínio em falar e conhecer sobre a anatomia laríngea, uma vez que, nas visitas multidisciplinares nos leitos dos acamados, somos questionados sobre a situação de cada paciente. Neste momento, se o profissional não apresentar se- gurança e domínio anatômico certamente não terá desempenho efetivo para com o paciente, da mesma forma que não será respeitado pela equipe multidisciplinar. Na Fonoaudiologia Hospitalar não há espaços para dúvidas ou incertezas, como também não há tempo para tentar se corrigir, pois um minuto é decisivo entre vida e morte, sucesso e fracasso. 40WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Durante toda a avaliação da deglutição faz-se necessário estarmos significativamente atentos às dificuldades que podem ser observadas ou expressadas por meio de desconforto durante a deglutição, como: • Tosse. • Engasgos. • Múltiplas deglutições para um pequeno bolo. • Resíduos orais de alimento. • Escape oral. • Sensação de algo parado na garganta. • Regurgitação oral e/ou nasal. • Dificuldade para emitir sons da fala pós-deglutição, com alteração da qualidade vocal. • Sialorreia. • Alteração do ritmo respiratório. • Ausculta cervical ruidosa. • Sudorese. • Fadiga após poucas deglutições (FURKIM; SILVA, 1999; MOSCHETTI, 2003; SOARES et al. 2006). Para confirmação de como está sendo a deglutição do paciente, podemos solicitar o exame denominado videofluoroscopia da deglutição (VFD), que se caracteriza como uma análise fidedigna, podendo ser definida como “padrão ouro”, sendo possível a identificação dos aspectos relacionadas à anatomia e fisiologia da deglutição. A avaliação é realizada fazendo uso do contraste radiológico, que proporciona um diagnóstico mais preciso quanto aos distúrbios da deglutição, auxiliando na conduta e direcionamento terapêutico. É por meio da VFD que a fase faríngea pode ser mais detalhada, pois é nesta fase que ocorrem uma sequência de eventos significativamente importantes, sendo necessário a execução de forma rápida, coordenado e preciso, desencadeando a elevação do palato mole, fechamento das pregas vocais, contração dos músculos da faringe, elevação e anteriorização da laringe e o abaixamento da epiglote. Este funcionamento é desencadeado involuntariamente após a estimulação de receptores sensoriais, especialmente localizados na cavidade orofaríngea (ZANCAN; LUCHESI; MITUUTI, 2017). 41WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 42WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Quadro 1 - Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia (PARD). Fonte: Padovani, Moraes e Mangili (2007). 3. NUTRIÇÃO NO AMBIENTE HOSPITALAR No ambiente hospitalar existem alguns tipos de alimentação específicas quando o paciente, por algum motivo, se encontra impossibilitado de se alimentar por via oral, seja por uma disfagia, por estar inconsciente ou algo parecido. Nestes casos opta-se pela nutrição enteral, parenteral, gastrostomia ou jejunostomia. A nutrição enteral é uma forma de alimentação cuja ingestão dos alimentos pode ser feita por meio de uma sonda por meio da passagem naso/ orogástrica, ou seja, da cavidade nasal ou oral até o estômago ou intestino delgado. Nesse caso, os alimentos estão na forma líquida ou em pó e têm o mesmo valor nutricional que se obteria pelo consumo de alimentos. Também são digeridos da mesma maneira, contendo tudo que se necessita diariamente, incluindo carboidratos, proteínas, gordura, vitaminas, minerais e água (AC CAMARGO, 2019). Figura 2 - Nutrição Enteral. Fonte: AC Camargo (2019). 43WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 3 - Nutrição Enteral. Fonte: AC Camargo (2019). A Nutrição parenteral pode ser utilizada tanto como terapia exclusiva quanto como de apoio, dependendo basicamente da capacidade fisiológica de digestão e/ou absorção de cada paciente. Define-se pela administração endovenosa de macro e micronutrientes, por meio da via periférica ou central (PORTAL EDUCAÇÃO, 2019c). A gastrostomia pode ser definida como uma abertura realizada por meio de procedimento cirúrgico na região do estômago para incisão de um tubo de silicone ou de um boton para viabilizar e regularizar os processos de alimentação e de hidratação do paciente que está impossibilitado de se alimentar por via oral em segurança. Este procedimento é realizado como uma das últimas alternativas no processo alimentar, podendo ser temporário ou não. Já a Jejunostomia consiste basicamente no mesmo procedimento da gastro, porém com a incisão em local diferente, sendo realizado uma abertura no intestino, quando o paciente, por algum motivo, apresenta alguma impossibilidade da gastrostomia (GASTROSTOMIA E JEJUNOSTOMIA, 2017). Figura 4 - Nutrição Enteral. Fonte: AC Camargo (2019). 44WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 5 -Tipos de Dispositivos para Gastrostomia e Jejunostomia. Fonte: Gastrostomia e Jejunostomia (2017). 3.1 Nutrição em Disfagia Como sabemos, dentro do hospital faz-se necessário o atendimento em conjunto com a equipe multidisciplinar, visto que um único paciente necessita de várias intervenções e compete a cada profissional apresentar o melhor de si. No caso do paciente disfágico não tem sido diferente, uma vez que a nutrição e a consistência alimentar podem interferir positiva ou negativamente na vida do indivíduo hospitalizado. O paciente com disfagia, associado ao risco nutricional, configura uma característica comumente identificada no meio hospitalar, podendo ser de curta ou longa permanência. O ponto chave da atuação consiste na identificação precoce deste público apesar de todas as dificuldades encontradas neste meio, pois ainda tem sido limitado o atendimento a pacientes, levando em consideração a falta de profissionais tanto com formação em nutrição e fonoaudiologia, como com a especialização neste meio hospitalar. Conta-se também com a falta de conhecimento da equipe hospitalar (SBBG, 2014). Contudo, para o início da intervenção realiza-se uma triagem cujo objetivo é elencar qual paciente apresenta as características referentes à disfagia e desnutrição. Separando, então, os pacientes que necessitam de avaliação emergencialdaqueles que podem aguardar ao menos algumas horas a mais (SBBG, 2014; BARROCAS, 2001). Considerando a importância desta assistência, a vitalidade do indivíduo hospitalizado com disfagia, associado a possível desnutrição, podemos partir do ponto que muitos pacientes necessitarão da aplicação da dieta por via enteral, parenteral ou oral. Por isso, em 2000, foi elaborado o regulamento técnico que fixa os requisitos mínimos para a terapia enteral e, como constituinte, faz necessário a seguinte equipe quando pensamos em trabalhar com este público alvo: um médico, para receber o paciente e avaliá-lo como um todo, elencando os principais pontos identificados no indivíduo e para acompanhá-lo durante o internamento; um nutricionista, para desenvolver a avaliação nutricional; um fonoaudiólogo, para avaliação do risco a disfagia; e um enfermeiro, para auxiliar e acompanhar os cuidados ao indivíduo (SBBG, 2014). 45WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 6- Processos da Deglutição. Fonte: Magalhães (2019). 3.2Consistência Alimentar É imprescindível que o tratamento realizado para as alterações de deglutição seja composto pela modificação da consistência alimentar, pois sabemos que a consistência líquida – água, chás, sucos, café – passam rapidamente da fase oral para a fase faríngea, podendo desencadear escape prematuro na região faríngea, vindo a comprometer a deglutição segura do paciente. Contudo, analisando as consistências dos alimentos sólidos, como arroz, feijão, carne, e dos líquidos viscosos, vitamina espessa, por exemplo, exigem mais força no momento de encaminhar o bolo alimentar para a faringe. Se neste processo a força na língua e nos músculos faríngeos forem reduzidos pode ser que ocorra a permanência de alimentos nos recessos faríngeos (AMARAL et al., 2015). Com o intuito da segurança alimentar, é de responsabilidade do fonoaudiólogo orientar e treinar os pacientes com alterações na deglutição a se alimentarem de acordo com a consistência ideal para o seu caso. Como auxílio na alteração das consistências alimentares, existem empresas que comercializam produtos como o espessante alimentar, que altera totalmente a consistência, de acordo com a necessidade do paciente, sem alterar o gosto ou o sabor do alimento. Podemos encontrar também dietas prontas de acordo com a necessidade do paciente. Contudo, dentro do ambiente hospitalar, necessitamos de vários tipos de consistências alimentares, embora seja notória a diferença entre elas, ainda não existe uma