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AUDITORIA TRIBUTÁRIA E DE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Prof.ª Ivete da Silva AULA 1 2 OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS DA EMPRESA DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO Sabemos que na auditoria tributária, obrigações acessórias, fiscal ou contábil são referentes aos processos que validam as informações, atividades, rotinas e sistemas fiscais de uma entidade, buscando adequação às conformidades dos processos e, muitas vezes, podemos ter resultados em desacordo com a legislação vigente. Antes de iniciarmos esta abordagem, vamos verificar os principais temas que nos acompanharão durante o desenvolvimento dos nossos processos de ensino e aprendizagem. São eles: Tema 1 - Conceito - sujeitos da obrigação tributária. Tema 2 - Solidariedade em direito tributário. Tema 3 - Obrigações tributárias. Tema 4 - O que é o fato gerador da obrigação tributária? Tema 5 - Estudo prático: a importância da responsabilidade tributária. Bom estudo! TEMA 1 – CONCEITO - SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA “A auditoria fiscal, também chamada de auditoria tributária, tem como objetivo principal analisar se todas as obrigações tributárias estão sendo seguidas corretamente por uma empresa” (Crepaldi; Crepaldi, 2019, p.1). Sabemos que, anual ou periodicamente, as empresas de todos os segmentos, independentemente do porte, devem ficar atentas às obrigações tributárias para não perder o prazo na entrega das declarações ao fisco. As obrigações tributárias têm uma relação jurídica intrínseca entre o credor e o estado, o devedor e a empresa. Para que essa relação tenha sinergia, é importante que se observe a devida apuração dos impostos bem como a verificação dos documentos legais pertinentes e o cumprimento das regras estabelecidas. Os impostos, dependendo de sua natureza, possuem datas de recolhimento diferentes. Exemplo: o IRPJ1 pode ser recolhido no último dia útil do mês subsequente. Dependendo do modo de apuração fiscal, esse imposto pode ser parcelado em três vezes, considerando todo o valor da apuração trimestral. 1 IRPJ: Imposto de renda Pessoa Jurídica. 3 Em muitos processos o governo faz novas implementações por meio da tecnologia, buscando gradativamente inserir os SPEDs (Sistema Público de Escrituração Digital). Essa ferramenta visa à substituição das notas fiscais impressas e dos registros fiscais por arquivos eletrônicos e assim o contribuinte deve garantir o envio de dados de forma mais apresentável ao fisco, considerando o calendário nas entregas das obrigações para cada setor empresarial. Após o recebimento, essas informações podem ser extraídas utilizando amostragens aleatórias de maneira mais personalizada para consultas, seja por seleção do segmento econômico, por quantidade, período de tempo, receitas ou deduções etc. Quando é identificada qualquer irregularidade, o contribuinte pode ser notificado pelo Governo, por meio da caixa postal do e-CAC2 (portal da Receita Federal) – ver Figura 1, sobre o auto de infração. Nessa notificação normalmente é concedido um prazo para regularização e, no caso de descumprimento, pode haver penalidades. O processo de defesa ou retificação da empresa também pode ser protocolado, na maioria dos casos via e-CAC, inserindo a juntada de documentos comprobatórios que sustentem a justificativa. Figura 1 - Portal da Receita Federal Crédito: Marcelo Ricardo Daros/Shutterstock. 2 e-CAC: Centro Virtual de Atendimento. Disponível em: <https://cav.receita.fazenda.gov.br/autenticacao/login>. Acesso em: 26 jun. 2023. https://cav.receita.fazenda.gov.br/autenticacao/login 4 Há previsibilidade para que no futuro breve essas notificações sejam emitidas de maneira automática no envio das declarações, porém essa ferramenta ainda se encontra na fase de testes, sem previsão de início. Essa etapa do processo preocupa as empresas, pois há interesse no envio das declarações de acordo com a exigência do fisco e sempre que ocorrem notificações há pouco tempo hábil para protocolo de defesa. Vale lembrar que em muitos casos a retificação é informativa e educativa. É recomendável que as empresas busquem alternativas para validações dos seus processos internos até a entrega final das