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Prévia do material em texto

História do Brasil IIHistória do Brasil II
RAFAEL RICARTE DA SILVA
2016
Sobral/2016
RAFAEL RICARTE DA SILVA
HISTÓRIA DO BRASIL II
História do Brasil II 5
INTA - Instituto Superior de Teologia Aplicada
PRODIPE - Pró-Diretoria de Inovação Pedagógica
Diretor-Presidente das Faculdades INTA 
Dr. Oscar Rodrigues Júnior 
Pró-Diretor de Inovação Pedagógica 
Prof. PHD João José Saraiva da Fonseca 
Coordenadora Pedagógica e de Avaliação 
Profª. Sonia Henrique Pereira da Fonseca 
Professores Conteudistas
Rafael Ricarte da Silva
Assessoria Pedagógica 
Sonia Henrique Pereira da Fonseca 
Transposição Didática
Adriana Pinto Martins
Cileya de Fátima Neves Moreira
Evaneide Dourado Martins 
Design Instrucional
Sonia Henrique Pereira da Fonseca
Revisora de Português 
Neudiane Moreira Félix
Revisora Crítica/Analista de Qualidade 
Anaisa Alves de Moura
Diagramadores
Fábio de Sousa Fernandes
Fernando Estevam Leal
Diagramador Web 
Luiz Henrique Barbosa Lima
Produção Audiovisual
Francisco Sidney Souza de Almeida (Editor)
Operador de Câmera 
José Antônio Castro Braga
Pesquisadora Infográfica
Anacléa de Araújo Bernardo 
Sumário
1
2
Palavra do Professor-autor ................................................................................... 09
Sobre o autor .......................................................................................................... 11
Ambientação ........................................................................................................... 13
Trocando ideias com os autores ........................................................................... 15
Problematizando ................................................................................................... 17
3
A CRISE DO SISTEMA COLONIAL
A crise portuguesa do século XVIII e a administração pombalina .................................22 
A família real no Brasil .....................................................................................................................26
A Revolução Pernambucana de 1817 ........................................................................................29
A Independência do Brasil..............................................................................................................31
A FORMAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO E O PRIMEIRO 
REINADO
O primeiro Reinado e a Constituição de 1824 .......................................................................35
A Confederação do Equador .........................................................................................................37
A abdicação de D. Pedro I ..............................................................................................................39
REGÊNCIAS E REVOLTAS NO BRASIL IMPERIAL
Regência e Reformas Liberais .......................................................................................................44
O controle: a Guarda Nacional e o Código de Processo Criminal ..................................46
O Ato Adicional de 1834 e o Golpe da Maioridade .............................................................46
As revoltas regenciais .......................................................................................................................56
História do Brasil II8
4
5
6
O SEGUNDO REINADO E A CONSOLIDAÇÃO DO 
IMPÉRIO
A disputa entre Liberais e Conservadores ................................................................................59
O “parlamentarismo à brasileira” .................................................................................................61
A Guerra do Paraguai .......................................................................................................................62
O Imperador, o IHGB e a construção da nação brasileira ..................................................65
ESCRAVIDÃO, ECONOMIA E SOCIEDADE NO BRASIL IM-
PERIAL
Escravidão, movimento abolicionista e pós-abolição no Brasil .......................................71
A economia cafeeira e a modernização ....................................................................................77
A Lei de Terras de 1850 ...................................................................................................................79
Os imigrantes no Brasil ....................................................................................................................80
TRANSIÇÃO PARA A REPÚBLICA
A crise do regime monárquico .....................................................................................................84
Os partidos e o movimento republicano ..................................................................................88
O povo bestializado ..........................................................................................................................89
Leitura Obrigatória...........................................................................................93
Revisando...........................................................................................................95
Autoavaliação....................................................................................................97
Bibliografia......................................................................................................101
Bibliografia Web.............................................................................................104
História do Brasil II 9
Palavra do Professor-autor
Olá estudante!
Seja bem-vindo à disciplina de História do Brasil II!
Este material foi elaborado para debatermos sobre a História do Brasil Impe-
rial, tomando como eixo as questões políticas, econômicas e os movimentos sociais 
do período em questão. Convidamos você a pensar na construção de uma história 
e uma identidade para a jovem nação e seu povo. 
O material foi escrito de modo a facilitar o seu aprendizado, buscando levantar 
algumas questões ao longo do texto, analisando tabelas e mapas, como também 
articulando a escrita com os principais autores que analisam o Brasil no período 
imperial. 
Ao longo de sua leitura, procure observar os questionamentos sugeridos pelo 
autor e busque aprofundar seus conhecimentos nas obras sugeridas. Ao planejar-
mos este material, objetivamos que você possa compreender este período tão im-
portante para a construção do Estado nacional brasileiro.
Agora é com você! Leia o material com atenção, faça as atividades sugeridas e 
interaja no Ambiente Virtual de Aprendizagem com seus colegas e tutor.
Bom estudo!
O Autor.
História do Brasil II 11
Sobre o autor
Rafael Ricarte da Silva. Doutorando em História Social 
pela Universidade Federal do Ceará, com Estágio de Douto-
rado Sanduíche no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), 
Mestre em História Social (2010) e Licenciado em História 
pela UFC (2007). Especialista em Planejamento, Implemen-
tação e Gestão da Educação a Distância pela Universidade 
Federal Fluminense (2012). Participa do Grupo de Estudo e 
Pesquisa - História do Ceará Colonial: economia, memória e 
sociedade. Tem experiência na área de História, com ênfase 
em História Moderna e História do Brasil Colonial, atuan-
do nos seguintes temas: História Agrária, História das Elites, 
História e Direito e História do Ceará Colonial. Atualmente, 
é professor do Curso de Graduação a distância em História 
das Faculdades INTA, setor de História do Brasil.
aAMBIENTAÇÃO À DISCIPLINAEste ícone indica que você deverá ler o texto para ter uma visão panorâmica sobre o conteúdo da disciplina.
História do Brasil II 13
Caro estudante,
Neste material, estudaremos a História do Brasil Império, período essencial 
para compreendermos a construção do Estado e da sociedade brasileira. Para isso, 
dividimos este livro em seis unidades temáticas que buscam analisar a História 
Imperial brasileira e os debates sobre: a crise do antigo sistema colonial e o processo 
de independência, a formação do Estado nacional e o reinado de D. Pedro I, as 
regênciase as revoltas ocorridas no Império, o reinado de D. Pedro II e a consolidação 
do poder centralizador, a escravidão e a sociedade imperial e, por fim, a transição do 
Império para o regime republicano.
Para aprofundar mais seus conhecimentos sobre o Brasil Império, sugerimos 
a obra Nação e cidadania no Império – Novos Horizontes. A obra é interessante 
para historiadores e cientistas sociais, assim como para quem viveu no Brasil 
monárquico. Os eixos temáticos nação e cidadania são tratados em estudos densos 
que ao trazerem abordagens inovadoras revelam novas camadas de significados, 
dentro de um marco amplo, o que enriquece a discussão. Vale a pena conferir, pois 
o assunto é instigante, com uma consolidação de conhecimentos e abertura de 
novos horizontes de reflexão.
CARVALHO, José Murilo de (Org). Nação e cidadania no Império: novos horizontes. 
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
tiTROCANDO IDEIASCOM OS AUTORESA intenção é que seja feita a leitura das obras indicadas pelos(as) professores(as) autores(as), numa tentativa de dialogar com os teóricos sobre o assunto. 
História do Brasil II 15
Agora é o momento de você trocar ideias com os autores
 Sugerimos a leitura do livro As barbas do Imperador: 
D. Pedro II, um monarca nos trópicos. Traz um misto de 
ensaio interpretativo e biografia do imperador D. Pedro II. 
Este livro apresenta a monarquia brasileira a partir de um 
ângulo absolutamente original. Valendo-se de documentos 
inéditos e promovendo um diálogo fértil entre sua linha de 
argumentação e a inusitada iconografia, Lilia Moritz Schwarcz 
materializa o mito monárquico ao descrever, por exemplo, a 
construção dos palácios, os rituais da corte, a mistura de ritos 
franceses com costumes brasileiros, as formas encontradas 
pela boa sociedade para praticar a arte de bem civilizar-se, a 
criação de medalhas, emblemas, dísticos e brasões, a participação do monarca e o 
uso de sua imagem nas festas populares. Contra esse “pano de fundo”, faz surgir o 
retrato de D. Pedro II: aos catorze anos, este homem que governou o país durante 
quase meio século foi talvez o maior de todos os ícones do Império. A autora não 
apenas mostra de que maneira a monarquia se tornou um mito, numa linguagem 
que equilibra o rigor da pesquisa com uma escrita sensível, mas identifica nesse 
mito uma força e uma singularidade que desconhecíamos.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos 
trópicos. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
 Propomos também a obra A Construção da ordem: a 
elite política imperial & Teatro de Sombras. Publicados em 
conjunto, os textos reunidos foram apresentados pelo autor 
como tese de doutorado na Universidade de Stanford, em 
dezembro de 1974. A primeira parte chegou ao mercado 
em 1980 sob o título de “A construção da ordem - a elite 
política imperial”. A segunda e última ganhou o nome de 
“Teatro de sombras - A política imperial” e teve a primeira 
edição em 1988. José Murilo de Carvalho utiliza a metáfora 
teatral para a caracterização do Império brasileiro, na 
História do Brasil II16
esteira das observações de Joaquim Nabuco e Ferreira Vianna. Assim, oferece uma 
ótica especial para a releitura desta obra, ao sugerir uma refl exão que tome como 
referência tanto o texto propriamente dito quanto algo dos bastidores do trabalho. 
A obra permite uma análise densa do perfi l das elites políticas brasileiras no século 
XIX, de sua composição e da relação que elas mantiveram com os partidos políticos 
imperiais, elementos que apontam para a compreensão dos protagonistas do enredo 
político do Império. 
CARVALHO, Jose Murilo de. A Construção da Ordem & Teatro de Sombras. 5ª ed. 
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
Indicamos a leitura da obra Cidade Febril, de 
Sidney Chaloub. Partindo da cidade do Rio de Janeiro e da 
demolição de seus cortiços, passando pelas polêmicas entre 
infeccionistas e contagionistas em torno da transmissão da 
febre amarela e pela resistência das comunidades negras 
à vacina antivariólica, o autor dessa obra escreveu uma 
“história na encruzilhada de muitas histórias”. De forma 
apaixonante e extremamente bem-humorada, a obra em 
questão reinterpreta esses e outros confl itos à luz da história 
social. O resultado é uma obra riquíssima, que mapeia a 
formação das políticas de saúde pública no Brasil, as quais, 
longe de se limitarem ao século XIX, infl uem até hoje em 
nosso cotidiano com força assustadora.
CHALHOUB, Sidney. Cidade Febril: Cortiços e epidemias na Corte Imperial. São 
Paulo: Companhia das Letras, 1996.
GUIA DE ESTUDOGUIA DE ESTUDO
Após a leitura dessas importantes obras, produza uma resenha crítica sobre 
um dos livros apontados. Aproveite também para compartilhar sua produção no 
Ambiente Virtual
História do Brasil II 17
PLPROBLEMATIZANDOÉ apresentada uma situação problema onde será feito um texto expondo uma solução para o problema abordado, articulando a teoria e a prática profi ssional.
História do Brasil II 19
Problematizando
A formação do Estado nacional brasileiro e a construção de uma identidade 
da nação e de seu povo remontam ao período do Brasil Império, momento de 
afi rmação nacional a partir do processo de independência. Coube, por exemplo, ao 
Instituto Histórico e Geográfi co Brasileiro a construção de uma história nacional, 
construída a partir de elementos que unifi cassem o imenso território e a diversidade 
de povos que o habitava. Assim, foram criadas memórias e narrativas e selecionados 
elementos que permitissem a construção da nação e de sua identidade.
Contudo, para você, o que é ser brasileiro? Que elementos nos fazem 
brasileiros? Quais símbolos nacionais são representativos dessa brasilidade? 
GUIA DE ESTUDOGUIA DE ESTUDO
A partir de suas refl exões, convidamos você a debater e compartilhar com 
seus colegas na sala virtual as suas impressões a respeito da História do Brasil 
Império, assunto desta disciplina.
ApAPRENDENDO A PENSARO estudante deverá analisar o tema da disciplina em estudo a partir das ideias organizadas pelos professores autores do material didático.
História do Brasil II 21
1
A CRISE DO SISTEMA COLONIAL
CONHECIMENTOS
Compreender acerca das mudanças e permanências na História.
HABILIDADES
Relacionar a crise portuguesa do século XVIII com as mudanças na relação metró-
pole-colônia e o processo de independência.
ATITUDES
Realizar criticamente confl itos culturais, sociais, políticos, econômicos ou 
ambientais ao longo da história.
História do Brasil II22
 A crise portuguesa do século XVIII e a administração 
pombalina
Antes de iniciarmos nossos estudos acerca do período imperial no Brasil, é 
interessante pontuarmos alguns aspectos da colonização portuguesa na América 
e entendermos o que foi a crise do sistema colonial no transcorrer do século XVIII.
A colonização portuguesa na América estendeu-se por mais de trezentos 
anos e esteve assentada na grande propriedade territorial (latifúndio), na produção 
monocultora, voltada para a exportação e mão de obra escrava. Esta última, num 
primeiro momento, foi a partir da exploração do trabalho indígena. Posteriormente, 
com os africanos escravizados.
Nos primeiros anos da conquista da América, os portugueses não 
sistematizaram um domínio sobre as terras recém-descobertas. Somente a partir 
da década de 1530 com a implementação das capitanias hereditárias e na segunda 
metade do século XVI com a criação do Governo Geral é que a exploração no litoral 
da América portuguesa ganha impulso.
Esse cenário transformou-se ao longo dos mais de trezentos anos da 
“colonização” lusitana. A América e a África, ou seja, o Atlântico transforma-se no 
principal eixo econômico e colonial de Portugal, sendo o Brasil a principal colônia. 
Assim, a partir da segunda metade do século XVI, segundo Vitorino Magalhães 
Godinho (1978), em Ensaios II, a Coroa portuguesa buscou intensificar suas 
relações na conquista da América devido aos ataques de nações inimigase ao 
cenário de diminuição de receitas nas Índias. Para o autor, este quadro de inversão 
da política de conquista da Ásia para o Atlântico possibilitou uma viagem estrutural 
do Império português para o Atlântico no transcorrer da segunda metade do século 
XVII.
Neste contexto, segundo Maria Fernanda Bicalho, em seu livro A cidade 
e o Império: o Rio de Janeiro no século XVIII, a partir do limiar do século XVII, 
redefiniram-se hegemonias – coloniais e europeias – e alianças políticas que 
transferiram o eixo político-econômico do Oriente para o Oceano Atlântico. Assim, 
“[...] já em meados do século XVII o eixo dinâmico do Império colonial português 
havia se afirmado definitivamente no Atlântico, ficando as possessões orientais 
num plano secundário” (BICALHO, 2013, p. 51).
História do Brasil II 23
Neste cenário, a conquista da costa leste-oeste da América portuguesa e 
a investida aos sertões mostraram-se essenciais. Os confl itos que envolveram a 
conquista do Maranhão frente aos franceses e as entradas aos sertões das Capitanias 
do Norte do Estado do Brasil, após a guerra de reconquista sobre os holandeses 
na Capitania Geral de Pernambuco, estabeleceram a supremacia lusitana neste 
espaço com a consolidação de pontos de proteção que possibilitavam o comércio 
e a comunicação entre as diversas partes constitutivas do Império ultramarino 
português.
A afi rmação dos domínios da metrópole na América possibilitou a formação 
de uma sociedade colonial, estruturada por meio das relações econômicas, 
políticas, culturais e sociais permeadas pela exploração econômica e a escravidão. 
Entretanto, a partir da segunda metade do século XVIII o sistema colonial montado 
pela Coroa portuguesa começou a enfrentar problemas devido às conjunturas 
imperiais. 
Em fi nais do século XVIII, Portugal apresentava um cenário de crise política 
e econômica. Para compreendermos este contexto de crise, é necessário que 
recuarmos até o século XVII, momento de revoluções e grandes transformações na 
Europa e na América do Norte. Nesse período, a Europa era marcada pela crescente 
infl uência da burguesia e dos ideais iluministas. Ideais que foram essenciais para 
as Revoluções Industrial, Francesa e Americana, bem como para a sedimentação 
ideológica dos movimentos de contestação ao Antigo Regime na Europa Ocidental, 
marcado por privilégios corporativos e por uma monarquia absolutista.
Para Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves e Humberto Fernandes Machado, 
em O Império do Brasil, a crise do Antigo Regime e, por extensão, do sistema 
colonial foi marcada pelos:
[...] acontecimentos do fi nal do século XVIII que deram corpo e 
alma a tais mudanças. A gestação da Revolução Industrial inglesa, 
a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa 
constituíram-se nos marcos dessa modernidade. As ideias e 
práticas, que reverberaram a partir deles, abalaram os alicerces do 
Mas, o que resultou desta mudança? Como esta viragem estrutural modifi cou 
o processo de conquista na América lusa?
