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TURISMO, COMUNICAÇÃO E SUSTENTABILIDADE: REFLEXÕES E 
POSSIBILIDADES PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL. 
 
Tourism, Communication and Sustainability: Reflections and Possibilities for 
Environmental Education 
Isabel Jurema Grimm 
Graduada em TURISMO. Mestre em Desenvolvimento Regional pela FURB (Blumenau), doutoranda em Meio 
Ambiente e Desenvolvimento, pela UFPR. Bolsista CNPq. 
isabelfrimm@gmail.com 
 
Eloisa Beling Loose 
Jornalista formada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), mestre em Comunicação e Informação pela 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutoranda do Programa de Pó-Graduação em Meio 
Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná (PPGMADE/UFPR). Bolsisita CNPq. 
eloisa.loose@gmail.com. 
 
Carlos Alberto Cioce Sampaio 
Administrador, mestre e doutor na área de planejamento e gestão para o desenvolvimento sustentável. Pós-Doutor em 
Ecossocioeconomia e Cooperativismo Corporativo. Professor da PUCPR e Pesquisador CNPq 
carlos.cioce@gmail.com 
 
 
Resumo 
O Turismo, consumidor da natureza, utiliza o espaço, subtraindo por vezes a dicotomia clássica entre meio ambiente 
e sociedade. A comunicação consiste no relacionamento com o outro e na disseminação de mensagens que podem 
sensibilizar e informar sujeitos. Neste paper pressupõe-se que atividade turística centrada nas preocupações 
ambientais pode, junto a estratégias adequadas de comunicação, ser espaço de formação e reinterpretação de sentidos 
da relação homem-natureza. Metodologicamente articula-se entre duas áreas das ciências sociais aplicadas e suas 
potencialidades no desenvolvimento da educação para sustentabilidade, tendo visto o alcance do turismo na 
aproximação entre pessoas e com novas vivências e o papel da comunicação ambiental no fazer da atividade turística. 
Debate-se a compreensão de sustentabilidade, apresentando formas diferentes de percepção da atividade turística 
atrelada ao meio ambiente. O caráter analítico-reflexivo com viés interdisciplinar busca na relação comunicação 
ambiental, turismo e sustentabilidade apontar caminhos que articulem estes campos de conhecimento em prol da 
educação ambiental. 
Palavras-chave: Comunicação ambiental; Turismo sustentável; Educação ambiental; Educação não formal 
 
Abstract 
 
Tourism, consumer of nature, uses space, sometimes subtracting the classical dichotomy between environment and 
society. Communication is the relationship with the other and in the dissemination of messages that can sensitize and 
inform subjects. In this article it is assumed that tourist activity centered on environmental concerns can, along with 
appropriate communication strategies be training space and reinterpretation of meanings of the man-nature. It is 
divided between two areas of applied social sciences and their potential in the development of education for 
sustainability, having seen the scope of tourism in bringing people to new experiences and the role of environmental 
communication in making tourism. Debate is the understanding of sustainability, presenting different forms of 
perception of tourism linked to the environment. The analytical character-reflective based in search of the 
interdisciplinary communication regarding environmental, tourism and sustainability point out ways to articulate 
these fields of knowledge for environmental education. 
Keywords: Environmental communication; Sustainable tourism; Environmental education; Non-formal education. 
 
 
1. Introdução 
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CAD. Est. Pes. Tur. Curitiba, v. 2, p. 26-42, jan./dez. 2013 
 
