Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS CENTRO DE ENGENHARIAS CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL MADEIREIRA DISCIPLINA DE RESÍDUOS NA INDÚSTRIDA DE BASE MADEIREIRA Relatório de aula prática. SEDIMENTAÇÃO Profª. Mery Vieira¹ Lucas Mérlo² Pelotas, 11 de julho de 2019. 1- Professora da Universidade Federal de Pelotas. 2- Acadêmico do Curso de Graduação em Engenharia Industrial Madeireira – UFPel. 1. INTRODUÇÃO: Referido relatório teve seu início em grupo devido membros não saber lidar em coletivo, grupo foi dividido optei por fazer sozinho por causa dos outros grupos já estarem com o trabalho quase concluso... Na indústria as partículas sólidas são uma presença quase constante, seja ao nível das matérias-primas ou dos produtos. Assim, existem processos de separação para lidar com a separação das partículas sólidas da fase contínua. Muitas vezes, esses mesmos processos, também se podem adaptar à separação de duas fases líquidas de densidades diferentes, uma das quais constitui a fase dispersa. As operações de separação de partículas sólidas têm em comum o mecanismo de transferência de quantidade de movimento, e a escolha do equipamento de separação depende do tamanho e da concentração das partículas sólidas. A fase mais densa, por ação da gravidade deposita-se no fundo do recipiente, ou seja, sedimenta. As operações de sedimentação na indústria podem ser efetuadas de forma contínua ou descontínua em equipamentos denominados decantadores ou sedimentadores. E as operações de sedimentação podem ser dividas em clarificação e espessamento. No espessamento o produto de interesse é o sólido e na clarificação, o produto de interesse é o líquido clarificado. O sedimentadores podem ser utilizados em diversos ramos indústria. 2. OBJETIVO: O objetivo do presente trabalho foi dimensionar um sedimentador para a suspensão de sulfato de cálcio (CaSO4) nas concentrações de 15% p/v. 3. ENSAIO DE PROVETA: A operação de sedimentação é baseada em fenômenos de transporte, onde a partícula sólida em suspensão está sujeita a ação das forças da gravidade, do empuxo e de resistência ao movimento. O mecanismo da sedimentação descontínua auxilia na descrição do processo contínuo, com o uso do teste de proveta, que e baseado no deslocamento da interface superior da suspensão com o tempo. Durante esse teste pode ser observada, após um tempo, a existência de cinco regiões distintas: uma região de líquido clarificado, a de sedimentação livre e a de compactação. A região mostra o líquido clarificado. No caso de suspensões que decantam muito rápido esta camada pode ficar turva durante certo tempo por causa das partículas finas que permanecem na suspensão. Na região B ocorre a suspensão com a mesma concentração inicial, ou seja, a linha que divide A e B é geralmente nítida. A zona C é a zona de transição. A concentração da suspensão aumenta gradativamente de cima para baixo, variando entre o valor inicial até a concentração da suspensão espessada. A interface BC é, de modo geral, nítida. Já a região D mostra a suspensão espessada na zona de compressão, ou seja, é a suspensão onde os sólidos decantados sob a forma de flocos se encontram dispostos uns sobre os outros, sem atingirem a máxima compactação. A separação entre as zonas C e D geralmente não é nítida e apresenta diversos canais através dos quais o líquido Operações Unitárias - Sedimentação proveniente da zona em compressão escoa. A espessura desta zona vai aumentando durante a operação. A última região, a região E, apresenta os sólidos grosseiros que foram decantados logo no inicio do ensaio. A espessura desta zona praticamente não varia durante o ensaio. Além disso, nesta figura pode se observar a evolução da decantação com o tempo. As zonas A e D tornam-se mais importantes, enquanto a zona B diminuiu e C e E permaneceram inalteradas. Ao final do processo B e C desapareceram, ficando apenas o líquido clarificado, a suspensão em compressão e o sedimento grosso. Este também é chamado ponto de compressão, ou ponto crítico. A zona A aumenta enquanto que a zona D diminui lentamente até a superfície de separação das camadas A e D atingirem o valor. Este valor mínimo não corresponde necessariamente a concentração máxima da suspensão decantada, pois é possível, com agitação apropriada, reduzir ainda mais a altura da lama espessada. 