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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CURSO DE PSICOLOGIA ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO ATIVIDADE PRÁTICA DE LABORATÓRIO: GENERALIZAÇÃO MARINA SEREJO GIRÃO (0310855) VANESSA ARRUDA CASTRO (0286426) FORTALEZA NOVEMBRO DE 2010 2 SUMÁRIO PÁGINA RESUMO ................................................................................................................... 3 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................4 1. METODOLOGIA ..................................................................................................5 1.1. SUJEITO EXPERIMENTAL.............................................................................5 1.2 AMBIENTE ..........................................................................................................5 1.3 EQUIPAMENTO..................................................................................................5 1.4 PROCEDIMENTOS ............................................................................................6 2. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................7 3. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................15 3 RESUMO O presente relatório refere-se à prática em laboratório da disciplina de Análise Experimental do Comportamento e tem por objetivo testar e estudar alguns princípios básicos desta disciplina. Relataremos e analisaremos os dados obtidos durante o quinto experimento no laboratório de Análise Experimental do Comportamento referentes à generalização dos estímulos, tentando sempre traçar um paralelo entre a teoria e a prática desta disciplina e atentando ao desenvolvimento do comportamento do nosso sujeito experimental em cada fase do experimento. Este experimento tem por objetivo principal demonstrar o papel da generalização de estímulos para o controle do comportamento do sujeito de pressionar a barra na presença de outras intensidades de luz. No caso, foram apresentadas quatro intensidades de luz que se distribuem entre Sd e S∆. Ao final do experimento verificamos que a generalização ocorreu, uma vez que a probabilidade do sujeito pressionar a barra quando a luminosidade estava mais próxima de Sd era maior, e a probabilidade de ele não pressionar quando a luminosidade estava mais próxima de S∆ era menor. Palavras-chave: Análise Experimental do Comportamento, generalização, estímulo discriminativo, estímulo delta, resposta de pressão a barra. 4 Os processos de generalizações de estímulos operantes são extremamente importantes para o dia-a-dia de qualquer ser humano. A partir deles, respondemos de forma similar a novos estímulos que partilham propriedades físicas parecidas com algum estímulo discriminativo, na presença do qual fomos reforçados no passado. (MOREIRA; MEDEIROS, 2008) A generalização acontece quando um organismo emite uma mesma resposta na presença de estímulos que se parecem com um estímulo discriminativo. Por exemplo, quando aprendemos outro idioma, reconhecemos palavras similares no outro idioma por processos de generalização. A generalização de estímulos operantes é muito importante para a adaptação dos indivíduos ao meio. Através desses processos os indivíduos economizam o tempo que gastariam na modelagem da mesma resposta para cada estímulo diferente. Sabemos, porém, que nem sempre somos reforçados a generalizar. Por exemplo, push em inglês significa empurre e não puxe. Nesse caso, não somos reforçados a generalizar. Generalizar pode ser definido como a capacidade de transferir comportamentos ensinados em uma situação para outra situação ou ambiente. No experimento anterior, foi trabalhado o conceito de discriminação de estímulos. Este conceito pode ser definido como a habilidade de perceber a diferença entre diferentes tipos de estímulos dando apenas uma resposta ao comando. Generalização é o oposto. (LEITE, 2005) Dando continuidade ao experimento anterior, o objetivo principal do presente relatório foi verificar como ocorre os processos de generalização de estímulos 5 operantes para o controle do comportamento do sujeito experimental de pressionar a barra. 