declarações para evitar erros operacionais ou ônus indevidos. Também ressaltamos que muitas inconsistências na base de dados estão sujeitas a ter maior visibilidade pelo sistema SPED, ou em muitos casos desconhecidas, inclusive pela administração da empresa. Saiba mais O SPED é sustentado por três pilares: nota fiscal eletrônica, escrituração fiscal digital e escrituração contábil digital. A implantação corporativa requer amplo conhecimento e ajustes na entrega de dados ao fisco e na relação com clientes, fornecedores e, não menos importante, nos seus processos operacionais internos, o que demandará uma atuação integrada de diversas áreas (fiscal, contábil, TI, financeiro, trabalhista [eSocial], tributos indiretos [bloco K], suprimentos, produção, área comercial e tudo que tiver correlação direta). A Receita Federal disponibiliza um canal para visualizar declarações originais e substitutas pelo receitanetBX, com acesso por meio do certificado digital, assim podem ser consultados o histórico ou backup das declarações fiscais e contábil. 1.1 Sujeitos da obrigação tributária No que tange à obrigação tributária os elementos são classificados como: • O sujeito ativo (aquele que tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação). • O sujeito passivo (é a pessoa obrigada a cumprir o recolhimento do tributo). 5 • O objeto (trata da vinculação entre os sujeitos passivos e ativos) • A definição do domicílio (local determinado para o cumprimento da obrigação tributária). Para entender melhor, vamos exemplificar como esses sujeitos são classificados em um contexto hipotético, referente ao recolhimento de IPTU3 em um contrato de aluguel, em um período x. O Estado é o sujeito ativo, tem a prerrogativa do envio da cobrança para o imóvel. O proprietário do imóvel como sujeito passivo, mediante contrato assinado, possui respaldo jurídico, em cláusula específica, para reenvio da cobrança para o inquilino que usufrui da propriedade. Este é classificado como sujeito passivo indireto. A obrigação tributária pelo sujeito passivo é tratada de forma compulsória, ou seja, independentemente da capacidade econômica ou da vontade das partes. O simples enquadramento da atividade é fato necessário e básico para a qualificação para a obrigação tributária. De acordo com o CTN4, art. 126, a capacidade tributária passiva independe da capacidade civil das pessoas naturais, ou seja, mesmo criança, jovem, velho, estando ou não com cadastro válido ou informal, já é suficiente para configuração ao pagamento do tributo. Art. 126: - A capacidade tributária passiva independe: I - da capacidade civil das pessoas naturais; II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios; III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional. No próximo tópico, nosso aprendizado envolverá a responsabilidade solidária. TEMA 2 – SOLIDARIEDADE EM DIREITO TRIBUTÁRIO “Segundo o CTN, a solidariedade pode ser estabelecida entre duas pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal e, ainda, em outras hipóteses que a lei expressamente designar” (Segundo, 2022, p.144). 3 IPTU: Imposto Predial e Territorial Urbano. Tributo municipal cobrado das pessoas que contam com um ou mais imóveis, residenciais ou comerciais. 4 CTN: Código Tributário Nacional. 6 Dando continuidade ao nosso aprendizado, vamos entender que em alguns casos o Estado, baseadonas premissas da lei, pode transferir a responsabilidade solidária a mais de uma pessoa seja ela física ou jurídica, ao mesmo tempo, sendo intitulado como responsável tributário. Mesmo este não sendo o contribuinte diretamente, pode responder por atos que estejam elencados por via expressa baseado em previsão legal. A solidariedade é diferente da responsabilidade passiva indireta; neste caso o legislador precisa definir as relações e a fração de responsabilidade quando há pluralidade para os responsáveis, de modo que estes sejam coobrigados a uma garantia, seja de caráter pessoal ou, em casos mais amplos, a por meio de fiança. Outros esclarecimentos considerando o pagamento, a isenção, a reemissão e a prescrição, quando o não cumprimento por alguma das partes, se evidenciada a inadimplência, há previsão de solidariedade para cumprir a obrigação. Nesse caso pode ser repassado aos envolvidos até a solução do assunto em questão. Figura 2 – Solidariedade tributária Crédito: Yuriy K/Shutterstock. 