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ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO VOLUME I Infância e Juventude MANUAL DE PROCEDIMENTOS TÉCNICOS 2 Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo Desembargador Celso Luiz Limongi Biênio 2006-2007 Corregedor Geral da Justiça do Estado de São Paulo Desembargador Gilberto Passos de Freitas Biênio 2006-2007 Juiz Auxiliar da Corregedoria Geral da Justiça (Infância e Juventude) Dr. Reinaldo Cintra Torres de Carvalho Biênio 2006-2007 3 Realização Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e Psicologia Corregedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo Secretaria de Recursos Humanos Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo Coordenação Geral e Técnica Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e Psicologia Corregedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo Equipe Técnica de Texto Ana Cristina Amaral Marcondes de Moura Denise Helena de Freitas Alonso Dilza Silvestre Galha Matias Evani Zambom Marques da Silva Márcia Machado Wightman Lopes Maria da Glória Rangel Gomes Revisão Final Ana Cristina Amaral Marcondes de Moura Denise Helena de Freitas Alonso Dilza Silvestre Galha Matias Reinaldo Cintra Torres de Carvalho 4 Colaboradores na Construção do Manual de Procedimentos Comissão de Chefias de Serviço Social e Psicologia – Capital Lídia Rosalina Folgueira Castro - psicóloga - V.Família Central Maria Luiza Camargo Quiroz – assistente social – V. Família Central Eurídice de Moraes Ralo – psicóloga – VIJ Central Eloise Silva Teles de Menezes – assistente social – VIJ Central Maria Costantini – psicóloga – Varas Especiais Francisca Diniz de Oliveira – assistente social – Varas Especiais Sonia Maria Motinho da Silva – psicóloga – VIJ Santana Marli Rodrigues da Silva – assistente social – VIJ Santana Célia Regina Cardoso – psicóloga – VIJ Santo Amaro Solange Rolo Silveira – assistente social – VIJ Santo Amaro Mara Regina Augusto - psicóloga – VIJ Jabaquara Sandra Plumeri Santin – assistente social – VIJ Jabaquara Celso Caropreso Fogaça – psicóloga – VIJ Lapa Beatriz Aparecida da Silva Martins – assistente social – VIJ Lapa Mônica Sofia Toledo Zanotto – psicóloga – VIJ São Miguel Célia Maria L. de Almeida Brito– assistente social – VIJ São Miguel Lucimaria Misso Rocha – psicóloga – VIJ – Penha Adriana Lúcia Folchi Amorim – assistente social – VIJ Penha Jéssica Mara Oishi – psicóloga – VIJ Itaquera Cássia Pauletti – assistente social – VIJ Itaquera Marineiva Benassi Serra Jorge – psicólogo – VIJ Tatuapé Eunice Castro da Silva – assistente social – VIJ Tatuapé Ana Maria Medeiros Santana – psicóloga VIJ Ipiranga Sônia Megumi Kumagai – assistente social – VIJ Ipiranga Ana Cristina Rosa – psicóloga – VIJ Pinheiros Maria Eliane Oliveira Santos – assistente social – VIJ Pinheiros 5 Comissão de Estudo para controle e acompanhamento de Crianças e Adolescentes em Situação de Abrigo Sônia Maria O. Toldo – assistente social – VIJ central Lucilena Vagostello – psicóloga – VIJ Central Guaraci de Melo Françoso – assistente social – VIJ Santana Maria Helena dos Santos – assistente social – VIJ Santo Amaro Márcia Rita Pauli – psicóloga – VIJ Santo Amaro Maria José de Oliveira Correa – assistente social – VIJ Jabaquara Selma Noemy Magueta Pares Janja – assitente social – VIJ Lapa Marisa Stefanelli de Aguiar e Silva – psicóloga – VIJ Lapa Ana Cristina Castro Santiago – assistente social – VIJ São Miguel Cristina R. Rosa Bento Augusto psicóloga – VIJ São Miguel Eliana Teixeira Bin – assistente social – VIJ Penha Danuza Sgobbi Saes – psicóloga – VIJ Penha Mirian Vega da Silva – assistente social – VIJ Itaquera Eliane Rivero Jover – psicóloga – VIJ Itaquera Enny Boettcher – psicóloga – VIJ Tatuapé Nádia Maria Galli Luchi – assistente social – VIJ Ipiranga Sonia Maria Lara Morita – assistente social – VIJ Pinheiros Maria Cecília de Paula Magalhães – psicóloga – VIJ Pinheiros Clarinda Frias – assistente social – CEJAI Silvia Nascimento Penha – psicóloga - CEJAI 6 SUMÁRIO PÁG INTRODUÇÃO 14 CAPÍTULO 1: O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO A - Considerações Iniciais 19 B - O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo 19 B 1 - Estrutura Organizacional 20 C - Organização Administrativa 22 D - Função dos profissionais que atuam em 1ª instância 25 D 1 - Do Juiz 25 D 2 - Das Partes 26 D 3 - Dos Auxiliares do Juízo 27 E - Dos Processos 27 F - Da Especificidade das Varas de Infância e Juventude 29 BIBLIOGRAFIA 31 CAPÍTULO 2: OS ASSISTENTES SOCIAIS E OS PSICÓLOGOS NO TJSP A - Considerações Iniciais 32 B - Inserção dos Profissionais nas V.I.J. e Família 33 B 1 - O Serviço Social 33 B 2 - A Psicologia 35 B 3 - Do Serviço Social e da Psicologia 36 B 4 - A Subordinação dos Profissionais de Serviço Social e Psicologia 40 Organograma das Varas Privativas 41 Organograma das Varas Cumulativas 41 BIBLIOGRAFIA 43 7 CAPÍTULO 3: O QUE É PRECISO SABER ADMINISTRATIVAMENTE PARA ATUAR NAS VARAS DE INFÂNCIA E DA JUVENTUDE A - Considerações Iniciais 45 B – Registros em Livros 45 B 1 – Livro Ponto 46 B 2 – Livro de Controle de Registro de Processo: recebimento e devolução de processos 47 B3- Livro de Registro de Pessoas Interessadas em Adoção (CPA) 48 B 4 – Livro de Registro de Crianças e Adolescentes em condições de ser adotados 49 B 5 – Livro de Registro de Pessoas Atendidas sem Processo 50 C – Fichas 51 D – Planilha do Movimento Judiciário dos Setores Técnicos Registro Estatístico 52 E – Relatório Anual 52 F – Prazos 54 G – Manuseio do Processo 56 BIBLIOGRAFIA 57 CAPÍTULO 4 : O JUÍZO DA INFÂNCIA E JUVENTUDE Parte I A – Considerações Iniciais 58 B – Competência do Juízo da Infância e Juventude. 59 C – Dos Processos 60 FLUXO 63 8 Parte II – A atuação dos Assistentes Sociais e Psicólogos nos Processos da Infância e Juventude A – Considerações Iniciais. 64 B – O Processo nas Seções Técnicas 67 C – O Estudo Social 68 D – O Estudo Psicológico 70 FLUXO 73 1 - Vitimização . A - Considerações Iniciais 74 B - Definição de Violência contra a Criança e Adolescente 75 B 1 - Formas de Violência Sexual 80 C - A Avaliação Social e Psicológica nos casos de vitimização 82 C 1 - Avaliação Social 84 C 2 - Avaliação Psicológica 88 2 - Problemas de Comportamento 92 3- Da atuação do Assistente Social e Psicólogo de acordo com as medidas de protetivas A – Guarda 93 B – Tutela 96 C – Abrigamento 99 C 1 - Dos Cuidados com a Criança ou Adolescente Abrigado 101 C2 - O Acompanhamento da Criança ou Adolescente Abrigado 102 C 3 - Desabrigamento 105 FLUXO 108 C 4 - Acompanhamento dos Abrigos 109 D - Adoção 112 FLUXO 113 9 Roteiro 114 BIBLIOGRAFIA 116 CAPÍTULO 5: ADOÇÃO Parte I A - Considerações Iniciais 122 B - Do Consentimento da Adoção 123 C - A Suspensão e a Destituição do Poder Familiar 124 C 1 - A perícia social e a perícia psicológicano Processo Contraditório: destituição do poder familiar 126 D - A Criança que será colocada em família substituta: o trabalho necessário a ser desencadeado 129 FLUXO 133 Parte II 1 - Adoção por meio do CPA e Outras Modalidades A - Os Passos para localizar família substituta por meio do Cadastro de Pretendentes à Adoção (CPA) 134 A A1 - A adoção por meio do Cadastro de Pretendente à Adoção (CPA): aproximação da criança e ou adolescente, cuidados técnicos para colocação em família substituta 135 B - A Adoção Internacional: O trabalho que demanda e a Aproximação 137 C - Adoção Intuitu Personae 141 D - Adoção Unilateral 142 10 E - Adoção Por Parentes 144 F - Outras Adoções Prontas 146 G - Outras questões que versam sobre adoção: 147 H - Adoção Tardia 148 I - Adoção Inter-racial 150 2 - O Estágio de Convivência O Acompanhamento do Estágio de Convivência 152 3 - Cadastro de Pretendentes à Adoção (CPA) A- CPA: Regulamentação 156 B - Alguns Apontamentos para Avaliação dos Pretendentes à Adoção por Parte dos Setores Técnicos 1ª Fase 158 2ª Fase 160 FLUXO 166 BIBLIOGRAFIA 167 GLOSSÁRIO 173 11 APRESENTAÇÃO A Constituição Federal, em seu art. 1º, inciso III, coloca, ineditamente, a dignidade da pessoa humana, como um dos primados da República e do Estado Democrático de Direito. Ressalta, pois, a importância da dignidade do ser humano, a qual precisa ser preservada desde a sua concepção e nascimento, recebendo a criança e o adolescente proteção especialíssima, como se infere do disposto no art. 227 da mesma Constituição. No entanto, os destinos são incertos e conflitos familiares eclodem com muita facil idade e freqüência e desembocam na mesa de um juiz. São dramas pungentes que precisam ser resolvidos com intel igência, técnica e uma dose de amor, a exigir do magistrado plena dedicação no estudo da ação judicial que lhe é posta. Vem, então, a importância dos auxi l iares do juízo, o(a) assistente social e o (a) psicólogo (a), que trazem dados relevantes para o deslinde da causa. Os pareceres técnicos são fundamentais para que o magistrado decida com justiça e sempre zelando, em primeiro lugar, pelos interesses da criança e do adolescente. Essas causas judiciais multiplicam-se e nossos assistentes sociais e psicólogos, trabalhando nelas tão intensamente, adquir iram experiência e conhecimentos que os tornaram