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CAPÍTULO 2 Valorização dos Profissionais da Educação A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Analisar o papel do financiamento da educação na garantia do direito à educação para todos. 3 Compreender a estrutura e as bases do financiamento da educação brasileira. 3 Identificar as ações políticas, administrativas e financeirasda gestão pública e sua repercursão no processo educacional brasileiro. 40 Políticas e Gestão Educacional 41 Valorização dos Profissionais da Educação Capítulo 2 Um dos principais indicadores que resumem a realidade econômica do país é o PIB (Produto Interno Bruto) cujo indicador é a mensuração de todos os bens e serviços, ou seja, o PIB constitui toda a riqueza produzida. contExtualização Caro pós-graduando, conforme abordamos no capítulo anterior, por ser a educação um direito de todos, existem dispositivos legais que asseguram meios e recursos no seu desenvolvimento e manutenção. O governo, regime de colaboração entre os entes federados, desenvolve programas com o intuito de garantir o acesso, a permanência e a qualidade, bem como lança mão de políticas públicas centradas na captação de recursos financeiros para o financiamento da educação básica. Lembre-se de que no capítulo 1 foi abordada a Lei do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica, desde sua origem, implantação e distribuição das receitas, ou seja, os pontos principais de Emenda Constitucional 53, de 2006, que instituiu o FUNDEB- Fundo e Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - em substituição ao FUNDEF. Além disso, a Lei do FUNDEB também faz menção ao Piso salarial nacional para o magistério da rede pública e estende o Salário-Educação para toda a educação básica pública. Tratam-se, portanto, de fontes adicionais de financiamento, que beneficiam todos os segmentos da educação básica; da creche ao ensino médio, inclusive o ensino de jovens e adultos e a educação especial, assunto de que trataremos neste capítulo, bem como questões referentes às verbas para educação Federal, Estadual e Municipal. Para saber mais sobre o assunto, pesquise em: DOURADO, Luiz Fernandes et. al. Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil. Programa de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, 2006. Também disponível em: www. portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/cad 7.pdf O Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece que o Brasil aumente de 5% para 7% o investimento em Educação Básica, cujo recurso provém do Produto Interno Bruto (PIB). Esse indicador representa o total dos valores monetários de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região do país, estados ou municípios, durante o mês, trimestre ou ano, cujo objetivo mensura a atividade, entre elas a econômica. Um dos principais indicadores que resumem a realidade econômica do país é o PIB (Produto Interno Bruto) cujo indicador é a mensuração de todos os bens e serviços, ou seja, o PIB constitui toda a riqueza produzida. 42 Políticas e Gestão Educacional A DRU estipula que 20% das receitas da União do país ficam desvinculadas das destinações fixadas na Constituição, ou seja, essas contribuições sociais não precisam ser gastas nas áreas de saúde, assistência social ou previdência social, mas, somente na Educação. Gráfico 2 - Evolução do PIB do Brasil nos últimos anos (2002 a 2011) Fonte: Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/ economia/pib_brasil.htm>. Acesso em: 15 set. 2012. O dinheiro que financia a Educação deriva de duas fontes principais. A primeira, responsável por cerca de 20% do total, é o Salário-Educação, uma contribuição social feita pelas empresas ao governo com valor correspondente a 2,5% da folha de pagamento anual. A segunda, que soma 80%, deriva dos impostos, que são convertidos em orçamento municipal, estadual ou federal. No caso brasileiro, de cada 100 (cem) reais vestidos em políticas sociais, 16 (dezesseis) vão para a Educação. Contudo, estão isentos dessa contribuição a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, autarquias, fundações, instituições públicas, escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, organizações hospitalares e de assistência social. Tais recursos fazem menção à Emenda Constitucional 59, de 11 de novembro 2009, que, além de ampliar a faixa etária de obrigatoriedade da educação básica brasileira, estabeleceu o fim gradativo da DRU - Desvinculação das Receitas da União, em que os recursos enfatizam o compromisso da União para com a Educação, conforme previsto no texto original da Constituição Federal de 1988, a partir de 2011. EntEndEndo a dEsVinculação das rEcEitas da união – dru A DRU estipula que 20% das receitas da União do país ficam desvinculadas das destinações fixadas na Constituição, ou seja, essas contribuições sociais não precisam ser gastas nas áreas de saúde, assistência social ou previdência social, mas somente na Educação. 