 A natural polissemia do turismo, enquanto matéria de estudo e pesquisa utilizado 
pelas ciências sociais, é característica manifesta de sua natureza multifacetada e, dessa 
maneira, suscita desafios a quem desejar estudá-la em qualquer de suas dimensões. No 
campo do conhecimento científico, vários debates têm sido realizados no sentido de 
apontar outros paradigmas, mais pertinentes, relacionados à atividade turística e 
mudanças globais ocorridas na sociedade. 
 A expansão dessa atividade é um processo ainda recente, que ocorreu 
notadamente após a Segunda Grande Guerra, e caracteriza-se, atualmente, pelo elevado 
número de deslocamentos de pessoas por motivos não só de lazer, mas de negócios, 
estudos profissionais, religiosos, saúde, entre outros. Esta realidade, promovida, em 
especial, pelos avanços tecnológicos nas áreas transportes e de comunicação, favoreceu 
o estabelecimento de uma oferta diversificada – o que permite atrair uma demanda 
segundo seus interesses e necessidades. Além de gerar lucros, o turismo pode trazer 
benefícios sociais e ambientais, ampliando o mercado de trabalho e melhorando a 
infraestrutura das localidades receptoras. Por ser atividade que depende do uso do meio 
ambiente, deve e pode ser importante alternativa de desenvolvimento sustentável – 
calcado no tripé social, econômico e ambiental, atentando, assim, para uso racional dos 
recursos naturais sem comprometer sua capacidade de renovação e conservação. 
 Além disso, o turismo se torna mediador entre turistas (que, na maioria das 
vezes, desconhece as dinâmicas naturais e sociais do lugar visitado) e o próprio 
ambiente (dotado de características naturais específicas e de modos de ser tradicionais 
das populações locais). É a partir deste papel que a comunicação, com suas dimensões 
normativa (no sentido de partilha, comunhão e pleno diálogo) e funcional (instrumental, 
ligada ao trabalho de difusão e transmissão) (WOLTON, 2004), pode contribuir para 
que haja espaço para educação ambiental, e a transmissão e compreensão das questões 
ambientais por meio de informações qualificadas. O exercício da comunicação 
comprometida com o meio ambiente durante as atividades turísticas representa, em 
diferentes medidas, formas de sensibilizar/conscientizar os sujeitos para o cuidado e 
respeito necessários na relação homem-natureza. 
 A educação ambiental não formal ou espontânea é aquela que se dá fora de 
ambientes institucionalizados, por atividades ou mensagens ambientais que informam e 
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até educam sem que haja percepção efetiva do sujeito sobre tal processo. Parte da 
atividade turística já desenvolve ações que podem ser vistas sob esta ótica, ainda que de 
forma não planejada. Contudo, a ênfase na relação entre turismo baseado em critérios de 
sustentabilidade e a comunicação atenta às questões ambientais resulta em práticas 
potencializadas de educação ambiental, visando construir públicos de turistas mais 
solidários e portadores de atitudes responsáveis em face aos espaços que visita, tais 
como sugere o fair trade ou circuits courts. 
 Este ensaio produto de exercício interdisciplinar surge na tentativa de colaborar 
com os seguintes questionamentos: É possível que o consumo do espaço, do patrimônio 
natural e cultural seja sustentável? É crível que a atividade turística transcenda a ideia 
de desenvolvimento socioeconômico e contribua para construção de uma outra 
perspectiva sobre meio ambiente? A comunicação ambiental pode auxiliar na 
construção de um turismo comprometido com a sustentabilidade em sentido mais 
amplo? Este texto analítico-reflexivo propõe que a relação entre as áreas do turismo e da 
comunicação preocupadas com questões da sustentabilidade do planeta possa ser 
articulada de forma a promover a educação ambiental não formal, e assim, sensibilizar e 
promover ações ecologicamente mais equilibradas. 
 
2. Turismo, comunicação e sustentabilidade. 
 
 Atualmente, um amplo debate acadêmico discute sobre o que é exatamente o 
turismo, que elementos o compõem, como se originou, suas múltiplas definições,etc., 
destacando diferentes aspectos da mesma atividade. Cabe afirmar que não existe 
conceito universal, uma vez que todas as definições contribuem de alguma maneira para 
aprofundar o entendimento do que é o turismo. De acordo com Barreto (2003, p.9) “a 
primeira definição de turismo remonta a 1911”, tendo a atividade como importante fator 
de desenvolvimento econômico. Contudo, o turismo é um fenômeno que deve ser 
observado em diferentes aspectos: no seu contexto histórico, social, ambiental, espacial, 
político (Sampaio, 2005), dado sua complexidade e abrangência multidisciplinar. 
 Definir um marco conceitual que atue como referência para este texto é 
fundamental para que se tenha norteamento, pois, com a grande pluralidade de 
definições, torna-se difícil expressar a importância da atividade turística em toda sua 
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amplitude. Dessa forma, fundamenta-se o conceito de turismo estabelecido pela 
Organização Mundial de Turismo- OMT, (2001) e adotado oficialmente pelo Ministério 
do Turismo no Brasil, que compreende o turismo como “as atividades que as pessoas 
realizam durante viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por 
um período inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras”. 1 
 Mais do que negócio ou atividade de lazer, o turismo é uma profusão de 
elementos, fenômenos e relações (Barreto, 2003), que está relacionado ao consumo, à 
cultura, ao conhecimento, a uma prática social da contemporaneidade. Diante do desafio 
ambiental
2
 que enfrentamos (PORTO-GONÇALVES, 2006), faz-se urgente que a 
atividade seja indutora de boas práticas, promovendo a harmonia entre homem (turista) 
e natureza, tendo em vista que o ambiente natural é uma das principais bases para seu 
desenvolvimento. 
 A comunicação é uma ciência interdisciplinar que pode ser observada a partir de 
duas dimensões: a funcional - instrumental, ligada ao trabalho de difusão e transmissão 
- e a normativa - no sentido de partilha, comunhão e pleno diálogo Wolton (2004). A 
comunicação é inerente ao ser humano e não deve ser reduzida aos processos 
midiáticos, ainda que estes façam parte de sua abrangência e seja a parte mais visível da 
atividade. Relações face a face e a transmissão de mensagens não mediadas por 
veículos de comunicação, ainda que tenham alcance menor diante das informações que 
são transmitidas massivamente, não devem ser menosprezadas, pois desempenham 
papel relevante na construção de significados, sentidos e representações. 
 Ressalta-se a comunicação ambiental (aquela que utiliza os pressupostos 
comunicacionais a favor da cidadania planetária, estimulando transformações para 
mudança do nosso meio) e no turismo sustentável entendido como aquele que aceita 
“tanto a limitação quantitativa quanto a limitação qualitativa dos níveis de 
desenvolvimento da atividade” (RUSCHMANN, 1997, p.111), lembrando que estas 
denominações abarcam subáreas das ciências sociais aplicadas em debate que possuem 
 