especial izados na matéria, a ponto de poderem elaborar este “Manual de Procedimentos Técnicos” para assistentes sociais e psicólogos judiciários, capacitando-os ao exercício de suas tarefas no dia-a-dia forense, principalmente para aqueles, que recém-ingressos no serviço público, ainda não se 12 familiarizaram com as questões e as soluções que possam ser encontradas. A Corregedoria Geral da Just iça e a Secretaria de Recursos Humanos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, com o Núcleo de Apoio Prof issional de Serviço Social e Psicologia do Tribunal de Justiça, merecem aplausos pela publicação deste “Manual”, dando, assim, uma enorme contribuição para a consecução da Justiça e proteção da criança e do adolescente. Celso Limongi Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo 13 APRESENTAÇÃO Foi com grande satisfação que recebi os originais do “Manual de Procedimentos” para os Assistentes Sociais e Psicólogos Judiciários, trabalho minucioso que certamente irá auxiliar os Setores Técnicos do Judiciário Paulista a buscarem uma uniformização de procedimentos (sempre respeitada a sua autonomia técnica) que possibilitará a otimização dos trabalhos na área da infância e juventude, e uma conseqüente melhor prestação jurisdicional. Não é de hoje que a Corregedoria Geral da Justiça vem se preocupando com o aprimoramento técnico dos Assistentes Sociais e Psicólogos Judiciários, classe de servidores que a cada dia conquista mais respeito dos operadores do direito e está vendo reconhecida a importância de seus conhecimentos específicos para uma melhor prestação jurisdicional. Esse “manual” deixa patente a qualidade do trabalho executado pelos técnicos do Núcleo de Apoio, e consolida a sua importância na busca do aperfeiçoamento da atividade profissional dos Assistentes Sociais e Psicólogos Judiciários. Tenho certeza de que esse Manual de Procedimentos será importante ferramenta de trabalho aos técnicos do judiciário, que nele encontrarão caminhos para a boa prática de sua atividade profissional, em especial para aqueles que iniciam sua carreira junto às Varas da Infância e da Juventude. GILBERTO PASSOS DE FREITAS Corregedor Geral da Justiça 14 PREFÁCIO Concluir uma missão, por mais simples que ela possa parecer, é sempre uma vitória. Quando essa missão não é tão simples assim, a vitória ganha status de conquista. O Primeiro Volume do Manual de Procedimentos (Infância e Juventude – Área Protetiva, Não Infracional) que hoje chega às mãos de todos os Assistentes Sociais e Psicólogos Judiciários do Estado de São Paulo é o resultado de uma proposta conjunta da Corregedoria Geral da Justiça e da Secretaria de Recursos Humanos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, materializada pelo Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e Psicologia do Tribunal de Justiça. Esse primeiro volume do Manual é fruto de um levantamento de atividades executadas pelos técnicos da área de Serviço Social e Psicologia junto às Varas da Infância e Juventude na área protetiva (não infracional), que tem por objetivo buscar o aprimoramento dos profissionais para que o trabalho seja o melhor possível, auxiliando os Assistentes Sociais e Psicólogos Judiciários no início e durante o exercício de suas atividades. Procurou-se de um modo simples, mas com profundidade, apontar todas as atribuições carreadas a esses profissionais, e indicar aquilo que seria de fundamental importância para que a prestação jurisdicional ocorra de forma mais célere e efetiva. Em momento algum se buscou tolher a liberdade profissional dos técnicos, mas, ao contrário, procurou-se marcar a importância de sua missão dentro do Sistema Judicial de Garantia e Defesa dos Direitos da Criança e do 15 Adolescente, apontando caminhos e os objetivos a serem buscados dentro de suas atividades. O Manual representa um trabalho de fôlego, de alto nível, executado pelas Assistentes Sociais e Psicólogos Judiciários que compõem o Núcleo, profissionais que representam o que de melhor possui o Tribunal de Justiça nessa área do conhecimento. Tenho absoluta convicção que esse Manual será um marco para as atividades dos Setores Técnicos do Tribunal de Justiça, pois possibilitará uma convergência dos diversos procedimentos até agora adotados nas unidades judiciárias do Estado, bem como será importante instrumental para que Magistrados, Promotores de Justiça e Advogados possam entender e melhor aproveitar o importante trabalho que é executado pelos Assistentes Sociais e Psicólogos Judiciários. Não poderia deixar de aproveitar a oportunidade para deixar de público meu agradecimentoàs Assistentes Sociais e Psicólogas Judiciárias (Evani, Dilza, Denise, Ana Cristina, Márcia e Glória) e Escreventes (Flávia e Luzia) que compõem o Núcleo, pelo apoio, respeito e carinho que sempre dispensaram à minha pessoa, e pelo exemplo de profissionais que são. REINALDO CINTRA TORRES DE CARVALHO Juiz Auxiliar da Corregedoria Geral da Justiça 16 INTRODUÇÃO Esse trabalho tem a intenção de apresentar a prática desenvolvida por assistentes sociais e psicólogos que atuam, sobretudo, nas Varas da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e se constitui no Volume I do Manual de Procedimentos Técnicos. Inicialmente, imaginou-se que esse mesmo volume sintetizaria as práticas desenvolvidas nas esferas das Varas de Família e Cíveis e com adolescentes infratores. Entretanto, após o material pronto, compreendeu-se que deveria ser dedicado um volume para cada uma destas temáticas. Portanto, em curto espaço de tempo, serão lançados o Volume II – Manual de Procedimentos Técnicos na Área da Família e Sucessões e Cíveis e o Volume III – Atuação na Área do Adolescente Autor de Ato Infracional. Este trabalho (Volume I - Manual de Procedimentos da Vara da Infância e da Juventude) tem a intenção de apresentar a prática desenvolvida por assistentes sociais e psicólogos no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e apontar parâmetros mínimos para a atuação destes profissionais. Para tanto, a obra, apresentada em linguagem objetiva e clara, trata dos procedimentos gerais e específicos empregados no cotidiano destes técnicos. Espera-se que o presente trabalho esclareça melhor os magistrados sobre os propósitos destes que são auxiliares da justiça. Assim como os assistentes sociais e psicólogos ampliem seu entendimento sobre o papel dos demais membros que compõe o Poder Judiciário e com que mantêm uma interface direta. É importante salientar que as questões trazidas são alinhadas com o Estatuto da Criança e do Adolescente, de Ética das profissões e as Normas de Serviços da Corregedoria Geral. O primeiro capítulo preocupou-se em situar o leitor em relação à instituição em que ele irá trabalhar ou já trabalha. 17 E, de maneira breve, abordou a estrutura organizacional e administrativa do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, a 1ª Instância da Justiça e a função dos profissionais que nela atuam, além dos processos e da especificidade das Varas de Infância e Juventude. Intitulado Os Assistentes Sociais e Psicólogos no Tribunal de Justiça de São Paulo, o segundo capítulo recuperou, de maneira breve, a inserção dos assistentes sociais e psicólogos na instituição, seus novos campos de atuação e sua subordinação administrativa. O terceiro capítulo - O que é preciso saber administrativamente para atuar nas Varas de Infância e Juventude - atualiza os profissionais sobre as Normas da Corregedoria Geral da Justiça e aborda a importância de manter nas seções registros específicos. Em razão de sua complexidade, o capítulo quarto é dividido em duas partes e abordou O Juízo da Infância e Juventude e a sua competência. A primeira tratou da competência do Juízo, do ingresso de ações e dos aspectos processuais onde estão presentes complexidades que exigem a participação de outros profissionais para buscar compreender as particularidades do humano-social. Foi abordada na Parte II a função dos profissionais nas diferentes questões que devem atuar e concentra-se na intervenção nos casos por meio Estudo Social e do Psicológico.Tratou também a respeito de Vitimização e os Problemas de Comportamento, pois se considerou importante tocar nessas questões que exigem a intervenção do Juízo da Infância e Juventude. Ao tratar de cada uma das questões, seja como problemática ou como uma medida solicitada, procurou-se pensar o que o profissional de Serviço Social deve estar atento em seu estudo, e o que o psicólogo deverá enfatizar em sua avaliação, garantindo-se com isso as especificidades de cada caso. Ressaltou-se a importância das discussões interdisciplinares para encontrar a melhor solução para a criança, o adolescente e a família, bem com a necessidade de interlocução com diferentes setores de prestação de serviço. O último capítulo trata da Adoção. Na 1ª Parte ancorada na legislação, abordou-se o consentimento dos pais pela adoção; bem como a 18 suspensão ou destituição do poder familiar, a perícia social e psicológica nestas ações. Tratou-se ainda das questões ligadas à criança que será colocada em família substituta e do trabalho técnico exigido. A Parte II mostrou as diferentes formas que podem ocorrer a adoção, a aproximação da criança e do adolescente, os cuidados técnicos para a colocação em família substituta, o estágio de convivência e o cadastro de pretendentes à adoção. Esperamos que esse material auxilie as práticas profissionais voltadas para ações consistentes e conseqüentes, inspiradas nas premissas do Código de Ética das Profissões e, portanto, voltadas para a garantia dos direitos e a cidadania. 