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J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0
Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS 
MACROECONOMIA – CURSO REGULAR 
PROFESSOR HEBER CARVALHO 
Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 1 de 114 
 
AULA 07 
 
Olá caros(as) amigos(as), 
 
 Hoje, nós veremos o modelo de demanda e oferta agregadas 
(DA-OA). Este modelo é mais abrangente que o modelo IS-LM, visto na 
aula passada, e relaciona a renda e o nível de preços da economia. Por 
tratar dos preços, o estudo desse modelo também nos possibilitará 
estudar o fenômeno da inflação, seus problemas e consequências. 
Também analisaremos a curva de Phillips, que é nada mais que uma 
extensão do modelo de oferta e demanda agregada. Por último, 
aproveitando a oportunidade que estudaremos a inflação, também 
abordaremos a fase recente da economia brasileira, em que um dos 
destaques foi a política econômica voltada para o combate à inflação. 
 
 E aí, todos prontos?! Então, aos estudos! 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
No modelo IS-LM, nós não consideramos o nível de preços em 
nosso estudo. A partir de agora, nós introduziremos os preços na análise 
da determinação da renda da economia e isso nos levará ao estudo do 
modelo de demanda e oferta agregada da economia. Ao mesmo tempo, 
estaremos estudando a inflação (aumento de preços). 
 
A lógica do modelo DA-OA se assemelha bastante àquela do modelo 
IS-LM. Ou seja, temos duas curvas, e a interação entre elas nos dá o 
nível de renda da economia. A diferença é que, neste caso, trabalharemos 
com o nível de preços (P) no lugar das taxas de juros. 
 
Nosso roteiro será bastante parecido com aquele visto na análise 
IS-LM. Estudaremos primeiro cada curva separadamente e, depois, 
faremos a integração, tecendo conclusões acerca das políticas fiscal e 
monetária e sua relação com a inflação e a renda da economia. 
Comecemos pela curva de demanda agregada: 
 
 
1. A CURVA DE DEMANDA AGREGADA 
 
A curva de demanda agregada (DA1) mostra, para qualquer nível de 
preços, P, a quantidade total de bens e serviços, Y, demandada por 
famílias (C), governo (G), empresas (I) e resto do mundo (X – M). A 
curva DA é inclinada para baixo, negativamente (figura 01), indicando 
 
1 Lembre-se de que DA = C + I + G + X – M. 
 
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Preço 
(P) 
Curva de demanda 
agregada é inclinada 
negativamente. 
P1 A 
Figura 1 
B 
P2 
Y1 Y Y2 
DA 
que quando o nível geral de preços é mais alto, os agentes demandam 
menos bens e serviços. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observe que a redução de preços (de P1 para P2) fez aumentar a 
demanda agregada (=renda=Y) da economia (de Y1 para Y2), indicando 
uma relação inversa entre Y e P. Essa relação inversa faz com que a curva 
DA tenha inclinação descendente. 
 
A princípio, parece bastante intuitiva a explicação de por que a 
curva DA é negativamente inclinada: quando os preços estão mais altos, 
as pessoas se dispõem a comprar menos bens. No entanto, neste caso, a 
explicação intuitiva não é correta. 
 
O problema com a explicação intuitiva é que, embora um aumento 
no nível geral de preços reflita um aumento nos preços da maioria dos 
bens, ele também implica um aumento na renda das pessoas que 
produzem e vendem esses bens. Assim, não é correto dizer que um nível 
de preços mais elevado reduz a quantidade de bens e serviços que as 
pessoas podem comprar, porque suas rendas, assim como os preços, 
aumentaram. 
 
A curva de demanda agregada (DA) representa a demanda 
agregada da economia sob os dois pontos de vista estudados no modelo 
IS-LM: lado real e lado monetário da economia. Por isso, nós dizemos que 
a curva DA é derivada do modelo IS-LM. Lembremos que, para um dado 
nível de preços2, a quantidade de produto que os agentes decidem 
demandar é onde a curva IS e a curva LM se cruzam. 
 
Vejamos como nós podemos deduzir a curva de DA a partir do 
modelo IS-LM. Suponha que a oferta de moeda seja M e que o nível de 
 
2 No modelo IS-LM, consideramos o nível de preços como um dado determinado, constante, 
fixo. 
 
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Preço 
(P) 
P2 B 
A 
P1 
Y2 Y Y1 
Juros 
(i) 
i2 
A 
Figura 2 
B 
i1 
Y2 Y Y1 
IS 
LM2 
LM1 
DA 
a) 
b) 
preços seja P1. Logo, a oferta real de moeda
3 é M/P1 e a curva LM inicial é 
LM1, na figura 02a. A curva IS cruza a curva LM1 no ponto A, onde a 
renda da economia será Y1. Desse modo, concluímos que, quando o nível 
de preços é P1, a quantidade agregada de produto (=renda da economia) 
é Y1. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agora suponha que o nível de preços aumente para P2. Com uma 
oferta nominal de moeda de M, esse aumento no nível de preços reduz a 
oferta real de moeda de M/P1 para M/P2. Essa redução na oferta real de 
moeda desloca a curva LM para cima e para esquerda, para LM2. As 
curvas IS e LM2 se interceptam no ponto B, onde a renda da economia é 
Y2. Assim, o aumento de preços de P1 para P2 reduz a renda da economia 
de Y1 para Y2 (gráfico 2b). 
 
 
3 A oferta monetária da economia é dada por M. Se descontarmos o valor do índice de 
preços, obtemos a oferta monetária real da economia, que será M/P. Quando há aumento 
de preços, M/P é reduzida, reduzindo a oferta monetária real da economia. 
 
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Essa relação negativa entre o nível de preços e a renda da 
economia tem como consequência a inclinação descendente da curva de 
demanda agregada, sendo que esta é derivada diretamente do modelo 
IS-LM. 
 
Colocando um pouco de lado os gráficos, podemos raciocinar que o 
aumento de preços reduz a renda da economia em razão da sua influência 
sobre o lado real e sobre o lado monetário da economia. Vejamos quais 
são essas influências. Para isso, suponha um aumento de preços (P): 
 
 Lado monetário da economia: reduz a oferta monetária real (M/P)  
aumentando a taxa de juros  reduzindo os investimentos  
reduzindo a demanda agregada/renda (Y). 
 
 Lado real da economia: reduz as exportações e aumenta as 
importações4  reduzindo o saldo de (X – M)  reduzindo a renda 
(Y). 
 
Veja que o aumento de preços, tanto pela análise do lado real, 
quanto pela análise do lado monetário, reduz a demanda 
agregada/renda da economia, demonstrando que, realmente, a curva 
DA deve ser negativamente inclinada. 
 
 
 
1.1. Deslocando a curva de demanda agregada 
 
Como a curva de demanda agregada é determinada a partir do 
modelo IS-LM, nós temos que os mesmos fatores que fazem deslocar as 
curvas IS e LM farão também deslocar a curva de demanda agregada. 
Assim, políticas fiscais e/ou monetárias expansivas farão a curva de 
demanda agregada ser deslocada para a direita. Políticas fiscais e/ou 
monetárias restritivas farão deslocar a curva para a esquerda. 
 
Apenas para recapitular, seguem os fatores que deslocam as curvas 
IS e LM: 
 
 
 
 
 
 
4 Se há aumento de preços, os produtos internos ficarão menos competitivos no exterior e 
as vendascom exportação serão reduzidas. Por outro lado, o aumento dos preços internos 
aumenta a demanda de produtos importados, pois os produtos internos estão 
relativamente mais caros devido ao aumento de preços. 
 
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Fatores que deslocam a curva IS para a direita e, portanto, deslocam a 
curva DA também para a direita, no sentido de aumento da renda: 
 Aumento do consumo autônomo; 
 Aumento dos gastos do governo; 
 Aumento dos investimentos autônomos; 
 Redução de impostos; 
 Aumento das transferências; 
 Aumento das exportações líquidas. 
Fatores que deslocam a curva LM para a direita e, portanto, deslocam a 
curva DA também para a direita, no sentido de aumento da renda: 
 Aumento da oferta de moeda 
 Redução da demanda por moeda 
 
Julgo importante fazer duas observações. 
 
Primeiro, e bastante óbvio, alterações em sentido contrário às que 
foram colocadas deslocam a curva DA para a esquerda (e para baixo). 
 
Segundo, é importante estar atento para outros fatores que não 
estão no quadro, mas que podem alterar as variáveis expostas no quadro 
e, assim, deslocar a curva DA. Por exemplo, se o examinador da prova 
nos disser que as expectativas positivas (confiança do consumidor ou dos 
empresários) em relação ao futuro da economia deslocam a curva de DA, 
certamente, você deve assinalar tal afirmação como sendo correta. Isto 
porque expectativas positivas aumentam o consumo (C) e o investimento 
(I), deslocando a curva IS e a curva DA para a direita, no sentido de 
aumento da renda. 
 
Outro exemplo: suponha que o examinador nos afirme que o fato 
de os agentes esperarem um aumento na inflação futura desloca a curva 
DA para a direita. O aumento da inflação futura faz os agentes reduzirem 
a demanda por moeda5, deslocando a curva LM para a direita. Por 
conseguinte, a curva DA também será deslocada para a direita. 
 
