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J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 1 de 114 AULA 07 Olá caros(as) amigos(as), Hoje, nós veremos o modelo de demanda e oferta agregadas (DA-OA). Este modelo é mais abrangente que o modelo IS-LM, visto na aula passada, e relaciona a renda e o nível de preços da economia. Por tratar dos preços, o estudo desse modelo também nos possibilitará estudar o fenômeno da inflação, seus problemas e consequências. Também analisaremos a curva de Phillips, que é nada mais que uma extensão do modelo de oferta e demanda agregada. Por último, aproveitando a oportunidade que estudaremos a inflação, também abordaremos a fase recente da economia brasileira, em que um dos destaques foi a política econômica voltada para o combate à inflação. E aí, todos prontos?! Então, aos estudos! INTRODUÇÃO No modelo IS-LM, nós não consideramos o nível de preços em nosso estudo. A partir de agora, nós introduziremos os preços na análise da determinação da renda da economia e isso nos levará ao estudo do modelo de demanda e oferta agregada da economia. Ao mesmo tempo, estaremos estudando a inflação (aumento de preços). A lógica do modelo DA-OA se assemelha bastante àquela do modelo IS-LM. Ou seja, temos duas curvas, e a interação entre elas nos dá o nível de renda da economia. A diferença é que, neste caso, trabalharemos com o nível de preços (P) no lugar das taxas de juros. Nosso roteiro será bastante parecido com aquele visto na análise IS-LM. Estudaremos primeiro cada curva separadamente e, depois, faremos a integração, tecendo conclusões acerca das políticas fiscal e monetária e sua relação com a inflação e a renda da economia. Comecemos pela curva de demanda agregada: 1. A CURVA DE DEMANDA AGREGADA A curva de demanda agregada (DA1) mostra, para qualquer nível de preços, P, a quantidade total de bens e serviços, Y, demandada por famílias (C), governo (G), empresas (I) e resto do mundo (X – M). A curva DA é inclinada para baixo, negativamente (figura 01), indicando 1 Lembre-se de que DA = C + I + G + X – M. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 2 de 114 Preço (P) Curva de demanda agregada é inclinada negativamente. P1 A Figura 1 B P2 Y1 Y Y2 DA que quando o nível geral de preços é mais alto, os agentes demandam menos bens e serviços. Observe que a redução de preços (de P1 para P2) fez aumentar a demanda agregada (=renda=Y) da economia (de Y1 para Y2), indicando uma relação inversa entre Y e P. Essa relação inversa faz com que a curva DA tenha inclinação descendente. A princípio, parece bastante intuitiva a explicação de por que a curva DA é negativamente inclinada: quando os preços estão mais altos, as pessoas se dispõem a comprar menos bens. No entanto, neste caso, a explicação intuitiva não é correta. O problema com a explicação intuitiva é que, embora um aumento no nível geral de preços reflita um aumento nos preços da maioria dos bens, ele também implica um aumento na renda das pessoas que produzem e vendem esses bens. Assim, não é correto dizer que um nível de preços mais elevado reduz a quantidade de bens e serviços que as pessoas podem comprar, porque suas rendas, assim como os preços, aumentaram. A curva de demanda agregada (DA) representa a demanda agregada da economia sob os dois pontos de vista estudados no modelo IS-LM: lado real e lado monetário da economia. Por isso, nós dizemos que a curva DA é derivada do modelo IS-LM. Lembremos que, para um dado nível de preços2, a quantidade de produto que os agentes decidem demandar é onde a curva IS e a curva LM se cruzam. Vejamos como nós podemos deduzir a curva de DA a partir do modelo IS-LM. Suponha que a oferta de moeda seja M e que o nível de 2 No modelo IS-LM, consideramos o nível de preços como um dado determinado, constante, fixo. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 3 de 114 Preço (P) P2 B A P1 Y2 Y Y1 Juros (i) i2 A Figura 2 B i1 Y2 Y Y1 IS LM2 LM1 DA a) b) preços seja P1. Logo, a oferta real de moeda 3 é M/P1 e a curva LM inicial é LM1, na figura 02a. A curva IS cruza a curva LM1 no ponto A, onde a renda da economia será Y1. Desse modo, concluímos que, quando o nível de preços é P1, a quantidade agregada de produto (=renda da economia) é Y1. Agora suponha que o nível de preços aumente para P2. Com uma oferta nominal de moeda de M, esse aumento no nível de preços reduz a oferta real de moeda de M/P1 para M/P2. Essa redução na oferta real de moeda desloca a curva LM para cima e para esquerda, para LM2. As curvas IS e LM2 se interceptam no ponto B, onde a renda da economia é Y2. Assim, o aumento de preços de P1 para P2 reduz a renda da economia de Y1 para Y2 (gráfico 2b). 3 A oferta monetária da economia é dada por M. Se descontarmos o valor do índice de preços, obtemos a oferta monetária real da economia, que será M/P. Quando há aumento de preços, M/P é reduzida, reduzindo a oferta monetária real da economia. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 4 de 114 Essa relação negativa entre o nível de preços e a renda da economia tem como consequência a inclinação descendente da curva de demanda agregada, sendo que esta é derivada diretamente do modelo IS-LM. Colocando um pouco de lado os gráficos, podemos raciocinar que o aumento de preços reduz a renda da economia em razão da sua influência sobre o lado real e sobre o lado monetário da economia. Vejamos quais são essas influências. Para isso, suponha um aumento de preços (P): Lado monetário da economia: reduz a oferta monetária real (M/P) aumentando a taxa de juros reduzindo os investimentos reduzindo a demanda agregada/renda (Y). Lado real da economia: reduz as exportações e aumenta as importações4 reduzindo o saldo de (X – M) reduzindo a renda (Y). Veja que o aumento de preços, tanto pela análise do lado real, quanto pela análise do lado monetário, reduz a demanda agregada/renda da economia, demonstrando que, realmente, a curva DA deve ser negativamente inclinada. 1.1. Deslocando a curva de demanda agregada Como a curva de demanda agregada é determinada a partir do modelo IS-LM, nós temos que os mesmos fatores que fazem deslocar as curvas IS e LM farão também deslocar a curva de demanda agregada. Assim, políticas fiscais e/ou monetárias expansivas farão a curva de demanda agregada ser deslocada para a direita. Políticas fiscais e/ou monetárias restritivas farão deslocar a curva para a esquerda. Apenas para recapitular, seguem os fatores que deslocam as curvas IS e LM: 4 Se há aumento de preços, os produtos internos ficarão menos competitivos no exterior e as vendascom exportação serão reduzidas. Por outro lado, o aumento dos preços internos aumenta a demanda de produtos importados, pois os produtos internos estão relativamente mais caros devido ao aumento de preços. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 5 de 114 Fatores que deslocam a curva IS para a direita e, portanto, deslocam a curva DA também para a direita, no sentido de aumento da renda: Aumento do consumo autônomo; Aumento dos gastos do governo; Aumento dos investimentos autônomos; Redução de impostos; Aumento das transferências; Aumento das exportações líquidas. Fatores que deslocam a curva LM para a direita e, portanto, deslocam a curva DA também para a direita, no sentido de aumento da renda: Aumento da oferta de moeda Redução da demanda por moeda Julgo importante fazer duas observações. Primeiro, e bastante óbvio, alterações em sentido contrário às que foram colocadas deslocam a curva DA para a esquerda (e para baixo). Segundo, é importante estar atento para outros fatores que não estão no quadro, mas que podem alterar as variáveis expostas no quadro e, assim, deslocar a curva DA. Por exemplo, se o examinador da prova nos disser que as expectativas positivas (confiança do consumidor ou dos empresários) em relação ao futuro da economia deslocam a curva de DA, certamente, você deve assinalar tal afirmação como sendo correta. Isto porque expectativas positivas aumentam o consumo (C) e o investimento (I), deslocando a curva IS e a curva DA para a direita, no sentido de aumento da renda. Outro exemplo: suponha que o examinador nos afirme que o fato de os agentes esperarem um aumento na inflação futura desloca a curva DA para a direita. O aumento da inflação futura faz os agentes reduzirem a demanda por moeda5, deslocando a curva LM para a direita. Por conseguinte, a curva DA também será deslocada para a direita. Estes são apenas dois exemplos que mostram que você deve estar pronto para raciocinar, em vez de simplesmente decorar alguns fatores que deslocam a curva de DA. Dependendo da prova e da banca, a imaginação do examinador pode lhe pegar de surpresa, ainda mais se você optar por ser um simples “memorizador” de assuntos. 