1. METODOLOGIA 1.1. SUJEITO EXPERIMENTAL Os procedimentos foram realizados com um rato albino macho com idade entre 4 e seis meses, pesando por volta de 250 gramas, privado de água por 48h, proveniente do biotério do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Ceará, campus Fortaleza. O sujeito experimental ocupava a gaiola numero 8 e, por tanto, foi numerado como A-8. No histórico do sujeito A-8 constam 4 experimentações anteriores, a saber: treinamento ao bebedouro, modelagem da resposta de pressão a barra, esquema de reforçamento contínuo e treino discriminativo. 1.2. AMBIENTE A sessão experimental foi realizada na cabine 8 do Laboratório de Análise Experimental do Comportamento da Universidade Federal do Ceará, campus Fortaleza. A cabine é separada das demais por placas divisórias em PVC, sem isolamento acústico, com medida aproximada de 4m². A cabine é equipada com uma bancada ao fundo, na qual estavam dispostos os equipamentos a serem utilizados no experimento, a gaiola do sujeito experimental e as folhas de registros de comportamento a serem utilizadas pelos experimentadores. Além da bancada, havia duas cadeiras para acomodação dos experimentadores. 6 Os procedimentos foram realizados a temperatura média de 25ºC, com a luz da cabine desligada, de forma que a única luminosidade presente na sala era proveniente do corredor do laboratório. 1.3. EQUIPAMENTO Os experimentos foram realizados utilizando-se um equipamento contendo duas unidades operacionais separadas, a Caixa de Skinner e o controle eletrônico. A Caixa de Skinner possui as seguintes dimensões: 250 mm altura x 250 mm frente x 200 mm fundo. Suas laterais são compostas de alumínio, o teto e a porta de acrílico transparente e o piso por barras de aço inoxidável, dispostas paralelamente. A caixa contém uma porta com fecho magnético, uma barra em aço inox no centro da parede direita para acionamento pelo rato, um bebedouro logo abaixo da barra, um suporte tubular no topo da caixa do lado direito para acionamento de luz. O controle eletrônico do equipamento contém um relógio digital com amostragem de 8 dígitos, sendo: horas, minutos, segundos e décimos de segundos, com chave para início e parada da contagem do tempo decorrido do experimento e ainda chave de pressão para reiniciar o relógio. Além disso, possui contador de pressões à barra e de numero de reforços. O controle permite dois modos de funcionamento, o automático e o manual. No modo automático, a cada pressão a barra, o sujeito experimental recebe um reforço. No modo manual, o controlador pode acionar o botão de reforço no momento em que for mais conveniente. 7 1.4. PROCEDIMENTOS A sessão experimental foi realizada no dia 18 de novembro de 2010, entre 8:20h e 10:00h da manhã. Inicialmente foi realizado um esquema de reforçamento de intervalo fixo (FI) com duração de uma hora, nos quais foram registrados os comportamentos de pressão à barra emitidos pelo sujeito experimental minuto a minuto. Os minutos foram divididos igualmente e em sequência em períodos de Sd e S∆, iniciando-sea contagem em Sd. Sendo assim, houveram 30 minutos de Sd e 30 minutos de S∆, seguidos um ao outro. Cada período de 1 minuto de Sd esteve dividido em subperíodos de 10 segundos. Em cada minuto de Sd, um subperíodo de Sd foi aleatoriamente escolhido, como descrito na folha de resposta, expresso através de um quadrado hachurado, para reforçar o comportamento de pressão a barra quando o sujeito experimental emitisse a resposta de pressão à barra nestes 10 segundos. Durante estes, a chave de controle de reforço foi mantida no modo automático, até que ele recebesse um reforço, pois no máximo uma resposta poderia ser reforçada durante cada minuto de Sd. Na segunda fase do experimento, registramos durante trinta minutos o comportamento de pressionar a barra do sujeito experimental, sem que nenhum reforço fosse emitido. Neste período, no entanto, a cada minuto, diferentes intensidades de luz foram apresentadas aleatoriamente, como está descrito na folha de dados do experimento. Cada uma das cinco intensidades de luz foi apresentada no mínimo cinco vezes até completar o ciclo de trinta minutos. Após o trigésimo minuto, o experimento foi encerrado e o sujeito A-8 devolvido a sua gaiola e reencaminhado ao biotério, onde recebeu água, da qual estava privado antes do experimento. 