43 Valorização dos Profissionais da Educação Capítulo 2 A partir do ano de 1994, com a estabilização da economia, o governo federal instituiu o Fundo Social de Emergência (FSE) e, em 1996, aprovou o Fundo de Estabilização Fiscal (FEF). Esses mecanismos permitiam ao governo destinar certo percentual arrecadado para gastos de acordo com os seus próprios interesses, e não para o qual aquele determinado imposto era arrecadado. Isso porque existem diversos tipos de gastos que são quase impossíveis de serem diminuídos, tais como os gastos com pessoal, da previdência social, dos juros da dívida pública etc. Em razão disso, em 2000 foi aprovada a Desvinculação de Recursos da União (DRU), com o objetivo de aumentar a flexibilidade para que o governo pudesse dispor de recursos do orçamento para despesas de maior prioridade e permitir a geração de superávit nas contas, elemento fundamental para controlar a inflação. Posteriormente, a DRU foi prorrogada em 2003 e em 2007 e, a princípio, com vigência até 2011. Todavia, com o intuito de manter a governabilidade, o Executivo Federal editou a PEC Proposta de Emenda à Constituição nº 61, propondo nova prorrogação da DRU, que mantinha o fim da desvinculação desses recursos, em consonância com a EC nº 59, de 2009, cujo mecanismo maneja livremente até 20% da arrecadação tributária brasileira. Há que se ressaltar que a DRU pretendia adequar de forma mais eficiente as alocações dos recursos do governo, permitindo gastos, conforme a sua conveniência, de 20% da sua receita. Entretanto, excluiu receitas referentes ao Imposto de Renda (IR), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Impostos sobre Propriedade Rural (IPTR) e Impostos sobre Operações Financeiras (IOF), receitas estas que estavam vinculadas à Declaração Simplificada de Exportação (DSE) e ao Fundo de Estabilização Fiscal (FEF). Atividade de Estudos: 1) Elabore um conceito sobre a Desvinculação de Recursos da União (DRU) e sua aplicabilidade. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 44 Políticas e Gestão Educacional É preciso que compreendamos que a Desvinculação de Recursos da União (DRU) ocorreu em algumas regras estipuladas pela Constituição de 1988. A primeira se refere à divisão do orçamento do GovernoFederal em duas partes: o orçamento fiscal, que contém seus próprios gastos, e o orçamento da seguridade social, que envolve as atividades do governo nas áreas de saúde, assistência social e previdência social. Ambas explicitam uma manobra de governabilidade: ainda que aumentasse a arrecadação, para promover uma redução do déficit público e pagamento da dívida pública, através dos impostos, parte da receita arrecadada seria dividida com estados e municípios, restando em torno de 50% da receita adicional nos cofres da União. Na época, foi utilizado o argumento de que, segundo Ednir e Bassi, era “ [...] preciso sanear as finanças da Fazenda Púbica Federal [...] e estabilizar a economia” (2009, p. 48). Além disso, se o governo elevasse as contribuições sociais, estas deveriam ser direcionadas para os gastos com saúde, assistência social e previdência, não havendo a possibilidade de utilizar a nova receita para o pagamento da dívida pública. Nessa perspectiva, a Constituição, além de dividir o orçamento em duas partes, também estipulou tributos para cada um dos orçamentos, sendo que: • Para o orçamento fiscal são destinados os impostos que incidem sobre a renda (IRTF), os produtos industrializados, a exportação e importação, as taxas e as contribuições econômicas. • Para a seguridade social foram reservadas as chamadas “contribuições sociais”, os tributos que incidem, especialmente, sobre a folha de pagamento das empresas, o lucro, o faturamento ou a receita, dentre estas a COFINS- contribuição para o financiamento da seguridade social, a CSLL – Contribuição social sobre o lucro líquido, o PIS- Programa de Integração Social , o PASEP- Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público e o FAT- Fundo de Amparo ao Trabalhador. Consideremos então que os “impostos” recolhidos têm sua receita dividida entre as 3 (três esferas) de governo: Federal, Estadual e Municipal - o que não ocorre com as “contribuições sociais”, que não estão sujeitas à divisão. Imposto: considerado o mais importante tributo em volume arrecadado, pelo qual o governo obtém os recursos que vão custear a maioria dos serviços públicos e a própria manutenção administrativa. 45 Valorização dos Profissionais da Educação Capítulo 2 Contribuições Sociais: destinam-se a cobrir gastos da seguridade social, como a saúde, assistência e previdência social. Este foi o objetivo de criação da DRU, cujas receitas não são aplicadas na saúde, assistência social ou previdência social, e também não precisavam ser divididas com estados e municípios. Graças à DRU, os recursos podem ser usados para pagamento de despesas fora do orçamento da seguridade social, como amortização da dívida pública. Conforme já mencionamos, o supracitado dispositivo está de acordo com a Emenda Constitucional nº 59, cuja redação do art. 1º, incisos I e VII do art. 208 da Constituição Federal, passam a vigorar com as seguintes alterações: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.” Este artigo amplia a faixa-etária para o ensino obrigatório e gratuito, progressivamente, até 2016, nos termos do Plano Nacional de Educação. Atualmente, a lei determina dos 6 (seis) aos 15 (quinze) anos. Outro artigo faz alusão ao Plano Nacional de Educação, cujo objetivo é articular o Sistema Nacional de Educação em regime de colaboração, com diretrizes, objetivos, metas e estratégias, a fim de assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades, através de ações integradas dos poderes públicos que conduzam ao: “[...] estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto. [...]