5 Se a inflação aumenta, a moeda perde a sua capacidade de ser “reserva de valor”, uma vez que o ativo se desvaloriza mais rapidamente com o tempo. Desta forma, os agentes preferirão guardar sua riqueza de outras formas que não signifiquem a simples retenção de moeda. Ou seja, haverá redução da demanda por moeda. Conforme nós vimos na aula passada, a redução da demanda por moeda é um dos fatores que desloca a curva LM. Havendo deslocamento da curva LM, há também deslocamento da curva DA. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 6 de 114 1.2. Inclinação da curva de demanda agregada Não há muito que falar sobre a inclinação da curva de DA. Em 90% dos casos, ela será inclinada negativamente. Apenas fique atento quando o examinador apresenta casos extremos. Por exemplo, se o examinador afirma que a demanda agregada é infinitamente elástica aos preços, você deve adotar a premissa que a curva DA será horizontal (ângulo de 90º em relação ao eixo dos preços). Por outro lado, se o examinador afirma que a demanda agregada é perfeitamente inelástica aos preços, a curva DA será vertical. Para entender o porquê, relembre a análise realizada no item 1.1.2, páginas 07 e 08, da aula 06. 2. CURVA DE OFERTA AGREGADA Define-se oferta agregada (OA) como sendo o valor total da produção de bens e serviços de uma economia. Doutrinariamente, dividimos a análise da curva de oferta agregada considerando-a sob duas óticas: curto e longo prazo. Em macroeconomia, a diferença fundamental entre o curto e o longo prazo é o comportamento dos preços. No curto prazo, muitos (não necessariamente todos) preços são fixos em algum nível predeterminado, e não mudam independente das condições e dos estímulos ou desestímulos das variáveis macroeconômicas. No longo prazo, os preços são flexíveis e reagem a mudanças na conjuntura econômica. Assim, fundamentalmente, temos: Curto prazo preços fixos Longo prazo preços variáveis Vale ressaltar que quando falamos em “preços”, estamos nos referindo a todos os preços da economia, de forma geral. Estes preços referem-se aos preços de todos os produtos, incluindo também o preço da mão-de-obra, que é o salário. A curva de oferta agregada variará de acordo com o prazo que está sendo considerado. Iniciaremos nossa análise com o longo prazo. 2.1. Oferta agregada de longo prazo Na aula 04, página 07, nós vimos as principais diferenças entre a teoria keynesiana e a teoria clássica. Foi demonstrado que a teoria J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 7 de 114 Preço (P) Curva de oferta agregada de longo prazo é vertical, ao nível de pleno emprego. P1 Figura 3 OALP P2 Y YPE clássica se aplica ao longo prazo e que ela pressupõe também: preços variáveis e economia no pleno emprego. Se atentarmos para o fato de que, no longo prazo, a economia permanece no produto de pleno emprego, a curva de oferta agregada será uma reta vertical, exatamente ao nível de pleno emprego. Observe que a curva de oferta agregada de longo prazo é condizente com a teoria clássica, onde o equilíbrio ocorre na produção de pleno emprego. Ao mesmo tempo, observe que, no longo prazo, uma alteração no nível de preços não afeta a quantidade ofertada de bens e serviços. Nós também podemos dizer que a curva de oferta agregada de longo prazo corresponde à situação em que a OA é perfeitamente inelástica (totalmente insensível) aos preços, já que alterações de preços não mudam a OA. Como já dissemos, a curva de oferta se posiciona exatamente ao nível de pleno emprego, mas o que isso significa? O pleno emprego corresponde à situação em que os fatores de produção (mão-de-obra, capital, recursos naturais) são plenamente utilizados. Assim, a possibilidade de haver deslocamentos da curva de oferta agregada de longo prazo se resume a alterações na quantidade de fatores de produção. Imagine que haja um movimento imigratório (aumento do fator de produção mão-de-obra), ou a descoberta de novas jazidas de recursos minerais, ou o desenvolvimento de novas tecnologias que aumentem a produtividade do capital (aumento do fator de produção capital). O que essas mudanças fazem com o posicionamento da curva de oferta agregada? J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 8 de 114 Em todos os casos, há aumento de fatores de produção, de tal forma que a curva de OALP será deslocada para a direita. Suponha agora que haja um desastre natural que destrua uma parte do estoque de capital da economia, ou um forte movimento emigratório (=redução de mão-de-obra), ou a aprovação pelo congresso de novas regras de segurança de trabalho ou ambientais que tornassem o trabalho menos produtivoou mais dificultoso. O que essas mudanças fazem com o posicionamento da curva de oferta agregada? Nestes casos, há redução de fatores de produção, de tal forma que a curva de OALP será deslocada para a esquerda, indicando que o produto de pleno emprego será menor. Segue um quadro com os fatores que deslocam a curva de oferta agregada de longo prazo: Fatores que deslocam a curva de oferta agregada de longo prazo: Alterações na disponibilidade de capital; Alterações na disponibilidade de recursos naturais; Alterações da tecnologia; Alterações na disponibilidade de mão-de-obra; Alterações salariais6; Alterações dos custos7. Por fim, ressalto mais uma vez que a oferta agregada de longo prazo (vertical) reflete o modelo clássico da economia (observe que a situação é a mesma da curva LM vertical - caso clássico), pois pressupõe a economia no nível de produto de pleno emprego. 2.2. Oferta agregada de curto prazo Nós vimos que, no longo prazo, o nível geral de preços não afeta a capacidade da economia de produzir bens e serviços, de tal forma que a economia estará sempre no pleno emprego de recursos. No entanto, no 6 Os salários alteram a quantidade utilizada de mão-de-obra. Salários mais elevados fazem com que os empresários contratem menos trabalhadores, por estes estarem mais caros. Assim, o aumento de salários faz com que a curva OA de longo prazo seja deslocada para a esquerda. Redução de salários desloca a curva OA para a direita, pois haverá mais trabalhadores contratados (mais quantidade do fator mão-de-obra). 7 Custos elevados pressupõem redução da produção, deslocando a curva de oferta agregada para a esquerda. Um exemplo de elevação de custos seria o aumento dos preços de matérias-primas ou elevações salariais. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 9 de 114 Preço (P) Curva de oferta agregada de curto prazo (OACP) é inclinada positivamente. P2 A Figura 4 B P1 Y1 Y Y2 OACP curto prazo, o nível geral de preços afeta a capacidade de produção da economia. Em curto prazo, um aumento no nível geral de preços da economia tende a elevar a quantidade ofertada de bens e serviços, e uma queda no nível geral de preços tende a reduzir a quantidade ofertada de bens e serviços. Como resultado, a curva de oferta agregada tem inclinação positiva, como mostra a figura 4. Por que, diferentemente do que ocorre no longo prazo, as mudanças no nível de preços afetam a produção no curto prazo? Existem várias explicações para isso, mas todas elas possuem um denominador comum: a oferta agregada se desvia do seu nível natural quando o nível real de preços se desvia do nível de preços que as pessoas esperavam que prevalecesse. Se você não entendeu ou ficou um pouco confuso, peço um pouco de calma. Esta questão ficará mais bem esclarecida à medida que você for lendo o texto. Resumidamente, nós podemos enumerar três teorias que explicam a inclinação positiva da curva de oferta agregada: (a) teoria dos salários rígidos, (b) teoria dos preços rígidos e (c) teoria da informação imperfeita. Comecemos pela primeira: a) Rigidez salarial De acordo com essa teoria, a curva de oferta agregada de curto prazo tem inclinação positiva porque os salários nominais (W) não J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 10 de 114 respondem imediatamente às variações das condições da economia, sendo rígidos no curto prazo. Essa rigidez salarial é causada basicamente por fatores sociais e institucionais, tais como a existência de contratos de trabalho de longo prazo, poder de negociação coletiva (sindicatos), adoção de pisos salariais, legislação trabalhista. Todos estes fatores impedem ajustes para menor dos salários. Um exemplo prático nos ajudará a entender porque os salários (nominais) rígidos fazem com que a curva de oferta