História do Brasil II24
Antigo Regime, tanto na maior parte do continente europeu, quanto 
de suas colônias na América, ainda que desigualmente. A tormenta 
napoleônica completou a obra (NEVES; MACHADO, 1999, p. 24).
Portugal, neste contexto internacional, apresentava-se em situação 
complicada. Pioneira no processo de conquistas ultramarinas, os portugueses agora 
enfrentavam forte concorrência de outros impérios europeus, como por exemplo, 
do holandês, francês e inglês. Essas rivalidades geraram confl itos que repercutiram 
nas conquistas além-mar, exemplo dos confl itos entre Inglaterra e França. Enquanto 
os franceses alcançaram grande infl uência frente outras monarquias europeias, os 
ingleses conquistavam espaços e acordos no mundo ultramarino.
A fragilidade da economia portuguesa neste período não permitiu que a Coroa 
permanecesse com a postura de neutralidade até então adotada frente aos confl itos 
entre franceses e ingleses. Desta maneira, os lusos assinaram acordos comerciais 
com os britânicos. Acordos estes que benefi ciaram, sobretudo, os ingleses como 
no Tratado de Methuen efetivado em 1703.
O Tratado de Methuen previa o fi m das restrições à entrada de vinhos 
portugueses na Inglaterra e de tecidos ingleses em Portugal. Como a venda de 
tecidos ingleses era superior ao comércio de vinhos portugueses entre as duas 
nações, Portugal passou a acumular um défi cit em sua balança comercial.
Com o quadro de debilidade econômica por qual Portugal passava, a solução 
adotada pela Coroa lusitana foi o aumento do controle sobre o comércio colonial 
e a exploração de ouro nas Minas Gerais. Entretanto, a partir da segunda metade 
do século XVIII, a exploração de ouro passou a sofrer uma constante queda na 
produção, diminuindo as receitas da metrópole. 
Para reverter este cenário e garantir mais receitas, uma série de medidas 
foram tomadas pelo ministro de Estado da Guerra e dos Negócios Estrangeiros, 
Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marques de Pombal. Dentre as medidas 
adotadas, podemos ressaltar:
GUIA DE ESTUDOGUIA DE ESTUDO
Você sabe quais outros tratados a Coroa portuguesa assinou? Foi somente 
com os ingleses?
Pesquise e comente com seus colegas de Curso no fórum da disciplina.
História do Brasil II 25
•	 Criação de Casas de Inspeção do Tabaco e do Açúcar em 1751;
•	 Criação de companhias de comércio: Companhia Geral do Grão-Pará e 
Maranhão em 1755 e Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba em 
1759;
•	 Emissão do decreto de 1758 que determinava a proibição da escravização 
de indígenas na América portuguesa;
•	 Expulsão da Companhia de Jesus de Portugal e das conquistas 
ultramarinas em 1759;
•	 Criação do Erário Real em 1761 para a cobrança do quinto e impedir o 
contrabando e a sonegação;
•	 Transferência da sede do governo de Salvador para o Rio de Janeiro.
Marquês de Pombal: Nasceu em Lisboa no 
dia 13 de maio de 1699 e faleceu em Pombal no dia 
08 de maio de 1782. Tornou-se um grande ministro 
do governo de D. José I, conhecedor dos assuntos 
relacionados à História e à Legislação.
Apesar dessas medidas, a crise colonial 
permaneceu. Aliada à questão econômica, o crescente 
interesse dos ingleses no mercado consumidor das 
colônias na América, o processo de independência 
dos Estados Unidos e o descontentamento das 
elites coloniais com a forte exploração por parte da Coroa portuguesa por meio 
dos elevados impostos, impulsionaram os movimentos de contestação à ordem 
colonial. 
Paralelamente, temos uma conjuntura europeia de expansão das forças 
napoleônicas em processo de crescente conquista, afetando diretamente os 
interesses lusitanos. Naquele contexto, a vinda da Família Real em 1808 transformou 
as relações coloniais entre Portugal e Brasil.
História do Brasil II26
 A Família Real no Brasil
Houve muita confusão no embarque e a viagem não foi fácil. 
Uma tempestade dividiu a frota; navios estavam superlotados, daí 
resultando falta de comida e água; a troca de roupa foi improvisada 
com cobertas e lençóis fornecidos pela marinha inglesa; para 
completar, o ataque dos piolhos obrigou as mulheres a raspar o 
cabelo. Mas esses aspectos novelescos não podem ocultar o fato 
de que, a partir da vinda da família real para o Brasil, ocorreu uma 
reviravolta nas relações entre a Metrópole e a Colônia (FAUSTO, 
2004, p. 121).
A vinda da Família Real para o Brasil, conforme expôs Boris Fausto (2004), 
trouxe mudanças para o sistema colonial. A transferência da Corte portuguesa para 
a Colônia foi uma das consequências do processo expansionista de Napoleão 
Bonaparte na Europa Ocidental. Ao impor o Bloqueio Continental ao comércio 
entre ingleses e demais países do continente, os franceses afetaram diretamente 
Portugal. Em novembro de 1807, as tropas francesas foram em direção a capital 
portuguesa.
A saída pensada pelo Príncipe Dom João foi o embarque para o Brasil, transferindo 
entre os dias 25 e 27 de novembro a “máquina” administrativa da Coroa para a Colônia,ministros, conselheiros, juízes da Corte Suprema, funcionários do Tesouro, patentes do 
exército e da marinha e membros do alto clero.
A chegada de Dom João ao Brasil em 22 de maio de 1808 inaugurou uma nova 
etapa na história da Colônia, agora detentora da sede administrativa da Coroa lusitana. 
A transferência deste aparato burocrático da Metrópole para a Colônia foi um caso 
singular nas relações coloniais, despertando o interesse de diversos historiadores que 
buscaram compreender este evento. 
Dentre esses estudos, podemos citar o de Maria Odila Leite da Silva Dias (2005) 
que, em A interiorização da metrópole e outros estudos, afi rmou que a vinda da 
Corte portuguesa para a Colônia proporcionou o enraizamento do Estado português no 
Centro-Sul do Brasil, transformando a Colônia em uma metrópole interiorizada.
GUIA DE ESTUDOGUIA DE ESTUDO
Convidamos você para pesquisar quais os objetivos e os desdobramentos do 
Bloqueio Continental imposto por Napoleão Bonaparte na Europa Ocidental.
Compartilhe com os colegas de Curso o resultado de suas pesquisas no fórum 
da disciplina no Ambiente Virtual.
História do Brasil II 27
Figura 1 - Transferência da família real para o Brasil
Fonte: <https://www.historiafacil.com.br/artigos/historia-do-brasil/a-chegada-da-familia-real-
portuguesa-ao-brasil/>.
 
As mudanças ocorridas com a transferência da Corte para o Brasil começaram 
tão logo se instalaram os elementos do aparato burocrático. Dom João, em 28 de 
janeiro de 1808, decretou a abertura dos portos às nações amigas. 
Nesse caso, tratava-se do encerramento do sistema colonial que perdurara 
por mais de trezentos anos, conferindo legitimidade às relações comerciais entre 
o Brasil e a Inglaterra. Outras alterações foram realizadas pelo príncipe regente: 
revogação de decretos que proibiam a instalação de manufaturas na Colônia, a 
importação de matérias primas para a indústria ficou livre de tributos e concessão 
de subsídios às indústrias de lã, seda e ferro (FAUSTO, 2004).
Essas medidas agradaram e beneficiaram a Inglaterra, que passou a 
comercializar seus produtos manufaturados no Brasil. Os proprietários rurais 
também foram contemplados com essas medidas, possibilitando o comércio de 
seus gêneros, destinados à exportação, com mercados externos além do português. 
Ademais, Boris Fausto (2004), em História do Brasil, nos adverte que “[...] a 
escalada inglesa pelo controle do mercado colonial brasileiro culminou no Tratado 
de Navegação e Comércio, assinado após longas negociações em fevereiro de 
1810” (FAUSTO, 2004, p. 124).
História do Brasil II28
 Podemos afi rmar que esse tratado buscou garantir mais um benefício para 
a Inglaterra e seus produtos. As mercadorias inglesas comercializadas no Brasil 
seriam taxadas em 15%, taxa inferior aos 16% cobrados aos produtos portugueses 
e aos 24% das demais nações.
Ainda em 1810, foi fi rmado outro tratado entre Portugal e Inglaterra, o Tratado 
de Aliança e Amizade que refl etiu no tráfi co de escravos para o Brasil. Pelo acordo, 
fi cava estabelecido que “[...] a Coroa portuguesa se obrigava a limitar o tráfi co de 
escravos aos territórios sob seu domínio e prometia vagamente tomar medidas para 
restringi-lo” (FAUSTO, 2004, p. 125). Após o término da guerra contra as tropas 
de Napoleão, Portugal assinou novo tratado que determinava mais restrições ao 
tráfi co de escravos, inclusive com a permissão para “visitar” navios que fossem 
suspeitos de transportar escravos.
Para além das questões políticas, administrativas e econômicas, a vinda da 
Família Real para a Colônia transformou culturalmente parte do Brasil, especialmente 
a cidade do Rio de Janeiro. Segundo Luiz Carlos Villalta e André Pedroso Becho 
(2008), as mudanças efetivadas com a transferência da Corte para o Rio de Janeiro 
foram sentidas na vida e nos costumes, sendo que:
Os anos da permanência da Corte no Brasil (1808-1821) trouxeram 
mudanças radicais na vida e nos costumes da antiga colônia. 
Nesse processo, D. João, longe de ser um bobalhão, mostrou-se 
um político hábil. Governou na confl uência de interesses da Corte 
portuguesa, da abastada sociedade fl uminense e, de resto, da 
região Centro-Sul do Brasil, cujo apoio econômico e político era 
essencial para a sobrevivência da monarquia. Como contrapartida 
ao suporte fi nanceiro de grandes comerciantes e proprietários, o 
rei fez farta distribuição de mercês e títulos (VILLALTA; BECHO, 
2008, p. 1).
As mudanças foram implementadas na tentativa de copiar o modo de vida 
europeu, buscando adequar o espaço urbano e social. Assim, criou-se a imprensa 
régia, a biblioteca, o horto e transplantaram-se as cerimônias realizadas nas cortes 
europeias.
 O que determinava o Tratado de Navegação e Comércio?
História do Brasil II 29
Destacamos também, a presença de cientistas e viajantes estrangeiros 
no Brasil neste contexto oitocentista que buscaram analisar e escrever suas 
impressões acerca do que encontraram pelo Brasil, exemplo do zoólogo Spix, do 
botânico Martius e dos pintores Taunay e Debret.
A transferência da Corte para o Rio de Janeiro redefi niu não só a relação 
entre Metrópole e Colônia, mas também as dinâmicas organizacionais, políticas e 
econômicas antes estabelecidas no Brasil. A região Centro-Sul passou a ser o centro 
das decisões políticas e principal eixo econômico, formando uma forte elite regional 
que se envolveria diretamente nas articulações para o processo de independência 
do Brasil. A região do que hoje conhecemos como o Nordeste brasileiro, até então 
a principal área econômica da Colônia, perdeu espaço na hierarquia política-
econômica do Brasil.
A Revolução Pernambucana de 1817
A desigualdade regional causada com a instalação da Família Real no 
Rio de Janeiro pode ser colocada como um dos motivos de descontentamento 
no “Nordeste”. Paralelo a essa questão, podemos incluir o crescente aumento de 
impostos cobrados para cobrir os gastos com a Corte e com as batalhas militares 
impetradas por D. João na região do Rio da Prata.
A combinação desses problemas é frequentemente apresentada como sendo 
parte dos fatores para a invasão do movimento que fi cou conhecido como Revolução 
Pernambucana de 1817. Esse movimento contou com uma ampla participação 
social, tendo entre os integrantes de suas forças: padres, juízes, proprietários 
rurais, comerciantes, artesãos e militares. Assim como eram heterogêneos seus 
membros, diferentes também foram os objetivos almejados por seus integrantes. 
Segundo Boris Fausto (2004, p. 128):
GUIA DE ESTUDOGUIA DE ESTUDO
Essas transformações urbanísticas realizadas pela Corte portuguesa no Rio 
de Janeiro atendiam a toda população? A quem se destinavam esses novos espaços 
de sociabilidade?
Participe do fórum de conteúdo da disciplina e discuta essas questões com os 
demais colegas e tutor.
História do Brasil II30
Para as camadas pobres da cidade, a independência estava 
associada à ideia de igualdade, uma igualdade mais para cima do 
que para baixo [...]. Para os grandes proprietários rurais, tratava-
se de acabar com a centralização imposta pela Coroa e tomar em 
suas mãos o destino, se não da Colônia, pelo menos do Nordeste.
A revolução começou na cidade de Recife e alcançou o sertão em estados 
como Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte, conforme podemos visualizar no 
mapa abaixo. 
Figura 2 - Pernambuco em 1817
Fonte: <http://historiasylvio.blogspot.com.br/2013/11/revolucao-pernambucana-de-1817.html>.
A partir do movimento no Recife, implementou-se na região do levante um 
governo republicano que previa a igualdade de direitos e liberdade religiosa. Após 
74 dias de conflitos entre os revolucionários e as forças da Corte, a Revolução 
Pernambucana de 1817 foi sufocada com a prisão e a execução dos líderes. 
Apesar da derrota, a Revolução Pernambucana representou um grande marco no 
processo de contestação do domínio lusitano no Brasil e propagou e sedimentou 
os ideais republicanos na região, conforme veremos nos movimentos ocorridosposteriormente em Pernambuco.
História do Brasil II 31
A Independência do Brasil
A Independência se explica por um conjunto de fatores, tanto 
internos como externos, mas foram os ventos trazidos de fora que 
imprimiram aos acontecimentos um rumo imprevisto pela maioria 
dos atores envolvidos, em uma escalada que passou da defesa da 
autonomia brasileira à ideia de independência (FAUSTO, 2004, p. 
129).
O processo de independência do Brasil foi gestado, conforme expõe Boris 
Fausto (2004), a partir de variados fatores. O Brasil, em 1815, com o fim dos 
combates contra as tropas francesas, passou a integrar o Reino Unido a Portugal 
e Algarves. Com esta decisão, Dom João (Dom João VI com a morte da rainha) 
reorganizava a monarquia portuguesa e extinguia a relação metrópole-colônia 
existente até então. 
 
Em 1820, surgiu na cidade do Porto um movimento de contestação ao 
processo que vinha se desenvolvendo ao longo dos anos de transferência da 
Corte para o Brasil. A Revolução Liberal de 1820 exigia, dentre outros pontos, o 
retorno do rei D. João VI a Lisboa, mudanças políticas e econômicas e uma nova 
constituição. Segundo Mário Maestri (1997, p. 28):
A nova constituição garantia a soberania da nação, delimitava os 
poderes do soberano, dissolvia a Inquisição, abria os empregos 
públicos à cidadania, impunha a liberdade de imprensa, terminava 
com os privilégios eclesiásticos, assegurava os direitos individuais 
e de propriedade. Entretanto, Portugal era apenas uma nação 
agrícola atrasada. O passado de esplendor devia-se à exploração 
parasitária das colônias, em geral, e do Brasil, em especial. O 
liberalismo português, no que se refere ao Brasil, assumia um 
caráter recolonizador. A independência seria para Portugal, não 
para o Brasil.
Assim, a Revolução Liberal de 1820 apresentava ambiguidades no plano 
político para o reino lusitano. A postura liberal não era colocada em prática quando 
se pensava no Brasil. Essa contradição foi sentida pelos “brasileiros” quando 
os revolucionários convocaram as Cortes (Parlamento português) e aprovaram 
medidas restritivas à liberdade administrativa e ao comércio do Brasil. 
História do Brasil II32
A saída buscada por Dom João VI para tentar contornar a crise foi o retorno 
a Portugal, deixando seu filho Pedro no Brasil como príncipe regente. Esta situação 
agradou parte da elite política e econômica do Brasil, pois garantia a manutenção 
dos privilégios conquistados desde a chegada da Família Real. Entretanto, as 
Cortes pressionaram pelo retorno também de D. Pedro a Portugal.
Em resposta as pressões das Cortes, o príncipe regente decidiu ficar no 
Brasil. No dia 09 de janeiro de 1822, o Dia do Fico, marcou-se a opção pela 
ruptura. Dentre as medidas adotadas por Dom Pedro estavam a criação de um 
exército, a formação de um novo ministério e a posterior convocação de uma 
assembleia constituinte. Ainda em 1822, essas decisões tomadas por Dom Pedro 
foram revogadas pelas Cortes.
A independência do Brasil, proclamada em 07 de setembro de 1822, resultou, 
como vimos, de fatores internos e externos. A aliança estabelecida entre a elite rural 
brasileira e Dom Pedro proporcionou uma ruptura sem grandes transformações e 
participação popular, mantendo os privilégios e garantindo o nascimento de uma 
monarquia nos trópicos.
