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Macro II Clássica

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Nota 1
Este documento é apenas um conjunto de 
apontamentos retirados do livro, Modern 
Macroeconomics de Snowdon e Vane. Os, 
eventuais, erros de tradução ou interpretação 
são da minha responsabilidade.
Os meus pontos de vista, figuras e esquemas 
estão assinalados com um asterisco (*).
 
Nota 2
* Todas as escolas de pensamento, económico 
ou não, representam:
1. Abstracções teóricas, uma vez que não existe 
um único autor a formular toda a teoria
2. Abstracções cronológicas, uma vez que o 
pensamento foi sendo construído ao longo do 
tempo 
 
Escola Clássica
A economia clássica é a economia do equilíbrio 
espontâneo, sintetizado na célebre “mão 
invisível” de Adam Smith
Aceita que haja desajustamentos temporários, 
porém, os mecanismos do mercado são os 
necessários e suficientes para restabelecer o 
equilíbrio
A intervenção do Estado não é, portanto, nem 
necessária nem desejada
 
Escola Clássica
* Não nos esqueçamos que estas concepções 
nascem num contexto histórico de reacção 
contra as barreiras feudais.
Como todas as ideias, a partir dessa génese 
inicial, ganham dinâmica própria, mantêm-se e 
evoluem, mesmo quando o quadro de referência 
original desaparece.
 
Escola Clássica
Pressupostos clássicos segundo Snowdon 
referindo-se a (Ackley, 1966):
- todos os agentes económicos são racionais no 
sentido em que procuram optimizar os seus 
lucros (empresas) e utilidade (consumidores);
- os agentes económicos não sofrem qualquer 
ilusão monetária; dão importância às 
quantidades e não aos preços;
 
Escola Clássica
- todos os mercados são perfeitamente 
competitivos de tal forma que os agentes 
decidem quanto comprar e vender na base de 
um conjunto perfeitamente flexível de preços ;
- todos os agentes são perfeitamente 
conhecedores das condições de mercado e 
preços;
 
Escola Clássica
- as transacções só se iniciam quando os preços 
de equilíbrio tiverem sido estabelecidos o que é 
assegurado por um qualquer mecanismo 
(leiloeiro ou agente fictício de fixação de preços); 
não são, portanto, permitidas falsas transacções, 
ie, transacções a preços fora do preço de 
equilíbrio;
- os agentes têm expectativas estáveis; não 
existe incerteza
 
Escola Clássica
Todos os mercados saldam, isto é, nenhum 
vendedor regressa a casa com mercadoria que 
desejaria ter vendido nem nenhum comprador 
com mercadoria que desejaria ter comprado, 
incluindo no mercado laboral.
Esta condição não significa que o detentor de 
uma mercadoria venda, necessariamente, todas 
as quantidades de que dispõe; apenas que 
obtém maior utilidade conservando-as do que 
vendendo-as àquele preço.
 
Escola Clássica
Determinação do Produto e do Emprego
Para simplificação vamos usar uma economia 
fechada
 
Escola Clássica
Y
i
 = A
i
F
i
(K
i
,L
i
) (2.1)
Para simplificar vamos usar apenas os factores 
Capital (K
i
) e Trabalho (L
i
).
A função de produção de curto prazo expressa, a 
nível da empresa (micro), a quantidade máxima de 
produto (Y
i
). resultante do emprego de dadas 
quantidades de factores (K
i
,L
i
), com uma dada 
organização e tecnologia, onde A
i
 é índice de 
produtividade dos factores e F
i
 é a função que 
relaciona as variações do produto com as variações 
dos insumos (factores).
 
Escola Clássica
Y
i
 = A
i
F
i
(K
i
,L
i
) (2.1)
Notas:
O índice i refere-se à i-éssima empresa
Doravante, para simplificação do texto, 
escreveremos apenas tecnologia para significar 
organização e tecnologia
 
Escola Clássica
Esta função é directamente proporcional aos 
factores e à tecnologia; quanto mais quantidade 
de factores ou melhor tecnologia se 
empregarem, mais Produto se obtém.
Contudo, a curto prazo, assume-se que não há 
capacidades adicionais resultantes do 
investimento e, portanto, só as quantidades de 
trabalho podem variar: as quantidades de capital 
e a tecnologia são tidos como constantes.
 
Escola Clássica
A nível macro, o produto Y é igual ao PIB e 
depende da quantidade de factores e da sua 
utilização eficiente.
De acordo com o modelo clássico os valores 
agregados são iguais à soma dos valores na 
micro-economia pelo que:
PIB = Σ
i
A
i
F
i
(K
i
,L
i
)
PIB = Y = AF(K,L)
 
Escola Clássica
Para valores dados de A e K há 
uma relação positiva entre Y e L, 
demonstrada pelos movimento 
ao longo das curvas (ex: do 
ponto a para o ponto b)
- a função produção apresenta 
retornos decrescentes 
relativamente a L.
- A relação ΔY/ΔL, produtividade 
marginal do Trabalho (MPL, em 
inglês), decresce com o aumento 
do emprego (L);
 
Escola Clássica
 - Isto é visível no gráfico b) onde 
DL representa a MPL que é, 
simultaneamente, positiva e 
decrescente (D
Lb
 < D
La
)
- A função de produção (Y) 
desloca-se para cima (Y*) se os 
valores de K (mais capital k*) ou 
A (melhoria tecnológica A*) 
aumentarem.
 
Escola Clássica
Na figura a) esta deslocação 
mostra um aumento de Y para 
os mesmos valores de L quando 
passamos de Y para Y*; na 
figura b) observamos um 
aumento da MPL quando 
passamos de DL para DL* 
 
Escola Clássica
A função de produção, embora nos diga muito sobre a 
relação entre insumos e produto, nada nos diz sobre o 
nível de insumos empregues em cada momento.
Consideremos, primeiro, o nível de emprego de uma 
empresa que maximiza o seu lucro
A teoria clássica assume;
a) que existe uma produtividade marginal decrescente 
dos factores; e
b) que o preço de venda (P) é independente de cada 
produtor
 
Escola Clássica
Consequentemente, uma empresa continuará a 
produzir lucro até que o seu rendimento marginal (MR
i
 
– Marginal Return) iguale o seu Custo Marginal de 
produção (MC
i
 – Marginal Cost).
O índice representa, aqui, a i-éssima empresa 
(noutras circunstâncias pode representar um produto, 
uma ou um sector)
 
Escola Clássica
Se uma empresa contrata trabalho num mercado 
competitivo, pagará um salário W
i
 a cada 
trabalhador extra.
O custo adicional de cada unidade adicional de 
trabalho é W
i
*ΔL, onde ΔL é o acréscimo de 
trabalhadores.
O rendimento extra, obtido com o emprego 
desse acréscimo do factor trabalho, é P*ΔQ, 
onde ΔQ é o acréscimo das unidades 
produzidas por ΔL.
 
Escola Clássica
Portanto, um empregador competitivo continuará a 
empregar enquanto
P*ΔQ > W
i
*ΔL
Portanto,a equação de maximização do lucro pode 
ser escrita como:
P
 
= W
i
*ΔL/ΔQ = MC
i
Sendo, o preço P, tomado pelo produtor, igual ao 
seu Rendimento por unidade adicional ou 
Rendimento Marginal (RM) 
P = MR
i
 
Escola Clássica
e W
i
*ΔL/ΔQ, o seu Custo por unidade adicional ou 
Custo Marginal
W
i
*ΔL/ΔQ = MC
i 
(2.3)
Portanto a equação é maximizada em
P
 
= W
i
*ΔL/ΔQ = Mc
i
quando o Rendimento Marginal for igual ao Custo 
Marginal
MRi = MCi
 
Escola Clássica
De (2.3) vem:
ΔQ
i
/ΔL
i
= W
i
/P (2.4)
Como ΔQ
i
/ΔL
i
 = MPL
i
MPL
i
= W
i
/P (2.4*)
O que pode ler-se como: o salário real, numa 
economia competitiva, é igual à sua 
produtividade marginal
* Note-se que, a frase sublinhada, para já, apenas é 
válida no contexto dos pressupostos da teoria 
clássica.
 
Escola Clássica
Como P = MC
i
 
Substituindo em (2.4*), vem:
MPL
i
 = W
i
/MC
i
 (2.4**)
ou
MC
i
 = W
i
/MPL
i
 (2.5)
P
i
 = W
i
/MPL
i
 = MCi (2.6)
 
Escola Clássica
Recordemos que um pressuposto fundamental 
do modelo clássico é que existaprodutividade 
marginal decrescente dos factores.
* Este pressuposto, que supõe economias de 
escala decrescentes ou, pelo menos nulas, é, 
reconhecidamente, um dos pontos mais fracos 
do modelo matemático clássico.
 
Escola Clássica
Seguindo o raciocínio:
Como MPL
i
 é uma função decrescente do 
montante de trabalho empregue, devido à lei dos 
retornos decrescentes, a procura do factor 
trabalho é uma função menos que proporcional 
de MPL
i
 (ou W
i
/P).
DL
i
 (Procura de trabalho) é função de W
i
/P 
D
LI
= D
LI
 (Wi/P) (2.7)
 
Escola Clássica
Agregando, o que na economia clássica 
significa, somando as funções de todas as 
firmas individuais, teremos a procura agregada 
de trabalho, representada pela mesma equação
D
L
 = D
L
(W/P) (2.8)
Onde W representa o salário médio e P o nível 
geral de preços
 
Escola Clássica
A oferta de trabalho é representada por
SL = SL (W/P) (2.9)
A quantidade de trabalho depende da escolha dos 
indivíduos entre trabalho e lazer.
O salário corresponde a uma utilidade (consumo); o 
trabalho a uma desutilidade.
Há 2 efeitos contrários: substituição (salário por 
lazer) e rendimento (quanto mais trabalho, mais 
ganho e mais posso consumir; mas, quanto mais 
ganho, mais posso alargar o meu lazer, sacrificando 
o meu consumo).
 
