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TCC - Pedagogia

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UNIP- UNIVERSIDADE PAULISTA 
 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
 
CARLA ARIANE SILVA PEDRO 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E 
SUA BUSCA PELA SUSTENTABILIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UBERABA-MG 
2020 
CARLA ARIANE SILVA PEDRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E 
SUA BUSCA PELA SUSTENTABILIDADE 
 
 
 
 
 
Trabalho Monográfico- Curso de 
Graduação- Licenciatura em Pedagogia, 
apresentado a comissão julgadora da UNIP 
EAD sob a orientação da professora Flávia 
Clara Bezerra Trevisan. 
 
 
 
 
UBERABA-MG 
2020 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus pela minha existência, pela minha saúde, pelo amor 
supremo e por me conceder força, oportunidade e sabedoria para que eu pudesse 
chegar até aqui. 
Agradeço amorosamente aos meus pais, Carlos e Rosana por se dedicarem tanto 
na minha criação e educação, por terem se abdicado de tantas oportunidades para 
que eu tivesse uma vida feliz e realizada. A presença de vocês em minha vida me 
torna mais segura, pois tenho a certeza de que não estou sozinha nessa caminhada. 
Amo vocês. 
Agradeço os meus irmãos queridos, Alexandre e Cássia, pelo apoio e amor 
incondicional que sentimos um pelo outro. Elo profundo e mais que especial. 
Agradeço aos meus preciosos sobrinhos, Vítor e Lorenzo, por iluminarem os meus 
dias de maneira especial e por representarem um amor sem igual. 
Agradeço a pessoa que amo partilhar a vida, meu esposo Camilo, amigo, 
companheiro para todas as horas, por acreditar em mim em todos os momentos, 
pelo apoio, pelas renúncias, pela paciência, por me conceder essa oportunidade e 
por me fazer muito feliz. 
Agradeço aos meus avós (In memorian), pelo zelo em cada pequeno detalhe e pelos 
belos exemplos de amor, humildade, resignação, caridade, responsabilidade e fé. 
Aos meus familiares, por me proporcionarem muitos momentos de alegria, de união 
e força. 
À coordenadora do polo Mariana, pelo convívio, pelo apoio, pela compreensão e 
pela amizade. 
A todo corpo docente da escola Rubem Alves, por me darem a oportunidade de 
observar e participar da vivência nas diferentes funções prestadas num ambiente 
escolar em seu cotidiano. 
As minhas colegas de curso, pela capacidade de partilharem conhecimentos, 
histórias de vida e incentivos de forma tão carinhosa, mesmo distantes. 
A todos os professores e colaboradores da UNIP, que foram muito importantes na 
minha vida acadêmica, cada ensinamento foi de grande relevância para agregar 
conhecimento e competência a minha nova profissão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A natureza nunca nos engana; somos sempre nós que nos enganamos. 
Jean-Jacques Rousseau 
 
 
 
RESUMO 
 
A reflexão sobre as práticas sociais, em um contexto marcado pela degradação 
permanente do meio ambiente e do seu ecossistema, cria uma necessidade de 
articulação com a produção de sentidos sobre a educação ambiental e a 
sustentabilidade, que precisam ser compreendidas como indispensáveis no 
processo de formação do cidadão apto a exercer o seu papel social, sendo 
consciente e responsável com o lugar onde vive. O estudo objetivou estudar os 
aspectos pedagógicos ligados na perspectiva da vertente crítica da Educação 
Ambiental com alguns conceitos relevantes da sustentabilidade. A metodologia 
corresponde a uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo, tendo como 
principais fundamentações a Conferência de Tbilisi e as Diretrizes Curriculares 
Nacionais para a Educação Ambiental sobre práticas educativas. Buscou-se a partir 
de uma breve história da Educação Ambiental, destacar alguns eventos 
internacionais e como se deu a inserção no Brasil, importantes precursores da 
Educação Ambiental. Discutir os aspectos pedagógicos que norteiam a Educação 
Ambiental e os seus conceitos em evidência. Descrever características e princípios 
de acordo com a Conferência de Tbilisi para programas e projetos de trabalhos na 
Educação Ambiental. Destacar a relevância da Educação Ambiental para a primeira 
infância e apresentar de forma sucinta algumas recomendações da norte-americana 
Ruth Wilson na implementação de programas para esse nível de ensino. Ressaltar a 
importância da complementaridade da educação formal e não formal, assim como a 
interdisciplinaridade e a transversalidade. Detalhar princípios, objetivos e a 
organização curricular de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a 
Educação Ambiental. Demonstrar as modalidades de educação conservadora e 
crítica, e expor as dimensões do Desenvolvimento Sustentável. Em suma, a 
pesquisa reflete a necessidade de amadurecer a ideia de concepção pedagógica na 
prática educativa da educação ambiental aliada à sustentabilidade como fonte de 
viabilização da aprendizagem, produzindo o conhecimento através da relação entre 
o pensar, o fazer, o sentir e o aprender, de maneira significativa e contextualizada 
com a realidade. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Cidadania, Ecologia, Desenvolvimento Sustentável. 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The reflection on social practices, in a context marked by the permanent degradation 
of the environment and its ecosystem, creates a need for articulation with the 
production of meanings about environmental education and sustainability, which 
need to be understood as indispensable in the training process the citizen who is fit 
to exercise his social role, being aware and responsible with the place where he 
lives. The study aimed to study the pedagogical aspects linked in the perspective of 
the critical aspect of Environmental Education and to direct the study in coherence 
with some relevant concepts of sustainability. The methodology corresponds to a 
qualitative bibliographic research, based on the Tbilisi Conference and the provisions 
of Law No. 9,795 of 1999 on educational practices. From a brief history of 
Environmental Education, we sought to highlight some international and national 
events, important precursors of Environmental Education and how it was inserted in 
Brazil. Discuss the pedagogical aspects that guide environmental education and its 
concepts in evidence. Describe characteristics and principles according to the Tbilisi 
Conference for environmental education work programs and projects. Highlight the 
relevance of environmental education for early childhood, continuing in the other 
stages of basic education. Emphasize the importance of complementarity between 
formal and non-formal education, as well as interdisciplinarity and transversality. 
Detail principles, objectives and curricular organization according to the National 
Curriculum Guidelines. Demonstrate the modalities of conservative and critical 
education, and expose the dimensions of sustainable development. In short, the 
research reflects the need to mature the idea of pedagogical conception in the 
educational practice of environmental education combined with sustainability as a 
source of enabling learning, producing knowledge through the relationship between 
thinking, doing, feeling and learning, in a meaningful and contextualized way with 
reality. The challenge is to formulate an environmental education that is critical and 
innovative on two levels: formal and non-formal. 
 
KEY WORDS: Citizenship, Ecology, Sustainable development. 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO.............................................................................................................7 
CAPÍTULO I- FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL.................................9 
Crise no Ambiente........................................................................................................9 
Breve história da Educação Ambiental.......................................................................13 
A Inserção Legal da Educação Ambiental no Brasil...................................................17 
CAPÍTULO II- ASPECTOS PEDAGÓGICOS QUE NORTEIAM A EDUCAÇÃOAMBIENTAL..............................................................................................................19 
Aspectos Conceituais.................................................................................................19 
Características da Educação Ambiental de acordo com a Conferência de Tbilisi.....20 
Educação para a Primeira Infância............................................................................23 
Educação Formal e Não-Formal................................................................................26 
Interdisciplinaridade e Transversalidade....................................................................28 
Princípios, Objetivos e Organização Curricular..........................................................31 
Modalidades: Conservadora e Crítica........................................................................36 
CAPÍTULO III- DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL...........................................39 
Dimensões do Desenvolvimento Sustentável............................................................39 
Educação Ambiental em Debate................................................................................41 
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................44 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................48 
 
 
7 
 
INTRODUÇÃO 
 
Recentemente o mundo está passando por vários problemas ambientais 
relacionados ao complexo quadro de crise geral. A falta de uma política quanto ao 
planejamento da utilização dos recursos naturais tem gerado algumas perdas 
irreversíveis, o que induz a importantes implicações econômicas e 
consequentemente ao descontrole da degradação ambiental e social. Essa busca 
constante pelos padrões elevados de produção e consumo, demonstra uma 
irracionalidade com os meios naturais e com os limites do crescimento econômico. 
É dever da educação favorecer os indivíduos, levando-os a uma criticidade 
sobre o seu papel no mundo, além do entendimento dos aspectos primordiais 
relacionados ao desenvolvimento do homem e do meio em que se vive, com 
conhecimentos e habilidades necessárias para solucionar os problemas enfrentados 
diariamente. 
Para que haja uma mudança de rumos são necessárias estratégias para o 
pleno desenvolvimento humano e da natureza, capazes de promover a importância 
da Educação Ambiental, da adoção de práticas que visem à sustentabilidade e a 
diminuição de qualquer impacto que nossas atividades venham a ter no ecossistema 
que nos cerca e nos mantém. 
Discutir a questão da educação ambiental nas instituições de ensino, além de 
ser um reflexo dos conceitos multiculturais e interdisciplinares, tem se tornado uma 
necessidade e uma preocupação quanto às soluções que se pretendem para 
garantir uma melhor qualidade de vida às futuras gerações. Temas relacionados ao 
Meio Ambiente já são discutidos nas diversas instituições de ensino, é comum o 
estudo de capítulos que retratem o funcionamento ou a relação antrópica em 
múltiplos conteúdos, a exemplo das abordagens propostas sobre o ar, a água, o solo 
e os ecossistemas, nas disciplinas como em Ciências e Biologia, Geografia, História, 
Química e Física. 
Porém, muito mais que a causa do meio ambiente, a Educação Ambiental 
voltada para a sustentabilidade analisa um amplo conjunto de fatores levando em 
consideração também os indivíduos afetados pelas atividades e as ameaças a 
8 
 