19 CAPÍTULO 1 O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO A - CONSIDERAÇÕES INICIAIS É de fundamental importância que todos os profissionais que atuam em uma instituição conheçam seus objetivos e, minimamente, sua estrutura administrativa e a organização do trabalho. Ao se apropriar desse campo, ciente do lugar que está inserido, o assistente social e o psicólogo, se alicerçados devidamente no campo teórico- metodológico e ético, poderão vir a desenvolver ações que efetivamente contribuam para assegurar direitos. B - O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO O Estado foi concebido no século XVIII por um aparato que conta com os três Poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. A constituição brasileira de 1891, que adotou o modelo republicano, evidenciou a separação dos Poderes, assegurando autonomia e independência. (Dallari: 1996, p. 99). As demais constituições como a de 1988 mantiveram essa condição. O judiciário tem como função precípua à distribuição da justiça, por meio da resolução dos conflitos surgidos na sociedade e concretizados em ações, que são discutidas em juízo. 20 B 1 - ESTRUTURA ORGANIZACIONAL A organização judiciária divide-se em dois sistemas: Justiça Federal e Justiça Estadual, conforme dita a Constituição Federal, Capítulo III, art. 92. Nos Estados o Poder Judiciário organiza-se em Tribunais. O Tribunal de Justiça de São Paulo tem jurisdição sobre todo o estado. Ele é gerido por um Presidente que é eleito como o Vice-Presidente e o Corregedor Geral da Justiça por todos os desembargadores para um mandato de 2 anos. O Regimento Interno do Tribunal de Justiça regula a forma de tratamento que deve ser oferecido a todos os órgãos que compõe a cúpula do Tribunal, denominando-se Egrégio e seus membros, Excelência. O Tribunal de Justiça de São Paulo é composto por 360 desembargadores. O Presidente, o Vice-presidente e o Corregedor Geral da Justiça, secretariados pelo primeiro Vice-presidente, constituem o Conselho Superior da Magistratura. O Conselho Superior da Magistratura é o órgão responsável por apreciar matérias e definir questões de importância geral para todo o Poder Judiciário. Para se ter uma idéia da forma que suas decisões interferem diretamente na prática profissional, cita-se o seguinte exemplo: Era recorrente, até 2006, que assistentes sociais, sobretudo no interior de São Paulo, atuassem em processos previdenciários, não obstante desde 25/02/2004 já existisse determinaçãodo Presidente do Tribunal de Justiça no sentido de não ser de responsabilidade desses profissionais assumirem esses estudos. Essa situação foi encaminhada ao Conselho, que reiterou parecer anterior, definindo-se vez por todas que não é de competência dos assistentes sociais do Tribunal de Justiça à realização de estudo em matéria previdenciária1. 1 Comunicado nº 67/2006 do Conselho Superior da Magistratura, D.O.J. 26 de julho de 2006. 21 Os juízes de primeiro grau são os responsáveis em processar e julgar ações em primeira instância. Após a sentença, caso uma das partes não concorde com a decisão do julgamento, ela tem o direito de ingressar com recurso em segunda instância. Nesse caso, o processo será julgado novamente, só que, dessa vez, por desembargadores, que se dividem em Câmaras. As Câmaras são formadas por um colegiado de desembargadores. Eles emitem seus votos, mantendo ou não decisão prolatada em primeira instância. A decisão em segunda instância é chamada de ACÓRDÃO. Todos os julgamentos em 1ª e 2ª instância são públicos e suas decisões devem ser fundamentadas. Caso contrário, podem ser dadas como nulas. Em determinados atos, quando se tratar de situações que seja fundamental preservar o direito à intimidade do interessado, a presença é limitada às partes e aos seus advogados, (Constituição Federal, artº 93). A Corregedoria Geral da Justiça é o órgão fiscalizador e normatizador dos procedimentos técnico-operacionais do Judiciário. O Corregedor tem a função de fiscalizar o andamento dos ofícios de Justiça, ação que se faz por meio de correição e, para isso, ele conta com uma equipe constituída de juízes assessores e auxiliares, que, além de proceder às correições, são especializados por área do Direito e responsáveis em oferecer Pareceres ao Corregedor. É de responsabilidade da Corregedoria também a Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional – CEJAI, que conta em seu quadro com um assistente social e um psicólogo, e o Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e Psicologia, criado em junho de 2005 pela Portaria nº 7243/05. 22 C - ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA Os membros da cúpula do Tribunal de Justiça e as Secretarias encontram-se sediadas na cidade de São Paulo. As Secretarias são responsáveis em oferecer o suporte necessário ao funcionamento da instituição. São elas: Secretaria Judiciária – S.J. Secretaria de Orçamento e Finanças - SOF Secretaria de Administração - SAD Secretaria de Recursos Humanos - SRH Secretaria de Tecnologia e Informática – STI Secretaria de Primeira Instância - SPI A seguir, apresentamos o organograma da instituição: 23 Escola Paulista da Magistra tura P residência da Seção de D ire ito Público Decano Presidência da Seção de D ire ito P rivado Corregedoria Pres idência da Seção C rim ina l V ice Pres idência PRESIDÊNCIA Assessoria P lanejamento Gestão Assessoria de Comunicação Institucional Gabinete C rim ina l Gabinete C ivil Cerimonia l e Relações Públicas Ouvidoria Juízes na P residência Apoio aos Desembargadores D ire toria de Execuções de Precatórios D iretoria da Magistratura Secretaria de O rçamentos e F inanças Secretaria Judiciária Secretaria de Adm in is tração Secretaria de Tecnolog ia de In formação Secretaria de Recursos Humanos Secretaria de Primeira Instância Juízes Assessores Juízes Auxiliares Núcleo de Apoio P rofissional de Serviço Socia l e Psicologia CEJA I 24 Segundo as lições de Cintra, Grinover e Dinamarco (2007), o território do Estado de São Paulo está dividido em comarcas. Cada comarca abrange um ou mais municípios e distritos. A comarca da Capital é dividida em foro central e 15 foros regionais. As comarcas do interior estão divididas em circunscrições judiciárias, constituída, cada uma delas da reunião das comarcas contíguas da mesma região, uma das quais será a sua sede. (Cintra, Grinover e Dinamarco, 2007, p.205) O Estado de São Paulo é composto por 56 Circunscrições e 338 comarcas e, segundo os autores acima citados, as comarcas são classificadas em 3 entrâncias: entrância inicial, entrância intermediária e entrância final. A capital é classificada em entrância final, bem como as comarcas mais importantes do interior [...]. A classificação é feita segundo os critérios do movimento forense, população, número de eleitores e receita tributária, levando-se em conta ainda as condições de auto-suficiência e de bem-estar necessárias para a moradia de juízes e demais servidores da justiça [...]. Atualmente são vinte-e-sete as comarcas de entrância final, cinqüenta-e-oito as de entrância intermediária e duzentas-e-cinquenta-e-três as de entrância inicial (Cintra, Grinover e Dinamarco, 2007, p.206) Os assistentes sociais e psicólogos do judiciário paulista estão distribuídos em diversas comarcas, que se vinculam a comarca sede de circunscrição. Essa vinculação delimita a área que o profissional pode atuar. No Tribunal de Justiça não há na organização um setor em que Serviço Social e a Psicologia estejam, em termos das questões técnico- operacionais, diretamente vinculados ou subordinados. Desde agosto de 2005, o Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e Psicologia, criado pela Portaria 7243/2005, tem procurado assessorar assistentes sociais, psicólogos e magistrados em questões atinentes a área técnica. Além de normatizar e padronizar os procedimentos técnicos. 