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Aspectos Legais e Normatizações 
em Saúde
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Aspectos Legais e Normatizações em Saúde
Autoria: Aline Teotonio Rodrigues
Como citar este documento: RODRIGUES, Aline Teotonio. Aspectos Legais e Normatizações em Saú-
de Valinhos: 2017.
Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: A saúde como direito do cidadão 06
Assista a suas aulas 28
Unidade 2: Lei orgânica da saúde 36
Assista a suas aulas 57
Unidade 3: Saúde suplementar 64
Assista a suas aulas 84
Unidade 4: Os planos privados de assistência à saúde 91
Assista a suas aulas 111
2/224
3/2243
Unidade 5: Contratos e requisitos legais dos planos de saúde 118
Assista a suas aulas 136
Unidade 6: Direito do consumidor na prestação de serviços de saúde 143
Assista a suas aulas 163
Unidade 7: Ética em saúde 170
Assista a suas aulas 190
Unidade 8: Responsabilidade civil na assistência à saúde 197
Assista a suas aulas 217
Sumário
Aspectos Legais e Normatizações em Saúde
Autoria: Aline Teotonio Rodrigues
Como citar este documento: RODRIGUES, Aline Teotonio. Aspectos Legais e Normatizações em Saú-
de Valinhos: 2017.
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Apresentação da Disciplina
A escolha do sistema de saúde é, certamen-
te, um dos desafios mais importantes nas 
políticas públicas de um país. A saúde da po-
pulação afeta direta ou indiretamente todos 
os outros setores, não podendo ser ignorada 
em seus aspectos político, social, epidemio-
lógico e econômico. Mas, quando falamos 
de saúde, extrapolamos a visão logística da 
gestão, deixamos um pouco o território da 
prática e das soluções exatas, calculadas 
friamente, e vamos para um território que 
envolve questões extremamente complexas, 
questões literalmente de “vida e morte”. Fa-
lar de saúde é falar diretamente de ações e 
estratégias que afetam seres humanos, ou, 
mais especificamente, que afetam o bem-
-estar e a vida das comunidades. Nesse con-
texto, esta disciplina apresenta as principais 
legislações e normatizações pertencentes à 
área da saúde no Brasil, a começar por sua 
história e a construção do Sistema Único de 
Saúde. Para falar de saúde é importante en-
tender como ela está organizada, tanto no 
setor público quanto no setor privado, e co-
nhecer os principais marcos legais em que 
ela se sustenta. Por conta disso, ter informa-
ções relevantes sobre o funcionamento da 
saúde pública e da saúde suplementar é fun-
damental para todos os gestores de saúde, 
o que independe de sua área de atuação, já 
que em algum momento, todos os profissio-
nais de saúde acabam por ter contato com 
ambos os sistemas de saúde existentes no 
Brasil. É fundamental conhecer para tratar 
o tema adequadamente. É inevitável passar 
por dúvidas, polêmicas e percursos inaca-
bados quando se fala de sistemas de saúde 
brasileiros, o que faz ainda mais necessária a 
5/224
informação sobre o tema. A saúde é um tema 
grave, importante, em que se fala de seres 
humanos o tempo todo, mesmo quando as 
discussões são puramente financeiras. Não 
há como falar de gestão em saúde sem con-
siderar estes aspectos complexos desta área, 
daí a segunda parte da disciplina, que traz 
discussões sobre os aspectos éticos dos ser-
viços de saúde. Conhecer as normatizações 
de saúde implica em entender sua história e 
considerar as questões éticas envolvidas em 
todos os serviços e sistemas de saúde. As-
sim podemos preparar melhor os gestores 
hospitalares para enfrentar os desafios que 
os esperam, com conhecimento, ética e res-
ponsabilidade.
6/224
Unidade 1
A saúde como direito do cidadão
Objetivos
1. Apresentar a história e a evolução das 
ações de saúde no Brasil.
2. Contextualizar a saúde como um direi-
to adquirido pelo cidadão e um dever 
do Estado, previsto pela Constituição.
3. Discutir a história e o processo de 
construção do Sistema Único de Saú-
de (SUS).
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão7/224
Introdução 
Os sistemas de saúde sempre foram um 
tema fundamental para todos os governos, 
assim como para a população. É importan-
te lembrar que até chegarmos aos dias de 
hoje e à configuração atual, com o binômio 
“saúde pública representada pelo SUS ver-
sus saúde suplementar representada pelos 
planos de saúde”, o Brasil passou por di-
ferentes fases em suas políticas de saúde. 
É possível dizer que evoluímos desde uma 
completa omissão dos poderes até uma 
tentativa de garantir acesso à saúde a 100% 
da população, o que se configura no míni-
mo uma proposta ousada. Pode não parecer 
uma grande evolução, quando atualmen-
te ainda são enfrentadas tantas dificulda-
des relacionadas aos serviços de saúde no 
país, mas na prática, quando olhamos mais 
atentamente para a nossa história, vemos 
que a evolução da saúde no Brasil foi extre-
mamente significativa. Passamos por diver-
sas fases e marcos históricos fundamentais 
para a compreensão de como se construiu o 
quadro atual da saúde brasileira. 
Entre os fatores mais importante relacio-
nados à saúde está a sua ligação direta com 
a educação. Entender como os sistemas de 
saúde funcionam e como podemos contri-
buir para que as engrenagens da gestão de 
saúde funcionem é fundamental para todos 
os profissionais que trabalham com a saú-
de. Educar profissionais e população, infor-
mar e garantir que todos tenham o mínimo 
de informações para buscar seus direitos e 
também para cuidar de seus deveres é uma 
tarefa inerente à formação dos profissio-
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão8/224
nais de saúde. A proposta inicial do SUS traz 
em si um conceito de saúde importantíssi-
mo, aquele que agrega à saúde a prevenção 
da doença e o cuidado com a qualidade de 
vida da população. Prevenir, educar e cuidar 
são pontos fundamentais para garantir que 
tanto o sistema público quanto o privado 
de saúde consigam cumprir seus papéis de 
garantir que toda a população tenha aces-
so aos cuidados de saúde necessários para 
o seu bem-estar.
1. Histórico da saúde no Brasil
A história da saúde no Brasil reflete direta-
mente as condições sociais que caracteri-
zaram seu desenvolvimento. Se buscarmos 
referências à saúde e ao tratamento de do-
entes numa linha do tempo que se inicie 
mesmo antes do descobrimento do Brasil 
pelos portugueses, vamos encontrar as tri-
bos indígenas nativas utilizando ervas me-
dicinais e rituais nos tratamentos de cura. 
Personagens como pajés e curandeiros se-
guiram sendo referenciais de cura duran-
te muitos anos na cultura popular brasilei-
ra. Após a colonização portuguesa a saúde 
continuou sendo um assunto não cuidado 
pelos governantes. O Brasil colônia não pos-
suía medidas de saúde para a população, 
sendo que apenas os nobres tinham aces-
so a cuidados médicos mais modernos. De 
1550 para 1800 pouca coisa mudou neste 
contexto, pois durante a fase imperial a po-
pulação brasileira continuava não contando 
com sistemas de saúde propriamente ditos. 
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão9/224
Algumas medidas sanitárias e legislações 
de controle portuguesas se estendiam ao 
Brasil e, assim, pouco se acrescentava aos 
cuidados práticos de saúde. 
O primeiro marco em saúde no Brasil foi em 
1808, com a criação da primeira organiza-
ção nacional de saúde pública e do cargo 
de Provedor-Mor de Saúde da Corte e do 
Estado do Brasil, pode-se dizer que este foi 
o embrião do Serviço de Saúde dos Portos, 
com delegados nos estados. Em 1837, já em 
um Brasil independente, foi estabelecida a 
imunização compulsória das crianças con-
tra a varíola. As políticas de saúde continua-
vam apresentando mais um caráter de con-
trole epidemiológico do que assistencial, 
atendendo à urgência de contenção de epi-
demias iminentes. As primeiras décadas do 
século XX trouxeram um quadro importante 
para a saúde pública
no Brasil, a ciência e 
a estatística já figuravam como instrumen-
tos de mensuração de fenômenos sociais, 
oferecendo formas consistentes de avalia-
ção epidemiológica. Doenças como a febre 
amarela e a malária haviam obtido caráter 
de epidemias, afetando dramaticamente as 
cidades. Esse quadro motivou um incentivo 
público às pesquisas na área biomédica, em 
especial para o combate a doenças tropi-
cais, e deu início às campanhas sanitárias 
no Brasil. 
Em 1900 foi criado o Instituto Soroterápi-
co Federal (atual Instituto Oswaldo Cruz), 
que tinha como objetivo principal fabricar 
soros e vacinas, mas que ao longo dos seus 
primeiros anos de existência passou a dedi-
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão10/224
car-se também à pesquisa básica e qualifi-
cação de recursos humanos. Nesse mesmo 
período, o sanitarista Oswaldo Cruz foi no-
meado Diretor-Geral de Saúde Pública, car-
go correspondente ao de Ministro da Saúde 
nos dias de hoje.  O foco da saúde pública 
neste período foi a sanitização, a prevenção 
de epidemias e o controle de doenças tropi-
cais, como a febre amarela, que configura-
vam grandes desafios aos governantes. As 
ações militares durante as campanhas de 
vacinação, a dificuldade de acesso à infor-
mação sobre o que efetivamente ocorria e 
as condições precárias de saúde da popu-
lação, aliadas ao contexto político cultural, 
desencadearam o que que veio a ser conhe-
cido como a revolta da vacina. Levantes po-
pulares que se opunham à maneira como as 
campanhas de vacinação vinham sendo re-
alizadas. A história da saúde no Brasil vem 
demonstrando medidas pouco próximas 
dos cuidados à população até a década de 
30, adotando políticas voltadas para o con-
trole epidemiológico e para medidas sani-
tárias, principalmente para a população 
rural. Outros cuidados em saúde, tais como 
assistência médica e odontológica, conti-
nuavam segregando a população entre os 
que podiam pagar pelos serviços médicos 
particulares e a população que dependia do 
assistencialismo, neste contexto, principal-
mente o prestado nas Santas Casas de Mi-
sericórdia. A Figura 1 é uma ilustração rica, 
que representa uma linha do tempo para a 
saúde bucal no Brasil, ela nos ajuda a locali-
zar algumas características gerais da saúde 
ao longo dos séculos em seu contexto his-
tórico.