comunidades sujeitas às consequências danosas das práticas insustentáveis, tanto 
para o meio ambiente quanto para o ser humano. A temática requer um enfoque 
interdisciplinar e transversal, congregando profissionais de diversas áreas do 
conhecimento. 
Nesse cenário, o tema Educação Ambiental: Aspectos Pedagógicos e sua 
Busca Pela Sustentabilidade foi destacado. 
A presente pesquisa bibliográfica, de cunho qualitativo visa estudar os 
aspectos pedagógicos ligados na perspectiva da vertente crítica da Educação 
Ambiental com alguns conceitos relevantes da sustentabilidade. O intuito é de 
analisar a importância de se tratar a educação ambiental nas escolas e mostrar 
como ela pode ser uma ferramenta para uma conscientização ambiental e 
sustentável. 
A partir de uma breve história da Educação Ambiental, destaca-se alguns 
eventos internacionais e como se deu a inserção no Brasil, importantes precursores 
da Educação Ambiental. Discute-se os aspectos pedagógicos que norteiam a 
educação ambiental, os conceitos em evidência, são descritas características e 
princípios de acordo com a Conferência de Tbilisi para programas e projetos de 
trabalhos. Destaca-se a relevância da educação ambiental para a primeira infância e 
apresenta de forma sucinta algumas recomendações da norte-americana Ruth 
Wilson na implementação de programas para esse nível de ensino. Ressalta-se a 
importância da complementaridade da educação formal e não formal, assim como a 
interdisciplinaridade e a transversalidade. Detalha princípios, objetivos e a 
organização curricular de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a 
Educação ambiental. Demonstra as modalidades de educação conservadora e 
crítica, e expõe as dimensões do desenvolvimento sustentável. 
 
 
 
 
 
9 
 
CAPÍTULO I- FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
CRISE NO AMBIENTE 
 
A crise ambiental é assunto que envolve todos os setores sociais, e não há 
como negar que esta crise representa um somatório das ações, sendo, portanto, um 
produto das formas de cultura que o ser humano criou ao longo do processo 
civilizatório pela desenfreada busca do desenvolvimento. 
Desde a década de 70 a humanidade vem tomando consciência de que existe 
uma crise ambiental planetária. Não se trata apenas de poluição em áreas isoladas, 
mas de uma real ameaça à sobrevivência dos seres humanos, talvez até de toda a 
biosfera. 
O notável acúmulo de armamentos nucleares nas décadas de 50, 60 e 70 
ocasionou um sério risco de extermínio, algo que nunca tinha sido possível 
anteriormente. A multiplicação de usinas nucleares levanta o problema do escape de 
radioatividade para o meio ambiente e coloca a questão do que fazer com o 
perigoso lixo atômico. O acúmulo de gás carbônico na atmosfera representa um 
risco de catástrofe, pois ocasiona o crescimento do efeito estufa, que eleva as 
médias térmicas da maior parte dos climas do planeta. 
A contaminação de alimentos por inúmeros compostos químicos nocivos à 
saúde humana, hormônios e medicamentos aplicados comumente aos animais para 
que eles cresçam rapidamente e não contraia doenças, contribui para o surgimento 
de bactérias e outros microrganismos cada vez mais resistentes. Podemos somar 
ainda a crescente poluição dos oceanos e mares, o avanço da desertificação, o 
desmatamento acelerado das últimas grandes reservas florestais originais do 
planeta, a extinção irreversível de milhares ou até milhões de espécies vegetais e 
animais, e da biodiversidade microbiana. 
Isso se deve ao processo de industrialização, iniciado com a revolução 
industrial do século XVIII, que transformou completamente o padrão produtivo e o 
10 
 
panorama de organização das sociedades e, consequentemente, a condição 
socioambiental dos aglomerados urbanos. 
Os problemas ambientais urbanos se mostram cada vez mais expressivos, 
dentre eles, podemos destacar o crescimento demográfico das cidades, aliado a 
uma falta de ordenamento territorial e planejamento estrutural capazes de absorver 
esse contingente populacional. 
A expansão da rede urbana sem o devido planejamento ocasiona a ocupação 
de áreas inadequadas para moradia. Encostas de morros, áreas de preservação 
permanente, planícies de inundação e áreas próximas a rios são loteadas e 
ocupadas. Os resultados são trágicos, como o deslizamento de encostas, 
ocasionado à destruição de casas e um grande número de vítimas fatais.A 
compactação do solo e o asfaltamento, muito comuns nas cidades, dificultam a 
infiltração da água, visto que o solo está impermeabilizado. Sendo assim, o 
abastecimento do lençol freático fica prejudicado, reduzindo a quantidade de água 
subterrânea. 
A poluição sonora e visual nas grandes cidades também geram transtornos 
para a população. Os ruídos ensurdecedores e o excesso de elementos destinados 
à comunicação visual são espalhados pelas cidades e afetam a saúde dos 
habitantes. 
Outro problema ambiental preocupante é o lixo, especialmente no atual 
modelo de produção e consumo. A coleta, destino e tratamento do lixo são questões 
a serem solucionadas por várias cidades. Em muitos locais, o lixo é despejado em 
locais sem estrutura para o tratamento dos resíduos. As consequências são: odor, 
proliferação de doenças, contaminação do solo e do lençol freático pelo chorume. 
O déficit nos serviços de saneamento básico contribui para o cenário de 
degradação ambiental. A quantidade de esgoto doméstico e industrial lançado nos 
rios sem o devido tratamento é imensa. Esse fenômeno reduz a qualidade das 
águas, gerando a mortandade de espécies aquáticas e a redução do uso dessa 
água para o consumo humano. 
De praticamente todos os contextos sociais emergem as sequelas de um 
desgaste da humanidade: a violência, a falta de escrúpulos, as diferenças sociais 
11 
 
que revelam verdadeiros abismos entre classes, a educação precária e a saúde 
mais ainda, o desperdício de um lado e a fome do outro, os altos índices de stress e 
doenças associadas com a depressão. Estes fatos servem bem para ilustrar o 
quadro pintado de cinza que retrata nossa sociedade desgastada pelos problemas 
que enfrenta. 
São tantos os problemas ambientais que não sabemos eleger o mais grave, 
um interfere no outro de forma direta e indireta. E é no seio da crise ambiental 
planetária que repousa outra crise: a crise existencial e social, também sem 
precedentes. 
Percebemos no cotidiano uma urgente necessidade de transformações para a 
superação das injustiças ambientais, da desigualdade social, da apropriação da 
natureza – e da própria humanidade – como objetos de exploração e consumo. 
Vivemos em uma cultura de risco, com efeitos que muitas vezes escapam à nossa 
capacidade de percepção, mas aumentam consideravelmente as evidências de que 
eles podem atingir não só a vida de quem os produz, mas as de outras pessoas, 
espécies e até gerações. Trata-se de uma crise ambiental nunca vista na história, 
que se deve à enormidade de poderes humanos, com seus efeitos colaterais e 
consequências não antecipadas, que tornam inadequadas as ferramentas éticas 
herdadas do passado. (GIDENS e BECK apud BALMAN). 
O maior inimigo da crise ambiental hoje é a falta de total acesso à informação 
que potencializa a mudança comportamental que hoje não passa mais do que um 
ideal e não de uma realidade. Hoje temos uma mídia inteira esclarecida e aberta a 
discutir mais sobre esses assuntos, temos uma população mais interessada em 
conhecer, mas temos pouco incentivo para que os estilos de vida sejam mudados. 
Uma das ferramentas imprescindíveis para reversão do quadro de crise 
ambiental é a Educação Ambiental, que ajuda a preservar o meio ambiente através 
da promoção de novas posturas de utilização dos recursos naturais, pois são à base 
da sustentabilidade da vida. 
A ideia mais errada que é passada hoje em dia é que a conscientização para 
os problemas ambientais que passamos é mais para controle do que para sanar de 
fato a crise. Essa ideia é completamente equivocada, já que mudando o estilo de 
12 
 
vida, vamos dar liberdade ao meio ambiente de gerar mais recursos e 
consequentemente, problemas serão sanados por completo. 
Outro aspecto do caráter mundial que a crise ambiental possui é que 
praticamente tudo o que ocorre nos demais países acaba nos afetando. Podemos 
falar numa consciência ecológica da humanidade em geral, embora com diferentes 
ritmos. Trata-se ainda da consciência de que é imperativo para a própria 
sobrevivência da humanidade modificar o nosso relacionamento com a natureza. A 
natureza deixa aos poucos de ser vista como mero recurso inerte e passa a ser 
encarada como um conjunto vivo do qual fazemos parte e com o qual temos que 
procurar viver em harmonia. 
Não se trata de modismo, para o enfrentamento desses desafios e demandas 
na perspectiva de uma ética ambiental, devemos considerar a complexidade e a 
integração de saberes. Tais preocupações éticas criam condições de legitimação e 
reconhecimento da educação ambiental para além de seu universo específico; ela 
se propõe a atender aos vários sujeitos que compõem os meios sociais, culturais, 
raciais e econômicos que se preocupem com a sustentabilidade socioambiental. 
Devido às suas características multidimensionais e interdisciplinares, a educação 
ambiental se aproxima e interage com outras dimensões da educação 
contemporânea, tais como a educação para os direitos humanos, para a paz, para a 
saúde, para o desenvolvimento e para a cidadania, eleitos como balizadores das 
decisões sociais e reorientadores dos estilos de vida individuais e coletivos. 
Leff (2001) fala sobre a impossibilidade de resolver os crescentes e 
complexos problemas ambientais e reverter suas causas sem que ocorra uma 
mudança radical nos sistemas de conhecimento, dos valores e dos comportamentos 
gerados pela dinâmica de racionalidade existente, fundada no aspecto econômico 
do desenvolvimento. 
A complexidade desse processo de transformação de um planeta, não 
apenas crescentemente ameaçado, mas também diretamente afetado pelos riscos 
socioambientais e seus danos, é cada vez mais notória. A concepção “sociedade de 
risco”, de Beck (1992), amplia a compreensão de um cenário marcado por nova 
lógica de distribuição dos riscos. 
13 
 