7 Leitura complementar Acesse o link a seguir e leia “O artigo 124 do Código Tributário Nacional, uma visão sobre a solidariedade tributária”, de Jefferson Falcão, que trata da solidariedade em relação ao artigo 124 do CTN e sua interpretação a fim de não onerar terceiros pelos tributos da atividade empresária. Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/artigos/o-artigo-124-do-codigo- tributario-nacional-uma-visao-sobre-a-solidariedade-tributaria/817473397>. Acesso em: 26 jun. 2023. Código Tributário Nacional | Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966 Art. 124. São solidariamente obrigadas: I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II - as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade: I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais; II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo; III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais. 2.1 Domicílio tributário Um dos pontos a ser definidos na relação com o fisco5 é a escolha do domicílio tributário, que é o local onde se permite ser encontrado. Para o contribuinte pessoa física, o domicílio pode ser caracterizado por sua residência habitual e, quando incerta ou desconhecida, esse local pode ser indicado considerando sua atividade habitual. No caso de pessoa jurídica de direito privado, pode ser indicada sua sede ou estabelecimento. 5 Fisco: é uma autoridade fazendária do país que controla os pagamentos de impostos em todas as esferas tributárias no país. O fisco é comumente conhecido como o órgão fiscalizador na esfera federal, porém atua em área municipal e estadual também. Fonte: BUENO, S. Conheça mais sobre o que é o fisco. Disponível em: <https://www.fazcomex.com.br/comex/o-que-e-o-fisco/>. Acesso em: 26 jun. 2023. https://www.jusbrasil.com.br/artigos/o-artigo-124-do-codigo-tributario-nacional-uma-visao-sobre-a-solidariedade-tributaria/817473397 https://www.jusbrasil.com.br/artigos/o-artigo-124-do-codigo-tributario-nacional-uma-visao-sobre-a-solidariedade-tributaria/817473397 https://www.fazcomex.com.br/comex/o-que-e-o-fisco/ 8 Figura 3 - Alguns conceitos relevantes Uma das exceções é a escolha da apuração do ICMS6, pois é levado em consideração o fato gerador, vinculado com a sede de cada estabelecimento para seus efeitos legais, sendo as tratativas como contribuinte isolado. Quando não houver essa definição inicial, o CTN prevê entendimento baseado na origem da obrigação para dar andamento ao processo. Ressalta-se que em alguns casos não há possibilidade de escolha do domicílio tributário. Quando o fisco entender a dificuldade ou impossibilidade de fiscalização, pode recusar a escolha do domicílio, logo o local se torna incerto, sendo necessário aguardar decisão final. Fique por dentro O que é o ICMS? O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços é um tributo estadual que incide sobre produtos de diferentes tipos, desde eletrodomésticos a chicletes, e que se aplica tanto à comercialização dentro do país como em bens importados. Na prática, esse imposto é cobrado de forma indireta, ou seja, seu valor é adicionado ao preço do produto comercializado ou do serviço prestado. Ao vender uma mercadoria ou realizar alguma operação em que se aplique o ICMS, é efetuado o fato gerador quando a titularidade desse bem ou serviço passa para o comprador. Ou seja, o tributo só é cobrado quando a mercadoria é vendida ou o serviço é prestado para o consumidor, que passa a ser o titular desse item ou do resultado da atividade realizada. A regulamentação desse imposto é de responsabilidade de cada Estado e do Distrito Federal, que estipulam a porcentagem cobrada em suas regiões de 6 ICMS: É um dos principais tributos empregados no Brasil, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Domicílio é o lugar onde você mantém um lar permanente Domicílio é importante para fins legais, como pagar impostos, votar e reivindicar benefícios Residência e domicílio têm definições legais diferentes e são diferenciados pelo tempo de moradia em um local específico 9 atuação. Assim, cada localidade possui sua própria tarifa, o que pode trazer dúvidas a quem comercializa produtos para outras unidades federativas (UF) – este é um assunto que abordaremos mais tarde. No entanto, algumas leis em comum são estabelecidas pelos Convênios ICMS, feitos pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Fonte: TORRES, V. ICMS: o que é e como calcular este imposto? Disponível em: <https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/icms/>. Acesso em: 26 jun. 2023. CTN - Código Tributário Nacional - Lei 5.172/19667 Art. 127 - Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal: I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade tributante. § 1º - Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação. § 2º - A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior. No próximo tópico, nosso aprendizado envolverá obrigações tributárias. TEMA 3 – OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS “O direito tributário detém elevado valor dentro do sistema jurídico na medida em que se mostra como ramo do direito responsável em estudar a aplicação de normas jurídicas na atividade de arrecadação dos tributos, principal fonte das receitas públicas” (Novais, 2022, p.7). Toda e qualquer pessoa física ou jurídica está suscetível a arcar com ônus quando ocorre o fato gerador e consequentemente tomar providências de obrigações de ordem principal e acessória. Para Duarte (2022), a obrigação que tem por objeto o pagamento do tributo é um tipo de relação jurídica obrigacional, ou seja, toda obrigação tributária comporta os mesmos elementos estruturais da 7 Lei n.5.172/1966: regula, com fundamento na Emenda Constitucional n. 18, de 1º de dezembro de 1965, o sistema tributário nacional e estabelece, com fundamento no art. 5º, inciso XV, alínea b, da Constituição Federal, as normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, sem prejuízo da respectiva legislação complementar, supletiva ou regulamentar (Portal JusBrasil). https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/icms/ 10 relação jurídica obrigacional: tem sujeitos, tem objeto, tem causa. Então, a obrigação tributária é um dever legal por meio do qual são estabelecidos os tributos atribuídos por lei aos contribuintes, que devem cumprir os procedimentos em que os tributos são aplicados, tais como notas fiscais, registros contábeis, declaração de impostos etc. O princípio essencial norteia a legalidade, instituída por lei ordinária ou medida provisória e impositiva mediante lei complementar. Sua cobrança tem caráter compulsório (é obrigatório) juntamente com a arrecadação dos tributos correspondentes e não constitui sanção quando se observam todos os prazos especificados em lei. Tem por classificação a obrigação tributária principal, com prestação pecuniária. Em outras palavras, é devido à apuração do tributo do valor original para que a destinação seja efetivada. Quando ocorre a inadimplência, é necessário fazer a devida apuração do valor correspondente à multa (sanção por ato ilícito), atualizado até a data da regularização. Assim, identificado o crédito correspondente, o Estado considera a obrigação extinta. 3.1 Cumprindo com as obrigações e normas legais Já sabemos que “obrigação é o vínculo jurídico que une credor e devedor, permitindo que o primeiro exija do segundo uma prestação economicamente apreciável” (Teoria Geral das Obrigações – Fonte: JusBrasil). Então, no momento de abrir uma empresa, todos os sócios são responsáveis pelo cumprimento de todas as obrigações e normas legais às quais estão sujeitos, o que significa que nesse momento é imprescindível ter um contador responsável para cuidar da legalidade, para processar as rotinas contábeis (relatórios dos resultados, lucros, impostos etc.). Dessa forma, as principais obrigações tributárias ou fiscais estão relacionadas com a apuração e o pagamento dos impostos. Temos de assegurar as principais obrigações tributárias, quais sejam: 11 Figura 4 - As principais obrigações tributárias 3.2 Reforçando o aprendizado com conceitos importantes Na emissão de nota fiscal, é obrigação das empresas registrar a compra e venda de produtos e serviços por meio desse documento. O documento de arrecadação do simples nacional (DAS) é a guia de pagamento de todos os impostos municipais, estaduais e federais que devem ser pagos por microempreendedores individuais (MEI), microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), ou