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A-HISTÓRIA-DO-BRASIL pos graduação

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – FAVENI 
 
 
ESPIRITO SANTO 
A HISTÓRIA DO BRASIL 
 
 
 
1 
 
SUMÁRIO 
1 A HISTÓRIA DO BRASIL ............................................................... 2 
2 BRASIL COLÔNIA .......................................................................... 2 
2.1 Período Pré-Colonial ................................................................... 3 
2.2 O Início da Colonização .............................................................. 4 
2.3 O Governo Geral ......................................................................... 4 
3 A FORMAÇÃO SOCIAL DO BRSIL COLÔNIA ............................... 5 
3.1 Ameaças ao Domínio Português ................................................. 6 
4 BRASIL IMPÉRIO ........................................................................... 8 
4.1 Primeiro Reinado (1822-1831) .................................................... 8 
4.2 A Constituição do Brasil Império ................................................. 8 
4.3 A Abdicação de D. Pedro I .......................................................... 9 
4.4 O Segundo Reinado (1840-1889) ............................................. 11 
5 BRASIL REPÚBLICA .................................................................... 12 
6 OS DEZ NOMES MAIS FUNDAMENTAIS DA HISTÓRIA DO 
BRASIL 16 
7 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: UMA LONGA 
JORNADA RUMO À UNIVERSALIZAÇÃO ...................................................... 32 
8 10 CIDADES QUE CONTAM UM PEDACINHO DA HISTÓRIA DO 
BRASIL 41 
9 COMO FOI A HISTÓRIA MILITAR DO BRASIL? ......................... 43 
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................. 54 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
1 A HISTÓRIA DO BRASIL 
A história do Brasil deve ser considerada desde o seu início, com a 
chegada dos primeiros humanos, embora esta data não seja conhecida. Regiões 
de ocupação foram registradas com mais de 15 mil anos e ainda há muito o que 
se descobrir sobre isso. 
Para estudarmos a história conhecida do Brasil, desde seu 
descobrimento, quando já existem registros, devemos considerar três períodos 
distintos: 
 Período Colonial 
 Período Imperial 
 Período Republicano 
Essa divisão, no entanto, deve ser considerada apenas com o objetivo de 
organizar os principais conteúdos e acontecimentos desde que o Brasil se tornou 
uma região conhecida, tendo como ponto de partida o seu descobrimento, no 
ano de 1500. 
Como sabemos que o território em que se formou a nação chamada Brasil 
possuía antes muitas tribos nativas, cada uma com seus aspectos culturais 
particulares, devemos também considerar esse período, que pode ser chamado 
de Período Pré-cabraliano. 
Esse período, antes do descobrimento, refere-se aos indígenas e faz 
referência a Pedro Álvares Cabral, considerado o descobridor de nosso país, 
sendo o dia 22 de abril de 1500 considerado como o marco inicial da história do 
Brasil.1 
2 BRASIL COLÔNIA 
O Brasil Colônia, na História do Brasil, é a época que compreende o 
período de 1530 a 1822. 
 
1 Extraído do link: portalsuaescola.com.br 
 
3 
 
Este período começou quando o governo português enviou ao Brasil a 
primeira expedição colonizadora chefiada por Martim Afonso de Souza. Em 
1532, ele fundou o primeiro núcleo de povoamento, a Vila de São Vicente, no 
litoral do atual estado de São Paulo. 
 
Fonte: geniodoenem.com.br 
2.1 Período Pré-Colonial 
Logo após a chegada dos portugueses à sua nova colônia, a primeira 
atividade econômica girava em torno da exploração do pau-brasil, existente em 
grande quantidade na costa brasileira, principalmente no nordeste do País. Esse 
período ficou conhecido como Ciclo do Pau-Brasil. 
A exploração do pau-brasil foi meramente extrativista e não deu origem a 
uma ocupação efetiva. 
O trabalho de derrubar árvores e preparar a madeira para embarque era 
feito pelos indígenas e uns poucos europeus que permaneciam em feitorias na 
costa. 
Explorado de forma predatória, as árvores próximas da costa 
desapareceram já na década de 1520. 
 
4 
 
2.2 O Início da Colonização 
Várias expedições foram enviadas por Portugal, visando reconhecer toda 
costa brasileira e combater os piratas e comerciantes franceses. 
As mais importantes foram as comandadas por Cristóvão Jacques (1516 
e 1526), que combateu os franceses. 
Também Martim Afonso de Sousa (1532), combateu a pirataria francesa. 
Da mesma forma, ele instalou em São Vicente, a primeira povoação dotada de 
um engenho para produção de açúcar. 
Para colonizar o Brasil e garantir a posse da terra, em 1534, a Coroa 
dividiu o território em 15 capitanias hereditárias. Estas eram imensos lotes de 
terra que se estendiam do litoral até o limite estabelecido pelo Tratado de 
Tordesilhas. 
Esses lotes foram doados a capitães (donatários), pertencentes à 
pequena nobreza lusitana que, por sua conta promoviam a defesa local e a 
colonização. 
A empresa açucareira foi escolhida, porque apresentava possibilidade de 
vir a ser um empreendimento altamente lucrativo, abastecendo o grande 
mercado de açúcar da Europa. 
Foi no nordeste do país que a atividade açucareira atingiu seu maior grau 
de desenvolvimento, principalmente nas capitanias de Pernambuco e da Bahia. 
Nos séculos XVI e XVII, o Nordeste tornou-se o centro dinâmico da vida 
social, política e econômica do Brasil. 
2.3 O Governo Geral 
O sistema de Governo Geral foi criado em 1548, pela Coroa, com o 
objetivo de organizar a administração colonial. 
O primeiro governador foi Tomé de Souza (1549 a 1553), que recebeu do 
governo português, um conjunto de leis. Estas determinavam as funções 
administrativas, judicial, militar e tributária do Governo Geral. 
 
5 
 
O segundo governador geral foi Duarte da Costa (1553 a 1558), e o 
terceiro foi Mem de Sá (1558 a 1572). 
Em 1572, depois da morte de Mem de Sá e de seu sucessor Dom Luís de 
Vasconcelos, o governo português dividiu o Brasil em dois governos cuja 
unificação só voltou em 1578: 
 Governo do Norte, com sede em Salvador 
 Governo do Sul, com sede no Rio de Janeiro 
Em 1580, Portugal e todas as suas colônias, inclusive o Brasil, ficaram 
sob o domínio da Espanha, situação que perdurou até 1640. Este período é 
conhecido como Unificação Ibérica. 
Em 1621, ainda sob o domínio espanhol, o Brasil foi novamente dividido 
em dois estados: o Estado do Maranhão e o Estado do Brasil. Essa divisão durou 
até 1774, quando o Marquês de Pombal decretou a unificação. 
3 A FORMAÇÃO SOCIAL DO BRSIL COLÔNIA 
Fundamentalmente três grandes grupos étnicos, o índio, negro africano e 
o branco europeu, principalmente o português, entraram na formação da 
sociedade colonial brasileira. 
Os portugueses que vieram para o Brasil pertenciam a várias classes 
sociais em Portugal. A maioria era formada por elementos da pequena nobreza 
e do povo. 
Também é preciso ter em conta que as tribos indígenas tinham línguas e 
culturas distintas. Algumas eram inimigas entre si e isto era usado pelos 
europeus quando desejavam guerrear contra os portugueses. 
Da mesma forma, os negros trazidos como escravos da África possuíam 
crenças, idiomas e valores que foram sendo absorvidos pelos portugueses e 
indígenas. 
No Brasil Colônia, o engenho era o centro dinâmico de toda a vida social. 
Isso possibilitava o “senhor da casa grande” concentrar em torno de si, grande 
quantidade de indivíduos e ter a autoridade máxima, o prestígio e o poder local. 
 
6 
 
Em torno do engenho viviamos mulatos, geralmente filhos dos senhores 
com escravas, o padre, os negros escravos, o feitor, o mestre do açúcar, os 
trabalhadores livres, etc. 
3.1 Ameaças ao Domínio Português 
Nos primeiros anos logo depois da descoberta, a presença de piratas e 
comerciantes franceses no litoral brasileiro foi constante. A invasão francesa se 
deu em 1555, quando conquistaram o Rio de Janeiro, fundando ali a "França 
Antártica", sendo expulsos em 1567. 
Em 1612, os franceses invadiram o Maranhão, ali fundaram a "França 
Equinocial" e a povoação de São Luís, onde permaneceram até 1615, quando 
foram novamente expulsos. 
Os ataques ingleses no Brasil se limitaram a assaltos de piratas e 
corsários que saquearam alguns portos. Invadiram as cidades de Santos e 
Recife e o litoral do Espírito Santo. 
As duas invasões holandesas no Brasil se deram durante o período em 
que Portugal e o Brasil estavam sob o domínio espanhol. A Bahia, sede do 
Governo Geral do estado do Brasil, foi invadida, mas a presença holandesa 
durou pouco tempo (1624-1625). 
Em 1630, a capitania de Pernambuco, o maior centro açucareiro da 
colônia, foi invadida por tropas holandesas. 
A conquista foi consolidada em 1637, com a chegada do governante 
holandês o conde Maurício de Nassau. Ele conseguiu firmar o domínio holandês 
em Pernambuco e estendê-lo por quase todo o nordeste do Brasil. 
A cidade do Recife, o centro administrativo, foi urbanizada, saneada, 
pavimentada, foram construídos pontes, palácios e jardins. O governo de 
Maurício de Nassau chegou ao fim em 1644, mas os holandeses só foram 
expulsos em 1654. 
 
O Século do Ouro e dos Diamantes 
 
7 
 
A procura de metais preciosos sempre constituiu o sonho dos 
colonizadores. As descobertas começaram na década de 1690, na região de 
Minas Gerais. 
A partir daí se espalhou em várias partes do território nacional. No século 
XVIII a mineração era a grande fonte de riqueza da metrópole. 
O Ciclo do Ouro e do Diamante foram responsáveis por profundas 
mudanças na vida do Brasil colônia, com o crescimento urbano e do comércio. 
 