1 Organização Mundial do Turismo. Introdução ao Turismo. Madrid, 200. 
 
2 Para Porto-Gonçalves (2006, p.61), o desafio ambiental se constitui junto com um período histórico que 
se inicia nos anos 1960/70 e “está no centro das contradições do mundo moderno-colonial. Afinal, a ideia 
de progresso, e sua versão mais atual, desenvolvimento, é, rigorosamente, sinônimo de dominação da 
natureza! Portanto, aquilo que o ambientalismo apresentará como desafio é, exatamente, o que o projeto 
civilizatório, nas usas mais diferentes visões hegemônicas, acredita ser a solução: à ideia de dominação 
da natureza do mundo moderno-colonial, o ambientalismo coloca-nos diante da questão que há limites 
para a dominação da natureza.” 
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aproximações com o meio ambiente. Acredita-se que a articulação entre a comunicação 
ambiental no fazer turístico pode proporcionar novos caminhos para o exercício da 
educação ambiental realizada fora da sala de aula, já que a educação sobre questões 
ambientais deve ser permanente e levar em conta a diversidade de práticas, espaços e 
relações sociais. Valdo Barcelos (2012, p.68) pontua alguns aspectos fundamentais para 
transformação da sociedade diante dos problemas ambientais: 
 
A educação ambiental, como uma exigência da pós-modernidade, 
está baseada na busca de metodologias de trabalho que 
privilegiem a construção do conhecimento com base na 
solidariedade, na tolerância, na paz, e em um conhecimento 
prudente de si, para si, e que tenha como horizonte a construção 
de um mundo social e ecologicamente mais justo. 
 
 Educação ambiental se torna importante caminho para enfrentamento da crise 
ambiental posta, devendo estar presente em todos os setores da vida social, pois as 
questões ambientais “não estão fora da história, da cultura, da política, das crenças, 
mitos e ritos de cada sociedade” (BARCELOS, 2012, p.88). Turismo e a comunicação, 
atuando de forma conjunta, podem aliar informações ambientais de qualidade com o 
contato direto e/ou vivências
3
 harmonicamente atreladas ao patrimônio natural, 
oportunizando momentos de sensibilização e aprendizagem durante as atividades 
turísticas. 
 Sustentabilidade, entendida como esforço para garantir modos de vidas que 
conservem culturas e preservem a biodiversidade ao longo de gerações, pode e deve se 
tornar presente no fazer turístico. A comunicação ambiental, como partícipe deste 
processo, mobiliza estratégias que podem contribuir para ressignificação de certas 
visões de mundo. 
 
2.1 Discutindo o desenvolvimento de uma atividade sustentável 
 
 
3 Vivências são nomeadas as atividades oferecidas aos visitantes adeptos do turismo comunitário, que são 
convidados a fazer parte do trabalho diário das comunidades, fomentando as relações de proximidade 
entre visitante e visitado, despertando percepção de realidades distintas, a partir da cotidianidade vivida 
com a produção, o artesanato, o espaço e o ambiente natural (GRIMM e SAMPAIO, 2012). 
 
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 Conceitos de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentável são inúmeros. 
De acordo com Bellen (2006), podem chegar a mais de 160, contudo deixa claro o autor 
que a diferença nas definições é decorrente das abordagens diversas que se tem sobre o 
tema. Diante da possibilidade de conceituar sustentabilidade e desenvolvimento 
sustentável, é oportuno lembrar que neste campo não existe um consenso: 
 
(...) nem o conceito de sustentabilidade, nem de desenvolvimento 
sustentável, conta com um consenso global (...). Esta questão não é 
menos importante, pois a primeira pergunta que se deveria responder a 
um país que queira delinear e implementar indicadores de 
desenvolvimento sustentável ou de sustentabilidade ambiental, seria 
precisamente, do que se está falando. A questão central nessa 
discussão é estabelecer o que se deseja sustentar ao longo do tempo 
(...). Tratar-se-á de ver como uma dada unidade territorial (país ou 
região) avançaria de forma simultânea na produção econômica, na 
equidade social e na sustentabilidade ambiental (CEPAL, 2001). 
 