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão11/224
Figura 1 - Linha do tempo da saúde bucal no Brasil 
Fonte: Vasconcelos e Fratucci (2013). Disponível em <https://www.unasus.unifesp.br/biblio-
teca_virtual/esf/3/unidades_conteudos/unidade24o/p_01.htm)>
A década de 30 e o Estado Novo marcaram a saúde pública no Brasil pela criação do Ministério 
dos Negócios da Educação e Saúde Pública (Decreto nº 19.402, de 14/11/1930). Além da Cons-
tituição de 1934 trazer também recomendações como o direito das mulheres trabalhadoras à 
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão12/224
licença gestante e o direito à assistência 
médica. Somente em 1953 foi criado o Mi-
nistério da Saúde, concentrando neste ór-
gão governamental as decisões referentes 
à saúde pública no Brasil. Na prática, ain-
da a essa época as ações governamentais 
eram mais voltadas para o controle epide-
miológico, as ações sanitárias e os cuida-
dos às populações rurais. Nesse período, as 
ações de saúde voltadas aos trabalhadores 
dos centros urbanos começaram a ser rea-
lizadas, vinculando o acesso aos serviços de 
saúde aos contratos de trabalho. 
A década de 60 trouxe mudanças significa-
tivas para a saúde no Brasil, o período mi-
litar contribuiu para a redução das verbas 
em saúde e para o surgimento dos “planos 
de saúde”. Em 1966 o INPS foi criado, para 
a unificação dos órgãos previdenciários, es-
tabelecendo a atenção primária como dever 
dos municípios e deixando casos complexos 
a cargo de estados e governo federal. Este 
quadro, em que se denota uma assistência à 
saúde deficitária e uma segregação da po-
pulação quanto aos serviços de saúde, de-
sencadeou uma crescente mobilização da 
população, motivando manifestos popula-
res e a busca por representatividade entre 
os órgãos governamentais. A história do 
SUS começa a ganhar espaço então, na 8° 
Conferência de saúde, de 1986, ganhando 
voz nas discussões populares e estímulo de 
organizações internacionais para modelos 
que proporcionassem o acesso à saúde para 
todos. Começava aí a ser desenhado o Sis-
tema Único de Saúde (SUS).
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão13/224
Figura 2 - 8° Conferência de Saúde, em 1986 •
Fonte: <http://www6.ensp.fiocruz.br/radis/sites/default/files/169/plenaria.jpg>
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão14/224
Para saber mais
A história da saúde no Brasil é repleta de detalhes e de marcos históricos menores ou maiores, mas que 
certamente contribuíram para que nossos sistemas de saúde se apresentassem da forma em que es-
tão atualmente. Para conhecer mais sobre esta história, com mais detalhes e datas precisas, leia o texto 
fornecido pela FUNASA (Fundação Nacional da Saúde) disponível on-line e que apresenta uma linha do 
tempo bastante detalhada da saúde pública no Brasil. BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Ministério da 
Saúde. Cronologia Histórica da Saúde Pública: Uma Visão Histórica da Saúde Brasileira. Disponível em: 
<http://www.funasa.gov.br/site/museu-da-funasa/cronologia-historica-da-saude-publica/>. 
Acesso em: 30 jul. 2017.a
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão15/224
1.1 A construção do SUS
Para continuar na trilha histórica da saúde 
no Brasil é necessário começarmos a falar 
do SUS. Depois da 8º Conferência de Saúde, 
o segundo marco histórico do SUS e de todo 
o contexto filosófico que ele traz é a pre-
sença de algumas de suas diretrizes já na 
Constituição Federal de 1988. Fruto de um 
processo político e social intenso, a Cons-
tituição traz marcas significativas da busca 
por acesso à saúde com igualdade de direi-
tos e deveres para os cidadãos brasileiros. 
Nela surge a primeira “garantia legal” de 
acesso à saúde para a população, nos di-
zeres: “A saúde é direito de todos e dever do 
Estado, garantido mediante políticas sociais e 
econômicas que visem à redução do risco de 
Link
Como todos os países em que muitas mudanças 
políticas ocorreram, o Brasil possui uma história 
repleta de mudanças, reviravoltas e muitas con-
sequências históricas para a população. O reflexo 
disso na construção da saúde pública não é me-
nos detalhado ou menos complexo. Para auxiliar 
na compreensão e na assimilação destas infor-
mações históricas, fica aqui o link para um vídeo 
da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), com um 
resumo animado desta história. A HISTÓRIA da 
saúde pública no Brasil – 500 anos na busca de 
soluções. Direção de Sylvia Jardim. Produção de 
Vibe Films. Si: Videosaúde Distribuidora da Fio-
cruz, 2015. Son., color. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=7ouSg6oN-
Me8>. Acesso em: 30 jul. 2017.
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão16/224
doença e de outros agravos e ao acesso uni-
versal e igualitário às ações e serviços para sua 
promoção, proteção e recuperação.” (BRASIL, 
1988, p. 154).
A escolha do modelo de saúde a ser adotado 
por um governo não é uma tarefa simples. 
A saúde, com todas as suas peculiaridades, 
representa um desafio para a gestão públi-
ca. Basta pensar que se trata de uma área 
com impacto direto na vida da população, 
nas relações de trabalho e nos setores pro-
dutivos, ao mesmo tempo é também uma 
área afetada por todos esses outros setores. 
Entender a interligação entre as gestões e 
destinar à saúde o cuidado necessário é tão 
importante quando delicado. Em saúde os 
investimentos não diminuem com o passar 
do tempo e o investimento em tecnologias, 
as inovações em saúde são caras e neces-
sárias, envolvendo
treinamento de pessoal 
capacitado e demais investimentos, que não 
tendem a diminuir, mas tendem a garantir 
maiores chances de sobrevivência e maior 
qualidade de vida à população. Aqui encon-
tramos um ponto importante. A saúde só 
passou a ser observada como um todo, tra-
tando inclusive da prevenção de doenças e 
da qualidade de vida, em meados da década 
de 70. Até então, com um modelo centrado 
na sanitização e no atendimento de doen-
ças, apenas, os sistemas de saúde não aten-
diam às necessidades da população. 
As discussões em torno de modelos de saú-
de descentralizados, que tivessem seu foco 
na atenção básica, na prevenção e no cuida-
do integral do paciente, motivaram diver-
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão17/224
sas mudanças na forma como os governos 
e as sociedades encaravam os sistemas de 
saúde, e foi em meio a essa crescente dis-
cussão mundial sobre avanços e melhorias 
em saúde que o SUS foi idealizado. O Siste-
ma Único de Saúde brasileiro, previsto pela 
Constituição de 1988 e regulamentado pela 
Lei Orgânica de Saúde (Lei nº 8.080/90) em 
1990, foi baseado em modelos internacio-
nais de saúde, prevendo a participação de 
diferentes instâncias de governo e também 
da população. O SUS rompeu com os mo-
delos anteriormente adotados no Brasil, 
saindo do campo político institucional para 
o campo da gestão embasada em teorias e 
técnicas avançadas de atenção à saúde, di-
ferindo completamente de órgãos como o 
Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).
Para saber mais
A questão dos modelos de saúde e o início da cria-
ção do SUS é ampla e extremamente interessan-
te. Para que possamos trabalhar um pouco mais o 
tema, deixo o texto publicado para apoio do Curso 
de Especialização em Saúde da Família do Progra-
ma Mais Médicos da UNASUS-UFMA. Nele apre-
senta-se a discussão dos modelos de saúde e da 
construção do SUS de forma resumida e didática. 
SÃO LUIS. Paola Trindade Garcia. Universidade Fe-
deral do Maranhão. UNA-SUS/UFMA (Org.). Saú-
de e sociedade: o processo de construção do SUS. 
2014. Disponível em: <https://ares.unasus.gov.
br/acervo/handle/ARES/1185>. Acesso em: 30 
jul. 2017.
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão18/224
1.1.1 Desenvolvimento do SUS
Uma mudança tão significativa na gestão de 
saúde não poderia ser realizada de maneira 
rápida e sem alguma resistência. Os primei-
ros anos do SUS foram ainda de discussões 
intensas a respeito de sua gestão e de seu 
modelo de ação. Em 1993, com a Portaria 
nº 545, de 20/05/1993, foi regulamentado 
o processo de descentralização da gestão 
dos serviços e ações no âmbito do Sistema 
Único de Saúde. No mesmo ano, com a Lei 
nº 8.689, de 27/7/1993, foi extinto o Ins-
tituto Nacional de Assistência Médica da 
Previdência Social – INAMPS, concentran-
do todas as ações de saúde no Ministério da 
Saúde e nos pilares do SUS.
Um marco importante no desenvolvimento 
do SUS foi a criação do Programa de Saúde 
da Família (PSF) em 1994, que traz os pla-
nos de ação para que a saúde seja focada 
na atenção primária, como previsto desde 
a criação do SUS. Para regulamentar esse 
processo de descentralização e seu finan-
ciamento foi lançado o Decreto nº 1.232, 
em 1994, que dispôs sobre as condições e 
a forma de repasse regular e automático de 
recursos do Fundo Nacional de Saúde para 
os Fundos de Saúde Estaduais, Municipais 
e do DF. A década de 90 foi muito impor-
tante na solidificação das bases do SUS, um 
exemplo disso foi em 1996, com a 10ª Con-
ferência Nacional de Saúde, que teve como 
tema central “SUS: Construindo um Novo 
Modelo de Atenção à Saúde para a Qualida-
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão19/224
de de Vida“. No mesmo ano, a Lei nº 9.311, 
de 24/10/1996, instituiu a CPMF, cuja fina-
lidade seria o custeio dos serviços de saúde.
As políticas públicas de saúde continua-
ram versando sobre ações que garantam a 
qualidade e o acesso aos serviços de saúde. 