25 D - FUNÇÃO DOS PROFISSIONAIS QUE ATUAM EM PRIMEIRA INSTÂNCIA D 1 - DO JUIZ Os juízes de direito que atuam em primeira instância são os de primeiro grau. A Constituição Federal regula o ingresso dos magistrados por meio de concurso público, tendo cada Tribunal autonomia para a realização de concurso em seu Estado. Aprovado no concurso, o Juiz de Direito investe-se do cargo o qual lhe confere a função de conhecer e julgar o processo. Ele somente poderá decidir sobre o que lhe é trazido a conhecimento, uma vez que o judiciário é inerte, não sendo possível, ele próprio, provocar ações para resolução de determinado conflito. O magistrado busca aproximar-se da verdade dos fatos e deve sopesar todos os ângulos da questão trazida e, à luz da doutrina do Direito, encontrar a melhor alternativa ao conflito. O juiz de direito preside o processo, cabe a ele a supervisão, a instrução processual, o acompanhamento dos passos e dos atos de desdobramento. No decorrer do andamento do processo, ele manifesta-se para ordenar o processo, definindo datas, mandando juntar documentos, petições. Esses atos são denominados de despachos de mero expediente. O processo pode ter algumas questões que se definem antes do julgamento final. A esse ato diz-se que o juiz chegou a uma decisão. A sentença ocorre quando há o julgamento do processo, concretizando o encerramento deste. O juiz de uma Vara também é o Corregedor Permanente. Ele tem a atribuição de acompanhar os procedimentos que estão sendo empregados e a lisura destes, sempre em conformidade com as Normas da Corregedoria, com os Provimentos e Portarias que definem a conduta a ser adotada. No caso de serem verificadas incorreções, cabe ao juiz empreender ações que as corrija, podendo até aplicar sansõesno caso de se tratar de conduta do servidor. As correições podem ocorrer a qualquer tempo ou 26 previamente agendadas. A elas correspondem atas específicas que ficam registradas em livros próprios. D 2 - DAS PARTES De modo geral, as ações são ajuizadas por promotores de justiça, advogados e defensores públicos que representam as partes. Importante assinalar que a Constituição Federal estabelece ao Ministério Público autonomia funcional e administrativa, não sendo este órgão pertencente ao Poder Judiciário. Portanto, os promotores de justiça não fazem parte da magistratura. É reconhecido como essencial à função jurisdicional do Estado, cabendo a ele a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. (art° 127 da Constituição Federal). O Ministério Público tem a responsabilidade de acompanhar o processo, possuindo o papel fundamental de fiscal da lei. Mais adiante será detalhada a função que o promotor assume na área da infância e juventude. Aos advogados cabe representar as partes por meio de manifestações como petição inicial, contestação, requerimentos, etc. É o profissional legalmente habilitado a, segundo Cintra, Grinover e Dinamarco (2007), “orientar, aconselhar e representar seus clientes, bem como a defender-lhes os direitos e interesses em juízo ou fora dele” (p. 237). Também se identifica na área da Infância e Juventude os Conselhos Tutelares, que são regulados no Titulo V, capítulos I e II, do Estatuto da Criança e do Adolescente. Os Conselhos Tutelares mantêm uma interface com a justiça da infância e são responsáveis por encaminhar os casos que exigem a interferência judicial (artº 136 § V, do E.C.A.). 27 D 3 - DOS AUXILIARES DO JUÍZO O Cartório constitui-se em uma equipe que é coordenada pelo Diretor/Escrivão. Os cartorários, em sua maioria, são escreventes e responsáveis pela formação, guarda e o cumprimento de atos determinados pelo juiz. Um rigoroso sistema deve ocorrer de forma a garantir que os processos sejam guardados, seguindo os prazos que acompanham o andamento processual. Cabe aos funcionários do cartório a manutenção de um livro de carga que evidenciará a saída e a devolução do processo, apontando o registro do recebedor. O oficial de justiça faz parte do quadro de profissionais que auxiliam o juiz. Ele tem a responsabilidade da execução de atos que ocorrem fora do recinto cartorário, cumprindo mandados, como intimação, citações, busca e apreensão, etc. Alguns juízos da infância e juventude contam com um corpo de voluntários que também colaboram no cumprimento de algumas medidas. Os assistentes sociais e psicólogos também compõem os serviços auxiliares da justiça. Eles são responsáveis por oferecer, além de parecer em audiência, subsídios ao magistrado através de estudos específicos. Estes estudos são transformados em relatórios/laudos e irão compor o processo. Ressalta-se que não é atribuição deles a entrega de intimação ou citação, sendo reservada apenas a convocação para entrevistas, quando se tratar de ato específico do setor. E - DOS PROCESSOS Do ponto de vista etimológico, processo significa “marcha avante ou caminhada” (do latim, procedere= seguir adiante). Por isso, ele foi, segundo Cintra, Dinamarco e Grinover (2007), confundido com a simples sucessão de atos processuais (procedimento). 28 Ainda pelos autores citados, o processo é indispensável à função jurisdicional, objetivando eliminar conflitos e fazer justiça mediante a atuação da vontade concreta da lei, sendo, por definição, o instrumento através do qual a jurisdição opera. Terminológicamente é muito comum a confusão entre processo, procedimento e autos. Assim, tomamos emprestadas as explicações dadas por Bueno (2007): Ele afirma que processo é o método de atuação do Estado com vistas à exteriorização de sua vontade, procedimento é a organização dos atos processuais de acordo com as normas jurídicas e autos é a documentação em papel dos atos do processo e do próprio processo. O processo tem quatro fases distintas: • Postulação (pedidos da parte) • saneamento ( limpeza do processo, eliminando irregularidades) • instrução ( coleta de provas) • julgamento ( sentença) As fases de um processo não se apresentam estanques, sendo comum que, ao postular um direito, o autor ofereça também provas. Cabe ao juiz garantir o contraditório, preservando o direito das demais partes de apresentarem suas provas e de serem ouvidas. Preserva-se que todos tenham conhecimento das provas oferecidas e das alegações feitas por todos. Os atos praticados dentro de um processo são denominados como atos processuais e realizados pelo juiz, escrivão, partes (inclui-se o advogado), Ministério Público e perito. De modo geral, os atos são encontrados por escrito. Os orais são reduzidos a termos, transformados na forma escrita como o que ocorre na audiência com o depoimento de uma testemunha. Conforme mencionado anteriormente, as decisões e as sentenças prolatadas pelos juizes de primeira instância podem sofrer contestação por meio de recursos denominada agravos no caso das decisões e por apelação, no caso da sentença. 29 Um processo judicial envolve custas e emolumentos que são recolhidos pelas partes no decorrer do trâmite processual. As partes devem sempre ser representadas por advogados constituídos ou nomeados pelo juiz. A ausência de um advogado provoca a nulidade processual. No Juízo da Infância e Juventude não há custas processuais, estando isso evidenciado no artº 141 § 2° do ECA. No mesmo artigo há a garantia de acesso à justiça a toda criança ou adolescente à defensoria pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário por qualquer de seus órgãos. O direito à assistência judiciária integral é gratuito e prestado pelos defensores públicos da Defensoria Pública do Estado ou advogados conveniados por ela. F - DA ESPECIFICIDADE DAS VARAS DE INFÂNCIA E JUVENTUDE De modo geral, nas comarcas do interior do Estado, os processos na área da infância têm sido iniciados por meio de advogados e dos Conselhos Tutelares. Na capital isso difere. No plantão das Varas da Infância e Juventude, o profissional, ao identificar uma situação necessária de intervenção judicial, orienta as partes sobre como proceder e, se for o caso, inicia o atendimento que redundará em informação ou em relatório, podendo já emitir um parecer, o que implica que o juiz aprecie aplicação de medida judicial. O relatório é encaminhado ao cartório, levado ao Ministério Público para que este ofereça a manifestação. Após é encaminhado ao juiz para as determinações, inclusive o de autuação do processo. Em alguns casos, esse trâmite ocorre no mesmo dia. Também é comum, nessa situação, que ocorram discussões multiprofissionais preliminares com o objetivo de definir a competência e de buscar um melhor encaminhamento. Isso supõe um bom entrosamento entre todos os agentes. Independente de quem deu início ao processo, o ECA evidencia o direito à proteção da criança e do adolescente. Portanto, a perspectiva é de se verificar o que é mais interessante para a criança e o adolescente. Não está em jogo o interesse de adultos ou conflitos de disputa, mas a 30 necessidade de proteção para quem se encontra em situação de risco, em vulnerabilidade social. Clara é a necessidade do procurador se fazer presente nas situações em que exista o contraditório, assim como nas questões que envolvam adolescentes em conflito com a lei. Como exemplo, cita-se um processo cuja criança esteja em situação de abrigo. Ao se identificar por meio de estudos técnicos a possibilidadeda criança em ser desabrigada pela família de origem ou por terceiro ligado a ela, entende-se não haver necessidade de que isto seja expresso por um procurador, desde que o caso seja devidamente analisado por profissionais que ofereceram parecer no processo. Diferente será se houver oposição dos genitores, quando então será necessário um procedimento próprio, formulada por advogado. 31 BIBLIOGRAFIA (referente ao capítulo Nº 1) BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990. BUENO, Cássio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil. São Paulo: Saraiva 2007. CINTRA, Antonio Carlos de A.; GRINOVER, Ada P.; DINAMARCO, Cândido R. Teoria geral do processo. 