. Para efeito do cálculo dos recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição, o percentual referido no caput deste mesmo artigo será de doze e meio por cento no exercício de 2009, 5% no exercício de 2010 e nulo no exercício de 2011”. Significa dizer que a Emenda Constitucional 59 excluiu da educação os efeitos da Desvinculação das Receitas da União, sendo que em 2009 este bloqueio era de 12,5%, em 2010 de 5% e foi nulo em 2011. Antes da Emenda, os recursos bloqueados representavam 20%. 46 Políticas e Gestão Educacional O fim da DRU é uma importante conquista em favor da escola pública, mesmo que não amplie os recursos, mas num contexto geral, no que se refere ao acesso e à oferta de vagas nas escolas públicas, bem como à implementação do Piso Salarial dos profissionais em nível nacional. um Pouco da História sobrE o salário - Educação Prezado pós-graduando, você sabia que o Salário-Educação foi criado em 1964 e até 2003 os seus recursos eram distribuídos em duas cotas: um terço para cota federal e dois terços da arrecadação para a cota estadual? O que é o Salário Educação? Figura 8 - Salário-Educação Fonte: Disponível em: <http://blogdbrito.blogspot.com.br/2011/12/salario- educacao-podera-ser-distribuido.htm>. Acesso em: 10 ago. 2012 A partir dos anos 90, considerando o crescimento de sua participação na oferta do ensino fundamental, os municípios passaram a reivindicar parte dos recursos do salário-educação a fim de que fossem direcionados para as redes municipais de ensino. Nessa perspectiva, a Lei nº 9.766, de 1998, dispôs que os recursos da cota estadual fossem redistribuídos entre o governo do estado e seus municípios, de acordo com critérios a serem fixados em lei estadual, fato que ocorreu em 2003 em 16 estados. Já a Lei nº 10.832, de 29 de dezembro de 2003, alterou alguns pontos no que se refere ao repasse aos municípios: fixou que a cota federal e a cota estadual e municipal do salário-educação se compõem de 30% e 60%, respectivamente, em relação a 90% e não mais em relação a 100% da arrecadação. A referida Lei estabeleceu ainda que a cota estadual e municipal seja redistribuída entre o estado e seus municípios de forma proporcional ao número de alunos matriculados no 47 Valorização dos Profissionais da Educação Capítulo 2 ensino fundamental nas respectivas redes de ensino, em substituição aos critérios para redistribuição estabelecidos por lei estadual. O MEC destina 10% dos chamados recursos desvinculados do Salário- Educação para o transporte escolar e para a educação de jovens e adultos e educação especial. a) O Salário-Educação O Salário Educação é uma contribuição social prevista no art. 212, § 5º, da Constituição Federal, ou seja, é uma contribuição social vinculada ao financiamento de programas, projetos e ações voltados para o financiamento da educação básica pública. Também pode ser aplicado na educação especial. No que se refere ao Salário-Educação, Fernando Haddad (2008, p. 10) afirma que “ [...] graças à ação coordenada dos dirigentes da educação dos três níveis de governo – municipal, estadual e federal –, foi possível elaborar uma agenda mínima de fortalecimento da educação básica. Os avanços até aqui obtidos merecem consideração”. Trata-se, portanto, de uma fonte adicional de financiamento do ensino público. Atividade de Estudos: 1) Com base no exposto, comente sobre os recursos do Salário- Educação e como podem ser aplicados: ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 48 Políticas e Gestão Educacional Veja o que diz o Decreto no que se refere à transferência dos recursos do Salário-Educação: Salário-Educação - Art. 8º- A Secretaria da Receita Previdenciária disponibilizará ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FNDE, na Conta Única do Tesouro Nacional, o valor total arrecadado a título de Salário-educação. - Art. 9º - O montante recebido na forma do art. 8° será distribuído pelo FNDE, observada, em noventa por cento de seu valor, a arrecadação realizada em cada Estado e no Distrito Federal, em quotas, da seguinte forma: I - quota federal, correspondente a um terço do montante dos recursos, será destinada ao FNDE e aplicada no financiamento de programas e projetos voltados para a universalização da educação básica, de forma a propiciar a redução dos desníveis socioeducacionais existentes entre Municípios, Estados, Distrito Federal e regiões brasileiras; II - quota estadual e municipal, correspondente a dois terços do montante dos recursos, será creditada mensal e automaticamente em favor das Secretarias de Educação dos Estados, do Distrito Federal e em favor dos Municípios para financiamento de programas, projetos e ações voltadas para a educação básica. § 1º - A quota estadual e municipal da contribuição social do salário-educação será integralmente redistribuída entre o Estado e seus Municípios de forma proporcional ao número de alunos matriculados na educação básica das respectivas redes de ensino no exercício anterior ao da distribuição, conforme apurado pelo censo educacional realizado pelo Ministério da Educação. § 4º- Os 10% restantes do montante da arrecadação do salário- educação serão aplicados pelo FNDE em programas, projetos e ações voltadas para a universalização da educação básica, nos termos do § 5º do Art. 212 da Constituição Federal Brasileira. Fonte: Decreto nº 6.003 de 28 de dezembro de 2006, publicado no Diário oficial da União em 29 de dezembro de 2006. 