A Crise do Sistema Colonial 
 
Em 1640, Portugal contava apenas com as rendas do Brasil. Por isso 
passou a exercer um controle mais rígido sobre a arrecadação de impostos e as 
atividades econômicas, chegando a proibir o comércio com estrangeiros. 
O descontentamento com a política econômica da metrópole fez surgir 
algumas revoltas, entre elas: 
 Revolta de Beckman (1684), no Maranhão 
 Guerra dos Emboabas (1708-1709), em Minas Gerais 
 Guerra dos Mascates (1710), em Pernambuco 
 
Em fins do século XVIII, teve início os movimentos que tinham como 
objetivo libertar a colônia do domínio português, entre elas: 
 Inconfidência Mineira (1789) 
 Conjuração Baiana (1798) 
No início do século XIX, as condições para a emancipação brasileira 
estavam maduras. Contribuíram também a conjuntura criada pelas Guerras 
Napoleônicas e pela Revolução Industrial Inglesa. 
Com a invasão de Portugal, a sede do reino transferiu-se para o Brasil. 
Em 1822, deu-se o passo decisivo para consolidar a Independência do Brasil.2 
 
2 Extraído do link: www.todamateria.com.br 
 
8 
 
4 BRASIL IMPÉRIO 
O Brasil Império foi o período da História do Brasil que teve seu início com 
a aclamação do Imperador D. Pedro I, em 1822, e se prolongou até a 
Proclamação da República, em 1889. 
4.1 Primeiro Reinado (1822-1831) 
D. Pedro I (1798-1834) foi aclamado “Imperador Constitucional e Defensor 
Perpétuo do Brasil”, fato que se oficializou no dia 12 de outubro de 1822. Era o 
início do Império, embora a coroação apenas tenha sido realizada no dia 1º de 
dezembro de 1822. 
Depois de coroado, D. Pedro teve que enfrentar a difícil situação criada 
por algumas províncias onde as Juntas Governamentais eram dominadas por 
portugueses. 
A separação entre o Brasil e Portugal não foi aceita, e declarando-se fieis 
às Cortes de Lisboa não o reconheciam como governante. 
4.2 A Constituição do Brasil Império 
A Assembleia Constituinte foi convocada por D. Pedro I, no dia 3 de junho 
de 1822, no entanto, só se reuniu pela primeira vez no dia 3 de maio de 1823, 
para elaborar a primeira Constituição do Brasil. 
A declaração de D. Pedro de que defenderia a pátria e a constituição 
desde que “fosse digna dele e do Brasil”, desencadeou vários desentendimentos 
entre os deputados liberais radicais e o imperador, o que levou D. Pedro a 
dissolver a Assembleia seis meses depois. 
Depois da dissolução da Assembleia, D. Pedro escolheu uma comissão 
de dez pessoas de sua confiança e encarregou-as de elaborar uma Constituição 
para o País. 
 
9 
 
Em 16 dia estava pronta, baseada no projeto que fora elaborado pela 
Constituinte. No dia 25 de março de 1824, D. Pedro I jurou obedecer a Carta 
Magna que outorgava no Brasil. 
 
Fonte: www.sentinelalacerdista.com.br 
A Constituição de 1824 concentrava grandes poderes nas mãos do 
imperador e reservava o exercício da atividade política para a classe privilegiada. 
A política absolutista e pró-lusitana recebeu críticas de diversas províncias. 
Entre elas estava a Confederação do Equador, que estourou em 
Pernambuco em 1824. O estado era um tradicional centro revolucionário do País. 
A nova revolução teve adesão da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará. 
O movimento revolucionário conseguiu por pouco tempo, manter um 
governo revolucionário. A repressão foi violenta e um dos líderes, o popular 
pernambucano, Frei Caneca (1779-1825), foi preso e fuzilado. 
4.3 A Abdicação de D. Pedro I 
D. Pedro I enfrentou grande dificuldade financeira durante seu governo. A 
população sofreu os efeitos da crise generalizada. O absolutismo, a violenta 
repressão à Confederação do Equador, os constantes empréstimos, as falências 
 
10 
 
do Banco do Brasil, entre outros fatores, contribuíram para alabar o prestígio do 
imperador. 
Depois de dez anos no governo do Brasil, D. Pedro I abdicou de seus 
direitos do trono brasileiro, deixando para seu filho mais velho, Pedro de 
Alcântara (1499-1562), que tinha pouco mais de cinco anos de idade, e só reinou 
mais tarde, com o título de D. Pedro II. 
 
As Regências (1831-1840) 
 
A Constituição de 1824 determinava que o Império seria governado por 
uma regência. A medida foi tomada porque o imperador era menor de idade. A 
regência era composta por três membros, e governaria o Brasil até a maioridade 
do imperador. 
Nesse período, governou o Império a Regência Trina Provisória (1831); a 
Regência Trina Permanente (1831-1835). 
Em 1934 foram introduzidas algumas alterações importantes no texto 
constitucional, entre elas, a eleição de um regente único do Império. 
Realizada as eleições, foi eleito o padre Antônio Feijó (1859-1917), que 
tomou posse em 12 de outubro de 1835. 
A Regência de Diogo Antônio Feijó governou até o ano de 1837, quando 
depois de sucessivas crises, Feijó renunciou ao cargo de regente. 
No dia 22 de abril de 1838, Pedro de Araújo Lima (1793-1870) foi 
escolhido como novo regente. A Regência de Araújo Lima não conseguiu afastar 
o clima de insatisfação reinante. 
A antecipação da maioridade de D. Pedro II era apresentada como 
solução para a luta entre facções políticas e para as rebeldias nas províncias, 
pois o imperador seria um poder neutro. 
A maioridade antecipada do imperador foi proclamada dia 23 de julho de 
1840, perante a Assembleia Geral. Ele subiu ao trono com a idade de 14 anos e 
7 meses. 
No período regencial ocorreram diversas crises políticas, marcadas por 
rebeliões populares contra a fome e a miséria, entreelas: 
 
11 
 
 Cabanagem (1835-1840), no Pará; 
 Sabinada (1837-1838), na Bahia 
 Balaiada (1838-1840), no Maranhão; 
 Guerra dos Farrapos (1835-1845), no Rio Grande do Sul. 
4.4 O Segundo Reinado (1840-1889) 
D. Pedro II governou o Brasil durante quase meio século. O início desse 
período foi marcado pelas lutas partidárias pelo poder, dando origem às 
Revoluções Liberais de São Paulo e de Minas Gerais. 
A Revolução Praieira foi outro movimento de caráter liberal que aconteceu 
em Pernambuco. Só a partir de 1850, o Império conheceu a fase de calmaria na 
política interna. 
A política externa do Brasil, durante o Segundo Reinado esteve voltada 
para o equilíbrio sul-americano. O objetivo básico era manter a livre navegação 
dos rios platinos (Prata, Uruguai, Paraná e Paraguai). 
O Brasil empreendeu três campanhas políticas na região do rio da Prata 
no período de 1851 e 1870. Foram: a Campanha contra Oribe (Uruguai); a 
Campanha contra Rosas (Argentina) e a Campanha contra Aguirre (Uruguai). 
 
Economia e Sociedade no Segundo Reinado 
 
O açúcar, o algodão, o cacau, o tabaco e a borracha representaram parte 
significativa da produção agrícola durante o Império. Na Região Sudeste, o café 
foi responsável pelo aparecimento da aristocracia do Segundo Reinado. 
A abolição da escravatura, em 1888, gerou profunda crise nas zonas 
cafeeiras. O braço escravo começou a ser substituído pelo trabalho livre do 
imigrante europeu, que se acentuou em 1848, quando ocorriam na Europa várias 
crises políticas. 
A indústria brasileira teve grande impulso em 1844. Foram construídas 
estradas de ferro, estradas de rodagens, bancos, usinas de açúcar etc. Entre os 
empresários da segunda metade do século XIX, destacou-se o Barão de Mauá. 
 
12 
 
5 BRASIL REPÚBLICA 
A crise do império e a consequente Proclamação da República foram 
decorrência direta das transformações econômicas e sociais da segunda metade 
do século XIX.3 
 
Período republicano teve início em 1889, com a proclamação da 
República pelo Marechal Deodoro 
 
A era republicana no Brasil teve início em 1889, com a proclamação da 
República pelo Marechal Deodoro da Fonseca, e vigora até os dias de hoje. 
Nesses anos, o país passou por importantes mudanças de governo, inclusive um 
período de ditadura militar. 
O Brasil República pode ser dividido em cinco fases: República Velha, Era 
Vargas, República Populista, Ditadura Militar e Nova República. 
 
República Velha (1889 – 1930) 
O período começa com a Proclamação da República, liderada pelo 
Marechal Deodoro da Fonseca em 1889. Em 1891, é promulgada a primeira 
constituição da era republicana. 
Também conhecido como República das Oligarquias, o período foi 
marcado por governos ligados ao setor agrário, que se mantinham no poder de 
forma alternada: a “política do café com leite”. A quebra dessa troca de governo 
provocou a Revolução de 1930 e marcou o fim da República Velha. 
 
Era Vargas (1930-1945) 
Os primeiros anos da Era Vargas foram marcados pelo clima de tensão 
entre as oligarquias e os militares - principalmente no estado de São Paulo – o 
que provocou a Revolução Constitucionalista de 1932. 
 
3 Extraído do link: www.todamateria.com.br 
 
13 
 
Em 1935, a Aliança Nacional Libertadora (ANL) promoveu uma tentativa 
de golpe contra o governo Getúlio Vargas – a Intentona Comunista. Getúlio 
aproveitou o episódio para declarar estado de sítio e ampliar seus poderes 
políticos. Nessa época, Getúlio adotou um discurso nacionalista e começou a 
articular um movimento pela sua permanência no cargo. Mas em 1945, o 
Exército derrubou o presidente. 
 