23ª ed., 2007. DALLARI, Dalmo. O Poder dos juízes. São Paulo: Saraiva 1996. NORMAS DE SERVIÇO DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA. Disponível em http://www.tj.sp.gov.br/, acesso em 15/09/07. 32 CAPÍTULO 2 OS ASSISTENTES SOCIAIS E PSICÓLOGOS NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO A - CONSIDERAÇÕES INICIAIS: Para tratar do ingresso dos profissionais de Serviço Social e Psicólogos no judiciário paulista tem-se que recuperar, ainda que de maneira breve, a instalação do Juizado de MenoreNa comarca de São Paulo, em resposta a necessidade2 de se ter uma atenção diferenciada aos “menores”, é instalado, em 1925, o Juizado Privativo de Menores. O Decreto que regulamentou a Lei nº 2.059 apontava que o juízo deveria contar com a contribuição de médico nos casos em que o juiz deveria decidir sobre menores delinqüentes. Ele realizaria os exames, as observações e a perícia dos menores e de suas famílias (Davidovich, 1991, p.46). O primeiro Código de Menores3 instituído, em 1927, e apelidado de Código Mello Matos, nasceu sob a forte influência de um magistrado do mesmo nome, vigorou por 52 anos. O encaminhamento dos casos ao juiz se dava por meio dos Comissários de Vigilância, posteriormente denominados de Comissário de Menores. O Comissariado era formado por pessoas dispostas a auxiliar no trabalho junto aos menores abandonados, infratores e com aqueles que o procuravam. Os casos eram levados ao conhecimento do juiz para apreciação e decisão (Fávero, 1995, p.32). O Código de Mello Matos foi substituído, em 1979, por outro que consagra a Doutrina da Situação Irregular, segundo a qual os menores são 2 Refere-se ao agravamento das questões sociais decorrentes de mudanças sócio- econômicas, processos migratórios europeus, que foram motivados a vir para o Brasil para melhorar sua condição de vida, mas que na verdade encontraram um sistema de trabalho perverso, de quase escravidão e sem garantias. Para maior aprofundamento do assunto sugere-se, Fausto (1995), Fávero (1995), Rizzini (1997). 3 Obra do Juiz de Menores José Candido de Albuquerque Mello Matos. . 33 objeto de direito, quando se encontrarem em estado de patologia social definido legalmente. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) entrou em vigor, em 1990, e transformou os menores em sujeitos de direitos, reforçando a necessidade da atuação de equipes interprofisssionais nos Juízos da Infância e da Juventude. Segundo Soares da Silva (2005), o Estatuto surgiu do anseio de movimentos, entidades e organizações de proteção à infância. No entanto, apesar de consideradas cidadãs, há que se ter claro que cidadania implica numa condição ativa. “O exercício da cidadania exige a prática da reivindicação, da apropriação de espaços [...] pressupõe uma consciência crítica libertária e a efetiva participação social com a ocupação dos espaços decisórios.” (p.72). B - INSERÇÃO DOS PROFISSIONAIS NAS VARAS DA INFÂNCIA E JUVENTUDE E FAMÍLIA B 1 - O SERVIÇO SOCIAL A primeira Escola de Serviço Social surgiu, em 1936, em São Paulo, e, logo em seguida, assistentes sociais e estagiários de Serviço Social passaram a integrar o quadro de comissários do judiciário como voluntários. A primeira contratação ao que tudo indica foi de uma aluna de Serviço Social que ocorreu em 19374. (Fávero, 1995, p.32/33). Iamamoto identificou que o Decreto Estadual nº 9.744 de 1938 reorganiza o Serviço Social de Menores, em que fica determinado que cargos, como de subdiretor de vigilância, de comissários de menores e de monitores 4 Segundo Fávero não há registros sobre como se organizou essa atuação. (Fávero,1995, p.34) 34 de educação passam a ser privativos dos Assistentes Sociais (apud Matias, 2002, p. 90). Não obstante, o Serviço Social, somente em 1948, começou a fazer parte do quadro funcional do Judiciário. Em 1949, foi criado o Serviço de Colocação Familiar, com o objetivo de evitar a internação de menores. Esse Programa era de responsabilidade dos assistentes sociais, sendo o diretor nomeado à época, o assistente social José Pinheiro Cortez (1950 a 1979). Entre 1948 e 1958 vários serviços de atendimento à criança e ao adolescente passaram a ser centralizado no Juizado de Menores. Com isso, várias frentes de trabalho foram abertas para os assistentes sociais que atuavam no Juizado, principalmente a partir de 1956, com o juiz de menores, Dr. Aldo de Assis Dias (Fávero, 1995). Vários assistentes sociais assumiram postos de chefia nos estabelecimentos que eram de responsabilidade do Juizado de Menores. A exemplo cita-se o Recolhimento Provisório de Menores e a Casa de Plantão, dentre outros. Somente em 1975 é que esses serviços foram transferidos para o Poder Executivo e com eles os profissionais que atuavam. Os assistentes sociais que desenvolviam suas práticas junto ao gabinete, no intuito de oferecer subsídios para as decisões judiciais, se mantiveram. É em 1957 que os assistentes sociais começam a atuar nas Varas de Família, atendendo ao dispositivo do Código Civil no que tange a possibilidade do juiz nomear um perito para que lhe forneça subsídios à decisão. Com a intensificação da solicitação de estudos nesse campo, o Tribunal de Justiça designou profissionais específicos. Entretanto, isso foi revogado na década de 80, sendo que apenas no Fórum Central (capital) é que se manteve a divisão de equipes. O primeiro concurso para assistentes sociais do Poder Judiciário paulista ocorreu em 1967, o segundo em 1979, o terceiro em 1985, o quarto em 1990 e o último em 2005. Os dois últimos concursos destinaram-se a suprir a capital e as comarcas do interior. 35 B 2 - A PSICOLOGIA Um levantamento realizado por Bernardi (1999) indica que, em 1981, os psicólogos já prestavam serviços voluntários no Tribunal de Justiça, as agências de colocação familiar (Lei Estadual nº 560 de 1949), com uma atuação de caráter terapêutico e de intervenção clínica junto às famílias. O ingresso foi através de um estágio, na Fundação Estadual do Bem Estar do Menor, para dar início a um trabalho que, mais tarde, seria sedimentado no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. A entrada do Psicólogo se deu oficialmente nas Varas de Menores (atuais Varas de Infância e Juventude), local em que as questões atinentes à menoridade deveriam ser estudadas. Posteriormente, surgiu a entrada nas Varas de Família e Sucessões. Pode-se dizer que esta inserção foi fundamentada na necessidade de se oferecer aos Juízes uma assessoria especializada, sempre que um direito da criança e do adolescente fosse ameaçado ou violado. A finalidade era apresentar subsídiosverbais e escritos sobre a natureza e as causas de uma dada situação envolvendo todo o grupo familiar, contribuindo para a reflexão e análise sobre a melhor medida legal a ser aplicada ao caso concreto, bem como as conseqüências desta aplicação. O foco sempre foi à convivência familiar, possibilitando uma intervenção ativa na família, ao desenvolver um serviço de diagnóstico situacional, orientação e aconselhamento. A contribuição desse campo da ciência, aos operadores de Direito, estava amparada legalmente, já que o Código de Menores de 1979 estabelecia a diferenciação dos atendimentos realizados pela Promoção Social e pelo Judiciário. Em 1980, os psicólogos passam a atuar nas chamadas audiências interprofissionais, propostas por Camargo (1982), que se constituíam numa forma de atendimento dos casos em juízo, por meio da prévia apuração da equipe técnica, composta por Assistente Social e Psicólogo. Tais profissionais tinham como dever não só apresentar as medidas cabíveis dentro de suas respectivas áreas, mas também, confeccionarem relatórios circunstanciados visando à decisão do processo. Esta proposta constituiu-se num verdadeiro marco para a entrada definitiva do psicólogo nos quadros da instituição jurídica, sendo que em 1981 36 os psicólogos foram legalmente contratados, passando a integrar praticamente todas as Varas de Infância e Juventude da capital. Em 1985 ocorreu o primeiro concurso público para o ingresso de psicólogos nos quadros do Tribunal de Justiça de São Paulo com a criação de 65 cargos efetivos e mais 16 cargos de chefia. B 3 - DO SERVIÇO SOCIAL E DA PSICOLOGIA O Provimento CXVI, do Conselho Superior da Magistratura, de 17/04/1980, normatizou a atuação dos assistentes sociais nas Varas de Família e Sucessões e em 12 Varas Distritais da Comarca de São Paulo. Em 1985, o Provimento nº 236/85 do Conselho Superior da Magistratura, retomou alguns pontos do anterior e incluiu a atuação dos Psicólogos, dispondo também sobre a organização dos Setores Técnicos (Serviço Social e Psicologia). Um pouco mais adiante, o Provimento de nº 6/91 da Corregedoria Geral da Justiça, atualiza a inserção das equipes técnicas. Hoje, a atuação dos assistentes sociais e psicólogos está regulamentada pelos Provimentos do Conselho Superior da Magistratura nº 838/04 e Corregedoria Geral da Justiça, nº 07/2004 (todos inseridos nas Normas de Serviço da Corregedoria Geral – Cap. XI). Com a inserção legitimada na instituição, tanto os psicólogos como os assistentes sociais, iniciaram uma movimentação, visando sua organização mais diferenciada dentro do judiciário. Ocorreram inúmeros seminários, encontros, pesquisas, cursos e