49 Valorização dos Profissionais da Educação Capítulo 2 Atividade de Estudos: 1) Sobre o Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) e suas atribuições, é correto afirmar que: I - ( ) É uma autarquia federal responsável pela execução de políticas educacionais do Ministério da Educação (MEC). II - ( ) O objetivo do FNDE é garantir uma educação de qualidade a todos, em especial a Educação Básica da rede pública. III - ( ) O FNDE não é parceiro dos 26 estados, dos 5.565 municípios e do Distrito Federal, ou seja, seus recursos são centralizados no MEC. IV - ( ) O fundo mantém diversos projetos e programas: Alimentação Escolar, Livro Didático, Dinheiro Direto na Escola, Biblioteca da Escola, Transporte do Escolar, dentre outros. Agora assinale a alternativa correta: ( ) I, II e III estão corretas. ( ) I, II e IV estão corretas. ( ) II e III estão corretas. ( ) I e IV estão corretas. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE – Está vinculado ao Ministério da Educação e possui como objetivo o investimento de recursos financeiros em alguns programas e projetos que contribuam para melhorias na educação As despesas relativas ao salário-educação devem estar previstas em programas, projetos e ações voltados à educação básica pública e que também pode ser aplicada na educação especial, desde que vinculada à educação básica. Os recursos do salário-educação provêm da arrecadação do INSS que deduz 1% do total (taxa administrativa) e repassa ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação ̶ FNDE que, por sua vez, procede a distribuição das cotas. 50 Políticas e Gestão Educacional O FNDE, criado em 1968, é uma autarquia vinculada ao Ministério da Educação, que presta assistência financeira e técnica, implementa políticas públicas e executa ações que contribuam para uma educação de qualidade a todos. O órgão tem por base ocompromisso com a educação, traduzidos na ética e cidadania, na acessibilidade e inclusão social e responsabilidade ambiental, dentre outros valores. Figura 9 - FNDE Fonte: Disponível em: <http://antonioalmeidablog.blogspot.com. br/2012_08_01_archive.html>. Acesso em: 12 ago. 2012. O Art. 70 da Lei de Diretrizes de Educação Básica Nacional enumera as ações consideradas como de manutenção e desenvolvimento do ensino e que estariam de acordo com a Lei do Salário-Educação, dentre as quais: • Aperfeiçoamento do pessoal docente e dos profissionais da educação, cujos itens se referem à habilitação e capacitação dos profissionais da educação, por meio de programas de formação continuada. Também é destinado à remuneração dos profissionais que desenvolvem atividades administrativas, a exemplo do pessoal da secretaria em exercício nas escolas ou órgãos administrativos da educação básica pública; • Estudos e pesquisas que visem o aprimoramento, expansão e elaboração de programas, planos e projetos voltados ao ensino e bolsas de estudo concedidas a alunos de escolas públicas e privadas da educação básica; • Aquisição, manutenção, construção, inclusive aluguel, e conservação de instalações e equipamentos necessários, a exemplo de imóveis já construídos ou para construção e ampliação de escolas, bem como de escavação de poços, construção de muros e quadras de esportes, e reforma da rede elétrica, hidráulica, estrutura interna, pintura, cobertura, pisos, muros, grades etc.; • Mobiliário e equipamentos, como carteiras e cadeiras, mesas, armários, de equipamentos eletrônicos e manutenção dos existentes. Também para aquisição de produtos e serviços; 51 Valorização dos Profissionais da Educação Capítulo 2 • Pagamento de despesas relativas aos serviços de energia elétrica, água e esgoto e de comunicação e custeio das diversas atividades relacionadas à educação básica, dentre as quais: serviços de vigilância, de limpeza e conservação; • Aquisição de materiais didático-escolares, destinados ao trabalho pedagógico em sala de aula, na educação física e acervo da biblioteca; • Veículos escolares apropriados ao transporte de alunos da educação básica na zona rural. Os recursos da contribuição social do Salário-Educação, antes destinados apenas ao ensino fundamental, podem agora financiar toda a educação básica, da creche ao ensino médio. Em dezembro de 2003 (Lei n° 10.832/2003), a distribuição do Salário-Educação foi modificada, o que permitiu que os municípios recebessem diretamente parte do montante de recursos que anteriormente era destinada somente aos estados Fonte: Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/index.php/ saleduc-legislacao>. Acesso em: 15 ago. 2012. Piso salarial nacional dos Profissionais do magistério Caro pós-graduando, a discussão sobre o piso salarial do magistério remete-nos a pensar sobre valorização e desvalorização do professor no decorrer da história. Figura 10 - O profissional da Educação é valorizado? Fonte: Disponível em: <http://itabatanews.com.br/home/ leitor.php?cod=3237>. Acesso em: 15 ago. 2012. 