Estes são apenas dois exemplos que mostram que você deve estar 
pronto para raciocinar, em vez de simplesmente decorar alguns fatores 
que deslocam a curva de DA. Dependendo da prova e da banca, a 
imaginação do examinador pode lhe pegar de surpresa, ainda mais se 
você optar por ser um simples “memorizador” de assuntos. 
 
5 Se a inflação aumenta, a moeda perde a sua capacidade de ser “reserva de valor”, uma vez 
que o ativo se desvaloriza mais rapidamente com o tempo. Desta forma, os agentes 
preferirão guardar sua riqueza de outras formas que não signifiquem a simples retenção de 
moeda. Ou seja, haverá redução da demanda por moeda. Conforme nós vimos na aula 
passada, a redução da demanda por moeda é um dos fatores que desloca a curva LM. 
Havendo deslocamento da curva LM, há também deslocamento da curva DA. 
 
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1.2. Inclinação da curva de demanda agregada 
 
Não há muito que falar sobre a inclinação da curva de DA. Em 90% 
dos casos, ela será inclinada negativamente. Apenas fique atento quando 
o examinador apresenta casos extremos. Por exemplo, se o examinador 
afirma que a demanda agregada é infinitamente elástica aos preços, você 
deve adotar a premissa que a curva DA será horizontal (ângulo de 90º em 
relação ao eixo dos preços). Por outro lado, se o examinador afirma que a 
demanda agregada é perfeitamente inelástica aos preços, a curva DA será 
vertical. Para entender o porquê, relembre a análise realizada no item 
1.1.2, páginas 07 e 08, da aula 06. 
 
 
2. CURVA DE OFERTA AGREGADA 
 
Define-se oferta agregada (OA) como sendo o valor total da 
produção de bens e serviços de uma economia. Doutrinariamente, 
dividimos a análise da curva de oferta agregada considerando-a sob duas 
óticas: curto e longo prazo. 
 
Em macroeconomia, a diferença fundamental entre o curto e o 
longo prazo é o comportamento dos preços. No curto prazo, muitos (não 
necessariamente todos) preços são fixos em algum nível predeterminado, 
e não mudam independente das condições e dos estímulos ou 
desestímulos das variáveis macroeconômicas. No longo prazo, os preços 
são flexíveis e reagem a mudanças na conjuntura econômica. Assim, 
fundamentalmente, temos: 
 
Curto prazo  preços fixos 
Longo prazo  preços variáveis 
 
Vale ressaltar que quando falamos em “preços”, estamos nos 
referindo a todos os preços da economia, de forma geral. Estes preços 
referem-se aos preços de todos os produtos, incluindo também o preço da 
mão-de-obra, que é o salário. 
 
A curva de oferta agregada variará de acordo com o prazo que está 
sendo considerado. Iniciaremos nossa análise com o longo prazo. 
 
 
2.1. Oferta agregada de longo prazo 
 
Na aula 04, página 07, nós vimos as principais diferenças entre a 
teoria keynesiana e a teoria clássica. Foi demonstrado que a teoria 
 
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Preço 
(P) 
Curva de oferta agregada 
de longo prazo é vertical, 
ao nível de pleno emprego. 
P1 
Figura 3 
OALP 
P2 
Y YPE 
clássica se aplica ao longo prazo e que ela pressupõe também: preços 
variáveis e economia no pleno emprego. 
 
Se atentarmos para o fato de que, no longo prazo, a economia 
permanece no produto de pleno emprego, a curva de oferta agregada 
será uma reta vertical, exatamente ao nível de pleno emprego. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observe que a curva de oferta agregada de longo prazo é 
condizente com a teoria clássica, onde o equilíbrio ocorre na produção de 
pleno emprego. Ao mesmo tempo, observe que, no longo prazo, uma 
alteração no nível de preços não afeta a quantidade ofertada de bens e 
serviços. 
 
Nós também podemos dizer que a curva de oferta agregada de 
longo prazo corresponde à situação em que a OA é perfeitamente 
inelástica (totalmente insensível) aos preços, já que alterações de preços 
não mudam a OA. 
 
Como já dissemos, a curva de oferta se posiciona exatamente ao 
nível de pleno emprego, mas o que isso significa? O pleno emprego 
corresponde à situação em que os fatores de produção (mão-de-obra, 
capital, recursos naturais) são plenamente utilizados. 
 
Assim, a possibilidade de haver deslocamentos da curva de 
oferta agregada de longo prazo se resume a alterações na quantidade 
de fatores de produção. Imagine que haja um movimento imigratório 
(aumento do fator de produção mão-de-obra), ou a descoberta de novas 
jazidas de recursos minerais, ou o desenvolvimento de novas tecnologias 
que aumentem a produtividade do capital (aumento do fator de produção 
capital). O que essas mudanças fazem com o posicionamento da curva de 
oferta agregada? 
 
 
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Em todos os casos, há aumento de fatores de produção, de tal 
forma que a curva de OALP será deslocada para a direita. 
 
Suponha agora que haja um desastre natural que destrua uma 
parte do estoque de capital da economia, ou um forte movimento 
emigratório (=redução de mão-de-obra), ou a aprovação pelo congresso 
de novas regras de segurança de trabalho ou ambientais que tornassem o 
trabalho menos produtivoou mais dificultoso. O que essas mudanças 
fazem com o posicionamento da curva de oferta agregada? 
 
Nestes casos, há redução de fatores de produção, de tal forma que 
a curva de OALP será deslocada para a esquerda, indicando que o produto 
de pleno emprego será menor. 
 
Segue um quadro com os fatores que deslocam a curva de oferta 
agregada de longo prazo: 
 
Fatores que deslocam a curva de oferta agregada de longo prazo: 
 Alterações na disponibilidade de capital; 
 Alterações na disponibilidade de recursos naturais; 
 Alterações da tecnologia; 
 Alterações na disponibilidade de mão-de-obra; 
 Alterações salariais6; 
 Alterações dos custos7. 
 
Por fim, ressalto mais uma vez que a oferta agregada de longo 
prazo (vertical) reflete o modelo clássico da economia (observe que a 
situação é a mesma da curva LM vertical - caso clássico), pois pressupõe 
a economia no nível de produto de pleno emprego. 
 
 
2.2. Oferta agregada de curto prazo 
 
Nós vimos que, no longo prazo, o nível geral de preços não afeta a 
capacidade da economia de produzir bens e serviços, de tal forma que a 
economia estará sempre no pleno emprego de recursos. No entanto, no 
 
6 Os salários alteram a quantidade utilizada de mão-de-obra. Salários mais elevados fazem 
com que os empresários contratem menos trabalhadores, por estes estarem mais caros. 
Assim, o aumento de salários faz com que a curva OA de longo prazo seja deslocada para a 
esquerda. Redução de salários desloca a curva OA para a direita, pois haverá mais 
trabalhadores contratados (mais quantidade do fator mão-de-obra). 
7 Custos elevados pressupõem redução da produção, deslocando a curva de oferta agregada 
para a esquerda. Um exemplo de elevação de custos seria o aumento dos preços de 
matérias-primas ou elevações salariais. 
 
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Preço 
(P) 
Curva de oferta agregada 
de curto prazo (OACP) é 
inclinada positivamente. 
P2 
A 
Figura 4 
B 
P1 
Y1 Y Y2 
OACP 
curto prazo, o nível geral de preços afeta a capacidade de produção da 
economia. 
 
Em curto prazo, um aumento no nível geral de preços da economia 
tende a elevar a quantidade ofertada de bens e serviços, e uma queda no 
nível geral de preços tende a reduzir a quantidade ofertada de bens e 
serviços. Como resultado, a curva de oferta agregada tem inclinação 
positiva, como mostra a figura 4. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por que, diferentemente do que ocorre no longo prazo, as 
mudanças no nível de preços afetam a produção no curto prazo? Existem 
várias explicações para isso, mas todas elas possuem um denominador 
comum: a oferta agregada se desvia do seu nível natural quando o nível 
real de preços se desvia do nível de preços que as pessoas esperavam 
que prevalecesse. 
 
Se você não entendeu ou ficou um pouco confuso, peço um pouco 
de calma. Esta questão ficará mais bem esclarecida à medida que você 
for lendo o texto. 
 
Resumidamente, nós podemos enumerar três teorias que explicam 
a inclinação positiva da curva de oferta agregada: (a) teoria dos salários 
rígidos, (b) teoria dos preços rígidos e (c) teoria da informação 
imperfeita. Comecemos pela primeira: 
 
 
a) Rigidez salarial 
 
De acordo com essa teoria, a curva de oferta agregada de curto 
prazo tem inclinação positiva porque os salários nominais (W) não 
 
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respondem imediatamente às variações das condições da economia, 
sendo rígidos no curto prazo. 
 
Essa rigidez salarial é causada basicamente por fatores sociais e 
institucionais, tais como a existência de contratos de trabalho de longo 
prazo, poder de negociação coletiva (sindicatos), adoção de pisos 
salariais, legislação trabalhista. Todos estes fatores impedem ajustes para 
menor dos salários. 
 