República Populista (1945-1964) 
Após a queda de Getúlio, o general Eurico Gaspar Dutra foi eleito 
presidente. A Assembleia Constituinte criou a quinta constituição brasileira, que 
estabeleceu os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. 
Em 1950, Getúlio volta ao cenário político e vence as eleições 
presidenciais. Graças a sua postura nacionalista, ele recebe apoio de 
empresários, Forças Armadas, grupos de políticos no Congresso, da União 
Nacional dos Estudantes (UNE) e da sociedade. 
Enquanto isso, a oposição crescia e se organizava contra o governo. Em 
23 de agosto de 1954, 27 generais exigem publicamente a renúncia de Vargas. 
Na manhã de 24 de agosto, Vargas comete suicídio. 
Juscelino Kubitschek assume a presidência em janeiro de 1955 com a 
promessa de realizar “cinquenta anos em cinco”. A reação à política de JK veio 
com a eleição do populista Jânio Quadros, que renunciou ao mandato no ano 
seguinte. Na época, especulou-se que a renúncia foi uma estratégia usada pelo 
presidente para conseguir que o Congresso lhe oferecesse poderes totais. Mas 
ao contrário do que Jânio esperava, o Congresso aceitou prontamente sua saída. 
 
Ditadura Militar (1964-1985) 
Com o aumento da crise política e das tensões sociais, em março de 1964 
tropas em Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. No dia 9 de abril, é decretado 
o Ato Institucional Número 1 (AI-1), que cassa mandatos políticos e tira a 
estabilidade de funcionários públicos. 
 
14 
 
O marechal Humberto de Alencar Castello Branco foi eleito presidente. 
Em seu governo, foram promulgados os Atos Institucionais, que suspenderam 
os direitos políticos dos cidadãos. 
Em 1967, o marechal Arthur da Costa e Silva assume a presidência e 
decreta, em 1968, o Ato Institucional Número 5 (AI-5), que fechou o sistema 
político e ampliou a repressão da ditadura. 
No final de 1969, Costa e Silva adoece e é substituído por uma junta 
militar. Em seguida, o general Emílio Garrastazu Médici assume a presidência. 
Com ele, cresce a repressão e uma severa política de censura é colocada em 
prática para todos os meios de comunicação e expressão. 
Sucessor de Médici, o general Ernesto Geisel inicia um lento processo de 
transição rumo à democracia. Em 1978, ele acaba com o AI-5 e impõe o general 
João Batista Figueiredo para a sucessão. Figueiredo decreta então a Lei da 
Anistia e restabelece o pluripartidarismo. 
 
Nova República (1985-hoje) 
A Nova República é o período que se seguiu ao governo militar 
caracterizado pela democratização política e pela estabilização econômica. 
Em 1984, o movimento “Diretas Já” mobilizou milhões de brasileiros que 
pediam eleições diretas para presidente. A Câmara dos Deputados, no entanto, 
não aprova e o Colégio Eleitoral elege o deputado oposicionista Tancredo Neves 
que concorria contra Paulo Maluf. 
Tancredo não chega a tomar posse, falecendo vítima de infecção 
hospitalar. O vice, José Sarney assume e, no seu governo, é promulgada a 
Constituição de 1988. O documento instituiu o Estado democrático e a república 
presidencialista. 
Em 1989, Fernando Collor de Mello vence as primeiras eleições diretas 
para presidente realizadas desde 1960. Praticamente desconhecido no resto do 
país, sua campanha foi baseada na promessa de combate à corrupção e da 
construção de uma imagem de líder jovem e dinâmico. 
 
 
15 
 
Fonte: institutopoimenica.com 
Após dois anos de governo, o Congresso Nacional instaura uma CPI cujas 
conclusões levam ao pedido de afastamento do presidente (impeachment), mas 
Collor renunciou antes de ter seu impedimento aprovado. Mesmo assim, o ex-
presidente teve seus direitos políticos suspensos por dez anos. 
Um dos fatos mais marcantes desse período foi o movimento dos “Caras 
Pintadas”, quando milhares de estudantes saíram às ruas pedindo o 
impeachment de Collor. 
Após a renúncia, o vice-presidente Itamar Franco assume o cargo. Em 
sua administração,é implantado o Plano Real. O projeto foi executado pela 
equipe do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que se 
elegeu presidente em 1994 e foi reeleito em 1998. 
Em 2002, Luiz Inácio Lula da Silva é eleito presidente da República e 
reeleito em 2006.4 
 
4 Extraído do link: www.brasil.gov.br 
 
16 
 
6 OS DEZ NOMES MAIS FUNDAMENTAIS DA HISTÓRIA DO BRASIL 
A História é feita de pessoas. Faz toda a diferença, por exemplo, que 
tenha sido o ambicioso e ideologicamente flexível Getúlio Vargas a tornar-se 
presidente provisório na Revolução de 1930 – e não um dos tenentes radicais 
que o cercavam. O país também não seria o mesmo sem as qualidades pessoais 
do intelectualizado e tolerante dom Pedro II, que estabeleceu um exemplo de 
liberdade para as gerações seguintes. E o próprio Pedro não seria quem era sem 
seu primeiro tutor, o cientista-filósofo José Bonifácio de Andrada e Silva. Esses 
grandes brasileiros não apenas tiveram a chance de decidir o futuro do país, 
como encarnam o espírito e as contradições de sua época. 
 
GETÚLIO VARGAS – Herança onipresente 
As contradições na vida do maior personagem da História do Brasil 
 
Nenhum brasileiro poderia ser mais polêmico. E, ao mesmo tempo, não 
há dúvidas que não deveria ser outro na primeira posição desta lista. Getúlio 
Vargas foi um ditador – e um presidente democrático – que dividiu o país. É 
possível amar ou detestar seu legado. Mas é impossível negar que ele está em 
todo lugar. A Consolidação das Leis do Trabalho, a legislação sindical, a 
Petrobras, a Ordem dos Advogados do Brasil, e mesmo coisas mais abstratas, 
como um certo nacionalismo excludente, que encara adversários como 
“entreguistas”, inimigos da nação, todas são heranças da Era Vargas, que, 80 
anos depois, ainda não é objeto de consenso entre pesquisadores. 
A própria natureza política de Vargas é difícil de avaliar. A Revolução de 
1930, na qual ascendeu ao poder como presidente provisório, prometia 
industrializar o Brasil e corrigir os defeitos antidemocráticos da República Velha. 
Em 1932, o voto tornou-se secreto, obrigatório e passou a incluir as mulheres, 
de forma a acabar com o “voto do cabresto”, no qual líderes locais pressionavam 
os eleitores a elegerem seus candidatos, já que era possível saber quem votava 
em quem. A demora em entregar uma nova Constituição e o fato de a Revolução 
ter deposto um paulista, Washington Luís, levaram São Paulo a uma guerra civil, 
 
17 
 
a Revolução Constitucionalista de 1932. O estado foi derrotado, mas a 
Constituição saiu, por meio de uma assembleia eleita de acordo com novas leis, 
em 1934. 
Eleito indiretamente no mesmo ano, Vargas detestou o resultado da 
Constituição, para ele oneroso demais para o orçamento público e liberal no 
combate à subversão – em 1935, houve um levante comunista. Antes que seu 
mandato acabasse, em 1937, ele deu um autogolpe, impondo uma nova Carta, 
que proibia greves, acabava com os governos estaduais e permitia ao governo 
demitir funcionários públicos, baseada na Constituição da Polônia, de inspiração 
fascista. 
O Brasil desenvolveu indústrias de base, como a Companhia Siderúrgica 
Nacional, de 1941, e a Vale do Rio Doce, no ano seguinte. Também deu uma 
séria guinada para o fascismo. Foi estabelecido um culto à personalidade do 
ditador, e as manifestações culturais foram enquadradas numa perspectiva 
nacionalista e construtiva. Em 1942, esse país autoritário entraria em guerra 
contra o fascismo, tornando-se o único da América Latina a enviar tropas à 
Europa – e vencer os alemães, diga-se. 
A contradição em lutar por democracia com uma ditadura em casa não 
passou despercebida. Ao fim da guerra, Vargas foi deposto. Mas sua 
popularidade era imensa, e ele voltou como presidente eleito em 1951. O Getúlio 
democrático governou um país sectário. A imprensa e a classe média estavam 
contra ele. A esquerda, que Vargas havia perseguido, passou a apoiá-lo. Em 
tempos de Guerra Fria, essa aliança apenas exaltou os ânimos. Em meio a uma 
furiosa polêmica causada por uma tentativa de assassinato ao jornalista opositor 
Carlos Lacerda por um membro da guarda pessoal do presidente, Vargas 
escreveu seu famoso “Saio da vida para entrar para a História” e deu um tiro no 
coração. Seu fantasma assombraria o país para sempre. Seriam seus aliados ou 
opositores que decidiriam o futuro do Brasil pelas próximas gerações. 
 