supervisões, com a proposta de ampliação, divulgação e discussão dos papéis profissionais. Do ingresso dos psicólogos em 1980 em diante, as chamadas equipes técnicas ou interprofissionais foram se qualificando e se integrando, sendo aceitas como obrigatórias em todo Brasil, também por força de Lei Federal nº 8.069/90, que implanta o Estatuto da Criança e do Adolescente. O texto legal ressalta a autonomia dos profissionais, que deverão ter total liberdade para expressar suas conclusões e sugestões técnicas, por meio de documentos que auxiliarão o juiz na resolução do caso. 37 As atribuições dos assistentes sociais e psicólogos do Tribunal de Justiça de São Paulo foram construídas por meio de intensas discussões dos profissionais do judiciário. Essas atribuições foram normatizadas pela Secretaria de Recursos Humanos (antigo Departamento Técnico de Recursos Humanos) e após aprovação da Presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo, publicadas. O Comunicado nº 308/2004 (D.O.J. de 12/03/2003) versa sobre as atribuições dos assistentes sociais e o de nº 345/2004 (D.O.J. de 26/05/2004) sobre as atribuições dos psicólogos. As alterações nos dispositivos legais e as mudanças na política de atendimento à criança e aos adolescentes têm possibilitado a redefinição de funções entre o Judiciário e Executivo. Ressalta-se que, diante da compreensão da incompletude institucional há necessidade de um novo posicionamento para o trato das questões do campo sócio-jurídico. Pode-se citar alguns fatores que vem modificando a atuação profissional dos Assistentes Sociais e Psicólogos Judiciários no Tribunal de Justiça, contribuindo também para a ampliação do quadro funcional como: • a necessidade de democratização e acesso a Justiça; • a implementação dos Conselhos Municipais de Direito da Criança e do Adolescente e Conselhos Tutelares; • a Criação do Conselho Nacional de Justiça instituído em 2004, presidido pelo Supremo Tribunal Federal; • o Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária; • a criação em 2006 do SINASE – Sistema Nacional de Atendimento Sócio Educativo. Cabe ainda mencionar que recentemente o Conselho Nacional de Justiça (Emenda Constitucional nº 45/2004) mostrou-se sensível à importância inquestionável da atuação do psicólogo e assistente social junto às questões que se apresentam no âmbito do Poder Judiciário, e editou a Recomendação nº 2, em 25 de abril de 2.006. Essa medida recomenda que os Tribunais de Justiça dos Estados adotem as providências necessárias à implantação de equipes interprofissionais, próprias ou mediante convênios com instituições universitárias, que possam dar atendimento às comarcas dos Estados nas causas relacionadas à família, crianças e adolescentes, a exemplo das que versam sobre perda e suspensão do poder familiar, guarda, adoção e tutela, 38 além da aplicação de medidas sócio-educativas, devendo, no prazo de seis meses, informar ao Conselho sobre as providências adotadas. No Estado de São Paulo, os profissionais estão distribuídos nos fóruns da capital – Fórum Central (Vara de Infância e Juventude e Varas de Família e Sucessões), 10 Fóruns Regionais (Vara de Infância e Varas de Família e Sucessões) e 4 Varas Especiais, e em 56 Circunscrições Judiciárias, compostas por Comarcas e Fóruns Distritais, nas diversas regiões do Estado de São Paulo, totalizando, na atualidade, cerca de 1166 profissionais no corpo técnico. Cabe ainda ressaltar que os Assistentes Sociais e Psicólogos também estão inseridos em diversas Unidades de Departamentos para responder a uma demanda interna institucional, com o objetivo de melhorar as relações do indivíduo no trabalho e trazendo maior qualidade e resultados organizacionais. Atualmente além de exercerem suas funções nos Serviços para atendimento a usuários das Varas da Infância e da Juventude, Varas Especiais e Varas de Família e Sucessões, o Serviço Social e a Psicologia também atuam em áreas administrativas como: � Seção de Concessão e Controle do Auxílio Creche-Escola, da DIRETORIA DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS, onde há assistentes sociais atuando desde 1982, no sentido de planejar e desenvolver ações, visando à administração de benefícios; � Na DIRETORIA DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS, em uma Diretoria de gestão de capacitação, responsável pelo Treinamento e Desenvolvimento dos funcionários em geral, trabalho iniciado em 1991 e reestruturado através da Portaria 7.254/2005, publicada em 1º de agosto de 2005; � GRUPO DE APOIO TÉCNICO E ADMINISTRATIVO AOS JUÍZES CORREGEDORES NA PRIMEIRA VICE-PRESIDÊNCIA, trabalho iniciado em 1993, desenvolvendo assessoria nos processos administrativos de funcionários; � SERVIÇO DE ATENDIMENTO PSICOSSOCIAL AOS MAGISTRADOS E FUNCIONÁRIOS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO, criado em 1995, Portaria nº 2.839/95, contando com seis unidades no interior, com objetivo de intervir e fornecer atenção 39 apropriada aos aspectos humanos do trabalhador, já afetados em sua organização mental e emocional; � SERVIÇO PSICOSSOCIALVOCACIONAL AOS MAGISTRADOS E FUNCIONÁRIOS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO existe desde 1998 e tem como função precípua a avaliação psicossocial dos candidatos à Magistratura; o acompanhamento e reavaliação psicossocial dos juízes em estágio probatório. Além disso, desenvolve programas de orientação profissional aos filhos, netos e outros dependentes dos servidores do Tribunal de Justiça de São Paulo; � Na DIRETORIA DA ÁREA MÉDICA E ODONTOLÓGICA, foi criada a Seção Especial de Acompanhamento Psicossocial e Readaptação, objetivando o acompanhamento dos servidores em licença saúde afastados há mais de 6 meses, com intervenções visando o restabelecimento da saúde e conseqüente retorno ao trabalho, atividade iniciada em 1998; � Na COMISSÃO JUDICIÁRIA DE ADOÇÃO INTERNACIONAL, desde 2002, elaborando instrumentos de registro e controle das adoções realizadas, atendimento e orientação aos assistentes sociais e psicólogos judiciários em matérias relativas ao CEJAI, bem como manifestações nos autos de habilitação de pretendentes à adoção internacional. Em 09 de junho de 2005 surge o Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e Psicologia do Tribunal de Justiça de São Paulo criado pela Portaria n.º 7243/2005 e subordinado diretamente à Corregedoria Geral da Justiça. O Núcleo foi criado tendo em vista a necessidade de assessoramento técnico aos profissionais e a padronização das rotinas existentes; a normatização e centralização de diretrizes de trabalho de ordem técnica e administrativa, a orientação e acompanhamento de profissionais (de Serviço Social e Psicologia) no exercício de suas funções interdisciplinares. Com pouco mais de dois anos de existência, vem avaliando e qualificando também, projetos profissionais que trazem uma substancial melhoria na atuação de ambas as áreas dentro do judiciário paulista. 40 B 4 - A SUBORDINAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA O Tribunal de Justiça definiu que nos fóruns onde há Vara Especializada da Infância e Juventude, os profissionais devem ficar lotados nesse juízo e respondem disciplinarmente ao Juiz Corregedor Permanente da Vara. Comum é o assistente social e psicólogo que atua em processos que tramitam em outras Varas. Isso significa dizer que os profissionais respondem diretamente pelos trabalhos que desenvolvem para cada um dos juizes dessas Varas, ou seja, para o Juiz do Feito (NSGC Cap.XI, seção IV, artº 24.2). Nos locais onde não há Vara Especializada da Infância e da Juventude a lotação dos assistentes sociais e psicólogos se dá na Secretaria do Fórum, o que equivale dizer que o Juiz Diretor do Fórum é o superior hierárquico desses profissionais. Abaixo apresentamos um organograma para dar maior clareza à subordinação do Assistente Social e do Psicólogo atuantes nas áreas técnicas do Tribunal de Justiça de São Paulo. 41 42 É importante a compreensão de que os assistentes sociais e psicólogos são subordinados hierarquicamente ao juiz. Ao Diretor administrativo caberá o trato das questões relativas à esfera administrativa. Como providenciar os recursos necessários para os profissionais desenvolverem suas ações, assegurar o uso da viatura, encaminhar freqüência e férias. Os profissionais devem manter informado o juiz a quem é subordinado sobre a necessidade de comparecer em atividades extra-fórum como reuniões, visitas a recursos da comunidade e outras, próprias da prática dos assistentes sociais e psicólogos. Sugere-se que preferencialmente faça a informação por escrito, e as anexe. No caso de, por exemplo, ter um recebido convite, recomenda-se que se possível, despache diretamente com o magistrado. A assinatura do ponto dos profissionais deve ocorrer diariamente nas Varas, Diretorias ou Setores em que estiverem lotados. Nas Varas da Capital, onde existe designação de chefia, o controle do ponto é de responsabilidade direta dessa chefia (NSGC, Cap. XI), assim como a designação do processo (quando o processo não vem com prévia designação), escala de Plantão Diário, do uso da viatura, escala de férias, dentre outras atividades relativas à gestão, supervisão, etc.5 Não há regulamentação de chefia técnica para as equipes do interior, o que pode representar algumas dificuldades na organização e gerenciamento do setor em equipes com vários profissionais. Como forma de proporcionar um melhor funcionamento dos setores tem sido comum, que um profissional de cada área assuma a coordenação técnica. Notadamente os juizes têm reconhecido à importância da coordenação, pois sem dúvida isso contribui para uma maior eficiência no trabalho. 