Escola Clássica
A teoria clássica afirma que o 
efeito substituição prevalece.
Portanto, S
L
 é proporcional ao 
salário real
O equilíbrio de mercado pode ser 
visto no quadro (b) da figura 2.2
 
Escola Clássica
O nível de equilíbrio representa, como em todos 
os mercados, o ponto em que o mercado salda: 
todos os possuidores de bens não 
transaccionados preferem levar para casa o seu 
bem (aumentando o seu lazer) do que vendê-lo 
abaixo daquele preço; todos os compradores 
preferem ir-se embora sem o bem (força de 
trabalho) a pagar mais por ele.
O nível de equilíbrio representa, portanto o Pleno 
Emprego, onde todos os elementos da força de 
trabalho que desejem trabalhar ao salário de 
equilíbrio o podem fazer.
 
Escola Clássica
SL mostra a quantidade de pessoas 
capazes de aceitar uma proposta de 
trabalho e L
T
 o número total de 
pessoas que pretendem trabalhar para 
 cada nível de salário real.
L
T
 é positivamente inclinada 
mostrando que quanto maior for o 
salário mais pessoas pretendem 
trabalhar
No modelo clássico o desemprego é 
representado pela distância EN que 
representa o desemprego friccional.
 
Escola Clássica
O desemprego voluntário corresponde ao 
conjunto de pessoas que não aceita trabalhar ao 
nível do salário de equilíbrio.
O modelo clássico não admite desemprego 
involuntário, porque, como todos os outros, o 
mercado de trabalho salda, no sentido acima 
enunciado, ao preço de equilíbrio.
Mais tarde veremos como as escolas clássicas 
mais modernas evoluíram introduzindo, por 
exemplo o conceito de “taxa natural de 
desemprego” (Friedman, 1968)
 
Escola Clássica
Os economistas clássicos explicam o 
desemprego involuntário, efectivamente 
existente, como o resultado da manutenção do 
dos salários acima do nível de equilíbrio por 
distorções da concorrência perfeita (salários 
impostos pelos sindicatos, salário mínimo 
imposto pelo Governo, etc)
Nessa altura, nem toda a gente que deseje 
trabalhar ao nível salarial distorcido será capaz 
de o fazer
 
Escola Clássica
Alterações nas curvas da 
procura e oferta de trabalho 
determinam alterações no nível 
de equilíbrio e, 
consequentemente, do Produto, 
Emprego e salários.
Uma melhoria na função de 
produção, devida a uma 
mudança tecnológica, 
aumentaria a produtividade 
ΔQ/ΔL ...
*
 
Escola Clássica
… o que, para um mesmo nível 
de preços e salários, implicaria
 ΔQ
i
/ΔL
i
 > W
i
/P
permitindo às empresas 
competitivas contratar mais 
trabalho (L) até que ΔQ/ΔL se 
reduzisse para o nível W
i
/P.
Isto moveria a Procura de 
Trabalho (D
L
) para a direita o que 
aumentaria o Produto, o 
Emprego e os salários.
*
 
Escola Clássica
* Neste esquema falta 
representar o efeito no mercado 
de bens: aumentando Y, para o 
mesmo nível de L, o preço P 
baixaria automaticamente, o que 
aumentaria W
i
/P, restabelecendo 
-se o equilíbrio, 
ΔQ
i
/ΔL
i 
= W
i
/P
*
 
Escola Clássica
Um aumento da população, 
ao mover a curva da oferta 
de trabalho para a direita, 
aumentaria o emprego (L) e 
o Produto (Y) mas baixaria 
o salário real (W/P).
*
 
Escola Clássica
De acordo com o modelo 
clássico, uma vez estabelecido 
o nível de emprego no mercado 
de trabalho, fica determinado o 
nível do produto
Isso implica só ser possível 
manter o equilíbrio se 
garantirmos que, a cada 
aumento da oferta (mais 
emprego, mais produto) 
corresponde, sempre, um 
aumento igual da procura no 
mercado de bens.
*
 
Escola Clássica
Lei de Say
“Um produto acabado oferece, desde esse mesmo 
instante, uma saída para outros produtos pelo 
montante total do seu valor (Say, 1821)”
Ou seja, toda a produção cria um rendimento que 
permite uma procura igual ao valor do produto 
criado.
Neste sentido
“A oferta gera a sua própria procura”
 
Escola Clássica
Os economistas clássicos admitem a 
possibilidade de excedentes de produção 
localizados mas não de uma crise de 
superprodução na economia como um todo, 
onde os mercados devem compensar-se
 
Escola Clássica
Podemos enunciar duas versões da Lei de Say:
1. Uma versão fraca que implica que todo o 
rendimento criado por uma produção cria uma 
procura, de idêntico valor, de outros bens
2. Uma versão forte que implica que esta lei é 
compatível com o pleno emprego, porque as 
empresas competitivas continuarão a criar mais 
produto até ao equilíbrio no mercado de 
trabalho.
 
Escola Clássica
* Lei de Say (a tese de que os mercados sempre 
se saldam) depende unicamente dos 
pressupostos clássicos que vamos, agora, 
agrupar de forma diferente:
1. Flexibilidade Absoluta dos preços;
2. racionalidade absolutao da quantidade 
adicional de produtos.
 
Escola Clássica
*1. A Flexibilidade Absoluta pressupõe que o 
ajuste dos preços seja: a) tão grande quanto o 
necessário; b) instantâneo, sem necessidade de 
comunicação e negociação, impedindo as 
transacções falsas (leiloeiro, agente fixador de 
preços); c) que seja um dado para os agentes – 
todos conhecem, sem qualquer mediatização, as 
condições de mercado e preços.
 
Escola Clássica
* 2. A Racionalidade Absoluta pressupõe que, 
uma vez estabelecida uma escala de 
preferências (que é prévia à abertura dos 
mercados), as acções dos agentes no mercado 
(Procura e Oferta) vêm exclusivamente 
determinadas pelos preços – maximização do 
lucro e da utilidade num quadro de preferências 
inalterável e onde não existe incerteza)
 
Escola Clássica
* De notar que, até ao momento, ainda não 
introduzimos a Moeda, sendo os preços 
determinados pela relação entre uma 
mercadoria, escolhida aleatoriamente e todas as 
restantes.
Todos sabemos que estes pressupostos são 
totalmente artificiais não se verificando em 
qualquer mercado.
A lógica é a de determinar as Leis da Economia 
num ambiente, tanto quanto possível, 
semelhante ao de um laboratório, através da 
abstracção.
 
Escola Clássica
* Uma vez determinadas as Leis, podermos 
perceber e prever, mesmo que as condições 
reais não sejam as que determinámos, tal como 
é possível construir uma ponte, sujeita a 
inúmeras variação climatéricas, dos materiais, 
etc, com base nas Leis da Física, observadas 
num laboratórioonde a variabilidade das 
condições reais é inexistente.
 
Escola Clássica
* Vamos, portanto analisar as duas condições dadas 
acima à luz destes pressupostos:
1. Melhoria da função de Produção:
A primeira consequência é o aumento das 
quantidade (ΔQ) que agora passaremos a designar 
como aumento do produto (ΔY).
Aumentando o produto, o preço deve descer 
instantaneamente, o necessário para garantir o 
escoamento da quantidade adicional (Lei de Say).
 
Escola Clássica
L L
Y
Y
PP
W/P
W/P
ΔQ
i
/ΔL
i 
= W
i
/P.
ba
cd
* Em ΔY/ΔL
 
= W/P, temos um 
aumento de ΔY e uma redu-
ção de P.
Os empresários continuarão 
a contratar até que ΔY.P = 
W.ΔL, fazendo que a função 
de Procura por Trabalho, DL 
se desloque, adaptando-se 
às novas condições preço do 
trabalho (W/P).
 
Escola Clássica
* 2. Alteração na quantidade de mão de obra 
(por exemplo por aumento da população).
A primeira consequência será um ajuste do 
preço do Trabalho de forma a escoar as 
quantidades adicionais desta mercadoria 
(redução do salário, W) 
Reduzindo-se o preço do Trabalho, os 
empresários contratarão mais mão-de-obra até 
que ΔY.P= W.ΔL.
 
Escola Clássica
L L
Y
Y
PP
W/P
ΔY/ΔL
 
= W/P.
ba
cd
* Aumentando o emprego ΔL, 
temos, imediatamente, um 
aumento de Y o que, como 
vimos, conduz a uma redução 
do nível de preços, P.
A redução de P, reduz ΔY.P, 
determinando uma menor 
contratação de Trabalho (L).
Estes ajustamentos são realizados instantaneamente 
até que as alterações em ΔY,ΔP,ΔW,ΔL sejam tão 
pequenas que tendam para zero.
 
Escola Clássica
L L
Y
Y
PP
W/P
ΔY/ΔL
 
= W/P
ba
cd
* Note-se que, havendo um 
aumento de L, ΔY/ΔL deve 
reduzir-se pela Lei da Produ-
tividade decrescente. Conse-
quentemente, o salário real 
W/P, também se reduzirá 
com o aumento da popula-
ção activa.
Para repor o nível salário real, é, pois, necessária uma 
melhoria da Função de Produção, através da melho-
ria, quantitativa ou qualitativa, de A (tecnologia) e/ou K 
(Capital), ie, do Investimento. 
 
Escola Clássica
Vamos agora introduzir o conceito de moeda que, 
representa, inicialmente, uma mercadoria, 
relativamente à qual, todas as outras são, 
universalmente, comparadas.
 
Escola Clássica
Consumo, Investimento e Poupança
Consumo (C) e Poupança (S) são funções da taxa de 
juro (r) porque, quanto maior é a remuneração da 
abstinência de consumo (S↑), maior a apetência para 
o reduzir (C↓).
Logo, a variação de C é inversamente proporcional a r 
(dC/dr < 0), enquanto a de S é directamente 
proporcional (dS/dr > 0)
O investimento é também inversamente proporcional à 
taxa de Juro (dI/dr < 0): um investimento só se justifica 
se a sua Taxa de Rentabilidade for superior à Taxa de 
Juro.
 
Escola Clássica
Como S(r) representa a Oferta e I(r) a Procura 
no mercado de crédito, r, é o preço da moeda e, 
consequentemente, a taxa de juro é determinada 
pelo ponto de equilíbrio entre S(r) e I(r).
Portanto 
S(r) = I(r) (2.12).
Isto, se a tarefa de determinar a taxa de juro for 
deixada ao mercado.
 
Escola Clássica
Definindo a Poupança como o que sobra depois 
do consumo temos
Y - C(r) = S(r) (2.11)
De 2.12 e 2.11 vem
Y – C(r) = I(r) 
e ...
 