Um exemplo prático nos ajudará a entender porque os salários 
(nominais) rígidos fazem com que a curva de oferta agregada seja 
inclinada positivamente. 
 
Imagine que há um ano uma empresa esperava que o nível de 
preços fosse 100 (preço esperado=100) e, com base nessa expectativa, 
assinou um contrato de trabalho em que o salário de seu trabalhador 
fosse 50. Suponha que a expectativa da empresa não se confirmou e o 
nível de preço efetivo acaba sendo apenas 90, em vez de 100. Como os 
preços caíram abaixo das expectativas, a empresa ganha 10% menos do 
que o esperado para cada unidade de produto que vende. O salário (custo 
da mão-de-obra), porém, é rígido e não pode diminuir em virtude do 
contrato de trabalho. Dessa forma, a produção agora dá menos lucro, de 
tal forma que a empresa reduzirá o número de contratações e a 
quantidade de produtos ofertados. Com o tempo, após os contratos de 
trabalho expirarem, a empresa poderá renegociar o valor dos salários, de 
tal forma que seja possível novamente contratar mais trabalhadores e 
aumentar a produção, mas, enquanto isso não ocorre, o nível de 
produção permanecerá abaixo do nível de pleno emprego no longo prazo. 
 
Veja então que o nível de preços abaixo do nível de preços 
esperado, associado à rigidez salarial, fez com que a empresa reduzisse 
as contratações e a produção. Ou seja, redução de preços provoca 
redução de produção/renda. O contrário também é válido: aumento de 
preços provoca aumento de contratações e produção. Como as variáveis 
do gráfico têm relação positiva (uma cresce e outra também cresce, e 
vice-versa), a curva de oferta agregada será inclinada positivamente no 
curto prazo. 
 
Diante do exposto, segundo a teoria dos salários rígidos, a curva de 
oferta agregada de curto prazo tem inclinação positiva porque os salários 
nominais se baseiam na expectativa de preços e são rígidos (não 
respondem imediatamente quando o nível de preços é diferente do 
esperado). Essa rigidez salarial8 faz com que as empresas produzam mais 
 
8 Uma maneira alternativa de verificar a teoria da rigidez salarial é a seguinte, supondo um 
aumento de preços: quando o salário nominal (W) permanece fixo, um aumento no nível de 
 
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quando os preços aumentam mais que o preço esperado, e menos quando 
os preços diminuem para um nível menor que o preço esperado. 
 
 
b) Rigidez de preços 
 
A teoria dos preços rígidos pressupõe que os preços de alguns bens 
e serviços também se ajustam lentamente em resposta às variações das 
condições econômicas, apresentando, portanto, alguma rigidez. 
 
Esse modelo enfatiza que as empresas não ajustam imediatamente 
os preços que cobram em resposta a variações na demanda e isto ocorre 
por vários motivos. Assim como os contratos de trabalho, os acordos de 
compra e venda de produtos podem ser estabelecidos por contratos de 
longo prazo entre empresas e clientes e, mesmo na inexistência de 
acordos formais, as empresas podem manter os preços fixos no curto 
prazo para não incomodar os clientes com mudanças frequentes de 
preços. 
 
Outra razão que explica a rigidez de preços são os custos de 
menu. Por vezes, ajustar os preços implica custos como, por exemplo, a 
impressão e distribuição de catálogos, confecção de novas etiquetas de 
preços, impressão de novos cardápios (nocaso de restaurantes), 
atualização dos sistemas, atualização da contabilidade, etc. Esses custos 
de menu fazem com que as empresas ajustem seus preços de modo 
intermitente (apenas de tempos em tempos), e não de modo contínuo. 
 
Agora que já explicamos porque os preços podem ser rígidos no 
curto prazo (por exemplo, devido aos custos de menu), veremos como 
isso explica a inclinação positiva da curva de oferta agregada. Suponha 
que uma empresa anuncie seus preços antecipadamente, com base nas 
expectativas em relação às condições econômicas para um período 
seguinte. Então, devido a mudanças nas condições econômicas, o nível de 
preços da economia acaba sendo menor do aquele esperado. Embora 
algumas empresas reduzam seus preços imediatamente em resposta às 
mudanças inesperadas nas condições econômicas, outras podem não 
fazê-lo, para não incorrer nos custos de menu. Como os preços dessas 
empresas ficam mais altos, suas vendas declinam. O declínio nas vendas 
reduzirá os lucros e fará estas empresas que mantiveram os preços 
rígidos reduzir a produção e o emprego. 
 
 
preços diminui o salário real (W/P), fazendo com que a mão-de-obra fique mais barata. Isso 
induz as empresas a contratar mais mão-de-obra o que faz com que a produção seja 
aumentada. Assim, verifica-se uma relação positiva entre nível de preços e produto, fazendo 
com que a curva de oferta agregada seja inclinada positivamente. 
 
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Em suma, como nem todos os preços se ajustam imediatamente a 
oscilações da economia, uma queda no nível de preços deixa algumas 
empresas com preços mais altos, fazendo suas vendas reduzirem. Por 
conseguinte, a produção e o emprego serão reduzidos nestas empresas 
com rigidez de preços. Essa associação positiva entre o nível de preços e 
a produção (uma variável cai, a outra também cai, e vice-versa) leva à 
inclinação positiva da curva de oferta agregada. 
 
 
c) Informação imperfeita 
 
A teoria da informação imperfeita ou percepções equivocadas 
relaciona a inclinação da curva de oferta agregada de curto prazo como 
resultado da percepção equivocada dos produtores em relação aos preços 
da economia. 
 
Suponha que o nível geral de preços da economia caia para um 
nível abaixo do esperado pelas empresas. Se o nível de preços de toda a 
economia cai, seria natural que isso não afetasse as decisões de produção 
das empresas, uma vez que não há mudanças nos preços relativos9. No 
entanto, as percepções equivocadas, fruto da informação imperfeita, 
podem fazer com que isso não aconteça. 
 
Para entender como isso funciona, suponha que haja redução do 
nível geral de preços. Como nós dissemos, à medida que a redução de 
preços ocorre na economia como um todo, é de se esperar que isso não 
afete as decisões de produção, mas um produtor, individualmente, pode 
enxergar isso de maneira equivocada. Um vendedor de roupas, por 
exemplo, pode achar que somente os preços de suas roupas caíram. Ou 
seja, ele pode acreditar que os preços de seus produtos caíram 
comparados a outros preços na economia (queda de preços relativos). 
Deste modo, este vendedor pode concluir que produzir roupas não é tão 
lucrativo quanto antes e, assim, decide reduzir a produção, e essa 
redução de produção durará até que ele perceba que a redução de preços 
foi geral, e não somente para os seus produtos. 
 
Percepções equivocadas semelhantes ocorrem quando o nível geral 
de preços sobe. Um produtor, isoladamente, pode achar que somente o 
preço de seu produto subiu e, assim, pode decidir aumentar a produção. 
 
 
9 Quando falamos em preços relativos, estamos fazendo alusão à relação de preços. Assim, 
quando todos os preços da economia caem, não há mudança nos preços relativos, pois 
todos os preços caem em proporção igual, de forma que todos os agentes permanecem na 
mesma situação. Assim, uma redução de todos os preços (redução do nível geral de preços) 
não altera os preços relativos e não deveria estimular alterações na produção. 
 
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Oferta agregada de 
curto prazo (OACP) 
Note que, enquanto estas percepções equivocadas não forem 
corrigidas, os produtores responderão a aumento de preços por meio do 
aumento de produção; e responderão à redução de preços por meio da 
redução de produção. Em ambos os casos, a relação entre 
produção/emprego e preços é positiva, indicando que a curva de oferta 
agregada será positiva. 
 
 
d) Resumo e equação da curva de oferta agregada de curto 
prazo 
 
Nós vimos então que existem três explicações para a inclinação 
positiva da curva de oferta agregada de curto prazo: (a) salários rígidos, 
(b) preços rígidos e (c) percepções equivocadas sobre os preços relativos. 
Embora essas três explicações difiram em termos de pressupostos, suas 
implicações em relação ao produto agregado são semelhantes: quando os 
preços sobem, o produto agregado (oferta agregada) também sobe, e 
vice-versa. 
 
Existe uma equação que resume a curva de oferta agregada de 
curto prazo. Tal equação coaduna-se com as três teorias que explicam a 
inclinação positiva da OACP. Segue abaixo a equação: 
 
 
Y = YN + a.(P – PE) 
 
 
 
 
 
Onde “Y” é o produto da economia ou a quantidade ofertada de 
produto, “YN” é o produto natural (ou produto de pleno emprego – YPE), o 
parâmetro “a”, que se situa entre 0 e 1, mede a sensibilidade com que o 
produto reage a alterações de preços, “P” é o índice de preços e “PE” é o 
índice de preços esperado. 
 