5 No período de 1996-1999 o Departamento Pessoal (DEPE), hoje S.R.H., coordenou o grupo de chefias da capital, contando com 33 participantes. Esse grupo discutiu as funções específicas do cargo elaborando documentos. Atualmente o Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e Psicologia da Corregedoria Geral da Justiça vem coordenando uma Comissão de Chefias da Capital, sendo um dos propósitos a discussão das funções. 43 BIBLIOGRAFIA (referente ao capítulo Nº 2) BERNARDI, Dayse C.F. Histórico da Inserção do Profissional Psicólogo no Tribunal de Justiça do Estado de S.Paulo – Uma Capítulo da Psicologia Jurídica no Brasil. In: BRITO, L.M.T.(org.) Temas de Psicologia Jurídica. Rio de Janeiro: Relume Dumará,1999. CAMARGO, Antonio Luis Chaves (org.) O Menor e seus Direitos: Audiências Interprofissionais. São Paulo: Lex, 1982. CERQUEIRA, M.A.P.S - e FERREIRA, R.M. Histórico do serviço de psicologia no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. In: Manual do curso de iniciação funcional para Assistentes Sociais e Psicólogos judiciários. PINTO, Ana Célia R.G; ALONSO, Denise Helena de Freitas;ANDERSON, Maria Celeste (orgs.) – Convênio Tribunal/FCBIA – São Paulo, 1991/1992. DAVIDOVICH, Terezinha Z. Histórico do serviço social no Tribunal de Justiça de São Paulo. In: Manual do curso de iniciação funcional para Assistentes Sociais e Psicólogos judiciários. PINTO, Ana Célia R.G; ALONSO, Denise Helena de Freitas;ANDERSON, Maria Celeste (orgs.) – Convênio Tribunal/FCBIA – São Paulo, 1991/1992. FÁVERO, Eunice T, MELÃO, Magda Jorge Ribeiro e JORGE, Maria Rachel Tolosa (orgs.). O Serviço Social e a Psicologia no judiciário: construindo saberes, conquistando direitos.São Paulo: Cortez, 2005. FÁVERO, Eunice Terezinha. Serviço Social, Práticas Judiciárias, Poder: Trajetória do Serviço Social no Juizado de Menores de São Paulo de 1948 a 1958. In Cadernos do NCA nº 2 – PUC/SP, out.:1995. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP-Fundação do Desenvolvimento da Educação, 1995. GUEIROS, Dalva Azevedo e GIACOMINI, Mônica (coord.). O Serviço Social e a Psicologia no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. In: Caderno dos Grupos de Estudos – Serviço Social e Psicologia Judiciários. ALONSO, 44 Denise Helena de Freitas (org). Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Gráfica do TJ/ DAPRE, Edição nº 1, São Paulo: 2004. LAROUSSE CULTURAL. Grande Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Nova Cultural, 1999. MATIAS, Dilza Silvestre Galha Matias. Crises, Demandas e Respostas Fora de Lugar. Programa de Pós-Graduação em Serviço Social – PUC/SP - Dissertação de Mestrado, 2002. RIZZINI, Irene. O Século Perdido: raízes históricas das políticas públicas para a infância no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Universitária Santa Úrsula 1997 SILVA, Evani Zambon Marques da. Reflexões sobre a avaliação psicológica no âmbito do judiciário" In : A diversidade da avaliação psicológica. Consideraçõesteóricas e práticas. João Pessoa (PB) : idéia, 2001. ______ Psicologia Jurídica: Um caminho em evolução. In: Revista da Academia Paulista dos Magistrados, ano II, nº 2, 2002. SOARES DA SILVA, Cláudio R. A Utopia da infância cidadã. In: TRINDADE, Jorge(org.) Direito da criança e do adolescente:uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. TRAVIESO, Pilar I. O Sujeito no Discurso Jurídico das Varas de Infância e Juventude: Pedido de Providências. Dissertação de Mestrado, IP-USP, 2001. 45 Capítulo 3 O QUE É PRECISO SABER ADMINISTRATIVAMENTE PARA ATUAR NAS VARAS DE INFÂNCIA E JUVENTUDE A - CONSIDERAÇÕES INICIAIS A instituição é tradicionalmente reconhecida pelo grande volume de papéis que circulam e pela concentração de processos, ofícios e livros. Essa é uma realidade que deverá perdurar por muito tempo, apesar de o Tribunal de Justiça de S Paulo nos últimos anos ter empreendido esforços para informatizar todas as unidades de trabalho do Estado e, até, já ter começado uma experiência inovadora de Fóruns inteiramente digitalizados. Em meio a essa realidade, é importante que o Serviço Social e a Psicologia do judiciário paulista se organizem para garantir a visibilidade de seus atos. Assim, existe a necessidade de padronizar os registros de forma a contemplar um padrão mínimo de atuação, respeitadas as peculiaridades de cada local de trabalho. B - REGISTROS EM LIVROS Os livros devem seguir a organização estabelecida pelas Normas da Corregedoria. Chama-se atenção para que sejam evitados erros, rasuras, omissões, borrões ou entrelinhas. Caso seja necessário, poderá ser utilizado o termo 46 “sem efeito”, que deverá estar datado e autenticado com a assinatura ou rubrica de quem a lançou. Há necessidade de se manter os Livros em bom estado de conservação e , quando for o caso, devem ser encadernados, classificados ou catalogados (cap.II, art°42). Os Livros de Carga e outros papéis que por dois anos não sofrerem nenhum registro poderão ser inutilizados. Mas, para tanto, deve ser solicitada autorização ao Juiz Corregedor Permanente (Cap. II, artº 42.1). Os assistentes sociais e psicólogos devem manter livros de registros específicos às suas seções. Quais sejam: B 1 - LIVRO PONTO Nos locais onde não há Vara Especializada da Infância e Juventude, os profissionais assinam o ponto em Livro que fica na Administração do Fórum. Já nos Fóruns em que há Vara Especializada, e que as equipes de Serviço Social e Psicologia possuem chefia, o Livro Ponto deve ficar sob sua responsabilidade (Cap. XI, Normas da Corregedoria). Esse livro deverá conter uma folha para cada servidor, descriminando nome, matrícula, cargo. Os dias do mês devem estar devidamente assinalados, assim como os finais de semana, feriados e ponto facultativo. O livro Ponto deverá ser assinado diariamente, consignando-se a entrada e a saída. A chefia da seção ou seu substituto deverá vistar o livro todos os dias e, em caso de ausência ou afastamento do profissional, deverão ser feitas as anotações correspondentes, consignando o motivo do afastamento ou a natureza da falta. (Cap. II, art° 8 das Normas da Corregedoria) . As normas estabelecem a proibição no livro ponto de rubricas e do emprego de tinta que não seja azul ou preta, assim como não poderá haver rasuras. 47 B 2 - LIVRO DE CONTROLE DE REGISTRO DE PROCESSO: RECEBIMENTO DE PROCESSO E DEVOLUÇÃO DE PROCESSO É de responsabilidade de cada seção técnica manter um Livro de Controle de Registro de Processo. Ele tem por objetivo acompanhar a entrada e saída do processo da seção. Quem está com o processo é o seu guardião, devendo a qualquer tempo, se necessário, prestar contas do mesmo. Ainda que o profissional atue sozinho em uma comarca, ele deve manter o Livro de Controle de Registro de Processo, devendo ser providenciado um Livro para os processos da Infância e Juventude e outro para processos da Vara de Família e Sucessões/Cível. Recomenda-se o maior rigor no devido preenchimento do livro. O Cartório ao encaminhar para a seção de Serviço Social ou de Psicologia um processo, solicita do profissional que o recebe uma rubrica no Livro de Carga do Cartório. Esse ato consigna que o processo deixou de estar na responsabilidade do Cartório e passou para a responsabilidade do setor técnico. Cabe a cada seção fazer as devidas anotações no Livro de Controle de Registro de Processo da Seção, preferencialmente, no mesmo dia. Recomenda-se que o livro tenha espaço para as seguintes anotações: N° do Processo Nome da Criança Data da Entrada na Seção Assistente Social Designado ou Psicólogo Designado Data da Saída da Seção Recebimento Cartório (data) Identificação de quem recebeu Outras informações ( a critério) Importante ressaltar que a data de recebimento do processo deverá também estar assinalada no livro, assim como a da devolução. Essas são garantias de que o trabalho foi realizado e de que o processo não ficou parado no setor. Se por qualquer motivo o cartório solicitar um processo que se encontra na seção técnica, o profissional deverá solicitar a baixa no Livro de 48 Carga. Dessa forma, assegura-se que a seção deixou de ser responsável pelo processo. Ademais, vamos dizer que o processo que foi retirado estivesse com visita domiciliar programada, mas com a saída (do processo) isso ficou inviabilizado. Nesse caso um novo prazo passa a vigorar quando do retorno do processo para a seção. Evidente que sempre deverá ser observado pelo profissional a urgência que o caso requer. Caso venha ocorrer de um advogado comparecer no juízo para consultar determinado processo, e este processo se encontrar na seção técnica, o cartório deverá retirá-lo da seção técnica e esta por sua vez procederá a anotação no livro de carga. De acordo com as Normas da Corregedoria o advogado deve ver o processo em cartório, que volta a ser o seu guardião. As Normas da Corregedoria não especificam o Livro para as seções técnicas. Entretanto, afirma-se como de fundamental importância sua existência pelos aspectos acima elencados. Identifica-se nas Normas que o Juiz Corregedor Permanente deverá manter controle sobre os Livros de Carga em geral, o que se pode deduzir que isso engloba os das seções técnicas. Ele, portanto, deverá vistar esse livro até o décimo dia útil de cada mês, o qual se incumbirá de coibir eventuais abusos ou excessos em geral. (cap.II, art° 21). Existe a perspectiva de que os livros de carga sejam abolidos com a instalação do Sistema de carga de processos assinada eletronicamente.6 B 3 - LIVRO DE REGISTRO DE PESSOAS INTERESSADAS NA ADOÇÃO (CPA) O ECA estabelece em seu artº 50 a necessidade de manter, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes que estão em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas em adoção. As Normas da Corregedoria definiram que esse livro é de responsabilidade dos setores técnicos, a quem compete o registro dos dados. 