Escola Clássica
… E = C(r) + I(r) = Y (2.10),
A Despesa Global (E - Expenditure), composta 
de Consumo (C) e o investimento (I), ambos 
funções da taxa de juro (r), iguala sempre o 
Produto Global Y
E = C(r) + I(r) = Y (2.10)
 
Escola Clássica
Teoria Quantitativa da Moeda
A teoria clássica defende que o nível de preços 
no mercado de bens e a quantidade de moeda 
estão intimamente relacionados.
Podemos distinguir 2 versões equivalentes da 
teoria quantitativa: 1) Marshall e Pigou; 2) Fisher
 
Escola Clássica
1) Marshall e Pigou – escola de Cambridge
A procura de moeda é determinada pela 
necessidade de se realizarem transacções – 
função meio de troca:
MD = kPY (2.13)
A Procura de Moeda – MD, Money Demand - é 
igual à à parcela (k) do rendimento (P.Y) 
necessária para a realização das trocas
 
Escola Clássica
MD representa a Procura de Moeda (como meio 
de troca); M representa a Oferta determinada 
pelo Estado. 
A condição de equilíbrio pode, portanto, ser 
representada por:
M = MD (2.14)
Ou:
M = kPY (2.15)
Ou ainda:
 
Escola Clássica
P = M/kY (2.15*)
O coeficiente k é exógeno e empiricamente 
determinado.
Como se verifica que a parcela monetária dos 
rendimentos necessária para funcionar como meio de 
troca varia muito pouco, k pode ser considerado como 
constante.
Sendo Y determinado pela Função de Produção [Y = 
AF(k,L)] e pelo equilíbrio no mercado de Trabalho 
(DL= SL), P é determinado por M.
 
Escola Clássica
Partindo de um estado de equilíbrio, um aumento da 
Oferta de Moeda cria um desequilíbrio (M > kPY).
Sendo k e Y constantes, P deve aumentar para que 
o equilíbrio seja restabelecido.
Os agentes económicos, detendo mais dinheiro 
procurarão adquirir mais bens, provocando um 
aumento da Procura, o que origina um desequilíbrio 
no mercado de bens.
Sendo Y constante, os preços subirão para 
equilibrar esse excesso de Procura com a Oferta 
constante no mercado de bens.
 
Escola Clássica
2) Fisher
MV = PY (2.16)
É a versão da equação de trocas (exchange 
equation) de Fisher, onde M é a quantidade de 
moeda determinada pelo Estado e V é a velocidade 
de circulação da moeda (o número de vezes que a 
moeda circula num dado período).
 
Escola Clássica
É mais simples perceber a relativa estabilidade de V 
do que de k, dado que a velocidade de circulação 
depende, essencialmente, de factores institucionais 
como os procedimentos do sistema bancário, etc.
De 2.16 obtemos directamente:
P = MV / Y (2.17)
Com V/Y constantes é fácil ver que P depende de M
 
Escola Clássica
De:
P = M/kY (2.15*) e P = MV / Y (2.17)
Obtém-se, facilmente:
V = 1/k
Ou seja, a velocidade de circulação é o recíproco de 
k, sendo as expressões 2.15 e 2.17 equivalentes
 
Escola Clássica
Para ilustrar como o 
produto, salário real e 
emprego são invariantes 
relativamente à 
quantidade de moeda, 
observemos a figura 2.4. 
Nos quadrantes (a) e (b) 
reproduzimos a figura 
2.2.
 
Escola Clássica
Um mercado laboral 
competitivo gera um 
nível de emprego de 
equilíbrio L0 e um salário 
de equilíbrio W0/P0
Através da função de 
produção obtemos Y0.
 
Escola Clássica
No quadrante (c) a 
Procura Agregada (AD) 
é definida pela equação 
2.16 (MV = PY), neste 
caso sob a forma P = 
MV/Y.
A função 
AD(M) = P = (MV)/Y 
mostra, para um nível 
constante de M e V, as 
diversas combinações 
possíveis de Y e P.
 
Escola Clássica
Finalmente, no 
quadrante (d), vemos a 
relação entre o salário 
real e o nível de preços 
para um dado salário 
nominal: sendo dado um 
salário nominal W, o 
salário real (W/P) 
depende, 
evidentemente, do nível 
de preços.
 
Escola Clássica
Suponhamos que as 
autoridades monetárias 
aumentem a oferta de 
moeda de M0 para M1.
Esse aumento levará a 
um aumento da Procura 
de bens.
Como Y se mantém em 
Y0, determinado pelo 
equilíbrio no mercado 
laboral em L0, os preços 
subirão para P1.
 
Escola Clássica
Para um salário nominal W0, 
este aumento de preços 
reduzirá o salário real de 
W0/P0 para W0/P1, o que cria 
um desequilíbrio no mercado 
laboral.
O excedente de Procura de 
Trabalho ZX, originará uma 
subida nos salários nominais 
para W1 o que restaura o 
equilíbrio em L0 (W0/P0 = 
W1/P1).Escola Clássica
Em conclusão, um 
aumento da quantidade de 
moeda, origina um 
aumento de preços (P0 
para P1) e dos salários 
nominais (W0 para W1) 
mas mantém-se o nível de 
emprego (L0), do Produto 
(Y0) e dos salários reais 
(W0/P0 = W1/P1)
 
Escola Clássica
Dito de outra forma, só as 
variáveis nominais se 
alteram sem qualquer 
efeito nas variáveis reais. 
A Moeda é neutra.
De notar que todos os 
ajustes são instantâneos 
nos modelos clássicos.
 
Escola Clássica
Fisher (1907), também demonstrou como a 
expansão monetária influencia a taxa de juro (efeito 
Fisher)
Como a taxa de juro real é igual à taxa de juro 
nominal menos a taxa de inflação e é determinada 
por forças reais de oferta (poupança) e procura 
(investimento) no mercado de crédito, a taxa 
nominal ajustar-se-a para reflectir as alterações da 
taxas real de juro e da inflação.
A expansão monetária, ao aumentar a taxa de 
inflação, também aumentará a taxa de juro nominal 
mas a taxa de juro real manter-se-a. 
 
Escola Clássica
Resumindo, uma expansão monetária resulta no 
aumento do nível de preços, salários nominais e 
taxa de juro nominal mas os valores reais mantêm-
se inalterados: a moeda é neutra.
 
Escola Monetarista
Na década de 1960 dominou a Síntese Neo-Clássica 
(Samuelson): aceitação do modelo IS-LM - modelo 
de equilíbrio com pressupostos keynesianos – e 
aceitação das teses clássicas da microeconomia.
A escola monetarista surge como a primeira reacção 
da pureza clássica a essas teses, tendo como 
principal expoente, Friedman, Prémio Nobel em 
1976
 
Escola Monetarista
Md = f (YP ;r,π;u) (4.1)
 ̇Onde, YP representa a restrição orçamental (o rendimento 
permanente, como uma aproximação à riqueza); 
r representa o rendimento dos activos financeiros;
π a taxa de inflação esperada;
e u as preferências individuais.
A procura de moeda será tanto maior: quanto maior for o 
nível de riqueza; quanto menor for o rendimento de outros 
activos; quanto menor for a taxa de inflação esperada (*u, 
determina a procura individual mas, como é sempre 
constante, tem reduzida influência numa análise dinâmica)
 
Escola Monetarista
Na análise de Friedman a Procura de Moeda: 
- é uma função estável de um número reduzido de 
variáveis
- é função do rendimento permanente (os agentes 
agem em função do seu rendimento permanente e 
não de alterações conjunturais e passageiras);
 
Escola Monetarista
- é função das rentabilidades: a riqueza será alocada 
entre activos que possuam a mesma rentabilidade 
marginal; indivíduos que maximizam a sua utilidade 
re-alocarão a sua riqueza entre diferentes activos 
sempre que as taxas de rentabilidade marginal não 
forem iguais
- * é função das suas preferências.
 
Escola Monetarista
Se a função da procura de moeda é estável (observar a 
dinâmica da equação 4.1), então as variações de relevo devem 
ser procuradas do lado da oferta.
Nas palavras de Friedman (1968b, p. 434) :
“A generalização empírica de que as alterações nos saldos 
reais desejados (na procura de moeda) tendem a evoluir 
devagar e gradualmente ou a ser o resultado de eventos 
postos em marcha por alterações prévias da oferta, enquanto, 
em contraste, alterações substanciais na oferta nominal podem 
e acorrem frequentemente, independentemente de quaisquer 
alterações da procura. A conclusão é que alterações 
substanciais nos preços ou rendimentos nominais são quase 
invariavelmente resultado de alterações na oferta nominal de 
moeda”
 
Escola Monetarista
Friedman e Schwartz (1963) apresentaram no estudo: 
“Monetary History of the United States, 1867–1960”, 
evidência de que, apesar do stock de moeda tender a 
aumentar durante todas as fases do ciclo, a taxa de 
crescimento da oferta de moeda foi mais lenta durante 
as contracções.
Durante o período examinado, só houve uma redução 
apreciável dos stocks de moeda nos seis períodos de 
maior contracção económica: 1873–9, 1893–4, 1907–8, 
1920–21,1929–33 e 1937–8.
 
Escola Monetarista
Além disso, durante essas grandes recessões, os 
factores que produziram a contracção monetária foram, 
em geral, independentes de alterações, 
contemporâneas ou anteriores, no rendimento 
monetário e nos preços.
Portanto para a QTM (Quantitative Theory of Money):
1. face a uma Procura de Moeda estável, a maior parte 
da instabilidade na economia deverá ser atribuída a 
flutuações na Oferta de Moeda.
2. a trajectória da moeda controlada pelas autoridades 
monetárias é diferente da trajectória endógena de 
Oferta de Moeda.
 
Escola Monetarista
3. as mudanças nos stocks de moeda são o principal 
factor das mudanças no rendimento nominal. 
4. porém, o lapso de tempo, para que o efeito das 
alterações de moeda sobre o rendimento nominal se 
faça sentir, é longo e variável e, por isso, a tentativa 
de usar a política monetária pode tornar-se 
desestabilizadora.
5. a oferta de moeda deveria crescer 
proporcionalmente ao Produto para assegurar 
estabilidade de preços a longo prazo.
 