Ulrich Beck identifica a sociedade de risco com uma segunda modernidade ou 
modernidade reflexiva, que emerge com a globalização, a individualização, a 
revolução de gênero, o subemprego e a difusão dos riscos globais. Os riscos atuais 
caracterizam-se por ter consequências, em geral de alta gravidade, desconhecidas a 
longo prazo e que não podem ser avaliadas com precisão, como é o caso dos riscos 
ecológicos, químicos, nucleares e genéticos. 
Pensar a sustentabilidade pressupõe incluir, inter-relacionar os diversos 
temas envolvidos: insumos, sociedade, economia, uso do solo e rejeitos, tratá-los 
como um todo e não apenas considerá-los um a um. 
Considerando a integralidade no cuidado à saúde humana, há que se avançar 
em ações que focalizem a pródiga relação entre o homem e a natureza e produza 
conhecimentos que contribuam para a sustentabilidade ambiental e, 
consequentemente, melhoria na qualidade de vida. 
Desta forma, a sustentabilidade assume neste novo século um papel central 
na reflexão sobre as dimensões do desenvolvimento e das alternativas que se 
configuram. É preciso ressignificar o conceito de sociedade para que esta possa 
implicar em um equilíbrio do ser humano consigo mesmo e com o planeta, e, mais 
ainda, com o próprio universo. 
 
BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
Os primeiros registros da utilização do termo “Educação Ambiental” datam em 
1948, num encontro da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) 
em Paris, hoje União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos 
Naturais. 
Em 1962, foi publicado o livro “Primavera Silenciosa” (“Silent Spring”), de 
Raquel Carson, sendo a primeira reação, ou a primeira crítica mundialmente 
conhecida dos efeitos ecológicos da utilização generalizada de insumos químicos e 
do despejo de dejetos industriais no ambiente. Um alerta que desencadeou um 
debate nacional sobre o uso de pesticidas químicos, a responsabilidade da ciência e 
14 
 
os limites do progresso tecnológico. Fomentando uma inquietação dos países 
quanto à fragilidadeda natureza e a perda da qualidade de vida. 
Os rumos da Educação Ambiental começam a ser realmente definidos a partir 
da Conferência de Estocolmo, em 1972, onde se atribui a inserção da temática da 
Educação Ambiental na agenda internacional. Nessa conferência foi criado o 
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). 
Também em 1972, o “Clube de Roma” publicou um relatório chamado “Os 
Limites do Crescimento”, onde se fazia uma previsão bastante pessimista do futuro 
da humanidade, caso as bases do modelo de exploração não fossem modificadas. 
Em 1975, lança-se em Belgrado (na então Iugoslávia) o Programa 
Internacional de Educação Ambiental, no qual são definidos os princípios e 
orientações para o futuro. 
No ano de 1977, ocorreu um dos eventos mais importantes para a Educação 
Ambiental em nível mundial: a Conferência Intergovernamental de Educação 
Ambiental, em Tbilisi (ex-União Soviética), a partir de uma parceria entre a Unesco e 
o então recente Programa de Meio Ambiente da ONU (Pnuma). Foi deste encontro, 
firmado pelo Brasil, que foram definidos, os objetivos, os princípios e as estratégias 
para a Educação Ambiental que até hoje são adotados em todo o mundo. 
Muitos movimentos de oposição também surgiram nos anos 70, no bojo da 
crítica ao modelo dominante de desenvolvimento industrial e agrícola mundial, e dos 
seus efeitos econômicos, sociais e ecológicos. Nessa época tem início um processo 
de tomada de consciência de que os problemas como poluição atmosférica, chuva 
ácida, poluição dos oceanos e desertificação são problemas universais. Dentro 
desse processo dinâmico e efervescente de discussão, esboçaram-se os conceitos 
Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável, como a base teórica para 
repensar, em termos perenes, a questão do crescimento econômico e do 
desenvolvimento. 
A profunda crise econômica da década de 80 amplia ainda mais a distância 
entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, ao mesmo tempo que agrava 
os problemas ambientais em nível mundial. Também na década de 80, ocorreram 
duas grandes tragédias ambientais que abalaram o mundo. Em dezembro de 1984, 
15 
 
mais de duas mil pessoas morreram envenenadas na Índia pelo vazamento de gás 
da empresa Union Carbide. Em abril de 1986, em Chernobyl, Ucrânia, um acidente 
com um reator nuclear provocou a contaminação de milhares de pessoas. 
O relatório de Brundtland documento intitulado como “Nosso Futuro Comum”, 
publicado em 1987, trouxe a preocupação quanto à sustentabilidade. Este relatório, 
o qual foi elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, foi muito importante dada à visão crítica do modelo de 
desenvolvimento que havia sido adaptado pelos países industrializados, e utilizado 
pelos países em desenvolvimento, o qual representava graves riscos para o futuro, 
pois o que se necessitava naquele momento era de um modelo de desenvolvimento 
sustentável. 
Outro documento internacional de extrema importância é o Tratado de 
Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global 
elaborado pela sociedade civil planetária em 1992 no Fórum Global, durante a 
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92). 
Esse documento estabelece princípios fundamentais da educação para sociedades 
sustentáveis, destacando a necessidade de formação de um pensamento crítico, 
coletivo e solidário, de interdisciplinaridade, de multiplicidade e diversidade. 
Estabelece ainda uma relação entre as políticas públicas de educação ambiental e a 
sustentabilidade, apontando princípios e um plano de ação para educadores 
ambientais. Enfatiza os processos participativos voltados para a recuperação, 
conservação e melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida. Além de países 
reconhecerem o conceito de desenvolvimento sustentável, começaram a moldar 
ações com o objetivo de proteger o meio ambiente. O Tratado tem bastante 
relevância por ter sido elaborado no âmbito da sociedade civil e por reconhecer a 
Educação Ambiental como um processo político dinâmico, em permanente 
construção, orientado por valores baseados na transformação social. 
Um documento também concebido e aprovado pelos governos durante a Rio 
92, a Agenda 21, é um plano de ação para ser adotado global, nacional e 
localmente, por organizações do Sistema das Nações Unidas, governos e pela 
sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio 
ambiente. Além do documento em si, ela é um processo de planejamento 
16 
 
participativo que resulta na análise da situação atual de um país, estado, município, 
região, setor e planeja o futuro de forma socioambientalmente sustentável. 
No ano de 1997, em Tessaloniki, durante a Conferência Internacional sobre 
Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência Pública para a 
Sustentabilidade, os temas colocados na Rio 92 foram reforçados. Chama-se a 
atenção para a necessidade de se articularem ações de Educação Ambiental 
baseadas nos conceitos de ética e sustentabilidade, identidade cultural e 
diversidade, mobilização e participação, além de práticas interdisciplinares. Foi 
reconhecido que, passados cinco anos da Rio 92, que o desenvolvimento da 
Educação Ambiental foi insuficiente. Como consequência, configura-se a 
necessidade de uma mudança de currículo, de forma a contemplar as premissas 
básicas que norteiam uma educação “em prol da sustentabilidade”, motivação ética, 
ênfase em ações cooperativas e novas concepções de enfoques diversificados. 
Ainda no âmbito internacional, a iniciativa das Nações Unidas de implementar 
a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014), cuja 
instituição representa uma conquista para a Educação Ambiental, ganha sinais de 
reconhecimento de seu papel no enfrentamento da problemática socioambiental, na 
medida em que reforça mundialmente a sustentabilidade a partir da Educação. A 
Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável potencializa as políticas, 
os programas e as ações educacionais já existentes, além de multiplicar as 
oportunidades inovadoras. 
A partir da Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental 
realizada em Tbilisi (EUA), em 1977, inicia-se um amplo processo em nível global 
orientado para criar as condições que formem uma nova consciência sobre o valor 
da natureza e para reorientar a produção de conhecimento baseada nos métodos da 
interdisciplinaridade e nos princípios da complexidade. Esse campo educativo tem 
sido fertilizado transversalmente, e isso tem possibilitado a realização de 
experiências concretas de educação ambiental de forma criativa e inovadora por 
diversos segmentos da população e em diversos níveis de formação. 
 