 O termo sustentabilidade encontra-se presente no discurso de entidades 
internacionalmente reconhecidas, recebe forte atenção no meio acadêmico e tem sido 
tema de pauta da iniciativa privada. Popularizado a partir do conceito de 
desenvolvimento sustentável, consolidado no relatório “Nosso Futuro Comum” 4, a 
ideia inicial estava atreladaa transformação no modelo de desenvolvimento, porém 
por ir de encontro ao neoliberalismo e à crescente desregulamentação da economia, 
acabou sendo interpretado de outras formas e tendo usos diversos. Assim, tal conceito 
tornou-se amplamente conhecido, embora com sentidos que nem sempre estavam 
relacionados com garantia da melhoria da qualidade de vida humana, sem que isto 
possa implicar no fim da capacidade de suporte dos ecossistemas que a sustentam ou 
mesmo da deterioração e exaustão dos recursos que tornam este desenvolvimento real. 
Neste texto, adota-se a concepção de sustentabilidade elaborada pela Comissão 
Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, que a caracteriza como: 
 
(...) um processo de transformação no qual a exploração de recursos, a 
direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento 
tecnológico e a mudança institucional se harmonizem e reforçam o 
potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e 
aspirações humanas (CMMAD, 1991, p.49). 
 
4 Publicado pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU em 1987, o relatório 
é fruto de reflexões e debates ocorridos desde a década de 1960. 
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 O processo civilizatório de modo geral, após ter sobre explorado o meio 
ambiente ao longo da história, parece se dar conta de que os recursos naturais 
existentes são finitos quando não se respeita sua capacidade de absorção e 
regeneração. O desafio da sociedade pós-moderna, portanto, está baseada na 
necessidade cada vez maior em reconceituar a co-evolução entre homem e natureza. 
 De acordo com Sachs (1993), de 1972 até 1992 teria ocorrido um avanço 
significativo na preocupação com a natureza, quando se colocou nas agendas nacionais 
e internacionais a questão ambiental. A problemática ambiental teria sido assumida 
pela maioria dos países, a partir do debate mais amplo sobre o tema e da criação de 
organismos estatais destinados a pensar estratégias de preservação do meio ambiente. 
O auge desse processo foi a Rio 92, que conseguiu produzir um documento de 
considerável qualidade. Após 1992, verificou-se um fracasso político enorme daquilo 
que havia sido decidido no Rio de Janeiro. Outro fator determinante de acordo com 
Sachs para este fracasso teria sido desinformação da população mundial sobre os 
temas tratados no documento da conferência, além da escassez de debates sérios que 
fossem capazes de repercutir as propostas firmadas. 
 Para Leff (2002, p. 57), o desenvolvimento sustentável é um projeto social e 
político que aponta para o ordenamento ecológico e a descentralização territorial da 
produção, assim como para a diversificação dos tipos de desenvolvimento e modos de 
vida das populações que habitam o planeta. Nesse sentido, oferece novos princípios 
aos processos de democratização da sociedade que induzem a participação direta das 
comunidades na apropriação e transformação de seus recursos ambientais. 
 Portanto, pode-se entender por sustentável um modelo econômico, político, 
social, cultural, espacial e ambiental equilibrado (Sachs, 1997), que satisfaça as 
necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras 
de satisfazer suas próprias necessidades. Esta concepção começa a se formar e 
difundir junto com questionamento do estilo de desenvolvimento adotado, quando se 
constata que este é ecologicamente predatório na utilização dos recursos naturais, 
socialmente perverso – aprofundando as desigualdades sociais -, politicamente injusto 
- com concentração e abuso de poder -, culturalmente alienado em relação aos seus 
próprios valores e eticamente censurável no respeito aos direitos humanos e as demais 
espécies. 
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 A ideia chave da sustentabilidade, nesta perspectiva, é manter as condições do 
meio ambiente favoráveis para o desenvolvimento das espécies em nível global e 
local, sendo fundamental equilibrar as necessidades humanas e as do planeta, a fim de 
proteger as gerações futuras. Para tanto, outro tipo de racionalidade precisa emergir, 
centrada em base mais integradora entre sociedade e natureza, a racionalidade 
ambiental (LEFF, 2000). 
 A construção de nova racionalidade ambiental implica na desconstrução da 
racionalidade capitalista do mundo globalizado inclusive valendo-se dela para 
promover a racionalidade ambiental, que identifique elementos que possam se 
constituir como base estratégica produtiva alternativa, integrando a natureza à lógica 
produtiva; tendo uma perspectiva humanista onde produção a se destine à satisfação 
das necessidades básicas contrariando a lógica do mercado e, por fim, baseando-se na 
reapropriação social da natureza a partir de formas de democracia participativa direta - 
não a tradicional democracia representativa. Desta maneira, a gestão direta dos 
recursos naturais estaria baseada em práticas tradicionais resultantes de cosmovisões e 
culturas que têm um comportamento mais harmônico com a natureza (LEFF, 2000). 
 De forma semelhante, Boff (2012), ao tratar do que é ou não é sustentabilidade 
em termos de desenvolvimento, afirma que a viabilidade está atrelada à interação que 
a comunidade tem com seu respectivo ecossistema local e regional, enfatizando o 
capital social da população em presença. Além disso, o autor aponta para necessidade 
de romper com o modo de produção que é hegemônico hoje. 
 