terminologia padrão para defini-las. 46WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A problemática das consistências alimentares se encontra com a ausência de uma terminologia objetiva que defina exatamente cada consistência, o que dificulta a preparação e a utilização das consistências. A falta desta terminologia específica pode gerar sérios prejuízos ao paciente se o profissional não estiver totalmente capacitado para este tipo de atendimento, pois não podemos garantir que o paciente recebeu a dieta na consistência indicada pelo fonoaudiólogo. Além disso, a padronização dos nomes das consistências é importante para que a comunicação entre profissionais da saúde, da indústria, cuidadores e pesquisadores seja consistente (AMARAL et al., 2015). DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA DESCRIÇÃO DACONSISTÊNCIA EXEMPLOS Deglutição Normal Líquidos ralos Água, gelatina, cafés, chás, sucos, refrigerantes Deglutição Funcional Líquidos ralos Água, gelatina, cafés, chás, sucos, refrigerantes Disfagia Leve Néctar – o líquido escorre da colher como um fio Suco de manga ou pêssego, iogurte Disfagia Leve a Moderada Mel – o líquido escorre da colher formando um V Mel Disfagia Moderada Creme – o líquido se solta da colher, caindo em bloco. Papa de frutas e iogurte cre- moso Disfagia Grave Enteral exclusiva Quadro 2 - Sugestão para adaptação da consistência líquida, conforme o grau da disfagia, com o uso do espessante. Fonte: Carvalho e Sales (2014). Vale salientar, que faz parte da função do fonoaudiólogo vincular-se à equipe de nutrição do ambiente hospitalar para definição de consistência. É importante a elaboração de protocolos a serem seguidos, pois as opiniões podem ser difer- entes sobre uma única consistência. Por exemplo, a consistência pastosa pode ser associada a um fio de mel caindo da colher, da mesma forma que pode se vincular a consistência de uma vitamina de abacate. Ambas podem, de fato, ser pastosas, porém podem interferir diretamente na qualidade e na segurança ali- mentar do paciente. 47WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Após iniciarmos o conhecimento sobre as patologias Fonoaudiológicas encontradas no âmbito hospitalar, precisamos, obrigatoriamente, saber o que esperar do paciente independentemente se for de um processo disfágico ou sobre a nutrição de um paciente. Cada patologia requer uma postura e uma conduta diferente e o bom profissional irá se moldar, com o tempo e a experiência, na área, buscando readequar-se sempre e, mais que isso, buscará desenvolver o seu melhor para cada paciente, evitando deixar falhas. É de suma importância que o fonoaudiólogo tenha em mente o que fazer diante cada situação. No caso da disfagia, conhecer os sinais do paciente rebaixado, para que não insista em uma avaliação com uma dieta via oral em um paciente que, naquele momento, não esteja apto a receber. Só identificamos estas situações se realmente conhecermos os conceitos, as fases da deglutição, a anatomia, os sinais que o paciente nos apresenta, quais as avaliações pertinentes, quais os tipos de consistência que deveremos iniciar a avaliação de forma segura, quais os meios que utilizaremos para modificar a consistência. De modo geral, o que faz o fonoaudiólogo hospitalar obter sucesso profissional na área é o conhecimento que possui, associado à curiosidade de não deixar de pesquisar ou perguntar o que tem dúvidas. Não realizar atendimento se estiver inseguro e, principalmente, realizar cada atendimento colocando-se no lugar do outro. 4848WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 49 1. DETECÇÃO PRECOCE - PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO DE TUMORES EM FASES INICIAIS ............................ 50 2. O PAPEL DA FONOAUDIOLOGIA NA ONCOLOGIA ................................................................................................. 54 2.1 INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NAS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES .............................................................. 56 3. FONOAUDIOLOGIA/GERONTOLOGIA E CUIDADOS PALIATIVOS ........................................................................ 58 3.1 CUIDADOS PALIATIVOS .......................................................................................................................................... 