seja, o pagamento da guia vai garantir a regularização da empresa junto ao governo e evitar problemas fiscais. Deve-se ter muito cuidado com a inadimplência, pois sérias consequências podem surgir, como inscrição em dívida ativa e até suspensão do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica). A declaração de imposto de renda é obrigatória e realizada anualmente, ou seja, devem ser relatados todos os rendimentos ganhos ao longo daquele período. O governo analisa quais tributos já foram pagos pelo contribuinte e se o declarante deve receber restituição ou pagar algum valor comparando com a tabela vigente daquele período específico. A escrituração contábil digital (SPED Contábil) é uma solução tecnológica que oficializa os arquivos digitais das escriturações fiscal e contábil dos sistemas empresariais (formato específico e padronizado). O software é disponibilizado pela Receita Federal para as empresas a fim de que elas mantenham e enviem a esse órgão informações de natureza fiscal e contábil e Emissão de nota fiscal Documentos de arrecadação do Simples Nacional Declarações de Imposto de Renda Escrituração Contábil Digital (SPED Contábil) Balanço Patrimonial Pagamento dos Impostos Apurados 12 também informações previdenciárias, como livros fiscais8, comerciais e contábeis gerados por meio da escrituração (registrados nos órgãos do comércio) e das demonstrações contábeis. O governo libera funcionalidades para o contribuinte validar os arquivos, assinar digitalmente, visualizar seu conteúdo e transmitir eletronicamente os dados para os órgãos de registro e para os entes federativos. O balanço patrimonial representa os valores do ativo, do passivo e do patrimônio líquido em determinado momento (na data em que o balanço for disponibilizado). O pagamento dos impostos apurados envolve as rotinas utilizadas para manter, organizar e garantir o cumprimento das obrigações fiscais, a apuração e o cálculo dos impostos obrigatórios. Você sabia que a apuração determina quais são os impostos que devem ser pagos, qual o valor e em qual data deverão ser pagos? Leitura complementar Acesse o artigo “O princípio da legalidade tributária e suas exceções”, publicado por Alexandre Scaloppe, e entenda sobre o princípio da legalidade no direito tributário. Ele garante a existência ao contribuinte de uma lei para criação e cobrança de tributo. Sem se observar as disposições legais quanto à criação e cobrança de um tributo, não será imputada uma obrigação ao contribuinte. Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/artigos/o-principio-da-legalidade- tributaria-e-suas-excecoes/148747896>. Acesso em: 26 jun. 2023. A obrigação acessória9 é um instrumento que valida a memória de cálculo do tributo, discriminando a obrigação principal, a qual tem por característica a prestação de informações dentro do prazo previsto, seguido pelo preenchimento de todos os campos exigíveis. Esses dados serão chave para levantamento da arrecadação e fiscalização futura. Vale lembrar que nos casos de descumprimento pode ser considerado um agravante com sanções previstas em lei. 8 Livros fiscais: são relatórios responsáveis pela apresentação dos registros fiscais de entradas, saídas, serviços, apurações dos tributos, controle de estoques, entre outros (Portal da Contabilix). 9 Obrigações acessórias: seu objetivo é mostrar ao governo todas as informações sobre receita efetiva, impostos apurados e no que diz respeito à parte trabalhista (folhas de pagamento e encargos gerados) (Portal Contábeis). https://www.jusbrasil.com.br/artigos/o-principio-da-legalidade-tributaria-e-suas-excecoes/148747896 https://www.jusbrasil.com.br/artigos/o-principio-da-legalidade-tributaria-e-suas-excecoes/148747896 13 No próximo tópico, nosso aprendizado envolverá o fato gerador e sua relação jurídica e tributária. TEMA 4 – O QUE É O FATO GERADOR DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA? O que realmente diferencia a estrita legalidade da legalidade geral não são os referidos dispositivos constitucionais, mas sim a existência do art. 146, III, da CF e o art. 97 do Código Tributário, o primeiro atribuindo à Lei Complementar a competência para criar normas gerais em matéria tributária e o último determinando a reserva de lei