52 Políticas e Gestão Educacional Desvalorização do professor: causas e alternativas “[...] a desvalorização do profissional da educação não aconteceu por acaso no Brasil. Hoje temos cerca de 2,3 milhões de professores espalhados por este país vivendo realidades das maisvariadas. Só numa coisa eles têm uniformidade: sua desvalorização” Desde que o mundo é mundo temos em nosso meio uma célebre frase: “no meu tempo as coisas eram bem melhores…”. Com certeza ela vem carregada de fortes ingredientes saudosistas e alguns outros de desconhecimento histórico. Quando se fala do professor, essa frase tem um peso ainda maior. Aqueles que hoje ultrapassaram os 40 ou 50 anos de idade e tiveram a oportunidade de estudar são os mais enfáticos nessa afirmação. Todavia, precisamos ter cuidado com as comparações, porque a história mostra claramente os motivos que levaram nossa sociedade a descaracterizar tão rapidamente o professor. Não podemos nos esquecer que até os anos 60 do século passado, estudar era um privilégio de poucos. Menos de 30% das crianças tinham acesso aos estudos. Isso no chamado primário, pois para seguir existia o exame de admissão – uma espécie de “bloqueador” da continuidade – que só foi abolido nos anos finais daquela década. Privilégio que o Estado garantia para suas classes mais abastadas ou com maior capacidade de acesso por outros motivos, inclusive de localização territorial. Um dado que pode demonstrar isso é o de que quando da universalização do ensino fundamental, em 30 anos (1975-2005) o número de matrículas no norte do país aumentou de 780 mil alunos para 3.350.000, enquanto no sul do país a evolução foi de 3.590.000 para 4.228.000, ou seja, enquanto no primeiro foi da ordem de 329%, no segundo foi de 17%. A universalização do ensino fundamental iniciada no final dos anos 70 do século passado e alcançada no ano 2000 foi acompanhada de uma série de outros fatores que levaram a profissão de professor a perder seu valor social e econômico. Os investimentos em estrutura física não foram acompanhados por investimentos em pessoas. Pelo contrário, o grande aumento na oferta de vagas foi acompanhado pela admissão de profissionais com titulação inadequada para executar a profissão de professor, 53 Valorização dos Profissionais da Educação Capítulo 2 barateando o valor do trabalho. Isso trouxe outro fenômeno: a necessidade de “agilizar” a formação dos professores acabou trazendo para nossa realidade “cursos rápidos” de formação de professores que diminuíram e muito a qualidade dessa formação. Até bem pouco atrás tempo tínhamos cursos ditos universitários para professores com duração de dois anos. Isso porque até 1997 mais de 50% dos profissionais da educação só tinham o ensino médio completo. Também nesse momento histórico o fenômeno do trabalho feminino ganhava força no país. E essa “força de trabalho emergente” na procura por seu espaço laboral, sujeitava-se a remunerações muito abaixo das dos homens. Não só na educação, mas principalmente nela isso foi determinante para as estratificações salariais observáveis no magistério em nosso país. Explicando: o maior contingente de professoras mulheres está na educação infantil e no ensino fundamental, nos quais os salários são os mais baixos do país e onde a demanda de educandos é infinitamente maior. Quando avançamos na hierarquia formativa, observamos uma inversão nesse quadro. No ensino médio, existe quase que uma paridade entre homens e mulheres e no ensino superior, com os salários convidativos, em que a predominância de homens é significativa. [...] É aviltante acompanharmos o atual debate do piso salarial dos professores, já que diversos Estados e municípios não querem praticá-lo. Está mais do que na hora de o governo federal aumentar sua participação nos investimentos da educação básica. Dados de 2009 revelam que, para cada R$ 1,00 investido na educação básica, os Estados investem $ 0,41, os municípios $ 0,39, e a União com somente $ 0,20. Está mais do que na hora de os Estados e municípios aumentarem seus investimentos na educação – 25% não são suficientes para atingirmos os amplos objetivos educacionais que temos. Está mais do que na hora de se rever a Lei de Responsabilidade Fiscal no que tange a folha de pagamento da educação, uma vez que a mesma é um fator inibidor para as esferas públicas investirem mais nos salários. Concluo dizendo que hoje o maior desafio para nossa educação é a formação e a valorização do nosso professor. Se não resolvermos essa equação, não teremos muitas perspectivas no campo educacional. E isso não se dá com discurso. Só 54 Políticas e Gestão Educacional existe