4 MATERIAIS: • Provetas; • Suspensões de CaCO3 • Cronômetro; • Régua; 5 MÉTODOS: As suspensões foram colocadas ocupando um volume de 500 mL. Com uma régua mediu-se a altura do lodo e a altura da suspensão na proveta. As provetas foram agitadas objetivando a homogeneização e deixando- as em repouso visando a sedimentação. No exato momento que as provetas foram colocadas em repouso, foram disparados os cronômetros e anotando-se o tempo necessário para que cada interface sólido-líquido atinja as alturas pré-determinadas de 50 mL ao longo da proveta. Durante a sedimentação mediu-se as alturas correspondentes aos 50 mL de cada proveta, para cálculos posteriores da altura. 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES Ao longo do experimento, foram tomados valores da altura da interface inferior do líquido clarificado em função do tempo. TEMPO (min) ALTURA (cm) 0 19,6 2 17,7 4 15,7 6 14,1 8 13 10 12 12 11,2 14 10,5 16 9,6 18 9 20 8,5 24 7,6 28 6,8 32 6 36 5,4 40 4,8 44 4,3 48 3,9 52 3,5 56 3,2 60 2,9 Dados obtidos no laboratório Graficamente: Gráfico 1. Variação da altura no tempo de sedimentação CÁLCULO DA ÁREA DO ESPASSADOR • MÉTODO DE KYNCH Após a construção da curva z versus t, foram obtidos vários pares de v e C a partir da curva. 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 10 20 30 40 50 60 70 80 A lt u ra (c m ) Tempo (min) Altura versus otempo Foram traçadas várias tangentes na curva obtida conforme o gráfico abaixo, e encontrados os valores de z, zi e t. Os valores de v, C e a área de decantação foram calculados conforme as equações abaixo: 𝑢 = − 𝑑𝑧 𝑑𝑡 = (𝑧𝑖 − 𝑧) 𝑡 𝐶 = 𝑧0𝐶𝑜 𝑧𝑖 𝑆 = 𝑄𝐴𝐶𝐴( 1 𝐶 − 1 𝐶𝐸 ) 𝑢 Onde: S = Área de decantação ou seção transversal do decantador (cm2) u = velocidade de decantação na zona limite (cm/min) QA = vazão volumétrica da suspensão alimentada ao decantador (cm2/min) CA = C0 = Concentração de sólidos na suspensão alimentada (g/cm3) CE = Concentração da lama espessada (g/cm3) C = Concentração da suspensão na zona limite (g/cm3) Sendo: QA = 30m3/h = 500000 cm/min CE: 0,25g/cm3 • Cálculo da concentração de sólidos na suspensão alimentada (CA): Massa de CaCO3 pesada: 44,6390g Pureza: 98% Volume da solução: 600mL 𝐶𝐴 = 44,6390.0,98 600 = 0,0729 𝑔 𝑐𝑚3⁄ Valores encontrados: Tempo (min) z (cm)altura zi(cm) u(cm/min) C(g/cm3) Área do sedimentador (m2) 10 12,0 16,4 0,44 0,0871 61,9 20 8,5 13,2 0,24 0,1083 81,2 30 6,3 12,0 0,19 0,1191 84,4 40 4,8 10,1 0,13 0,1415 84,4 50 3,8 8,2 0,09 0,1743 72,0 60 2,9 6,8 0,07 0,2102 42,5 Valores encontrados através do Método de Kynch O valor máximo obtido corresponde à área mínima que o decantador deve ter. Sendo assim, pelo Método de Kynch a área do decantador é 84,4m2. • MÉTODO DE TALMADGE E FITCH Determinação do ponto crítico: Gráfico 2. Determinação do ponto críticoPela análise do gráfico: zc = 5,8cm e tc = 23,5min. Calculo da altura correspondente à situação em que a zona de espessamento atinge o valor da lama espessada CE desejada no espessador (zs): 𝑧𝑠 = 𝑧0𝐶0 𝐶𝐸 Assim, 𝑧𝑠 = 19,6.0,07291 0,25 = 5,72𝑐𝑚 A partir da tangente a curva z vs t no ponto crítico, calcula-se ts: Gráfico 3. Determinação do tempo no ponto crítico Pela análise do gráfico, encontra-se ts igual a 32,8 minutos. ▪ Cálculo da área do decantador: A área do decantador pelo método de Talmadge e Fitch é calculada da seguinte forma: 𝐴 = 𝑄0𝐶0𝑡𝑆 𝑧0𝐶0 Assim, 𝐴 = 500000𝑥0,07291𝑥32,8 19,6𝑥0,07291 = 836734,69𝑐𝑚2 = 83,7𝑚2 RESUMO: MÉTODO ÁREA DO DECANTADOR (m2) DESVIO (%) KYNCH 84,4 0,84 TALMADGE -FITCH 83,7 ESTIMATIVA DA ALTURA DO SEDIMENTADOR • MÉTODO DE KYNCH 𝐻1 = 0,6 𝑚 𝐻2 = 4 3 ( 500000.0,0729 2,71 ) (32,8 − 23,5) ( 2,71 − 1 2,2 − 1 ) . 