agregada seja inclinada positivamente. Imagine que há um ano uma empresa esperava que o nível de preços fosse 100 (preço esperado=100) e, com base nessa expectativa, assinou um contrato de trabalho em que o salário de seu trabalhador fosse 50. Suponha que a expectativa da empresa não se confirmou e o nível de preço efetivo acaba sendo apenas 90, em vez de 100. Como os preços caíram abaixo das expectativas, a empresa ganha 10% menos do que o esperado para cada unidade de produto que vende. O salário (custo da mão-de-obra), porém, é rígido e não pode diminuir em virtude do contrato de trabalho. Dessa forma, a produção agora dá menos lucro, de tal forma que a empresa reduzirá o número de contratações e a quantidade de produtos ofertados. Com o tempo, após os contratos de trabalho expirarem, a empresa poderá renegociar o valor dos salários, de tal forma que seja possível novamente contratar mais trabalhadores e aumentar a produção, mas, enquanto isso não ocorre, o nível de produção permanecerá abaixo do nível de pleno emprego no longo prazo. Veja então que o nível de preços abaixo do nível de preços esperado, associado à rigidez salarial, fez com que a empresa reduzisse as contratações e a produção. Ou seja, redução de preços provoca redução de produção/renda. O contrário também é válido: aumento de preços provoca aumento de contratações e produção. Como as variáveis do gráfico têm relação positiva (uma cresce e outra também cresce, e vice-versa), a curva de oferta agregada será inclinada positivamente no curto prazo. Diante do exposto, segundo a teoria dos salários rígidos, a curva de oferta agregada de curto prazo tem inclinação positiva porque os salários nominais se baseiam na expectativa de preços e são rígidos (não respondem imediatamente quando o nível de preços é diferente do esperado). Essa rigidez salarial8 faz com que as empresas produzam mais 8 Uma maneira alternativa de verificar a teoria da rigidez salarial é a seguinte, supondo um aumento de preços: quando o salário nominal (W) permanece fixo, um aumento no nível de J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 11 de 114 quando os preços aumentam mais que o preço esperado, e menos quando os preços diminuem para um nível menor que o preço esperado. b) Rigidez de preços A teoria dos preços rígidos pressupõe que os preços de alguns bens e serviços também se ajustam lentamente em resposta às variações das condições econômicas, apresentando, portanto, alguma rigidez. Esse modelo enfatiza que as empresas não ajustam imediatamente os preços que cobram em resposta a variações na demanda e isto ocorre por vários motivos. Assim como os contratos de trabalho, os acordos de compra e venda de produtos podem ser estabelecidos por contratos de longo prazo entre empresas e clientes e, mesmo na inexistência de acordos formais, as empresas podem manter os preços fixos no curto prazo para não incomodar os clientes com mudanças frequentes de preços. Outra razão que explica a rigidez de preços são os custos de menu. Por vezes, ajustar os preços implica custos como, por exemplo, a impressão e distribuição de catálogos, confecção de novas etiquetas de preços, impressão de novos cardápios (nocaso de restaurantes), atualização dos sistemas, atualização da contabilidade, etc. Esses custos de menu fazem com que as empresas ajustem seus preços de modo intermitente (apenas de tempos em tempos), e não de modo contínuo. Agora que já explicamos porque os preços podem ser rígidos no curto prazo (por exemplo, devido aos custos de menu), veremos como isso explica a inclinação positiva da curva de oferta agregada. Suponha que uma empresa anuncie seus preços antecipadamente, com base nas expectativas em relação às condições econômicas para um período seguinte. Então, devido a mudanças nas condições econômicas, o nível de preços da economia acaba sendo menor do aquele esperado. Embora algumas empresas reduzam seus preços imediatamente em resposta às mudanças inesperadas nas condições econômicas, outras podem não fazê-lo, para não incorrer nos custos de menu. Como os preços dessas empresas ficam mais altos, suas vendas declinam. O declínio nas vendas reduzirá os lucros e fará estas empresas que mantiveram os preços rígidos reduzir a produção e o emprego. preços diminui o salário real (W/P), fazendo com que a mão-de-obra fique mais barata. Isso induz as empresas a contratar mais mão-de-obra o que faz com que a produção seja aumentada. Assim, verifica-se uma relação positiva entre nível de preços e produto, fazendo com que a curva de oferta agregada seja inclinada positivamente. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 12 de 114 Em suma, como nem todos os preços se ajustam imediatamente a oscilações da economia, uma queda no nível de preços deixa algumas empresas com preços mais altos, fazendo suas vendas reduzirem. Por conseguinte, a produção e o emprego serão reduzidos nestas empresas com rigidez de preços. Essa associação positiva entre o nível de preços e a produção (uma variável cai, a outra também cai, e vice-versa) leva à inclinação positiva da curva de oferta agregada. c) Informação imperfeita A teoria da informação imperfeita ou percepções equivocadas relaciona a inclinação da curva de oferta agregada de curto prazo como resultado da percepção equivocada dos produtores em relação aos preços da economia. Suponha que o nível geral de preços da economia caia para um nível abaixo do esperado pelas empresas. Se o nível de preços de toda a economia cai, seria natural que isso não afetasse as decisões de produção das empresas, uma vez que não há mudanças nos preços relativos9. No entanto, as percepções equivocadas, fruto da informação imperfeita, podem fazer com que isso não aconteça. Para entender como isso funciona, suponha que haja redução do nível geral de preços. Como nós dissemos, à medida que a redução de preços ocorre na economia como um todo, é de se esperar que isso não afete as decisões de produção, mas um produtor, individualmente, pode enxergar isso de maneira equivocada. Um vendedor de roupas, por exemplo, pode achar que somente os preços de suas roupas caíram. Ou seja, ele pode acreditar que os preços de seus produtos caíram comparados a outros preços na economia (queda de preços relativos). Deste modo, este vendedor pode concluir que produzir roupas não é tão lucrativo quanto antes e, assim, decide reduzir a produção, e essa redução de produção durará até que ele perceba que a redução de preços foi geral, e não somente para os seus produtos. Percepções equivocadas semelhantes ocorrem quando o nível geral de preços sobe. Um produtor, isoladamente, pode achar que somente o preço de seu produto subiu e, assim, pode decidir aumentar a produção. 9 Quando falamos em preços relativos, estamos fazendo alusão à relação de preços. Assim, quando todos os preços da economia caem, não há mudança nos preços relativos, pois todos os preços caem em proporção igual, de forma que todos os agentes permanecem na mesma situação. Assim, uma redução de todos os preços (redução do nível geral de preços) não altera os preços relativos e não deveria estimular alterações na produção. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 13 de 114 Oferta agregada de curto prazo (OACP) Note que, enquanto estas percepções equivocadas não forem corrigidas, os produtores responderão a aumento de preços por meio do aumento de produção; e responderão à redução de preços por meio da redução de produção. Em ambos os casos, a relação entre produção/emprego e preços é positiva, indicando que a curva de oferta agregada será positiva. d) Resumo e equação da curva de oferta agregada de curto prazo Nós vimos então que existem três explicações para a inclinação positiva da curva de oferta agregada de curto prazo: (a) salários rígidos, (b) preços rígidos e (c) percepções equivocadas sobre os preços relativos. Embora essas três explicações difiram em termos de pressupostos, suas implicações em relação ao produto agregado são semelhantes: quando os preços sobem, o produto agregado (oferta agregada) também sobe, e vice-versa. Existe uma equação que resume a curva de oferta agregada de curto prazo. Tal equação coaduna-se com as três teorias que explicam a inclinação positiva da OACP. Segue abaixo a equação: Y = YN + a.