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A GEOQUÍMICA DAS TERRAS PRETAS AMAZÔNICAS ANELISE ROBERTA PRATA DE OLIVEIRA CLAUDIONOR DE BARROS DA MOTA GILVANDRO VITOR LOPES SOUSA MATHEUS CAVALCANTE SILVA STELLA KAROLAYNE DAMASIO RIBEIRO Santarém – Pará 2019 Roteiro da Apresentação Introdução. Técnicas Analíticas em Sítios Arqueológicos. Aspectos Físicos e Morfológico das Terras Pretas. Pedogeoquímica das Terras Pretas Antropológicas da Amazônia. Considerações Finais. Introdução Fonte: Imazon, 2015. Estes solos estão relacionados com a ocupação territorial amazônica (Pleistoceno tardio a Holoceno antigo). Desde então ocorrem modificações paisagísticas nos diversos habitats amazônicos. Imagem 1 – Rotas de Migração Humana. Imagem 2 – Geoglifos. Fonte: Eco, 2018. Introdução Terras pretas (TPs): resultados do manejo (intencional ou não) de depósitos residuais de matéria orgânica, artefatos líticos e cerâmicos capazes de alterar a química dos solos. Estes solos denominam-se por Terra Preta Antropológica (TPA), Terra Preta de Índio (TPI) ou mesmo por Arqueossolo. Fonte: PedologiaFácil, 2019. A imagem 3 ao lado demonstra um Latossolo Amarelo com horizonte A antrópico, típico em áreas outrora agricultadas. Introdução A origem das TPs apresenta diferentes vertentes: Hart (1985) – Solos naturalmente férteis que garantiram a fixação paleoindígena. Cunha Franco (1962) – Solos gerados em ambientes lacustres cujas margens eram ocupadas. Kern & Kampf (1989) – Solos resultantes da ocupação pré-histórica na Amazônia. De todo modo, este trabalho enfocará na Geoquímica das Terras Pretas, fator essencial para a classificação taxonômica e para o entendimento dos processos originários deste solo. Técnicas Analíticas em Sítios Arqueológicos A Geoarqueologia faz-se indispensável para a compreensão da pedogênese das Terras Pretas, para a verificação dos componentes inorgânicos e para a determinação da área fonte do material cerâmico. 1) Microscopia Óptica – composição de material cerâmico e lítico (cor, microestrutura, morfologia dos grãos e tamanho dos grãos). 2) Difratometria Raio-X e Micro Difratometria – identificação de estruturas cristalinas em porções de intercrescimento (pequenos locais). 3) Análises Térmicas – técnicas complementares úteis para caracterização de argilominerais (queima). Técnicas Analíticas em Sítios Arqueológicos 4) Espectometria de Infravermelho – utiliza-se da difração de raio-x para determinação de substâncias de baixa cristalinidade. 5) Microscópio de Varredura Eletrônica (MEV) – útil para a detecção de minerais fino-granulados, sendo o único procedimento a apresentar imagens precisas da fração fina. 6) Análise Química – eficiente na determinação de elementos-traço e na análise da fluorescência de raio-x. Aspectos Físicos e Morfológicos das TPs Os Arqueossolos caracterizam-se pelo horizonte A antrópico. Não possuem classificação específica no Sistema Brasileiro de Classificação de Solo (SBCS), sendo enquadrado como gleissolo devido a soterração por sedimentos das cheias dos rios. São facilmente diferenciados por apresentarem material cerâmico e lítico, diferenças na cor, na espessura da camada escura e fragmentos de carvão. Apresentam altos teores de carbono orgânico, fósforo, cálcio, magnésio, zinco e manganês. Aspectos Físicos e Morfológicos das TPs Dispõem de alta saturação por base, logo, são ditos eutróficos/férteis, dispondo ainda de altos teores de C orgânico, Mg, P e microelementos. Além da coloração que varia de bruno acinzentada a muito escura devido à concentração do C, apresentam características físicas e hídricas distintas, resultantes da abundância de material cerâmico no solo. Quando há predominância de material arenoso e material cerâmico: aumento na retenção aquosa (os poros da cerâmica umedecem o solo em caso de seca). Do mesmo modo, o carvão armazena maior quantidade de água. Aspectos Físicos e Morfológicos das TPs Fonte: Portal do Amazonas, 2016. Fonte: Pedologia Fácil, 2019. Imagem 4 – Horizonte A antrópico. Imagem 5 – Artefatos nas TPs. Pedogeoquímica das Terras Pretas de Índio Teores elevados de Ca, Mg, P, Zn, Mn, Cu e C orgânico, bem como valores mais altos de pH. A quantidade de carbono orgânico e de micronutrientes (Mn, Zn e Cu) variam entre as TPIs. De modo geral, o Ca predomina em relação ao Mg, Na e K: maior afinidade com superfícies de troca. Os locais com baixos teores dos elementos são compreendidos arqueologicamente por locais de intenso fluxo humano, deixado limpo intencionalmente e, logo, apresenta pouco C orgânico. Pedogeoquímica das Terras Pretas de Índio Fonte: Kern, 1986 (adaptado por Oliveira, 2000) Imagem 6 – Distribuição vertical de Ca, P, Mn e Zn em Terras Preta Considerações Finais Em síntese, a pedogênese desse solo está interligada a ocupação pré-histórica na Amazônia: Fixação Depósitos Residuais Modificações físico-químicas Elevação dos teores de Ca, Mg, P, Mn, Zn e C orgânico A geoquímica possibilita entendimento de importantes fatores, tais como: área fonte dos materiais, geoquímica do solo, distribuição de elementos, características morfológicas e afins. Referências COSTA, F. S., et al. Calagem e as propriedades eletroquímicas e físicas de um latossolo em plantio direto. 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