Figura 3 - Pintura de Pedro Américo, intitulada Independência ou Morte ou O 
Grito do Ipiranga
Fonte: <http://historiaporimagem.blogspot.com.br/2011/09/o-grito-do-ipiranga-independencia.html>.
História do Brasil II 33
GUIA DE ESTUDOGUIA DE ESTUDO
Caro estudante, a partir desse famoso quadro, elaborado sob encomenda, 
podemos ver a construção/representação de algumas imagens acerca do grito 
do Ipiranga. Que ideia a pintura buscou expressar? De que forma D. Pedro está 
retratado? Qual a fi nalidade da obra? 
Compartilhe suas impressões no fórum da disciplina no Ambiente Virtual de 
Aprendizagem.
História do Brasil II34
2
A FORMAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO E 
O PRIMEIRO REINADO
CONHECIMENTOS
 Entender as principais características econômicas, sociais e políticas do 
Primeiro Reinado e detalhar os acontecimentos que contribuíram para a crise e 
abdicação de D. Pedro I.
HABILIDADES
Identifi car a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e 
econômicas, associando-as aos diferentes grupos, confl itos e movimentos sociais.
ATITUDES
Desenvolver críticas das relações de poder nas diferentes escalas: local, 
nacional e global.
História do Brasil II 35
O primeiro Reinado e a Constituição de 1824
 A Independência do Brasil e a instituição de um governo monárquico revela 
a singularidade que este processo de “ruptura” com Portugal obteve. Ao seu redor, 
o Brasil tinha uma América permeada de Repúblicas pós-independência. A opção 
pela Monarquia, além de representar uma singularidade, certamente nos demonstra 
a pouca participação popular, o desinteresse por grandes transformações sociais 
e a infl uência da elite agrária na manutenção dos seus privilégios. Vejamos o que 
José Murilo de Carvalho (1996) afi rma sobre este processo de independência e 
constituição de sua elite política:
O Brasil dispunha, ao tornar-se independente, de uma elite 
ideologicamente homogênea devido a sua formação jurídica 
em Portugal, a seu treinamento no funcionalismo público e ao 
isolamento ideológico em relação a doutrinas revolucionárias. 
Essa elite se reproduziu em condições muito semelhantes após a 
Independência, ao concentrar a formação de seus futuros membros 
em duas escolas de direito, ao fazê-los passar pela magistratura, 
ao circulá-los por vários cargos políticos e por várias províncias 
(CARVALHO, 1996, p. 34).
Esta uniformidade da elite e a tentativa de evitar movimentos de contestação 
ao regime monárquico não conseguiram deter o surgimento de revoltas que 
buscavam questionar a ordem estabelecida. Assim, ocorreram diversas resistências 
pelo Brasil, exemplo da Batalha do Jenipapo em 1823 no Piauí e da guerra pela 
Província da Cisplatina em 1825.
Apesar dos movimentos de contestação, em poucos anos a consolidação do 
processo de Independência estava realizada. O reconhecimento externo veio com 
os Estados Unidos em 1824 e, posteriormente, de forma ofi cial, com a Inglaterra. 
Entretanto, a legitimidade internacional da monarquia brasileira dependia do 
reconhecimento de Portugal, efetivado em agosto de 1825 após acordo para o 
pagamento de uma compensação de 2 milhões de libras e a aceitação, por parte 
GUIA DE ESTUDOGUIA DE ESTUDO
Caro estudante, convidamos você a pesquisar as motivações, o 
desenvolvimento desses movimentos de resistência ao governo imperial, a ordem 
estabelecida e como D. Pedro I conseguiu sufocar as contestações.
Compartilhe no fórum da disciplina suas pesquisas.
História do Brasil II36
do Brasil, de não se unir a qualquer outra colônia portuguesa. Este acordo foi 
capitaneado pela Inglaterra, a quem também coube o empréstimo do dinheiro para 
o pagamento da indenização a Portugal.
Ainda nos anos iniciais do pós-independência foi convocada eleições para 
a formação de uma Assembleia Constituinte que teria como responsabilidade a 
elaboração da primeira constituição do país. Instalada em maio de 1823, reuniu vários 
setores da sociedade: proprietários rurais, militares, funcionários públicos, padres e 
advogados. Os integrantes se dividiram essencialmente em dois grandes grupos, os 
que defendiam maior autonomia da Assembleia e limites para o exercício do poder 
imperial e os que advogavam a necessidade de um governo forte, centralizador e 
com poder absoluto do rei. 
Boris Fausto (2004) esclarece que as desavenças entre os constituintes e D. 
Pedro tiveram como foco as atribuições do Executivo e do Legislativo. Assim:
Os constituintes queriam que o imperador não tivesse o poder de 
dissolver a futura Câmara dos Deputados, forçando assim, quando 
julgasse necessário, novas eleições. Queriam também que ele 
não tivesse o poder de veto absoluto, ou seja, o direitode negar 
validade a qualquer lei aprovada pelo Legislativo. Para o imperador 
e os círculos políticos que o apoiavam, era necessário criar um 
Executivo forte, capaz de enfrentar as tendências ‘democráticas e 
desagregadoras’, justificando-se assim a concentração de maiores 
atribuições nas mãos do imperador (FAUSTO, 2004, p. 148).
Essas disputas levaram a dissolução da Assembleia Constituinte por D. Pedro, 
com a prisão de vários deputados, inclusive os irmãos Andradas. A Constituição 
elaborada e outorgada em 25 de março de 1824 buscou conciliar os interesses da 
elite brasileira com o autoritarismo expresso na figura do imperador, detentor do 
Poder Moderador. Dentre outros aspectos, a Constituição trouxe como resoluções: 
 
•	 Separação dos poderes em Executivo, Legislativo, 
Judiciário e Moderador.
•	 Catolicismo como religião oficial.
•	 Voto indireto e censitário.
•	 Garantia de propriedade sobre os bens, tais como: 
escravos e terras.
História do Brasil II 37
 A Constituição de 1824 vigorou até o fi nal do Império, estabelecendo a 
Monarquia Constitucional como forma de governo e dividindo o país em províncias 
chefi adas por presidentes nomeados pelo imperador. Ficou estabelecida também a 
igualdade perante a lei, a liberdade de religião, a manifestação e pensamento.
Obviamente, esta igualdade perante a lei não contemplava todos os sujeitos 
históricos imersos naquele contexto social. Pela Constituição, fi cava assegurada a 
manutenção das estruturas escravistas e estabelecia-se o voto censitário, ou seja, o 
cidadão para votar deveria ter uma renda mínima, ser homem e maior de 24 anos.
O fechamento da Assembleia Constituinte e o outorgamento desta 
Constituição por D. Pedro geraram fortes descontentamentos entre as elites regionais 
do país, pois limitava a autonomia das províncias e a representação política das 
elites regionais.
A Confederação do Equador
Os atos de centralização do poder e diminuição da força política das elites 
gerou em Pernambuco o ressurgimento do movimento antilusitano que havia sido 
instaurado na Revolução de 1817. A Confederação do Equador de 1824 teve nos 
ideais republicanos e na impressa os meios de propagação das ideias contrárias 
ao governo imperial de D. Pedro I, tendo o Frei Joaquim do Amor Divino e Caneca, 
o Frei Caneca, como uma das principais lideranças do movimento. Segundo Frei 
Caneca (apud MELO, 2001, p. 563), em discurso contra a Constituição de 1824:
Os conselhos das províncias são uns meros fantasmas para iludir 
os povos; porque devendo levar suas decisões à Assembleia Geral 
e ao Executivo conjuntamente, isto bem nenhum pode produzir à 
província; pois que o arranjo, atribuições e manejo da assembleia 
geral faz tudo em último resultado depender da vontade e arbítrio 
do Imperador, que arteiramente avoca tudo a si e de tudo dispõe a 
seu contento.
GUIA DE ESTUDOGUIA DE ESTUDO
Mas, afi nal, quem era considerado cidadão pela Constituição de 1824? Quem 
tinha estes direitos garantidos pela Carta Magna?
Pesquise e compartilhe com seus colegas no fórum da disciplina.
História do Brasil II38
A insatisfação expressa nesta carta por Frei Caneca demonstrava como os 
confederados sentiam-se sem liberdade política frente aos desmandos que o Poder 
Moderador e a Constituição concediam a D Pedro I. A nomeação de um presidente 
para a província de Pernambuco por parte do imperador foi o estopim para o início 
da revolta e a proclamação da Confederação do Equador.
A Confederação do Equador, iniciada em 03 de julho de 1824 em Pernambuco, 
conquistou adesão de elites nas províncias do Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e 
Paraíba. Para Flávio José Gomes Cabral (2006), a Confederação do Equador e os 
movimentos de contestação são testemunhas da insatisfação que as elites sentiam, 
“[...] foi, sobretudo um ensaio de tomada de poder por grupos das elites que não 
queriam se curvar ao projeto político centralizador e autoritário do Estado Nacional 
nascido em 1822” (CABRAL, 2006, p. 47).
Apesar do alcance territorial da Confederação do Equador, as tropas imperiais 
não encontraram dificuldades para derrotar os revoltosos, especialmente com o 
envio do comandante Cochrane. Os líderes do movimento, exemplo de Frei Caneca, 
foram presos e condenados à morte. Uma forma de exemplificar o que aconteceria 
aos demais sujeitos que ousassem ir contra o governo imperial. Entretanto, apesar 
da derrota dos confederados, segundo Boris Fausto (2004), as marcas da revolução 
de 1824 não seriam apagadas facilmente. De fato, ela pode ser vista como parte de 
uma série de rebeliões e revoltas que ocorreram em Pernambuco entre 1817 e 1848.
Fique sabendo:
“Frei Joaquim do Amor Divino Caneca nasceu no Recife, no dia 20 de agosto 
de 1779, recebendo o nome de Joaquim da Silva Rabelo. Filho do português Domingos 
da Silva Rabelo e Francisca Maria Alexandrina de Siqueira, que moravam em Fora de 
Portas, próximo do demolido Arco do Bom Jesus. Seu pai era tanoeiro – fabricava 
vasilhames de flandres, daí o apelido de Caneca. Foi um dos grandes pensadores 
literários no momento da Independência brasileira. Vivia em Pernambuco quando 
da inquietação em torno da separação com Portugal e lugar onde a agitação era 
maior do que no resto do país. Muito combativo, lutava contra o despotismo (o 
poder absoluto e autoritário) e as relações de dependência que caracterizavam a 
situação colonial.”
Fonte: DOBBIN, Elizabeth. Frei Caneca. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, 
Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: 06 jul. 
2016.
História do Brasil II 39
A abdicação de D. Pedro I
No transcorrer dos anos de 1820, o governo monárquico de D. Pedro I 
encontrou resistências políticas em diversas províncias. Estas revoltas ocorreram, 
principalmente, após a centralização do poder absoluto nas mãos do imperador 
por meio do Poder Moderador e das prerrogativas que a Constituição de 1824 
lhe conferia: nomeação de presidentes das províncias e dissolução da Assembleia 
Constituinte. Esta, aliás, só voltou a ser convocada em 1826.
Naquela mesma década, aliada às questões políticas internas brotou na região 
da Cisplatina uma guerra pela independência da região frente ao Brasil. Tratava-
se da separação do Brasil e entrada nas Províncias Unidas do Rio da Prata, futura 
Argentina. A guerra mostrou-se, ao longo dos anos de embate, um total desastre 
em termos de campanha – várias derrotas – e prejuízos financeiros com as tropas 
brasileiras – constituídas por brasileiros e estrangeiros contratados no exterior. 
Somado a esses percalços, a perda de militares em combates e o recrutamento 
forçado tornavam o imperador cada vez mais impopular.
Segundo Boris Fausto (2004), os gastos advindos com a guerra promovida na 
região da Cisplatina só vieram a agravar a deficiente economia imperial. Apesar da 
crescente exportação de produtos como o café, os preços vinham diminuindo ao 
longo dos anos. Além disso, as rendas do governo central, dependentes em grande 
medida do imposto sobre as importações, eram insuficientes.
Outro agravante na economia deu-se por conta da grave crise financeira do 
Banco do Brasil. D. João VI retirou, antes de sua partida para Portugal, o ouro que 
estava depositado no banco. A solução adotada por D. Pedro foi a emissão de moedas 
de cobre, gerando o aumento de custo de vida e favorecendo a desvalorização do 
papel-moeda. Em 1829, o Banco do Brasil foi fechado pelo governo imperial.
Uma das medidas adotadas por D. Pedro I para diminuir a crise política foi 
o controle do Senado com a escolha dos senadores mediante a lista tríplice de 
candidatos de cada província, escolha que era prerrogativa do imperador. Essa 
decisão procurava equilibrar as forças políticas na capital do império, haja vista 
a forte eleição de Deputados de oposição ao regime monárquico centralizador 
exercido por D. Pedro I. 
História do Brasil II40
Para Mário Maestri (1997), um conjunto de fatores levaram D. Pedro I a perder 
apoiopolítico de setores antes favoráveis ao seu governo. Dentre esses fatores, o 
autor enumerou:
A péssima situação financeira do Estado, o comportamento 
autocrático de dom Pedro I e de seus ministros, seu envolvimento 
na política portuguesa, sua desregrada vida pessoal, o fracasso da 
aventura expansionista na Cisplatina, o privilégio concedido aos 
lusitanos com a nomeação e promoção dos oficiais militares e 
administrativos, tudo corroia inexoravelmente o prestígio do jovem 
soberano. Uma outra importante causa de sua queda foi a adesão 
às reivindicações inglesas e abolição do tráfico transatlântico de 
escravos (MAESTRI, 1997, p. 57).
 A combinação de variados fatores internos e externos aumentava, cada 
dia mais, a pressão sobre D. Pedro I. Neste período, a divisão das forças políticas 
brasileiras estava alicerçada na cisão entre liberais e absolutistas. Estes últimos, 
defensores de um imperador forte e centralizador que garantisse a ordem e a 
propriedade, sem espaços para contestação dos privilégios adquiridos ao longo 
dos anos. Os liberais, por sua vez, buscavam também a garantia da ordem e da 
propriedade, mas almejavam a conquista da liberdade constitucional.
Finalmente, destacamos a pressão sofrida por D. Pedro I após a morte de 
D. João VI em Portugal. De um lado, existia a desconfiança de que o imperador 
fosse optar pela unificação dos reinos, rebaixando novamente o Brasil a condição 
de Reino Unido de Portugal e Algarves. Do outro lado do Atlântico, a pressão fazia-
se sentir na insistência dos liberais portugueses para o retorno de D. Pedro I para 
assumir o trono português.
Isolado politicamente e em meio à crise econômica e política, D. Pedro I 
constituiu um novo ministério após os episódios que ficaram conhecidos como 
Noite das Garrafadas. Segundo Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves e Humberto 
Fernandes Machado (1999), em O Império do Brasil, o clima de incerteza tomou 
conta quando a repentina mudança do Ministério, que passava a ser composto 
pelos auxiliares mais próximos e fiéis ao imperador, todos com títulos de nobreza, 
fazendo surgirem boatos de que um golpe seria dado por D. Pedro I.
Sem apoio da população e dos militares, a saída encontrada por D. Pedro I 
foi a abdicação do trono do Brasil, favorecendo seu filho, o futuro D. Pedro II. Em 
História do Brasil II 41
Portugal, conseguiu reaver o trono lusitano após derrotar seu irmão e colocar sua 
filha no trono.
Fique sabendo: Noite das Garrafadas
“O principal conflito que precede a Abdicação, conhecido como Noite das 
Garrafadas, estendeu-se do dia 11 ao dia 15 de março de 1831 pelas ruas do Rio de 
Janeiro. O levante das Garrafadas é iniciado na noite do dia 11 em uma comemoração 
organizada pelos comerciantes do Rio de Janeiro para saudar o Imperador do retorno 
de sua viagem à província de Minas Gerais. No dia 11 de março, foram organizados 
festejos com fogueiras e fogos de artifício nos quadriláteros delimitados pelas ruas 
da Quitanda, dos Ourives, da Direita e das Violas pelos que apoiavam o governo 
de D. Pedro I. Acender fogueiras nas comemorações públicas ou nos dias santos 
e beber, cantar e dançar era um costume antigo dos portugueses. O que se falava 
era que os portugueses estavam organizando a algazarra e na noite do dia 11 
começaram as agressões.”
Fonte: PANDOLFI, Fernanda C. A imprensa e a abdicação de D. Pedro I em 1831: 
História e Historiografia. In: Anais do XVIII Encontro Regional de História – O 
historiador e seu tempo. ANPUH/SP – UNESP/Assis, 24 a 28 de julho de 2006, p. 7.