 
17 
 
A INSERÇÃO LEGAL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL 
 
A inserção histórica e legal da Educação Ambiental no cenário político 
nacional e internacional é relativamente recente. A partir dos anos 60, o modelo 
produtivo e o crescimento desenfreado das grandes nações – à custa da 
deterioração dos recursos ambientais e a exclusão social e econômica da maior 
parte dos países, aumentaram a preocupação com o meio ambiente e com a 
sustentabilidade das presentes e futuras gerações. Aos poucos, foi ficando claro 
mundialmente que a crise ambiental está intimamente relacionada à degradação da 
qualidade de vida humana e a superação deste quadro se relaciona a outras 
questões como justiça social, distribuição de renda e educação. Assim, além de se 
preocuparem com a sustentação da vida e dos processos ecológicos, a Educação 
Ambiental e os seus marcos legais avançam cada vez mais no desenvolvimento de 
uma cidadania responsável, para a construção de sociedades sadias e socialmente 
justas. 
 
• Lei nº 6.938, de 31/08/81 – Institui a Política Nacional de Meio Ambiente. 
Em seu artigo 2o, inciso X, afirma a necessidade de promover a “Educação 
Ambiental a todosos níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, 
objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.” Assim, 
a Educação Ambiental nasceu como um princípio e um instrumento da política 
ambiental. 
 
• Constituição Federal, de 1988. 
Reconhece o direito constitucional de todos os cidadãos brasileiros à Educação 
Ambiental e atribui ao Estado o dever de “promover a Educação Ambiental em todos 
os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio 
ambiente” (art. 225, §1º, inciso VI). 
 
 
18 
 
• Lei nº 9.394, de 20/12/96 – Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 
Na LDB existem poucas menções à Educação Ambiental. A referência é feita no 
artigo 32, inciso II, segundo o qual se exige, para o Ensino Fundamental, a 
“compreensão ambiental natural e social do sistema político, da tecnologia, das artes 
e dos valores em que se fundamenta a sociedade”; e no artigo 36, § 1º, o qual os 
currículos do ensino fundamental e médio “devem abranger, obrigatoriamente, (...) o 
conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, 
especialmente do Brasil”. 
 
• Lei nº 9.795, de 27/04/99 – Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA. 
A Lei Federal Nº 9.795, sancionada em 27 de abril de 1999, institui a “Política 
Nacional de Educação Ambiental”. Essa é a mais recente e a mais importante lei 
para a Educação Ambiental. Veio reforçar e qualificar o direito de todos à Educação 
Ambiental, indicando seus princípios e objetivos, os atores e instâncias responsáveis 
por sua implementação, nos âmbitos formal e não formal, e as suas principais linhas 
de ação. Essa Lei foi regulamentada em 25 de junho de 2002, através do Decreto 
N.º 4.281. 
 
• Lei nº 10.172, de 09/01/01 – Plano Nacional de Educação – PNE. 
Apesar de a inclusão da Educação Ambiental como tema transversal no PNE 
representar uma conquista, apenas consta que ela deve ser implementada no 
Ensino Fundamental e Médio, com a observância dos preceitos da Lei nº 9.795/99. 
Desta forma, o PNE deixa de obedecer o que estabelece a PNEA, que exige a 
abordagem da Educação Ambiental em todos os níveis e modalidades de ensino. 
 
• Decreto nº 4.281, de 25/06/02 – Regulamenta a Lei nº 9.795/99. 
Além de detalhar as competências, atribuições e mecanismos definidos para a 
PNEA pela Lei nº 9.795/99, o Decreto cria o Órgão Gestor, responsável pela 
coordenação da PNEA, constituído pela Diretoria de Educação Ambiental do 
19 
 
Ministério do Meio Ambiente (DEA/MMA), e pela Coordenação-Geral de Educação 
Ambiental do Ministério da Educação (CGEA/MEC). 
 
CAPÍTULO II- ASPECTOS PEDAGÓGICOS QUE NORTEIAM A EDUCAÇÃO 
AMBIENTAL 
 
ASPECTOS CONCEITUAIS 
 
A Educação Ambiental, como textos base (MORALES, 2011; SAUVÉ, 2005; 
LAYRARGUES, s/d) não possui um conceito comum, mas são vários entendimentos 
e discussões, críticos favoráveis e contrários a como esta Educação Ambiental se 
apresenta hoje no Brasil e no mundo. Algumas definições estão em evidência e 
certos conceitos vêm se apresentando historicamente. 
Dentre elas, a da Organização das Nações Unidas para a Educação, a 
Ciência e a Cultura (UNESCO, 1977). 
Educação Ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a 
comunidade tomam consciência do seu ambiente e adquirem 
conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os 
tornem aptos a agir e resolver problemas ambientais presentes e futuros. 
 
Neves (2005, p. 35) esclarece que na Conferencia de Tbilisi em 1977, a 
Educação Ambiental foi definida em uma relação teórica, e a prática da educação 
ficou voltada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente partindo 
da interdisciplinaridade e envolvendo todos os atores deste processo na 
coletividade. Para Gadotti (2001, p. 8); 
A Educação Ambiental, também chamada de eco educação, vai muito além 
do conservacionismo. Trata‐se de uma mudança radical de mentalidade em 
relação à qualidade de vida, que está diretamente ligada ao tipo de 
convivência que mantemos com a natureza e que implica atitudes, valores, 
ações. Trata‐se de uma opção de vida por uma relação saudável e 
equilibrada, com o contexto, com os outros, com o ambiente mais próximo, 
a começar pelo ambiente de trabalho e pelo ambiente doméstico. 
 
20 
 
Na década de 1980 o termo Educação Ambiental popularizou‐se 
definitivamente no mundo. Hoje, mais do que uma realidade, a educação ambiental 
tornou‐se uma grande necessidade (GUIMARÃES, 1995). O citado autor ainda 
comenta que o enfoque centrado no ser humano como ser superior vivente neste 
planeta, como o ator principal da história planetária em que apenas o seu destino é o 
que conta, precisa necessariamente ser. 
Sendo assim, mediante essa tendência de definir Educação Ambiental, 
entende‐se, que o conceito expresso por Reigota (1994) de que a Educação 
Ambiental surge com a preocupação de estabelecer uma “nova aliança” entre a 
humanidade e a natureza, que não seja sinônimo de autodestruição é aquele que 
corresponde ao proposto. Neste caso, é possível destacar que um dos objetivos da 
Educação Ambiental é a criação e ampliação de formas sustentáveis na relação 
sociedade‐natureza, além de buscar soluções para os problemas ambientais e 
garantir condições necessárias para a sobrevivência das gerações futuras (SAUVÉ, 
2005). 
Em função das gerações futuras e em especial sobre a consciência 
planetária, segundo Gadotti (2001, p. 86); 
Um planeta vivo requer de nós uma consciência e uma cidadania planetária, 
isto é, reconhecermos que somos parte da Terra e que podemos viver com 
ela em harmonia participando do seu devir ou podemos padecer com a sua 
destruição. 
 
Assim, entende‐se que a Educação Ambiental, por definição, é o elemento 
estratégico na formação de ampla consciência crítica das relações sociais e de 
produção que situam a inserção humana na natureza. 
 
CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE ACORDO COM A 
CONFERÊNCIA DE TBILISI 
 
De acordo com a Conferência de Tbilisi, ocorrida em 1977, na ex-União 
Soviética, Educação Ambiental tem como principais características ser um processo: 
21 
 
• Dinâmico integrativo: é um processo permanente no qual os indivíduos e a 
comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem o 
conhecimento, os valores, as habilidades, as experiências e a determinação 
que os tornam aptos a agir, individual e coletivamente e resolver os 
problemas ambientais. 
 
• Transformador: possibilita a aquisição de conhecimentos e habilidades 
capazes de induzir mudanças de atitudes. Objetiva a construção de uma nova 
visão das relações do ser humano com o seu meio e a adoção de novas 
posturas individuais e coletivas em relação ao meio ambiente. A consolidação 
de novos valores, conhecimentos, competências, habilidades e atitudes 
refletirão na implantação de uma nova ordem ambientalmente sustentável. 
 
• Participativo: atua na sensibilização e na conscientização do cidadão, 
estimulando-o a participar dos processos coletivos. 
 
• Abrangente: extrapola as atividades internas da escola tradicional, deve ser 
oferecida continuamente em todas as fases do ensino formal, envolvendo a 
família e toda a coletividade. A eficácia virá na medida em que sua 
abrangência atingir a totalidade dos grupos sociais. 
 
• Globalizador: considera o ambiente em seus múltiplos aspectos: natural, 
tecnológico, social, econômico, político, histórico, cultural, moral, ético e 
estético. Deve atuar com visão ampla de alcance local, regional e global. 
 
• Permanente: tem um caráter permanente, pois a evolução do senso crítico e 
a compreensão da complexidade dos aspectos que envolvem as questões 
ambientais se dão de um modo crescente e contínuo, não se justificando sua 
interrupção. Despertada a consciência, se ganha um aliado para a melhoria 
das condições de vida do planeta. 
 