DOM PEDRO II – Imperador cidadão 
O monarca que queria ser presidente 
 
 
18 
 
Ele reinou por 58 anos, no mais longo período de estabilidade política do 
país. E isso em si já é uma conquista: quando, em 23 de julho de 1840, foi 
declarado maior de idade, aos 14 anos, e assumiu o trono, o Brasil enfrentava 
três revoltas separatistas: a Cabanagem, no Pará, a Balaiada, no Maranhão, e a 
Farroupilha, no Rio Grande do Sul. Além dos conflitos civis, Pedro também 
venceria três guerras externas – a do Prata (1851-1852), do Uruguai (1864) e do 
Paraguai (1864-1870). 
Apesar do histórico militar impecável, não é pelas glórias da caserna que 
o imperador ficou conhecido. Pedro foi, como diz o historiador Jean Marcel 
Carvalho França, “um dos melhores governantes que teve o Brasil, quiçá o 
melhor”. Enquanto os vizinhos saltavam de caudilho em caudilho, o Brasil 
contava com plena liberdade de pensamento e direitos constitucionais, ao 
mesmo tempo que ferrovias e as primeiras indústrias se instalavam no país. As 
eleições podiam ser falhas e manipuladas localmente por liberais e 
conservadores, mas a existência dos partidos era garantida. 
O imperador jamais abusou de seus poderes. E a sociedade aproveitava 
a liberdade. A imprensa fazia críticas tão ferozes que até viajantes europeus as 
consideravam excessivas. A reação do monarca intelectual deveria servir de 
exemplo para políticos brasileiros de hoje: ele mesmo pegava na pena e escrevia 
réplicas, publicadas sob pseudônimo. 
A liberdade política convivia com a grande mácula da escravidão. “Pedro 
consubstancia, como Vargas, as contradições do Brasil. Soberano culto, 
moderado, antenado com a ciência, foi também o monarca da escravidão”, diz 
Pedro Paulo Funari, da Unicamp. As contradições eram grandes. Pedro era 
liberal convicto, até demais. Em 1862, registrou em seu diário: “Nasci para 
consagrar-me às letras e às ciências, e, a ocupar posição política, preferiria a de 
presidente da República ou ministro à de imperador”. A seu próprio exemplo, os 
liberais brasileiros eram, em maioria, republicanos. Quem apoiava a monarquia 
era o Partido Conservador, dos proprietários de escravos. Assim, um imperador 
liberal, que repudiava a escravidão, era sustentado por quem vivia da instituição. 
Pedro buscou uma abolição gradual. A Lei do Ventre Livre, de 1871, 
evitava o nascimento de novos escravos. E a Lei dos Sexagenários, de 1885, 
 
19 
 
libertou os mais velhos. Elas costumam ser subestimadas, mas a população de 
escravos caiu de 1,6 milhão em 1872 para 720 mil em 1887. Assinada por sua 
filha Isabel, a Lei Áurea, sem indenização aos proprietários, fez com que os 
conservadores retirassem o apoio à monarquia. 
Com ninguém interessado em que a caseira e carola princesa Isabel fosse 
imperatriz, em 15 de novembro de 1889 um golpe militar acabou com o regime 
– e com todas as liberdades civis. O imperador republicano não fez nada para 
manter seu trono. Ele se mostrou mais ofendido com o exílio do que com a queda 
da monarquia. Longe do país, em depressão, morreu o “governante que amava 
o Brasil acima de tudo e que dedicou sua vida a tentar fazer de sua pátria um 
país melhor”, nas palavrasda historiadora Isabel Lustosa. O Brasil guardaria os 
exemplos de tolerância e liberdade plantados em seu governo. 
 
DOM PEDRO I – O herói de dois países 
O monarca corajoso que salvou o Brasil e Portugal 
 
É piada velha no Brasil lembrar um detalhe patético – e irrelevante – da 
independência, que o imperador passava mal dos intestinos. Mas ninguém pode 
negar o intenso teor nas palavras “Independência ou morte”. E morte houve: a 
pouco falada Guerra de Independência se estenderia até 1824, deixando 1 800 
baixas. É relativamente pouco diante do que enfrentaram os vizinhos hispânicos. 
Portugal não empenhou todas suas forças em impedir que alguém de sua casa 
imperial fosse rei do novo país. Pedro, assim, se tornou o “artífice da forma 
conciliatória de nossa independência”, como afirma o professor Lincoln Secco, 
da USP. 
O primeiro imperador do Brasil fazia o que queria. Em 9 de janeiro de 
1822, por causa de suas amizades e do amor ao lugar no qual havia passado a 
maior parte da vida, decidiu não embarcar para Portugal, onde nasceu e era o 
primeiro na linha de sucessão. Recusando um trono europeu, preferiu tornar-se 
o único monarca da América. Aliás, recusou dois tronos: a Grécia, que 
conquistou a independência do Império Otomano em 1820, havia proposto a 
Portugal que lhes enviasse o herdeiro para fundar uma nova monarquia. 
 
20 
 
O imperador também era radical nas ideias. Nascido após a Revolução 
Francesa, no que era uma das últimas monarquias absolutistas da Europa, 
tornou-se adepto do liberalismo – ideologia então revolucionária, e, vale lembrar, 
esposada pelo maior inimigo de Portugal, a França de Napoleão Bonaparte. 
 
Fonte: franciscoteihwaz.jusbrasil.com.br 
Foi por esses ideais que, afinal, havia sido criado no Brasil, após a fuga 
da corte portuguesa diante das tropas napoleônicas, em 1808. Ele poderia tentar, 
como seus ancestrais, governar como monarca absoluto – e não faltavam 
brasileiros que apoiassem a ideia. Em vez disso, fez questão que o Brasil tivesse 
uma Constituição, em grande parte inspirada na Carta da França revolucionária. 
A Constituição de 1824 foi outorgada depois que ele cassou a Assembleia 
Constituinte, que se recusou a dar poder político ao imperador. A Assembleia 
estabelecia uma separação de poderes e um governo indireto do imperador, por 
meio de ministros apontados por ele. 
A impulsividade de Pedro I acabaria levando à sua queda. No ano da 
independência, havia se tornado amante de uma fidalga paulista, a divorciada 
Domitila de Castro. Ele não fez questão de ocultar o romance – dando à amante 
o título de Marquesa de Santos, um dos mais altos da nobreza. Isso chocou 
visitantes estrangeiros e alienou sua esposa, a austríaca Maria Leopoldina. 
 
21 
 
Amada pelos brasileiros, a imperatriz morreu em 1826, sob suspeita (falsa) de 
violência doméstica. Os políticos o viam como um personagem autoritário e 
lançavam suspeitas sobre seus laços com Portugal. O libertador do Brasil 
abdicou do trono em 1831. 
Pedro foi a Portugal para lutar contra seu irmão, dom Miguel IV, que havia 
tomado o poder em 1828, num golpe absolutista. Com a vitória de Pedro, 
garantiu-se a liberdade constitucional em Portugal. Para a historiadora Isabel 
Lustosa, “Pedro I foi personagem fundamental para o processo de implantação 
do liberalismo político no Brasil e em Portugal”. Atacado pela tuberculose, morreu 
como herói de dois países no mesmo quarto onde nasceu 35 anos antes. 
 
JOSÉ BONIFÁCIO – O pai da pátria| 
O cientista e intelectual que moldou o Brasil independente 
 
Na independência, Bonifácio tinha quase 60 anos. Vinha de uma longa 
carreira, a maior parte dela na Europa. Estudou direito e filosofia natural na 
Universidade de Coimbra, onde entrou em 1783, e tornou-se um dos mais 
respeitados cientistas do Império Português, tratando principalmente de química 
e mineralogia. Em 1808, quando as tropas de Napoleão invadiram Portugal, ele 
não veio ao Brasil junto com a corte portuguesa. Ficou lá para defender o país 
que considerava seu: tornou-se comandante do Batalhão Acadêmico, uma 
milícia formada por estudantes e professores. A iniciativa aparentemente 
quixotesca teve alguns sucessos, como a tomada do Forte de Santa Catarina 
das forças napoleônicas, no primeiro ano da guerra. Os franceses nunca 
conseguiriam dominar totalmente o país. À primeira vista, pode parecer uma 
imensa “zebra” que um homem que nunca governou o país nem deixou uma 
obra extensa esteja em posição tão alta na lista. Mas os historiadores têm razão. 
José Bonifácio é o nosso “pai da pátria”, como lembra Mary del Priore. Ele 
representa para o Brasil o que Benjamin Franklin é para os Estados Unidos: um 
filósofo-cientista que conseguiu moldar um novo país às suas ideias. “Além de 
ter antecipado temas importantes para o destino do Brasil, como a abolição, a 
independência econômica, a organização da Marinha, a preservação da 
 
22 
 
natureza e a redistribuição de terras, foi o brasileiro mais inteligente de seu 
tempo”, diz a historiadora Isabel Lustosa. 
Assim, foi como um patriota português que José Bonifácio voltou ao Brasil 
em 1819. Com a perspicácia de cientista, começou a desvelar vários planos para 
o país: o fim da escravidão, a criação de escolas públicas, a preservação 
ambiental e a reforma agrária, confiscando propriedades improdutivas. Ele só se 
tornou adepto da independência na última hora, defendendo a 
representatividade igualitária dos brasileiros nas cortes de Lisboa – mas as cada 
vez mais claras intenções portuguesas em tornar o Brasil novamente colônia o 
fizeram aderir ao movimento. Quando dom Pedro I decidiu ficar no Brasil, ele 
chamou José Bonifácio para ocupar o cargo de ministro de Negócios do Império 
– jamais um brasileiro havia ocupado posto tão alto. No ano seguinte, com seu 
irmão Martim Francisco, foi um dos membros da Assembleia Constituinte, 
liderando o bloco dos liberais. Com a Assembleia propondo tornar o imperador 
uma figura simbólica, sem poder nenhum, dom Pedro I a dissolveu em 12 de 
novembro de 1823, outorgando uma Constituição liberal, mas que mantinha o 
imperador como chefe do Poder Executivo. Perseguido, o velho pai da pátria foi 
exilado para a França. Mas esse não seria seu fim. 
Em 1828, os irmãos Andrada puderam voltar ao Brasil. Dom Pedro I 
enfrentava uma crise de popularidade aqui e problemas externos em Portugal. 
Quando abdicou da coroa e foi para a Europa, em 1831, deixou a José Bonifácio 
o cargo de tutor oficial de seus filhos. Assim, a formação intelectual de dom 
Pedro II, um dos pontos mais notáveis do monarca, deve seu início a José 
Bonifácio. O “líder ilustrado da independência do Brasil”, como define o professor 
Lincoln Secco, da USP, merece ser chamado de “pai da pátria”. 
 