Escola Monetarista
Curva de Phillips com expectativas
A curva original resultou do trabalho de Phillips 
(1958) sobre a relação entre o desemprego (U) e a 
taxa de alteração dos salários nominais (W), no 
Reino Unido, no período entre 1861-1957.
Verificou-se que a relação média era não linear e 
inversa: para um desemprego de 5,5% a taxa de 
alteração dos salários nominais era 0%; para um 
desemprego de 2,5% a taxa era de 2,0%.
 
Escola Monetarista
Curiosamente os dados referentes a 1948–57 eram 
muito semelhantes aos do período 1861–1913, 
dados pela equação:
w = −0.9 + 9.638(U )−1.394 (3.6)
Para alguns isto sugeriu a possibilidade da 
existência de uma relação estável de longo prazo 
entre a inflação e o desemprego.
 
Escola Monetarista
Dos trabalhos de Lipsey e Hansena, a relação de 
Phillips entre salários e desemprego pode ser 
expressa como: ̇
w = α(h/u − u) + w' = αh/u − αu + w' (3.12) ou
W = − αu + (w' + αh/u) 
Onde α é o coeficiente de flexibilidade dos salários, h 
o grau de fricção do mercado laboral e w' é a inflação 
salarial exogenamente determinada (ex, por 
reivindicação salarial).
* Não é necessário conhecer profundamente esta 
equação; é uma simples curiosidade histórica 
 
Escola Monetarista
Nos anos 1960-70 a curva de Phillips tornou-se 
incapaz de explicar a correlação entre salários e 
desemprego (ou entre inflação e desemprego)
De acordo com Friedman, isto aconteceu porque a 
curva de Phillips original foi mal definida.
Apesar de serem os salários nominais que são 
definidos nas negociações, ambas as partes, 
trabalhadores e empregadores, estão apenas 
interessados no salário real.
 
Escola Monetarista
Como as negociações têm validade definida o que 
afecta o salário nominal é a taxa esperada de 
inflação do período do contrato.
A curva deveria, portanto, ser definida em termos de 
taxa de variação dos salários reais.
 
Escola Monetarista
w = f (U ) + πe (4.2)
A taxa de variação dos salários nominais depende 
do excedente da procura de trabalho (como uma 
aproximação ao desemprego*) mais a taxa de 
inflação esperada πe
(* Como é que um excedente de procura (de 
trabalho) gera um excedente da mercadoria 
procurada (desemprego)?) 
 
Escola Monetarista
Suponhamos uma economia 
inicialmente em equilíbrio no 
ponto A, sobre a curva de 
Phillips de Curto Prazo 
(SRPC1) com o desemprego 
em UN, a sua taxa “natural” 
de desemprego (veremos 
mais tarde o que é) e uma 
taxa de crescimento zero nos 
salários nominais. 
 
Escola Monetarista
 Por simplificação, nas 
análises subsequentes vamos 
assumirque o crescimento da 
produtividade é zero, o que 
pressupõe que, com uma taxa 
de crescimento dos salários 
nominais nula, a taxa 
esperada de inflação também 
seja nula:
w = π = πe = 0 %.
 
Escola Monetarista
Agora imaginemos que as 
autoridades reduzem o 
desemprego de UN para U1, 
expandindo AD através de 
uma expansão monetária.
O excedente de procura nos 
mercados de bens e laboral 
resultariam numa pressão 
ascendente sobre preços e 
salários, com os preços a 
variarem, tipicamente, mais 
rapidamente que os salários
 
Escola Monetarista
Tendo saído de um período 
de estabilidade de preços 
(πe = 0), os trabalhadores 
sofreriam de ilusão 
monetária temporária e 
interpretariam a subida 
nominal como sendo real.
 
Escola Monetarista
Contudo, os salários reais 
desceriam realmente e, à 
medida que as empresas 
Procurassem mais 
Trabalho, o desemprego 
cairia com os salários 
nominais a subirem à taxa 
w1 , ou seja o ponto B de 
SRFC
 
Escola Monetarista
À medida que os 
trabalhadores começassem a 
adaptar as suas expectativas 
à taxa actual de inflação (π = 
w1), pressionariam para o 
aumento dos salários 
nominais deslocando SRPC1 
para SRPC2.
 
Escola Monetarista
Os salários aumentariam à 
taxa w1 mais a taxa de 
inflação esperada, as 
empresas despediriam os 
trabalhadores anteriormente 
contratados e o desemprego 
aumentaria até ao ponto C em 
que os salários reais 
regressariam ao seu nível 
original e o emprego ao seu 
nível “natural”. 
 
Escola Monetarista
Isso significa que, assim que a 
taxa de inflação é percebida 
nas discussões salariais, 
desaparece a escolha entre 
desemprego e inflação.
A economia opera à taxa 
“natural” de desemprego e a 
taxa de aumento salarial é 
igual à da inflação.
 
Escola Monetarista
Juntando os pontos A e C 
obtemos a curva de Phillips de 
longo prazo, à taxa de 
desemprego “natural”, onde a 
taxa de aumento salarial é 
exactamente igual à da 
inflação e os salários reais 
são constantes, ou seja, a 
taxa de desemprego “natural” 
representa o equilíbrio no 
mercado de trabalho.
 
Escola Monetarista
* (1. Existindo desemprego 
involuntário, mesmo que “natural”, 
não pode existir excedente de 
procura de trabalho.
2. Existindo, sim, excedente de 
oferta, os salários reais deverão ser 
mais altos que o ponto de equilíbrio 
walrasiano (que salda o mercado).
3. Em ambos os casos (excedente 
de oferta ou de procura), o ponto A 
não corresponde ao equilíbrio no 
mercado de trabalho e toda a 
construção subsequente fica 
comprometida)
 
Escola Monetarista
Na sequência da crítica de Friedman, partindo da 
equação:
w = f (U ) + πe (4.2),
foram feitos numerosos estudos, usando, para o 
longo prazo, a equação:
w = f (U ) + βπe (4.3)
Assumindo um aumento zero de produtividade, w = π 
= πe, de onde se obtém:
π – βπ = f(U)
π = f(U)/(1-β)
 
Escola Monetarista
(i) Sendo β = 0 teremos uma escolha estável, quer 
no curto, quer no longo prazo entre inflação e 
desemprego (curva de Phillips original); 
(ii) Sendo β = 1 não haverá escolha no longo prazo 
como afirmam os monetaristas;
(iii) Se 0 < β < 1 haverá uma escolha de longo prazo 
mas menos favorável que a de curto prazo
 
Escola Monetarista
Não tendo sido inequívocos os resultados dos 
estudos, a discussão manteve-se, com os 
monetaristas a afirmarem que β é igual a 1 e que a 
curva de longo prazo é vertical e o críticos a 
afirmarem que não.
Contudo, o triunfo dos principais pressupostos e 
conclusões clássicas, a nível da teoria em geral, foi 
consolidando as ideias monetaristas sobre a Curva 
de Phillips de Longo Prazo.
 
Escola Monetarista
Friedman, na sua dissertação do Prémio Nobel 
(1977), tentou justificar a compatibilidade entre uma 
curva vertical de longo prazo e sua não verificação 
empírica, dizendo que as taxas de inflação se tinham 
tornado muito voláteis aumentando a incerteza e 
tornando o sistema de preços menos eficiente como 
mecanismo coordenador e de comunicação.
E ainda que o aumento da incerteza pode, também, 
resultar numa redução do investimento e, 
consequentemente, do emprego, (* aproximando-se 
das teses keynesianas)
 
Escola Monetarista
 Porém que, à medida que a taxa de inflação se 
tornava mais volátil, os governos tendiam a intervir, 
prejudicando ainda mais. (*afastando-se, aqui, das 
teses keynesianas).
 
Escola Monetarista
Uma possível política económica seria a redução 
momentânea do desemprego abaixo da taxa 
“natural” como resultado de uma taxa de inflação 
inesperada, retornando à taxa “natural” logo que a 
inflação fosse absorvida.
Deveria, contudo, ter-se em conta que manter uma 
taxa de desemprego permanentemente abaixo da 
taxa “natural” aceleraria a inflação e obrigaria a 
aumentar continuamente a expansão monetária 
conduzindo a uma taxa de inflação acelerada 
(“hipótese aceleracionista”).
 
Escola Monetarista
Os custos no produto e no emprego da redução da 
inflação.
“A inflação é sempre e em toda a parte um 
fenómeno monetário no sentido em que apenas 
pode ser produzida por um aumento mais rápido da 
quantidade de moeda do que de produto”.
Portanto, só pode ser reduzida pela desaceleração 
da taxa de crescimento da massa monetária; mas, 
reduzindo a expansão monetária, aumenta o nível 
de desemprego e o produto decresce.
 
Escola Monetarist a
Partindo de uma economia 
em equlíbrio no ponto A, na 
intersecção das curvas de 
Phillips de curto (SRPC1) e 
longo (LRPC) prazos;
a taxa de inflação é 
totalmente antecipada,
w1 = π = πe;
e o desemprego está na 
taxa “natural”(UN).
 
Escola Monetarist a
Suponhamos, agora, que 
as autoridades 
consideram a taxa de 
inflação demasiado alta 
e iniciam uma política 
monetária 
contraccionista para 
levar a economia para D 
na LRFC. 
 
Escola Monetarist a
Consideremos duas políticas 
alternativas:
1) Reduzir dramaticamente a 
expansão monetária e 
aumentar o desemprego 
para UB de tal forma que o 
os salários e inflação caiam 
para W3; ou seja, um 
movimento inicial ao longo 
de SRPC1, de A para B.
 
Escola Monetarist a
O custo desta opção seria 
um aumento considerável do 
desemprego de UN para UB.
Como a taxa de inflação cai 
para baixo da esperada, as 
expectativas baixam.
SRPC desloca-se para baixo 
e teríamos um novo 
equilíbrio em D - intersecção 
de SRPC3 e LRPC - onde w3 
= π = πe, com o desemprego 
em UN
 
Escola Monetarist a
2) Outra opção seria, 
inicialmente, reduzir mais 
ligeiramente a expansão 
monetária e, aumentar, 
inicialmente, o desemprego 
para, digamos, UC, de tal 
forma que a inflação caísse 
para W2: movimento inicial 
ao longo de SRPC1 de A 
para C.
 