O desenvolvimento sustentável resulta de um comportamento 
consciente e ético face aos bens e serviços limitados da Terra. De 
saída, impõe um sentido de justa medida e de autocontrole contra os 
impulsos produtivistas e consumistas, aos quais estamos acostumados 
na nossa cultura dominante (BOFF, 2012, p.137). 
 
 
Assim, pensando a sustentabilidade como a emergência de outro tipo de relação 
do homem com a natureza – menos predatório e mais simbiótico -, para que ela viabilize 
é necessário antes alterar os modos de pensar da sociedade. A compreensão de que se 
está em crise e de que o modelo de produção atualmente vigente depende de educação 
para e sobre o meio ambiente, e acredita-se que diferentes áreas do conhecimento 
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possam ser partícipes dessa tarefa de maneira a colaborar para mudanças de 
perspectivas e de práticas. 
O “turismo contemporâneo consumidor da natureza” (RUSCHMANN, 1997, 
p.9) deve repensar seu fazer e possibilitar a educação ambiental não formal como forma 
de refazer as relações entre homem e natureza, entendendo que a degradação do 
ambiente se dá pela ação humana e há paradoxos sociais que se refletem no turismo, 
pois como fenômeno social e humano revela o universo cultural em que está contido 
bem como a sociedade que o promove. Sob esta concepção, a atividade turística deve 
transformar a percepção do visitante sobre o ambiente visitado possibilitando processos 
de mudança, uma vez que uma viagem tem potencial transformador pelo acesso a outras 
culturas e observação de outras formas de comportamento. Como instrumento para 
promoção do desenvolvimento sustentável, o turismo, aliado à comunicação ambiental, 
pode promover concretamente, atividades e vivências que contribuam para a formação 
holística e tomada de consciência das questões ambientais, revelando-se forma de 
educação ambiental. 
 
2.2 Espaço para a educação ambiental não formal 
 
 A educação ambiental deve ser compreendida como parte da educação 
permanente (KNECHTEL, 2001), sendo por isso trabalhada nos mais diversos espaços e 
setores da sociedade. Aaprendizagem em sala de aula, dita formal, compreende o 
desenvolvimento de questões ambientais, mas a educação ambiental vai além, 
extrapolando períodos e lugares. É por isso que ela é também (e em grande parte do 
tempo) não formal, ou seja, ocorre em situações e atividades cotidianas 
independentemente da presença de um professor ou de uma escola. 
 Dias (2000, p. 95) corrobora com esta afirmativa quando esclarece que a 
educação ambiental pode ser transmitida por meio de métodos educativos formais e não 
formais. O método formal passa pelos currículos das instituições de ensino, podendo ser 
pela ótica da interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, e o não formal sugerindo ser 
pela perspectiva da transdisciplinaridade, é realizado por meio de práticas e ações 
educativas representadas pela sensibilização da coletividade, pela difusão por meio da 
comunicação diversificada, pela ampla participação das instituições de ensino e ONGs, 
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pela sensibilização da sociedade, das populações tradicionais presentes em Unidades de 
Conservação, pelos agricultores, pela prática do turismo e pelos próprios processos de 
comunicação. 
 Coadunando educação ambiental formal e educação ambiental não formal, 
aumenta-se a possibilidade de despertar a intenção e o senso de responsabilidade de 
cada sujeito envolvido no processo de desenvolvimento. Neste contexto, o turismo se 
insere para transmitir e discutir questões ambientais não apenas nas comunidades da 
qual depende, como também problemas mais globais oriundos do próprio convívio com 
pessoas de diferentes lugares. Por meio de informações qualificadas, o turismo pode 
fazer uso de ferramentas da comunicação ambiental a fim de promover momentos de 
educação ambiental durante passeios e visitas. Lembrando que não se trata apenas da 
comunicação gerada racionalmente no sentido de divulgar, promover ou comercializar 
produtos e serviços turísticos (como é o caso do marketing), mas, de fazer uso de um 
meio persuasivo capaz de despertar turistas e comunidades receptoras para a 
importância da tomada de consciência em relação à preservação e ao desenvolvimento 
da atividade turística de forma sustentável. E mais: a comunicação e o turismo aliados 
em prol do meio ambiente podem gerar experiências socioeducativas que extrapolem o 
momento da visita e alcancem o cotidiano dos sujeitos. 
 Tal afirmação é possível porque que a educação ambiental pressupõe 
transformações, indo além de aprendizado sobre dados conteúdos ou de 
comportamentos mecânicos. Reigota (2001, p.10) explicita: 
 