Essa equação, que define a curva de oferta agregada de curto 
prazo, enuncia que os desvios do produto do nível natural (YN) estão 
relacionados com os desvios do nível de preços (P) em relação ao nível de 
preços esperado (PE). Se o nível de preços é mais alto que o nível de 
esperado (P > PE), a produção excede o seu nível natural (Y > YN). Se o 
nível de preços é mais baixo que o nível esperado, a produção fica aquém 
da sua taxa natural. A figura 05 evidencia essas conclusões: 
 
 
 
 
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Preço 
(P) 
Oferta agregada de 
curto prazo (OACP) 
Figura 5 
P=PE 
YN=YPE 
Y, renda, produto 
Y = YN + a.(P – PE) 
Oferta agregada de 
longo prazo (OALP) 
P>PE 
P<PE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observe que, quando P=PE, a economia se equilibra no nível de 
produto natural (Y=YN). Como o produto natural é o produto de pleno 
emprego, nós sabemos que a curva vertical de oferta agregada de longo 
prazo passará pelo ponto onde temos o produto natural. 
 
 
Produto natural e a taxa de desemprego natural 
 
O produto natural, ou produto de pleno emprego, é a situação em que 
todos os fatores de produção estão empregados ou estão sendo 
utilizados. Especialmente em relação ao fator de produção mão-de-obra, 
nós dizemos que o produto natural é o nível de produto em que temos 
somente a taxa natural de desemprego. Esta taxa, contudo, não significa 
que todos os trabalhadores estão empregados. 
 
Mesmo a uma taxa natural de desemprego (=produto natural=produto 
de pleno emprego), ainda há trabalhadoressem emprego. Isso ocorre 
em razão de fatores institucionais ou conjunturais. Por exemplo, pode 
haver trabalhadores procurando emprego e empresas ofertando vagas, 
no entanto, não há comunicação suficiente para que estes trabalhadores 
saibam que há vagas e onde estão essas vagas disponíveis, de forma que 
eles permanecerão por algum tempo desempregados, em virtude dessa 
falha de comunicação. Ao mesmo tempo, pode haver trabalhadores 
“entre empregos”, de forma que ficarão desempregados por alguns dias. 
Outro exemplo: um trabalhador demitido pode decidir que descansará 
por alguns meses, “desfrutando” do seguro-desemprego, de forma que 
estará por algum tempo desempregado, mesmo havendo vagas 
disponíveis no mercado. 
 
Todas essas situações acima narradas representam casos em que há 
desemprego natural. Veja que políticas de cunho fiscal ou monetário são 
 
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inofensivas e não servem para reduzir a taxa natural de desemprego. 
Para reduzi-la, os formuladores de políticas devem buscar políticas que 
melhorem o funcionamento do mercado de trabalho. Por exemplo, a 
criação de um banco de dados onde constem informações de vagas e 
trabalhadores disponíveis, reduzindo o tempo “entre empregos”, poderia 
diminuir a taxa natural de desemprego e, assim, aumentar o nível do 
produto natural. Isso deslocaria a curva de oferta agregada de longo 
prazo para a direita, pois há aumento do produto natural. 
 
 
 
2.2.1. Deslocando a curva de oferta agregada de curto prazo 
 
Em primeiro lugar, é importante destacar que variações endógenas 
(renda e preços) provocam deslocamentos ao longo da curva de oferta 
agregada, ou seja, a curva permanece no mesmo lugar. 
 
No item 2.1, nós vimos que alterações na disponibilidade dos 
fatores de produção (mão-de-obra, capital, recursos naturais) deslocam a 
curva de oferta agregada de longo prazo. Essa curva é similar à curva de 
oferta agregada de curto prazo, a diferença está na inclinação. A primeira 
é vertical, enquanto a segunda é inclinada positivamente. Assim, todos 
os fatores que deslocam a curva de longo prazo também deslocam 
a curva de oferta de curto prazo. 
 
Por exemplo, quando o governo adota medidas que reduzem a taxa 
natural de desemprego, aumentando a quantidade do fator de produção 
mão-de-obra disponível para as empresas, a economia consegue produzir 
mais bens, portanto, ambas as curvas de oferta agregada (longo e curto 
prazos) se deslocam para a direita. 
 
O único fator que deslocará uma curva e não deslocará a outra é o 
nível de preços esperados. Conforme vimos, o nível de preços é fator 
decisivo na curva de oferta agregada de curto prazo e, ao mesmo tempo, 
não apresenta relevância em relação à curva de longo prazo. 
 
Conforme vimos no tópico passado, a quantidade ofertada de 
produto depende, no curto prazo, dos salários rígidos, dos preços rígidos 
e da informação imperfeita. Entretanto, salários, preços e percepções 
(informações) são estabelecidos com base na expectativa quanto ao nível 
de preços. Assim, quando as expectativas sobre o nível de preços 
mudam, a curva de oferta agregada de curto prazo se desloca. 
 
Um aumento no nível de preços esperados faz com que estes 
superem o nível de preços “reais” (P<PE), e isto faz com que as empresas 
diminuam a produção, já que os preços praticados (P) estão abaixo 
 
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daquilo que eles esperam (PE). Assim, um aumento no nível de preços 
esperados faz com que a curva de oferta agregada de curto prazo seja 
deslocada para a esquerda, no sentido da redução de renda. O inverso 
também é verdadeiro: uma redução do nível de preços esperados faz com 
os preços “reais” superem os preços esperados (P>PE) e isso estimula as 
empresas a aumentar a produção, de tal forma que a curva de oferta 
agregada de curto prazo será deslocada para a direita. 
 
Você pode estar se perguntando se isto não contradiz o que 
afirmamos logo no início do tópico: alteração de preços não desloca a 
curva de oferta, provoca apenas deslocamento ao longo da curva. A 
resposta é não. A alteração de preços a que nos referimos, que provoca 
tão somente alterações ao longo da curva, é a alteração dos preços 
“efetivos” (P), e não a alteração dos preços esperados (PE). Estes últimos 
são externos (exógenos) ao modelo, de tal forma que eles deslocarão a 
curva de oferta agregada como um todo. 
 
Segue um quadro com um resumo dos fatores que deslocam a 
curva de oferta de curto prazo: 
 
Fatores que deslocam a curva de oferta agregada de curto prazo: 
 Alterações na disponibilidade de capital; 
 Alterações na disponibilidade de recursos naturais; 
 Alterações da tecnologia; 
 Alterações na disponibilidade de mão-de-obra; 
 Alterações salariais; 
 Alterações dos custos; 
 Alterações no nível de preços esperados. 
 
 
 
2.2.2. O caso extremo: rigidez total de preços e salários 
 
Em muitos livros, a curva de oferta agregada de curto prazo ainda 
admite uma terceira versão em que há rigidez total de preços e salários. 
Nesta versão (que seria aplicada considerando uma espécie de curto 
prazo ainda mais curto que aquele verificado quando a curva é 
positivamente inclinada), a curva de oferta agregada é uma reta 
horizontal10, indicando que o nível de preços permanecerá sempre em P1. 
Ressalto também que esta curva é denominada de caso keynesiano 
extremo da curva de oferta agregada. 
 
 
 
 
10 Podemos dizer também que a oferta agregada é infinitamente elástica aos preços. 
 
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Preço 
(P) 
Curva de oferta agregada de 
curto prazo (OACP) horizontal: 
rigidez total de preços (caso 
keynesiano extremo). 
Figura 6 
P1 
Y 
OACP 
Caso keynesiano: curva 
de OA é horizontal, há 
rigidez total de preços e 
se aplica ao curto prazo. 
Figura 07 
P 
OACP 
OALP 
OACP 
Y 
Caso intermediário: 
OA tem inclinação 
positiva e se aplica ao 
curto prazo. 
YPLENO EMPREGO 
Caso clássico: curva de 
OA é vertical, a renda é 
de pleno emprego, os 
preços são flexíveis, e 
se aplica ao longo 
prazo. 
a) Caso keynesiano b) Caso intermediário c) Caso clássico 
CURTO PRAZO LONGO PRAZO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assim, podemos resumir as versões da curva de oferta agregada 
desta maneira: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Depois ver a figura 07, você pode se perguntar qual deve ser a 
curva de oferta deve ser adotada quando uma questão de concurso fala 
simplesmente em curto prazo. Se a questão não afirmar expressamente 
que a oferta agregada é infinitamente elástica aos preços, ou é uma reta 
horizontal, ou há rigidez total de preços e salários, considere que está 
sendo levada em conta a curva de curto prazo inclinada positivamente, 
conforme consta em 7b. 
 
Se a questão afirmar expressamente que a oferta agregada é 
infinitamente elástica aos preços, ou é uma reta horizontal, ou há rigidez 
total de preços e salários, considere que está sendo levada em conta a 
curva de curto prazo conforme consta em 7a. 
 
 
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Se a questão mencionar que os preços e salários são totalmente 
flexíveis, ou a curva de oferta é totalmente inelástica aos preços, ou é 
uma reta vertical, ou se refere ao caso clássico, considere que está sendo 
levada em conta a curva de oferta de longo prazo, conforme consta em 
7c. 
 