• Contextualizador: atua diretamente narealidade de cada comunidade, sem 
perder de vista a sua dimensão planetária (baseado no documento Educação 
Ambiental da Coordenação Ambiental do Ministério da Educação e Cultura, 
citado por Czapski, 1998). 
22 
 
• Transversal: propõe-se que as questões ambientais não sejam tratadas como 
uma disciplina específica, mas sim que permeie os conteúdos, objetivos e 
orientações didáticas em todas as disciplinas. A educação ambiental é um 
dos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério 
da Educação e Cultura. 
Ainda de acordo com a Conferência de Tbilisi, os princípios que devem 
nortear programas e projetos de trabalho em educação ambiental são: 
❖ Considerar o ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos naturais 
e artificiais, tecnológicos e sociais (econômico, político, técnico, histórico-
cultural e estético); 
 
❖ Construir-se num processo contínuo e permanente, iniciando na educação 
infantil e continuando através de todas as fases do ensino formal e não 
formal; 
 
❖ Empregar o enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de 
cada disciplina, para que se adquira uma perspectiva global e equilibrada; 
 
❖ Examinar as principais questões ambientais em escala pessoal, local, 
regional, nacional, internacional, de modo que os educandos tomem 
conhecimento das condições ambientais de outras regiões geográficas; 
 
❖ Concentrar-se nas situações ambientais atuais e futuras, tendo em conta 
também a perspectiva histórica; 
 
❖ Insistir no valor e na necessidade de cooperação local, nacional e 
internacional, para prevenir e resolver os problemas ambientais; 
 
❖ Considerar, de maneira clara, os aspectos ambientais nos planos de 
desenvolvimento e crescimento; 
 
❖ Fazer com que os alunos participem na organização de suas experiências de 
aprendizagem, proporcionando-lhes oportunidade de tomar decisões e de 
acatar suas consequências; 
23 
 
❖ Estabelecer uma relação para os alunos de todas as idades, entre a 
sensibilização pelo ambiente, a aquisição de conhecimentos, a capacidade de 
resolver problemas e o esclarecimento dos valores, insistindo especialmente 
em sensibilizar os mais jovens sobre os problemas ambientais existentes em 
sua própria comunidade; 
 
❖ Contribuir para que os alunos descubram os efeitos e as causas reais dos 
problemas ambientais; 
 
❖ Salientar a complexidade dos problemas ambientais e, consequentemente a 
necessidade de desenvolver o sentido crítico e as aptidões necessárias para 
resolvê-los; 
 
❖ Utilizar diferentes ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para 
comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, privilegiando as 
atividades práticas e as experiências pessoais (Czapski, 1998). 
 
EDUCAÇÃO PARA A PRIMEIRA INFÂNCIA 
 
A educação é um processo dinâmico que exige competências, habilidades e 
responsabilidades sociais. Nesse contexto, a Educação Ambiental é essencial em 
todos os níveis dos processos educativos, iniciando na educação infantil, tendo 
continuidade nas outras etapas da educação básica. 
Com o mundo cada vez mais globalizado, com a sociedade tão violenta e com 
o acelerado crescimento das cidades que substituem os espaços verdes pelo 
concreto, vem diminuindo o contato direto da criança com todos os elementos da 
natureza. Nesse paradigma a cada dia que passa as crianças passam a ter espaços 
cada vez mais restritos para o contato com os elementos do ambiente e então as 
crianças estão sendo obrigadas a ficarem trancadas em casa tendo como fonte de 
lazer o uso das tecnologias, que na maioria das vezes, não sabem o que é o meio 
ambiente nem tampouco os problemas que ele enfrenta. Diante disso, Alves (1999) 
diz que: “há crianças que nunca viram uma galinha de verdade, nunca sentiram o 
cheiro de um pinheiro, nunca ouviram o canto do pintassilgo e não tem prazer em 
24 
 
brincar com a terra. Pensam que a terra é sujeira. Não sabem que terra é vida”. As 
crianças não aprendem somente conteúdos, mas também valores e constroem suas 
concepções de mundo. 
Um documento divulgado pela Children & Nature Network traz uma pesquisa 
que coloca o Brasil na lista dos três países onde as crianças exploram a natureza 
com menos frequência. As consequências disso são diversas, e vão desde a saúde 
e aumento do consumismo infantil, até impactos sobre a educação ambiental. Tão 
importante em nossos dias, ela acaba tornando-se cada vez mais abstrata, cercadas 
por paredes de concreto, as crianças aprendem, em lições ensinadas em quadros 
negros, que é preciso preservar aquilo que elas pouco conhecem. 
A educação ambiental precisa se materializar em elementos que integrem a 
vida dos pequenos desde suas primeiras experiências sensoriais. Pesquisadores 
alemães já comprovaram que a convivência das crianças com a natureza é 
fundamental para que elas aprendam a conservá-la, uma vez que é a partir do 
contato que desenvolvem o sentimento de pertencimento a determinado ambiente. 
Dentro dos domínios da escola, os alunos devem ser logo expostos ao 
contato mais próximo dos seres vivos, ao mesmo tempo em que lhe são explicados 
os ciclos harmoniosos da natureza e o desequilíbrio causado pela intervenção 
humana. Konrad Lorenz (1903-1989) enfatizou a importância da criança cuidar de 
um animal ou uma planta, para que ela pudesse sentir a responsabilidade pelo seu 
bem-estar. 
O significado das coisas passa a ser entendido mais facilmente pela criança 
quando ela está imersa em uma relação direta com seu meio. Como já dizia John 
Dewey (1859-1952), o conceito de “interesse”; etimologicamente está vinculado às 
coisas nas quais o sujeito está inserido, do latim inter esse, significa estar entre 
seres. Logo, a criança e, por consequência, o adulto que ela será, só terão interesse 
pelos assuntos ecológicos quando estiverem desde o início envolvido com estes. 
Para isso o professor precisa buscar junto com os discentes mais 
informações, com o objetivo de desenvolver neles uma postura crítica diante da 
realidade ambiental e de construírem uma consciência global das questões relativas 
ao meio ambiente para que possam assumir posições relacionadas com os valores 
http://www.childrenandnature.org/
http://criancaeconsumo.org.br/wp-content/uploads/2014/05/Consumismo-Infantil.pdf
http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.465.963&rep=rep1&type=pdf
http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.465.963&rep=rep1&type=pdf
25 
 
referentes à sua proteção e melhoria. No entanto, a figura do professor diante de 
seus alunos deve ser um instrumento de ação para a conscientização deles, 
educando-os de forma correta desde a conservação da limpeza da sala de aula até 
a preservação do meio em que comunidade escolar está inserida na sociedade. 
É pensar com inteligência e colaborar com a natureza para que o ser humano 
possa viver harmonicamente e aprender com o próximo o magnífico cenário natural 
que lhe foi presenteado. Entende-se que esse objetivo pode ser conquistado com o 
auxilio da educação que pode ser uma ferramenta fundamental para o 
desenvolvimento sustentável. Mas ela não deve ser restrita aos bancos escolares, 
senão alcançar o ambiente familiar e o do trabalho. Deve ser muito mais do que 
informação, senão percepção, entendimento e compreensão da vida humana em 
suas relações pessoais e com a natureza. O contexto social que cada indivíduo 
compõe deve ser por ele entendido, bem como suas obrigações e 
responsabilidades. 
Assim torna‐se imprescindível falar sobre a Educação Ambiental, pois é de 
suma importância tratar de assuntos relacionados à destruição do “verde” que 
simboliza a vida de toda e qualquer espécie. Esse assunto deve ser discutido nas 
escolas desde os anos iniciais, internalizando no indivíduo valores que 
consequentemente se tornarão comportamentos conscientes no presente e no futuro 
das novas gerações. Portanto, mais do que transmitirconhecimentos, é necessário 
desenvolver a capacidade de saber aprender e refletir criticamente sobre esses 
conhecimentos e sobre a abundância de informação, o que leva à conscientização. 
Apesar de variadas mudanças acontecerem em decorrência do lento acúmulo 
de pressão sobre os recursos naturais, só agora os efeitos do consumo 
descontrolado estão sendo percebidos com clareza. Seus resultados passaram a 
afetar parte do interesse das pessoas ricas ou pobres. A poluição, o calor, a 
proliferação de doenças e os desastres naturais atingem a todos. As crianças 
passam a ouvir mais em suas casas os adultos comentarem os assuntos. Cabe à 
escola e à pré-escola orientarem corretamente no entendimento da matéria e o 
consequente enfrentamento desses problemas no futuro próximo. 
Essa é uma tendência social da cultura atual: o debate ecológico. Sob vários 
aspectos a ecologia pode ser incluída no currículo pedagógico, desde a primeira 
26 
 
infância. Por tudo isso, não se pode perder de vista as questões éticas inerentes às 
questões ambientais. Cientistas de renome nas mais diversas áreas como Lorenz, 
Edward O. Wilson, e Howard Gardner defendem explicitamente que se deve ensinar 
o verdadeiro distinto do falso, os valores estéticos e o bem natural e humano. Da 
educação ambiental se chega então à ética ambiental. 
Uma das pioneiras na área de educação ambiental para crianças pequenas é 
a norte-americana Ruth Wilson, que discute sobre as diretrizes específicas para 
esse nível de ensino. Ela desenvolveu as recomendações (citadas pelo ECCO, 
2000, p. 20-22) para o desenvolvimento e implementação do programa, 
fundamentado essencialmente na compreensão de como as crianças pequenas 
aprendem. Dentre elas: começar com experiências simples; manter as crianças 
envolvidas ativamente; promover experiências prazerosas; mesclar a experiência 
com os ensinamentos; elaborar atividades que estimulem intensamente as 
sensações; promover experiências multimodais de aprendizado; manter o foco nos 
relacionamentos; demonstrar interesse pessoal e apreço pelo mundo natural, e 
tomar atitudes quanto ao mundo natural que sirvam de modelo; criar uma atmosfera 
acolhedora para o aprendizado; introduzir experiências e perspectivas multiculturais; 
ressaltar a beleza e o encanto da natureza; promover atividades ao ar livre; incluir a 
educação ambiental em todos os momentos do processo educativo da primeira 
infância. Ainda apresenta metas a serem atingidas, com respectivos conjuntos de 
entendimentos que refletem as necessidades de desenvolvimento das crianças. 
 