História do Brasil II42
História do Brasil II 43
3
REGÊNCIAS E REVOLTAS NO BRASIL 
IMPERIAL
CONHECIMENTOS
Compreender as estruturas políticas do período regencial e caracterizar as revoltas 
do período.
HABILIDADES
Identifi car a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou 
rupturas em processos de disputa pelo poder.
ATITUDES
Desenvolver o pensamento crítico acerca das relações de poder na sociedade.
História do Brasil II44
Regência e Reformas Liberais
 O período regencial no Brasil transcorreu entre a abdicação de D. Pedro I 
e a ascensão de D. Pedro II ao trono do Brasil. Aqueles anos entre os dois reinados 
são caracterizados por Lilia Moritz Schwarcz, em As Barbas do Imperador, como 
um período de grande efervescência política. Segundo a autora, “[...] os nove anos 
das Regências se desenvolveriam em clima conturbado, com uma série de rebeliões 
estourando em diversos pontos do país” (SCHWARCZ, 1998, p. 53).
Nesse mesmo sentido, Boris Fausto (2004), em História do Brasil, apontou 
o período regencial como um dos mais agitados da história do Brasil, onde esteve 
“[...] em jogo a unidade territorial do Brasil, e o centro do debate político foi dominado 
pelos temas da centralização ou descentralização do poder, do grau de autonomia 
das províncias e da organização das Forças Armadas” (FAUSTO, 2004, p. 161). 
Outro autor que destacou esse cenário de agitação política foi José Murilo 
de Carvalho (1996). Em O Teatro de Sombras, o autor nos afirma que o período 
das Regências expressou as dificuldades encontradas para se estabelecer o 
processo de dominação monárquico. No período regencial, segundo o autor, 
as elites brasileiras assumiram o poder político do país com suas diferenças de 
posições e perspectivas políticas. Cabe ressaltar que, segundo Carvalho (1996), 
ainda não existiam partidos políticos formados.
 Ainda com relação ao que configuraria esse contexto, Caio Prado Junior 
(1999), em Evolução Política do Brasil, afirmou que este momento foi singular na 
história do Brasil pela participação popular nos embates regenciais. Para o autor, 
as classes médias reagiram à política de dominação exercida pelas oligarquias 
agrárias nas diversas revoltas do período.
Durante o período regencial foram travadas iniciativas de adotar políticas 
liberais que garantissem as liberdades individuais e maleabilidade ao sistema 
político do país. Entretanto, como veremos nesta unidade, essas tentativas de 
mudanças acabaram gerando confrontos entre as elites regionais e o governo 
imperial. Ademais, conforme advertiu Boris Fausto, não existiu uma unicidade 
das elites sobre qual arranjo institucional deveria ser seguido para preservar os 
interesses deste grupo. Não havia, segundo o autor, “[...] clareza sobre o papel do 
Estado como organizador dos interesses gerais dominantes, tendo para isso de 
História do Brasil II 45
sacrifi car em certas circunstâncias interesses específi cos de um determinado setor 
social” (FAUSTO, 2004, p. 162).
A formação do governo da Regência Trina Provisória buscou, por meio dos 
políticos nomeados abaixo, um equilíbrio no arranjo político. Dentre as medidas 
tomadas neste triunvirato, temos a anistia para todos os presos e/ou sentenciados 
por crimes políticos e a proibição de ajuntamentos públicos na capital. Na Regência 
Trina Permanente, a transformação do Império em uma monarquia federativa foi 
um dos temas que geraram mais controvérsias. Segundo Marco Morel (2003), em 
O Período das Regências, a adoção do federalismo aparecia como contraponto a 
uma estrutura governamental centralizadora.
O governo das Regências Trina e Una fi caram a cargo dos seguintes 
políticos:
Tabela 1 - Relação dos regentes
Fonte: Elaborada pelo autor.
De modo geral, a elite brasileira esteve dividida em três grupos políticos 
nesse período regencial: os restauradores, que defendiam o retorno de D. Pedro 
I ao Brasil para reassumir o trono e mostravam-se contrários as reformas sociais 
e econômicas; os liberais exaltados, que pertenciam e/ou eram ligados à classe 
média urbana, sem, contudo, deixarem de ter aproximações com a elite rural e que 
GUIA DE ESTUDOGUIA DE ESTUDO
Caro estudante, a que grupos políticos e seguimentos sociais esses sujeitos 
pertenciam? O que defenderam em seus governos? Quais medidas adotaram? 
Pesquise e compartilhe suas análises com os demais colegas e tutor no fórum de 
conteúdo da disciplina de História do Brasil II.História do Brasil II46
defendiam um governo monárquico federalista com autonomia das províncias; e 
os liberais moderados, grupo que tinha como integrantes membros da aristocracia 
rural e defendiam uma monarquia constitucional. Este último grupo foi a tendência 
que dominou o cenário político no período das Regências.
Segundo Mário Maestri (1997), em Uma História do Brasil Império, esses 
grupos políticos travaram, durante o período regencial, disputas que envolveram 
propostas de reformas políticas. Para o autor, as Regências Trina (1831 a 1835) e 
Una (1835 a 1837):
[...] expressaram o ensaio de uma tímida transigência do 
autoritarismo dos grandes proprietários do Sudeste com as 
tendências federalistas que não cessavam de se fortalecer. Os 
liberais moderados foram os agentes da tentativa de construção 
de um novo pacto político. Eles propunham reformas no interior 
do regime centralizador e monárquico e tiveram que combater os 
restantes das facções sociais subalternas. (MAESTRI, 1997, p. 73).
Dentre as reformas implementadas no período regencial, temos a lei 
que regulamentou a Regência Trina e que restringiu o poder do Executivo frente 
ao Legislativo, não permitindo mais a sua dissolução pelos regentes. Outra 
modificação com as reformas foi a criação da Guarda Nacional e a dispensa dos 
militares estrangeiros. Essas reformas desagradaram os conservadores que não 
concordavam com a autonomia das províncias. Sobre essas medidas e as revoltas 
regenciais, abordaremos nos tópicos seguintes.
 Marco Morel (2003), em O Período das Regências, adverte para a 
importância desse período e das mudanças em curso nesse momento chave da 
construção da nação brasileira. Para o autor, o período foi “[...] tempo de esperanças, 
inseguranças e exaltações, tempo de rebeldia e de repressão, gerando definições, 
cujos traços essenciais permanecem na sociedade” (MOREL, 2003, p. 10).
O controle: a Guarda Nacional e o Código de Processo 
Criminal
A criação da Guarda Nacional, em 1831, por decisão do padre Feijó, 
estabeleceu a organização de uma nova força que buscava conter manifestações 
em âmbitos local e nacional. Com a criação da Guarda Nacional, todo cidadão 
entre 21 e 60 anos de idade e que fosse votante nas eleições primárias estaria 
História do Brasil II 47
obrigado a compor seus quadros. Reservava-se, geralmente, o cargo de ofi cial 
para os grandes fazendeiros. 
A Regência Trina tinha outras surpresas guardadas no bolso, 
entre elas a criação da Guarda Nacional: uma força pública a 
ser usada pelo poder central para conter manifestações e motins 
(SCHWARCZ; STARLING, 2015, p. 247).
 Segundo Ilmar Mattos (1987), a Guarda Nacional criada nos moldes da 
guarda francesa tinha como concepção o “cidadão armado”, atendendo as medidas 
descentralizadoras que estavam sendo colocadas em prática nas Regências.
Para Magali Engel (2002, p. 319), “[...] mais do que uma força repressiva, 
o papel primordial exercido pela Guarda Nacional foi o de expressar, no plano 
simbólico, a ordenação elitista da nação que se pretendia forjar”. Uma organização 
descentralizada, organizada no plano provincial.
Na maior parte do período regencial, a Guarda Nacional atuou para coibir 
e acabar com as revoltas provinciais que buscavam contestar o governo central. 
A chefi a da Guarda Nacional fi cou a cabo, em muitos casos, de Luís Alves de 
Lima e Silva, o Duque de Caxias. Esse contingente formou um segundo braço de 
repressão do governo regencial, passando, inclusive, a ser utilizado no lugar do 
Exército em alguns casos. 
Ademais, o Exército, naquele período, era uma instituição mal organizada, 
vista pelo governo com muita suspeita. A base do Exército preocupava, pois era 
formada por gente mal paga, insatisfeita e propensa a aliar-se ao povo nas rebeliões 
urbanas (FAUSTO, 2004). O alistamento obrigatório para a Guarda Nacional acabou 
agravando os quadros do Exército ao desfalcar o seu contingente. 
Acesse o link: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-
37497-18-agosto-1831-564307-publicacaooriginal-88297-pl.html>. 
Confi ra na íntegra a lei de criação da Guarda Nacional, Lei de 18 de agosto 
de 1831: Cria as Guardas Nacionais e extingue os corpos de milícias, guardas 
municipais e ordenanças.
História do Brasil II48
Outra medida de controle no período regencial foi o Código de Processo 
Criminal que passou a vigorar em 1832, estabelecendo as normatizações para a 
aplicação do Código Criminal de 1830. Dentre as mudanças advindas com sua 
aplicação, temos o maior poder de juízes de paz, eleitos nas localidades, que 
poderiam a partir de agora prender e julgar sujeitos acusados de cometer crimes 
de pequena gravidade. 
O Código de Processo Criminal também criou o júri, utilizado para julgar a 
maior parte dos delitos. A criação do habeas corpus também foi a partir do Código de 
Processo Criminal e permitiu a liberdade de pessoas que fossem presas ilegalmente. 
Para Hamilton M. Monteiro, em Brasil Império, o Código de Processo Criminal 
permitiu a elite agrária do país, por meio dos coronéis, “consagrar o arbítrio” do 
poder sobre o espaço de influência. Com os poderes atribuídos a Guarda Nacional 
e a organização da justiça proposta pelo Código, “[...] assiste-se à abertura de 
processos forjados e prisões sem culpa, com os quais os senhores da localidade 
intimidavam e neutralizavam seus adversários” (MONTEIRO, 1994, p. 33-34).
Refletindo:
A Guarda Nacional e os Coronéis
“Os coronéis sobreviveram à Guarda Nacional e à República Velha. O 
fenômeno não deixou de existir e se adaptou aos novos tempos. Eles empregam 
novos métodos de dominação. Um deles é o controle dos meios de comunicação, 
como rádio e televisão. O coronel de hoje não é o fazendeiro de terno branco, botas 
e chicote de couro na mão.
Atualmente, seu poder se faz sentir de uma forma talvez mais sutil [...]. Em 
muitos casos, esses novos coronéis são descendentes diretos dos antigos, em um 
notável fenômeno de reprodução do poder”.
RÊGO, André Heráclio. Uma vez coronel, sempre coronel. Revista de 
História, Rio de Janeiro: Sabin, ano 5, n. 60, set. 2010, p. 61.
História do Brasil II 49
GUIA DE ESTUDOGUIA DE ESTUDO
Caro estudante, a partir da leitura da citação acima, refl ita sobre como a prática 
de dominação dos coronéis (antigos chefes da Guarda Nacional nas províncias) 
permaneceu e transformou-se ao longo do tempo. Quais práticas foram utilizadas e 
reorganizadas pelos coronéis?
História do Brasil II50
O Ato Adicional de 1834 e o Golpe da Maioridade
O Ato Adicional de 1834, como o próprio nome define, adicionou alterações 
na Constituição de 1824, já que o período regencial possuía características 
organizacionais e políticas diferentes do Primeiro Reinado. Dentre as modificações, 
podemos citar: o não exercício do Poder Moderador pelos Regentes; a extinção 
do Conselho de Estado; a criação das Assembleias Provinciais, responsáveis por 
prever as despesas dos municípios e províncias, cobrar impostos para suprir essas 
despesas e demitir e nomear funcionários públicos; a repartição das rendas entre 
os governos central, provincial e municipal. 
Para Hamilton Monteiro (1994), o Ato Adicional de 1834 constituiu-se como 
o coroamento das medidas que buscavam a descentralização do poder do Estado, 
garantindo a possibilidade de aumento do poder das elites regionais.
Outra transformação que ficou determinada pelo Ato Adicional foi a mudança 
no formato das Regências, deixando de serem trina. O governo passaria a ser 
regido por apenas uma pessoa. O primeiro eleito, Diogo Antônio Feijó, integrante do 
Partido Liberal, não conseguiu concluir seu mandato devido pressões do legislativo, 
amplamente constituído por políticos ligados ao Partido Conservador. 
Para Marco Morel (2003), no governo de Feijó umas das principais 
transformações foi a criação da Guarda Nacional, voltada para o fortalecimento dos 
proprietários e senhores locais e do poder central. Após sua renúncia, a Regência 
passou para o comandode um conservador, Pedro de Araújo Lima.
Ao assumirem o poder, os conservadores aprovaram na Câmara uma lei 
que permitia a interpretação de dispositivos do Ato Adicional de 1834. Essa nova lei, 
centralizava o judiciário. A contraofensiva dos liberais foi a aprovação da maioridade 
de D. Pedro II aos 15 anos de idade na Câmara, possibilitando sua ascensão ao 
trono.
Segundo Lilia Moritz Schwarz (1998), desde os primeiros anos das 
Regências, já se cogitava a antecipação da ascensão de D. Pedro II ao trono. 
Esse cenário era incentivado pelo clima de instabilidade e pelas medidas 
descentralizadoras adotadas. 
História do Brasil II 51
Assim, de acordo com a autora:
 [...] se o projeto de antecipar a maioridade não passou, a princípio, 
de uma manobra política, o certo é que aos poucos a medida foi 
tomando “ares de salvação nacional”. É o partido liberal em 1840, 
com a criação do Clube da Maioridade, que dá forma ao projeto 
(SCHWARZ, 1998, p. 67).
Dessa forma, o Ato Adicional reconfi gurou os grupos políticos do país. Os 
restauradores passaram a apoiar o Partido Conservador ou Regressista. Do outro 
lado, parte dos exaltados e os moderados passaram a apoiar o Partido Liberal ou 
Progressista. Para José Murilo de Carvalho (1996), esses dois partidos, conservador 
e Liberal, foram as formações iniciais dos partidos políticos no Brasil, antes disso, 
existiam apenas “organizações políticas”.
Segundo Mário Maestri (1997), esses arranjos e rearranjos políticos 
consistiram em uma tentativa de acordo do bloco dominante no poder com as 
facções liberais moderadas. Esse acordo, mesmo tímido, permitiu a debilitação das 
forças liberais e federalistas regionais.
As disputas políticas entre Conservadores e Liberais contou ainda com 
a aprovação da reforma do Código de Processo Criminal. Por essa reforma, 
magistrados e delegados poderiam exercer as atribuições dos juízes de paz. O 
delegado também fi cou sendo o responsável por escolher os jurados, que deveriam 
ser alfabetizados. Essas mudanças buscavam restringir a infl uência dos fazendeiros, 
fortalecendo o governo central em detrimento da autonomia provincial. Para Mário 
Maestri (1997), essas mudanças centralizadoras e autoritárias refl etiam claramente 
a defesa da ordem escravista no país pelos grandes proprietários. 
Caro estudante, acesse o link e confi ra na integra a Lei do Ato Adicional de 
1834.
LEI Nº 16 DE 12 DE AGOSTO DE 1834: Faz algumas alterações e adições à 
Constituição Política do Império, nos termos da Lei de 12 de outubro de 1832. Link: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LIM/LIM16.htm>.
História do Brasil II52
As revoltas regenciais
No período regencial, eclodiram vários movimentos de contestação ao 
governo imperial. Contestações que envolviam aspectos sociais, econômicos e 
políticos entre segmentos da sociedade e entre elites provinciais e império. Dentre 
as revoltas ocorridas nas Regências, podemos citar: Guerra dos Farrapos, Sabinada, 
Cabanagem, Revolta dos Malês e Balaiada. Marco Morel (2003) assinala que esse 
período registrou muita violência num tempo tão curto e em extensões de terra 
bastante largas que nenhum outro momento da história do Brasil compara-se a essa 
fase da monarquia.
Para José Murilo de Carvalho (1996, p. 230), “[...] a melhor indicação das 
dificuldades em estabelecer um sistema nacional de dominação com base na solução 
monárquica encontra-se nas rebeliões regenciais”. Ainda segundo o referido autor, 
podemos separar as revoltas desse período em dois grupos. Um primeiro que 
apresentou revolta das populações urbanas e contou como protagonistas a tropa e 
o povo. Um segundo período em que a descentralização das revoltas com a eclosão 
de movimentos no interior revelou perigos mais graves a ordem pública e para a 
própria sobrevivência do país.
A Guerra dos Farrapos ou Farroupilha, iniciada no Rio Grande do Sul e 
desenvolvida entre os anos de 1835 e 1845, teve como líderes os grandes estancieiros 
criadores de gado. Segundo Boris Fausto (2004), o descontentamento dos gaúchos 
para com o governo central já vinha de longa data, pois se sentiam explorados com 
a carga de impostos que pagavam. Além dessa questão, eles queriam acabar com a 
taxação de gado na fronteira com o Uruguai ou reduzi-la e receavam que a criação 
da Guarda Nacional interferisse negativamente nas suas organizações militares.