 
3. RESPOSTAS A MUDANÇAS DA DEMANDA AGREGADA 
 
Neste item, nós veremos quais as consequências de políticas fiscais 
e monetárias sobre os preços e renda, a depender do tipo de oferta 
agregada com que a economia se defronta. Em virtude das várias versões 
da curva de oferta agregada, as empresas, que são as próprias 
responsáveis pela oferta agregada, respondem aos acréscimos de 
demanda agregada11 de três maneiras: 
 
i. Aumentando a produção (OA), sem elevar os preços; 
ii. Aumentando apenas os preços, sem aumentar a produção (OA); 
iii. Aumentando a produção e os preços. 
 
(i) O primeiro caso corresponde a uma situação em que há 
desemprego de fatores de produção (mão-de-obra desempregada, 
capacidade ociosa12). Nesta condição, a produção pode aumentar sem 
que os preços da economia sejam alterados. Essa situação representa a 
hipótese do modelo keynesiano (onde há desemprego de recursos). Por 
isto, o trecho da curva de oferta agregada que representa esta situação 
de preços invariáveis ou totalmente rígidos é denominado de caso 
keynesiano (figura 08a) e será uma reta horizontal a um nível de preços 
que é rígido, não muda. 
 
(ii) O segundo caso corresponde a uma situação de pleno emprego, 
onde os fatores de produção já são plenamente utilizados. Nesta situação, 
a produção não cresce mais em resposta a aumentos da demanda. Como 
a economia já está no pleno emprego, a curva de oferta agregada será 
uma reta vertical a um nível de renda de pleno emprego, que não muda 
em resposta a aumentos da demanda agregada (figura 08c). Essa 
 
11 Lembre-se de que a curva de demanda agregada representa, ao mesmo tempo, as curvas 
IS (política fiscal) e LM (política monetária). Assim, quando falamos em “resposta a 
acréscimos de demanda agregada”, entenda também como “resposta a políticas fiscais e 
monetárias”. 
12 Quando falamos que há capacidade ociosa, isto significa que há desemprego de algum(s) 
do(s) fator(es) de produção. Ou seja, pode haver máquinas, bens de capital ou 
trabalhadores que deveriam estar sendo usados para produzir, mas que estão ociosos, 
parados. 
 
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Caso keynesiano: a 
demanda agregada 
interfere no nível de 
renda, mas não no 
nível de preços. 
Figura 08 
P 
OACP 
OALP 
OACP 
Y 
Caso intermediário: a 
demanda agregada 
altera a renda e os 
preços. 
YPLENO EMPREGO 
Caso clássico: a 
curva de demanda 
agregada altera 
somente o nível de 
preços. 
a) Caso keynesiano b) Caso intermediário c) Caso clássico 
DA1 DA2 DA1 
DA2 
DA2 
DA1 
situação representa a hipótese do modelo clássico (onde a economia está 
no pleno emprego). 
 
Ressalto que, na hipótese (ii), a renda da economia só aumentará 
se a curva de oferta agregada for deslocada para a direita e, para isto 
acontecer, é necessário que a disponibilidade dos fatores de produção 
aumente. 
 
(iii) O terceiro caso diz respeito a uma situação intermediária entre 
os casos keynesiano e clássico, em que alguns setores da economia 
encontram-se em pleno emprego e outros não. Nesta situação, a curva de 
oferta agregada terá inclinação positiva (figura 08b) e os aumentos de 
demanda fazem a renda e os preços da economia aumentarem. No 
entanto, estes aumentos de renda serão menores que aqueles verificados 
no caso keynesiano; e o aumento de preços será menor que aquele 
verificado no caso clássico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Podemos resumir assim os efeitos do aumento de demanda 
agregada (=adoção de políticas fiscais e/ou monetárias expansivas) sobre 
os preços e renda da economia: 
 
Curva de oferta agregada Aumento de demanda agregada causa: 
Horizontal (rigidez total 
de preços) 
Aumento da renda, somente. 
Positivamente inclinada 
(rigidez de preços) 
Aumenta da renda e dos preços. 
Vertical (preços flexíveis 
e economia no pleno 
emprego) 
Aumento dos preços, somente. 
 
 
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Nota  lembro mais uma vez que, em questões de prova, caso a banca 
não seja específica sobre qual a curva de oferta agregada de curto prazo 
considerar (reta horizontal ou positivamente inclinada), use o caso 
intermediário, em que a curva é positivamente inclinada. 
 
 
4. O EQUILÍBRIO ENTRE DA e OA 
 
Neste tópico, a ideia é a mesma apresentada na aula passada, 
quando estudamos o modelo IS-LM e suas curvas. Para descobrirmos qual 
será o efeito de alguma política ou algum acontecimento sobre a renda e 
os preços, devemos saber trabalhar com as curvas de demanda e oferta 
agregada. O roteiro de raciocínio é este: 
 
1 – primeiro, verifique se o acontecimento ou política adotada afeta 
(desloca) a curva DA ou a curva OA. Já debatemos os fatores que 
deslocam cada curva. 
 
2 – segundo, verifique qual a curva de oferta agregada a ser usada, se de 
curto prazo ou longo prazo. Caso seja de curto prazo, identifique se é a 
curva horizontal ou a curva positivamente inclinada. 
 
3 – depois, verifique para onde serão deslocadas as curvas. Isto é, se o 
acontecimento desloca a curva DA ou OA para a direita ou para a 
esquerda. 
 
4 – após deslocar a(s) curva(s), verifique por si só o novo ponto de 
equilíbrio e as consequências sobre o novo índice de preços e o novo nível 
de renda/emprego da economia. 
 
 Para treinar, verifiquemos alguns exemplos, contextualizando com a 
economia brasileira. 
 
Nota  em todos os casos, utilizaremos a curva de oferta agregada de 
curto prazo e positivamente inclinada, que é o caso normal. Em questões 
de concursos, o procedimento deve ser o mesmo caso não seja dito 
expressamente que se deve adotar outra curva de oferta. 
 
 
Exemplo 1: Política fiscal expansiva 
Durante a década de 50, o descontrole fiscal (excesso de gastos do 
governo) foi uma das características do(s) governo(s) brasileiro. Qual era 
o efeito desse excesso de gastos do governo sobre o nível de preços e 
renda da economia? 
 
 
 
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Novo 
equilíbrio 
Figura 09 
Equilíbrio 
inicial 
OA OA 
P 
E2 
E1 
PE2 
PE1 E1 
PE1 
DA2 
DA1 DA1 
YE1 YE1 YE2 
Y 
Novo 
equilíbrio 
Equilíbrio 
inicial 
OA 
Figura 10 
OA 
P 
E1 
E2 
PE1 E1 PE1 
PE2 
DA1 DA1 
DA2 
YE1 YE2 
YE1 
Y 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os altos gastos do governo (G) deslocam a curva DA para a direita. Note 
que, ao deslocarmos a curva DA para a direita, obrigatoriamente, 
deslocamo-la também para cima. No nosso gráfico acima, isto está 
representado pelo deslocamento de DA1 para DA2. Como resultado deste 
deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2, onde temos novo 
índice de preços de equilíbrio PE2 e nova renda de equilíbrio YE2. 
Conclusão: o excesso de gastos do governo (política fiscal expansionista) 
provocou aumento dos preços e aumento do nível de emprego. 
 
 
Exemplo 2: Políticafiscal restritiva 
Durante o primeiro mandato FHC, a prioridade do governo era a redução 
do índice de preços. Para isso, ele adotou uma política fiscal restritiva, 
reduzindo os gastos públicos e aumentando a tributação. Qual o efeito 
desta política fiscal restritiva em relação ao nível de preços e o nível de 
emprego da economia? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 11 
Equilíbrio 
inicial 
OA2 
OA1 OA1 
P 
PE2 E2 
E1 PE1 E1 PE1 
DA DA 
YE2 YE1 
YE1 
Após o aumento da tributação e redução de gastos públicos, a curva DA 
será deslocada para a esquerda (de DA1 para DA2). Observe que, ao 
deslocarmos a curva DA para a esquerda, inevitavelmente, temos que 
deslocá-la também para baixo. Isto é um movimento natural, provocado 
pela inclinação da curva DA, que é decrescente. Como resultado deste 
deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2, onde temos novo 
índice de preços PE2 e novo nível de emprego de equilíbrio YE2. Conclusão: 
a política fiscal restritiva provoca redução dos preços e redução do nível 
de emprego. 
 
Veja que o sucesso da política de controle dos preços do governo FHC 
exigiu um sacrifício em termos do nível de emprego. Os preços foram 
reduzidos, mas o emprego também. 
 
Exemplo 3: Crise internacional do petróleo 
Na década de 80, os países membros da OPEP13 decidiram elevar 
abruptamente o preço do barril de petróleo. Considerando as curvas DA e 
OA do Brasil e também o fato que o Brasil, na época, era importador do 
insumo, qual o efeito deste acontecimento para os preços e emprego no 
Brasil? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O fato de um insumo importante como o petróleo haver aumentando de 
preço (choque adverso de oferta) pressiona para cima os custos das 
empresas. Isso deslocará a curva OA para a esquerda. Observe que, pelo 
fato da curva OA ser positivamente inclinada, ela será deslocada não só 
para a esquerda, mas também para cima (de OA1 para OA2). Como 
resultado deste deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2, 
onde temos novo índice de preços e nova renda de equilíbrio, PE2 e YE2, 
respectivamente. Conclusão: o aumento de custos de produção provoca 
aumento dos preços e redução do nível de emprego. 
 