A Portaria nº 3.916, de 1998, que aprovou a 
Política Nacional de Medicamentos, a lei dos 
genéricos e a criação da Agência Nacional 
de Vigilância Sanitária (ANVISA), são exem-
plos de avanços legais relacionados à quali-
dade e ao acesso dos serviços de saúde. De lá 
para cá foram muitas as conquistas do SUS, 
entre elas o Programa Humaniza SUS, tra-
zendo uma nova proposta de relação entre 
usuários e profissionais de saúde e a Política 
Nacional de Educação Permanente em Saú-
de, de 2004. Todas essas medidas reforçam 
o caráter de atenção integral à saúde, com o 
foco no paciente e não somente em sua do-
ença. Em 2006, um marco importante veio 
com a Portaria nº 399, de 22 de fevereiro de 
2006, que divulga o Pacto pela Saúde 2006 
– Consolidação do SUS. O objetivo de todas 
essas medidas foi garantir que o SUS não 
deixasse de ser implementado e construído 
dentro de suas diretrizes e seus princípios, 
tão atentamente desenhados.
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão20/224
Para saber mais
A construção do SUS exigiu uma mudança geral na 
maneira de administrar a saúde e consequente-
mente exigiu também uma formação mais atenta 
de sua força de trabalho. Para discutir esse con-
texto deixo o texto de 2013 sobre o tema. O artigo 
está disponível on-line e vale a leitura. CARVALHO, 
Manoela de; SANTOS, Nelson Rodrigues dos; CAM-
POS, Gastão Wagner de Sousa. A construção do 
SUS e o planejamento da força de trabalho em saú-
de no Brasil: breve trajetória histórica. Saúde em 
Debate, [s.l.], v. 37, n. 98, p. 372-387, set. 2013. Fap 
UNIFESP (SciELO). <http://dx.doi.org/10.1590/
s0103-11042013000300002>. Disponível 
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pi-
d=S0103-11042013000300002&script=sci_
abstract&tlng=pt>. Acesso em: 01 ago. 2017.
Link
Para complementar seus conhecimentos sobre o 
tema, deixo aqui, como material complementar, o 
livro disponível on-line “A construção do SUS: his-
tórias da Reforma Sanitária e do Processo Parti-
cipativo”. Brasil. Ministério da Saúde. A constru-
ção do SUS: histórias da Reforma Sanitária e do 
Processo Participativo. Brasília/df: Ms, 2006. 300 
p. Disponível em: <http://sms.sp.bvs.br/lildbi/
docsonline/get.php?id=5444>. Acesso em: 01 
ago. 2017.
1.1.2 Princípios e diretrizes do 
SUS
Quando falamos do SUS, de sua construção 
e história, é importante entender que todas 
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão21/224
as ações relacionadas ao Sistema Único de 
Saúde foram e serão pautadas em seus prin-
cípios e diretrizes. A responsabilidade pela 
gestão do SUS é compartilhada entre as três 
esferas de governo, tendo como represen-
tantes: no âmbito da União, o Ministério da 
Saúde; no âmbito dos estados e do Distrito 
Federal, as respectivas Secretarias de Saúde 
ou órgão equivalente; e no âmbito dos mu-
nicípios, a respectiva Secretaria de Saúde ou 
órgão equivalente. Nesse contexto, as ações 
e serviços públicos de saúde integram uma 
rede regionalizada e hierarquizada, e cons-
tituem um sistema único, organizado de 
acordo com as seguintes diretrizes:
I. Descentralização, com direção única 
em cada esfera de governo;
II. Atendimento integral, com prioridade 
para as atividades preventivas, sem 
prejuízo dos serviços assistenciais;
III. Participação da comunidade. 
O SUS tem ainda como Princípios doutri-
nários principais: 
• Universalidade: Acesso universal aos 
serviços de saúde para todos e em to-
dos os níveis de assistência;
• Integralidade: Assistência integral, 
com prioridade para as atividades 
preventivas, sem prejuízo dos serviços 
assistenciais;
• Equidade: Atendimento aos indivídu-
os de acordo com suas necessidades, 
oferecendo mais a quem mais precisa e 
menos a quem requer menos cuidados.
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão22/224
Já como Princípios
Organizativos do SUS 
contamos com: 
• Descentralização político-adminis-
trativa: Representada por uma gestão 
compartilhada e colaborativa entre os 
governos municipal, estadual e federal.
• Conjugação dos recursos: Financei-
ros, tecnológicos, materiais e huma-
nos da União, dos estados, do Distrito 
Federal e dos municípios na prestação 
de serviços de Assistência à Saúde da 
população;
• Participação da comunidade: Re-
presentada por meio de Conselhos de 
Saúde, que têm como objetivo pro-
porcionar a participação da popula-
ção nas decisões de gestão em saúde.
• Regionalização e Hierarquização: 
Um dos maiores desafios do SUS é 
atender de maneira adequada cada 
comunidade, num país com tanta di-
versidade. A regionalização auxilia 
neste processo, compreendendo que 
para atender adequadamente é preci-
so olhar de perto e conhecer os pro-
blemas de cada região ou município.
Conhecer a história do SUS, suas bases filo-
sóficas, seus princípios doutrinários e orga-
nizativos, é fundamental para que um bom 
trabalho de gestão seja realizado. Tanto a 
população quanto os próprios profissionais 
de saúde atravessam diversos problemas 
com a gestão de saúde no Brasil. Problemas 
de cunho político-econômico, sociocultu-
ral, financeiro, etc. Entre todos esses pro-
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão23/224
blemas, um dos mais graves é o desconhe-
cimento de seus direitos e deveres. Saúde e 
educação têm de andar de mãos dadas para 
realmente serem eficientes na construção 
de uma sociedade. Se não conhecemos os 
nossos direitos e deveres, fica muito mais 
difícil contribuir para que a máquina públi-
ca funcione. São quase infinitas as questões 
relacionadas ao crescimento do SUS e ao 
seu futuro, mas por enquanto o que não po-
demos esquecer é que ele possui uma his-
tória, no caso, uma grande história, e que 
é importante conhecê-la para trabalhar da 
maneira mais adequada possível na área de 
saúde em nosso país.
Link
Conhecer é sempre o melhor caminho quando 
buscamos ter uma opinião sobre algo. No caso da 
saúde pública no Brasil essa regra não se faz dife-
rente. A polêmica acerca dos serviços de saúde é 
justa, diante de tantas dificuldades ainda enfren-
tadas pela população, mas conhecer mais sobre 
como o SUS funciona e sobre os reais direitos e 
deveres dos cidadãos é fundamental. Para nos 
ajudar nesse exercício de conhecimento e edu-
cação, deixo o link para um vídeo criativo, desen-
volvido pela UFG, que ilustra um pouco da história 
e dos direitos de saúde. SUS - Sistema Único de 
Saúde. Si: Ciar / Ufg, 2014. Son., color. Disponível 
em: <https://www.youtube.com/watch?v=_
GKse_BCAWU>. Acesso em: 01 ago. 2017.
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão24/224
Glossário
Compulsória: Sentença ou mandato de juiz superior para instância inferior. Obrigatória, sem 
direito a escolha.
Constituição: Conjunto das leis fundamentais que regulam a organização política de uma na-
ção, geralmente proposto e votado por um congresso constituído por representantes do povo, 
impondo regras de ação inflexíveis quanto aos limites das atividades e competências dos pode-
res públicos e estabelecendo direitos, deveres e garantias individuais de seus cidadãos, buscan-
do assegurar a ordem social, a paz e a justiça para todos; carta constitucional, carta magna, lei 
básica, lei maior.
Iminente: Que ameaça acontecer a qualquer momento; que parece que vai acontecer em breve; 
Imunização: Ato, processo ou efeito de imunizar (tornar imune a uma doença, por exemplo).
Questão
reflexão
?
para
25/224
Compreendendo um pouco melhor a história da saúde pública no 
Brasil e a estrutura básica do SUS, é possível perceber que se trata 
de um projeto amplo e sólido, não precário e insuficiente, como 
muitas vezes nos parece ao acessar as notícias sobre a saúde pú-
blica no país veiculadas pela mídia. É possível dizer que existe um 
SUS “teórico” e um SUS “real”, ou há um grave problema de in-
formação sobre os avanços realizados no setor público de saúde? 
Reflita sobre o quanto dessas afirmações são verdadeiras, com 
base em seu conhecimento pessoal e no conhecimento adquirido 
nesta disciplina.
26/224
Considerações Finais
• A saúde no Brasil percorreu um longo caminho até aqui. É possível dizer que 
a princípio não havia um sistema de saúde para atendimento à população, 
o que fez com que muitas etapas fossem vividas ao longo da história, até os 
padrões atuais.
• É possível identificar marcos históricos e legais na saúde pública, a exemplo 
da 8° Conferência de Saúde de 1986 e a Constituição Federal de 1988, como 
marcos do início da construção do Sistema Único de Saúde.
• O SUS foi construído com base em reflexões científicas, sociais e históricas, 
confirmando uma tendência à adoção de conceitos ampliados de saúde, 
que visam a qualidade de vida entre os seus objetivos.
• Os princípios e diretrizes do SUS dão a ele uma configuração de sistema pú-
blico pautado na universalidade, integralidade e equidade de acesso aos 
serviços de saúde.
Unidade 1 • A saúde como direito do cidadão27/224
Referências
BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Ministério da Saúde. Cronologia Histórica da Saúde Pú-
blica: Uma Visão Histórica da Saúde Brasileira. Disponível em: <http://www.funasa.gov.br/site/
museu-da-funasa/cronologia-historica-da-saude-publica/>. Acesso em: 30 jul. 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. A construção do SUS: histórias da Reforma Sanitária e do Processo 
Participativo. Brasília/df: Ms, 2006. 300 p. Disponível em: <http://sms.sp.bvs.br/lildbi/docsonline/
get.php?id=5444>. Acesso em: 01 ago. 2017.
SÃO LUIS. Paola Trindade Garcia. Universidade Federal do Maranhão. UNA-SUS/UFMA (Org.). Saúde 
e sociedade: o processo de construção do SUS. 2014. Disponível em: <https://ares.unasus.gov.br/
acervo/handle/ARES/1185>. Acesso em: 30 jul. 2017.