(...) a educação ambiental deve ser entendida como educação política, 
no sentido de que ela reivindica e prepara os cidadãos para exigir 
justiça social, cidadania nacional e planetária, autogestão e ética nas 
relações sociais e com a natureza. A educação ambiental como 
educação política enfatiza antes a questão ‘por que’ fazer do que 
‘como’ fazer. Considerando que a educação ambiental surge e se 
consolida num momento histórico de grandes mudanças no mundo, 
ela tende a questionar as opções atuais e o próprio conceito de 
educação vigente, exigindo-a, por princípio, criativa, inovadora e 
crítica. 
 
 Em qualquer espaço é possível problematizar e reivindicar outras formas de 
viver. O turismo aparece como oportunidade de catalizar momentos de lazer e 
felicidade, aproximação com a natureza e revisão das representações e relações que 
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temos uns com os outros e com o próprio meio do qual se depende para viver. Por sua 
vez, a educação ambiental conduz a explorar os estreitos vínculos existentes entre 
cultura e natureza, e a tomar consciência de que, por meio dela, reencontra-se parte da 
própria identidade humana. Barcelos (2012, p. 83) pontua a relevância do envolvimento 
afetivo, lúdico e amoroso, que é facilmente desencadeado durante a prática do turismo, 
a partir da ação educativa ambiental: 
 
A falta deste envolvimento dificulta a criação de raízes para a 
educação ambiental, na medida em que me parece fundamental, em 
educação, a mudança de atitudes, de hábitos culturais que nos levem a 
repensar nossos costumes, nossas práticas, nossas atitudes. Enfim, 
nossa representação de mundo. 
 
Evidencia-se que experiências e vivências proporcionadas pelo turismo podem, 
por meio do envolvimento com culturas e espaços visitados, gerar reflexões e 
questionamentos sobre as relações sociedade-natureza, como objetiva a educação 
ambiental. De igual forma, a comunicação ambiental é capaz de mobilizar e provocar 
novos pensamentos em prol da sustentabilidade, atuando, nestes casos, como educadora 
ambiental não formal (sugere espontaneidade). Conforme Morais (2004, p.85), o 
“espaço da comunicação é, necessariamente, espaço educacional”, visto que as ações de 
educação são “tudo o que em um campo social implica o trânsito de ideias e 
sentimentos, valores e sugestões comportamentais”. 
 Há várias correntes na educação ambiental, que enfatizam diferentes elementos e 
visões sobre a relação sociedade- natureza. Há inclusive uma concepção denominada 
“educação para o desenvolvimento sustentável”, que se baseia no aspecto utilitarista da 
educação e na representação “recursista” do meio ambiente – percebida como 
reducionista e que não se enquadra na discussão posta. Ao pensar a educação ambiental 
como caminho para transformação não se detém em apenas uma corrente – já que elas 
são tipologias que na realidade se confundem e nem sempre abarcam a totalidade de 
sentido presente nas práticas -, mas em uma ideia que abarque uma educação 
preocupada em otimizar a teia de relações entre pessoas, o grupo social a que 
pertencem e o meio ambiente (SAUVÉ, 2005). Nesse sentido, a ideia da comunicação 
como comunhão, partilha (WOLTON, 2004) - pois ela não é somente um valor 
individual – cria sinergia com os objetivos da educação ambiental de cooperação e 
solidariedade a fim de “fazer algumas rupturas e mudanças de rumo” (BARCELOS, 
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2012, p. 25). A comunicação no seu sentido normativo está na origem de um princípio 
de organização de relações sociais voltadas para afinar as relações entre indivíduo e 
coletividade. 
 O caráter interdisciplinar e olhar holístico desta abordagem privilegia a ótica da 
educação ambiental voltada para o todo e inserida em todos os contextos, incluindo a 
participação da comunidade. Procura atender ao pressuposto de que a divulgação e o 
esclarecimento, não só dos danos atuais, como também das possibilidades de danos 
futuros provenientes das ações humanas, podem gerar impactos definitivos na natureza. 
Assim, enfatiza-se que o turismo e educação ambiental encontram na comunicação justa 
e comprometida com o meio ambiente formas de partilhar o conhecimento que visa 
esclarecer que o consumo do espaço, do patrimônio natural e cultural pode ser 
sustentável, desde que as ações de planejamento para o uso deste seja ordenado e que os 
sujeitos sejam colaboradores ativos para a manutenção (e não deterioração) dos 
mesmos. 
 