EDUCAÇÃO FORMAL E EDUCAÇÃO NÃO FORMAL 
 
A educação, entendida como um processo de desenvolvimento da 
capacidade intelectual da criança e do ser humano tem um significado tão amplo e 
abrangente que, em geral, prescinde de adjetivos. É um processo único, associado 
quase sempre à escola. 
O surgimento da escola nas civilizações mais avançadas decorre da 
necessidade de preservar e garantir o legado do acervo cultural continuamente 
gerado por essas civilizações. Provavelmente, foi também por essa razão que o 
27 
 
conhecimento a ser transmitido na escola se organizou e se especializou num 
ordenamento de conteúdos separados em áreas uniformes e distintas, com o 
significativo nome de disciplinas. 
Embora a produção do conhecimento não se restringisse a instituições ou a 
lugares determinados, a transmissão regular e disciplinar desses conhecimentos foi 
sendo, com o tempo, delegada à escola, ou melhor, à educação formal. 
A educação com reconhecimento oficial, oferecida nas escolas em cursos 
com níveis, graus, programas, currículos e diplomas, costuma ser chamada de 
educação formal. Eles evidenciam, sobretudo, a solidez e a estabilidade dessa 
instituição e a permanência da escola como o espaço físico onde se transmitem e 
partilham conhecimentos, ao longo dos últimos mil anos. 
Além dessa forma de educar, facilmente reconhecida por suas características 
bem distintas e definidas, há outra forma de transmissão cultural, muito próxima da 
educação formal, definida por muitos pesquisadores como educação não-formal, 
que têm também disciplinas, currículos e programas, mas não oferecem graus ou 
diplomas oficiais. Nessa educação, inclui-se o estudo de línguas estrangeiras e de 
especialidades técnicas, artísticas ou semelhantes, oferecido presencialmente em 
escolas com horários e períodos letivos bem definidos, ou à distância, via correio 
postal ou eletrônico. 
Importante ressaltar que, todo desafio e todo estímulo ao pensamento e à 
percepção enriquecem nossas estruturas cognitivas. Certamente, pode haver 
desafios e estímulos mais ou menos motivadores, apresentações ou exposições 
mais ou menos provocadoras e estimulantes, mas não há nada pior do que a 
ausência desses estímulos e desafios, sobretudo em relação à disseminação do 
conhecimento científico. 
A educação formal é metodicamente organizada. Ela segue um currículo, é 
divida em disciplinas, segue regras, leis, divide-se por idade e nível de 
conhecimento. Já a educação não formal trabalha com a subjetividade do grupo e 
contribui para sua construção identitária. Percebem-se, nas duas modalidades, 
características diferenciadas. Entretanto, são complementares. 
28 
 
Gohn (2006) ressalta a importância da educação não formal, pois está 
“voltada para o ser humano como um todo”. Entretanto, afirma que aquela não 
substitui a educação formal, mas poderá complementá-la por meio de programações 
específicas e fazendo uma articulação com a comunidade educativa. Embora ambas 
as modalidades tenham objetivos bem similares, a educação não formal tem 
objetivos próprios relacionados à forma e ao espaço em que se realizam suas 
práticas. 
Partindo do pressuposto de que o objeto da Educação Ambiental é a nossa 
relação com o meio ambiente, em uma relação de eco interação, se faz necessária 
uma reflexão sobre as práticas sociais, em um contexto marcado pela degradação 
permanente do meio ambiente e do seu ecossistema. A dimensão ambiental é uma 
questão que envolve um conjunto de atores do universo educativo. Sauvé (2005, p. 
319) destaca que o projeto educativo da Educação Ambiental “requer o 
envolvimento de toda a sociedade educativa: escolas, museus, parques, 
municipalidades, organismos, empresas etc.”. 
A educação não formal tem sido o espaço por excelência para que o indivíduo 
aprenda os saberes essenciais da vida em sociedade. É por meio dela que se 
fomentam aprendizagens significativas e se geram movimentos e lutas, além de 
ensinar, podem resultar em ganhos qualitativos para a educação formal e para a 
sociedade como um todo. 
 
INTERDISCIPLINARIDADE E TRANSVERSALIDADE 
 
Em 1997, o Ministério da Educação elaborou e propôs os PCN (Parâmetros 
Curriculares Nacionais), no qual, o Meio Ambiente foi considerado um Tema 
Transversal e, portanto, deve estar integrado a todos os níveis de ensino formal, 
numa relação de transversalidade, de modo que impregne toda a prática educativa 
e, ao mesmo tempo, crie uma visão global e abrangente da questão ambiental, 
visualizando os aspectos físicos e histórico-sociais, assim como as articulações 
entre a escala local e planetária desses problemas. 
29 
 
O conceito de transversalidade surgiu no contexto dos movimentos de 
renovação pedagógica, quando os teóricos conceberam que é necessário redefinir o 
que se entende por aprendizagem e repensar também os conteúdos que se ensinam 
aos alunos. No âmbito dos Parâmetros Curriculares Nacionais, a transversalidade 
diz respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática educativa, uma relação 
entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a 
realidade) e as questões da vida real e de sua transformação (aprender na realidade 
e da realidade). Não se trata de trabalhá-los paralelamente, mas de trazer para os 
conteúdos e para a metodologia da área a perspectivados temas. 
Segundo Brasil (1998), os Temas Transversais são questões sociais e 
pertencem a diferentes áreas convencionais. São processos intensamente vividos 
pela sociedade sendo debatidos em diferentes espaços sociais, em busca de 
soluções e novas alternativas que confrontam posicionamentos diversos, tanto em 
relação à intervenção no âmbito social mais amplo, quanto à atuação pessoal. São 
questões urgentes que interrogam sobre a vida humana, sobre a realidade que está 
sendo construída e que demandam transformações macrossociais e também de 
atitudes pessoais, exigindo, portanto, ensino e aprendizagem de conteúdos relativos 
a essas duas dimensões. 
O termo interdisciplinaridade, como muitos veiculam, foi criado no século XX, 
mas sua função é a de executar ideias muito antigas, como as de Platão e 
Aristóteles, que acreditavam na unicidade do conhecimento, na totalidade. A 
interdisciplinaridade é uma forma de ensino, e ocorre quando se relacionam os 
conteúdos de diferentes disciplinas, para estudar um tema com o objetivo de 
capacitar o aluno, e aplicar os conhecimentos específicos de cada área na análise e 
verificação desse tema. O que exige uma nova postura diante do conhecimento, 
uma atitude de contextualizar, de formar uma pessoa íntegra e que possui saberes 
que vão além dos limites das disciplinas, saberes globalizados. 
Segundo Guimarães (2004), o meio ambiente visto de todos os ângulos e a 
sua problemática são os conteúdos básicos da educação ambiental, e devido a sua 
complexidade, deve apresentar-se de maneira interdisciplinar em seu processo 
pedagógico, pois se compreende que o meio ambiente é um todo complexo, com 
partes interdependentes e interativas em uma concepção sistêmica. 
30 
 
Guimarães (1995) aponta que, a fragmentação e a simplificação reduzem a 
compreensão da realidade, características do paradigma cientificista-mecanicista 
consolidado a partir da Idade Moderna, também vêm sendo consideradas, por vários 
autores, como um dos pilares da crise ambiental da atualidade. Parece que a 
humanidade percebe o meio ambiente numa outra esfera, da qual ela não faz parte 
e cujo desequilíbrio não a pode prejudicar. Por isso, mantém-se afastada e 
despreocupada com as questões ambientais. Pois é incapaz de perceber nas 
relações sociais, causas e efeitos que destroem, além de ações que podem 
reconstruir ou minimizar os impactos causados pelo desenvolvimento da sociedade 
no seu movimento acelerado de urbanização e de industrialização. 
A interdisciplinaridade, como a construção de um conhecimento complexo, 
busca superar a fragmentação das disciplinas, sem desconsiderar a importância de 
cada uma delas e adequar-se a aproximação de uma realidade complexa. Dessa 
forma, o “processo da construção do conhecimento interdisciplinar na área ambiental 
possibilita aos educadores atuar como um dos mediadores na gestão das relações 
entre a sociedade humana, em suas atividades políticas, econômicas, sociais, 
culturais, e a natureza” (GUIMARÃES, 2004, 82-3). 
Quanto aos educadores, devem estar cada vez mais preparados para 
reelaborar as informações que recebem e, dentre elas, as ambientais, para poder 
transmitir e decodificar para os alunos a expressão dos significados em torno do 
meio ambiente e da ecologia nas suas múltiplas determinações, e promovendo, 
assim a interdisciplinaridade. 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais tratam a transversalidade e a 
interdisciplinaridade como uma perspectiva crítica que aponta a complexidade do 
real e a necessidade de se considerar a teia de relações entre seus diferentes e 
contraditórios aspectos. Entretanto, a transversalidade se difere da 
interdisciplinaridade porque, apesar de ambas rejeitarem a concepção de 
conhecimento que toma a realidade como um conjunto de dados estáveis, a primeira 
se refere à dimensão didática e a segunda à abordagem epistemológica dos objetos 
de conhecimento. Ou seja, a interdisciplinaridade questiona a visão 
compartimentada da realidade sobre a qual a escola se constituiu, mas trabalha 
ainda considerando as disciplinas, a transversalidade diz respeito à compreensão 
31 
 
dos diferentes objetos de conhecimento, possibilitando a referência a sistemas 
construídos na realidade dos alunos. 
 