uma forma disso ser conquistado: investimentos maciços no sistema educacional brasileiro. Só assim poderemos ter, além da universalização das vagas, professores reconhecidos e capacitados para sua profissão e para a educação de nossos filhos. Fonte: CADEVEN, Wilson Roberto. Desvalorização do professor: causas e alternativas. Disponível em: <http://revistaregional. com.br/portal/?p=2497>. Acesso em: 20 ago. 2012. Desde a sua promulgação, a LDB 9394/96 no Art 3 estabelece que o ensino será ministrado com base nos princípios de valorização do profissional da educação escolar, bem como garantia de padrão de qualidade. Em relação à valorização do profissional do magistério, a Constituição Federal (1988) também assegura, no art. 206, que o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). A LDB 9.394/96, por sua vez, discorre em seus art. 62 e 67 sobre a formação do magistério. O art. 67 determina que os sistemas de ensino promovam a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público, os seguintes direitos: 55 Valorização dos Profissionais da Educação Capítulo 2 I. Ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; II. Aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para este fim; III. Piso salarial profissional; IV. Progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho; V. Período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho; VI. Condições adequadas de trabalho. Então, para estimular a profissão de professor, Libâneo (2000, p.84) salienta que “necessita-se de melhores salários, condições de trabalho, qualificação, estabilidade das equipes nas escolas, servindo também para reconfigurar o papel deste professor”. Antes da Lei 11.738/08, que estabelece o piso salarial nacional para os profissionais do magistério, existia uma disparidade grande entre salários de um estado para o outro, sendo que cada Estado tinha autonomia para fixar o piso para a categoria do magistério. Analise o quadro o seguir: Figura 11- Situação dos estados frente a Lei n° 11.378/08 56 Políticas e Gestão Educacional Fonte: Disponível em: <http://notapajos.globo.com/lernoticias. asp?id=45360>. Acesso em: 20 set. 2012. Atividade de Estudos: 1) Após a analise do quadro anterior, faça um comparativo entre os estados RR, MG e o estado em que você mora, aponte semelhanças e diferenças em relação ao cumprimento da Lei 11.738/08 e registre sua opinião. ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________57 Valorização dos Profissionais da Educação Capítulo 2 Caro pós-graduando, você sabia que o Brasil manteve a mesma posição em 2010 e ficou no 88º lugar de 127 no ranking de educação feito pela Unesco, o braço da ONU para a cultura e educação? Com isso, o país fica entre os de nível “médio” de desenvolvimento na área, atrás de Argentina, Chile e até mesmo Equador e Bolívia. Fonte: Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/saber/882676- brasil-fica-no-88-lugar-em-ranking-de-educacao- daunesco.shtml>. Acesso em: 30 ago 2012. a lEi nº 11.738/2008 E sua imPlantação Figura 12 - Piso Salarial é Lei Fonte: Disponível em: <http://www.omontealegrense.com/2012/03/piso- do-magisterio-deve-ser-reajustado.html>. Acesso em: 30 ago. 2012. A Lei que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) como destacamos no capítulo 1 foi criada pela Emenda Constitucional n º 53, de 19 de dezembro de 2006, e passou a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2007. Foi esta emenda que: [...] estabeleceu a obrigação de lei que fixe o piso salarial nacional do magistério, resgatando compromisso histórico firmado no Palácio do Planalto, em 1994, entre o Ministério da Educação, o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (Undime), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em educação (CNTE) e outros atores sociais. (BRASIL, 2008, p. 18). 58 Políticas e Gestão Educacional A Lei Federal n° 11.738/08, que estabeleceu sobre a implementação do piso salarial nacional para os profissionais do magistério público e sua implementação, foi criada em cumprimento ao art. 60, inciso III, alínea e, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, ou seja, em cumprimento da lei do FUNDEB. A Lei Federal n° 11.738/08, que estabeleceu sobre a implementação do piso salarial nacional para os profissionais do magistério público e sua implementação, foi criada em cumprimento ao art. 60, inciso III, alínea e, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, ou seja, em cumprimento da lei do FUNDEB. A medida provisória n° 339 apontava que: “Art. 41. O Poder Público deverá fixar, em lei específica, no prazo de um ano contado da publicação desta Medida Provisória, piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica”. Assim, surge em 2008 a Lei que rege o piso comum, para início de carreira. A definição do valor do piso nacional foi um tema de intensa discussão entre: Figura 13 - Quem ajudou na discussão da Lei do piso salarial dos profissionais do magistério? Fonte: As autoras. A Lei n.