JUSCELINO KUBITSCHEK – Senhor simpatia 
Seu legado é duvidoso, mas ele nunca foi esquecido 
 
Na opinião dos leitores, não resta dúvida: JK é o número 1. É testamento 
vivo de seu carisma que um presidente que assumiu o poder há quase 60 anos, 
cuja maior realização é uma cidade que não está exatamente em alta conta no 
 
23 
 
imaginário popular, e que deixou o país em situação complicada para seus 
sucessores, consiga se manter como o mais amado da História do Brasil. Em 
2001, numa pesquisa similar entre seus leitores, ele foi eleito pela revista Época 
como o “brasileiro do século”. 
Boêmio, amante das coisas boas da vida e famoso por seu gosto por 
dançar, Juscelino assumiu a cadeira presidencial no Palácio do Catete, no Rio 
de Janeiro, em 31 de janeiro de 1956. Já tinha fama de “grande modernizador, 
responsável pela busca do futuro, em detrimentodo passado”, como define 
Pedro Paulo Funari, da Unicamp. Sua promessa de campanha era fazer o Brasil 
avançar “50 anos em 5”, e a principal peça desse plano era a nova capital. A 
ideia vinha desde tempos coloniais, por considerações estratégicas – evitar um 
ataque naval à capital – e também como forma de levar parte da população para 
o centro do país, praticamente desabitado. 
Quando JK deixou a cadeira, em 1961, sem possibilidade de reeleição 
pelas leis da época, o fez do Palácio do Planalto, em Brasília. Deixava também 
uma “herança maldita” a seus sucessores, na forma de dívidas acumuladas na 
construção da capital e uma inflação galopante. 
A outra parte de seu plano era trazer a modernidade capitalista para o 
Brasil, construindo obras para resolver os gargalos de infraestrutura – o famoso 
“custo Brasil” que ainda hoje aparece no noticiário econômico. Isso consistia na 
criação de hidroelétricas, como o complexo de Furnas, e inauguração de 
estradas, como a Fernão Dias, de São Paulo a Belo Horizonte. As obras se 
davam em paralelo à abertura do país para o capital estrangeiro, com a chegada 
de montadoras de automóveis, além do corte de impostos para importações de 
máquinas. As novas oportunidades deram início ao ciclo de migração do 
Nordeste para os polos industriais do sul do país. 
O Brasil avançou menos de 50 anos, mas a mística de JK tem mais a ver 
com seu tempo do que com suas realizações. JK assumiu após o suicídio de 
Getúlio Vargas, enfrentou tentativas de impedir sua posse e conseguiu governar 
por um período de paz e liberdade. O Brasil ganhou sua primeira Copa do Mundo 
em 1958 e a Bossa Nova fez sucesso no exterior. Brasília era uma cidade de 
ficção científica, inteiramente planejada. Parecia a quem viveu então que 
 
24 
 
finalmente se cumpriria a profecia do escritor alemão Stefan Zweig, que “o Brasil 
é o país do futuro”. A era JK ficou conhecida como os “Anos Dourados” – ainda 
mais pelo contraste com o que viria a seguir, uma crise institucional que só 
terminou no golpe de 1964. Durante a ditadura, em 1966 ele se aliou ao ex-
adversário Carlos Lacerda e ao presidente deposto João Goulart, que havia sido 
vice-presidente em seu governo, na Frente Ampla pela Redemocratização. 
Morreu em um acidente na Via Dutra em 1976, um fato que ainda é colocado em 
dúvida por muita gente. A Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São 
Paulo concluiu que sua morte foi uma conspiração de militares. 
 
JOAQUIM NABUCO – A consciência da elite brasileira 
Nascido privilegiado, enfrentou a escravidão e a Igreja 
 
Ilustre desconhecido para o leitor – ficou na 27ª colocação na votação pela 
internet, atrás de Pelé e Ayrton Senna –, Joaquim Nabuco é um personagem 
que precisa de introdução. Nascido em uma geração de talentos brilhantes, a 
mesma de Machado de Assis e Rui Barbosa, foi o maior pensador brasileiro de 
seu tempo. “Em um país carente do gênero, foi um intelectual e um político de 
primeira grandeza, que deu uma contribuição relevante para fazer avançar a 
‘civilização brasileira’”, afirma Jean Marcel Carvalho França, da Unesp. 
A principal herança de Nabuco foi como figura central da campanha 
abolicionista. “Herdeiro da nobreza do Império, sobre a qual escreveu obra 
notável, foi ativo militante da causa abolicionista, autor da obra mais consistente 
de seu tempo sobre o assunto”, diz Isabel Lustosa. O escritor não poupava 
palavras: “A história da escravidão africana na América é um abismo de 
degradação e miséria que se não pode sondar”, escreveu. Mas a questão foi 
sondada, e por isso sabe-se hoje a profundidade do problema. Durante o século 
20, sociólogos como Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda deixaram 
claro o quanto a instituição cravou uma vergonhosa marca nos costumes e 
cultura do país, visível ainda hoje. 
A biografia do intelectual é, de certa forma, um contraponto à de Machado 
de Assis, com o qual travou uma longa amizade. Se o último nasceu pobre e 
 
25 
 
mulato, e nunca conseguiu estudar, o primeiro era um fruto do privilégio. Filho 
do senador pernambucano José Tomás Nabuco de Araújo, formou-se em direito 
e sua primeira ação política foi defender um escravo acusado de assassinar o 
senhor, em 1869. Em 1876, conseguiu um cargo como adido da legação 
brasileira nos EUA, vivendo em Nova York e Washington. Dois anos depois, foi 
eleito deputado por Pernambuco pelo Partido Liberal. Defendeu não apenas a 
abolição, mas também os direitos dos indígenas, posicionando-se contra um 
projeto de exploração do Rio Xingu. Em 1880, fundou a Sociedade Brasileira 
Contra a Escravidão, a ponta de lança em seu combate. 
Foi ousadia demais mesmo para os liberais, vários dos quais eram 
senhores de terras. Sem apoio do partido, não conseguiu se reeleger. Assim, em 
1882, iniciou carreira como jornalista, chegando a correspondente em Londres. 
Escreveu sobre tudo, tornando-se uma espécie de voz da consciência da elite 
brasileira. Isso inclui uma segunda causa, menos lembrada: a laicidade do 
Estado. O intelectual chegava a soar anticlerical ao tratar da influência do 
catolicismo no Estado – que ainda o tinha como religião oficial. Nabuco criticava 
a hipocrisia dos padres em relação à escravidão: “A Igreja Católica, apesar do 
seu imenso poderio em um país ainda em grande parte fanatizado por ela, nunca 
elevou no Brasil a voz em favor da emancipação”. Foi por influência dele e de 
outros intelectuais que a República abandonou a ideia de religião oficial. 
Nabuco defendeu até o fim, a monarquia constitucional. Convidado a 
participar da Assembleia Nacional Constituinte de 1891, recusou a oferta, 
lançando o manifesto Por Que Sou Monarquista. A briga com a República 
acabou em 1900, quando aceitou um cargo na Inglaterra. Ainda seria 
embaixador em Washington, em 1905, e presidiria a III Conferência Pan-
Americana, no ano seguinte. 
 
MACHADO DE ASSIS – Amargura nos trópicos 
O maior autor brasileiro contrasta com todos os estereótipos do país 
Poucos personagens destoam mais daquilo que se costuma 
popularmente associar ao Brasil que o maior autor da literatura nacional. Em 
pleno Rio de Janeiro tropical, suas histórias revelam obsessões por morte, 
 
26 
 
melancolia e traição. E, ao mesmo tempo, ninguém podia ser mais 
representativo: nascido de um pintor de paredes mulato e uma lavadeira 
portuguesa, tornou-se órfão de mãe aos 10 anos de idade. Sem nunca pisar na 
sala de aula de uma universidade, Machado de Assis teve de inventar a si 
mesmo. 
 
Fonte: blogdoparrini.blogspot.com 
E que colossal construção foi essa: na definição de Jean Marcel Carvalho 
França, da Unesp, Machado foi “um dos poucos escritores brasileiros que 
podem, sem qualquer apelo ao nacionalismo tolo que atualmente contamina o 
país, ser incluído no rol dos grandes literatos do Ocidente”. O crítico literário 
americano Harold Bloom, um dos mais respeitados do mundo, o colocou entre 
os 100 maiores autores de todos os tempos, ao lado de figuras como Homero, 
Shakespeare Cervantes e Dante Alighieri. Bloom afirmou que o brasileiro foi o 
“maior autor negro da História” – e o coloca acima de clássicos como o francês 
Alexandre Dumas e o russo Alexander Pushkin. 
Relacionado ao fato de ser negro está uma das maiores controvérsias de 
sua carreira. Ele enfrentou o preconceito da família de sua esposa, a portuguesa 
Carolina Novais, que foi rejeitada pelos pais por ter-se casado com o mestiço. 
Grande mestre da ironia, Machado nunca usava de linguagem direta para 
 
27 
 
expressar suas opiniões. Por isso, foi acusado por contemporâneos, como José 
do Patrocínio e Lima Barreto, de ficar em cima do muro sobrea maior questão 
de seu tempo, a escravidão. Seus livros abordam o tema do ponto de vista do 
dominador, com personagens centrais brancos e privilegiados. Em décadas mais 
recentes, críticos como Roberto Schwarz têm tentado tirar do autor essa mácula 
de “embranquecido”, ressaltando quanto sua crítica da escravidão e relações 
raciais pode ser lida nas entrelinhas. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas 
(1880), por exemplo, o personagem principal aparece recordando com saudades 
como fazia um escravo de cavalinho na infância – e esse mesmo escravo, depois 
alforriado, torna-se proprietário de escravos, uma amarga ironia sobre a 
condição dos negros. Em uma obra escrita depois da abolição, o conto Pai 
Contra Mãe, de 1906, o autor foi mais explícito: um capitão do mato sem 
condições de sustentar o filho captura uma escrava fugida grávida. 
Em todo caso, é difícil cobrar engajamento político de um autor que, como 
diz Mary del Priore, “começa a vida progressista e liberal e termina num 
paternalismo conservador”. A revolução, em Machado de Assis, ficava para a 
literatura, com seu livro mais radical, Memórias Póstumas, tendo passagens que 
soam experimentais ainda hoje. Ele recusava as novidades ideológicas da 
época, como o socialismo, o darwinismo social e o positivismo. Em um país que 
tentou se refundar por três vezes, por meio de golpes que levaram ao chão as 
instituições, não deixa de ser salutar haver essa voz contrastante. Machado de 
Assis temperou os açucarados excessos tropicais brasileiros com uma bem-
vinda dose de amargura. 
 