3. Comunicação e turismo a favor do meio ambiente 
 
 Refletir sobre integração do homem e natureza, numa inter-relação vivencial 
com o ecossistema, costumes e a história local, deve ser balizado pelo envolvimento do 
turista nas questões relacionadas à conservação do meio ambiente. 
 Meio ambiente nesta perspectiva representa as condições externas ou o espaço 
biofísico onde vivem e trabalham as pessoas, significa todo meio natural - não humano 
– às vezes chamado de “ambiente natural” – ou em sentidomais amplo, é simplesmente 
o “planeta Terra como um todo”. (Giddens, 2012, p. 122). 
 O turismo sustentável apresenta benefícios, desde a diversificação das atividades 
econômicas até a preservação da cultura e do meio ambiente. Porém tanto benefícios 
quanto os problemas dele decorrentes são potenciais, ou seja, dependem de como o 
planejamento, implementação e monitoramento das atividades forem organizadas e 
realizadas. Afonso (2006) discute se a sustentabilidade seria um caminho ou uma 
utopia, na medida em que esta concepção requer estratégias de planejamento a longo 
prazo e estratégias de mercado buscam maior lucro possível a curto prazo, assim como 
estratégias políticas, que geralmente são de curto prazo. 
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 Desenvolvimento do turismo de forma sustentável deve, segundo Rocktaeschel 
(2006, p. 23) promover “a harmonia entre a natureza e os seres humanos, assegurando a 
efetiva participação dos cidadãos em todo processo de planejamento e decisão”. É 
preciso, portanto, como propõe Sauvé (2005) reconstruir o sentimento de pertencer à 
natureza, o que sugere a partir da educação que, formalmente ou não, privilegia a 
relação mais próxima do homem com o meio ambiente. 
 Pode-se dizer que a educação ambiental ocupa lugar de destaque na cadeia 
produtiva do turismo, uma vez que o turista interage com todos os elementos direta ou 
indiretamente e, por consequência, a prática educativa pode ser concebida a partir de 
todos os elementos que compõem a atividade turística. Portanto, o turismo deve 
promover conhecimento e educação ambiental, pois como fenômeno social e humano 
tem oportunidades de criar ações e interagir com a comunidade, por meio de processo 
de tomada de conscientização, conhecimento, comportamento, habilidade e participação 
entre todos os atores sociais envolvidos. 
 Para Ruschmann (1997, p. 74) a educação para o turismo ambiental deverá ser 
desenvolvida por meio de programas não formais, chamando o “cidadão-turista” a uma 
participação consciente quanto a proteção do meio ambiente e que nãoseja restrita 
apenas ao período de férias, mas também no cotidiano, no local de residência 
permanente. Ainda de acordo com a autora, não apenas o turista dever ser educado para 
agir em favor do meio ambiente, mas o poder público precisa promover e criar políticas 
públicas de proteção e preservação, e o mercado possa assumir postura em relação a 
ações que estimule tomada de consciência de “seus clientes” para a preservação da 
natureza, tal como sugere o consumo solidário. 
 Pensar a educação ambiental, o turismo e a comunicação requerem diversos 
enfoques e níveis de complexidade. Ruschmann (1997) indaga que a profusão de 
informações sobre recursos turísticos encontra paralelo apenas na sua falta de 
credibilidade, pois a natureza promocional da maioria das informações fornecidas pelos 
órgão públicos visam fornecer dados atrativos sobre as regiões, a fim de colocá-las nos 
mapas turísticos, Para a autora, “é preciso desenvolver uma nova sensibilidade em uma 
parcela da população turística que passa a não tolerar os abusos cometidos contra o 
meio ambiente (Ibid., p.82)”. 
 Processos de divulgação e promoção dirigida ao turista, campanhas de 
valorização do turismo e de sensibilização, capacitação e desenvolvimento de pessoas 
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para atuarem na área, processos de construção e/ou fabricação da imagem-conceito, 
processos mercadológicos, lugares de participação (ou não) das comunidades, 
organização de informações para serem apresentadas aos turistas em diferentes 
ambientes e a própria criação dos ambientes como lugar a ser significado pelo turismo 
devem levar em conta a gestão e planejamento da atividade como um todo. Deve-se ter 
o cuidado para que a comunicação não participe do processo apenas como instrumento 
dos interesses utilitaristas, na qual prevalece a lógica de privatizar lucros de curto prazo 
e socializar prejuízos de médio e longo prazo, atentando para suas potencialidades 
enquanto mobilizadora de sujeitos e difusora de conhecimentos ambientais. 
 Quando se pensa no tripé turismo, comunicação e educação ambiental evoca-se 
o comprometimento de todos os sujeitos envolvidos no desenvolvimento da atividade 
turística de forma equilibrada, no uso racional dos recursos naturais e na participação 
integrada das comunidades. 
 Percebe-se que a educação ambiental tem a capacidade de redirecionar as ações 
humanas em relação ao meio ambiente. A comunicação deve ser vista como central nos 
processos de gestão, especialmente aqueles nos quais os processos decisórios vêm de 
baixo para cima (não sendo impostos por aqueles que nem conhecem de fato a 
realidade). Para que o desenvolvimento da atividade turística contemple a questão da 
sustentabilidade é preciso que se estabeleça diálogo com objetivos comuns de maneira a 
promover a qualidade de vida das comunidades que protagonizam a atividade turística, 
e que ainda, seja estratégia de comunicação social de seus modos de vida, produção e de 
conhecimento. Planejamento e gestão também devem estar atrelados à comunicação no 
seu cerne, compreendendo-a como processo substantivo e não apenas como ferramenta 
de publicidade. 
 