Escola Monetarist a
Como a inflação real cai 
abaixo da esperada - mas 
menos que em (1) - as 
expectativas caem.
A SRPC move-se para baixo 
(SRPC2 associada a W2).
Sucessivas reduções na 
expansão conduziriam à 
inflação desejada (W3).
 A transição para o ponto D, 
na LRPC, levaria, contudo, 
muito mais tempo. 
 
Escola Monetarista
Em resumo, na perspectiva 
monetarista, os custos 
(produto e emprego) 
associados a uma 
contracção monetária 
dependem:
- da rapidez da redução da 
taxa de expansão monetária 
pelas autoridades 
monetárias;
 
Escola Monetarista
- das adaptações 
institucionais – indexação 
dos contratos salariais, por 
exemplo; 
- da velocidade com que os 
agentes ajustam as 
expectativas de redução da 
inflação
 
Escola Monetarista
Alguns monetaristas (porexemplo, Friedman, 1974) 
sugeriram que uma 
qualquer forma de 
indexação ajudaria o 
processo de redução 
gradual da inflação.
 
Escola Monetarista
* Verifica-se, neste exemplo, 
que a indexação apenas 
torna o percurso mais lento, 
mas o resultado final é o 
mesmo: o ponto D na 
intersecção de SRPC3 e 
LRPC
 
Escola Monetarista
Política monetária monetarista:
O papel da política monetária monetarista é 
determinado pela convicção de que a Curva de 
Phillips de longo prazo é vertical.
A prescrição dos monetaristas é a seguinte: 
1. Se as autoridades expandirem a Oferta Monetária 
de forma constante ao longo do tempo, a economia 
tenderá a estabilizar na taxa “natural” de 
desemprego com uma taxa de inflação estável;
 
Escola Monetarista
2. A adopção de uma regra monetária removeria 
a maior fonte de instabilidade da economia, ou 
seja, excepto se perturbadas por expansões 
monetárias erráticas, as economias capitalistas são 
intrinsecamente estáveis à volta da taxa de 
desemprego “natural”; 
3. No estado actual do conhecimento, uma 
política monetária discricionária poderia ter 
efeitos desestabilizadores devido seus longos e 
variáveis prazo de actuação;
 
Escola Monetarista
4. O Governo não deve procurar alcançar uma taxa 
de desemprego alvo porque a taxa “natural” não é 
perfeitamente conhecida e pode variar com o tempo; 
ao procurar atingir uma taxa mais baixa que a 
taxa natural pode apenas provocar inflação.
 
Escola Monetarista
Isto implica que, se os governos desejam reduzir a taxa 
de desemprego devem prosseguir políticas do lado da 
Oferta que melhorem a estrutura e funcionamento dos 
mercados de trabalho e da indústria, em vez de 
políticas de gestão da Procura, como:
(i) incentivos ao trabalho: reduzindo as taxas de 
imposto marginais, os subsídios de desemprego e 
outros benefícios sociais;
(ii) flexibilidade dos salários e práticas laborais 
(reduzindo o poder dos sindicatos);
 
Escola Monetarista
(iii) promoção da mobilidade geográfica e laboral, por 
exemplo, através de programas de formação; 
(iv) promovendo mercados eficientes de bens através, 
por exemplo, da privatização.
 
Escola Monetarista
A taxa “Natural” de desemprego
Friedman (1968a) definiu a taxa “natural” de 
desemprego como: “ o nível que seria dado pelas 
equações de um modelo walrasiano de equilíbrio 
geral, tendo em conta as características estruturais 
dos mercados laborais e de bens, incluindo as 
imperfeições do mercado, variações erráticas da 
Procura e Oferta, o custo de informação sobre vagas 
de trabalho, custos de mobilidade, etc.
 
Escola Monetarista
Rogerson (1997) demonstrou que a taxa “natural” é, na 
verdade, igual a muitas outras definições da taxa de 
desemprego:
“de longo prazo = friccional = média = de equilíbrio = normal = 
de pleno emprego = de estabilidade = mais baixa sustentável 
= eficiente = da tendência de Hodrick–Prescott = natural’.
Estes problemas de definição levaram muitos economistas a 
preferir o conceito de “NAIRU” (Non-Accelerating Inflation Rate 
of Unemployment), termo introduzido, inicialmente, como 
“NIRU” (Non-inflationary Rate of Unemployment) por 
Modigliani e Papademos (1975).
 
Escola Monetarista
Apesar da maioria dos economistas aceitar a 
NAIRU, alguns permanecem cépticos (J. Galbraith, 
1997; Arestis and Sawyer, 1998; Akerlof, 2002).
* Há que dizer que nunca foi demonstrado o que 
determina a NAIRU, não passando, realmente, de 
uma tautologia: a taxa de desemprego sem inflação 
acelerada é a taxa de desemprego que não provoca 
inflação acelerada numa dada economia.
 
Escola Monetarista
O Modelo Monetarista da BP centra-se no mercado 
monetário onde a relação entre a Procura e Oferta 
de moeda é olhada como determinante dos fluxos da 
Balança de Pagamentos.
Pressupostos: a Procura por Moeda é uma função 
estável de um número limitado de variáveis;
No LP o Produto e o Emprego tendem para o 
desemprego “natural”.
 
Escola Monetarista
Procura de Moeda:
Md = Pf (Y , r ) (4.10)
A Procura é igual ao nível de preços multiplicado por 
uma função de Y e r.
Como os argumentos da equação de Procura por 
moeda são exógenos, esta não se ajusta ao 
incremento do crédito.
(* Esta afirmação é extraordinária porque pressupõe 
que o crédito tenha sido concedido sem ter sido 
procurado)
 
Escola Monetarista
Os agentes económicos irão desfazer-se do excesso 
de moeda, comprando títulos e bens importados, 
gerando-se um deficit na BP.
Oferta de Moeda
Ms = D + R (4.11)
A Oferta é igual soma das alterações da moeda interna 
(D = crédito líquido) e das Reservas de Divisas (R)
Em equilíbrio temos: 
Md = D + R (4.12)
R = Md − D (4.13)
 
Escola Monetarista
Sob um regime de taxa fixa, as autoridades 
assumem a venda de divisas por troca de moeda 
nacional para cobrir o saldo da BP, do que resulta 
uma redução das Reservas (R).
A redução das divisas anulará o aumento inicial na 
Oferta de Moeda devida ao aumento do crédito 
doméstico.
A redução de R continuará até que a BP se equilibre 
eliminando o deficit.
 
Escola Monetarista
Olhando para a equação 
Md = D + R (4.12) 
Aumentando a Procura por Moeda, se não existir 
aumento do crédito doméstico (D), o sistema 
retornará ao equilíbrio com um aumento na Oferta 
de Moeda através do excedente na BP, através do 
aumento das Reservas (R).
 
Escola Monetarista
A equação
Ms = D + R (4.11)
revela que a política monetária apenas determina a divisão 
da Oferta Monetária do País entre Crédito e Reservas, não 
a Oferta de Moeda propriamente dita.
Uma expansão monetária interna não terá efeitos nas taxas 
de inflação, de juros ou no aumento do Produto, apenas 
reduzirá as Reservas do País, através do deficit da BP.
Contudo, tratando-se de uma grande economia, influenciará 
a expansão monetária e a taxa de inflação globais
 
Escola Monetarista
Sob um regime de taxa flexível, esta ajustar-se-á 
para saldar o mercado externo e o saldo da BP é 
sempre nulo, não havendo alteração nas Reservas, 
tornando o crédito interno a única fonte de expansão 
monetária.
 
Escola Monetarista
Assumindo uma economia em equilíbrio onde 
aumenta o crédito (aumenta a Oferta de Moeda 
interna), perturbando o equilíbrio no mercado 
externo. 
Olhando para a equação
Md = Pf (Y,r) (4.10)
Vemos que, com um Rendimento fixo em pleno 
emprego e a taxa de juro interna igual à taxa global, 
o excesso de Oferta de Moeda só pode ser 
eliminado por um aumento dos preços internos:
 
Escola Monetarista
1) a diferença entre a Moeda desejada e real 
resultará num aumento da Procura de bens 
estrangeiros e títulos,
2) criando um excedente de Oferta de moeda 
nacional no mercado externo, o que levará à sua 
depreciação,
3) do que resultará um aumento no nível de preços 
interno, 
4) o que levará a um aumento da Procura por 
Moeda,
5) conduzindo ao equilíbrio.
 
Escola Monetarista
A análise pode também ser feita em termos 
dinâmicos: 
Se a taxa de crescimento do Produto doméstico for 
inferior à do resto do mundo a taxa de câmbio 
depreciará; 
Se a taxa de expansão monetária interna for maior 
que a do resto do mundo a taxa de câmbio 
depreciará, isto é, um País com crescimento 
reduzido e uma grande expansão monetária verá a 
sua moeda depreciada.
… e vice-versa.
 
Escola Monetarista
Resumo das convicções monetaristas:
- alterações no stock de moeda são o factor 
predominante nas alterações do Rendimento 
nominal.
- a economia é eminentemente estável, excepto 
quando perturbada por mudanças erráticas no 
crescimento da moeda; 
- porém, quandosujeita a perturbações, retorna 
rapidamente à vizinhança do equilíbrio de LP, à taxa 
natural de desemprego.
 
Escola Monetarista
- não existe escolha entre desemprego e inflação no 
LP, ie, a LRPC é vertical à taxa de desemprego 
natural.
- a inflação e a BP são essencialmente fenómenos 
monetários e as autoridades monetárias devem 
estar sujeitas a regras relativamente aos agregados 
monetários que conduzam à estabilidade de preços 
no LP
- a política fiscal deve ser limitada à redistribuição de 
rendimentos e alocação de recursos.
 