(P – PE) Onde “Y” é o produto da economia ou a quantidade ofertada de produto, “YN” é o produto natural (ou produto de pleno emprego – YPE), o parâmetro “a”, que se situa entre 0 e 1, mede a sensibilidade com que o produto reage a alterações de preços, “P” é o índice de preços e “PE” é o índice de preços esperado. Essa equação, que define a curva de oferta agregada de curto prazo, enuncia que os desvios do produto do nível natural (YN) estão relacionados com os desvios do nível de preços (P) em relação ao nível de preços esperado (PE). Se o nível de preços é mais alto que o nível de esperado (P > PE), a produção excede o seu nível natural (Y > YN). Se o nível de preços é mais baixo que o nível esperado, a produção fica aquém da sua taxa natural. A figura 05 evidencia essas conclusões: J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 14 de 114 Preço (P) Oferta agregada de curto prazo (OACP) Figura 5 P=PE YN=YPE Y, renda, produto Y = YN + a.(P – PE) Oferta agregada de longo prazo (OALP) P>PE P<PE Observe que, quando P=PE, a economia se equilibra no nível de produto natural (Y=YN). Como o produto natural é o produto de pleno emprego, nós sabemos que a curva vertical de oferta agregada de longo prazo passará pelo ponto onde temos o produto natural. Produto natural e a taxa de desemprego natural O produto natural, ou produto de pleno emprego, é a situação em que todos os fatores de produção estão empregados ou estão sendo utilizados. Especialmente em relação ao fator de produção mão-de-obra, nós dizemos que o produto natural é o nível de produto em que temos somente a taxa natural de desemprego. Esta taxa, contudo, não significa que todos os trabalhadores estão empregados. Mesmo a uma taxa natural de desemprego (=produto natural=produto de pleno emprego), ainda há trabalhadoressem emprego. Isso ocorre em razão de fatores institucionais ou conjunturais. Por exemplo, pode haver trabalhadores procurando emprego e empresas ofertando vagas, no entanto, não há comunicação suficiente para que estes trabalhadores saibam que há vagas e onde estão essas vagas disponíveis, de forma que eles permanecerão por algum tempo desempregados, em virtude dessa falha de comunicação. Ao mesmo tempo, pode haver trabalhadores “entre empregos”, de forma que ficarão desempregados por alguns dias. Outro exemplo: um trabalhador demitido pode decidir que descansará por alguns meses, “desfrutando” do seguro-desemprego, de forma que estará por algum tempo desempregado, mesmo havendo vagas disponíveis no mercado. Todas essas situações acima narradas representam casos em que há desemprego natural. Veja que políticas de cunho fiscal ou monetário são J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 15 de 114 inofensivas e não servem para reduzir a taxa natural de desemprego. Para reduzi-la, os formuladores de políticas devem buscar políticas que melhorem o funcionamento do mercado de trabalho. Por exemplo, a criação de um banco de dados onde constem informações de vagas e trabalhadores disponíveis, reduzindo o tempo “entre empregos”, poderia diminuir a taxa natural de desemprego e, assim, aumentar o nível do produto natural. Isso deslocaria a curva de oferta agregada de longo prazo para a direita, pois há aumento do produto natural. 2.2.1. Deslocando a curva de oferta agregada de curto prazo Em primeiro lugar, é importante destacar que variações endógenas (renda e preços) provocam deslocamentos ao longo da curva de oferta agregada, ou seja, a curva permanece no mesmo lugar. No item 2.1, nós vimos que alterações na disponibilidade dos fatores de produção (mão-de-obra, capital, recursos naturais) deslocam a curva de oferta agregada de longo prazo. Essa curva é similar à curva de oferta agregada de curto prazo, a diferença está na inclinação. A primeira é vertical, enquanto a segunda é inclinada positivamente. Assim, todos os fatores que deslocam a curva de longo prazo também deslocam a curva de oferta de curto prazo. Por exemplo, quando o governo adota medidas que reduzem a taxa natural de desemprego, aumentando a quantidade do fator de produção mão-de-obra disponível para as empresas, a economia consegue produzir mais bens, portanto, ambas as curvas de oferta agregada (longo e curto prazos) se deslocam para a direita. O único fator que deslocará uma curva e não deslocará a outra é o nível de preços esperados. Conforme vimos, o nível de preços é fator decisivo na curva de oferta agregada de curto prazo e, ao mesmo tempo, não apresenta relevância em relação à curva de longo prazo. Conforme vimos no tópico passado, a quantidade ofertada de produto depende, no curto prazo, dos salários rígidos, dos preços rígidos e da informação imperfeita. Entretanto, salários, preços e percepções (informações) são estabelecidos com base na expectativa quanto ao nível de preços. Assim, quando as expectativas sobre o nível de preços mudam, a curva de oferta agregada de curto prazo se desloca. Um aumento no nível de preços esperados faz com que estes superem o nível de preços “reais” (P<PE), e isto faz com que as empresas diminuam a produção, já que os preços praticados (P) estão abaixo J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 16 de 114 daquilo que eles esperam (PE). Assim, um aumento no nível de preços esperados faz com que a curva de oferta agregada de curto prazo seja deslocada para a esquerda, no sentido da redução de renda. O inverso também é verdadeiro: uma redução do nível de preços esperados faz com os preços “reais” superem os preços esperados (P>PE) e isso estimula as empresas a aumentar a produção, de tal forma que a curva de oferta agregada de curto prazo será deslocada para a direita. Você pode estar se perguntando se isto não contradiz o que afirmamos logo no início do tópico: alteração de preços não desloca a curva de oferta, provoca apenas deslocamento ao longo da curva. A resposta é não. A alteração de preços a que nos referimos, que provoca tão somente alterações ao longo da curva, é a alteração dos preços “efetivos” (P), e não a alteração dos preços esperados (PE). Estes últimos são externos (exógenos) ao modelo, de tal forma que eles deslocarão a curva de oferta agregada como um todo. Segue um quadro com um resumo dos fatores que deslocam a curva de oferta de curto prazo: Fatores que deslocam a curva de oferta agregada de curto prazo: Alterações na disponibilidade de capital; Alterações na disponibilidade de recursos naturais; Alterações da tecnologia; Alterações na disponibilidade de mão-de-obra; Alterações salariais; Alterações dos custos; Alterações no nível de preços esperados. 2.2.2. O caso extremo: rigidez total de preços e salários Em muitos livros, a curva de oferta agregada de curto prazo ainda admite uma terceira versão em que há rigidez total de preços e salários. Nesta versão (que seria aplicada considerando uma espécie de curto prazo ainda mais curto que aquele verificado quando a curva é positivamente inclinada), a curva de oferta agregada é uma reta horizontal10, indicando que o nível de preços permanecerá sempre em P1. Ressalto também que esta curva é denominada de caso keynesiano extremo da curva de oferta agregada. 10 Podemos dizer também que a oferta agregada é infinitamente elástica aos preços. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 17 de 114 Preço (P) Curva de oferta agregada de curto prazo (OACP) horizontal: rigidez total de preços (caso keynesiano extremo). Figura 6 P1 Y OACP Caso keynesiano: curva de OA é horizontal, há rigidez total de preços e se aplica ao curto prazo. Figura 07 P OACP OALP OACP Y Caso intermediário: OA tem inclinação positiva e se aplica ao curto prazo. YPLENO EMPREGO Caso clássico: curva de OA é vertical, a renda é de pleno emprego, os preços são flexíveis, e se aplica ao longo prazo. a) Caso keynesiano b) Caso intermediário c) Caso clássico CURTO PRAZO LONGO PRAZO Assim, podemos resumir as versões da curva de oferta agregada desta maneira: Depois ver a figura 07, você pode se perguntar qual deve ser a curva de oferta deve ser adotada quando uma questão de concurso fala simplesmente em curto prazo. Se a questão não afirmar expressamente que a oferta agregada é infinitamente elástica aos preços, ou é uma reta horizontal, ou há rigidez total de preços e salários, considere que está sendo levada em conta a curva de curto prazo inclinada positivamente, conforme consta em 7b. Se a questão afirmar expressamente que a oferta agregada é infinitamente elástica aos preços, ou é uma reta horizontal, ou há rigidez total de preços e salários, considere que está sendo levada em conta a curva de curto prazo conforme consta em 7a. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBERCARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 18 de 114 Se a questão mencionar que os preços e salários são totalmente flexíveis, ou a curva de oferta é totalmente inelástica aos preços, ou é uma reta vertical, ou se refere ao caso clássico, considere que está sendo levada em conta a curva de oferta de longo prazo, conforme consta em 7c. 3. RESPOSTAS A MUDANÇAS DA DEMANDA AGREGADA Neste item, nós veremos quais as consequências de políticas fiscais e monetárias sobre os preços e renda, a depender do tipo de oferta agregada com que a economia se defronta. Em virtude das várias versões da curva de oferta agregada, as empresas, que são as próprias responsáveis pela oferta agregada, respondem aos acréscimos de demanda agregada11 de três maneiras: i. Aumentando a produção (OA), sem elevar os preços; ii. Aumentando apenas os preços, sem aumentar a produção (OA); iii. Aumentando a produção e os preços. (i) O primeiro caso corresponde a uma situação em que há desemprego de fatores de produção (mão-de-obra desempregada, capacidade ociosa12). Nesta condição, a produção pode aumentar sem que os preços da economia sejam alterados. Essa situação representa a hipótese do modelo keynesiano (onde há desemprego de recursos). Por isto, o trecho da curva de oferta agregada que representa esta situação de preços invariáveis ou totalmente rígidos é denominado de caso keynesiano (figura 08a) e será uma reta horizontal a um nível de preços que é rígido, não muda. (ii) O segundo caso corresponde a uma situação de pleno emprego, onde os fatores de produção já são plenamente utilizados. Nesta situação, a produção não cresce mais em resposta a aumentos da demanda. Como a economia já está no pleno emprego, a curva de oferta agregada será uma reta vertical a um nível de renda de pleno emprego, que não muda em resposta a aumentos da demanda agregada (figura 08c). Essa 11 Lembre-se de que a curva de demanda agregada representa, ao mesmo tempo, as curvas IS (política fiscal) e LM (política monetária). Assim, quando falamos em “resposta a acréscimos de demanda agregada”, entenda também como “resposta a políticas fiscais e monetárias”. 12 Quando falamos que há capacidade ociosa, isto significa que há desemprego de algum(s) do(s) fator(es) de produção. Ou seja, pode haver máquinas, bens de capital ou trabalhadores que deveriam estar sendo usados para produzir, mas que estão ociosos, parados. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 19 de 114 Caso keynesiano: a demanda agregada interfere no nível de renda, mas não no nível de preços. Figura 08 P OACP OALP OACP Y Caso intermediário: a demanda agregada altera a renda e os preços. YPLENO EMPREGO Caso clássico: a curva de demanda agregada altera somente o nível de preços. a) Caso keynesiano b) Caso intermediário c) Caso clássico DA1 DA2 DA1 DA2 DA2 DA1 situação representa a hipótese do modelo clássico (onde a economia está no pleno emprego). Ressalto que, na hipótese (ii), a renda da economia só aumentará se a curva de oferta agregada for deslocada para a direita e, para isto acontecer, é necessário que a disponibilidade dos fatores de produção aumente. (iii) O terceiro caso diz respeito a uma situação intermediária entre os casos keynesiano e clássico, em que alguns setores da economia encontram-se em pleno emprego e outros não. Nesta situação, a curva de oferta agregada terá inclinação positiva (figura 08b) e os aumentos de demanda fazem a renda e os preços da economia aumentarem. No entanto, estes aumentos de renda serão menores que aqueles verificados no caso keynesiano; e o aumento de preços será menor que aquele verificado no caso clássico. Podemos resumir assim os efeitos do aumento de demanda agregada (=adoção de políticas fiscais e/ou monetárias expansivas) sobre os preços e renda da economia: Curva de oferta agregada Aumento de demanda agregada causa: Horizontal (rigidez total de preços) Aumento da renda, somente. Positivamente inclinada (rigidez de preços) Aumenta da renda e dos preços. Vertical (preços flexíveis e economia no pleno emprego) Aumento dos preços, somente. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 20 de 114 Nota lembro mais uma vez que, em questões de prova, caso a banca não seja específica sobre qual a curva de oferta agregada de curto prazo considerar (reta horizontal ou positivamente inclinada), use o caso intermediário, em que a curva é positivamente inclinada. 4. O EQUILÍBRIO ENTRE DA e OA Neste tópico, a ideia é a mesma apresentada na aula passada, quando estudamos o modelo IS-LM e suas curvas. Para descobrirmos qual será o efeito de alguma política ou algum acontecimento sobre a renda e os preços, devemos saber trabalhar com as curvas de demanda e oferta agregada. O roteiro de raciocínio é este: 1 – primeiro, verifique se o acontecimento ou política adotada afeta (desloca) a curva DA ou a curva OA. Já debatemos os fatores que deslocam cada curva. 2 – segundo, verifique qual a curva de oferta agregada a ser usada, se de curto prazo ou longo prazo. Caso seja de curto prazo, identifique se é a curva horizontal ou a curva positivamente inclinada. 3 – depois, verifique para onde serão deslocadas as curvas. Isto é, se o acontecimento desloca a curva DA ou OA para a direita ou para a esquerda. 4 – após deslocar a(s) curva(s), verifique por si só o novo ponto de equilíbrio e as consequências sobre o novo índice de preços e o novo nível de renda/emprego da economia. Para treinar, verifiquemos alguns exemplos, contextualizando com a economia brasileira. Nota em todos os casos, utilizaremos a curva de oferta agregada de curto prazo e positivamente inclinada, que é o caso normal. Em questões de concursos, o procedimento deve ser o mesmo caso não seja dito expressamente que se deve adotar outra curva de oferta. Exemplo 1: Política fiscal expansiva Durante a década de 50, o descontrole fiscal (excesso de gastos do governo) foi uma das características do(s) governo(s) brasileiro. Qual era o efeito desse excesso de gastos do governo sobre o nível de preços e renda da economia? J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 21 de 114 Novo equilíbrio Figura 09 Equilíbrio inicial OA OA P E2 E1 PE2 PE1 E1 PE1 DA2 DA1 DA1 YE1 YE1 YE2 Y Novo equilíbrio Equilíbrio inicial OA Figura 10 OA P E1 E2 PE1 E1 PE1 PE2 DA1 DA1 DA2 YE1 YE2 YE1 Y Os altos gastos do governo (G) deslocam a curva DA para a direita. Note que, ao deslocarmos a curva DA para a direita, obrigatoriamente, deslocamo-la também para cima. No nosso gráfico acima, isto está representado pelo deslocamento de DA1 para DA2. Como resultado deste deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2, onde temos novo índice de preços de equilíbrio PE2 e nova renda de equilíbrio YE2. Conclusão: o excesso de gastos do governo (política fiscal expansionista) provocou aumento dos preços e aumento do nível de emprego. Exemplo 2: Políticafiscal restritiva Durante o primeiro mandato FHC, a prioridade do governo era a redução do índice de preços. Para isso, ele adotou uma política fiscal restritiva, reduzindo os gastos públicos e aumentando a tributação. Qual o efeito desta política fiscal restritiva em relação ao nível de preços e o nível de emprego da economia? J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 22 de 114 Figura 11 Equilíbrio inicial OA2 OA1 OA1 P PE2 E2 E1 PE1 E1 PE1 DA DA YE2 YE1 YE1 Após o aumento da tributação e redução de gastos públicos, a curva DA será deslocada para a esquerda (de DA1 para DA2). Observe que, ao deslocarmos a curva DA para a esquerda, inevitavelmente, temos que deslocá-la também para baixo. Isto é um movimento natural, provocado pela inclinação da curva DA, que é decrescente. Como resultado deste deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2, onde temos novo índice de preços PE2 e novo nível de emprego de equilíbrio YE2. Conclusão: a política fiscal restritiva provoca redução dos preços e redução do nível de emprego. Veja que o sucesso da política de controle dos preços do governo FHC exigiu um sacrifício em termos do nível de emprego. Os preços foram reduzidos, mas o emprego também. Exemplo 3: Crise internacional do petróleo Na década de 80, os países membros da OPEP13 decidiram elevar abruptamente o preço do barril de petróleo. Considerando as curvas DA e OA do Brasil e também o fato que o Brasil, na época, era importador do insumo, qual o efeito deste acontecimento para os preços e emprego no Brasil? O fato de um insumo importante como o petróleo haver aumentando de preço (choque adverso de oferta) pressiona para cima os custos das empresas. Isso deslocará a curva OA para a esquerda. Observe que, pelo fato da curva OA ser positivamente inclinada, ela será deslocada não só para a esquerda, mas também para cima (de OA1 para OA2). Como resultado deste deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2, onde temos novo índice de preços e nova renda de equilíbrio, PE2 e YE2, respectivamente. Conclusão: o aumento de custos de produção provoca aumento dos preços e redução do nível de emprego. 