PRINCÍPIOS, OBJETIVOS E ORGANIZAÇÃO CURRICULAR 
 
Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. 
A partir do que dispõe a Lei nº 9.795, de 1999, e com base em práticas 
comprometidas com a construção de sociedades justas e sustentáveis, fundadas 
nos valores da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, 
responsabilidade, sustentabilidade e educação como direito de todos e todas, são 
princípios da Educação Ambiental: 
I - totalidade como categoria de análise fundamental em formação, análises, estudos 
e produção de conhecimento sobre o meio ambiente; 
II - interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o 
enfoque humanista, democrático e participativo; 
III - pluralismo de ideias e concepções pedagógicas; 
IV - vinculação entre ética, educação, trabalho e práticas sociais na garantia de 
continuidade dos estudos e da qualidade social da educação; 
V - articulação na abordagem de uma perspectiva crítica e transformadora dos 
desafios ambientais a serem enfrentados pelas atuais e futuras gerações, nas 
dimensões locais, regionais, nacionais e globais; 
VI - respeito à pluralidade e à diversidade, seja individual, seja coletiva, étnica, 
racial, social e cultural, disseminando os direitos de existência e permanência e o 
valor da multiculturalidade e plurietnicidade do país e do desenvolvimento da 
cidadania planetária. 
 
 
32 
 
Com base no que dispõe a Lei nº 9.795, de 1999, são objetivos da Educação 
Ambiental a serem concretizados conforme cada fase, etapa, modalidade e nível de 
ensino: 
I - desenvolver a compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e 
complexas relações para fomentar novas práticas sociais e de produção e consumo; 
II - garantir a democratização e o acesso às informações referentes à área 
socioambiental; 
III - estimular a mobilização social e política e o fortalecimento da consciência crítica 
sobre a dimensão socioambiental; 
IV - incentivar a participação individual e coletiva, permanente e responsável, na 
preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade 
ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; 
V - estimular a cooperação entre as diversas regiões do país, em diferentes formas 
de arranjos territoriais, visando à construção de uma sociedade ambientalmente 
justa e sustentável; 
VI - fomentar e fortalecer a integração entre ciência e tecnologia, visando à 
sustentabilidade socioambiental; 
VII - fortalecer a cidadania, a autodeterminação dos povos e a solidariedade, a 
igualdade e o respeito aos direitos humanos, valendo-se de estratégias 
democráticas e da interação entre as culturas, como fundamentos para o futuro da 
humanidade; 
VIII - promover o cuidado com a comunidade de vida, a integridade dos 
ecossistemas, a justiça econômica, a equidade social, étnica, racial e de gênero, e o 
diálogo para a convivência e a paz; 
IX - promover os conhecimentos dos diversos grupos sociais formativos do país que 
utilizam e preservam a biodiversidade. 
 
 
33 
 
A Educação Ambiental nas instituições de ensino, com base nos referenciais 
apresentados, deve contemplar: 
I - abordagem curricular que enfatize a natureza como fonte de vida e relacione a 
dimensão ambiental à justiça social, aos direitos humanos, à saúde, ao trabalho, ao 
consumo, à pluralidade étnica, racial, de gênero, de diversidade sexual, e à 
superação do racismo e de todas as formas de discriminação e injustiça social; 
II - abordagem curricular integrada e transversal, contínua e permanente em todas 
as áreas de conhecimento, componentes curricularese atividades escolares e 
acadêmicas; 
III - aprofundamento do pensamento crítico-reflexivo mediante estudos científicos, 
socioeconômicos, políticos e históricos a partir da dimensão socioambiental, 
valorizando a participação, a cooperação, o senso de justiça e a responsabilidade da 
comunidade educacional em contraposição às relações de dominação e exploração 
presentes na realidade atual; 
IV - incentivo à pesquisa e à apropriação de instrumentos pedagógicos e 
metodológicos que aprimorem a prática discente e docente e a cidadania ambiental; 
V - estímulo à constituição de instituições de ensino como espaços educadores 
sustentáveis, integrando proposta curricular, gestão democrática, edificações, 
tornando-as referências de sustentabilidade socioambiental. 
O compromisso da instituição educacional, o papel socioeducativo, ambiental, 
artístico, cultural e as questões de gênero, etnia, raça e diversidade que compõem 
as ações educativas, a organização e a gestão curricular são componentes 
integrantes dos projetos institucionais e pedagógicos da Educação Básica. 
 
 
 
 
34 
 
Considerando os saberes e os valores da sustentabilidade, a diversidade de 
manifestações da vida, os princípios e os objetivos estabelecidos, o planejamento 
curricular e a gestão da instituição de ensino devem: 
 
I - estimular: 
a) visão integrada, multidimensional da área ambiental, considerando o estudo da 
diversidade biogeográfica e seus processos ecológicos vitais, as influências 
políticas, sociais, econômicas, psicológicas, dentre outras, na relação entre 
sociedade, meio ambiente, natureza, cultura, ciência e tecnologia; 
b) pensamento crítico por meio de estudos filosóficos, científicos, socioeconômicos, 
políticos e históricos, na ótica da sustentabilidade socioambiental, valorizando a 
participação, a cooperação e a ética; 
c) reconhecimento e valorização da diversidade dos múltiplos saberes e olhares 
científicos e populares sobre o meio ambiente, em especial de povos originários e de 
comunidades tradicionais; 
d) vivências que promovam o reconhecimento, o respeito, a responsabilidade e o 
convívio cuidadoso com os seres vivos e seu habitat; 
e) reflexão sobre as desigualdades socioeconômicas e seus impactos ambientais, 
que recaem principalmente sobre os grupos vulneráveis, visando à conquista da 
justiça ambiental; 
f) uso das diferentes linguagens para a produção e a socialização de ações e 
experiências coletivas de educomunicação, a qual propõe a integração da 
comunicação com o uso de recursos tecnológicos na aprendizagem. 
 
II - contribuir para: 
a) o reconhecimento da importância dos aspectos constituintes e determinantes da 
dinâmica da natureza, contextualizando os conhecimentos a partir da paisagem, da 
bacia hidrográfica, do bioma, do clima, dos processos geológicos, das ações 
antrópicas e suas interações sociais e políticas, analisando os diferentes recortes 
35 
 
territoriais, cujas riquezas e potencialidades, usos e problemas devem ser 
identificados e compreendidos segundo a gênese e a dinâmica da natureza e das 
alterações provocadas pela sociedade; 
b) a revisão de práticas escolares fragmentadas buscando construir outras práticas 
que considerem a interferência do ambiente na qualidade de vida das sociedades 
humanas nas diversas dimensões local, regional e planetária; 
c) o estabelecimento das relações entre as mudanças do clima e o atual modelo de 
produção, consumo, organização social, visando à prevenção de desastres 
ambientais e à proteção das comunidades; 
d) a promoção do cuidado e responsabilidade com as diversas formas de vida, do 
respeito às pessoas, culturas e comunidades; 
e) a valorização dos conhecimentos referentes à saúde ambiental, inclusive no meio 
ambiente de trabalho, com ênfase na promoção da saúde para melhoria da 
qualidade de vida; 
f) a construção da cidadania planetária a partir da perspectiva crítica e 
transformadora dos desafios ambientais a serem enfrentados pelas atuais e futuras 
gerações. 
 
III - promover: 
a) observação e estudo da natureza e de seus sistemas de funcionamento para 
possibilitar a descoberta de como as formas de vida relacionam-se entre si e os 
ciclos naturais interligam-se e integram-se uns aos outros; 
b) ações pedagógicas que permitam aos sujeitos a compreensão crítica da 
dimensão ética e política das questões socioambientais, situadas tanto na esfera 
individual, como na esfera pública; 
c) projetos e atividades, inclusive artísticas e lúdicas, que valorizem o sentido de 
pertencimento dos seres humanos à natureza, a diversidade dos seres vivos, as 
diferentes culturas locais, a tradição oral, entre outras, inclusive desenvolvidas em 
espaços nos quais os estudantes se identifiquem como integrantes da natureza, 
36 
 
estimulando a percepção do meio ambiente como fundamental para o exercício da 
cidadania; 
d) experiências que contemplem a produção de conhecimentos científicos, 
socioambientalmente responsáveis, a interação, o cuidado, a preservação e o 
conhecimento da sociobiodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra; 
e) trabalho de comissões, grupos ou outras formas de atuação coletiva favoráveis à 
promoção de educação entre pares, para participação no planejamento, execução, 
avaliação e gestão de projetos de intervenção e ações de sustentabilidade 
socioambiental na instituição educacional e na comunidade, com foco na prevenção 
de riscos, na proteção e preservação do meio ambiente e da saúde humana e na 
construção de sociedades sustentáveis. 
A lei estabelece que todos têm direito à Educação Ambiental. A Educação 
Ambiental como um “componente essencial e permanente da educação nacional, 
devendo estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo, 
em caráter formal e não formal”. 
Nas escolas, ela deverá estar presente em todos os níveis de ensino, como 
tema transversal, sem constituir disciplina específica, como uma prática educativa 
integrada, envolvendo todos os professores, que deverão ser treinados para incluir o 
tema nos diversos assuntos tratados em sala de aula. 
A dimensão ambiental deve ser incluída em todos os currículos de formação 
dos professores. Os professores em atividade deverão receber formação 
complementar. As orientações traz para a Educação Ambiental um eixo norteador na 
mudança de comportamento. 
 