A Guerra dos Farrapos causou grande impacto político e econômico 
no período imperial nos seus dez anos de duração. A instauração de governos 
republicanos na região sul do país foi significativa da grande expressão e força que 
os farrapos tiveram no regime monárquico. Ao iniciarem o movimento farroupilha, 
os rebeldes fundaram a República de Paratini, oficializando a separação do Rio 
Grande do Sul do restante do país monárquico. Ressaltamos que, apesar de ser um 
regime republicano, os farrapos mantiveram a escravidão e o voto censitário.
História do Brasil II 53
Entre as principais lideranças estavam Bento Gonçalves, Giuseppe Garibaldi 
e Davi Canabarro. Estes dois últimos expandiram a ação dos farrapos para a província 
de Santa Catarina, conquistando a cidade de Laguna e proclamando a República 
Juliana em 1839.
Em 1845, após dez anos de combate entre farroupilhas e tropas ofi ciais do 
governo central, a guerra foi encerrada com a assinatura de um acordo que previa 
anistia geral para os revoltosos e a incorporação destes ao Exército nacional. Ademais, 
conforme nos adverte Boris Fausto (2004, p. 170), “[...] a posição do governo central 
foi entremeada de combate e concessões aos rebeldes”. O término dos combates 
aconteceu após a assinatura de um acordo de paz negociado entre os farroupilhas 
e Duque de Caxias, comandante das tropas imperiais.
Outra revolta ocorrida no período regencial que tinha como um dos objetivos 
a proclamação de uma República foi a Sabinada. Movimento eminentemente 
urbano, contou com a participação de trabalhadores livres, profi ssionais liberais e 
soldados, que se iniciou em 7 de novembro de 1837 e propunha a separação da 
Bahia do restante do país. Segundo Marco Morel (2003), a Sabinada tinha tendências 
à República, mas essas nem sempre eram evidenciadas. Dentre as motivações para 
seu desfecho, esteve o protesto contra a centralização do poder imperial.
Liderado pelo médico e jornalista Francisco Sabino Álvares da Rocha, a 
Sabinada durou aproximadamente quatro meses e teve como uma de suas propostas 
a libertação dos escravos que haviam nascido no Brasil e participado ativamente nos 
combates. Os demais, estrangeiros, continuariam cativos. A revolta foi reprimida 
pelas tropas imperiais e seus principais líderes foram presos e condenados à morte. 
Após a ascensão de D. Pedro II ao trono, as penas foram reduzidas e os condenados 
foram degredados para regiões distantes da Bahia.
GUIA DE ESTUDOGUIA DE ESTUDO
Caro estudante, convidamos você para pesquisar sobre a biografi a/trajetória 
desses sujeitos históricos que lideraram a Guerra dos Farrapos. A que grupos sociais 
pertenciam? Quais foram suas ações na revolta?
Compartilhe os resultados da pesquisa com seus colegas e tutor no Ambiente 
Virtual.
História do Brasil II54
A Revolta dos Malês, ocorrida na Bahia entre os dias 24 e 25 de janeiro de 
1835, envolveu escravos de diversas etnias com a predominância de origem ioruba. 
A revolta foi duramente reprimida pelo governo que temia sua expansão inspirada 
no movimento vitorioso ocorrido no Haiti entre os anos de 1791 e 1804. 
A organização da Revolta dos Malês foi desenvolvida principalmente por 
escravos mulçumanos. Para João José Reis (2003), em a Rebelião Escrava, o levante 
dos escravos foi um movimento político e teve como um dos objetivos tomar o 
governo. O movimento foi derrotado e seus envolvidos presos, condenados a pena 
de morte e/ou tirados do Brasil e enviados para a África.
Outro movimento de contestação no período regencial, a Balaiada, teve 
início em 1838 e durou até 1841. Segundo Marco Morel (2003, p. 64),essa revolta 
foi “[...] o caso mais evidente de transbordamento da atividade política dos grupos 
urbanos e letrados para as camadas pobres da população, que se apropriaram dos 
embates políticos e sociais, levando-os adiante”. Esse transbordamento é entendido 
a partir das fases que o movimento adquiriu ao longo de sua duração.
A Balaiada teve início a partir do descontentamento da elite local maranhense 
criadora de gado com a instituição da Lei dos Prefeitos. Essa lei determinava que 
os prefeitos das cidades deveriam ser nomeados pelo presidente da província, 
diminuindo o poder de influência e comando dos grandes criadores. A partir de 
1839, o movimento passou a ter liderança de homens livres pobres, exemplo do 
vaqueiro Raimundo Gomes e do vendedor de balaios Manuel dos Santos Ferreira. 
Nessa segunda fase da Balaiada, várias cidades foram conquistadas, criando a 
necessidade, por parte do governo central, de enviar tropas da Guarda Nacional 
e o general Luís Alves de Lima e Silva para combaterem os balaios. A última fase 
do movimento foi a mais radical com a participação e liderança de escravos e ex-
escravos. A radicalização fez com que os grandes criadores de gado e outros grupos 
da elite se reorganizassem, juntamente com as tropas imperiais, para debelar os 
revoltosos.
Finalmente, mas não menos importante do que outras revoltas, a 
Cabanagem, ocorrida no Grão-Pará entre os anos de 1835 e 1836, teve como 
uma de suas motivações o descontentamento da elite paraense com a constante 
indicação de políticos não nascidos na província para governá-la. Além dessa 
questão de autonomia, podemos elencar como fator para desencadear a revolta a 
História do Brasil II 55
forte desigualdade social expressa nas péssimas condições de vida de grande parte 
da população livre e pobre.
Para Magda Ricci (2006), a Cabanagem teve uma dimensão grandiosa pelo 
espaço territorial que atingiu e pela quantidade de sujeitos envolvidos. Calcula-
se que tenham morrido mais de 30 mil pessoas nesta revolta. Apesar da grande 
proporção que a revolta adquiriu, a historiografia buscou interpretar o movimento 
como sendo eminentemente regional. Entretanto, segundo a autora:
[...] os cabanos e suas lideranças vislumbravam outras perspectivas 
políticas e sociais. Eles se autodenominavam ‘patriotas’, mas ser 
patriota não era necessariamente sinônimo de ser brasileiro. Este 
sentimento fazia surgir no interior da Amazônia uma identidade 
comum entre povos de etnias e culturas diferentes. Indígenas, 
negros de origem africana e mestiços perceberam lutas e problemas 
em comum (RICCI, 2006, p. 5-6).
Essa identidade em comum era reforçada pelo ódio ao poder de mando local 
e central sofrido pelos cabanos. As disputas envolvendo o presidente da província, 
Bernardo Lobo de Souza, o padre Batista Campos e o fazendeiro Félix Clemente 
Malcher deram início ao processo belicoso. Após a prisão de Malcher e a morte de 
Campos, os rebeldes invadiram Belém e tomaram o poder e nomearam Malcher 
presidente da província.
Apesar de comungarem com o mesmo ideal, o combate ao governo central 
não havia unidade entre os rebeldes. Exemplo dessas disparidades entre os rebeldes 
foi a aceitação por parte de Malcher de encerrar a revolta caso fosse reconhecido 
como presidente da província pelo governo regencial. Essa atitude não contou com 
a aprovação das camadas mais baixas do movimento, resultando na negativa para 
deporem as armas. Após esse episódio, os cabanos permaneceram no poder por 
mais de um ano, desafiando e impondo derrotas ao governo das Regências (MOREL, 
2003). Em 1836, o governo central enviou tropas para sitiar Belém e debelar a revolta, 
prendendo e matando centenas de integrantes das forças oposicionistas. Os líderes, 
Eduardo Angelim e Francisco Vinagre foram presos e condenados à deportação em 
Fernando de Noronha.
 As revoltas ocorridas no período regencial não possuíram uma uniformidade 
em suas motivações e grupos de sujeitos que as integraram. As elites regionais, 
buscando maior autonomia e diminuição da interferência do governo central, 
História do Brasil II56
estiveram presentes em vários levantes, mas acabaram, também, recuando em 
outros a partir da radicalização dos movimentos de contestação dos seus privilégios. 
Segundo Boris Fausto (2004, p. 164):
As revoltas do período regencial não se enquadram em uma moldura 
única. Elas tinham a ver com as difi culdades da vida cotidiana e as 
incertezas da organização política, mas cada uma delas resultou 
de realidades específi cas, provinciais ou locais. Muitas rebeliões, 
sobretudo até meados da década iniciada em 1830, ocorreram nas 
capitais mais importantes, tendo como protagonistas a tropa e o 
povo. No Rio de Janeiro, houve cinco levantes, entre 1831 e 1832. 
Em 1832, a situação se tornou tão séria que o Conselho de Estado 
foi consultado sobre que medidas deveriam ser tomadas para salvar 
o imperador menino, caso a anarquia se instalasse na cidade e as 
províncias do Norte se separassem das do Sul.
 A crescente onda de revoltas nas Regências, espalhadas por grande parte 
do país, denotavam a urgência de um novo governo que retomasse a força e o 
prestígio imperial. Assim, conforme vimos no início desta unidade, o Partido Liberal 
passou a trabalhar para que D. Pedro II assumisse o trono, antecipando a maioridade 
do rei.
Sugerimos que leia o livro O período das Regências (1831-1840), de autoria 
do historiador Marco Morel. Excelente obra que busca discutir o campo político, as 
tensões sociais e econômicas do Brasil no período regencial, momento chave para 
a construção da nação.
Referência: MOREL, Marco. O período das Regências (1831-1840). Rio de 
Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2003.
História do Brasil II 57
História do Brasil II58
4
O SEGUNDO REINADO E A 
CONSOLIDAÇÃO DO IMPÉRIO
CONHECIMENTOS
 Compreender os confl itos políticos na consolidação do Estado nacional.
HABILIDADES
 Relacionar as diversas concepções de Estado no passado, comparando as 
permanências e mudanças na contemporaneidade.
ATITUDES
Desenvolver o pensamento crítico acerca da construção do Estado, da 
história e da identidade nacional.
História do Brasil II 59
A disputa entre Liberais e Conservadores
 Passados os anos do período regencial e a ascensão de D. Pedro II ao trono 
do império no Brasil, o contexto político da jovem nação ganha maior estabilidade 
com a diminuição dos movimentos de contestação nas diversas regiões do país.
Nesse momento inicial do Segundo Reinado, dois grupos políticos 
detinham maior envergadura nas disputas. Ademais, as revoltas ocorridas no 
período regencial contribuíram para aumentar as disputas e divergências entre 
estes dois grupos políticos de maior expressão no encerramento das Regências: 
Conservadores e Liberais, consolidados a partir do fi nal da década de 1830. Para 
muitos contemporâneos da época, as diferenças não eram assim tão grandes, haja 
vista a famosa frase atribuída a Holanda Cavalcanti, “nada se assemelha mais a um 
‘saquerema’ do que um ‘luzia’ no poder”. A frase buscava expressar a semelhança 
dos dois partidos políticos no exercício do poder. 
Como garantir a unidade territorial de um país com uma dimensão continental 
e repleto de interesses regionais? Essa questão foi objeto de disputas entre os dois 
partidos identifi cados acima. De modo geral, o Partido Conservador era formado por 
grandes comerciantes, proprietários de terra, altos funcionários do governo e tinha 
o apoio das províncias do Nordeste. O Partido Liberal, por sua vez, era apoiado pelas 
províncias do Centro-Sul e continha em seus quadros senhores rurais e sujeitos das 
camadas médias urbanas. 
Embora em lados opostos, liberais e conservadores, segundo Boris Fausto 
(2004), não possuíam grandes objetivos ideológicos. Para esses grupos, a posse 
do poder representava a chance de obter benefícios para si e seu grupo político. 
Ademais:
Nas eleições, não se esperava que o candidato cumprisse bandeiras 
programáticas, mas as promessasfeitas as seus partidários. 
Conservadores e liberais utilizavam-se dos mesmos recursos 
para lograr vitórias eleitorais, concedendo favores aos amigos e 
empregando a violência com relação aos indecisos e aos adversários 
(FAUSTO, 2004, p. 181).
História do Brasil II60
Podemos afirmar que o Golpe da Maioridade, em 1840, permitiu aos liberais 
o retorno ao centro do poder político do país e inaugurou o período denominado 
de Segundo Reinado (1840-1889) com a ascensão de D. Pedro II ao trono brasileiro. 
A expectativa com o início do reinado de D. Pedro II recaía na esperança do 
fortalecimento do governo central com a garantia da manutenção do sistema 
escravocrata e latifundiário das elites brasileiras, então ameaçado pelas revoltas 
espalhadas no Brasil.
Após assumir o poder, D. Pedro II convidou membros do Partido Liberal para 
comporem o ministério. Entretanto, devido aos conservadores possuírem maioria na 
Câmara dos Deputados, os liberais solicitaram ao rei a dissolução do parlamento e 
que o mesmo convocasse eleições para uma nova composição da casa. Conhecida 
como eleições do cacete, as disputas ocorridas em 1840 foram marcadas por fraudes 
e violências de ambos os lados. Ao final do processo, os liberais saíram vitoriosos e 
estabeleceram o gabinete de governo.
Para José Murilo de Carvalho (1996), a elite política do país foi constituindo-se 
de forma homogênea, resultado da educação e da profissão comuns, sendo grande 
parte da elite política do Brasil formada por sujeitos que possuíam nível superior, 
característica que dava unificação ideológica. 
Segundo Carvalho (1996, p. 33):
[...] a elite brasileira, sobretudo na primeira metade do século XIX, 
teve treinamento em Coimbra, concentrado na formação jurídica, 
e foi, em sua grande maioria, parte do funcionalismo público, 
sobretudo da magistratura e do Exército.
Para o mesmo autor, após o processo de independência, a elite política do 
país conseguiu se reproduzir por meio da formação de seus sucessores nas duas 
escolas de direito e circulação desses por variados cargos e províncias. Essa relação 
de proximidade da natureza da burocracia, da elite e do Estado gerou interpretações 
distorcidas.
Houve, assim, quem visse na elite imperial simples representante 
do poder dos proprietários rurais e no Estado simples executor dos 
interesses dessa classe. Outros, ao contrário, veriam na burocracia e 
na elite um estamento solidamente estabelecido que se tornava, por 
via do Estado, árbitro da nação e proprietário da soberania nacional 
(CARVALHO, 1996, p. 37).
História do Brasil II 61
José Murilo de Carvalho (1996) adverte que nenhuma das interpretações era 
correta. Elementos como a possibilidade de continuidade com a independência, 
estrutura burocrática e o padrão de formação da elite deram ao Estado imperial 
maior capacidade de controle e aglutinação do que seria um simples porta-voz de 
interesses agrários. 
Para o autor, a homogeneidade deu-se a partir da educação comum e da 
participação na burocracia estatal. Assim, “[...] o objetivo da manutenção da unidade 
da ex-colônia rarissimamente seria posto em dúvida por elementos da elite nacional” 
(CARVALHO, 1996, p. 37).
Diversos estudos destacaram a inexistência de qualquer diferenciação política 
entre conservadores e liberais. Outros apontaram diferenças de origem regional, 
urbana e rural como elementos de distinção. Existiam ainda estudos que destacavam 
a classe social como elemento diferenciador.
Assim, apesar da homogeneidade evidenciada por José Murilo de Carvalho 
(1996), os partidos políticos imperiais apresentaram diferenças de posições 
sobre a condução da política nacional e aspectos relacionados à centralização e 
descentralização. Entretanto, estas diferenças não provocaram grandes fissuras, 
apenas reajustes no sistema. Esperar mais do que isso seria irrealista.
O “parlamentarismo à brasileira”
Em 1847, o rei D. Pedro II criou o cargo de Presidente do Conselho de 
Ministros, buscando estabilizar politicamente o país. A criação desse cargo teve 
como inspiração o modelo inglês, mas no Brasil não se seguiu, na prática, o sistema 
britânico. Na Inglaterra, o modelo tinha como prática a escolha do primeiro-ministro 
pelo partido mais votado nas eleições. Indicado pelo partido, o primeiro-ministro 
escolhia os membros do seu ministério. Nesse modelo, o primeiro-ministro de fato 
governava o país.
No Brasil, o sistema parlamentarista funcionou de forma diferente. D. Pedro 
II, utilizando-se da prerrogativa do Poder Moderador, nomeava o Presidente 
do Conselho de Ministros. Cabia a D. Pedro II escolher o gabinete ministerial do 
Presidente. Em seguida, realizavam-se novas eleições com o objetivo de dar maioria 
ao partido que estivesse ocupando o cargo de Presidente do Conselho de Ministros. 
História do Brasil II62
Esta configuração singular foi comumente conhecida como “parlamentarismo 
à brasileira”. Cabe destacarmos, que a Constituição de 1824 não previa o 
parlamentarismo como forma de governo, sendo esse exercido pelo imperador. 