OSCAR NIEMEYER – O arquiteto do futuro 
Brasileiro deu origem a um estilo de construção internacional 
 
A cena se repetiu várias vezes na última década: quando alguém 
perguntava ao centenário arquiteto sobre sua inspiração, ele se punha a 
desenhar mulheres nuas. “A forma segue o feminino”, dizia Oscar Niemeyer, que 
desafiou ao longo de toda a vida a tendência internacional por torres fálicas e 
caixotões angulosos. Dessa maneira algo folclórica, argumentava o “arquiteto 
 
28 
 
mais importante do Brasil”, de acordo com Andrea Casa Nova Maia, da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, no que parece ser um consenso quase 
universal, mesmo entre seus piores detratores. 
Em 1934, quando pegou seu diploma de arquiteto, a maior novidade era 
o chamado estilo internacional, que é fácil de reconhecer: são as típicas torres 
corporativas, sem qualquer ornamento e com janelas de vidro reflexivo. 
Niemeyer começou na profissão como adepto do estilo: seu primeiro trabalho 
importante, o Palácio Gustavo Capanema, projetado em 1939 e concluído em 
1943 como sede do Ministério da Educação e Saúde, parece à primeira vista 
uma típica caixa modernista. Mas pequenas “heresias” entregam o autor: as 
caixas-d’água são curvas, e um mural de azulejos decora o vão do prédio – 
decoração era palavrão para os modernistas de então. Concluído no mesmo 
ano, a pedido do então prefeito Juscelino Kubitschek, o Conjunto Arquitetônico 
da Pampulha, em Belo Horizonte, revela de uma vez por todas as formas 
curvilíneas que fariam sua fama para sempre. 
As duas obras lançaram o brasileiro ao estrelato internacional – que não 
pode ser subestimado. Em 1939, ele projetou a sede da Organização das 
Nações Unidas em Nova York, junto com um de seus inspiradores, o suíço Le 
Corbusier. Por duas vezes, ele foi convidado a dar aulas em universidades 
americanas, primeiro em Yale, em 1946, e depois em Harvard, em 1953. Em 
ambas, seu visto de trabalho foi barrado por ser abertamente comunista – e isso 
custaria ao Brasil seu exílio por quase todo o período militar, amargamente 
instalado na capital que, em grande parte, ele havia desenhado. “Niemeyer 
representa bem a ânsia de progresso técnico e social, com reconhecimento 
mundial. Suas contradições – pouco interesse pelo passado e pelas liberdades 
individuais – retratam bem o Brasil”, afirma Pedro Paulo Funari, da Unicamp. Até 
Niemeyer, a tendência no Brasil era imitar o que se passava no exterior, às vezes 
de forma literal – concluído em 1939, o Edifício Altino Arantes, em São Paulo, é 
uma quase cópia do Empire States, com um terço do tamanho do original. 
Passou-se então a imitar Niemeyer. 
E não só aqui: existe até um nome em inglês para a arquitetura que 
remete a ele: googie, um estilo futurista que foi usado em cassinos de Las Vegas, 
 
29 
 
em aeroportos e até lava-rápidos nos anos 50 e 60. A arquitetura brasileira 
acabou no desenho animado Os Jetsons, série na qual todos os prédios 
pareciam ter sido transplantados de Brasília: “A arquitetura é claramente 
inspirada em profissionais que trabalharam no estilo moderno da metade do 
século 20, como John Lautner e Oscar Niemeyer”, escreveu o especialista em 
ficção científica Matt Novak, da Fundação Smithsonian, ao tratar do desenho 
animado. O estilo pode ter saído de moda, mas, graças a Niemeyer, houve um 
dia em que o Brasil realmente foi o país do futuro. 
 
ZUMBI DOS PALMARES – Em guerra contra o sistema 
Figura do líder assumiu proporções míticas 
 
Existe uma razão por que a data de morte Zumbi dos Palmares tornou-se 
o Dia da Consciência Negra. O Brasil teve vários abolicionistas, alguns deles 
negros, como José do Patrocínio (1853-1905). Mas todos tinham algumas 
características em comum: eram, brancos ou negros, respeitáveis senhores nas 
suas elegantes casacas novecentistas, parte do sistema sustentado pela 
escravidão, e defendiam uma reforma, não uma revolução. Patrocínio até 
mesmo organizou uma “guarda negra”, formada por ex-escravos, para atacar 
comícios republicanos. Zumbi não apenas não fazia parte disso como viveu em 
guerra contra o sistema que sustentou o Brasil colonial e imperial. 
Sobrinho do rei Ganga Zumba, Zumbi iniciou uma insurreição contra o tio 
quando ele tentou um acordo de paz com os portugueses, em 1678. Zumbi não 
queria viver como um subalterno nas terras dos brancos, se é que eles 
cumpririam a promessa de não torná-los escravos novamente. O antigo rei foi 
envenenado por um de seus seguidores, e ele ascendeu ao trono, para passar 
mais de 20 anos em guerra contra os portugueses. Resistiu até a fatídica tomada 
do quilombo pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, em fevereiro de 1694. O 
líder escapou e passaria quase dois anos rondando pela floresta com sua tropa, 
até ser traído e cercado com seus últimos 20 soldados. Sua cabeça foi exposta 
ao público para desmentir sua fama de imortal – “zumbi” quer dizer “espírito” nas 
línguas bantu do sul da África. 
 
30 
 
Palmares era um pedaço da África bantu transplantado para o Brasil. “Em 
plena escravidão, Zumbi foi líder de uma comunidade livre e que acolhia pessoas 
perseguidas, como judeus, muçulmanos, mulheres acusadas de bruxaria e 
índios”, afirma Pedro Paulo Funari, da Unicamp. A população geral dos Palmares 
pode ter chegado a 30 mil pessoas, em vilas e numa aldeia central fortificada, 
defendida por armas de fogo. Quem mandava eram os monarcas bantus, 
mantendo costumes ancestrais. E isso incluía a escravidão: só quem chegava 
por seus próprios meios, fugido, era considerado livre. Aqueles que fossem 
capturados em ataques contra fazendas continuavam a ser escravos. 
Isso talvez soe chocante, mas seria anacrônico exigir de um líder africano 
do século 17 que fosse contra a instituição da escravidão. Negros, brancos e 
índios escravizavam-se mutuamente desde a Pré-História. E, afinal, Palmares 
continuava a ser um refúgio para os perseguidos. “Com todas as limitações da 
época, constitui um exemplo de convivência que pode nos inspirar ainda hoje”, 
afirma Pedro Paulo Funari. E, em todo caso, é recomendável uma leitura 
cuidadosada história de Zumbi. Talvez ele pertença mais ao domínio do mito do 
que da realidade. Tudo o que se sabe sobre ele foi escrito por seus inimigos, e 
alguns historiadores nem mesmo acham que ele fosse uma pessoa real. Jean 
Marcel Carvalho França – que participou da eleição, mas não votou em Zumbi – 
afirma em seu livro Três Vezes Zumbi que o nome provavelmente se referia a 
um título, o general do quilombo, e não a uma única pessoa. O professor Lincoln 
Secco, da USP, define Zumbi como uma “figura mítica da resistência ao 
escravismo”. É assim, com tal sentido mítico, que o grande guerreiro negro deve 
ser entendido. 
 
MONTEIRO LOBATO – Tempestade intelectual 
Em causas certas e erradas, ele mandou às favas o “homem cordial” 
 
Nacionalista fã dos Estados Unidos. Modernista que odiou a Semana de 
Arte Moderna. Empresário sagaz que fundou a indústria editorial no país e 
morreu com fama de comunista. Adepto inicial de teorias racistas, que depois 
embarcou numa cruzada para salvar o homem do campo. Autor de livros infantis 
 
31 
 
que amava viver em guerra com os adultos. Esse foi Monteiro Lobato – um 
brasileiro que podia estar errado, mas não podia ser ignorado. 
Hoje, ele é lembrado como o “criador de uma literatura infantil 
genuinamente brasileira, com cheiros, cores e sabores das casas do interior do 
país”, na definição de Isabel Lustosa, da Fundação Casa de Rui Barbosa. Mas 
seria uma injustiça limitar o turbilhão intelectual que foi Monteiro Lobato aos seus 
personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Metade do que escreveu se 
destinava a adultos, e ele levava isso ferrenhamente a sério: defendia suas 
ideias – que eram muitas, e nem sempre boas – de forma sincera, cruel e 
virulenta. Em um país que preza a conciliação, ele era a voz rebelde e ruidosa a 
discordar da maioria. Para Pedro Paulo Funari, da Unicamp, foi “inspiração como 
intelectual engajado”. 
Lobato entrou no discurso público chutando a porta, em 1912, quando o 
jornal O Estado de S. Paulo publicou seu artigo Velha Praga, no qual descrevia 
o caboclo, mestiço de índio e português que habitava desde os tempos coloniais 
as zonas rurais do Brasil como um “funesto parasita... inadaptável à civilização”. 
Morando em uma fazenda em Taubaté, interior de São Paulo, ele andava às 
turras com seus vizinhos caboclos, que insistiam em fazer queimadas mesmo 
em época de secas, arruinando suas terras. Na véspera de Natal daquele ano, 
o mesmo jornal lançou o conto Urupês – nome para o orelha-de-pau, um fungo 
que cresce em madeira podre. Foi a estreia nada simpática do Jeca Tatu, cuja 
preguiça seria a causa de todos os males do país. 
Em 1918, fundou a Monteiro Lobato & Cia., primeira editora criada por um 
brasileiro, que lançou os pioneiros best-sellers nativos. Lobato dizia que “livro é 
sobremesa, tem que ser posto debaixo do nariz do freguês”. Com livros coloridos 
e ilustrados, fez fortuna na década seguinte. O racismo anticaboclo foi 
abandonado nos anos 20, quando leu a respeito da ancilostomose, o amarelão, 
doença que causava o que ele julgava ser preguiça – o Jeca passou a ilustrar 
cartilhas de conscientização dos órgãos de saúde. Lobato partiria para outras 
brigas: desancou o modernismo ao criticar uma exposição de Anita Malfatti, no 
artigo Paranoia ou Mistificação, acusando os modernistas de colonizados. Na 
década seguinte, entrou em campanha para a exploração do petróleo no Brasil 
 