Considerações finais 
O esforço de articular as temáticas do turismo, comunicação, sustentabilidade e 
educação ambiental parte das inquietudes decorrentes do diálogo de saberes 
proporcionado pela experiência acadêmica interdisciplinar. Ao perceber que a 
comunicação é vista em muitas áreas do conhecimento apenas como instrumento para 
determinadas ações e que, por outro lado, a compreensão do turismo é, de modo geral, 
compreendida como mero negócio busca-se dialogar de que maneira as duas áreas 
(enquanto campo teórico e de práticas) se justapõe ou completam na promoção de uma 
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mudança de racionalidade frente a crise civilizatória. Sob a inspiração da promoção da 
sustentabilidade, as áreas convergem para um ponto comum denominado educação 
ambiental não formal. 
 Neste espaço dialético de encontros e desencontros, questionamentos foram 
realizados tentando responder se é possível que o consumo do espaço, patrimônio 
natural e cultural seja sustentável; se é crível que a atividade turística transcenda a ideia 
de desenvolvimento econômico e contribua para resignificação do termo meio ambiente 
como dinâmica ecossistêmica; e finalmente se a comunicação ambiental pode auxiliar 
na construção do turismo baseado na responsabilidade social e com a sustentabilidade. 
Postos tais questionamentos e levantadas às possibilidades conseguiu-se dissertar sobre 
as interfaces que o tripé turismo-comunicação-educação ambiental quando pensadas em 
conjunto podem favorecer caminhos para uma vida mais sustentável. Frente a tal fato, 
acredita-se que a atividade turística possui os requisitos para sustentabilidade do 
desenvolvimento, transpondo à limitação do espaço de consumo por meio da inclusão 
da comunicação ambiental qualificada que reflita em educação não formal. 
 Atividade turística possui da mesma forma, como a maior parte das atividades 
econômicas e sociais, capacidade de promover impactos positivos e negativos. Baseado 
nisto tornar-se notória a importância do planejamento que releve a preservação cultural 
e ambiental, de forma sistêmica e concreta, maximizando a comunicação entre 
stakeholders, e que seja como propõe Wolton (2004) da cooperação e partilha. Por 
conseguinte, o desenvolvimento do turismo sustentável ocorrerá com a organização 
prévia da atividade turística, a qualse revela indispensável. 
 O estabelecimento da atividade turística pode ser sustentável na medida em que 
outras racionalidades surjam e dialoguem na direção de um novo desenvolvimento à 
escala humana, na qual comunidades, elas próprias, decidem o que desejam ser, grandes 
ou pequenos. Para tanto, informações mais qualificadas precisam circular para mobilizar 
as comunidades receptoras sobre os cuidados e valores que ali se tem, pois podem ser 
únicos. Para que gestores e tomadores de decisão tomem consciência sobre 
possibilidades ecossocioeconômicas derivadas do turismo (como a própria questão da 
educação); e assim promovam outras visões de mundo, mais integradoras sobre a 
relação sociedade-natureza, perpassando gerações. 
 
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Recebido: 12/03/2013 
Received:03/12/2013 
Aprovado: 18/07/2013 
Approved: 07/18/2013

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