60 4. INÍCIO DA ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NOS RECÉM NASCIDOS ...................................................................61 4.1 NEONATOLOGIA E FONOAUDIOLOGIA ...................................................................................................................62 4.2 CLASSIFICAÇÕES DO RECÉM-NASCIDO ..............................................................................................................63 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................................ 64 ATUAÇÃO E INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA ONCOLOGIA PROF.A LARISSA PROTANO DE ALMEIDA DOS SANTOS ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR 49WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃOO câncer de cabeça e pescoço pode ser definido como um termo simplificado que se refere às neoplasias malignas das vias aerodigestivas superiores, compostas pelos seios paranasais, faringe, cavidade oral e laringe. O carcinoma espinocelular (CECCP) pode ser identificado em aproximadamente 90% dos casos, sendo o tipo mais frequente de câncer. O fato é que sua alta prevalência condiz com países que possuem nível sócio econômico baixo, sendo identificado com maior frequência em indivíduos do sexo masculino. Pesquisas revelam que esta taxa se encontra intimamente associada com o uso do álcool e o tabaco como agentes desencadeadores da referida patologia. Esta patologia tem sido diagnosticada em estádios avançados e com metástase, o que define um prognóstico ruim, com baixa porcentagem de cura. O tratamento do câncer de cabeça e pescoço é difícil e complexo, principalmente nos casos em que as lesões se encontram em um estágio mais avançado. A cirurgia é, indispensavelmente, associada à quimioterapia ou à radioterapia, ocasionando significativas deformidades, tanto externa como interna, o que implica negativamente a qualidade de vida do paciente. Estima-se que, no Brasil, sejam descobertos anualmente aproximadamente 13.470 novos casos de câncer de cavidade oral, sendo que em 2012 a perspectiva para tumores malignos localizados na faringe e na cavidade oral ultrapassaram 40 mil casos. 50WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. DETECÇÃO PRECOCE - PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO DE TUMORES EM FASES INICIAIS Embora saibamos que, por muitas vezes, o canceres são diagnosticados em seus estágios mais avançados, não podemos deixar de expor a importância do diagnóstico precoce neste público-alvo. O que sabemos é que a taxa de mortalidade e, consequentemente, de morbidade vinculadas aos cânceres de cabeça e pescoço seriam objetivamente reduzidas se fossem detectados nos estágios iniciais da patologia. Com este intuito, objetivando elevar os índices de descobertas iniciais da patologia foram elaborados os principais fatores de risco para o desencadeamento e, consequentemente, o desenvolvimento do câncer. Caso o indivíduo tenha um ou mais fatores de risco não quer dizer que este terá um câncer, mas que este indivíduo se encontra em um grupo de risco com maior probabilidade em desenvolvê-lo. Desta forma, elencar os fatores de risco, seria a mesma coisa do que traçar o perfil dos portadores da doença. Dentre os indicadores de riscos, sabe-se que é evidente a função do etilismo e do tabagismo seja de forma isolada ou ambos associados. Os fatores de risco mais evidentes para o desencadeamento de câncer bucal são: sexo masculino com idade entre 40 e 70 anos, indivíduos que fazem uso de álcool ou tabaco, infecções virais, imunodepressão, desnutrição, precária higiene oral, exposição solar no caso dos cânceres de lábio (FRANCO et al., 1989). Contudo, mesmo elencando os fatores de risco, ainda restam poucas ferramentas para os profissionais da saúde identificarem a patologia nos estágios iniciais. Em sua grande maioria, os tumores da boca (em fase inicial ou avançada) podem ser diagnosticados sem muita dificuldade, porém requerem muita atenção pois podem facilmente passar despercebidos. Desta forma, realiza-se a avaliação da cavidade oral com boa iluminação, abertura da boca e a inspeção e palpação da mucosa de revestimento da cavidade oral. Assim, a oroscopia e a palpação da boca devem ser partes integrantes do exame físico de todo