Segundo Boris Fausto (2004), este mecanismo de constante troca de gabinetes, 
com novas eleições, resultou em 36 ministérios diferentes nos cinquenta anos do 
Segundo Reinado. Para o autor:
Aparentemente, havia uma grande instabilidade, mas de fato, não 
era bem isso o que ocorria. Na verdade, tratava-se de um sistema 
flexível que permitia o rodízio dos dois principais partidos no 
governo, sem maiores traumas. Para quem estivesse na oposição, 
havia sempre a esperança de ser chamado a governar. Assim, o 
recurso às armas se tornou desnecessário (FAUSTO, 2004, p. 180).
Nesse mesmo sentido, Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves e Humberto 
Fernandes Machado apontaram que a partir do isolamento dos elementos 
radicais, conservadores e liberais buscaram garantir acordos que preservassem a 
prosperidade e favorecessem a grande propriedade (NEVES; MACHADO, 1999). 
A Conciliação veio, efetivamente, por meio do 12º Gabinete do Império, chefiado 
pelo conservador Honório Hermeto Carneiro Leão. Tratando-se, pois de angariar 
um amplo apoio ao ministério constituído, garantindo a ordem e o progresso das 
instituições monárquicas.
 
A Guerra do Paraguai
A Guerra do Paraguai, ocorrida entre os anos de 1864 e 1870, teve como 
participantes o Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai. Dentre as motivações 
para o início do conflito, podemos elencar as disputas travadas, pelo controle da 
Bacia do Prata, composta pelos rios Paraná, Paraguai e Uruguai.
As disputas entre os países iniciaram com a interferência do Brasil nas questões 
internas do Uruguai, disputado pelos partidos Blanco e Colorado. A ofensiva das 
tropas brasileiras contra os blancos devido ao bloqueio do porto de Montevidéu aos 
navios brasileiros foi o ponto de partida para os embates entre Brasil e Uruguai. Em 
outubro de 1864, o Brasil, apoiando os colorados, invadiu o Uruguai. Em resposta, 
o governo paraguaio, chefiado por Francisco Solano López, que apoiava os blancos, 
cortou relações com o Brasil e aprisionou um navio que ia em direção a Cuiabá. 
Na sequência dos acontecimentos, em novembro, as tropas paraguaias invadiram 
História do Brasil II 63
o estado do Mato Grosso, pretendendo alcançar o Rio Grande do Sul por meio 
da Argentina. Como não receberam autorização para isso, declararam guerra à 
Argentina. 
Após esses conflitos iniciais, formou-se uma Tríplice Aliança entre Brasil, 
Argentina e os colorados do Uruguai com o objetivo de derrotarem as tropas paraguaias, 
o que ocorreu em 1870 com a morte de Solano López. Com a vitória da Tríplice Aliança, 
o Brasil, apesar do “sucesso” bélico, não teve muito o que comemorar com o término da 
guerra. As tropas de D. Pedro II saiam do conflito com aproximadamente 40 mil mortos, 
além do descontentamento devido aos soldos (salários) e promoções. Para o governo, 
ficava uma enorme dívida contraída junto aos ingleses para custear as batalhas. A 
pressão exercida pelo Exército brasileiro sobre D. PedroII após a Guerra do Paraguai é 
representativa da crise da monarquia a partir desse momento. O mapa abaixo apresenta 
os deslocamentos realizados pelas tropas envolvidas na guerra.
Figura 4 - Deslocamentos realizados pelas tropas envolvidas na guerra
Fonte: <http://telecastdehistoria.blogspot.com.br/2011/09/mapa-da-guerra-do-paraguai.html>.
História do Brasil II64
Se para o Brasil o encerramento da guerra não trouxe grandes vantagens, para 
o Paraguai, o conflito mostrou-se um desastre com a perda de parte de suas terras 
para os países vencedores, o pagamento de dívidas da guerra, a drástica redução de 
sua população e a quebra de sua indústria.
Outro ponto que devemos destacar na participação do Brasil nesse conflito foi 
crescimento quantitativo e político que o Exército brasileiro adquiriu com o passar 
dos anos do conflito na região do Prata. O Exército, segundo Boris Fausto (2004), 
consolidou-se nesse período. Até então, não tinha grandes proporções:
[...] o Império contara com um reduzido corpo profissional de oficiais 
e encontrara muitas dificuldades para ampliar os efetivos. Não havia 
serviço militar obrigatório, e sim um sorteio muito restrito, para 
servir no Exército. Os componentes da Guarda Nacional, que eram a 
grande maioria da população branca, estavam isentos desse serviço. 
Até a Guerra do Paraguai, a milícia gaúcha dera conta das campanhas 
militares do Brasil no Prata, mas ela se revelou incapaz de enfrentar 
um exército moderno como o paraguaio (FAUSTO, 2004, p. 214).
Quando do início da guerra, o Exército brasileiro tinha aproximadamente 
18 mil soldados. Uma parcela significativa desse número não possuía o devido 
treinamento para participar de conflitos da magnitude exigida na Guerra do Paraguai. 
Para aumentar o contingente, o governo de D. Pedro II recorreu ao recrutamento 
obrigatório de homens livres e concedeu a liberdade aos escravos da nação (os 
escravos que eram de propriedade do governo). O contato diário entre soldados e ex-
escravos possibilitou o crescimento, dentro do Exército, de posições abolicionistas. 
Dessa maneira, ganhou peso duas questões que colocariam em contestação o 
governo de D. Pedro II, o descontentamento militar e o movimento abolicionista.
A interpretação historiográfica proposta por Francisco Doratioto, com base em 
larga consulta documental, mostra-se menos carregada de simbolismo ideológico. 
Ao longo da obra, o autor buscou compreender as singularidades dos países 
envolvidos no conflito, identificando a presença da ingerência inglesa na região. 
A interpretação de Francisco Doratioto difere das historiografias propostas como 
exaltação dos feitos pelos bravos militares, tanto por parte da brasileira quanto pela 
paraguaia que buscavam solidificar a imagem de heróis.
História do Brasil II 65
Dica de leitura:
Caro estudante,
Convidamos você a ler o livro A Guerra do 
Paraguai de autoria de Francisco Doratioto. Ao final, 
elabore uma resenha crítica e compartilhe suas ideias 
com os colegas no fórum da disciplina.
Referência: DORATIOTO, Francisco. A Guerra do 
Paraguai. 2ª ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991.
O Imperador, o IHGB e a construção da nação brasileira
Foi no processo de consolidação do Estado Nacional brasileiro que 
se viabilizou um projeto de pensar a história do Brasil de forma 
sistematizada. Uma vez instalado o Estado Nacional, impunha-se 
a tarefa de delineamento do perfil para a nação brasileira, capaz 
de garantir uma identidade própria no conjunto mais amplo das 
nações, de acordo com os novos princípios organizadores da vida 
social do século XIX (DIEHL, 1998, p. 24).
O Brasil, recém-saído do período de dominação colonial, buscava constituir-se 
como nação e, para isso, era necessário a construção de uma história nacional e uma 
identidade para o Brasil e seu povo. O Primeiro Reinado e as Regências mostraram-
se conturbados para a efetivação da ideia de uma nação brasileira e a emergência 
de uma identidade nacional. O descontentamento das oligarquias regionais e as 
revoltas ocorridas no período questionavam e colocavam a prova a unidade política 
e territorial do país.
A elite política do país, eminentemente formada por homens letrados, 
preocupada com a fragmentação que poderia resultar dos constantes conflitos e 
busca por autonomia por partes das províncias, buscou construir uma identidade 
nacional capaz de unir toda a diversidade populacional existente no país. Para isso, 
fundaram o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), chancelado pelo 
imperador D. Pedro II, em 1838, no Rio de Janeiro.
História do Brasil II66
O instituto nascia a partir da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional 
(SAIN) e tinha como objetivo maior a construção da história e da identidade nacional 
em um século marcado pelo debate acerca da História como ciência. De acordo 
com Manoel Salgado Guimarães (1988), em Nação e civilização nos trópicos: o 
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o projeto de uma história nacional, 
o IHGB constituiu-se como um espaço privilegiado para a construção da escrita da 
história brasileira. Salgado Guimarães destacou ainda que o século XIX foi marcado 
pela discussão da cientificidade, possibilitando o afastamento da história da filosofia 
e da literatura. Assim, o homme de lettres ganhava ares de pesquisador.
O modelo a ser seguido na construção da história e da identidade nacional era, 
certamente, o europeu, a partir dos princípios iluministas. Nesse cenário, a França 
mostrou-se como exemplo a ser seguido. Manoel Salgado Guimarães apontou que, 
antes mesmo de se constituir como Estado nacional, o Brasil já aspirava aos critérios 
de gosto do homem francês. Essa influência, segundo Sandra Jatahy Pesavento 
(2002), em O Imaginário da Cidade, já se mostrava presente em 1816 quando da 
vinda da missão francesa chefiada por Joachim Lebreton, convocada por D. João VI.
Os quadros do IHGB mostravam estreita ligação com o círculo ilustrado 
do Império, especialmente quando observamos a célebre presença de D. Pedro 
II entre os sócios. Sobre essa relação, Lilia Moritz Schwarcz, em As Barbas do 
Imperador, identificou que, dentre os 27 membros fundadores do instituto, 22 
estavam presentes também no governo imperial, ocupando posições de destaque 
na hierarquia funcional. Entre estes, faziam parte desembargadores, procuradores, 
chefes da Secretaria de Negócios do Império, entre outros. Essa configuração legava 
ao IHGB uma semelhança com a sociedade de corte.
A construção da imagem do jovem imperador foi cuidadosamente construída 
pelos membros do IHGB. D. Pedro II era representado a partir de sua naturalidade 
brasileira e descendente de linhagens tradicionais da Europa. Segundo Lúcia 
Guimarães (1995), em Debaixo da imediata proteção de Sua Majestade Imperial: 
o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1838-1889), representação que 
garantia a D. Pedro II a efígie de “príncipe perfeito” e um futuro promissor para a 
jovem nação.
No século XIX, o IHGB era o principal representante de instituições científicas 
no país, a partir do modelo das academias ilustradas da Europa. Para Manoel 
História do Brasil II 67
Luís Salgado Guimarães, esta configuração demonstrava o caráter iluminista da 
instituição. No Brasil, o Rio de Janeiro desempenhava o papel de Paris na França 
como irradiador das luzes. A relação estrita entre a ilustração francesa e o Brasil 
fica evidenciada quando identificamos que o modelo de agremiação adotado pelo 
IHGB foi o do Institut Historique de Paris. A influência francesa no IHGB conferiu a 
identidade da escrita de seus membros: o modelo branco e europeu de civilização 
a ser seguido.
 Podemos destacar a singularidade do caso brasileiro na construção do 
Estado nação e sua identidade. A postura adotada pelo IHGB buscava reconhecer 
a contribuição da metrópole portuguesa para o avanço do Brasil por meio de sua 
missão civilizadora. O concurso realizado pelo IHGB sobre a melhor maneira para 
se escrever a história do Brasil,vencido por Von Martius, respaldava esta relação de 
contribuição metropolitana, cabendo ao Brasil a tarefa de promover a mistura das 
três raças humanas em sua formação enquanto nação, encabeçada pelo homem 
branco que deveria civilizar o país e guiar o seu progresso. 
Segundo Lilian Moritz Schwarcz (1993), em O Espetáculo das Raças, criado 
após o processo de independência, o IHGB teve como papel a construção de “[...] 
uma história da nação, recriar um passado, solidificar mitos de fundação, ordenar 
fatos buscando homogeneidades em personagens e eventos até então dispersos” 
(SCHWARCZ, 1993, p. 99).
O IHGB nasceu no momento de afirmação da história como ciência e realizava 
um exame minucioso dos documentos, garantindo a cientificidade da história. Assim, 
segundo seus membros, tornava-se necessário a exatidão dos fatos e informações, 
vistas com um olhar de imparcialidade.
Para Lilian Moritz Schwarcz (1998), em As Barbas do Imperador, essas 
características da produção historiográfica do IHGB podem ser identificadas a 
partir do exame de sua revista, composta de três partes distintas. A primeira parte, 
formada por artigos e documentos, tratava de temas importantes a agremiação, 
interpretação de textos históricos e análises acerca dos limites territoriais do Brasil 
ou dos indígenas. Em seguida, eram publicadas biografias de ilustres brasileiros, 
“distintos por letras, armas e virtudes”. Por fim, eram publicadas as atas das reuniões 
do IHGB, possibilitando uma análise sobre o cotidiano da instituição e seus sócios.
História do Brasil II68
Lúcia Guimarães (1995) evidenciou que nas páginas da revista do IHGB não 
existia nenhum texto que contivesse críticas ao sistema colonial, contemplando, 
dessa forma, a defesa do ideal proposto de que a colonização portuguesa no Brasil 
teria sido uma missão civilizadora e expressava os laços de que o período imperial 
seria a continuidade desse projeto. 
Para a autora, as biografi as também buscavam expressar a proximidade 
entre portugueses e brasileiros, reforçando os laços de linhagem entre o Estado 
português do período colonial e o atual. Dessa forma, a história, através da seleção 
de “acontecimentos importantes”, era um caminho privilegiado para a construção 
da identidade nacional e da própria nação.
Advertirmos que a produção do IHGB e de seus membros não pode ser 
tomada de forma homogênea, pois existia uma pluralidade dos integrantes, de 
suas formações, de suas concepções teórico-metodológicas e da qualidade de seus 
escritos. Outra observação que devemos fazer com relação ao IHGB e sua produção 
refere-se aos documentos e escritos que eram enviados para publicação na revista do 
instituto. Cabia à mesa diretora selecionar o que deveria ser publicado e arquivado, 
utilizando como critérios a fi dedignidade dos fatos e o comprometimento com uma 
história nacional unifi cadora. 
Assim, podemos compreender que o compromisso do IHGB para com a nação 
e o império esteve alicerçado na compilação, seleção e publicação de documentos 
e artigos que contribuíssem para a construção de uma história e geografi a nacional.
Essa seleção do material a ser publicado deveria prezar pela busca da unidade 
nacional e auxiliar no projeto de um Estado forte e centralizado. Para isso, mostrava-
se necessário descobrir elementos que permitissem a unifi cação das várias regiões 
do país no projeto nacional. A seleção desses documentos em âmbito regional fi cou 
a cargo dos Institutos Históricos criados nas províncias, orientados pelo IHGB.
Na província do Ceará, em 4 de março de 1887, foi criado o Instituto Histórico, 
Geográfi co e Antropológico do Ceará com o objetivo de estudar e disseminar a 
História, a Geografi a e a Antropologia, especialmente, em estudos referentes ao 
Ceará, suas origens e o povo.
 Visite a página do Instituto na internet e confi ra o que seus membros 
publicaram. Link: <http://www.institutodoceara.org.br/revista.php>.
História do Brasil II 69
Podemos dizer que a historiografia proposta pela agremiação era 
centralizadora, monarquista e conciliadora, não permitindo a vinculação de 
documentos e/ou artigos que remetessem a elementos contestatórios do governo 
imperial, exemplo dos movimentos separatistas ocorridos no período regencial. Essa 
preocupação expressava o momento de incertezas quanto à unificação da nação e à 
construção de sua identidade.
Na construção da nação brasileira, segundo Manoel Luís Salgado Guimarães 
(1988), o IHGB precisava realizar um movimento de duplo sentido: olhar para dentro 
e fora compreendendo quais elementos aproximariam e distanciariam o Brasil das 
demais nações. O Estado, dessa forma, apoiava-se nas instituições, principalmente 
no IHGB, para construir e solidificar uma história nacional.
História do Brasil II70
5
ESCRAVIDÃO, ECONOMIA E 
SOCIEDADE NO BRASIL IMPERIAL
CONHECIMENTOS
 Compreender as transformações econômicas e sociais no Brasil Império e o 
movimento de abolição da escravidão.
HABILIDADES
 Identifi car como o jogo das relações de dominação, subordinação e resistência 
fazem parte das construções políticas, sociais e econômicas ao longo da história.
ATITUDES
Saber compreender a atuação dos movimentos sociais nos processos de disputa 
de poder.
História do Brasil II 71
Escravidão, movimento abolicionista e pós-abolição 
no Brasil
Neste item, evidenciaremos alguns autores e perspectivas analíticas acerca da 
escravidão, abolição e pós-abolição, destacando também os aspectos factuais.
O primeiro estudo que ressaltamos é a obra de Gilberto Freyre (2005), Casa-
grande e Senzala, publicado na década de 1930. Essa obra tornou-se referência 
no campo das ciências sociais e buscou superar a visão da inferioridade dos negros 
perante a raça branca, valorizando a mestiçagem e a contribuição africana para a 
formação sociocultural do Brasil. Assim, essa interpretação trouxe consigo a ideia de 
que o sistema escravocrata no Brasil não teria sido violento, mas ameno e amistoso. 