28/224
Assista a suas aulas
Aula 1 - Tema: A Saúde como Direito. Bloco I
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
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29/224
1. Com relação à saúde no Brasil durante os anos de colonização portugue-
sa, assinale a alternativa correta.
a) A saúde obedecia a um sistema de atendimento apenas a trabalhadores com carteira de 
trabalho assinada.
b) O sistema de saúde adotado era baseado na renda do paciente e apenas os nobres eram 
atendidos por médicos em grandes hospitais.
c) O sistema de saúde existente era baseado no atendimento de boticários e farmacêuticos.
d) Não existia um sistema de saúde, mas existiam médicos formados pela corte que atendiam 
a toda a população, independentemente de sua origem.
e) Não existia um sistema de saúde pública, os nobres eram atendidos por médicos particu-
lares, a população em geral apenas possuía o recurso dos curandeiros, que manipulavam 
ervas medicinais.
Questão 1
30/224
2. Após a colonização houve pequenas mudanças no acesso à saúde no 
Brasil. Mudanças um pouco maiores ocorreram no período republicano, 
com a saúde focada principalmente em:
Assinale a alternativa que completa adequadamente a sentença acima.
a) Medidas de atenção básica e investimentos em grandes hospitais.
b) Medidas de atenção básica e investimento em pequenos hospitais.
c) Ações sanitárias e controle de epidemias, com campanhas de vacinação e atenção à popu-
lação rural.
d) Ações sanitárias e construção de grandes hospitais para atendimento de toda a população.
e) Ações de atenção básica à saúde da população urbana.
Questão 2
31/224
3. A primeira grande
conquista popular com relação à construção do SUS foi 
marcada pela ________________________________, realizada em 1986.
a) Criação do Ministério da Saúde.
b) Fundação do INPS.
c) Criação da Fundação Oswaldo Cruz.
d) Publicação da Lei Orgânica de Saúde.
e) 8° Conferência de Saúde.
Questão 3
32/224
4. Os três princípios doutrinários do SUS mais divulgados são relacionados 
diretamente com a sua base ideológica, representando objetivos a serem al-
cançados e pelos quais se trabalha na construção do Sistema Único de Saú-
de. São eles:
Assinale a alternativa que completa adequadamente a sentença acima.
a) Igualdade, Liberdade e Fraternidade.
b) Universalidade, Igualdade e Descentralização.
c) Igualdade, Universalidade e Hierarquização.
d) Universalidade, Integralidade e Equidade.
e) Integralidade, Equidade e Descentralização.
Questão 4
33/224
5. Com relação ao processo de construção do SUS e a sua atual gestão, 
assinale a alternativa verdadeira.
a) O SUS encontra-se concluído, não sendo possível alterar sua gestão, já que todas as diretri-
zes estão na Constituição.
b) O SUS é um sistema de saúde complexo e moderno, em constante aprimoramento e cons-
trução. Seus princípios e diretrizes norteiam suas mudanças, mas não engessam suas ações 
e seu crescimento.
c) O SUS não funciona porque a teoria e a organização do sistema são antigas, não foram alte-
radas desde 1988.
d) O SUS possui uma gestão centralizada, sendo responsabilidade exclusiva do Ministério da 
Saúde e do Governo Federal.
e) O SUS é um sistema de saúde parcial e segregacionista, que só atende a trabalhadores com 
carteira assinada.
Questão 5
34/224
Gabarito
1. Resposta: E.
O Brasil colônia não dispunha de um siste-
ma de saúde público, a população enfren-
tava condições de saúde precárias, apenas 
nobres e abastados tinham acesso a aten-
dimento médico particular.
2. Resposta: C.
O Brasil República direcionou suas ações de 
saúde ao controle de epidemias e ao atendi-
mento à população rural. As questões epi-
demiológicas estavam acima das questões 
assistenciais e a população continuava ca-
rente de assistência à saúde.
3. Resposta: E.
A 8° Conferência de Saúde de 1986 foi o pri-
meiro marco histórico importante na cons-
trução do SUS, por trazer nela as bases de 
sua construção.
4. Resposta: D.
Os princípios doutrinários do SUS mais di-
vulgados e básicos são a Universalidade, a 
Integralidade e a Equidade. Eles caracteri-
zam o caráter universal e integral do siste-
ma público de saúde brasileiro.
35/224
Gabarito
5. Resposta: B.
Apesar de todas as polêmicas e discussões 
a respeito do SUS, é inegável que sua base 
teórica é sólida. Sua história deixa claros os 
grandes desafios de sua construção, mas 
também sinaliza o seu potencial.
36/224
Unidade 2
Lei orgânica da saúde
Objetivos
1. Apresentar os principais conceitos da 
Lei Orgânica da Saúde.
2. Discutir a relação entre a lei orgânica 
e a criação do SUS.
3. Apresentar o contexto geral de gestão 
do SUS, destacando competências e 
responsabilidades das três esferas de 
governo.
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde37/224
Introdução
O movimento iniciado na década de 70, co-
nhecido como Reforma Sanitária, teve re-
percussões bastante significativas na histó-
ria da saúde no Brasil. A premissa da saúde 
como um direito de todos e a responsabi-
lização do Estado pela assistência à saúde 
começaram a ser discutidas por profissio-
nais e sociedade ainda em uma época em 
que a participação popular não era bem 
aceita. No final da década de oitenta, com a 
8º Conferência de Saúde e o desdobramen-
to das ações populares e da pressão inter-
nacional, a construção do Sistema Único de 
Saúde (SUS) foi finalmente sedimentada.
Entender a reforma sanitária brasileira é im-
portante para fundamentar as leis posterio-
res a ela. Os movimentos sociais das déca-
das de 70 e 80 alcançaram uma discussão 
ampla, que extrapolava o setor de saúde e 
atingia diretamente o setor social. A reforma 
sanitária, agregando movimentos sociais e 
ações políticas, representa um marco his-
tórico importante, já que em 1988 ela teve 
como um de seus resultados a fundamenta-
ção teórica do SUS em constituição federal. 
A criação do SUS, representando a principal 
alteração na gestão da saúde no Brasil, foi 
desenvolvida em meio a reformas sociais e 
grandes mudanças políticas. As diferenças 
entre as visões políticas do início da década 
de 90 demonstraram as dificuldades que o 
SUS enfrentaria ao longo de seu desenvolvi-
mento. Mas em meio à ausência de consen-
sos gerais sobre a reforma sanitária e todas 
as mudanças decorrentes dela, mesmo com 
dificuldades relacionadas ao financiamento 
da saúde, o que se considera a maior políti-
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde38/224
ca pública de saúde do Brasil, o SUS, foi re-
gulamentado em 1990 pela Lei Orgânica da 
Saúde, a Lei 8.080/90. 
As alterações ocorridas no setor de saúde no 
início da década de 90 desencadearam di-
versas reformulações, não só na saúde bra-
sileira. A reforma sanitária causou mudan-
ças sociais, previdenciárias, trabalhistas, 
etc. No setor da saúde, a regulamentação 
da criação do SUS com a legislação de 1990 
confirma a adoção do conceito ampliado de 
saúde, já presente na Constituição de 88. 
Essa abordagem traz para a discussão da 
saúde temas como alimentação, moradia, 
emprego, lazer, educação, entre outros fa-
tores de suma importância para a preven-
ção, promoção e os cuidados em saúde se-
rem efetivos.
1 Lei Orgânica de saúde
A Lei Orgânica da Saúde representa o mar-
co legal de regulamentação do SUS. Ela foi 
publicada em meio à instabilidade política 
brasileira da década de 90, reafirmando a 
força da reforma sanitária iniciada nas dé-
cadas anteriores. É importante compreen-
der que essa lei trata não só da mudança 
do modelo de sistema de saúde adotado 
no Brasil, mas de reformulações conceitu-
ais e práticas sobre saúde da sociedade. É 
claro, quando se segue na análise histórica, 
que essas mudanças ocorreram mesmo à 
revelia de algumas instâncias, mesmo com 
baixos investimentos e muita controvérsia, 
graças ao esforço de muitos e à participa-
ção da sociedade. 
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde39/224
A Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, co-
nhecida como Lei Orgânica da Saúde, dis-
põe, então, sobre as condições para a pro-
moção, proteção e recuperação da saúde, a 
organização e o funcionamento dos servi-
ços correspondentes. Regula em todo o ter-
ritório nacional as ações e serviços de saú-
de. E, como centro de suas determinações, 
a Lei Orgânica da Saúde institui o Sistema 
Único de Saúde – SUS. Trazendo em seu ar-
tigo 4° que: O conjunto de ações e serviços 
de saúde, prestados por órgãos e instituições 
públicas federais, estaduais e municipais, da 
Administração direta e indireta e das funda-
ções mantidas pelo Poder Público, constitui o 
Sistema Único de Saúde (SUS). Nos objetivos 
do SUS trazidos por ela estão desde atribui-
ções de vigilância sanitária até a garantia 
de acesso à assistência farmacêutica. Nela 
se encontram as diretrizes e os objetivos do 
Sistema Único de Saúde.
Para saber mais
A Lei Orgânica da Saúde trouxe um escopo orga-
nizacional e legal fundamental para as mudanças 
necessárias à reforma sanitária. Os princípios do 
SUS começaram a ganhar força em sua discussão 
com ela, mas há muito o que se discutir sobre o 
tema. Para aprofundar este tema, leia o artigo pu-
blicado em 2001: CORDEIRO, Hésio. Descentrali-
zação, universalidade e equidade nas reformas da 
saúde. Ciência & Saúde Coletiva, [s.l.], v. 6, n. 2, p. 
319-328, 2001. FAPUNIFESP (SciELO). http://dx.
doi.org/10.1590/s1413-81232001000200004. 
Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/
csc/v6n2/7005>. Acesso em: 11 ago. 2017.