 
13 Organização dos países exportadores de petróleo. 
 
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Novo 
equilíbrio OA1 OA1 Equilíbrio 
inicial 
Figura 12 
P 
OA2 
E1 
PE1 E1 
PE1 
PE2 E2 
DA DA 
YE1 YE1 YE2 
Esta situação, que representa o que existe de pior para uma economia 
(aumento de preços e redução do emprego), é chamada de estagflação. 
A palavra é uma combinação dos termos “estagnação” e “inflação”. 
 
 
Exemplo 4: Clima favorável propicia safra recorde na agricultura 
Neste ano (2010), o clima propício nas regiões de plantio foi um dos 
fatores que favoreceu a safra recorde de soja e de vários outros produtos 
agrícolas. Qual a consequência para os preços vigentes e para o nível de 
renda da economia? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A safra recorde na agricultura aumenta a disponibilidade de fatores de 
produção, pois há aumento da quantidade de recursos naturais 
disponíveis. Isso provoca o deslocamento para a direita da curva OA. 
Observe que, pelo fato da curva OA ser positivamente inclinada, ela será 
deslocada não só para a direita, mas também para baixo (de OA1 para 
OA2). Como resultado deste deslocamento, temos um novo ponto de 
equilíbrio E2, onde temos novo nível de preços e novo nível de renda, PE2 
e YE2, respectivamente. Conclusão: o aumento na disponibilidade de 
fatores de produção provoca redução do nível de preços e aumento do 
nível de emprego. 
 
 
Exemplo 5: Excessiva alta nos preços de ações na bolsa de valores 
Entre 2003 e 2008, o mercado de ações brasileiro registrou um boom, e 
os preços das ações aumentaram vertiginosamente. Qual o efeito desse 
boom sobre o nível de preços e emprego? 
 
 
 
 
 
 
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Novo 
equilíbrio 
Figura 13 
Equilíbrio 
inicial 
OA OA 
P 
E2 
E1 
PE2 
PE1 E1 
PE1 
DA2 
DA1 DA1 
YE1 YE1 YE2 
Y 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando o mercado de ações fica superaquecido, as famílias enriquecem e 
essa maior riqueza estimula as despesas de consumo (C). Além disso, um 
aumento no preço das ações estimula as empresas a venderem as suas 
participações em forma de ações, o que as faz arrecadar dinheiro dos 
acionistas para ser usado em gastos de investimento (I). Por esses dois 
motivos, um mercado de ações em alta expande a demanda agregada por 
bens e serviços, de tal forma que a curva DA é deslocada para a direita e 
para cima. Os efeitos desse aumento da DA são vistos na figura 13 e são 
idênticos àqueles vistos no exemplo 01. 
 
 
 
5. TÓPICO ESPECIAL: A NEUTRALIDADE DA MOEDA 
 
Quando o governo aumenta a oferta de moeda na economia, ele 
adota política monetária expansiva, que desloca a curva DA para a direita 
e para cima. Se considerarmos o curto prazo, em que a curva de oferta 
agregada é inclinada positivamente, este aumento da oferta de moeda 
aumentará os preços e a renda da economia. 
 
No entanto, se considerarmos o longo prazo, em que a curva de 
oferta agregada é vertical, o aumento da oferta de moeda aumentará os 
preços, mas não alterará o nível de emprego da economia. Neste caso, os 
economistas dizem que o papel moeda é neutro14. 
 
 
 
 
14 Quando falamos em neutralidade da moeda, nossa intenção é discutir especificamente o 
seu papel sobre a renda ou nível de emprego da economia. 
 
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Figura 14 
OALP 
OACP 
P 
YE2 
DA2 
DA1 
DA1 
YE1 YPE 
Y 
DA2 
a) No curto prazo, o aumento da 
oferta de moeda aumenta o emprego. 
b) No longo prazo, o aumento da 
oferta de moeda é neutro (não altera 
o emprego). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Percebe-se então que o papel da moeda, em longo prazo, é neutro. 
 
 
 
6. OS CHOQUES 
 
Em alguns livros (e também em questões de prova!), as variações 
econômicas que provocam deslocamentos das curvas de demanda e 
oferta são chamadas de choques econômicos. 
 
Um choque que desloca a curva de demanda agregada é chamado 
de choque de demanda, enquanto um choque que desloca a curva de 
oferta é chamado de choque de oferta. 
 
Para fins de concursos, o choque de oferta é o que nos apresenta 
alguma relevância. Um choque de oferta é um choque que ocorre na 
economia e que altera o custo da produção de bens e serviços e, 
consequentemente, altera os preços que as empresas cobram. Uma vez 
que exercem um impacto direto no nível de preços, os choques de oferta 
são também chamados de choques de preços e se dividem em dois tipos: 
 
 Choque adverso (negativo) de oferta: há redução da oferta ou 
produção das empresas e consequente aumento de preços; 
 
 Choque favorável (positivo) de oferta: há aumento da oferta ou 
produção da empresa e consequente redução dos preços.J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0
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Seguem alguns exemplos de choques de oferta (ou choques de 
preços): 
 
 Aumento do preço internacional do petróleo (como o ocorrido em 
1973)  choque adverso de oferta  desloca a curva de OA para a 
esquerda e/ou para cima  provoca aumento de preços e redução 
do emprego (estagflação); 
 
 Aumento de poder dos sindicados  tendência de aumento dos 
salários dos trabalhadores, aumentando os custos das empresas  
choque adverso de oferta  desloca a curva de OA para a esquerda 
e/ou para cima  provoca aumento de preços e redução do 
emprego; 
 
 Longo período de estiagem, reduzindo a oferta de alimentos  
tendência de aumento dos preços dos alimentos  choque adverso 
de oferta  desloca a curva de OA para a esquerda e/ou para cima 
 provoca aumento de preços e redução do emprego; 
 
 Descoberta de um novo campo de petróleo e imediata extração e 
venda do mesmo  tendência de redução de preços do produto e 
de custos para as empresas  choque favorável de oferta  
desloca a curva de OA para a direita e/ou para baixo  provoca 
redução dos preços e aumento do emprego. 
 
Nota  em questões de prova, se for mencionado apenas que houve um 
choque de oferta, sem especificar se foi adverso ou favorável, considere 
como sendo um choque adverso. 
 
 
 
7. INFLAÇÃO 
 
A inflação pode ser definida como o processo persistente de 
aumento do nível geral de preços, resultando na perda de poder aquisitivo 
da moeda, de tal modo que sua função de reserva de valor fique 
prejudicada. De forma inversa, a redução generalizada dos preços é 
definida como deflação. 
 
É importante ressaltar que o aumento do preço de um bem ou um 
grupo específico de bens não pode ser definida como inflação, pois esta 
significa um aumento generalizado dos preços, incluindo a maioria dos 
bens da economia. Quando os aumentos de preços são pequenos, a 
inflação é moderada ou rastejante; se são muito grandes, diz-se que 
temos hiperinflação. 
 
 
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Não há um consenso sobre um valor padrão a partir do qual se 
possa definir que uma economia15 está ou não em um regime de 
hiperinflação. De forma geral, podemos dizer que a hiperinflação ocorre 
quando a perda de poder aquisitivo da moeda é tão grande que as 
pessoas simplesmente abandonam aquela moeda, preferindo utilizar 
outro instrumento de meio de pagamento (moeda estrangeira, títulos, 
bens “físicos”, etc) tendo em vista que a moeda já não possui, em 
nenhum grau, a característica de reserva de valor. 
 
É importante diferenciarmos inflação de aceleração inflacionária. A 
primeira representa uma situação em que os preços sobem, e essa subida 
de preços pode ser a taxas constantes ou crescentes. Por exemplo, 
suponha que, no mês 1, a inflação tenha sido de 5%. No mês 2, 5% 
novamente. No mês 3, mais 5%. Nestes três meses, nós podemos dizer 
que a inflação esteve estável (5% a.m.), pois o aumento de preços 
ocorreu a taxas constantes. Veja que estamos dizendo que a inflação 
esteve estável, mas não os preços. Estes subiram todos os meses. 
 
Por outro lado, quando temos aceleração inflacionária, a taxa de 
inflação cresce a taxas crescentes. Por exemplo, no mês 1, a inflação é 
5%. No mês 2, a inflação é de 10%. No mês 3, 15%. Nestes três meses, 
houve aceleração inflacionária, que representa um desequilíbrio bastante 
grave e deve ser combatido tão cedo quanto seja possível. 
 
 
 
7.1. Tipos de inflação 
 
Os dois principais tipos de inflação são: a inflação de demanda e 
a inflação de custos. 
 
A inflação de demanda acontece quando temos excesso de 
demanda agregada sobre a oferta agregada, ou seja, temos mais pessoas 
consumindo bens e serviços do que há de oferta destes. A inflação de 
demanda sempre acontece quando há aumento da demanda agregada, 
fazendo com que a curva de DA se desloque para a direita e para cima, 
fazendo elevar os preços por inflação de demanda. 
 