MODALIDADES: CONSERVADORA E CRÍTICA 
 
Conforme Guimarães (2007a) a educação ambiental crítica aponta para uma 
prática pedagógica que abrange as dimensões políticas, éticas e culturais. As 
práticas pedagógicas levam à discussão do modelo capitalista, que estimula o 
consumismo. Ela deve ser abordada de forma transversal. Já a educação ambiental 
37 
 
conservadora adota práticas onde predominam uma visão compartimentada, 
individualista, suas ações ratificam o modelo econômico, pois não questiona o que 
está oculto, coloca todos como poluidores da mesma forma, não tratando sobre as 
desigualdades sociais. 
Quando se aborda a educação ambiental, o que mais emerge são ideias 
conservacionistas, que apresentam ações relacionadas à coleta, segregação e 
reciclagem de resíduos sólidos, plantio de árvores, e outros. A vertente 
conservadora está inserida nas práticas que abordam a preservação das plantas, 
dos animais e do meio ambiente como um todo, pois é dele que o homem obtém 
recursos. Essa linha mais tradicional simplifica ou reduz fenômenos complexos da 
realidade (GUIMARÃES, 2007b). Essa postura conservacionista resume-se a ações 
pontuais, desconectadas do todo, comprometendo sua eficácia. 
Nos livros didáticos são observadas frequentemente estas posturas 
conservadoras. Neste tipo de material, encontramos abordagens referentes à 
conscientização, tendo a visão de que o homem agride o meio ambiente. Sendo 
assim, cada indivíduo deve cumprir seu papel, na segregação dos resíduos sólidos, 
no cuidado da preservação dabiodiversidade local, entre outras ações. Todos são 
responsabilizados e culpabilizados pelas ações antrópicas que agridem o ambiente. 
Esse tipo de postura também contribui para dificultar a abordagem interdisciplinar da 
educação ambiental, pois coloca obstáculos no diálogo entre as ciências sociais e as 
ciências naturais, assim como no interior dessas próprias “ciências” (BOMFIM, 
2009). 
Muitas vezes, o homem não se percebe como ser natural e integrante da 
natureza. No pensamento de alguns sujeitos, há o homem e há a natureza - que 
serve para ser explorada, sendo vista apenas como fonte de recursos naturais. 
A educação ambiental crítica se contrapõe, de certa forma, à visão da 
conservadora, estando essa corrente relacionada a mudanças no sistema 
capitalista, na construção das sociedades que protagonizam ações predatórias 
acentuadas por um consumismo estimulado pela mídia. Caracterizam neste 
contexto, ações tais como questionar os sistemas econômicos e políticos que 
mascaram as causas da degradação. Esta vertente afirma que, por ser uma prática 
social, como tudo aquilo que se refere à criação humana na história, a educação 
38 
 
ambiental necessita de vínculos com os processos ecológicos e sociais na 
compreensão do todo, como forma de intervenção da realidade e de existência da 
natureza (LOUREIRO, 2007). 
A educação ambiental crítica aponta para uma conscientização ampla dos 
problemas ambientais, não responsabilizando a todos da mesma forma, 
considerando padrões de consumo. A fatia mais carente da população é composta 
por aqueles que mais sofrem com a degradação do ambiente. Essa exploração os 
prejudica muitas vezes diretamente, pois se um manancial for poluído, ele não 
poderá contar com seu alimento. Pois, sendo ele um pescador, não haverá 
mercadoria para a venda, inviabilizando seu sustento. Dependendo diretamente das 
condições do ambiente para sua manutenção, com a exploração territorial, a ele 
competem áreas que deveriam ser preservadas como encostas de morros, mata 
ciliar, entre outras. Quando estes espaços geográficos sofrem ações antrópicas, 
ficam propensos a desmoronamentos, enchentes, e a população que ali habita é 
retirada e condenada a viver em lugares que não interessam a exploração 
imobiliária. O capitalismo não é freado caso o ambiente esteja degradado, pois se 
diminuir a oferta e os recursos se tornarem escassos, a sua mercadoria será 
supervalorizada. A educação ambiental crítica trás à tona estas questões sociais e 
questiona estas desigualdades. 
Segundo Sato e Carvalho (2005, p.12) “a educação ambiental pode ser uma 
preciosa oportunidade na construção de novas formas de ser, pensar e conhecer 
que constituem um novo campo de possibilidades de saber”. Procura entender os 
reais motivos da poluição, do consumismo exagerado, das desigualdades sociais, e 
refletir sobre o papel da educação nesse contexto. Seu objetivo é buscar 
perspectivas e possibilidades que possam trazer mudanças à realidade atual. 
Hoje, a Educação Ambiental não mais aponta para uma educação 
conservacionista, mas sim para uma visão socioambiental, de educação popular, 
com objetivo de atingir principalmente as pessoas expostas aos riscos e vítimas da 
injustiça social. A partir do diálogo reflexivo de conteúdos voltados à sociologia, 
ideologia, política, democracia, cidadania é possível levar aos princípios da 
Educação para Sociedades Sustentáveis e de Responsabilidade Global (BRASIL, 
2007). 
39 
 
CAPÍTULO III- DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
As discussões acerca do desenvolvimento sustentável evoluíram bastante 
desde o surgimento dos conceitos ecodesenvolvimento, lançado por Maurice Strong, 
em 1973. Foram, na ocasião, amplamente discutidos os seis caminhos do 
desenvolvimento, como sendo: a satisfação das necessidades básicas; a 
solidariedade com as gerações futuras; a participação da população envolvida; a 
preservação dos recursos naturais e do meio ambiente; a elaboração de um sistema 
social que garanta emprego, segurança social e respeito a outras culturas; e os 
programas de educação. 
O primeiro grande passo global no âmbito do desenvolvimento sustentável foi 
a realização da Conferência de Estocolmo em 1972 (UN Conference on the Human 
Environment), onde se percebeu uma necessidade de reaprender a conviver com o 
planeta. Porém, o desenvolvimento sustentável passou a ser a questão principal de 
política ambiental, somente, a partir da Conferência das Nações Unidas sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). 
A Organização das Nações Unidas, através do relatório Nosso Futuro 
Comum, publicado pela Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o 
Desenvolvimento em 1987 definiu desenvolvimento sustentável como sendo aquele 
que busca as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das 
gerações futuras de atender suas próprias necessidades (ONU, 1987). Desde 
aquela época esta definição ganhou inúmeras citações na literatura. 
O conceito de desenvolvimento sustentável surge para enfrentar a crise 
ecológica, sendo que pelo menos duas correntes alimentaram o processo. Uma 
primeira, centrada no trabalho do Clube de Roma, reúne suas ideias publicadas sob 
o título de Limites do Crescimento em 1972, segundo as quais, para alcançar a 
estabilidade econômica e ecológica propõe-se o congelamento do crescimento da 
população global e do capital industrial, mostrando a realidade dos recursos 
40 
 
limitados e indicando um forte viés para o controle demográfico (Meadows et al., 
1972). Uma segunda, relacionada com a crítica ambientalista ao modo de vida 
contemporâneo, e se difundiu a partir da Conferência de Estocolmo em 1972. Tendo 
como pressuposto a existência de diferentes dimensões da sustentabilidade, que 
explicitam a necessidade de tornar compatível a melhoria nos níveis de qualidade de 
vida com a preservação ambiental. Surge para dar uma resposta à necessidade de 
harmonizar os processos ambientais com os socioeconômicos, maximizando a 
produção dos ecossistemas para favorecer as necessidades humanas presentes e 
futuras. A maior virtude dessa abordagem é que, além da incorporação definitiva dos 
aspectos ecológicos no plano teórico, ela enfatiza a necessidade de inverter a 
tendência autodestrutiva dos processos de desenvolvimento no seu abuso contra a 
natureza (Jacobi, 1997). 
Nesse sentido, o objetivo é apresentar uma contextualização em relação ao 
termo Desenvolvimento Sustentável, mostrando a importância de uma visão 
multidimensional em relação ao tema, mais especificamente com foco para as 
dimensões econômica, social, ambiental e institucional a fim de demonstrar que a 
partir dessas dimensões busca-se atingir o Desenvolvimento Sustentável de forma 
geral. 
Entende-se que essas diferentes forças (social, econômica, ambiental e 
institucional) que atuam no sistema, quando convergirem, podem conduzir ao 
equilíbrio em termos de Desenvolvimento Sustentável. 
De acordo com Sachs (2009): 
Na dimensão econômica as atenções devem estar voltadas para o 
desenvolvimento econômico intersetorial equilibrado e primar pela: 
segurança alimentar, capacidade de modernização contínua dos 
instrumentos de produção, diversificação dos produtos e mercados, e 
garantia na geração de renda. 
Já na dimensão social, seria preciso manter um patamar razoável de 
homogeneidade social, distribuição justa de renda, geração de empregos, 
qualidade de vida e igualdade no acesso aos recursos e serviços. 
Para a dimensão ambiental, o autor ressalta o respeito pela capacidade de 
autodepuração dos ecossistemas naturais, preservação do potencial do 
capital natural na sua produção de recursos renováveis, bem como no limite 
e uso correto dos recursos não renováveis. 
E, por fim, na dimensão institucional, seria preciso assegurar o 
compromisso e a capacidade do Estado em implementar políticas e projetos 
41 
 
voltados

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