Escola Clássica (anos 1970)
A primeira reacção à escola keynesiana ortodoxa 
(auge nos anos 1950 com: Hicks, Modigliani, 
Patinkin, Phillips, Tobin e Samuelson), mais 
correctamente chamada de Síntese Neo-Clássica, 
por juntar a micro-economia e alguns aspectos das 
teses de equilíbrio clássicas com a possibilidade de 
funcionamento da economia fora do pleno emprego 
e algumas teses de Keynes, foi apresentada por 
Milton Friedman ainda nos anos 1950 mas com auge 
nos anos 1960.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Na década de 1970, um grupo de monetaristas lançou 
uma crítica ainda mais dura à Síntese Neo-Clássica.
Este grupo tem o seu economista mais preponderante 
em Robert Lucas, prémio Nobel de 1995, “... por ter 
desenvolvido e aplicado a hipótese das expectativas 
racionais e, daí, transformado a análise 
macroeconómica e aprofundado o nosso entendimento 
da política económica”.
Outros economistas proeminentes são: Thomas 
Sargent, Robert Barro, Edward Prescott and Neil 
Wallace
 
Escola Clássica (anos 1970)
Embora monetarista em termos de política económica, 
Lucas e Friedman têm raízes teóricas diferentes: 
Lucas é Walrasiano enquanto Friedman é 
Marshaliano.
Este grupo de economistas clássicos, defende um 
forte suporte nos fundamentos micro-económicos no 
quadro de um modelo Walrasiano de equilíbrio geral.
 
Escola Clássica (anos 1970)
As 3 teses fundamentais da Escola Clássica dos 
anos 1970, que desenvolveremos de seguida, são:
1) as expectativas racionais; 
2) o equilíbrio geral;
3) a oferta agregada de Lucas.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Expectativas racionais
Usando as teses walrasianas de equilíbrio geral, a 
moeda deveria ser neutra: contudo, observa-se uma 
correlação positiva entre o PIB e inflação e negativa 
entre desemprego e inflação (curva de Philips).
Portanto, empiricamente, a moeda não parece ser 
neutra. 
Lucas “resolveu” o dilema no artigo “Expectativas e a 
neutralidade da moeda” ( assumindo que, ao 
contrário do pressuposto clássico inicial, os agentes 
têm informação imperfeita.
 
Escola Clássica (anos 1970)
“Como virtualmente todas as decisões económicas 
envolvem acções presentes para obter recompensas 
incertas no futuro, as expectativas do futuro são 
cruciais na tomada de decisões”
Assim, a expectativa do valor futuro de uma variável 
económica toma, em geral, a forma de um 
distribuição de probabilidade e não de um valor 
discreto.
 
Escola Clássica (anos 1970)
As expectativas racionais aparecem como reacção à 
tese de Keynes das expectativas suportadas em 
elementos não económicos (“animal spirits”) e das 
expectativas baseadas no passado dos monetaristas 
(expectativas adaptativas).
Podemos enunciar duas versões da hipótese: 1) 
Versão fraca Muth’s (1961): ao formarem 
expectativas os agentes farão o uso mais eficiente 
de toda a informação publicada.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Segundo Snowdon-Vane, as expectativas de uma variável 
económica V, podem ser expressas como:
 Vte = E( Vt | Ωt-1)
Onde Vt é o valor real da variável ( (*deveria ser V0 porque 
se trata do valor no momento em que é feita a previsão) e o 
operador | significa, “sujeito a” (* e não o habitual sentido 
matemático ou lógico deste operador). 
Deve ler-se: A expectativa do valor da variável V no 
momento t (Vte) é uma função E do valor da variável V no 
momento da previsão, sujeita à informação disponível sobre 
a sua evolução até ao momento t.
 
Escola Clássica (anos 1970)
2) A versão forte – Lucas (1972) – defende que as 
expectativas coincidem com o valor objectivo ou 
matemático da variável.
Note-se que “expectativas racionais” não são o 
mesmo que previsão perfeita: para formar uma 
expectativa sobre uma variável, os agentes têm em 
conta aquilo que acreditam ser o modelo 
macroeconómico “correcto” e a informação incompleta 
disponível.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Os agentes cometerão erros ao prever, contudo 
esses erros não terão correlação com o conjunto 
informação* no momento da expectativa.
(*Esta escola usa, frequentemente, nas suas 
demonstrações, a teoria de conjuntos).
Além disso, os agentes não terão expectativas que 
sejam sistematicamente erradas ao longo do tempo 
porque os agentes perceberiam os seus erros e os 
corrigiriam.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Contudo, a hipótese das expectativas racionais 
defende que, embora existam erros, as expectativas, 
em média, estarão correctas, ou seja, serão iguais 
ao seu valor verdadeiro (ou matemático).
Vte = Vt + εt (5.2)
A expectativa de V no momento t é igual ao valor de 
V no momento t mais o erro aleatório εt, ...
 
Escola Clássica (anos 1970)
… sendo que o erro εt:
(i) terá um valor médio igual a zero;
(ii) será necessariamente aleatório;
(iii) não terá correlação com os erros dos períodos 
anteriores revelando um padrão não discernível (não 
haverá correlação na série temporal);
(iv) terá a menor variância relativamente a qualquer 
outro método de previsão.
 
Escola Clássica (anos 1970)
A vantagem das expectativas racionais sobre as 
expectativas adaptativas de Friedman resulta de que, 
estas, só se tornarão acertadas quando a variável 
estabilizar durante um período considerável de tempo.
Este problema resulta:
(i) da assumpção que os agentes apenas ajustam 
parcialmente as expectativas;
(ii) da incapacidade dos agentes tomarem em 
consideração informação para além dos valores 
históricos da variável, mesmo que cometam erros 
repetitivos.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Criticas: 
1) Tendo em conta o preço da informação, não é 
provável que todos os agentes usem toda a 
informação disponível.
Na versão fraca pode contrapor-se que os agentes 
racionais usarão informação adicional até ao ponto 
em que o benefício marginal (melhoria da previsão) 
iguale o custo marginal.
Neste caso as expectativas seriam menos eficientes 
do que se toda a informação fosse usada.
 
Escola Clássica (anos 1970)
2) Evidentemente que os agentes usarão a 
informação disponível a partir de analistas o que, de 
um lado baixa o seu custo, mas, de outro, coloca o 
problema de saber qual é o analista “correcto”.
Relativamente a esta crítica deve notar-se que, na 
versão forte, o que é importante é que os agentes 
não formem expectativas que sejam 
sistematicamente erradas, o que implica que as 
expectativas pareçam como se tivessem sido 
formadas por agentes que conhecem o modelo 
“correcto”, por serem aleatoriamente distribuídas e 
não serem baseadas em preconceitos.
 
Escola Clássica (anos 1970)
3) Uma terceira crítica advém da escola keynesiana 
actual e baseia-se no pressuposto que cada evento 
histórico é único e não repetitivo, não se aplicando, 
portanto, as regras das probabilidades.
Devemos distinguir entre situações de risco e 
incerteza: nas situações de risco a distribuição 
probabilística é conhecida; nas situações de 
incerteza não é possível formular uma distribuição 
probabilística significativa.
 
Escola Clássica (anos 1970)
(* É verdade que as pessoas tentam ser racionais mas 
não deixam, por isso, de serhumanos. Há e sempre 
haverá, “bull” e “bear” nos mercados de títulos; há e 
sempre haverá conclusões diferentes baseadas na 
mesma informação. As expectativas não podem ter um 
erro aleatório porque “jogamos” com os dados 
“viciados” que são as nossas características pessoais.
Aliás, quando Keynes se refere a “animal spirits”, tem 
em mente este comprovado sentido da diversidade 
humana e não qualquer outro sentido anedótico que 
se lhe queira, maliciosamente, atribuir).
 
Escola Clássica (anos 1970)
* - Alguns acertaram na previsão de uma crise nos 
primeiros anos de 2000, porém, nenhum modelo, 
clássico ou IS-LM, nenhuma expectativa média, 
próxima ou, sequer, longinquamente aproximada, 
conseguiu antecipar a crise de 2008.
No auge que antecedeu a crise, a generalidade dos 
agentes e, muito em especial, os analistas e os 
banqueiros, detentores de informação privilegiada, 
continuaram a prever prosperidade.
 
Escola Clássica (anos 1970)
* A expectativa média era colossalmente diferente 
da realidade: nesta, como em todas as outras crises 
(ou retomas) anteriores.
As expectativas só são “racionais” nos períodos do 
ciclo em que não se dão inversões de tendência, ou 
seja, enquanto a evolução futura correspondeu à 
evolução passada num horizonte temporal limitado.
 
Escola Clássica (anos 1970)
* Parece, pois, que as expectativas adaptativas de 
Friedman correspondem melhor à realidade do que 
as expectativas “racionais” de Lucas, no sentido em 
que o papel da experiência recente é preponderante.
Porém, em qualquer circunstância, em especial nos 
momentos de inversão (crise e retoma), parece 
prevalecer o “sentimento” do mercado, muito mais 
próximo do pensamento keynesiano.)
 
Escola Clássica (anos 1970)
Um estudo do insuspeito do Banco de Inglaterra 
(2003) sobre as expectativas de inflação chegou às 
seguintes conclusões:
1) diferentes pessoas e diferentes grupos revelam 
diferentes atitudes face à inflação;
2) as expectativas dos grupos “profissionais” anda à 
volta da expectativa média;
 
Escola Clássica (anos 1970)
3) os entrevistados mais jovens têm expectativas de 
menor inflação (*influência do passado);
4) os detentores de crédito habitação têm 
expectativas de menor inflação do que os que usam 
casas arrendadas (*influência do que nos afecta);
5) as pessoas do sul têm expectativas de maior 
inflação do que as do norte;
6) a experiência vivida da inflação influencia as 
expectativas sobre a inflação.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Modelos Walrasianos de Equilíbrio Geral
Walras, a quem podemos atribuir a paternidade dos 
modelos clássicos de equilíbrio, toma como modelo 
ideal os trabalhos sobre estática de Poinsot (1803, 
1842), que descrevem o movimento de um corpo 
rígido que não sofre acção de quaisquer forças 
externas.
O modelo económico, seguindo o exemplo do corpo 
rígido da física, deve estar em equilíbrio interno e 
isolado das forças externas, consideradas, apenas, 
como dados de partida.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Modelos Walrasianos de Equilíbrio Geral
Diversos desenvolvimentos sobre o modelo de 
Walras foram feitos pelos seus seguidores, sendo 
hoje, reconhecido, de forma geral, que existem dois 
tipos de modelos walrasianos desenvolvidos a partir 
dos modelos de Arrow-Debreu (1954) e Mckenzie 
(1954). Destes, predominam, na teoria económica, 
os modelos do tipo Arrow-Debreu.
A descrição que se segue corresponde a um resumo 
da tradução livre do texto contido no artigo de 
Debreu, “Existence of General Equilibrium”, inserido 
na colectânea “General Equilibrium”.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Resumidamente, esta é a descrição de um modelo 
do tipo Arrow-Debreu.
Um modelo de Arrow-Debreu (1954) obedece, ao 
seguinte protótipo:
Um número finito de consumidores (m) e n 
produtores, produzem, trocam e consomem l bens 
(commodities).
 