° 11.738/08 determinou que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão fixar o vencimento inicial das carreiras do magistério público da educação básica em um valor abaixo do piso salarial nacional para os profissionais do magistério: Art. 2o O piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica será de R$ 950,00 (novecentos e cinquenta reais) mensais, para a formação em nível médio, na modalidade Normal, prevista no art. 62 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. § 2o Por profissionais do magistério público da educação básica entendem-se aqueles que desempenham as atividades de docência ou as de suporte pedagógico à docência, isto é, direção ou administração, planejamento, inspeção, supervisão, orientação e coordenação educacionais, exercidas no âmbito das unidades escolares de educação básica, em suas diversas etapas e modalidades, com a formação mínima determinada pela legislação federal de diretrizes e bases da educação nacional. 59 Valorização dos Profissionais da Educação Capítulo 2 § 3o Os vencimentos iniciais referentes às demais jornadas de trabalho serão, no mínimo, proporcionais ao valor mencionado no caput deste artigo. Caro pós-graduando, você sabia que a Lei do Piso Salarial foi contestada junto as Supremo Tribunal Federal pelos governos de (5) cinco estados, que foram Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Ceará e Mato Grosso do Sul, como inconstitucional? Porém, a Corte que analisou o caso declarou em 2011 plenamente constitucional, devendo ser cumprida por todos os entes federados. Figura 14 - Pagar ou não pagar o piso salarial, eis a questão! Fonte: Disponível em: <http://diariodeumeducadorbaiano.blogspot.com/2012/03/ nove-estados-ainda-nao-pagam-valor-do.html>. Acesso em: 18 ago. 2012. Os Estados e Municípios alegam não ter recursos suficientes para pagar o valor estipulado pela Lei do piso. Porém, o art. 4 prevê que a União complete o pagamento, desde que os entes consigam comprovar a falta de verba para esse fim: A União deverá complementar, na forma e no limite do disposto no inciso VI do caput do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e em regulamento, a integralização de que trata o art. 3o desta Lei, nos casos em que o ente federativo, a partir da consideração dos recursos constitucionalmente vinculados à educação, não tenha disponibilidade orçamentária para cumprir o valor fixado. § 1o O ente federativo deverá justificar sua necessidade e incapacidade, enviando ao Ministério da Educação solicitação fundamentada, acompanhada de planilha de custos comprovando a necessidade da complementação de que trata o caput deste artigo. 60 Políticas e Gestão Educacional 2o A União será responsável por cooperar tecnicamente com o ente federativo que não conseguir assegurar o pagamento do piso, de forma a assessorá-lo no planejamento e aperfeiçoamento da aplicação de seus recursos. Sabemos que muito há que ser melhorado no campo educacional quando falamos em qualidade. Mas com o início da vigência da Lei do Piso em 2009 houve um avanço considerável na melhoria do benefício, vejamos no gráfico a seguir: Gráfico 3 - Aumento anual do piso salarial dos profissionais do magistério desde sua criação Fonte: Santos; Possamai (2013). O piso nacional do magistério para 2012 foi reajustado em 22,22% em relação ao ano anterior. O Ministério da Educação (MEC) definiu em R$ 1.451, cujo aumento está em conformidade a Lei 11.378/08, que criou o piso. Caro pós-graduando, o reajuste é calculado com base no crescimento do valor mínimo por aluno, ou seja, com os mesmos dados gerados para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB). Em 2013, o valor piso salarial nacional teve um reajuste de 7,97%. Com o aumento, o valor passa de R$ 1.451 para R$ 1.567. Mas, se é considerado o valor mínimo por aluno, então o aumento será anual? Sim, conforme estabelecido no art.5 da Lei do Piso 11.738/2008: 61 Valorização dos Profissionais da Educação Capítulo 2 Na composição da jornada de trabalho, observar-se-á o limite máximo de 2/3 (dois terços) da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os educandos. O piso salarial profissional nacional do magistério público da educação básica será atualizado, anualmente, no mês de janeiro, a partir do ano de 2009. O piso salarial profissional nacional do magistério público da educação básica será atualizado, anualmente, no mês de janeiro, a partir do ano de 2009. Parágrafo único. A atualização de que trata o caput deste artigo será calculada utilizando-se o mesmo percentual de crescimento do valor anual mínimo por aluno referente aos anos iniciais do ensino fundamental urbano, definido nacionalmente, nos termos da Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007. Figura 15 - Comparativosalarial entre 2012 e 2011 Fonte: Disponível em: <http://www.chapadinhaanuncios.com.br/2012/02/ ate-que-enfim-novo-piso-salarial-dos.html>. Acesso em: 20 ago. 2012. Outra novidade da Lei n° 11.738/08 que não agradou muitos Estados e Municípios é que, além de tirar-lhes a autonomia na fixação do vencimento inicial das carreiras do magistério público da educação básica, também determinou o cumprimento da jornada de trabalho. Desse modo, a carga horária será de 40 horas semanais, para a execução das funções, conforme preconiza os incisos: § 1o O piso salarial profissional nacional é o valor abaixo do qual a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão fixar o vencimento inicial das Carreiras do magistério público da educação básica, para a jornada de, no máximo, 40 (quarenta) horas semanais. [...] § 3o Os vencimentos iniciais referentes às demais jornadas de trabalho serão, no mínimo, proporcionais ao valor mencionado no caput deste artigo.