13 Organização dos países exportadores de petróleo. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 23 de 114 Novo equilíbrio OA1 OA1 Equilíbrio inicial Figura 12 P OA2 E1 PE1 E1 PE1 PE2 E2 DA DA YE1 YE1 YE2 Esta situação, que representa o que existe de pior para uma economia (aumento de preços e redução do emprego), é chamada de estagflação. A palavra é uma combinação dos termos “estagnação” e “inflação”. Exemplo 4: Clima favorável propicia safra recorde na agricultura Neste ano (2010), o clima propício nas regiões de plantio foi um dos fatores que favoreceu a safra recorde de soja e de vários outros produtos agrícolas. Qual a consequência para os preços vigentes e para o nível de renda da economia? A safra recorde na agricultura aumenta a disponibilidade de fatores de produção, pois há aumento da quantidade de recursos naturais disponíveis. Isso provoca o deslocamento para a direita da curva OA. Observe que, pelo fato da curva OA ser positivamente inclinada, ela será deslocada não só para a direita, mas também para baixo (de OA1 para OA2). Como resultado deste deslocamento, temos um novo ponto de equilíbrio E2, onde temos novo nível de preços e novo nível de renda, PE2 e YE2, respectivamente. Conclusão: o aumento na disponibilidade de fatores de produção provoca redução do nível de preços e aumento do nível de emprego. Exemplo 5: Excessiva alta nos preços de ações na bolsa de valores Entre 2003 e 2008, o mercado de ações brasileiro registrou um boom, e os preços das ações aumentaram vertiginosamente. Qual o efeito desse boom sobre o nível de preços e emprego? J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 24 de 114 Novo equilíbrio Figura 13 Equilíbrio inicial OA OA P E2 E1 PE2 PE1 E1 PE1 DA2 DA1 DA1 YE1 YE1 YE2 Y Quando o mercado de ações fica superaquecido, as famílias enriquecem e essa maior riqueza estimula as despesas de consumo (C). Além disso, um aumento no preço das ações estimula as empresas a venderem as suas participações em forma de ações, o que as faz arrecadar dinheiro dos acionistas para ser usado em gastos de investimento (I). Por esses dois motivos, um mercado de ações em alta expande a demanda agregada por bens e serviços, de tal forma que a curva DA é deslocada para a direita e para cima. Os efeitos desse aumento da DA são vistos na figura 13 e são idênticos àqueles vistos no exemplo 01. 5. TÓPICO ESPECIAL: A NEUTRALIDADE DA MOEDA Quando o governo aumenta a oferta de moeda na economia, ele adota política monetária expansiva, que desloca a curva DA para a direita e para cima. Se considerarmos o curto prazo, em que a curva de oferta agregada é inclinada positivamente, este aumento da oferta de moeda aumentará os preços e a renda da economia. No entanto, se considerarmos o longo prazo, em que a curva de oferta agregada é vertical, o aumento da oferta de moeda aumentará os preços, mas não alterará o nível de emprego da economia. Neste caso, os economistas dizem que o papel moeda é neutro14. 14 Quando falamos em neutralidade da moeda, nossa intenção é discutir especificamente o seu papel sobre a renda ou nível de emprego da economia. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 25 de 114 Figura 14 OALP OACP P YE2 DA2 DA1 DA1 YE1 YPE Y DA2 a) No curto prazo, o aumento da oferta de moeda aumenta o emprego. b) No longo prazo, o aumento da oferta de moeda é neutro (não altera o emprego). Percebe-se então que o papel da moeda, em longo prazo, é neutro. 6. OS CHOQUES Em alguns livros (e também em questões de prova!), as variações econômicas que provocam deslocamentos das curvas de demanda e oferta são chamadas de choques econômicos. Um choque que desloca a curva de demanda agregada é chamado de choque de demanda, enquanto um choque que desloca a curva de oferta é chamado de choque de oferta. Para fins de concursos, o choque de oferta é o que nos apresenta alguma relevância. Um choque de oferta é um choque que ocorre na economia e que altera o custo da produção de bens e serviços e, consequentemente, altera os preços que as empresas cobram. Uma vez que exercem um impacto direto no nível de preços, os choques de oferta são também chamados de choques de preços e se dividem em dois tipos: Choque adverso (negativo) de oferta: há redução da oferta ou produção das empresas e consequente aumento de preços; Choque favorável (positivo) de oferta: há aumento da oferta ou produção da empresa e consequente redução dos preços.J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 26 de 114 Seguem alguns exemplos de choques de oferta (ou choques de preços): Aumento do preço internacional do petróleo (como o ocorrido em 1973) choque adverso de oferta desloca a curva de OA para a esquerda e/ou para cima provoca aumento de preços e redução do emprego (estagflação); Aumento de poder dos sindicados tendência de aumento dos salários dos trabalhadores, aumentando os custos das empresas choque adverso de oferta desloca a curva de OA para a esquerda e/ou para cima provoca aumento de preços e redução do emprego; Longo período de estiagem, reduzindo a oferta de alimentos tendência de aumento dos preços dos alimentos choque adverso de oferta desloca a curva de OA para a esquerda e/ou para cima provoca aumento de preços e redução do emprego; Descoberta de um novo campo de petróleo e imediata extração e venda do mesmo tendência de redução de preços do produto e de custos para as empresas choque favorável de oferta desloca a curva de OA para a direita e/ou para baixo provoca redução dos preços e aumento do emprego. Nota em questões de prova, se for mencionado apenas que houve um choque de oferta, sem especificar se foi adverso ou favorável, considere como sendo um choque adverso. 7. INFLAÇÃO A inflação pode ser definida como o processo persistente de aumento do nível geral de preços, resultando na perda de poder aquisitivo da moeda, de tal modo que sua função de reserva de valor fique prejudicada. De forma inversa, a redução generalizada dos preços é definida como deflação. É importante ressaltar que o aumento do preço de um bem ou um grupo específico de bens não pode ser definida como inflação, pois esta significa um aumento generalizado dos preços, incluindo a maioria dos bens da economia. Quando os aumentos de preços são pequenos, a inflação é moderada ou rastejante; se são muito grandes, diz-se que temos hiperinflação. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 27 de 114 Não há um consenso sobre um valor padrão a partir do qual se possa definir que uma economia15 está ou não em um regime de hiperinflação. De forma geral, podemos dizer que a hiperinflação ocorre quando a perda de poder aquisitivo da moeda é tão grande que as pessoas simplesmente abandonam aquela moeda, preferindo utilizar outro instrumento de meio de pagamento (moeda estrangeira, títulos, bens “físicos”, etc) tendo em vista que a moeda já não possui, em nenhum grau, a característica de reserva de valor. É importante diferenciarmos inflação de aceleração inflacionária. A primeira representa uma situação em que os preços sobem, e essa subida de preços pode ser a taxas constantes ou crescentes. Por exemplo, suponha que, no mês 1, a inflação tenha sido de 5%. No mês 2, 5% novamente. No mês 3, mais 5%. Nestes três meses, nós podemos dizer que a inflação esteve estável (5% a.m.), pois o aumento de preços ocorreu a taxas constantes. Veja que estamos dizendo que a inflação esteve estável, mas não os preços. Estes subiram todos os meses. Por outro lado, quando temos aceleração inflacionária, a taxa de inflação cresce a taxas crescentes. Por exemplo, no mês 1, a inflação é 5%. No mês 2, a inflação é de 10%. No mês 3, 15%. Nestes três meses, houve aceleração inflacionária, que representa um desequilíbrio bastante grave e deve ser combatido tão cedo quanto seja possível. 7.1. Tipos de inflação Os dois principais tipos de inflação são: a inflação de demanda e a inflação de custos. A inflação de demanda acontece quando temos excesso de demanda agregada sobre a oferta agregada, ou seja, temos mais pessoas consumindo bens e serviços do que há de oferta destes. A inflação de demanda sempre acontece quando há aumento da demanda agregada, fazendo com que a curva de DA se desloque para a direita e para cima, fazendo elevar os preços por inflação de demanda. 