32 
 
pela iniciativa privada, acusando o governo Vargas de “não perfurar e não deixar 
que se perfure”. Foi parar na cadeia em 1941. 
Anglófilo, viveu nos Estados Unidos entre 1927 e 1931 como adido 
comercial do governo, e não se importava em enfiar personagens como Popeye 
no Sítio do Pica-Pau. Seu desgosto com o Estado Novo o levou à esquerda, 
aproximando-se de Luís Carlos Prestes. Em seu último livro, Zé Brasil (1947), 
criticou a estrutura fundiária e as desigualdades sociais. O grande empreendedor 
morreria como simpatizante do comunismo.5 
7 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: UMA LONGA JORNADA 
RUMO À UNIVERSALIZAÇÃO 
Uma educação focada exclusivamente na catequização. Foi assim que 
nasceu o embrião do ensino no Brasil, em 1549, quando os primeiros jesuítas 
desembarcaram na Bahia. A educação pensada pela Igreja Católica - que 
mantinha uma relação estreita com o governo português - tinha como objetivo 
converter a alma do índio brasileiro à fé cristã. Havia uma divisão clara de ensino: 
as aulas lecionadas para os índios ocorriam em escolas improvisadas, 
construídas pelos próprios indígenas, nas chamadas missões; já os filhos dos 
colonos recebiam o conhecimento nos colégios, locais mais estruturados por 
conta do investimento mais pesado. 
“Os índios são papel em branco”, escreveu, certa vez, o líder jesuíta no 
Brasil, o padre Manuel de Nóbrega, em carta enviada à corte portuguesa. A 
educação dos índios, em especial da tribo curumim, era uma tarefa encampada 
pelo padre José de Anchieta, homem considerado um dos mais atuantes 
pedagogos da Companhia de Jesus. Para educar os indígenas, Anchieta 
lançava mão de recursos ainda atuais em algumas escolas brasileiras, como o 
teatro, a música e a poesia. Por causa de sua obra preservada, especialmente 
as cartas em que documentava as rotinas escolares, Anchieta pode ser apontado 
como um dos nomes de maior destaque da história da educação brasileira. 
 
5 Extraído do link: aventurasnahistoria.uol.com.br 
 
33 
 
 
Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br 
Em outra ponta da educação, com um atendimento diferenciado, estavam 
os filhos de portugueses. Os descendentes de europeus também frequentavam 
as aulas dos jesuítas, mas recebiam um ensinamento mais aprofundado, 
inclusive de outras matérias. O conhecimento repassado aos alunos não se 
restringia à propagação do ensino religioso, e envolvia mais conteúdo voltado às 
letras. A diferenciação do ensino para este público privilegiado era um pedido 
que vinha de cima, feito pela própria elite colonial que morava no Brasil. 
De acordo com os registros históricos, a hierarquia familiar dos 
portugueses funcionava da seguinte maneira: o primogênito teria direito sobre 
todas as propriedades da família; o segundo filho era enviado aos colégios e, 
possivelmente, completaria seus estudos superiores na Europa; já o terceiro 
seria entregue à Igreja para seguir a vida religiosa. A educação letrada no Brasil 
colonial era direcionada somente aos homens. As mulheres não tinham acesso 
aos colégios e eram educadas somente para a vida doméstica e religiosa. 
Ainda que houvesse uma segregação clara entre os ensinamentos 
repassados aos índios e aos filhos dos colonos, a educação jesuítica seguia (ou 
tentava seguir) um documento curricular: o Ratio Studiorum. Elaborado em 1599, 
a diretriz curricular era a base do conteúdo pensada pela Igreja. No Ratio, 
 
34 
 
constava o ensino da gramática média, da gramática superior, das humanidades, 
da retórica, da filosofia e da teologia. A partir do ensino das letras, começava a 
se formar no país uma organização da sociedade hierarquizada pelo acesso à 
alfabetização. Isto é: teria mais chances de prosperar na colônia aquele que 
aprendesse a ler e escrever. Nos locais de ensino da Companhia de Jesus, os 
comportamentos exemplares eram bastante cobrados pelos padres. Os alunos 
que desrespeitassem os princípios morais cristãos eram punidos com castigos. 
Ao todo, até ser expulsa do Brasil, a Companhia de Jesus criou 25 
residências, 36 missões e 17 colégios e seminários. “Talvez a Companhia tenha 
sido a mais importante, mas tivemos outras ordens religiosas operando no 
ensinobrasileiro”, lembra Rosa Fátima de Souza, professora da Universidade 
Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara. 
Em 1750, ano da assinatura do Tratado de Madrid entre Portugal e 
Espanha, a até então confortável situação da Companhia de Jesus no Brasil 
começou a se deteriorar. Nove anos depois, ocorreu a expulsão desta ordem 
religiosa das terras brasileiras. A educação jesuítica guarda poucas 
semelhanças com o que vemos hoje em dia nas escolas. O legado deixado pelos 
soldados de Cristo, porém, ainda é muito debatido na academia. Afinal, eles 
foram os predadores ou construtores da cultura? 
 
Um Ensaio da Educação Pública 
 
A expulsão dos jesuítas, comandada pelo então primeiro-ministro de 
Portugal, Marquês do Pombal, significou uma remodelação total do sistema de 
ensino brasileiro. Por ordem do Estado, os jesuítas tiveram seus livros e 
manuscritos destruídos pelos portugueses, e a religião foi deixada de lado nos 
currículos. Tratava-se de uma tentativa de introduzir matérias mais práticas no 
dia a dia escolar. Entre a expulsão dos jesuítas e a organização de um novo 
modelo no Brasil, no entanto, o país amargou um hiato de cerca de dez anos 
sem uma escola estruturada. 
Influenciado pelos ideais iluministas, Pombal tinha convicção de que era 
preciso modificar a educação no Brasil. E isso ocorre formalmente em 1772, com 
 
35 
 
a chamada reforma pombalina. Após a instauração dessas mudanças, o Brasil 
dá seus primeiros passos na criação de um ensino público. A desestruturação 
da escola jesuíta, porém, fez com que os índios perdessem espaço no sistema 
de ensino. Por outro lado, a reorganização tornou o professor uma figura central 
do processo educacional. Neste período, foram criadas as aulas régias, 
ministradas por docentes concursados, que eram funcionários do Estado. 
“Portugal foi pioneiro na Europa em criar um ensino público. Era a própria 
monarquia que pagava o professor. Foram criadas poucas escolas, mas temos 
nessa época o nascimento dessa semente”, explica Rosa Fátima. 
Curiosamente, as aulas régias eram realizadas nas casas dos próprios 
professores. Essa pulverização dos locais de ensino foi uma das principais 
dificuldades enfrentadas pelo governo português, que, além de não conseguir 
dar conta da formação de professores - uma carência histórica no país -, deixou 
vários jovens sem acesso às aulas. Não havia, também, uma sistematização da 
idade escolar. Eram atendidas crianças a partir dos sete anos, mas não existia 
um limite estabelecido para o tempo de estudo. Ainda há muito o que se 
pesquisar sobre este período, mas o que se tem de documentação histórica 
mostra que o alcance do ensino após as reformas pombalinas foi menor do que 
as práticas estruturadas pela Companhia de Jesus, cujo trabalho se espalhou 
por quase todo o país. 
 
Educação Vira Lei 
 
Um dos momentos mais importantes da história da educação no Brasil 
ocorre com a chegada da família real ao Brasil, em 1808, fugida da Europa por 
conta da invasão napoleônica a Portugal. Em um dos navios vindos da Europa, 
desembarcaram no Rio de Janeiro cerca de 60 mil livros que, mais tarde, dariam 
origem à Biblioteca Nacional, na própria capital carioca. A presença da coroa 
portuguesa impulsionou alguns investimentos na área da educação, aportes que 
culminaram na criação das primeiras escolas de ensino superior. Estes locais 
tinham como foco, exclusivamente, preparar academicamente os filhos da 
nobreza portuguesa e da aristocracia brasileira. 
 
36 
 
De acordo com a historiadora Maria de Lourdes de Fávaro, esses locais 
tiveram duas características marcantes: o ensino profissionalizante e a 
preparação para o trabalho no serviço público - ou seja, para exercer diferentes 
funções na corte portuguesa. Na Bahia, os primeiros cursos criados foram nas 
áreas de Medicina e Economia. Em 1818, em Salvador, também foi criado o 
curso de Desenho Industrial. No Rio de Janeiro, além do curso de Medicina, 
foram abertos locais onde eram ensinadas práticas de agricultura e química. 
Inicialmente, apenas nesses dois estados as escolas de ensino superior foram 
instaladas. 
Apesar de o país ter se tornado independente em 1822, a educação, 
durante o período Imperial, não contabilizou muitos avanços práticos. A 
gratuidade do ensino, estabelecida por determinação da corte portuguesa, não 
representou, de fato, investimentos em construção de escolas com espaços 
físicos adequados, muito menos contratação de professores bem formados e 
uso de métodos e materiais didáticos aprofundados. A falta de prioridade do 
investimento em educação prejudicou de forma mais significativa as classes 
populares do país. Os filhos das famílias mais ricas, por outro lado, tinham 
acesso facilitado ao colégio, e poderiam cursar universidades em Portugal. 
Em 1827, foi sancionada a primeira lei brasileira que tratava 
exclusivamente da educação. O texto, em seu artigo 1º, afirmava que “Em todas 
as cidades, vilas e lugares mais populosos, haverá as escolas de primeiras letras 
que forem necessárias”. A nova regra também foi um marco para as garotas, 
que passaram a se misturar aos meninos nas escolas de letras do Estado. Não 
havia, ainda, uma duração de tempo definida para o ensino primário, mas a lei 
foi o início de uma nova forma de organizar o ensino brasileiro. 
No artigo 6º, a lei versava sobre as matérias que os professores deveriam 
ensinar em sala de aula. Constava do texto da lei o ensino da leitura, da escrita 
e da matemática, além princípios de moral cristã da religião católica e da história 
do Brasil. No mesmo texto, estranhamente, havia a previsão de que os 
professores considerados pouco qualificados para lecionar deveriam 
complementar a sua formação de forma individual - o Estado não bancaria a 
capacitação do docente. Neste ponto, o governo se isentou de investir e 
 
37 
 
direcionar a capacitação dos profissionais de ensino - sendo que ainda 
predominavam os professores régios no país, decorrentes da reforma pombalina 
do século 18. 
Só depois de alguns anos que a preocupação com a formação do 
professor voltou a se tornar uma prioridade. Os concursos para contratação de 
professores públicos avaliavam, como critério mais importante do que a 
formação formal, o nível de conhecimento sobre os assuntos de sala de aula. 
Em 1834, o governo monárquico inaugurou a primeira escola de formação de 
professores, a Escola Normal de Niterói. Durante os primeiros 50 anos de 
funcionamento, as escolas normais eram frequentadas quase que 
exclusivamente por homens. 
 