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde40/224
A Lei Orgânica da Saúde trata de pon-
tos referentes à organização, à direção e à 
gestão do SUS; nela são determinadas as 
competências e atribuições das três esfe-
ras de governo. Nela ainda são orientados: 
o funcionamento e a participação comple-
mentar dos serviços privados de assistên-
cia à saúde; a política de recursos humanos; 
recursos financeiros, da gestão financeira, 
do planejamento e do orçamento em saú-
de no Brasil. Ela define que União, estados, 
Distrito Federal e municípios cuidarão das 
seguintes atribuições: elaboração e atuali-
zação periódica do plano de saúde; elabo-
ração da proposta orçamentária do SUS, de 
conformidade com o plano de saúde; e, além 
disso, promoção da articulação da política e 
dos planos de saúde.
Nesse contexto, ficou estabelecido pela Lei 
Orgânica da Saúde que o planejamento e o 
orçamento do SUS deveriam ser ascenden-
tes, do nível local (municipal) até o federal, 
alinhando as políticas de saúde com a dis-
ponibilidade de recursos dos municípios, 
dos estados, do Distrito Federal e da União. 
Ficou assim determinado que os planos de 
saúde seriam a base da programação de 
cada nível de direção do SUS, e seu financia-
mento seria previsto na respectiva proposta 
orçamentária, sendo vedada a transferência 
de recursos para ações não previstas, exce-
to em situações emergenciais ou de calami-
dade pública, na área de saúde.
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde41/224
1.1 Leis e normativas relaciona-
das à gestão do SUS
Após a publicação da Lei 8.080, ainda em 
um cenário político instável e contraditó-
rio, foi publicada a Lei 8.142, de dezembro 
de 1990, que dispõe sobre a participação da 
comunidade na gestão do Sistema Único de 
Saúde (SUS) e sobre as transferências inter-
governamentais de recursos financeiros na 
área de saúde.
A Lei 8.142, de 28 de dezembro de 1990, 
estabelece instâncias colegiadas para or-
ganizar e garantir a gestão descentraliza-
da, com participação social nas políticas de 
saúde. Nela fica estabelecida a Conferência 
de Saúde, com representação de vários seg-
mentos sociais e com a função de avaliar a 
Link
Para ter acesso à Lei Orgânica da Saúde em for-
mato digital mais completo, fica aqui o link para 
ela: BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei nº 
8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre 
as condições para promoção, proteção e recu-
peração da saúde, a organização e o funciona-
mento dos serviços correspondentes e dá outras 
providências. Lei Orgânica da Saúde. Brasília, DF, 
Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/
legin/fed/lei/1990/lei-8080-19-setembro-
1990-365093-norma-pl.html>. Acesso em: 11 
ago. 2017.
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde42/224
situação de saúde e propor diretrizes para a 
formulação da política de saúde nos níveis 
correspondentes. Também se estabelece 
nessa lei o Conselho de Saúde, como órgão 
colegiado composto por representantes do 
governo, prestadores de serviço, profissio-
nais de saúde e usuários, sua função é atuar 
na formulação de estratégias e no controle 
da execução de políticas de saúde nas ins-
tâncias correspondentes, inclusive nos as-
pectos econômicos e financeiros, sendo as 
decisões homologadas pelo chefe do poder 
legalmente constituído em cada esfera do 
governo. Nessa mesma publicação se esta-
beleceu ainda o Conselho Nacional de Se-
cretários de Saúde (CONASS) e o Conselho 
Nacional de Secretários Municipais de Saú-
de (CONASEMS), ambos com representação 
no Conselho Nacional de Saúde.
Essa mesma lei trata ainda da alocação dos 
recursos do Fundo Nacional de Saúde e do 
repasse de forma regular e automático para 
os Municípios, Estados e Distrito Federal. 
Nela fica estabelecido que as três esferas 
devem contar com: Fundo de Saúde; Conse-
lho de Saúde; Plano de Saúde; Relatório de 
Gestão; Contrapartida de recursos para a 
saúde no respectivo orçamento; Comissão 
de elaboração do Plano de Carreira, Cargos 
e Salários (PCCS). 
Em conjunto com as legislações, desde a 
publicação da Lei Orgânica da Saúde, uma 
série de publicações legais vem ajustan-
do e norteando o desenvolvimento do SUS, 
entre elas podemos destacar as Normas 
Operacionais Básicas (NOBS), que vêm au-
xiliando na definição de estratégias e mo-
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde43/224
vimentos tático-operacionais que reorien-
tem a operacionalidade do Sistema. Entre 
elas destacam-se a NOB/SUS01/91; a NOB/
SUS 01/93 (processo de municipalização da 
gestão); e a NOB/SUS 01/96, que trata mais 
detalhadamente dos avanços no proces-
so de descentralização da gestão do SUS, 
criando novas condições de gestão para 
os municípios e Estados. A partir dos anos 
2000 foram criadas as Normas Operacio-
nais de Assistência à Saúde, como a NOA/
SUS 01/2001, que estabelece o processo de 
regionalização como estratégia de hierar-
quização dos serviços de saúde e de busca 
de maior equidade, além de instituir o Plano 
Diretor de Regionalização (PDR). Ainda nes-
se contexto, em 2002 foi publicada a Nor-
ma Operacional da Assistência - NOAS/SUS 
01/2002, para tratar dos limites financeiros 
da assistência de cada estado.
Para saber mais
Para saber mais e ter informações bastantes úteis 
a respeito das NOBS e NOAS, deixo aqui um ar-
tigo de revisão teórica escrito por Angela Maria 
Weizenmann Sauter e colaboradores, que discu-
te de forma bastante aprofundada esta questão. 
SAUTER, Angela Maria Weizenmann; GIRARDON-
-PERLINI, Nara Marilene Oliveira; KOPF, Águida 
Wichrowski. Política de regionalização da saú-
de: das normas operacionais ao Pacto pela Saú-
de. Revista Mineira de Enfermagem, Belo Hori-
zonte, v. 162, n, p. 265-274, abr. 2012. Disponível 
em: <http://www.reme.org.br/artigo/deta-
lhes/528>. Acesso em: 15 ago. 2017.
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde44/224
Em 2006 as publicações referentes ao Pacto 
pela Saúde tiveram como foco a resolução 
de problemas relacionados à gestão do SUS, 
observados ao longo dos anos anteriores, 
propondo então novas estratégias de orga-
nização e consenso entre as esferas envolvi-
das. Ele foi definido pelo Conselho Nacional 
de Saúde (CNS) como “um conjunto de refor-
mas institucionais do SUS, pactuado entre as 
três esferas de gestão (União, Estados e Mu-
nicípios) com o objetivo de promover inova-
ções nos processos e instrumentos de gestão, 
visando alcançar maior eficiência e qualidade 
das respostas do Sistema Único de Saúde”. 
Redefinir as responsabilidades de cada ges-
tor também é uma proposta do Pacto pela 
Saúde. 
Para saber mais
Uma discussão bastante interessante sobre o 
Pacto pela Saúde encontra-se na publicação de 
Luciana Dias de Lima e colaboradores, em 2012, 
disponível on-line: LIMA, Luciana Dias de et al. 
Descentralização e regionalização: dinâmica e 
condicionantes da implantação do Pacto pela 
Saúde no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva,  [s.l.], 
v. 17, n. 7, p. 1903-1914, jul. 2012. FapUNIFESP 
(SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1413-
81232012000700030. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art-
text&pid=S1413-81232012000700030>. 
Acesso em: 15 ago. 2017.
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde45/224
Ainda no âmbito legislativo e utilizando a 
publicação do CONASS, 2015, é importan-
te ressaltar que nos últimos anos a Lei n. 
8.080/1990 foi alterada pelas Leis: n. 9.836, 
de 23 de setembro de 1999; n. 10.424, de 15 
de abril de 2002; n. 11.108, de 7 de abril de 
2005; n. 12.401, de 12 de abril de 2011; n. 
Link
Um link útil para a obtenção de mais material 
sobre o Pacto pela Saúde e suas ferramentas de 
gestão do SUS é a página do CONAS, encontra-
da no endereço virtual a seguir: BRASÍLIA - DF. 
CONSELHO NACIONAL
DE SAÚDE.  Pactos pela 
Saúde. Disponível em: <http://conselho.saude.
gov.br/webpacto/>. Acesso em: 15 ago. 2017.
12.466, de 24 de agosto de 2011; n. 12.895, 
de 18 de dezembro de 2013; e pela LC n. 
141, de 13 de janeiro de 2012. Essas altera-
ções incluíram capítulos que tratam de sub-
sistemas como o de Atenção à Saúde Indí-
gena, por exemplo. Cabe lembrar ainda que 
a Lei Orgânica da Saúde foi regulamentada 
pelo Decreto n. 7.508, de 28 de junho de 
2011, nos aspectos da organização do SUS, 
do planejamento da saúde, da assistência 
à saúde e da articulação interfederativa. A 
demora de 20 anos para a regulamentação 
da Lei 8.080 ilustra bem o processo lento e 
difícil, porém contínuo, de construção do 
SUS no Brasil. 
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde46/224
1.1.1 Conceitos importantes em 
gestão do SUS
Para discutir brevemente sobre a gestão do 
SUS é importante diferenciar dois conceitos 
utilizados nessa área, são eles: Gerência e 
Gestão. Na publicação do CONASS, 2003, 
gerência é definida como: “administração 
de uma unidade ou órgão de saúde (ambula-
tório, hospital, instituto, fundação, etc.) que se 
caracterizam como prestadores de serviços do 
SUS”. Enquanto a mesma publicação define 
gestão como: “a atividade e responsabilidade 
de comandar um sistema de saúde (municipal, 
estadual ou nacional) exercendo as funções de 
coordenação, articulação, negociação, plane-
jamento, acompanhamento, controle, avalia-
ção e auditoria”. 
Essa diferenciação é importante porque a 
gerência no SUS é fundamental, mas o que 
tratamos quando falamos de seu planeja-
mento e desenvolvimento é de sua gestão. 
São conhecidas com macrofunções gesto-
ras na saúde as atividades de: formulação 
de políticas/planejamento; financiamento; 
coordenação, regulação, controle e ava-
liação (do sistema/redes e dos prestadores 
públicos ou privados) e prestação direta de 
serviços de saúde. Todas essas funções são 
exercidas de forma organizada e descentra-
lizada.