15 No livro de macroeconomia do autor N. Gregory Mankiw, é colocado um valor padrão de inflação de 50% ao mês, como o patamar a partir do qual podemos considerar que a economia está sob os efeitos de uma hiperinflação. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 28 de 114 Figura 15 Equilíbrio inicial OA OA P E2 E1 P2 P1 E1 P1 DA2 DA1 Y1 Y1 Y2 Y DA1 Na figura 15, nós vemos um exemplo de como funciona a inflação de demanda. O aumento da demanda agregada desloca a curva de DA para a direita (de DA1 para DA2), aumentando a renda e o nível de preços. Vale ressaltar que esse aumento da demanda agregada pode ser ocasionado tanto pela política fiscal quanto pela política monetária, já que a curva de demanda agregada representa os dois lados da economia (lado real e monetário). Assim, você deve entender políticas expansionistas (sejam fiscais ou monetárias) são consideradas inflacionárias (inflação de demanda), exatamente por deslocarem a curva DA para cima, fazendo aumentar os preços. A forma de contenção desta inflação é a execução de políticas monetária e/ou fiscal restritivas, de forma a trazer novamente a curva de DA para a esquerda e para baixo. O lado negativo desta linha de ação é a redução da renda e/ou do nível de emprego. A inflação de custos (inflação de oferta), por outro lado, está intimamente ligada à curva de oferta agregada e ocorre quando há uma diminuição da oferta de bens e serviços causada por elevação nos custos de produção. Exemplos: aumentos dos salários dos trabalhadores devido a fortes sindicatos, aumento dos preços insumos e/ou matérias-primas, etc. A inflação de custos tem dois efeitos perversos, o primeiro deles é o aumento do nível geral de preços, o segundo é a redução do nível de emprego. Esta situação de aumento do desemprego e ocorrência de inflação é o que chamamos de estagflação. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 29 de 114 Figura 16 Equilíbrio inicial OA2 OA1 OA1 P P2 E2 E1 P1 E1 P1 DA DA Y Y2 Y1 Y1 No figura 16, nós observamos a ocorrência do triste fenômeno da estagflação (recessão + inflação), que é causado pela redução da oferta agregada provocada por um aumento nos custos de produção. Além destes dois tipos de inflação, temos também a inflação inercial, que deriva do processo de indexação. A indexação e, por conseguinte, a inflação inercial ocorrem quando os agentes, no intuito de se proteger dos efeitos da inflação futura, remarcam os preços e salários baseados na inflação passada, provocando, assim, um círculo vicioso de inflação. Um exemplo desta situação, e que vivemos nos dias de hoje, ocorre nos contratos de aluguel, que são reajustados de acordo com o IGP-PM16 dos últimos 12 meses. Neste caso, o aluguel é reajustado com base na inflação passada, o que faz com que ele, na maioria das vezes, seja sempre reajustado, o que realimenta a inflação.O fenômeno da indexação é bem conhecido dos brasileiros entre os anos 70 e 90 e, de fato, uma economia pode ter altas taxas de inflação sem qualquer razão “real” para isso. Basta que os agentes, na tentativa de se proteger, remarquem os preços com base na inflação passada. Naturalmente, a taxa de inflação nunca cairá. Mário Henrique Simonsen, eminente economista brasileiro, em alusão à inflação inercial brasileira de tempos atrás, certa vez disse: “o diabo é que nossa inflação não é de demanda ou de custo. É inflação de chuchu mesmo.” Por último, segundo a concepção estruturalista da inflação, temos a inflação estrutural17, que supõe que as causas da inflação em países subdesenvolvidos são essencialmente de caráter estrutural. Por exemplo, 16 É um dos muitos índices de preços existentes na nossa economia. 17 Ela pode ser considerada também um tipo de inflação de custos. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 30 de 114 a agricultura e indústria subdesenvolvidas tendem a produzir pouco e a custos maiores, o que provoca alta dos preços. A estrutura oligopólica de alguns mercados também é causa de inflação estrutural, pois estas firmas dominantes têm bastante poder de aumentar os preços dos seus produtos, no intuito de aumentar ainda mais sua margem de lucro. Segundo essa corrente, o combate à inflação deve ser feito principalmente por meio de reformas estruturais e pelo controle dos setores oligopolizados. Em economias inflacionárias, identificar a causa da inflação parece ser uma das difíceis e importantes tarefas da equipe econômica. Se há um regime inflacionário, e as autoridades não conseguem diagnosticar corretamente o tipo de inflação ou as suas causas, naturalmente, qualquer plano econômico voltado para o seu combate estará fadado ao insucesso. No Brasil da segunda metade dos anos 80, por exemplo, os vários planos econômicos existentes partiram do pressuposto que a inflação brasileira tinha caráter essencialmente inercial, quando, na verdade, a inflação tinha outras causas. A indexação era apenas um sintoma, uma forma de conviver sem dor com a inflação, um jeitinho brasileiro. A inflação, segundo grande parte dos economistas, era de demanda, de tal maneira que a forma de combate deveria primar pela adoção de políticas fiscais/monetárias restritivas. Um dos motivos pelos quais o Plano Real obteve sucesso no controle inflacionário foi o acertado diagnóstico das causas da inflação brasileira. Segundo a equipe econômica liderada por FHC, a inflação brasileira era essencialmente de demanda, e era causada principalmente pelo desajuste das contas públicas (excesso de gastos públicos). Por isso, o ajuste fiscal (reforma da previdência, reforma administrativa, LRF, privatizações) foi uma das principais bandeiras do governo FHC, pois o controle da inflação passava irremediavelmente por este controle das contas públicas. 7.2. Consequências da inflação Por que a inflação é um problema? Por que o seu controle é um objetivo da política macroeconômica dos governos? A resposta é simples: a inflação provoca grandes distorções na economia de mercado. O primeiro efeito é provocar distorções na alocação de recursos da economia, uma vez que os preços relativos deixam de ser sinalizadores da escassez e dos custos relativos de produção. Deixe me explicar melhor: sem inflação, sabe-se que um produto custa, digamos, J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 31 de 114 R$ 10,00 e outro custa R$ 20,00 reais; o preço relativo desses produtos é ½. Os agentes tomam decisões baseadas nessa relação de preços entre os produtos (quando alguém compra algo, ele compara o preço tomando por base os preços de outros bens para saber se aquele bem desejado está no preço adequado). Com a inflação elevada, a noção de preços relativos é abalada. O papel dos preços relativos, de indicar excesso de demanda ou de oferta (produção), deixa de existir, comprometendo a alocação eficiente dos recursos do mercado. A inflação também desincentiva a ação de investir, uma vez que os agentes terão dificuldades para prever o retorno dos investimentos, devido à instabilidade dos preços no futuro. Há também séria perturbação do mercado financeiro. Imagine que uma determinada pessoa empreste R$ 1.000,00 a outra, cobrando uma taxa de juros de 50% ao ano. Ao final do ano, receberá, portanto, R$ 1.500,00. Entretanto, se a economia tiver altos níveis inflacionários (mais de 50%, por exemplo), o emprestador poderá não conceder o empréstimo, pois, dependendo de como a inflação se comportar, o valor que ele receberá depois da operação significará perda de poder aquisitivo, em vez de ganho. Assim, fica claro que a existência da inflação torna muito difícil a operação no mercado de capitais, inviabilizando financiamentos de médio e longo prazos. Isto compromete seriamente os investimentos privados e o crescimento de longo prazo da economia. Há grande tendência para que os poupadores façam aplicações em ativos reais (ativos tangíveis, como imóveis, ouro, terrenos, moeda estrangeira, etc) e fujam dos ativos financeiros, na tentativa de proteger o seu patrimônio contra a desvalorização da moeda. Desta forma, o financiamento dos investimentos via sistema bancário/financeiro fica bastante prejudicado. Outro efeito são os distúrbios sobre a distribuição de renda, uma vez que, com a inflação, a média dos preços está subindo, mas acontece que os preços dos produtos sobem mais rapidamente que os salários. Assim, a inflação provoca uma redistribuição de renda em favor do setor produtivo, em detrimento da classe assalariada. Vale a penar citar uma frase do ex-presidente José Sarney, responsável por meia dúzia de planos de combate à inflação que não deram certo: "A inflação é o pior inimigo da sociedade. Ela castiga os mais