Durante o período regencial, ocorreu uma reforma na Constituição que 
dura até hoje. No chamado Ato Adicional, instituído pelo governo, foi definido 
que o ensino elementar, o secundário e a formação de professores seriam de 
responsabilidade das províncias, e o ensino superior ficaria sob o guarda-chuva 
do poder central. Com isso, foi fortalecida a descentralização do ensino, com 
consequências negativas para a organização da educação no país. 
 
Efervescência de Pensamento 
 
Após a proclamação da República, algumas reformas pontuais foram 
realizadas. A primeira delas foi do ministro da Instrução, Benjamin Constant, 
realizada em 1890, com foco no ensino superior. As escolas de base, no entanto, 
não entraram nas prioridades dos primeiros governos republicanos. Uma das 
heranças do período imperial brasileiro na Constituição Republicana de 1891 foi 
a manutenção da dualidade do sistema escolar: boas e poucas escolas para as 
elites e escolas de qualidade duvidosa para os demais. Basicamente, as escolas 
mantidas pelo governo federal eram destinadas aos mais ricos. Sobravampara 
as camadas mais pobres os colégios do sistema estadual, que, mesmo com um 
investimento maior após a lei republicana, eram locais com estrutura carente e 
composto por professores de baixa qualificação. 
 
38 
 
A tentativa de mudar essa realidade teve maior impulso a partir da década 
de 1920. O movimento da Escola Nova ganhou força no ambiente educacional, 
que sofreu reformas estaduais inspiradas nas ideais escola novistas. Nomes 
como o do educador Anísio Teixeira despontaram como lideranças do 
movimento. A Escola Nova, no Brasil, ficou marcada pela tentativa de tornar a 
educação mais inclusiva e adotar um modelo mais moderno de ensino, voltado 
para uma educação prática da vida, tendo como base as ideias do filósofo 
americano John Dewey. 
O modelo de escolas parque, por exemplo, implantado na Bahia e no 
Distrito Federal, embora tenha fracassado, foi um produto das ideias da Escola 
Nova. “Alguns estados conseguem se desenvolver mais, como Minas Gerais, 
São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, mas em toda parte vemos esse 
esforço”, diz Rosa Fátima. Neste período, mesmo que com caráter privado, 
inicia-se uma preocupação com a educação infantil. 
Ainda na década de 1920, é fundada a Associação Brasileira de Educação 
(ABE), criada por Heitor Lira. A entidade tinha a função era promover os 
primeiros grandes debates sobre a educação em nosso país. Apesar dos 
esforços para tentar avançar na implantação de um sistema educacional 
consistente, o analfabetismo entre jovens e adultos, um problema de âmbito 
nacional, continua assolando a sociedade. De acordo com o IBGE, a taxa de 
analfabetismo na década de 1920, para pessoas a partir dos 15 anos, era de 
65%. O percentual só foi baixar da metade da população na década de 1940, 
quando caiu para 40%, o que representava cerca de 15 milhões de pessoas. 
 
Escolas Profissionalizantes e a LDB 
Com o golpe de 1930, alguns nomes de projeção na educação da década 
anterior ocuparam posições de destaque no cenário educacional. É no governo 
ditatorial de Getúlio Vargas que, apesar do controle ideológico que havia nas 
salas de aula, inicia-se um movimento em direção à criação de um sistema 
organizado de ensino. Uma das primeiras iniciativas do governo foi a criação do 
Ministério da Educação - ocupado primeiramente por Francisco Campos - e das 
secretarias estaduais de Educação. 
 
39 
 
Fonte:www.comune.grosseto.it 
A Constituição de 1934 foi a primeira a incluir em seu texto um capítulo 
inteiro sobre a educação. Fruto da forte centralização nacional que marcou o 
período varguista, o sistema educacional seguia as orientações e determinações 
do governo federal. A autonomia dos Estados era bastante limitada e regulada. 
Em 1942, foi regulamentado o ensino industrial. No mesmo ano, surgem as 
escolas do SENAI, direcionadas, especialmente, às camadas mais pobres da 
população. 
Mas foi só após o governo varguista que a educação apareceu na 
Constituição como “um direito de todos”. No fim da década de 1940, as escolas 
secundárias têm forte expansão e, aos poucos, vão perdendo seu caráter elitista, 
embora o acesso ainda não fosse de todos. Segundo dados do Serviço de 
Estatística do Ministério da Educação e Cultura, em 1940, eram 155 mil 
frequentadores dessa etapa escolar. Dez anos depois, o número sobre para 365 
mil. No ensino profissionalizante, também, a quantidade de alunos mais que 
dobra. É nesta época, inclusive, que as ideia do pedagogo pernambucano Paulo 
Freire ganham repercussão nacional, em especial seus métodos de 
alfabetização e de educação da população carente. 
Em 1961, é promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
(LDB). Histórico, o documento institui um núcleo de disciplinas comuns a todos 
os ramos. Mas é na segunda versão da LDB, porém, que se torna possível 
 
40 
 
enxergar um sistema de ensino mais parecido com o atual. “Outra questão é que, 
neste período, cresce a participação das mulheres no ensino público; a divisão 
entre os sexos fica quase metade a metade”, compara a professora. Neste 
documento, de 1971, fica obrigatória a conclusão do primário, fixado em oito 
anos, e passam a ser utilizados os termos 1º grau e 2º grau - nesta segunda fase 
escolar, procura-se imprimir um caráter mais técnico, por preferência dos 
militares que comandavam o país. Essa ideia prevalece até 1982. 
Essa estrutura permanece até LDB de 1996, quando entra em vigor a 
denominação de Ensino Fundamental e Ensino Médio. A mudança ocorrida 
naquele ano incluiu ambos os períodos como etapas da educação básica, e 
integrou, oficialmente, a educação infantil, que ganhou mais relevância no 
cenário nacional. 
Apesar da construção educacional brasileira ter uma trajetória de quase 
500 anos, o país ainda enfrenta gargalos na área. E o analfabetismo é um deles. 
O Plano Nacional de Educação (PNE), por exemplo, estabelece que o problema 
deve ser erradicado até 2025. Números do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), porém, são desanimadores. Em 2017, foram computados 12 
milhões de analfabetos, o que representa 7,2% da população adulta - o mesmo 
PNE, inclusive, estabeleceu uma meta de 6,5% até 2015. 
Embora o Ensino Fundamental esteja praticamente universalizado no 
Brasil, o acesso à educação para crianças entre 4 e 5, que se tornou obrigatório, 
é de 90%. O dado é ainda pior nas faixas entre 15 e 17 anos, cuja taxa de 
escolarização é de 87,2%. “A valorização do magistério e as condições de 
estrutura das escolas são exemplos de coisas que avançamos pouco. Temos 
escolas ótimas, mas em várias regiões do país há uma precariedade absurda. A 
valorização do professor é um problema secular no Brasil, o que faz da qualidade 
do ensino, desde a educação infantil, nosso maior gargalo”, pondera Rosa 
Fátima.6 
 
6 Extraído do link: www.gazetadopovo.com.br 
 
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8 10 CIDADES QUE CONTAM UM PEDACINHO DA HISTÓRIA DO BRASIL 
Um pedaço da história do nosso País. 
 
1- Porto Seguro 
Marcado como o primeiro local onde a frota de Pedro Álvares Cabral 
desceu em 1500, foi lá que aconteceu o registro do descobrimento do Brasil. 
Desempenhando papel importante nos primeiros anos de colonização, Porto 
Seguro é considerado o primeiro núcleo habitacional do país. 
 
2- São João Del Rei 
A 200 quilômetros de Belo Horizonte, a mistura da modernidade com o 
estilo barroco que remete aos tempos do Brasil Colônia constrói as 
características dessa cidade tipicamente mineira. De um simples povoado do 
século XVIII, terra também do Ex-Presidente Tancredo Neves, o município se 
transformou em um importante polo comercial e turístico do estado. 
 
3- Diamantina 
Literalmente um tesouro, também do estado de Minas Gerais, a formação 
da cidade foi sustentada à exploração do ouro e do diamante. Personalidades 
como Chica da Silva, a escrava que teve vida de rainha ao se casar com um 
contratador português; e o ex-presidente Juscelino Kubsticheck, reforçam a fama 
da região. Além de todas as edificações históricas e uma natureza intocável, 
Diamantina guarda uma sólida tradição religiosa, folclórica e musical, além do 
reconhecimento mundial de Patrimônio Cultural da Humanidade. 
4- Ouro Preto 
Considerada uma das principais cidades brasileiras relevantes à 
construção da memória nacional, Ouro Preto é também reconhecida pelas 
ladeiras e o marcante estilo barroco na sua belíssima arquitetura. Ilustre por ser 
o cenário da inconfidência mineira em pleno ciclo do ouro, o município preserva 
joias e tradições. 
 
 
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5- Tiradentes 
Foi a descoberta

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