Como já foi citado, o Decreto n. 7.508, pu-
blicado em 2011, regulamenta a Lei n. 
8.080/1990, seu capítulo II trata justamen-
te da organização do SUS, dispondo sobre: 
a instituição das Regiões de Saúde; as Re-
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde47/224
des de Atenção à Saúde na região e o acesso 
universal às ações e aos serviços de saúde. 
Essas ações estão intimamente ligadas à re-
gionalização da gestão do SUS, porém, sem 
perder a articulação e a integração entre 
as esferas de governo. As regiões de saúde 
auxiliam no desenvolvimento de Planos de 
Saúde elaborados para atender às neces-
sidades reais de uma região, sem perder o 
alinhamento e a harmonia com as demais. 
Já as Redes de Atenção à Saúde trazem em 
si propostas de fortalecimento da Atenção 
Básica e das ações articuladas entre os se-
tores e serviços de saúde, sendo um ponto 
extremamente forte na gestão do SUS.
As Comissões Intergestores (tripartite e bi-
partite), o CONASS, o Conasems e o Cosems 
continuam tendo sua importância reafirma-
da, principalmente no que tange às ações de 
planejamento em saúde e na articulação de 
informações e decisões relacionadas à ges-
tão. É prevista desde 2011 a pactuação das 
diretrizes gerais para a composição da Rela-
ção Nacional de Ações e Serviços de Saúde 
(Renases). Segundo o CONASS, 2015, “a Lei 
n. 12.466, de 24 de agosto de 2011, que al-
tera a Lei n. 8.080/1990 para dispor sobre as 
comissões intergestores do SUS, o CONASS, o 
Conasems e suas respectivas composições, re-
conhece as Comissões Intergestores Bipartite 
e Tripartite como foros de negociação e pactu-
ação entre gestores, quanto aos aspectos ope-
racionais do SUS”.
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde48/224
Um novo tema introduzido pelo Decreto n. 7.508/2011 é o:
Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde (Coap), definido como o 
acordo de colaboração firmado entre Entes federativos com a finalidade de 
organizar e integrar as ações e os serviços de saúde na rede regionalizada 
e hierarquizada, com definição de responsabilidades, indicadores e metas 
de saúde, critérios de avaliação de desempenho, recursos financeiros que 
serão disponibilizados, forma de controle e fiscalização de sua execução e 
demais elementos necessários à implementação integrada das ações e dos 
serviços de saúde.[...] O Contrato instrumentaliza um acordo de colabora-
ção entre os Entes federados, conforme o art. 33 do Decreto n. 7.508/2011, 
o que significa que a sua assinatura é por adesão. (CONASS, 2015)
É importante notar que a gestão do SUS vem passando por contínuos processos de mudança e 
atualização, inclusive em âmbito legal. O que não se alterou desde o seu desenho inicial é a pro-
posta de gestão descentralizada e com participação da comunidade. Por meio das conferências 
e conselhos de saúde é possível organizar a gestão de tal modo que as necessidades de cada 
região sejam atendidas, a população seja ouvida e, ainda assim, as ações caminhem de acordo 
com as propostas gerais para o SUS. As novas ferramentas organizativas trazidas pelo decreto 
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde49/224
(7.508/2011) oferecem mais recursos para que essas ações sejam planejadas de forma integra-
da. Até 2015, data da publicação mais atual do CONASS sobre gestão do SUS, boa parte dos 
municípios já havia assinado a adesão ao COAP, o que indica a força dessa movimentação. Com 
relação à participação popular, é importante lembrar que os Conselhos de Saúde mantêm sua 
abertura para a participação popular organizada, conforme ilustra a Figura 3.
Figura 3 - Participação popular nos Conselhos de Saúde
Fonte: Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais, 2015. Disponível em: <http://www.agenciaminas.mg.gov.br/noti-
cia/conselhos-de-saude-abrem-portas-para-cidadao-participar-do-planejamento-das-politicas-do-sus>
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde50/224
1.1.2 Financiamento do SUS
Como previsto na Constituição Federal, o 
financiamento do SUS é uma responsabili-
dade comum da União, dos Estados, Distrito 
Federal e Municípios. A forma ideal de es-
truturar este financiamento também vem 
passando por transformações, assim como 
as demais macrofunções de gestão do SUS. 
O que não varia muito é o fato de que o cál-
culo do percentual a ser destinado à saúde 
para cada esfera de governo precisa ser re-
alizado anualmente, com base em sua ren-
da anual e nos gastos dos anos anteriores. 
O repasse de verbas é dependente de pla-
nos de gestão e da classificação de vincu-
lação de municípios e Estados. Atualmen-
te o financiamento que vem da União, por 
Link
Uma leitura extremamente interessante para 
quem quer se aprofundar um pouco mais no tema 
da participação popular na gestão do SUS é o arti-
go publicado em 2013, por Rolim e colaboradores, 
que faz uma revisão narrativa sobre o tema. Ele 
está disponível on-line: ROLIM, Leonardo Barbo-
sa; CRUZ, Rachel de Sá Barreto Luna Callou; SAM-
PAIO, Karla Jimena Araújo de Jesus. Participação 
popular e o controle social como diretriz do SUS: 
uma revisão narrativa.  Saúde em Debate,  [s.l.], 
v. 37, n. 96, p.139-147, mar. 2013. FapUNIFESP 
(SciELO). <http://dx.doi.org/10.1590/s0103-
11042013000100016>. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art-
text&pid=S0103-11042013000100016>. 
Acesso em: 15 ago. 2017.
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde51/224
exemplo, vem sendo distribuído na forma de blocos, por exemplo, o Bloco de Atenção de Média e 
Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar. A Figura 4 ilustra de maneira bastante simplifica-
da essa distribuição, mostrando apenas que as três esferas participam do financiamento do SUS.
Figura 4 - Financiamento simplificado
Fonte: Disponível em: <http://www.simers.org.br/2015/10/como-funciona-o-financiamento-do-sus/>
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde52/224
Para saber mais
O CONASS disponibiliza on-line publicações re-
ferentes às atualizações nos modelos de finan-
ciamento do SUS, elas podem ajudar bastante no 
aprofundamento do tema: BRASIL. CONSELHO 
NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE.  A LEI N 
Z 141/2012 E OS FUNDOS DE SAÚDE. Brasília: Si, 
2013. 159 p. Disponível em: <http://www.co-
nass.org.br/conassdocumenta/conassdo-
cumenta_26.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2017.
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde53/224
Glossário
Previdenciário: relativo à previdência, no caso do setor público, relativo às aposentadorias e 
pensões.
Regulamentação: redação e publicação de um conjunto de normas regulamentares que regem 
uma associação, uma instituição etc.
Instância colegiada: organizações compostas por representantes de setores.
Interfederativa: entre confederações.
Questão
reflexão
?
para
54/224
A Lei Orgânica da Saúde data de 1990, o que nos leva 
a pensar que o SUS possui mais de 20 anos desde a sua 
criação. É evidente que as mudanças sociais, políticas e 
econômicas têm repercussão nas políticas de saúde, o 
que exige ainda mais organização e normatização para 
que a gestão do SUS seja minimamente eficiente. É pos-
sível estabelecer uma correlação entre as mudanças so-
ciais e o desenvolvimento do SUS?
55/224
Considerações Finais 
• A Lei Orgânica da Saúde, Lei 8.080, de 1990, constitui-se como um marco 
importante para o SUS, é nela que sua criação é legalmente publicada.
• As publicações de Normas Operacionais Básicas e outras normativas auxi-
liaram muito no processo de organização inicial do SUS.
• A gestão do SUS é descentralizada e regionalizada, sendo a responsabilida-
de por ela compartilhada entre os gestores federais, estaduais e municipais.
• O financiamento do SUS também é uma responsabilidade das três esferas 
governamentais.
Unidade 2 • Lei orgânica da saúde56/224
Referências 
BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre 
as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funciona-
mento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Lei Orgânica da Saúde. Brasília, 
DF, Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1990/lei-8080-19-setembro-1990-
365093-norma-pl.html>. Acesso em: 11 ago. 2017.
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE - CONASS. Para entender a gestão 
do SUS. Brasília: Si, 2003. 247 p. Disponível em: <bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/para_en-
tender_gestao.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2017.
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE – CONASS. A gestão do SUS: Para 
Entender a Gestão do SUS – 2015. Brasília: Si, 2015. 133 p. Disponível em: <http://www.conass.
org.br/biblioteca/pdf/A-GESTAO-DO-SUS.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2017.
LIMA, Luciana Dias de et al. Descentralização e regionalização: dinâmica e condicionantes da im-
plantação do Pacto pela Saúde no Brasil  Ciência & Saúde Coletiva, [s.l.], v. 17, n. 7, p.1903-1914, jul. 
2012. FapUNIFESP (SciELO). <http://dx.doi.org/10.1590/s1413-81232012000700030>. Disponível 
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232012000700030>. 
Acesso em: 15 ago. 2017.
57/224
Assista a suas aulas
Aula 2 - Tema: Lei Orgânica da Saúde. Bloco I
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/01b0efcf5d221414bbe39214dfbf70ea>.
Aula 2 - Tema: Lei Orgânica da Saúde. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/950efc62c35eae798ff56ffd37afd21e>.
58/224
1. Com relação à Lei Orgânica de Saúde no Brasil, assinale o ano correto de 
sua publicação.
a) 1988.
b) 1990.
c) 1991.
d) 1996.
e) 2011.
Questão 1
59/224
2. Além da Lei 8.080/90, outras normativas foram publicadas na década de 90 
para direcionar o desenvolvimento do SUS, sobre elas é correto afirmar que:
Questão 2
a) As NOBS tratavam apenas do interesse estatal, não se atendo à necessidade de organização 
da gestão do SUS.
b) Tanto as NOBS quanto as NOAS publicadas foram inúteis, já que o decreto (7.508/2011) foi 
o único que regulamentou e organizou propriamente a gestão do SUS.
c) As NOBS e NOAS foram importantes nos primeiros anos de SUS, auxiliando significativa-
mente em seu processo de construção e desenvolvimento.
d) As normativas da década de 90 foram apenas tentativas de organizar a gestão, mas foram 
todas infrutíferas.
e) As NOBS e NOAS foram apenas medidas políticas, sem contextualização na gestão.