6 Prov. CGJ 38/99. 49 As anotações desse livro deverão obedecer à ordem de habilitação dos pretendentes, que somente ocorre após o trânsito em julgado da sentença judicial. Recomenda-se que os seguintes dados devem constar do registro do CPA: Nº de ordem Nº do CPA Nome dos Pretendentes Telefone(s)/ Endereço Data da Sentença Características da Criança pretendida (sexo, idade, etnia) Tempo até a colocação da criança Datada colocação da criança Datas que foram chamados Nome da Criança Datas das reavaliações Elementos das reavaliações Observações B 4 - LIVRO: REGISTRO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM CONDIÇÕES DE SEREM ADOTADAS É de responsabilidade dos Setores Técnicos a feitura do livro de crianças e adolescentes que se encontram em condições para adoção. Isso significa que houve a destituição do poder familiar, a entrega voluntária pelos genitores ou reconhecida dificuldade e determinação judicial para inscrição da criança/adolescente em livro próprio (NGC Cap.XI, Seção II,artº 6.1). Recomenda-se que para cada criança/adolescente seja reservada uma página do Livro. Devendo constar os seguintes dados: 50 Número................................ Data da Sentença D.P.P. Data da renúncia do poder familiar (se o caso) Data do falecimento dos genitores (se o caso) Nome da Criança/ Adolescente Data de Nascimento Local de Nascimento Genitores Filiação ignorada (se o caso) Breve Histórico Saúde Física/Mental Local onde a criança se encontra Colocação em família substituta: Modalidade (guarda, Tulela, Adoção) Guardião (ães): Início do Estágio de Convivência Data da Sentença/Medida judicial Observações: B 5 - LIVRO DE REGISTROS DAS PESSOAS ATENDIDAS SEM PROCESSO Comumente os profissionais, sobretudo os assistentes sociais, ao realizarem o Plantão Social, atendem quem procura a instituição por diferentes motivos. Isso pode representar considerável tempo de trabalho. Nesse atendimento, o profissional identifica a demanda, realiza orientações e encaminhamentos. Porém, pelo fato desse atendimento não ser concretizado em processo, não se tem idéia da incidência da procura, do motivo da procura, onde residem, e se foram encaminhados por outros. Um livro que tenha a preocupação de assinalar essa demanda poderá demonstrar o volume de atendimentos, os principais motivos da procura, se a incidência de local de moradia, por vezes por motivos semelhantes, e quais os locais que mais encaminham. 51 Esses dados podem ser objetivados como: � Se tem ocorrido incidência da procura da mesma região; � Motivos das demandas; � Quais instituições encaminham equivocadamente para o fórum. Com isso, deve-se levar ao conhecimento do juiz, oferecendo encaminhamentos para superação do que foi identificado. Isso pode resultar na articulação entre os diferentes serviços para melhor responder a demanda que não é judicial. C - FICHAS DE CONTROLE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ABRIGADOS Como meio das Varas da Infância e Juventude manterem um controle das crianças e adolescentes abrigados, foram criadas duas fichas, sendo uma da responsabilidade do Cartório e outra do Setor Técnico. O Diretor do Cartório deve manter fichário nominal das crianças e adolescentes abrigados e desabrigados a partir de 1° de janeiro de 2006, conforme modelos próprios. Essas Fichas devem ser abertas imediatamente, após determinação judicial, e devem seguir a ordem cronológica. Outras especificações podem ser encontradas nas NSCG – Capítulo XI, artº 76. Tão logo o cartório tenha cumprido a ordem de abrigamento ou desabrigamento, deverá remeter os autos imediatamente ao Setor Técnico que terá 24 horas para abrir as fichas individuais das crianças e adolescentes, seguindo modelo próprio. Essas fichas devem permanecer arquivadas no Setor Técnico, sendo de responsabilidade dos profissionais que acompanham o processo manterem atualizados os dados referentes à situação das crianças/adolescentes. 52 D - DA PLANILHA DO MOVIMENTO JUDICIÁRIO DOS SETORES TÉCNICOS – REGISTRO ESTATÍSTICO Uma planilha específica para o Serviço Social e a Psicologia desde janeiro de 2006 foi implantada. A concepção é de que os profissionais por meio de um instrumental próprio tenham condições de mensurar o trabalho desenvolvido, oferecendo visibilidade dos procedimentos técnicos utilizados, bem como as situações que atuam. Os objetivos gerais da planilha são: � Normatizar a coleta de informações que constituem as estatísticas dos trabalhos realizados pelas Seções Técnicas de Serviço Social e Psicologia; � Facilitar a elaboração de relatórios dos Setores Técnicos mediante a padronização dos procedimentos metodológicos; � Desvelar à realidade local, propiciando uma visão mais abrangente e de totalidade, o que dará indicativos que facilitem a interlocução com o Poder Executivo e sociedade civil, favorecendo a construção de políticas públicas. E - DO RELATÓRIO ANUAL As Normas da Corregedoria asseguraram a necessidade dos setores técnicos de Serviço Social e de Psicologia apresentarem anualmente ao seu Juiz Corregedor Permanente o relatório de suas atividades, com avaliação do trabalho realizado e proposta de medidas complementares. Esse relatório é um importante instrumento para a instituição como um todo, já que fica consignada a atividade desenvolvida pelos setores. Recomenda-se que apresente os seguintes aspectos: • Quadro de Profissionais na seção • Quantidade de processos que foram atendidos no ano • Tipos de Processo 53 • Natureza das Ações • Número de Entrevistas que foram realizadas • Número de Visitas domiciliares realizadas • Demais procedimentos técnicos que se mostrarem significativos. • A produção de relatórios e laudos • Média mensal dos atendimentos • Reuniões de equipe • Reuniões externas • Participação em eventos • Participação em grupos de estudos institucional • outros Esse relatório além do aspecto quantitativo deve tecer uma análise do que os números permitem perceber, aliando-se o conhecimento da prática cotidiana a uma leitura qualitativa do cotidiano profissional. Caso seja possível, alguns resultados poderão ser apresentados em tabelas e gráficos. Outras atividades em que houve a participação dos profissionais, seja interna ou externa também deverão ser computadas, bem como os resultados alcançados. Os registros estatísticos podem, via de regra, apontar as principais motivações que geraram a intervenção judicial. Isso poderá dar visibilidade a uma situação que mereça atenção especial, e que, portanto, deverá ser pensada em respostas que envolvam vários serviços. Como exemplo pode-se citar o problema da evasão escolar, que acaba culminando com a intervenção judicial. Se essa for uma questão expressiva, ela pode ser um indicativo da necessidade de um trabalho articulado, um trabalho que deve ser enfrentado por uma rede social. E os profissionais do Judiciário devem se engajar na construção dessa rede, como meio de encontrar respostas mais eficientes aos problemas que são provocados pela vulnerabilidade social. Por fim, o relatório pode apresentar alguns indicativos dos trabalhos que devem ou podem ser desencadeados a partir do próximo ano e as necessidades de recursos humanos e materiais para o desenvolvimento das atividades concernentes à esfera judicial. Poderá ainda evidenciar algo significativo em relação ao Planejamento das Atividades do Setor para o ano vindouro, com o estabelecimento de metas. 54 Como o Relatório Anual significa o resgate de todo o trabalho desenvolvido em um ano, recomenda-se registrar as informações diariamente/mensalmente. Muito embora se reconheça isso como trabalhoso, é importante que seja incorporado dentre as atividades profissionais. Não fazê-lo implica em sério risco de não se conseguir resgatar o trabalho realizado no ano. Como conseqüência do acima citado, apresentação do relatório não transmitirá a veracidade do que se faz e pouco contribuirá para as reflexões da prática diária. F -
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