pobres, os que não têm instrumento de defesa contra seus terríveis efeitos. Ela não confisca apenas o salário: confisca o pão." O governo também perde poder aquisitivo com a inflação, pois esta corrói o valor da arrecadação fiscal pela defasagem entre o fato gerador dos impostos, o recolhimento dos mesmos e a efetiva utilização da receita fiscal pelo governo. Este fenômeno é conhecido como efeito J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 32 de 114 Oliveira-Tanzi. Ao mesmo tempo, o governo tem dificuldades para obter financiamento, já que os agentes do mercado, em ambientes inflacionários, fogem do mercado financeiro18, preferindo ativos reais. Ainda em relação à arrecadação do governo, destacamos o efeito inverso ao destacado por Oliveira e Tanzi. A contração de despesas em um momento e o seu pagamento em momento posterior provoca uma relevante redução real dos gastos públicos. Esse é o efeito Patinkin. A inflação funciona também como um imposto sobre as pessoas que detêm moeda, reduzindo o poder aquisitivo das pessoas e aumentando a arrecadação do governo. Deixe-me explicar melhor: em regimes inflacionários, o governo deve a todo o momento emitir mais moeda (senhoriagem19) a fim de que os agentes possam realizar as suas transações. Imagine uma situação em que a inflação mensal de um país tenha sido, porexemplo, de 30% ao mês. Se a autoridade monetária deste país não emitir mais moeda, com certeza, faltará dinheiro na economia, devido ao fato de que os mesmos bens e serviços exigem, para o seu consumo, 30% a mais de moeda. Acontece que, quando o governo emite moeda, tal emissão, por si só, provoca inflação20. Por sua vez, quando o governo emite a moeda, o dinheiro “fabricado”, obviamente, não é distribuído aos cidadãos, ele fica sob a posse do governo para ele gastar com o quiser (receita de senhoriagem). Desta forma, nós temos o seguinte: em virtude da inflação, o governo emite moeda, e tal emissão de moeda provoca duas coisas: perda de poder aquisitivo da população (via aumento da inflação) e aumento de recursos à disposição do governo (em virtude da emissão monetária). A esse mecanismo de transferência de renda da população para o governo, os economistas dão o nome de imposto inflacionário. Milton Friedman, o principal estudioso do “monetarismo”, prêmio Nobel de Economia em 1976, disse de forma bastante apropriada: "Inflação é a única forma de taxação que pode ser imposta sem legislação." Veja que, sob o ponto de vista das contas públicas, a inflação, por um lado, corrói o poder aquisitivo do Estado via efeito Oliveira-Tanzi; por outro lado, aumento o poder aquisitivo via imposto inflacionário e, por fim, reduz os gastos públicos via efeito Patinkin. Alguns estudos empíricos 18 Os agentes, de forma geral, não comprarão títulos da dívida pública em virtude da possibilidade dos juros desses papéis serem inferiores à taxa de inflação do período. 19 É a receita do governo auferida por meio da emissão de moeda. O termo tem origem na idade média, onde o senhor feudal tinha o direito exclusivo de cunhar moeda no âmbito de seu feudo. 20 Doutrinariamente, é aceito que o crescimento da quantidade de moeda na economia causa a inflação. Esta afirmação guarda íntima relação com a teoria quantitativa da moeda, aprendida na aula 05. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 33 de 114 afirmam que períodos inflacionários tornam mais fáceis o “fechamento” das contas públicas. Isto tem o lado negativo de incentivar o desajuste das contas públicas, pois o governo se acostuma a gastar um dinheiro que só é gerado graças às distorções provocadas pela inflação. Assim, percebemos que a inflação serve como um incentivo ao descontrole das contas públicas. Por isso, é difícil acabar com regimes inflacionários, pois o governo deve se acostumar rapidamente a gastar muito menos recursos. Conforme nós vimos, o imposto inflacionário transfere renda dos cidadãos para o governo. Mas como será que os cidadãos se protegem do imposto inflacionário? A resposta não é tão difícil: basta que eles mantenham seu dinheiro em aplicações no banco, rendendo juros. Desta forma, não haverá perda de poder aquisitivo, pois os preços aumentam, mas o estoque de riqueza depositado no banco também aumenta. No entanto, manter o dinheiro depositado no banco implica custos. Por exemplo, suponha que você, na tentativa de manter o poder aquisitivo do seu estoque de dinheiro, decida realizar um grande número de saques de pequeno valor no caixa eletrônico em vez de um pequeno número de saques de grande valor (por exemplo, 15 saques de R$ 50,00 em vez de 03 saques de R$ 250,00). Esse ato de ir constantemente ao banco sacar dinheiro, no intuito de reduzir a quantidade de moeda em sua carteira implica custo às pessoas. Os economistas, em um impressionante lampejo de criatividade, denominam tal custo de custo de sola de sapato, em alusão ao fato de que a ação de ir e vir do banco a todo o momento provoca gastos na sola do seu sapato. A “bagunça” gerada pela inflação também provoca confusão na cabeça dos agentes, gerando custos de transação. Estes custos são representados pelo tempo que as pessoas perdem para saber o preço (e o preço relativo) dos bens e serviços e pelo tempo que as empresas perdem definindo e remarcando os preços (custos de menu). A elaboração de contratos também é mais complicada, pois os agentes, na tentativa de se proteger da perda de poder aquisitivo, colocam cláusulas de correção automática dos preços de acordo com a inflação passada, dando origem ao fenômeno da indexação, que é o reajuste de preços baseado na inflação passada, o que tende a perpetuar a inflação permanentemente no tempo. Por último, cabe destacar que a inflação ainda desestabiliza as contas externas, provocando déficits no Balanço de Pagamentos. Os altos preços dos produtos internos tornarão os produtos nacionais menos competitivos no exterior, reduzindo as exportações. De maneira análoga, a alta inflação torna os produtos nacionais menos competitivos frente aos importados, o que faz aumentar as importações. Além desse efeito na balança comercial, a alta inflação e a rápida perda de poder J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 34 de 114 aquisitivo da moeda nacional podem levar os agentes a buscarem a moeda estrangeira como reserva de valor. Essa busca pela moeda estrangeira, associada aos déficits na balança comercial, poderá trazer problemas para equilibrar o balanço de pagamentos (equilíbrio das contas externas). Segue um quadro resumindo as inúmeras distorções provocadas pela inflação: Consequências da inflação: Distorções na alocação de recursos; Desincentiva os investimentos; Distúrbio na distribuição de renda, provocando tensão social; Alterações nas contas públicas (efeitos Oliveira-Tanzi, Patinkin); Transferência de renda das pessoas para o governo via imposto inflacionário; Custo de sola de sapato; Custos de transação; Custos de menu; Indexação; Desequilíbrio externo. 8. CURVA DE PHILLIPS A curva de Phillips mostra a relação entre o desemprego e a inflação. Seu nome é em homenagem ao economista William Phillips, que descobriu que havia, no curto prazo, uma correlação negativa21 entre a taxa de desemprego e a taxa de inflação. Isto é, níveis baixos de desemprego significavam alta inflação, e baixa inflação significava alto desemprego. A curva de Phillips sugere que os formuladores de políticas econômicas enfrentam um trade-off22 de curto prazo entre inflação e desemprego. Assim, ao alterarem as políticas fiscais e monetárias para influenciar a demanda agregada, o governo pode escolher qualquer ponto da curva. Na figura 17, por exemplo, o ponto B oferece alto desemprego e baixa inflação. O ponto A oferece baixo desemprego e alta inflação. Ainda que o governo prefira baixa inflação com baixo desemprego, isso não é possível, em virtude do trade-off existente entre inflação e desemprego. 21 Esta correlação negativa implica que a inclinação da curva de Phillips será negativa no curto prazo. 22 Em economia, um trade-off significa um dilema, uma escolha que deve ser feita. Ou se escolhe uma coisa, ou se escolhe outra, abrindo mão da escolha que não foi feita. J a c q u e l i n e F e r r e i r a , C P F : 0 3 1 8 3 6 3 0 4 6 0 Aula 07 CURSO ON-LINE – TEORIA E EXERCÍCIOS MACROECONOMIA – CURSO REGULAR PROFESSOR HEBER CARVALHO Prof. Heber Carvalho www.pontodosconcursos.com.br 35 de 114 Taxa de inflação (π) – em % ao ano Curva de Phillips de curto prazo: trade-off entre inflação e desemprego. 5% A Figura 17 B
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