 
 
 
 
 
15 No livro de macroeconomia do autor N. Gregory Mankiw, é colocado um valor padrão de 
inflação de 50% ao mês, como o patamar a partir do qual podemos considerar que a 
economia está sob os efeitos de uma hiperinflação. 
 
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Figura 15 
Equilíbrio 
inicial 
OA OA 
P 
E2 
E1 
P2 
P1 E1 P1 
DA2 
DA1 
Y1 Y1 Y2 
Y 
DA1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na figura 15, nós vemos um exemplo de como funciona a inflação 
de demanda. O aumento da demanda agregada desloca a curva de DA 
para a direita (de DA1 para DA2), aumentando a renda e o nível de 
preços. 
 
Vale ressaltar que esse aumento da demanda agregada pode ser 
ocasionado tanto pela política fiscal quanto pela política monetária, já que 
a curva de demanda agregada representa os dois lados da economia (lado 
real e monetário). Assim, você deve entender políticas expansionistas 
(sejam fiscais ou monetárias) são consideradas inflacionárias (inflação de 
demanda), exatamente por deslocarem a curva DA para cima, fazendo 
aumentar os preços. 
 
A forma de contenção desta inflação é a execução de políticas 
monetária e/ou fiscal restritivas, de forma a trazer novamente a curva de 
DA para a esquerda e para baixo. O lado negativo desta linha de ação é a 
redução da renda e/ou do nível de emprego. 
 
A inflação de custos (inflação de oferta), por outro lado, está 
intimamente ligada à curva de oferta agregada e ocorre quando há uma 
diminuição da oferta de bens e serviços causada por elevação nos custos 
de produção. Exemplos: aumentos dos salários dos trabalhadores devido 
a fortes sindicatos, aumento dos preços insumos e/ou matérias-primas, 
etc. A inflação de custos tem dois efeitos perversos, o primeiro deles é o 
aumento do nível geral de preços, o segundo é a redução do nível de 
emprego. Esta situação de aumento do desemprego e ocorrência de 
inflação é o que chamamos de estagflação. 
 
 
 
 
 
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Figura 16 
Equilíbrio 
inicial 
OA2 
OA1 OA1 
P 
P2 E2 
E1 P1 E1 P1 
DA 
DA 
Y 
Y2 Y1 Y1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 No figura 16, nós observamos a ocorrência do triste fenômeno da 
estagflação (recessão + inflação), que é causado pela redução da oferta 
agregada provocada por um aumento nos custos de produção. 
 
Além destes dois tipos de inflação, temos também a inflação 
inercial, que deriva do processo de indexação. A indexação e, por 
conseguinte, a inflação inercial ocorrem quando os agentes, no intuito de 
se proteger dos efeitos da inflação futura, remarcam os preços e salários 
baseados na inflação passada, provocando, assim, um círculo vicioso de 
inflação. 
 
Um exemplo desta situação, e que vivemos nos dias de hoje, ocorre 
nos contratos de aluguel, que são reajustados de acordo com o IGP-PM16 
dos últimos 12 meses. Neste caso, o aluguel é reajustado com base na 
inflação passada, o que faz com que ele, na maioria das vezes, seja 
sempre reajustado, o que realimenta a inflação.O fenômeno da indexação é bem conhecido dos brasileiros entre os 
anos 70 e 90 e, de fato, uma economia pode ter altas taxas de inflação 
sem qualquer razão “real” para isso. Basta que os agentes, na tentativa 
de se proteger, remarquem os preços com base na inflação passada. 
Naturalmente, a taxa de inflação nunca cairá. Mário Henrique Simonsen, 
eminente economista brasileiro, em alusão à inflação inercial brasileira de 
tempos atrás, certa vez disse: “o diabo é que nossa inflação não é de 
demanda ou de custo. É inflação de chuchu mesmo.” 
 
Por último, segundo a concepção estruturalista da inflação, temos a 
inflação estrutural17, que supõe que as causas da inflação em países 
subdesenvolvidos são essencialmente de caráter estrutural. Por exemplo, 
 
16 É um dos muitos índices de preços existentes na nossa economia. 
17 Ela pode ser considerada também um tipo de inflação de custos. 
 
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a agricultura e indústria subdesenvolvidas tendem a produzir pouco e a 
custos maiores, o que provoca alta dos preços. A estrutura oligopólica de 
alguns mercados também é causa de inflação estrutural, pois estas firmas 
dominantes têm bastante poder de aumentar os preços dos seus 
produtos, no intuito de aumentar ainda mais sua margem de lucro. 
Segundo essa corrente, o combate à inflação deve ser feito 
principalmente por meio de reformas estruturais e pelo controle dos 
setores oligopolizados. 
 
Em economias inflacionárias, identificar a causa da inflação parece 
ser uma das difíceis e importantes tarefas da equipe econômica. Se há 
um regime inflacionário, e as autoridades não conseguem diagnosticar 
corretamente o tipo de inflação ou as suas causas, naturalmente, 
qualquer plano econômico voltado para o seu combate estará fadado ao 
insucesso. 
 
No Brasil da segunda metade dos anos 80, por exemplo, os vários 
planos econômicos existentes partiram do pressuposto que a inflação 
brasileira tinha caráter essencialmente inercial, quando, na verdade, a 
inflação tinha outras causas. A indexação era apenas um sintoma, uma 
forma de conviver sem dor com a inflação, um jeitinho brasileiro. A 
inflação, segundo grande parte dos economistas, era de demanda, de tal 
maneira que a forma de combate deveria primar pela adoção de políticas 
fiscais/monetárias restritivas. 
 
Um dos motivos pelos quais o Plano Real obteve sucesso no 
controle inflacionário foi o acertado diagnóstico das causas da inflação 
brasileira. Segundo a equipe econômica liderada por FHC, a inflação 
brasileira era essencialmente de demanda, e era causada principalmente 
pelo desajuste das contas públicas (excesso de gastos públicos). Por isso, 
o ajuste fiscal (reforma da previdência, reforma administrativa, LRF, 
privatizações) foi uma das principais bandeiras do governo FHC, pois o 
controle da inflação passava irremediavelmente por este controle das 
contas públicas. 
 
 
7.2. Consequências da inflação 
 
Por que a inflação é um problema? Por que o seu controle é um 
objetivo da política macroeconômica dos governos? A resposta é simples: 
a inflação provoca grandes distorções na economia de mercado. 
 
 O primeiro efeito é provocar distorções na alocação de 
recursos da economia, uma vez que os preços relativos deixam de ser 
sinalizadores da escassez e dos custos relativos de produção. Deixe me 
explicar melhor: sem inflação, sabe-se que um produto custa, digamos, 
 
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R$ 10,00 e outro custa R$ 20,00 reais; o preço relativo desses produtos é 
½. Os agentes tomam decisões baseadas nessa relação de preços entre 
os produtos (quando alguém compra algo, ele compara o preço tomando 
por base os preços de outros bens para saber se aquele bem desejado 
está no preço adequado). Com a inflação elevada, a noção de preços 
relativos é abalada. O papel dos preços relativos, de indicar excesso de 
demanda ou de oferta (produção), deixa de existir, comprometendo a 
alocação eficiente dos recursos do mercado. 
 
 A inflação também desincentiva a ação de investir, uma vez que 
os agentes terão dificuldades para prever o retorno dos investimentos, 
devido à instabilidade dos preços no futuro. Há também séria perturbação 
do mercado financeiro. Imagine que uma determinada pessoa empreste 
R$ 1.000,00 a outra, cobrando uma taxa de juros de 50% ao ano. Ao final 
do ano, receberá, portanto, R$ 1.500,00. Entretanto, se a economia tiver 
altos níveis inflacionários (mais de 50%, por exemplo), o emprestador 
poderá não conceder o empréstimo, pois, dependendo de como a inflação 
se comportar, o valor que ele receberá depois da operação significará 
perda de poder aquisitivo, em vez de ganho. Assim, fica claro que a 
existência da inflação torna muito difícil a operação no mercado de 
capitais, inviabilizando financiamentos de médio e longo prazos. Isto 
compromete seriamente os investimentos privados e o crescimento de 
longo prazo da economia. 
 
 Há grande tendência para que os poupadores façam aplicações em 
ativos reais (ativos tangíveis, como imóveis, ouro, terrenos, moeda 
estrangeira, etc) e fujam dos ativos financeiros, na tentativa de proteger 
o seu patrimônio contra a desvalorização da moeda. Desta forma, o 
financiamento dos investimentos via sistema bancário/financeiro 
fica bastante prejudicado. 
 
 Outro efeito são os distúrbios sobre a distribuição de renda, 
uma vez que, com a inflação, a média dos preços está subindo, mas 
acontece que os preços dos produtos sobem mais rapidamente que os 
salários. Assim, a inflação provoca uma redistribuição de renda em favor 
do setor produtivo, em detrimento da classe assalariada. Vale a penar 
citar uma frase do ex-presidente José Sarney, responsável por meia dúzia 
de planos de combate à inflação que não deram certo: "A inflação é o pior 
inimigo da sociedade. Ela castiga os mais pobres, os que não têm 
instrumento de defesa contra seus terríveis efeitos. Ela não confisca 
apenas o salário: confisca o pão." 
 