1 84,4 = 0,002813 𝑚 H3 = 7,3. 10 −2. √84,4 ∗ 4/π = 0,76 𝐻 = 𝐻1 + 𝐻2 + 𝐻3 = 0,6 + 0,002813 + 0,76 = 1,36 𝑚 • MÉTODO DE TALMADGE E FITCH 𝐻1 = 0,6 𝑚 𝐻2 = 4 3 ( 500000.0,0729 2,71 ) (32,8 − 23,5) ( 2,71 − 1 2,2 − 1 ) . 1 83,7 = 0,00284 𝑚 H3 = 7,3. 10 −2. √83,7 ∗ 4/π = 0,75 𝐻 = 𝐻1 + 𝐻2 + 𝐻3 = 0,6 + 0,00284 + 0,75 = 1,35 𝑚 RESUMO: MÉTODO ALTURA DO DECANTADOR (m) DESVIO (%) KYNCH 1,36 0,73 TALMADGE -FITCH 1,35 7 CONCLUSÃO A operação de sedimentação é baseada em fenômenos de transporte, onde a partícula sólida em suspensão está sujeita a ação das forças da gravidade, do empuxo e de resistência ao movimento. O mecanismo da sedimentação descontínua (ensaio de provetas) auxilia na descrição do processo contínuo que é baseado no deslocamento da interface superior da suspensão com o tempo. Os dados obtidos a partir desse ensaio se ajustaram de forma satisfatória ao experimento como pôde ser visualizado em ambos os métodos aplicados, fornecendo dessa forma confiabilidade aos resultados encontrados. No método de Kynch, observando a evolução da decantação e da velocidade de sedimentação com o tempo, percebe-se que à medida que o tempo passa, o valor da velocidade diminui, como era esperado, pois a mesma tende ao valor zero quando a concentração tende ao seu valor máximo (isso ocorre porque a medida que as partículas se encontram mais próximas, maior é a dificuldade de o liquido entre elas ser expelido). Determinaram-se alguns valores de áreas do decantador e foi escolhido dentre eles o maior valor, pois é necessário garantir que a velocidade ascendente do líquido não seja maior que a velocidade de sedimentação da partícula mais lenta a ser recuperada, logo é preciso ter sempre uma margem de segurança. A área do sedimentador definida pelo método de Talmadge e Fitch representa uma simplificação ao procedimento de Kynch. O valor da área encontrado através desse método se aproximou bastante do valor encontrado pelo método de Kynch. Algumas das limitações desses métodos são: o fato de não considerar os sedimentos compressíveis, como é a maioria dos sedimentos encontrados industrialmente, e não considerar a distribuição granulométrica dos mesmos. Apesar de os métodos terem as limitações apresentadas anteriormente, eles funcionam razoavelmente bem para materiais incompressíveis e devido à simplicidade dos mesmos, sua utilização ainda tem grande aceitação na indústria de clarificadores e espessadores. Pode-se considerar que eles se adéquam bem ao experimento realizado e atingiram os objetivos requeridos através da execução do experimento de forma bastante simples. 8 REFÊRENCIAS MASSARANI, G. Fluidodinâmica em Sistemas Particulados. 1º Edição. UFRJ, 1997. CREMASCO, M.A. Operações Unitárias em Sistemas Particulados e Fluidomecânicos. São Paulo. Blucher, 2012. SEDIMENTAÇÃO. Disponível em: <http://www.enq.ufsc.br/muller/operacoes_unitarias_qm/Sedimentacao.pdf>, SEDIMENTAÇÃO. Disponível em: <http://www.cetem.gov.br/publicacao/CTs/CT2004-189- 00.pdf>, AROUCA, F. O.; Uma contribuição ao estado da sedimentação gravitacional em Batelada.; Universidade Federal de Uberlândia; Uberlândia, MG; 2007. AZEVEDO, C. C. Simulação da Operação de Sedimentadores Contínuos; Universidade Federal de Uberlândia; Uberlândia, MG; 2009. GOMIDE, R. Operações Unitárias. São Paulo, 1980. NUNES, J. F.; Estudo da sedimentação gravitacional de suspensões floculentas.; Universidade Federal de Uberlândia; Uberlândia, MG; 2008. RUSHTON, A.; WARD, A. S.; HOLDICH, R. G. Solid-Liquid Filtration and Separation Technology. 1st ed. New Tork, 1996.