Escola Clássica (anos 1970)
O consumo de cada agente é um vector xi em Rl 
cujos componentes positivos são os seus imputs dos 
bens l e os componentes negativos os seus outputs.
A produção de cada produtor é um vector yj em Rl 
cujos componentes positivos são os seus outputs 
dos bens l e os componentes negativos os seus 
intputs.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Cada consumidor tem as seguintes características:
1) Xi, que representa o conjunto das suas 
possibilidades de consumo, é um sub-conjunto não 
vazio de Rl;
2) existe uma relação de preferência entre x e x', tal 
que x' é pelo menos tão preferido quanto x {(x,x') ε Xi 
x Xl | x ≤ x'l} (à falta de símbolo correcto, ≤ 
representa a preferência);
3) o vector ei, em Rl descreve a sua alocação inicial 
de bens.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Para cada produtor, o conjunto Yj, que representa as 
suas possibilidades de produção, é um sub-conjunto 
não vazio de Rl.
O número θij ≥ 0, tal que Σiθij = 1 para cada 
produtor j, representa a fracção do lucro de j que é 
distribuída ao consumidor i.
Dado um vector preço p em Rl, diferente de 0, cada 
produtor j escolhe uma produção yj, em Yj, que 
maximiza o seu lucro, ou seja, dado p, p.yj ≥ p.y 
para todos os yj,y pertencentes a Yj.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Portanto, cada consumidor recebe, para além do 
valor da sua alocação inicial, a soma da sua parte 
nos lucros de todos os produtores.
Consequentemente, o valor do seu consumo fica 
sujeito à restrição p.x ≤ p.ei + Σj θij p.yj.
Sob esta restrição, cada consumidor escolhe o 
melhor consumo x, em X, de acordo com a suas 
preferências.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Nas condições enunciadas uma economia está em 
equilíbrio quando:
Σi xi - Σj yj - Σi ei = 0.
Resta apenas definir o conjunto de acções que 
definem p.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Para isso basta introduzir um agente de fixação de 
preços fictício cujo conjunto de acções é definido 
como P e cuja função utilidade consiste em 
maximizar a função p → p.z em P. Seja z a função 
que representa a procura excessiva;
z = Σi xi - Σj yj - Σi ei.
Maximizar a função p.z leva ao extremo a ideia que 
o agente de fixação de preços deve escolher preços 
altos para os bens com procura excessiva e preços 
baixos para os que têm oferta excessiva.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Outra forma de demonstrar este 
saldar dos mercados pode ser 
ilustrada no gráfico
Argumenta-se frequentemente 
(embora não em Snowdon-Vane) 
que a área P*EC representa os 
consumidores que aceitariam 
adquirir quantidades acima do 
preço de equilíbrio, 
representando, por isso, o 
benefício dos consumidores;
 
Escola Clássica (anos 1970)
 Em contrapartida, a área P*EB 
representaria o benefício dos 
produtores por corresponder às 
quantidades que poderiam ser 
oferecias a preço inferior ao de 
equilíbrio (P*).
 
Escola Clássica (anos 1970)
Se o preço fosse P1 (e não P*) as 
quantidades transaccionadas 
seriam Q1 e a área FEI 
representaria o prejuízo social, já 
que existiriam consumidores 
desejando adquirir quantidades 
entre Q1 e Q*, aos preço P* e 
produtores desejando vender as 
mesmas quantidades ao mesmo 
preço que não poderiam 
satisfazer o seu desejo mútuo.
 
Escola Clássica (anos 1970)
 * (Pretende-se em Snowdon-Vane 
que o prejuízo social para P2 seja 
GEH o que não está correcto:
1) As quantidades transaccionadas 
são sempre os menores volumes 
que consumidores e produtores 
estão dispostos a aceitar, porque, 
para as quantidades adicionais, as 
transacções não se concretizam: 
logo, não existem quantidades 
transaccionadas à direita de E.
 
Escola Clássica (anos 1970)
 * Isto implica que as quantidades 
transaccionadas a P2 sejam 
também representadas à direita 
de E.
Nesta caso, porqueP1 e P2 
foram, arbitrariamente, 
escolhidos como simétricos 
relativamente à linha P*E, as 
quantidades transaccionadas a 
P2, são igualmente Q1.
 
Escola Clássica (anos 1970)
* Na verdade, as quantidades 
máximas oferecidas a P2 são Q1 
e, por muito que se procurem as 
quantidades Q2, as transacções 
só se concretizam até à oferta 
máxima que é Q1.
 Portanto, o prejuízo social é, de 
acordo com o modelo, FEI e não 
GEH.
 
Escola Clássica (anos 1970)
 * De qualquer forma, o ponto E 
não se realiza, não 
correspondendo à representação 
da realidade económica
Na verdade, as transacções 
iniciam-se sem que o preço 
esteja fixado (não existe, em 
qualquer mercado, um leiloeiro 
de Walras ou Fixador Fictício de 
Preços de Arrow-Debreu).
 
Escola Clássica (anos 1970)
* Logo, existiriam transacções a 
P1, a P2 e a muitos outros P, 
antes que P pudesse, 
eventualmente, convergir para 
P*.
Só que, a existência dessas 
transacções “falsas”, implica, 
por si só, o escoamento de 
quantidades a preço diferente 
de PE.
 
Escola Clássica (anos 1970)
* Consequentemente, as 
quantidades sobrantes, serão 
diferentes das quantidades 
totais oferecidas e procuradas 
e o novo equilíbrio também 
não será PE, pelo que, o preço 
de equilíbrio só se verifica por 
mera coincidência. 
 
Escola Clássica (anos 1970)
* Isto implica que os mercados, 
independentemente de quaisquer 
influencias exteriores, operando 
em concorrência perfeita, 
apresentem uma ineficiência 
social inerente.
Os modelos devem mostrar essa 
ineficiência e não escondê-la sob 
uma pretensa perfeição que não 
corresponde à realidade 
representada).
 
Escola Clássica (anos 1970)
A teoria da oferta agregada de Lucas
Se houvesse informação completa apenas os 
aumentos relativos de preços conduziriam a aumentos 
da produção dos bens correspondentes. 
Porém, se os agentes viverem numa economia com 
preços estáveis, interpretarão um aumento no preço de 
um bem que produzam, como um aumento relativo e 
produzirão mais, em conformidade.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Sendo monetarista, Lucas considera que um aumento 
do nível geral de preços é causado por um aumento, 
anterior, da oferta de moeda.
Este aumento nominal não deveria ter consequências 
nas variáveis reais, nomeadamente PIB e emprego, 
devido à neutralidade da moeda.
Porém, os agentes têm o que Lucas refere como um 
“problema de percepção do sinal” (“signal extraction 
problem”).
 
Escola Clássica (anos 1970)
Suponhamos uma economia em equilíbrio com o 
emprego na sua taxa natural.
Um aumento, não antecipado, de moeda levará a um 
aumento geral dos preços e, portanto, ao aumento do 
preço de cada produto, individualmente.
Supondo que as empresas apenas têm informação 
relativamente aos mercados em que operam, 
interpretarão o aumento de preços como se se tratasse 
de um aumento relativo dos preços dos seus produtos 
e aumentarão a sua produção e emprego.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Se todos os agentes cometerem o mesmo erro, 
teremos um aumento do produto agregado, 
correlacionado com um aumento do geral dos preços.
Teremos, portanto, uma correlação moeda-produto e 
inflação-produto, ou seja, não haverá neutralidade da 
moeda.
Contudo, ao aperceberem-se do erro, reduzirão a sua 
produção, retornando ao nível de equilíbrio à taxa 
natural, mantendo-se, no longo prazo, a neutralidade 
da moeda e desfazendo-se a correlação inflação- 
produto.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Em contraste com o modelo de Friedman, onde apenas 
os trabalhadores são enganados pelo aumento 
nominal, no modelo de Lucas não há assimetria de 
informação entre trabalhadores e firmas e ambos 
tenderão a cometer os mesmos erros de expectativa, 
interpretando mal o aumento de preços e respondendo 
com um aumento da oferta de bens e trabalho.
Como resultado, produto e emprego ficarão, 
temporariamente, acima dos seus níveis “naturais”. 
Contudo, em ambos os modelos, quando os agentes 
percebem que não há alteração nos preços relativos, o 
produto e emprego retornarão aos seus níveis naturais.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Na teoria de Lucas, MEBCT (monetary equilibrium 
business cycle theory) a oferta num dado momento (Yt) 
tem tanto uma componente permanente (YNt) e uma 
componente cíclica (Yct):
Yt = YNt + Yct (5.9)
O componente permanente do PIB reflecte o 
crescimento de fundo da economia, seguindo uma linha 
de tendência.
 
Escola Clássica (anos 1970)
A componente cíclica depende de alterações de preço 
não antecipadas e do desvio anterior do produto 
relativamente ao equilíbrio:
Yct = α[Pt − E( Pt | Ω t −1 )] + β(Yt−1 − YNt −1) (5.11)
O termo α[Pt − E( Pt | Ω t −1 )] mostra que os desvios da 
tendência serão transitórios e dependentes dos 
mecanismos de propagação (α), por exemplo, tendo 
em conta os custos de recrutamento e formação as 
empresas poderão ajustar os níveis de emprego 
gradualmente, etc.
 O coeficiente β > 0 determina a velocidade com que o 
Produto regressa ao equilíbrio depois de um choque.
 
Escola Clássica (anos 1970)
A combinação das expectativas racionais com a função 
de oferta de Lucas implica que o emprego e o produto 
flutuarão à volta dos seus níveis “naturais” de equilíbrio.
Combinando (5.9), (5.10) e (5.11) obtemos a equação 
da Oferta Agregada de Lucas:
Yt = (λ + φt)+α[ Pt−E( Pt | Ωt −1)]+β(Yt −1−YN(t −1))+εt (5.12)
Onde εt é o erro aleatório.
 