para estipulação do fato gerador, base de cálculo e alíquota dos tributos. (Schoeuri, 2011, p. 277) Estamos diante de situações quando um fato gerador dá origem a uma obrigação tributária ao contribuinte, o qual deve atender os princípios, baseado na legislação tributária vigente para o período que está sendo apreciado. Conforme o CTN (Código Tributário Nacional), é necessário ocorrer um fato jurídico baseado na norma, especificado por três aspectos fundamentais: material, espacial e temporal em resposta aos seguintes questionamentos, respectivamente: O quê? Onde? Quando? Baseado nesses critérios o contribuinte deverá fazer a apuração devida e, reconhecendo a obrigação, pode efetuar o recolhimento. Na contabilidadeessa apuração se refere ao regime de competência, ou seja, considerando o período em que ocorreu a obrigação. Já o recolhimento pode ser antecipado e efetuado no mesmo dia até o prazo previsto para o tipo de tributo apurado. Um exemplo disso é apuração de IRRF, logo tudo que foi retido em dezembro pode ser recolhido até o último dia útil do mês seguinte (janeiro/ano). 14 Figura 5 – Obrigação tributária Crédito: Jack_the_sparow/Shutterstock. Sobre arrecadação e cobrança, consultamos sempre os canais oficiais dos entes federativos, como gov.br (Receita Federal). Dessa forma, estaremos atentos a todas as variáveis que afetam as obrigações tributárias vinculadas aos negócios das empresas, como o fato gerador de um tributo. Leitura complementar Para aumentar seu aprendizado, não deixe de ler o artigo “O que é o fato gerador?” (Rafael Versiani), publicado no Portal Enotas. Disponível em: <https://enotas.com.br/blog/fato-gerador/>. Acesso em: 26 jun. 2023. https://enotas.com.br/blog/fato-gerador/ 15 Figura 6 - Os cinco elementos do fato gerador No próximo tópico, nosso aprendizado envolverá a importância da responsabilidade tributária. TEMA 5 – ESTUDO PRÁTICO: A IMPORTÂNCIA DA RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA “Em respeito ao princípio da capacidade contributiva, e ao que expressamente determina o CTN, um terceiro, não contribuinte, somente pode ser legalmente definido como sujeito passivo, na condição de ‘responsável tributário’, quando vinculado ao fato gerador da respectiva obrigação” (Segundo, 2022, p.148). Sabemos que a capacidade contributiva do contribuinte, seja ele passivo, solidário subsidiário ou terceiro, por si só não é condição para embasamento na apuração do tributo pelo ente público. Tomamos como exemplo um serviço executado em uma oficina mecânica, sendo a condição de pagamento efetuada pelo cliente via cartão de crédito. Em uma possível inadimplência da obrigação, é possível a cobrança pela Elementos do fato gerador Elemento pessoal Elemento material Elemento temporal Elemento espacial Elemento quantitativo 16 prefeitura do valor correspondente ao ISS repassado para a operadora do cartão de crédito, já que esta tem maior capacidade contributiva do que seu cliente? Resposta ao case Avaliando toda a operação de prestação de serviço devidamente documentado pela obrigação acessória, é inviável a responsabilização da operadora do cartão de crédito para o recolhimento de tributos, considerando apenas sua capacidade contributiva. Outro agravante nessa operação é que não foi discriminado se houve substituição de peças, o que acarretaria também no recolhimento de ICMS. Tal condição é reforçada em várias súmulas tratando do mesmo tema para retratar o óbvio: que a operadora desconhece a operação de seus clientes, portanto esta não pode ser responsabilizada por transações em que contratualmente esta tenha a responsabilidade de efetuar o repasse de pagamento do valor ao fornecedor, mediante a condição de recebimento de valores por seu cliente, de acordo com os prazos acordados. 17 REFERÊNCIAS CREPALDI, S. A., CREPALDI, G. S. Auditoria fiscal e tributária. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. DUARTE, F. Direito tributário. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2022. NOVAIS, R. Direito tributário facilitado. 6. ed. Rio de Janeiro: Método, 2022. SCHOEURI, L. E. Direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2011. SEGUNDO, H. B. M. Manual de direito tributário. 12. ed. Barueri: Atlas, 2022.
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