60/224
3. O Pacto pela Saúde, de 2006, foi uma estratégia para fortalecer o desen-
volvimento do SUS e corrigir problemas enfrentados em sua gestão. Sobre 
isso, assinale a afirmação correta:
Questão 3
a) Os primeiros anos de desenvolvimento do SUS foram favorecidos por uma política estável e 
um financiamento adequado.
b) Desde a sua criação, o SUS é uma unanimidade entre todos os governos, não sendo afetado 
por problemas políticos nem de falta de financiamento adequado.
c) O Pacto pela Saúde foi uma ação social, não política ou prática.
d) O Pacto pela Saúde de 2006 foi uma proposta política voltada para a proteção do modelo de 
saúde adotado na Constituição de 88, objetivando o desenvolvimento positivo do SUS.
e) Não houve motivo para o Pacto da Saúde, ele foi apenas uma ação política.
61/224
4. Com relação ao planejamento das ações em saúde, assinale a afirmativa 
correta:
Questão 4
a) É reponsabilidade exclusiva do governo federal.
b) É responsabilidade exclusiva do governo municipal.
c) É responsabilidade exclusiva do governo estadual.
d) É de responsabilidade dos conselhos de saúde.
e) É de responsabilidade das três esferas de governo.
62/224
5. Com relação ao financiamento do SUS, assinale a afirmação correta.
Questão 5
a) O financiamento do SUS encontra-se organizado de maneira que as três esferas de governo 
compartilhem responsabilidades, de acordo com os devidos orçamentos e planos de saúde.
b) O financiamento do SUS não se encontra organizado até os dias atuais, ficando a cargo ape-
nas do governo federal.
c) O financiamento do SUS é uma das etapas mais simples do processo de gestão, já que envol-
ve apenas os recursos municipais.
d) O financiamento do SUS é de responsabilidade das três esferas, mas quem efetivamente in-
veste recursos em ações de atenção primária à saúde é exclusivamente o município.
e) O financiamento do SUS nunca foi um problema para o seu desenvolvimento.
63/224
Gabarito
1. Resposta: B.
A Lei Orgânica da Saúde foi publicada em 
1990, dois anos após a Constituição Federal 
de 1988.
2. Resposta: C.
Até a publicação recente do decreto 
(7.508/2011), as normativas operacionais 
como as NOBS e NOAS garantiram o míni-
mo de organização ao processo de gestão 
do SUS.
3. Resposta: D.
O Pacto pela Saúde foi motivado pela obser-
vação de problemas e falhas de desenvolvi-
mento que colocavam em risco a eficiência 
do SUS, sendo promovido para recuperar a 
qualidade de seu desenvolvimento.
4. Resposta: E.
O planejamento das ações de saúde e o de-
senho dos planos de saúde para cada região 
ou município são de responsabilidade das 
três esferas de governo, considerando-se 
sua participação e representatividade em 
cada ação.
5. Resposta: A.
As três esferas de governo, Federal, estadu-
al e municipal, compartilham responsabi-
lidades organizadas para o financiamento 
das ações de saúde pública.
64/224
Unidade 3
Saúde suplementar
Objetivos
1. Apresentar os conceitos de saúde su-
plementar.
2. Discutir a normatização da saúde su-
plementar no Brasil e a criação da 
Agência Nacional de Saúde (ANS).
3. Discutir a participação da saúde su-
plementar
no modelo de gestão de 
saúde brasileiro.
Unidade 3 • Saúde suplementar65/224
Introdução
Os modelos de saúde adotados pelos países 
representam suas escolhas políticas, eco-
nômicas e sociais para a gestão da saúde 
em seus territórios. A saúde suplementar 
está presente nos modelos de saúde utiliza-
dos pelo Brasil para a sua gestão em saúde. 
Ela já recebeu, em um passado não muito 
distante, mais atenção dos governos nacio-
nais do que a saúde pública. Essa tendência 
à privatização da saúde no Brasil foi mais 
notória durante os governos do regime mi-
litar, diminuindo com o passar dos anos e 
a solidificação da construção do Sistema 
Único de Saúde (SUS). Apesar de ter passa-
do muitos anos sem ter regulamentações 
e normativas detalhadas sobre a sua atu-
ação, esse setor cresceu e estabeleceu-se 
como uma alternativa ao acesso dos ser-
viços de saúde no país. Para iniciar as dis-
cussões sobre a saúde suplementar no Bra-
sil é importante entender que ela não é um 
setor em oposição à saúde pública. O setor 
privado de saúde pode ser dividido em duas 
categorias, o sistema clássico (atendimen-
to em consultórios médicos e clínicas par-
ticulares, acordado diretamente entre os 
prestadores de serviço e os pacientes) e o 
sistema conhecido como suplementar (cor-
respondendo às ações dos planos e seguros 
de saúde). Tanto o sistema clássico quanto o 
sistema suplementar oferecem à população 
a chance de ampliar o acesso aos serviços 
de saúde, embora suscitem frequentemen-
te a discussão sobre a mercantilização da 
saúde, que também será abordada ao longo 
do curso. O SUS prevê a participação do se-
Unidade 3 • Saúde suplementar66/224
tor privado na complementação do atendi-
mento à população. O grande desafio para 
que os setores público e privado atendam 
efetivamente às necessidades da população 
é o alinhamento de ações e a regulamenta-
ção do setor da saúde como um todo, o que 
começou a ser trabalhado mais eficiente-
mente com a criação da Agência Nacional 
de Saúde (ANS), em 2000.
1. Saúde Suplementar no Brasil
A saúde suplementar no Brasil começou a 
ser mais discutida a partir da década de 40, 
quando surgiram os precursores do que co-
nhecemos hoje como planos de saúde. Se-
gundo o histórico apresentado pela própria 
ANS, é possível estabelecer uma ligação en-
tre a saúde suplementar e as antigas caixas 
de aposentadorias e pensões utilizadas por 
empregadores e funcionários para geren-
ciar fundos voltados para a aposentadorias 
e pensões, mas também para financiar ser-
viços médico-hospitalares aos trabalhado-
res e seus dependentes. Segundo a ANS “...
em 1944, o Banco do Brasil constitui sua cai-
xa de aposentadoria e pensão - Cassi, que é o 
mais antigo plano de saúde no Brasil ainda em 
operação”. Seguindo posteriormente para o 
desenvolvimento dos dois setores, público e 
privado, sendo que os planos de saúde com 
comerciais, com clientelas abertas, surgi-
ram na década de 50, como planos coletivos 
empresariais, no ABC Paulista. A partir da 
década de 90 o setor privado passou a con-
viver com o SUS e um investimento maior em 
Unidade 3 • Saúde suplementar67/224
saúde pública por parte do governo brasilei-
ro. A assistência à saúde, dita em Constitui-
ção Federal como um direito da população, 
e a estruturação de uma política de acesso 
real aos serviços públicos de saúde muda-
ram o foco das políticas de saúde a partir da 
década de 90. A criação do SUS impactou 
muito na relação dos governos com os sis-
temas de saúde brasileiros, e desde então o 
Brasil vem convivendo com um dos maio-
res e mais conhecidos sistemas públicos de 
saúde do mundo, mas o que nem todos sa-
bem é que temos também um dos maiores 
sistemas privados de saúde.
Para saber mais
A publicação da ANS sobre a evolução e os avan-
ços na saúde suplementar no Brasil pode auxiliar 
bastante no aprofundamento do tema. BRASIL. 
Agência Nacional de Saúde Suplementar ANS. 
Ministério da Saúde.  Atenção à saúde no setor 
suplementar:  evolução e avanços do processo 
regulatório. 2009. Disponível em: <http://www.
ans.gov.br/images/stories/Materiais_para_
pesquisa/Materiais_por_assunto/Livro_Ma-
nual_AtencaoSaude.pdf>. Acesso em: 23 ago. 
2017.
Unidade 3 • Saúde suplementar68/224
1.1 Regulamentação da saúde 
suplementar e ANS
A saúde suplementar no Brasil atuou com 
pouca ou nenhuma normatização durante 
décadas. Desde a sua criação e até o final 
Link
Quanto à linha do tempo da saúde suplementar 
no Brasil, vale a pena dar uma olhada na página da 
ANS referente ao histórico da saúde suplementar 
no Brasil, disponível on-line e que traz uma versão 
bem completa, porém resumida, do percurso his-
tórico do tema. BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE 
SAÚDE SUPLEMENTAR ANS. Histórico. Disponível 
em: <http://www.ans.gov.br/aans/quem-so-
mos/historico>. Acesso em: 23 ago. 2017.
da década de 90, os serviços de saúde pri-
vados não possuíam uma regulamentação 
eficiente, isso só foi conseguido em 1998, 
com a Lei 9.656, que regulamentou o setor 
de planos de saúde no Brasil. Em 2000, com 
a criação da Agência Nacional de Saúde 
Suplementar (ANS), criada pela Lei 9.961, 
a regulamentação da saúde suplementar 
passou a ser feita de maneira mais comple-
ta e efetiva.
Unidade 3 • Saúde suplementar69/224
Para saber mais
Para saber mais sobre a criação da ANS e seu 
papel na regulamentação da saúde suplemen-
tar no Brasil, fica aqui um artigo bastante in-
teressante, publicado em 2008 sobre o tema. 
PIETROBON, Louise; PRADO, Martha Lenise do; 
CAETANO, João Carlos. Saúde suplementar no 
Brasil: o papel da Agência Nacional de Saú-
de Suplementar na regulação do setor.  Phy-
sis: Revista de Saúde Coletiva,  [s.l.], v. 18, n. 4, 
p.767-783, 2008. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0103-73312008000400009>. Acesso em: 
23 ago. 2017.