§ 4o Na composição da jornada de trabalho, observar-se-á o limite máximo de 2/3 (dois terços) da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os educandos. 62 Políticas e Gestão Educacional Ficando assim distribuídas: Carga horária de trabalho 2/3 com os alunos 1/3 sem os alunos 40 horas semanais 24 horas para atividades de interação com os educandos 16 horas para planejamento, formação e avaliação A Lei 11.738/2008 é curta e objetiva, tem poucos artigos, porém suficientes para fixar o Piso Salarial Nacional dos Professores, firmar que este piso é pago por determinada jornada e distribuir a composição desta mesma jornada tanto dentro como fora de sala de aula ̶ extraclasse, que, por força de Lei, deve cumprir a finalidade prevista no artigo 67, inciso V, da Lei Federal nº 9394/96 – LDB, ou seja, deve ser destinada para: Figura 16 - Finalidade das horas extraclasses Fonte: As autoras. Em síntese, a Lei 11.738/08, conhecida como a Lei do piso, regulamenta a importância de três pilares, são eles: Figura 17- Os três pilares da carreira profissional do magistério Fonte: As autoras. A ampliação de horas extraclasse destinadas à estudo, planejamento e avaliação possivelmente trará resultados para melhorar a qualidade em educação. Porém, somente a existência da Lei e o aumento da horas- atividades não são suficientes. O piso salarial para a categoria do magistério é uma grande conquista, mas existem municípios onde havia horas atividades e não houve o resultado esperado. Ações de interferência pontuais, formação 63 Valorização dos Profissionais da Educação Capítulo 2 O corresponsável para que a Lei 11.738/08 seja cumprida e apresente benefícios também é o gestor e a equipe pedagógica, para que os pontos definidos na Lei sejam contemplados no projeto político pedagógico da escola. continuada, a avaliação permanente externa e interna em nível de unidade escolar, redes municipais e em nível nacional, como é o caso do IDEB, é que poderão fazer a diferença, ou seja, uma somatória de ação que visa melhorar a qualidade das aulas e do planejamento concebendo o momento de avaliação não como um fim, mas como um diagnóstico para possíveis intervenções. O corresponsável para que a Lei 11.738/08 seja cumprida e apresente benefícios também é o gestor e a equipe pedagógica, para que os pontos definidos na Lei sejam contemplados no projeto político pedagógico da escola, uma vez que esse: é o planejamento geral que envolve o processo de reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição. É um processo de organização e coordenação da ação dos professores. Ele articula a atividade escolar e o contexto social da escola. É o planejamento que define os fins do trabalho pedagógico (MEC, 2006, p.42). algumas considEraçõEs No próximo capítulo, trataremos da importância de uma escola democrática, reconhecendo o papel do conselho escolar no processo de reflexão e decisão conjunta, e por fim refletiremos sobre os indicadores educacionais e os indicadores de qualidade na escola. rEfErências BRASIL. Decreto n. 2.264, de 27 de junho de 1997. Regulamenta a Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, no âmbito federal, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, D. F., 28 jun. 1997. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012. _______. Decreto nº 6.003, de 28 de dezembro de 2006. Diário oficial da União. Poder Executivo. Brasília. D. F., 20 ago. .2006. _____. Emenda Constitucional n. 53, de 20 de dezembro de 2006. Dá nova redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Diário Oficial da União. Poder Executivo. Brasília, D. F., 9 mar. 2006. Disponível em: <http:// www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012. 64 Políticas e Gestão Educacional _____. Lei n. 11.494, de 20 de junho de 2007. Regulamenta a Emenda Constitucional nº 53/2006, de 20 de dezembro de 2006. Diário Oficial da União. Poder Executivo. Brasília, D. F., 21 jun. 2007b. Disponível em: <http:// www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012. _____. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União. Poder Executivo. Brasília, D. F., 23 dez. 1996. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012. _____. Medida Provisória n. 339, de 28 de dezembro de 2006. Regulamenta o artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e dá outras providências. Diário Oficial da União. Poder Executivo. Brasília, D. F., 29 dez. 2006a. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012. _____. Lei n.11.738/2008. Regulamenta a alínea “e” do inciso III do caput do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/.../lei/l11738.htm>. Acesso em: 20 ago. 2012. BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. 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