8 2. RESULTADOS E DISCUSSÕES O principal objetivo deste experimento foi verificar como ocorreram os processos de generalização de estímulos operantes para o controle do comportamento de pressionar a barra no sujeito experimental A-8. Para tanto, realizamos os procedimentos descritos acima e analisamos os dados. Durante os 60 minutos nos quais transcorreram o esquema de reforçamento de intervalo fixo, alternado-se minuto a minuto Sd e S∆, apenas no primeiro minuto, no trigésimo trinta e cinco minuto e no qüinquagésimo terceiro minuto o sujeito experimental A-8 não recebeu o reforço no período de Sd. Em todos os outros minutos de Sd, o sujeito experimental A-8 recebeu o reforço de uma gotinha de água. Nos demais minutos de S∆, o mesmo não recebeu reforço nenhum. Durante este processo, o animal somente foi reforçado quando pressionou a barra uma vez no período de dez segundos em que o procedimento indicava. Podemos dizer que, nesta fase do experimento, o sujeito experimental discriminou a luz, na sua potência máxima, como o estímulo discriminativo que sinalizava que ao pressionar a barra algum reforço seria liberado. Os dados obtidos nesta fase do experimento estão descritos na tabela a seguir. Tabela 1 Respostas de pressão a barra durante esquema de reforçamento de intervalo fixo RPB em Períodos de Sd RPB em Períodos de S∆ RPB em Períodos de Sd RPB em Períodos de S∆ 1º minuto 0* 31º minuto 7 2º minuto 0 32º minuto 0 3º minuto 6 33º minuto 4 4º minuto 4 34º minuto 0 5º minuto 6 35º minuto 14* 6º minuto 2 36º minuto 0 7º minuto 7 37º minuto 5 9 8º minuto 0 38º minuto 11 9º minuto 6 39º minuto 5 10º minuto 9 40º minuto 0 11º minuto 7 41º minuto 4 12º minuto 0 42º minuto 0 13º minuto 6 43º minuto 7 14º minuto 0 44º minuto 0 15º minuto 4 45º minuto 11 16º minuto 4 46º minuto 0 17º minuto 7 47º minuto 11 18º minuto 4 48º minuto 6 19º minuto 11 49º minuto 10 20º minuto 4 50º minuto 3 21º minuto 6 51º minuto 10 22º minuto 0 52º minuto 0 23º minuto 4 53º minuto 7* 24º minuto 3 54º minuto 1 25º minuto 4 55º minuto 4 26º minuto 5 56º minuto 0 27º minuto 7 57º minuto 1 28º minuto 1 58º minuto 0 29 minuto 5 59º minuto 3 30º minuto 0 60º minuto 0 *Ocasiões em que o sujeito experimental não recebeu reforço em períodos de Sd Pode-se notar que durante toda esta fase do experimento, o sujeito experimental pressionou a barra em S∆ significativamente menos do que em Sd. Além disso, podemos notar que ao final dos 60 minutos, o sujeito experimental, somente pressionou a barra apenas uma única vez em S∆ em dez minutos de experimento. Isto nos leva a inferir que atingimos nossos objetivos nesta fase do experimento ao conseguir que o sujeito experimental discrimine a luz como estímulo discriminativo para o comportamento de pressão a barra. Na segunda fase do experimento, ocorreu um imprevisto. O sujeito experimental A-8 defecou no minuto onze. Desde o evento, ele ficou sem pressionar a barra, qualquer que fosse a intensidade de luz, até o minuto 26, quando então voltou a apresentar a resposta de pressão a barra. 10 Apesar do imprevisto, demos prosseguimento ao experimento e com os dados que obtivemos, podemos extrair o seguinte gráfico. Gráfico 1 Quantidades de RPB acumulada para as intensidades de luz O gráfico indica que o rato, apesar de ter passado quatorze minutos sem pressionar a barra, generalizou os estímulos luminosos. O estímulo S3, que era 75% da luminosidade máxima, segundo o gráfico, foi o estímulo mais generalizado, ou seja, na presença desse estímulo o sujeito experimental se comportou de forma mais parecida com o que ele havia aprendido em experimento anterior: pressionando a barra enquanto a luminosidade da caixa era máxima. O segundo estímulo mais generalizado foi S2, que era 50% da luminosidade máxima. O estímulo S1, porém, foi generalizado com o estímulo S∆, ou seja, na presença deste, o animal quase não pressionou a barra. Concluímos, então, que o experimento foi bem sucedido e alcançou os objetivos previstos. 11 3 .REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LEITE, Márcia Telma Lima. Aquisição e Generalização de Mandos em uma Criança com Autismo. 2005. 105 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia do Desenvolvimento) - Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2005. Disponível em: < http://tede.biblioteca.ucg.br/tde_busca/arquivo.php?cod Arquivo=86>. Acesso em 20 de novembro de 2010. MOREIRA, Márcio Borges; MEDEIROS, Carlos Augusto de. Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2008.