A ANS é vinculada ao Ministério da Saúde 
e é responsável por regular todo o setor de 
planos de saúde no Brasil. Sua missão, des-
crita na página on-line da agência, consiste 
em “promover a defesa do interesse público 
na assistência suplementar à saúde, regular 
as operadoras setoriais - inclusive quanto às 
suas relações com prestadores e consumido-
res - e contribuir para o desenvolvimento das 
ações de saúde no país”. A criação da ANS le-
vou a uma mobilização maior para a regu-
lamentação e organização do setor privado 
de saúde no país. Destacam-se assim as le-
gislações a seguir, todas voltadas para a re-
gulamentação deste setor:
• Lei nº 10.185, de 2001, que deter-
mina que as sociedades seguradoras 
que atuam no mercado de planos de 
Unidade 3 • Saúde suplementar70/224
saúde criem empresas especializadas 
nesse segmento.
• RN nº 94, que organiza o processo de 
implantação do conceito de promo-
ção da saúde e prevenção de doenças 
na saúde suplementar, induzindo as 
operadoras a assimilarem uma nova 
forma de gestão preventiva e com 
foco na saúde do consumidor.
Ainda neste contexto, em 2011 a ANS lan-
ça uma série de normativas que regulam os 
serviços prestados pelas operadoras. Entre 
elas destacam-se:
• RN nº 275 – que institui o QUALISS, 
programa capaz de avaliar o desem-
penho assistencial dos prestadores de 
serviço na saúde; 
• RN nº 277 - institui o programa de 
acreditação de operadoras de planos 
de saúde.
As ações da ANS representaram, desde a 
sua criação, uma mudança conceitual e 
prática para a gestão da saúde suplemen-
tar no Brasil. A inclusão de conceitos mais 
amplos de saúde, como o apresentado nas 
RN 94 e 275, nas orientações referentes ao 
setor privado, é uma ação no mínimo van-
guardista. Trazer a discussão de qualida-
de e proteção ao direito do consumidor é 
fundamental para o tema e foram medidas
presentes nas publicações da ANS, como o 
Guia ANS de Planos de Saúde (2009), que 
trata da portabilidade de carências e ofere-
ce informações detalhadas sobre produtos 
e operadoras de saúde. Essa é apenas uma 
Unidade 3 • Saúde suplementar71/224
das publicações voltadas para a orientação 
ao consumidor sobre seus direitos junto aos 
planos de saúde promovidas pela ANS.
A qualidade dos serviços prestados é outro 
ponto discutido nas ações da ANS. Em 2016, 
por meio da Resolução Normativa nº 395, a 
ANS obriga planos de saúde a qualificar o 
seu atendimento. Essa ação da ANS garan-
te respaldo legal aos consumidores, o que 
representa uma forte ferramenta jurídica 
para que o consumidor dos planos de saúde 
possa exigir o recebimento de seus direitos, 
ou mesmo evitar ações abusivas. Podemos 
dizer que as ações da ANS regulamentam 
o mercado dos planos de saúde, fiscalizam 
o cumprimento das normas e possibilitam a 
adoção de medidas legais em caso de des-
cumprimentos das orientações regulamen-
tadas. Dessa maneira, a ANS consegue tra-
zer recursos de maior segurança aos clien-
tes, ao mesmo tempo em que respalda os 
serviços dos planos de saúde.
Link
Atualmente os guias da ANS de planos de saú-
de podem ser consultados por meio de uma fer-
ramenta on-line. Para quem quiser explorar mais 
essa ferramenta, fica aqui o link do guia de planos 
de saúde da ANS. BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE 
SAÚDE SUPLEMENTAR ANS. Guia ANS de planos 
de saúde. Disponível em: <http://www.ans.gov.
br/guiadeplanos/home.xhtml;jsessionid=-
cyyuJ3qHYIUF9v0PtYyvlMH.ansprjboss03.
ans.gov.br:ansprjboss03.ans.gov.br>. Acesso 
em: 23 ago. 2017.
Unidade 3 • Saúde suplementar72/224
Para saber mais
Uma boa complementação para esta discussão é 
a publicação da própria ANS sobre as mudanças 
que ocorreram após a regulamentação da saúde 
suplementar no Brasil. A publicação, disponível 
on-line, oferece mais detalhes sobre o assunto. 
BRASIL. Agência Nacional de Saúde Suplementar 
ANS. Ministério da Saúde. O impacto da regula-
mentação no setor de saúde suplementar. 2001. 
Disponível em: <http://www.ans.gov.br/ima-
ges/stories/Materiais_para_pesquisa/Mate-
riais_por_assunto/ProdEditorialANS_Serie_
ans_vol_1.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2017.
1.1.1. Orientações e Normas da 
ANS
Uma das ações mais importantes da ANS 
está relacionada à orientação aos consumi-
dores e às operadoras de saúde com relação 
aos direitos dos consumidores. A agência 
vem tornando a relação entre os consumi-
dores e as operadoras de saúde uma rela-
ção cada vez mais clara e em que ambas 
as partes possuem conhecimento sobre as 
suas obrigações. Nesse contexto, a agência 
vem trazendo publicações direcionadas à 
orientação, à informação e à educação da 
população com relação ao funcionamento 
da saúde suplementar e os papéis de cada 
um dos atores envolvidos neste setor, tanto 
profissionais quanto consumidores. Essas 
Unidade 3 • Saúde suplementar73/224
publicações, além das normativas publica-
das e ações efetivas de regulação, encon-
tram-se também no formato de cartilhas, 
publicações de orientações e páginas on-li-
ne da ANS voltadas para a informação dos 
consumidores. Além disso, a agência tor-
nou-se ainda uma referência para a resolu-
ção de dúvidas e o fornecimento de infor-
mações, tendo, além da página on-line de 
atendimento, uma linha telefônica aberta 
ao público para orientações. 
Um exemplo importante das ações da ANS 
que trazem benefícios e segurança aos 
consumidores de planos de saúde é a regu-
lamentação referente à cobertura mínima 
obrigatória que os planos de saúde devem 
oferecer em seus contratos de prestação de 
serviços, ou seja, o rol de procedimentos e 
eventos de saúde cobertos pelos contratos 
de planos de saúde. A ANS traz com essa 
ação uma garantia de que o consumidor 
terá acesso a serviços e procedimentos mí-
nimos necessários para a assistência à sua 
saúde. Em 2016, após consulta pública, o 
rol de procedimentos e eventos de saúde 
considerados pela ANS foi ampliado. As Fi-
guras 5 e 6 apresentam, respectivamente, 
os principais procedimentos incluídos e as 
especialidades ampliadas e incluídas, na 
atualização do rol de procedimentos reali-
zada em 2016. Esta regulação, assim como 
a referente aos prazos máximos de carên-
cia que podem ser estabelecidos pelos pla-
nos de saúde, foram ações que impactaram 
positivamente entre a população. É impor-
tante destacar que a ANS estabeleceu ain-
da os novos percentuais de ajustes de taxas 
e mensalidades de planos de saúde, o que 
Unidade 3 • Saúde suplementar74/224
visa a uma maior transparência entre as ações adotadas pelas operadoras e as informações que 
chegam aos consumidores. Ainda no contexto do respaldo aos consumidores, a ANS estabeleceu 
parceria com o Procon para que os diálogos entre as organizações sejam mais eficientes.
Figura 5 - Inclusões ao Rol de procedimentos em 2016
Unidade 3 • Saúde suplementar75/224
Fonte: Agência Nacional de Saúde Suplementar ANS, 2016. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/aans/noticias-
-ans/sobre-a-ans/3035-usuarios-terao-21-novos-procedimentos-cobertos-por-planos-de-saude>.
Unidade 3 • Saúde suplementar76/224
Figura 6 - Ampliações do Rol de procedimentos em 2016
Unidade 3 • Saúde suplementar77/224
Fonte: Agência Nacional de Saúde Suplementar ANS, 2016. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/aans/noticias-
-ans/sobre-a-ans/3035-usuarios-terao-21-novos-procedimentos-cobertos-por-planos-de-saude>.
É importante lembrar que a regulação do setor de saúde suplementar teve início após décadas 
de trabalho, legislações específicas e eficientes para a normatização da área. Isso nos traz a um 
cenário em que ainda há muitos ajustes a serem feitos e muitas ações a serem adotadas. A ANS 
e sua proposta de ampliar a comunicação, o acesso à informação e o respaldo ao consumidor 
pelos planos de saúde faz valer os novos conceitos de saúde ampliados ao longo dos anos pelas 
discussões internacionais sobre o tema. O fato de o rol de procedimentos ter passado a incluir 
consultas com nutricionistas para gestantes e mulheres em fase de amamentação a partir de 
2016 já representa um pequeno avanço na oferta de serviços que não visam apenas o trata-
Unidade 3 • Saúde suplementar78/224
mento e a cura, mas também a prevenção 
e a qualidade de vida, mas ainda há muito o 
que se conquistar neste tema. 
A regulamentação do setor de saúde suple-
mentar representa uma segurança a mais 
para os consumidores e, ao mesmo tem-
po, um suporte legal para as operadoras 
de saúde, já que ambos os lados passaram 
a possuir maior esclarecimento e respaldo 
para suas ações. É importante ainda lem-
brar que só é possível estabelecer relações 
de parceria entre o setor público e o privado 
quando se entende o pressuposto de que a 
saúde não é um bem mercantil. Os valores 
e serviços de saúde são sempre envolvidos 
em discussões éticas e de valores que ex-
trapolam o caráter econômico e monetário. 
Essas discussões são importantes e visam 
o que não deixa de ser imprescindível para 
ações eficientes em saúde, uma visão cada 
vez mais humanizada. Talvez seja “pedir de-
mais” que a regulação do setor suplementar 
alcance todas essas mudanças em menos 
de 20 anos de existência da ANS, mas é im-
portante saber que o processo de regulam-
entação proporcionou mudanças efetivas 
para este setor, que representa uma impor-
tante contribuição para o acesso à saúde 
no Brasil.
Unidade 3 • Saúde suplementar79/224
Para saber mais
O tema é amplo e extremamente interessante, 
então, para aprofundar a discussão, fica aqui o 
artigo de Albuquerque e colaboradores (2008), 
que discute o cenário da saúde suplementar no 
Brasil nos primeiros anos após a criação da ANS.

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