Nesta obra, o autor pondera que existiu uma doçura nas relações entre senhores e 
escravos domésticos e que esta relação somente ocorreu no Brasil.
A miscigenação racial inferida por Gilberto Freyre (2005) destacava a crença 
que o sistema escravista desenvolvido no Brasil teria sido harmonioso, possibilitando 
a convivência de diferentes crenças. Essa visão, marcada pelo paternalismo, afi rmava 
que as relações entre escravos e senhores proporcionaram cativos passivos e 
submissos a vontade de seus senhores. A interpretação de Freyre (2005) foi bastante 
difundida e aceita até a década de 1950 e 60, quando foram lançadas obras que 
passaram a contestá-la. Dentre as críticas feitas ao trabalho de Gilberto Freyre (2005), 
podemos apontar a generalização de sua análise, tomando o Nordeste da cana de 
açúcar e o escravo doméstico como exemplo para todos os espaços e tempos do 
Brasil Colonial.
No Brasil, as teorias raciais e os modelos deterministas ganharam bastante 
visibilidade e inusitada interpretação. Segundo Lilian Moritz Schwarcz (1993, p. 65):
Aqui se fez um uso inusitado da teoria original, na medida em que 
a interpretação darwinista social se combinou com a perspectiva 
evolucionista e monogenista. O modelo racial servia para explicar as 
diferenças e hierarquias, mas, feitos certos rearranjos teóricos, não 
impedia pensar a viabilidade de uma nação mestiça.
Autores como Florestan Fernandes, Emília Viotti, Fernando Henrique Cardoso 
e Octavio Ianni (apud PROENÇA, 2007) salientaram em suas obras o que chamaram 
de “coisifi cação do escravo”. Segundo essa teoria, as péssimas condições de vida 
História do Brasil II72
dos escravos eliminavam a possibilidade de eles pensarem em um mundo a partir 
de significados e categorias próprias. Para os autores tentarem negar a condição de 
coisa que lhes era imposta, restavam aos escravos atitudes de desespero e revolta. 
De certa forma, essas ideias são propagadas na obra de Jacob Gorender 
(2001), O escravismo colonial, quando o autor apontouque o escravo poderia 
passar a reproduzir a ótica do opressor, enxergando as relações a partir de sua 
visão. Esta interpretação do escravo como “coisa” e sua negação somente a partir da 
revolta, criou a ideia do escravo-rebelde em contraposição ao escravo-coisa.
A partir da década de 1980, emergiram novas interpretações acerca da 
escravidão no Brasil, compreendendo os escravos como sujeitos ativos das 
transformações sociais, políticas e econômicas ao longo da história do Brasil. Dentre 
os autores, podemos citar João José Reis, Leila Mezan Algranti, Flávio dos Santos 
Gomes, Sílvia Hunold Lara, Robert Slenes e Sidney Chalhoub.
Um dos objetivos dessas obras era examinar as transformações sociais e 
as experiências dos escravos, desmistificando, assim, a ideia clássica do “escravo-
coisa”. Essas perspectivas renovadoras sofreram críticas que apontavam que essa 
visão compreendia uma nova forma de patriarcalismo, possibilitando os escravos 
graus de autonomia e liberdade em suas ações a partir da benevolência do regime 
escravista.
Destacamos a obra Visões da liberdade: uma história das últimas décadas 
da escravidão na corte, de autoria de Sidney Chalhoub (1990), que buscou examinar 
as últimas décadas de trabalho escravo no Rio de Janeiro, tendo como protagonista 
os cativos e suas ações. Analisando os processos criminais e de obtenção de alforrias, 
o autor esmiuçou como os escravos participaram diretamente desses processos com 
suas diferentes visões acerca da liberdade e do cativeiro. Assim, Sidney Chalhoub 
(1990) negou a ideia de coisificação do escravo e apontou que esses participaram 
ativamente dos processos sociais que envolviam o cativeiro e a luta pela liberdade.
A partir das renovações historiográficas, as leis promulgadas na segunda 
metade do século XIX, exemplo da lei do vente livre, dos sexagenários e áurea, 
passaram a ser vistas e analisadas não como concessões ou doações por parte da 
elite política e econômica do país, mas sim, pelas ações de resistência de cativos e 
suas estratégias em busca da liberdade.
História do Brasil II 73
A abolição da escravidão no Brasil não deve ser vista como resultado de 
uma guerra ou revolta isoladamente, mas como resultado de um longo processo 
que se iniciou concomitantemente ao da independência, onde estiveram presentes 
escravos, senhores e governo imperial. A campanha pela abolição da escravidão no 
Brasil ganhou força a partir da década de 1860. O processo de abolição foi lento 
e gradual, conforme os interesses e influências da elite rural do país no comando 
da vida política brasileira. A partir de 1880, o movimento passou a contar com a 
participação de associações e jornais que facilitaram as propagandas das ideias 
antiescravistas.
A Inglaterra, imersa no processo de reconhecimento e consolidação do Império 
brasileiro, durante o transcorrer do século XIX, pressionou o Brasil para que proibisse 
o tráfico de escravos. Essa era uma das condições impostas ao governo monárquico 
recém-instalado para que os ingleses reconhecessem o governo imperial brasileiro. 
Em 1826, o acordo foi assinado com a perspectiva de acabar com o tráfico até o 
ano de 1830. Entretanto, tal medida desagradava à elite agrária do país, grande 
detentora e dependente da mão de obra escrava.
Na prática, o governo imperial do Brasil não encampou medidas que viessem 
a cumprir o acordo assinado com os ingleses. Em 1831, foi promulgada uma lei pelo 
parlamento brasileiro que previa a proibição do comércio de africanos no litoral 
brasileiro. Contudo, o governo não realizou uma efetiva fiscalização e o comércio 
continuou sendo realizado livremente. Essa lei ficou popularmente conhecida como 
“lei para inglês ver”.
No período regencial, mesmo com a lei que determinou a abolição do tráfico 
de escravos, existiu uma grande entrada de africanos no Brasil. Assim, “[...] apesar 
dos esforços da diplomacia inglesa e de parcela das lideranças políticas brasileiras, 
o tráfico ainda continuaria por duas décadas, mostrando o poder dos grandes 
proprietários, traficantes e seus representantes” (MOREL, 2003, p. 45).
Em 1845, contrariados com o descumprimento do acordo por parte do Brasil, 
os ingleses aprovaram o Bill Aberdeen, autorizando a apreensão de navios negreiros 
pela marinha inglesa. A aprovação dessa medida gerou enorme descontentamento 
por parte de políticos brasileiros que alegavam desrespeito à soberania do país, mas 
sem resultado prático. Como resultado dessa medida, foram apreendidos cerca de 
90 navios.
História do Brasil II74
Em 1850, foi aprovada a Lei Eusébio de Queiroz, que determinou o fim do 
tráfico internacional de escravos para o Brasil. A pressão inglesa foi decisiva para sua 
aprovação. Segundo Hebe Mattos (2002, p. 474):
[...] num movimento de tensão internacional crescente, desenvolveu-
se, especialmente na corte, um forte sentimento antibritânico 
associado à defesa do tráfico e à legitimidade da escravidão entre a 
população livre do país. Foi nesse contexto que um novo gabinete 
conservador, liderado por Euzébio de Queiroz, conseguiu aprovar 
no Parlamento, em 1850, a Lei n.º 581.
O movimento pelo fim da escravidão e abolição dos escravos foi influenciado 
por questões de natureza interna e externa, referentes aos interesses ingleses no 
controle das relações comerciais na América. Segundo Boris Fausto (2004), a pressão 
inglesa deu-se não apenas na questão da possibilidade de apreensão de navios com 
escravos, mas também na ameaça de bloqueio dos principais portos do país. Para o 
autor, a lei de 1850 fez parte das medidas efetivas para que se encerrasse o tráfico, 
possibilitando ao longo do tempo a perspectiva do fim da escravidão, pois:
Os proprietários de escravos no Brasil nunca se preocuparam com 
sua reprodução, ficando na dependência do fluxo das importações. 
Estancadas as importações, o número de cativos tendia a tornar-se 
insuficiente. Além disso, o fim do tráfico constituía um divisor de 
águas, do ponto de vista político e ideológico. Se o Brasil tornava 
ilegal a importação de escravos, a manutenção do escravismo no 
país perdia legitimidade (FAUSTO, 2004, p. 196).
Outra lei promulgada na segunda metade do século XIX foi a Lei Rio Branco 
(Lei do Ventre Livre) de 1871. Determinou-se que os filhos de mulheres escravas 
nascidos no Brasil estavam livres a partir daquela data. As crianças poderiam 
ficar com suas mães até completarem oito anos de idade. Após esse período, os 
senhores poderiam escolher se queriam uma indenização do Estado ou o trabalho 
destes libertos até completarem vinte e um anos de idade. Esta lei causou grandes 
controvérsias entre escravistas e abolicionistas. Segundo Boris Fausto (2004), para 
os grandes proprietários de escravos e fazendeiros:
Libertar escravos por um ato de generosidade do senhor levava os 
beneficiados ao reconhecimento e à obediência. Abrir caminhos à 
liberdade por força da lei gerava nos escravos a ideia de um direito, 
o que conduziria o país à guerra entre as raças (FAUSTO, 2004, p. 
118).
História do Brasil II 75
Essa lei mostrou-se demasiadamente tímida para os anseios do movimento 
abolicionista, pois obrigava o pagamento de uma indenização que, geralmente, não 
era paga. Preferiam os senhores que os menores permanecessem trabalhando até 
os 21 anos para pagar pelos anos que havia passado nas fazendas. A lei determinava 
ainda: o registro de todos os escravos, a criação de um fundo de emancipação, o 
reconhecimento do direito do escravo de comprar sua alforria, a eliminação do direito 
dos senhores de revogar as alforrias e a proibição do abandono de escravos idosos. 
Keila Grinberg (2002), em O fiador dos brasileiros, avaliou que a promulgação da 
Lei do Ventre Livre:
[...] alterou radicalmente o status do escravo no Brasil, a partir do 
momento em que oficializou aquilo que quase todos esperavam, 
mas receavam tornar público: o fim do sistema escravista neste país, 
ao estabelecer que todos os filhos de escravos nascidos a partir de 
então seriamconsiderados livres (GRINBERG, 2002, p. 317).
Na década de oitenta, após a constituição de gabinetes ministeriais e 
acalorados debates no parlamento, foi aprovada a Lei Saraiva-Cotegipe (Lei dos 
Sexagenários) de 1885. Declaravam-se livres todos os escravos que tivessem 
sessenta anos ou mais de idade, com a obrigatoriedade de trabalharem para seus 
antigos senhores por mais três anos como forma de indenização. Outra medida 
determinada pela lei foi a obrigatoriedade de o alforriado viver por, pelo menos, 
cinco anos no município onde ganhara a liberdade. Por fim, enquadrava todos os 
sujeitos que ajudassem os escravos a fugirem de seus senhores no artigo 260 do 
Código Criminal que estabelecia até dois anos de prisão para os condenados. Esse 
último item gerou grande insatisfação por parte de integrantes de movimentos 
abolicionistas.
O movimento abolicionista não foi uniforme em todas as províncias. No 
Ceará, por exemplo, ocorreu à fundação de uma sociedade abolicionista em 1880, 
a Sociedade Cearense Libertadora, enquanto este movimento ocorreria somente 
anos depois em algumas províncias. Segundo Mário Maestri (1997), essas diferenças 
passaram a sensação de uma crescente divisão do império em províncias escravistas 
e não escravistas. Assim, temendo que essa oposição levasse a um rompimento 
total do pacto escravista nacional e da abolição do cativeiro, os deputados das 
províncias cafeicultoras votaram leis regionais que reprimiam o tráfico interprovincial 
de escravos (MAESTRI, 1997). Essa resolução buscou sanar o problema da vinda de 
mais escravos para a região produtora de café, enquanto as regiões norte e sul 
eliminavam, gradativamente, a presença dos escravos negros em suas províncias.
História do Brasil II76
Uma das contraofensivas dos escravistas, especialmente os fazendeiros 
cafeicultores, foi a reforma do sistema eleitoral no início da década de 1880 com a 
elevação da renda para o censo eleitoral, além da proibição dos analfabetos votarem. 
Assim, reduziram-se os eleitores para cerca de 150.000 pessoas de uma população 
estimada em 8.400.00 habitantes. Nas eleições de 1881, após a reforma, nenhum 
candidato antiescravista conseguiu ser eleito, sendo a Câmara dos Deputados 
dominada exclusivamente por candidatos favoráveis ao processo escravista.
Durante o Segundo Reinado, a sociedade agrária brasileira era dependente do 
trabalho escravo e foi nesse período também que foram travados grandes debates 
acerca da legislação que abria caminhos para o processo de abolição realizado em 
1888. Esses debates opunham elites regionais, como no caso do Nordeste, com uma 
representação escravista baixa em finais do século XIX e o Centro-Sul, especialmente 
o Rio de Janeiro do Vale do Paraíba, dependente da mão de obra dos cativos.
Em 1888, eram poucas as forças resistentes ao processo de abolição, 
concentravam-se especialmente na zona cafeeira do Vale do Paraíba devido aos 
escravos serem os únicos capitais que haviam sobrado da ruína da produção da 
região. Para Martha Abreu e Hebe Mattos (2002), a Lei Áurea foi o resultado de 
um longo processo de criação e debates de leis sobre o trabalho escravo no Brasil. 
Segundo as autoras, essa lei diferia das outras:
[...] pelas suas simples e curtas afirmações: extinguia-se a escravidão, 
sem nenhuma condição, revogadas as disposições em contrário. A 
rapidez com que o projeto foi aprovado na Câmara e no Senado, 
pelos mesmos deputados e senadores que alguns meses antes 
apoiavam a perseguição ao movimento abolicionista, esteve 
diretamente relacionada à rápida alteração da conjuntura social e 
política, sobretudo as fugas em massa de escravos, especialmente 
na província de São Paulo, nos meses anteriores. Na segunda 
metade da década de 1880, era já significativo o número de cidades 
e regiões que, na prática, não possuíam mais escravos (ABREU; 
MATTOS, 2002, p. 464).
Em 7 de maio de 1888, foi apresentado pelo conservador João Alfredo, 
Presidente do Conselho, o projeto de lei que previa a liberdade dos escravos de 
forma imediata e sem restrições. O projeto, após ampla discussão, foi aprovado em 
13 de maio do mesmo ano.
História do Brasil II 77
Certamente, o pós-abolição não signifi cou para os libertos uma inserção 
social com sua aceitação. A desigualdade social da população negra perante as 
demais era profunda, resultado dos anos de exploração e das teorias raciais que 
reforçavam o preconceito contra o negro. Na região Nordeste, onde a dependência 
do trabalho escravo diminuíra signifi cativamente durante o período imperial, os 
libertos passaram, em grande parte, a dependência dos grandes proprietários. 
No Vale do Paraíba, passaram ao sistema de parceria nas antigas fazendas de café 
em ruína. Nos centros urbanos de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro foram 
relegados aos trabalhos irregulares e de baixíssimos salários. 
Para os negros, o pós-abolição resultou em uma alarmante desigualdade social, 
resultado em parte do preconceito que acabou por reforçar o próprio preconceito 
contra o negro, principalmente em regiões com forte presença de imigrantes 
europeus brancos, onde o negro era considerado um ser inferior, perigoso, vadio e 
propício ao crime, útil apenas quando subserviente (FAUSTO, 2004).
A economia cafeeira e a modernização
No século XIX, a economia brasileira era essencialmente agrária, com a 
predominância do latifúndio, da produção monocultora e escravista. Sua produção 
era, sobretudo, voltada para o mercado externo.
No transcorrer desse mesmo século, a expansão cafeeira ocorreu 
concomitantemente ao processo de independência e consolidação do regime 
monárquico no Brasil. Em pouco tempo, o café tornou-se o principal produto 
na pauta de exportações do país e prioridade da monarquia, representando 
aproximadamente 40% das exportações do país na década de 1840. Vejamos, na 
Tabela 1 abaixo, o crescimento das exportações brasileiras de café nas décadas do 
século XIX.
Qual foi o destino desses escravos que agora estavam livres? De que forma 
foram inseridos na sociedade no pós-abolição?
História do Brasil II78
TABELA 2 – EXPORTAÇÕES DE CAFÉ NO BRASIL POR DÉCADAS
Fonte: Gorender (2001, p. 583).
A produção do café no Brasil, destinada ao comércio, começou na província 
do Rio de Janeiro, finais do século XVIII, trazida do Oriente. Com a possibilidade de 
grandes lucros, a partir do início das vendas do produto ao mercado europeu, grandes 
produtores rurais passaram a plantar o café na região do Vale do Paraíba. Essa produção 
manteve a estrutura montada desde o período colonial que esteve assentada na grande 
propriedade rural, na mão de obra escrava e na monocultura.