 O governo também perde poder aquisitivo com a inflação, 
pois esta corrói o valor da arrecadação fiscal pela defasagem entre o fato 
gerador dos impostos, o recolhimento dos mesmos e a efetiva utilização 
da receita fiscal pelo governo. Este fenômeno é conhecido como efeito 
 
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Oliveira-Tanzi. Ao mesmo tempo, o governo tem dificuldades para obter 
financiamento, já que os agentes do mercado, em ambientes 
inflacionários, fogem do mercado financeiro18, preferindo ativos reais. 
 
Ainda em relação à arrecadação do governo, destacamos o efeito 
inverso ao destacado por Oliveira e Tanzi. A contração de despesas em 
um momento e o seu pagamento em momento posterior provoca uma 
relevante redução real dos gastos públicos. Esse é o efeito Patinkin. 
 
A inflação funciona também como um imposto sobre as pessoas que 
detêm moeda, reduzindo o poder aquisitivo das pessoas e aumentando a 
arrecadação do governo. Deixe-me explicar melhor: em regimes 
inflacionários, o governo deve a todo o momento emitir mais moeda 
(senhoriagem19) a fim de que os agentes possam realizar as suas 
transações. Imagine uma situação em que a inflação mensal de um país 
tenha sido, porexemplo, de 30% ao mês. Se a autoridade monetária 
deste país não emitir mais moeda, com certeza, faltará dinheiro na 
economia, devido ao fato de que os mesmos bens e serviços exigem, para 
o seu consumo, 30% a mais de moeda. Acontece que, quando o governo 
emite moeda, tal emissão, por si só, provoca inflação20. Por sua vez, 
quando o governo emite a moeda, o dinheiro “fabricado”, obviamente, 
não é distribuído aos cidadãos, ele fica sob a posse do governo para ele 
gastar com o quiser (receita de senhoriagem). Desta forma, nós temos o 
seguinte: em virtude da inflação, o governo emite moeda, e tal emissão 
de moeda provoca duas coisas: perda de poder aquisitivo da população 
(via aumento da inflação) e aumento de recursos à disposição do governo 
(em virtude da emissão monetária). A esse mecanismo de transferência 
de renda da população para o governo, os economistas dão o nome de 
imposto inflacionário. Milton Friedman, o principal estudioso do 
“monetarismo”, prêmio Nobel de Economia em 1976, disse de forma 
bastante apropriada: "Inflação é a única forma de taxação que pode ser 
imposta sem legislação." 
 
 Veja que, sob o ponto de vista das contas públicas, a inflação, por 
um lado, corrói o poder aquisitivo do Estado via efeito Oliveira-Tanzi; por 
outro lado, aumento o poder aquisitivo via imposto inflacionário e, por 
fim, reduz os gastos públicos via efeito Patinkin. Alguns estudos empíricos 
 
18 Os agentes, de forma geral, não comprarão títulos da dívida pública em virtude da 
possibilidade dos juros desses papéis serem inferiores à taxa de inflação do período. 
19 É a receita do governo auferida por meio da emissão de moeda. O termo tem origem na 
idade média, onde o senhor feudal tinha o direito exclusivo de cunhar moeda no âmbito de 
seu feudo. 
20 Doutrinariamente, é aceito que o crescimento da quantidade de moeda na economia 
causa a inflação. Esta afirmação guarda íntima relação com a teoria quantitativa da moeda, 
aprendida na aula 05. 
 
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afirmam que períodos inflacionários tornam mais fáceis o “fechamento” 
das contas públicas. Isto tem o lado negativo de incentivar o desajuste 
das contas públicas, pois o governo se acostuma a gastar um dinheiro 
que só é gerado graças às distorções provocadas pela inflação. Assim, 
percebemos que a inflação serve como um incentivo ao descontrole das 
contas públicas. Por isso, é difícil acabar com regimes inflacionários, pois 
o governo deve se acostumar rapidamente a gastar muito menos 
recursos. 
 
Conforme nós vimos, o imposto inflacionário transfere renda dos 
cidadãos para o governo. Mas como será que os cidadãos se protegem do 
imposto inflacionário? A resposta não é tão difícil: basta que eles 
mantenham seu dinheiro em aplicações no banco, rendendo juros. Desta 
forma, não haverá perda de poder aquisitivo, pois os preços aumentam, 
mas o estoque de riqueza depositado no banco também aumenta. No 
entanto, manter o dinheiro depositado no banco implica custos. Por 
exemplo, suponha que você, na tentativa de manter o poder aquisitivo do 
seu estoque de dinheiro, decida realizar um grande número de saques de 
pequeno valor no caixa eletrônico em vez de um pequeno número de 
saques de grande valor (por exemplo, 15 saques de R$ 50,00 em vez de 
03 saques de R$ 250,00). Esse ato de ir constantemente ao banco sacar 
dinheiro, no intuito de reduzir a quantidade de moeda em sua carteira 
implica custo às pessoas. Os economistas, em um impressionante 
lampejo de criatividade, denominam tal custo de custo de sola de 
sapato, em alusão ao fato de que a ação de ir e vir do banco a todo o 
momento provoca gastos na sola do seu sapato. 
 
 A “bagunça” gerada pela inflação também provoca confusão na 
cabeça dos agentes, gerando custos de transação. Estes custos são 
representados pelo tempo que as pessoas perdem para saber o preço (e o 
preço relativo) dos bens e serviços e pelo tempo que as empresas perdem 
definindo e remarcando os preços (custos de menu). A elaboração de 
contratos também é mais complicada, pois os agentes, na tentativa de se 
proteger da perda de poder aquisitivo, colocam cláusulas de correção 
automática dos preços de acordo com a inflação passada, dando origem 
ao fenômeno da indexação, que é o reajuste de preços baseado na 
inflação passada, o que tende a perpetuar a inflação permanentemente 
no tempo. 
 
Por último, cabe destacar que a inflação ainda desestabiliza as 
contas externas, provocando déficits no Balanço de Pagamentos. 
Os altos preços dos produtos internos tornarão os produtos nacionais 
menos competitivos no exterior, reduzindo as exportações. De maneira 
análoga, a alta inflação torna os produtos nacionais menos competitivos 
frente aos importados, o que faz aumentar as importações. Além desse 
efeito na balança comercial, a alta inflação e a rápida perda de poder 
 
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aquisitivo da moeda nacional podem levar os agentes a buscarem a 
moeda estrangeira como reserva de valor. Essa busca pela moeda 
estrangeira, associada aos déficits na balança comercial, poderá trazer 
problemas para equilibrar o balanço de pagamentos (equilíbrio das contas 
externas). 
 
Segue um quadro resumindo as inúmeras distorções provocadas 
pela inflação: 
 
Consequências da inflação: 
 Distorções na alocação de recursos; 
 Desincentiva os investimentos; 
 Distúrbio na distribuição de renda, provocando tensão social; 
 Alterações nas contas públicas (efeitos Oliveira-Tanzi, Patinkin); 
 Transferência de renda das pessoas para o governo via imposto 
inflacionário; 
 Custo de sola de sapato; 
 Custos de transação; 
 Custos de menu; 
 Indexação; 
 Desequilíbrio externo. 
 
 
 
8. CURVA DE PHILLIPS 
 
A curva de Phillips mostra a relação entre o desemprego e a 
inflação. Seu nome é em homenagem ao economista William Phillips, que 
descobriu que havia, no curto prazo, uma correlação negativa21 entre a 
taxa de desemprego e a taxa de inflação. Isto é, níveis baixos de 
desemprego significavam alta inflação, e baixa inflação significava alto 
desemprego. 
 
A curva de Phillips sugere que os formuladores de políticas 
econômicas enfrentam um trade-off22 de curto prazo entre inflação e 
desemprego. Assim, ao alterarem as políticas fiscais e monetárias para 
influenciar a demanda agregada, o governo pode escolher qualquer ponto 
da curva. Na figura 17, por exemplo, o ponto B oferece alto desemprego e 
baixa inflação. O ponto A oferece baixo desemprego e alta inflação. Ainda 
que o governo prefira baixa inflação com baixo desemprego, isso não é 
possível, em virtude do trade-off existente entre inflação e desemprego. 
 
21 Esta correlação negativa implica que a inclinação da curva de Phillips será negativa no 
curto prazo. 
22 Em economia, um trade-off significa um dilema, uma escolha que deve ser feita. Ou se 
escolhe uma coisa, ou se escolhe outra, abrindo mão da escolha que não foi feita. 
 
J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0
Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS 
MACROECONOMIA – CURSO REGULAR 
PROFESSOR HEBER CARVALHO 
Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 35 de 114 
 
Taxa de inflação (π) – 
em % ao ano 
Curva de Phillips de curto 
prazo: trade-off entre 
inflação e desemprego. 
5% A 
Figura 17 
B

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