Escola Clássica (anos 1970)
Apesar das acções dos agentes serem “não-óptimas”, 
eles representam as expectativas racionais, onde os 
agentes tomam as melhores decisões considerando a 
informação imperfeita e incompleta de que dispõem. 
Como o choque depende do desvio em relação às 
expectativas, o impacto será maior nos países 
habituados a estabilidade de preços; nos países com 
elevados níveis de inflação, as alterações de preços 
serão percebidas como aumentos gerais e não como 
aumentos relativos.
 
Escola Clássica (anos 1970)
A MEBCT implica que uma política monetária não 
discricionária e sujeita a regras, eliminaria uma grande 
parte da origem da instabilidade.
Isto levou Lucas a afirmar, em 2003, que o problema 
central da prevenção das recessões tinha sido 
resolvido para muitas décadas futuras: “central problem 
of depression-prevention has been solved, for all 
practical purposes, and has in fact been solved for 
many decades.”
* (Não décadas mas apenas 5 anos depois, dá-se a 
Grande Crise de 2008!)
 
Escola Clássica (anos 1970)
A convicção generalizada, até aos anos 1970, era a de 
que a componente da tendência de longo prazo era 
suave com flutuações de curto-prazo determinadas 
pela Procura (Keynesianos) ou pela oferta 
(Monetaristas e Lucas).
Todos os modelos interpretavam o desvio 
relativamente à tendência como temporário, implicando 
que as recessões não tivessem efeitos de longo prazo, 
com os keynesianos advogando a intervenção das 
autoridades para reduzir a sua severidade e duração e 
os clássicos confiando nas forças de mercado e no 
estabelecimento de regras de política monetária.
 
Escola Clássica (anos 1980)
Em 1982, Nelson e Plosser publicaram um artigo 
rejeitando esta visão convencional.
O seu estudo de séries de dados macroeconómicos 
levaram-nos à conclusão que “os modelos 
macroeconómicos que se focam em perturbações 
monetárias como fonte de flutuações puramente 
transitórias poderão nunca explicar com sucesso uma 
larga parte das variações do produto e que variações 
stocásticas devidas a factores reais são um elemento 
essencial em qualquer modelo de flutuações 
macroeconómicas”.
 
Escola Clássica (anos1980)
Ora, se factores reais explicam as flutuações então os 
efeitos devem ser permanentes.
Por analogia com a MEBCT (Monetary Equilibrium 
Business Cycle Theory) de Lucas estas concepções 
ficaram conhecidas como REBCT (Real Equilibrium 
Business Cycle Theory).
Podemos descrever matematicamente a concepção de 
que as flutuações cíclicas são reversíveis através da 
seguinte equação genérica:
 
Escola Clássica (anos 1980)
Yt = gtYn(t-1) + bYt −1 + zt | 0<b<1 (6.1)
(* Alterei a equação de Snowdon-Vane porque não se 
justifica uma componente g, dada apenas por um 
parâmetro constante)
Onde gt representa a taxa “natural” de crescimento do 
Produto de Equilíbrio, b a relação com o PIB real do 
período anterior e z os choques aleatórios, cuja média 
é zero.
Um choque aleatório influenciará o PIB do período e 
será transmitido ao PIB seguinte através de bYt −1.
 
Escola Clássica (anos 1980)
Como 0<b<1, o efeito desaparece com o tempo e o 
PIB, na ausência de novos choques, retorna ao 
crescimento tendencial (gt).
(*Note-se ainda que, sendo a média de z igual a zero, 
novos choques tenderão a fazer retornar o PIB mais 
rapidamente ao valor tendencial).
Em contraste, a visão de Nelson e Plosser pode ser 
apresentada através da seguinte forma modificada de 
(6.1):
 
Escola Clássica (anos 1980)
Yt = gtYn(t-1) + bYt −1 + zt | g = 0 e b = 1(6.2)
(* Voltei a alterar a equação para fazer sentido)
Sendo g = 0 a componente de longo prazo desaparece.
Sendo b=1 qualquer choque será transmitido 
totalmente para o período seguinte.
O produto fica assim totalmente dependente dos 
choques aleatórios z, cuja média é indefinida.
A linha de tendência deixa de ser uma curva suave 
para reflectir os impactos dos choques.
 
Escola Clássica (anos 1980)
O valor unitário de b só pode ser explicado se os 
choques aleatórios alterarem a função de produção.
O que pode parecer uma flutuação à volta da tendência 
não é senão a tendência construída com resultado de 
múltiplos choques aleatórios.
Portanto, Nelson and Plosser sugerem que as forças 
que determinam a tendência são exactamente as 
mesmas que determinam as flutuações.
 
Escola Clássica (anos 1980)
Como as alterações do PIB não podem resultar de 
choques nas variáveis nominais, devido à neutralidade 
da moeda, que é mantida, as forças que causam os 
ciclos devem procurar-se no lado real da economia.
Esta visão de alguma forma maniqueísta (bom ou mau, 
real ou nominal, oferta ou procura) foi ultrapassada e 
aceita-se, hoje, que a instabilidade cíclica pode resultar 
de choques na Procura ou Oferta agregadas ou ambas 
e que as variáveis nominais podem ter alguma 
influência na instabilidade, (*embora, na minha 
perspectiva, esta visão mais “plural” não seja de forma 
alguma clara nos modelos REBCT actuais).
 
Escola Clássica (anos 1980)
No lado da oferta podemos descrever diversos choques 
que resultarão em alterações da produtividade: 
1. Alterações ambientais, como, por exemplo, 
alterações do clima, desastres naturais, etc
2. Alterações significativas do preço da energia (*ou 
qualquer outro preço de um bem com impacto global - 
“imputs fundamentais” de Louça)
3. Instabilidade político-social: guerras, tumultos, 
greves generalizadas, etc.
 
Escola Clássica (anos 1980)
4. Regulação administrativa da economia que 
favoreça actividades do tipo rentista em detrimento 
do talento empresarial: quotas de importação, 
(*quotas de produção, acesso administrativo a divisas, 
autorizações discricionárias), etc.
5. Alterações da produtividade gerados por alterações 
no capital e no trabalho (* organização e tecnologia) e 
novos produtos (* implica considerar um produto em 
todas as componentes associadas ao marketing com 
excepção do preço: características físicas, 
funcionalidade, embalagem, serviço associado, 
instalações associadas, etc).
 
Escola Clássica (anos 1980)
(* Até aqui, a economia clássica, de Nelson e Plosser, 
tinha caminhado bem, tomando como base a 
observação e mantendo estreita relação com a 
realidade).
Porém, nesse mesmo ano, Lucas lança o desafio a 
dois economistas teóricos, Kydland e Prescott (1982) 
para que desenvolvam uma economia fictícia capaz de 
imitar as principais características das economias reais.
(* Os factos são substituídos por preconceitos e a falta 
de correspondência com a realidade substituída pela 
pretensa exactidão do formalismo matemático). 
 
Escola Clássica (anos 1980)
 
A economia artificial consiste em agentes optimizados 
que actuam sem fricções num mundo de concorrência 
perfeita (*modelo walrasiano do tipo Arrow-Debreu) 
sujeito a choques repetitivos na produtividade (* 
Nelson-Plosser) com as seguintes características:
1. Agentes representativos optimizados que procuram 
maximizar a sua utilidade (famílias*) ou lucro 
(produtores) sujeitos às restrições dos seus recursos 
(ei + ∑j θijYj) - (* Walras)
(*famílias no sentido de “household” - economia 
doméstica)
 
Escola Clássica (anos 1980)
2. A flexibilidade de preços assegura o saldar contínuo 
dos mercados de tal forma que a economia se encontra 
num estado permanente de equilíbrio geral (* Walras)
3. Não existem fricções ou custos de transacção (* 
Walras)
4. A política monetária é irrelevante não tendo 
influência nas variáveis reais, ie, a moeda é neutra 
(*Walras)
 
Escola Clássica (anos 1980)
5. os agentes criam expectativas racionais e não 
existem assimetrias de informação – todos têm 
informação semelhante. Apesar dos preços esperados 
serem, tendencialmente, iguais aos reais os agentes 
podem ter problemas de captação dos sinais e têm que 
decidir se um choque, em particular, é temporário ou 
permanente. (*Lucas)
6. As Flutuações no PIB e emprego são determinadas 
por alterações tecnológicas (*Nelson-Plosser)
 
Escola Clássica (anos 1980)
7. Choques exégenos que afectam a tecnologia actuam 
como um mecanismo de impulso, sendo transmitidos à 
economia através de mecanismos de propagação: 
consumo e tempo de trabalho intertemporal, prazos de 
investimento, etc (*Lucas-Prescott)
8. As flutuações do emprego reflectem alterações 
voluntárias do número de horas de trabalho. Trabalho e 
lazer são perfeitamente substituíveis no tempo (*Lucas-
Prescott)
 
Escola Clássica (anos 1980)
Neste modelo desaparece a distinção entre curto e 
longo prazo na análise das flutuações económicas e 
tendência.
Pelas características acima pode ver-se que as 
principais alterações relativamente ao MEBCT são: 
(i) no impulso dominante, com os choques na 
tecnologia a substituirem os choques monetários;
 
Escola Clássica (anos 1980)
(ii) o abandono do ênfase dado à informação imperfeita 
no que diz respeito à inflação que desempenhou um 
papel relevante em Lucas;
(iii) o fim da dicotomia em entre curto e longo prazos 
integrando crescimento e ciclos.
 
Escola Clássica (anos 1980)
A função de produção clássica é válida:
Yt = At F( Kt , Lt ) (6.3)
A evolução do parâmetro tecnologia At, é aleatória e 
toma a forma seguinte:
At+1 = ρAt + εt +1 | 0 < ρ < 1 (6.4)
Onde ρ é próximo de 1 e ε é a perturbação tecnológica 
aleatória
O nível de tecnologia de um dado período depende do 
nível tecnológico do período anterior e de perturbações 
aleatórias
 
Escola Clássica (anos 1980)
 O comportamento do consumidor é dado por:
Ut = f(Ct,Let), | f ′(Ct )>0 e f ′( Let) > 0 (6.5)
Onde Ct representa o consumo e Let as horas de lazer.
O objectivo do agente consiste em maximizar a soma 
das suas utilidades, presentes e futuras, actualizadas, 
num horizonte infinito
 
Escola Clássica (anos 1980)
A função a maximizar é dada por:

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