indivíduo examinado por médicos, cirurgiões-dentistas e fonoaudiólogos. O próprio indivíduo pode proceder ao chamado “autoexame” Para facilitar a compreensão sobre os estágios do câncer, a seguir apresenta-se um quadro, exemplificando brevemente como ocorre o estadiamento do câncer de cabeça e pescoço. ESTÁDIO DESCRIÇÃO Estádio I Tumor < que 2cm localizado na glândula tireoide Estádio II Tumor > que 2cm localizado na glândula tireoide Estádio III Tumor que invade órgãos vizinhos ou linfonodos na região cervical Estádio IV Tumor que compromete órgãos distantes, como pulmões e ossos. Quadro 1 - Descrição Simplificada do Câncer. Fonte: Instituto Vencer o Câncer (2018). Sendo assim, o tipo específico do tratamento indicado para cada paciente é definido a partir do estádio em que a doença se apresenta. Quando o tumor é identificado está no Estádio I, ou seja, tumor de pequeno porte, delimitado ao seu local de origem, ou no Estádio II, com tamanho relativamente maior, invadindo as estruturas próximas, apresenta-se alto o índice de cura. O tratamento pode ser feito por meio de cirurgia, radioterapia ou, em alguns casos, ambas as estratégias. 51WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 1 - Tumor pequeno, confinado ao local de origem e o tratamento específico para esta fase da doença. Fonte: Instituto Vencer o Câncer (2018). Figura 2 - Tumor maior, invadindo estruturas muito próximas e o tratamento específico para esta fase da doença. Fonte: Instituto Vencer o Câncer (2018). O procedimento cirúrgico nos casos referidos tem por objetivo a retirada do tumor e de uma margem de segurança. O tipo específico do procedimento cirúrgico depende da extensão da lesão e das características anatômicas do local afetado. As cirurgias costumam ser mais conservadoras nessa fase e envolvem a remoção do tumor, sem haver necessidade de retirar todo o órgão no qual está instalado. Pode ser que o cirurgião opte pela cirurgia por via endoscópica, em vez de céu aberto. Em algumas situações, a ressecção é realizada com raios laser, no lugar do bisturi. Há casos que se faz necessário a indicação cirúrgica nas fases iniciais nos tumores de nasofaringe, normalmente tratados com radioterapia, em outros casos associada à quimioterapia. Em alguns casos específicos, como nos de câncer de língua, cuja probabilidade de metástases microscópicas nos linfonodos cervicais é significativamente mais elevada, o cirurgião faz a retirada preventiva dos linfonodos cervicais. Essa cirurgia é relativamente simples, não costuma apresentar complicações mais graves e aumenta as chances de cura no estádio II da doença. 52WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para as indicações terapêuticas da radioterapia exclusiva, o tumor deverá ser diagnosticado em sua fase inicial e normalmente apresenta resultados positivos. No caso das pregas vocais, este tipo de procedimento costuma ser menos agressivo e prejudica menos a fala em relação ao procedimento cirúrgico. Uma segunda indicação comumente identificada de radioterapia externa é nos casos dos tumores de nasofaringe. Neste tipo de radioterapia, o tumor é analisado e delimitado a partir dos exames de imagens. O tratamento é realizado aproximadamente por sete semanas, é administrado de segunda a sexta-feira, durante cerca de 15 a 20 minutos. A radioterapia poder ser aplicada uma vez ao dia (convencional) ou duas vezes por dia (hiperfracionada), dependendo do caso. No caso dos tumores identificados nos estádios III e IV, com poucos linfonodos, ou que no estágio IV atingiu vários linfonodos ou expandiu-se para estruturas vizinhas normalmente opta-se pela associação da radioterapia e quimioterapia ou à imunoterapia. A cirurgia é indicada em casos específicos, em que o resultado funcional e estético seja aceitável, além dos casos de lesões da cavidade oral. Contudo, a cirurgia pode e deve ser uma opção, caso o tumor não seja erradicado com radioterapia e quimioterapia. 53WWW.UNINGA.BR FO NO AU DI OL OG IA H OS PI TA LA R | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 3 - Tumor atingindo alguns linfonodos do pescoço e o tratamento específico para o Estádio III e tumor comprometendo vários linfonodos cervicais ou invadindo várias estruturas vizinhas (Estádio IVA). Fonte: Instituto Vencer o Câncer (2018). 54WWW.UNINGA.BR
Compartilhar