Outra região que se tornou grande produtora de café foi a Oeste da província 
de São Paulo com o objetivo de substituir a cana das antigas fazendas e propiciar a 
gradativa ocupação das terras no interior paulista. No início, o transporte da produção 
cafeeira era realizado por meio de mulas, guiadas por escravos e atravessava as serras em 
direção aos portos do litoral. Com o crescimento da produção cafeeira e a necessidade 
de escoamento dessa produção de forma mais rápida e sem grandes perdas, foram 
construídas ferrovias no interior paulista. 
Em 1867, inaugurou-se a São Paulo Railway, ligando a cidade de Jundiaí ao porto 
de Santos. A malha ferroviária no interior foi impulsionada pelos próprios produtores 
que se associaram em companhias para construí-la. Segundo Boris Fausto (2004), as 
maiores iniciativas de construção de ferrovias no país resultaram da necessidade de 
melhorar as condições de transporte das principais mercadorias de exportação e o café 
necessitava de tais melhorias devido às longas jornadas nos lombos de mulas e grande 
perda no trajeto.
História do Brasil II 79
Para além da construção das ferrovias, os produtores paulistas procuraram 
modernizar sua produção com a implantação de máquinas ao processo de 
beneficiamento do café. Essa mecanização possibilitou a diminuição da utilização 
de mão deobra.
O sucesso da produção cafeeira aconteceu por vários fatores. Dentre esses, 
podemos citar: expansão do mercado consumidor nos Estados Unidos e na Europa; 
popularização do café como bebida das massas operárias; boas condições climáticas 
e uma ampla mão de obra escrava (MAESTRI, 1997). 
As economias cafeeiras de São Paulo e do Rio de Janeiro praticaram e 
seguiram o mesmo modelo de exploração: monocultura, agricultura extensiva e 
larga utilização de mão de obra escrava. Entretanto, nas últimas décadas do século 
XIX, tiveram trajetórias diferentes. Enquanto o Oeste paulista prosperou com a 
possibilidade de incorporação de novas áreas e crescimento da produção, o Vale do 
Paraíba sucumbiu mediante a escassez de terras e sua exaustão, restando apenas à 
propriedade dos cativos como elemento de ganho.
A cafeicultura, principalmente a fluminense, criou uma elite política e 
econômica que dominou o poder provincial por longos anos e sedimentou a base 
de sustentação do Segundo Reinado. Entretanto, esses mesmos fluminenses foram 
afastando-se da Monarquia com a aprovação de medidas que os descontentavam, 
exemplo das leis antiescravistas.
 A Lei de Terras de 1850
A Lei de Terras, aprovada em 1850, duas semanas após a extinção do tráfico 
de escravos, buscou regular o acesso às terras públicas e legalizar a posse das terras 
por seus proprietários. Para José Murilo de Carvalho, a política de terras do governo de 
D. Pedro II, especialmente a Lei de Terras de 1850, “[...] atingia de maneira profunda os 
interesses dos proprietários, ou pelo menos de parcela deles” (CARVALHO, 1996, p. 303) 
e suscitou enormes debates no Legislativo.
A criação da Lei de Terras determinou a obrigatoriedade do registro cartorial 
da terra possuída e sua demarcação. Caso a terra não fosse demarcada e registrada, 
passaria a ser propriedade do governo. A partir de 1850, diferentemente do período 
anterior quando a posse era realizada pelo aproveitamento da terra, agora a obtenção 
da terra estava condicionada ao processo de compra e venda.
História do Brasil II80
Segundo Boris Fausto (2004), a Lei de Terras teve como objetivo criar formas 
de controle sobre o acesso a terra por parte dos futuros imigrantes. Estabeleceu-se, 
assim, “[...] que as terras públicas deveriam ser vendidas por um preço sufi cientemente 
elevado para afastar posseiros e imigrantes pobres” (FAUSTO, 2004, p. 196). Ademais, 
os imigrantes que tivessem suas vindas fi nanciadas pelo governo deveriam cumprir 
o prazo de três anos para serem liberados para adquirirem terras. 
Para Marcio Antônio Both da Silva (2015), apesar do descumprimento de 
grande parte das determinações impostas pela Lei de Terras, chegando autores a 
classifi carem como “letra morta” por não ter sido respeitada, cabe ressaltar que essa 
lei serviu de fundamento para a legislação ou legislações que vieram posteriormente 
e que suas realizações e efeitos foram bases importantes sobre os quais, em termos 
da estruturação da realidade fundiária brasileira, o que veio depois foi organizado e 
elaborado. Dessa maneira, não faz sentido afi rmar que foi “letra morta”, ou seja, que 
“não pegou”.
Os imigrantes no Brasil
Em 1850, o fi m do tráfi co de escravos criou, para os cafeicultores e outros 
senhores rurais, o problema da substituição dos escravos por outros trabalhadores. Em 
atividades como a pecuária e a açucareira em decadência, a substituição ocorreu com 
a contratação de homens livres e pobres. Além disso, a crise no “Nordeste” brasileiro 
possibilitou a venda dos escravos para os produtores de café da região Centro-Sul, o 
chamado Tráfi co Interprovincial.
Na década de 1840, a partir da experiência de parceria proposta por Campos 
Vergueiro, cafeicultor e senador, começaram a vinda de imigrantes para o trabalho 
nas fazendas de café do interior paulista. Nesse sistema de parceria, o produtor fi cava 
encarregado de custear a vinda dos imigrantes, com a promessa de desconto em futuros 
ganhos e lucros a partir da venda do café. Após chegarem ao Brasil e iniciarem os 
trabalhos, muitos acabaram se descontentando com as péssimas condições de ganho 
encontradas.
Sugerimos a leitura da Lei de Terras de 1850. Analise esse importante 
documento sobre a posse da terra no Brasil e discuta com os colegas e tutor no 
fórum sobre o impacto e o refl exo dessa lei na confi guração da posse territorial 
existente hoje no Brasil.
Fonte: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L0601-1850.htm>.
História do Brasil II 81
Para parte da elite imperial brasileira, o foco da vinda do imigrante europeu 
seria a construção de uma nação civilizada na América com o branqueamento da 
população. A política de branqueamento estava assentada nas teorias raciais da 
época que condenavam a miscigenação. Sílvio Romero (1954), por exemplo, defendia 
o branqueamento com solução para o progresso da nação. Assim, com o passar dos 
anos e a crescente vinda de imigrantes, ocorreria o desaparecimento gradual de 
negros e mestiços.
A partir da década de 1880, o governo de São Paulo passou a financiar a vinda 
dos imigrantes para o Brasil, permitindo que esses chegassem ao país sem dívidas 
com os cafeicultores. Essa política ficou conhecida como Imigração Subvencionada. 
Até a segunda década do século XX, constituíram a mão de obra que substituiu 
os escravos nos cafezais e iniciaram com a crise cafeeira, o trabalho nas nascentes 
indústrias da região Centro-Sul. Segundo Boris Fausto (2004, p. 206):
A atração dos imigrantes se fez através de companhias particulares, 
sem fins lucrativos, cujos recursos provinham do Estado. Em 1884, 
foi aprovada uma lei que indica bem o sentido da política de mão de 
obra do governo provincial. Criou-se um imposto anual por escravo 
empregado na agricultura, a ser pago em dobro quando se tratasse 
de escravo destinado a outras ocupações. A renda seria usada para 
custear os serviços de imigração.
Outra medida adotada, além das companhias citadas acima, foi a criação da 
Sociedade Promotora da Imigração. Sociedade organizada e fundada por grandes 
personalidades da economia e da política de São Paulo, os irmãos Martinho Prado 
Junior e Antônio da Silva Prado.
Dentre os motivos geradores da imigração para o Brasil, podemos citar: a 
grave crise econômica e política que assolava a Itália devido à unificação do país e 
das transformações capitalistas e o pagamento por parte do governo da província 
das despesas com as passagens, facilitando e incentivando a vinda dos europeus 
(FAUSTO, 2004). Devemos destacar que a política do governo provincial mostrou-se 
um sucesso e representou a força dos interesses dos grandes cafeicultores de São 
Paulo.
História do Brasil II82
6
TRANSIÇÃO PARA A REPÚBLICA
CONHECIMENTOS
Entender a crise do Segundo Reinado e a emergência do movimento 
republicano.
HABILIDADES
Identifi car as relações de poder nas diversas instâncias da sociedade, como 
as organizações do trabalho e as instituições da sociedade organizada – sociais, 
políticas, étnicas e religiosas.
ATITUDES
Desenvolver comparações de diferentes pontos de vista expressos pelos 
diversos grupos políticos e sociais.
História do Brasil II 83
História do Brasil II84
A crise do regime monárquico
Para o Brasil, o início do século XIX marcou o processo de independência 
do país frente a Portugal em 1822. Independente, o Brasil passou ao regime 
monárquico, uma singularidade na América que se formou, ao longo do século, 
predominantemente por regimes republicanos. Essa característica singular foi 
interpretada posteriormente pelos republicanos brasileiros como uma anomalia. 
Segundo Emília Viotti da Costa (1999, p. 387), os republicanos observavam que:
[...] lembrando as revoluções e pronunciamentos que, desde a 
Inconfidência, tiveram por alvo instalar um regime republicano no 
Brasil, afirmam que a república sempre foi uma aspiração nacional. 
Esposando uma ideia já enunciada no Manifesto Republicano de 
1870, consideram a Monarquia uma anomalia na América,onde só 
existem Repúblicas.
A monarquia brasileira entrou em crescente decadência a partir da década 
de 1870 com a junção de variados fatores, especialmente, da crise econômica, 
da insatisfação de militares, igreja e grandes produtores rurais. Os militares, por 
exemplo, exigiam, no pós-guerra com o Paraguai, maior participação nas decisões 
do país. Segundo Boris Fausto (2004, p. 217):
A partir da década de 1870, começaram a surgir uma série de 
sintomas de crise do Segundo Reinado. Dentre eles, o início do 
movimento republicano e os atritos do governo imperial com o 
Exército e a Igreja. Além disso, o encaminhamento do problema da 
escravidão provocou desgastes nas relações entre o Estado e suas 
bases sociais de apoio.
A junção desses problemas políticos e econômicos com as transformações 
socioculturais da virada do século XIX para o XX foram fatores para a diminuição 
do poder imperial e a crescente propaganda republicana pelo país, principalmente, 
nos centros urbanos. Assim, a ideia de uma República aliada ao progresso e à 
modernidade fazia contraponto ao regime monárquico, ressaltado como atrasado.
Como destacamos acima, um dos focos de questionamento ao governo 
imperial foi os militares. Dentre as causas do descontentamento dos militares estavam 
duas questões: o sentimento de que, a partir da criação da Guarda Nacional em 
1831, o Exército passou a ser relegado a um segundo plano e o ressentimento pela 
subordinação das causas militares ao governo civil. Assim, parte dos militares passou 
História do Brasil II 85
a apoiar os ideais republicanos. Segundo Boris Fausto (2004), parte dos oficiais do 
Exército já apresentavam descontentamentos para com o governo imperial. Dentre 
as críticas estavam:
[...] questões específicas da corporação, como o critério de promoções 
e o direito de casar-se sem pedir consentimento ao ministro da 
Guerra, quanto a outras mais gerais, referentes a situação do país. 
Os jovens militares defendiam o fim da escravatura e uma maior 
atenção à educação, à indústria e à construção de estradas de ferro 
(FAUSTO, 2004, p. 231).
Outra questão na década de 1880 geraria atrito entre o governo imperial 
e os militares. Após a punição feita ao tenente-coronel Sena Madureira por ter 
descumprido normas, foi publicado um artigo no jornal A Federação, em que ele 
próprio criticou sua punição. O governo reagiu determinando que os militares 
estavam, a partir daquele momento, proibidos de discutirem política na impressa. 
No final daquela década, os militares fundaram o Clube Militar com o objetivo de 
defenderem seus interesses e posições, sendo seu primeiro presidente o Marechal 
Deodoro da Fonseca, futuro presidente do Brasil.
A ideia republicana no seio militar ganhou cada vez mais força com a influência 
do pensamento positivista na Escola Militar da Praia Vermelha. Dentre as ideias 
encampadas pelos oficiais do Exército estavam a construção de um executivo forte e 
intervencionista, a separação do Estado e da Igreja e a formação técnica e científica. 
Esses aspectos contribuiriam para a modernização do país e a neutralização dos 
políticos tradicionais (FAUSTO, 2004).
Entretanto, como nos adverte José Murilo de Carvalho (1990), não podemos 
explicar o movimento de derrubada da monarquia apenas a partir da questão militar. 
Assim:
O advento da República não pode ser reduzido à questão militar e 
à insurreição das unidades militares aquarteladas em São Cristóvão. 
De outro lado, seria incorreto desprezar os acontecimentos de 15 
de novembro como se fossem simples acidente. Embora as raízes 
da República devam ser buscadas mais longe e mais fundo, o ato de 
sua instauração possui valor simbólico inegável (CARVALHO, 1990, 
p. 35-36).
História do Brasil II86
Uma combinação de fatores infl uiu para que o regime de D. Pedro II perdesse 
força e os militares pudessem instaurar um golpe no gabinete do governo em 15 de 
novembro de 1889, instalando um governo provisório.
A relação entre Estado e Igreja no período imperial entrou em crise, 
principalmente, devido à questão maçônica e à interferência do Estado em questões 
da Igreja. Em um regime onde se previa a união entre o “trono e o altar”, expresso 
na Constituição de 1824, a religião e a interferência do Estado era um potencial de 
confl ito.
Segundo Emília Viotti da Costa (1999), em Da Monarquia à República, a 
questão religiosa foi deveras importante neste contexto de contestação ao regime 
monárquico. Entretanto, não podemos pensá-la como fator determinante, pois:
É exagero supor que a questão religiosa que indispôs 
momentaneamente o Trono com a Igreja foi dos fatores primordiais 
na proclamação da República. Para que isso acontecesse era 
preciso que a nação fosse profundamente clerical, a Monarquia 
se confi gurasse como inimiga da Igreja e a República signifi casse 
maior força e prestígio para o clero. De duas uma, ou a nação estava 
a favor dos bispos e contra Dom Pedro [...] ou a nação era pouco 
simpática aos bispos (COSTA, 1999, p. 456-457).
Essas tensões entre o trono e o altar ganharam força a partir da política do 
Vaticano de reforçar o poder religioso e papal, posta em prática no Brasil a partir 
de um controle mais rígido na disciplina religiosa e na busca por maior autonomia 
da Igreja perante o Estado. Com esses critérios, o bispo de Olinda, Dom Vital, 
proibiu a entrada de maçons nas irmandades religiosas. A maçonaria, apesar de 
pouco representativa numericamente, tinha grande respaldo no campo político, 
principalmente no Estado. A resposta do governo imperial foi a prisão e condenação 
do bispo, posteriormente anistiado.
O que foi a maçonaria? Quem dela podia participar? O que defendiam? Como 
esta relação entre Estado e maçonaria desagradou a Igreja Católica?
Pesquise e compartilhe seus resultados com os demais colegas de curso no 
fórum da disciplina de História do Brasil II no Ambiente Virtual.
História do Brasil II 87
A questão religiosa só seria resolvida com o advento da República em 1889 
com a separação do Estado e da Igreja. Segundo Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves 
e Humberto Fernandes Machado (1999), a questão religiosa iniciou o processo de 
secularização do Brasil.
O descontentamento da elite provincial de São Paulo também fez parte dos 
fatores que impulsionaram a derrocada do governo de D. Pedro II. Com a economia 
mais forte do país, São Paulo buscava maior representatividade política e participação 
no governo imperial. Para os cafeicultores e a elite paulista, a implantação do 
regime republicano deveria ser sem grandes transformações sociais, garantindo a 
estabilidade dos privilégios e excluindo a grande massa populacional do movimento.
A questão da abolição da escravidão criou também desentendimentos entre a 
elite cafeeira e o governo imperial. Nesse caso, especialmente, os grandes produtores 
do Vale do Paraíba, no Rio de Janeiro, que se encontravam em decadência e tinham 
a posse dos escravos como último recurso patrimonial. Para Emília Viotti da Costa 
(1999), foram os produtores que ainda resistiram ao processo de abolição e entraram 
em atrito com a monarquia.
É preciso notar ainda que a abolição afetou apenas os setores que 
se mantinham apegados ao trabalho escravo e estes, na década 
de 1880, constituíam a parcela menos dinâmica do país, pois os 
setores mais progressistas já se preparavam para a utilização do 
trabalho livre. Continuavam apegados ao trabalho servil apenas os 
fazendeiros das áreas decadentes, rotineiras e impossibilitadas de 
evoluir para as novas formas de produção (COSTA, 1999, p. 455).
Como vimos, a queda do regime monárquico foi resultado de uma combinação 
de fatores e forças. Dois grupos, não homogêneos, tiveram papel de destaque nesse 
processo: os militares e os grandes proprietários rurais da zona cafeeira de São 
Paulo, fundadores do Partido Republicano Paulista. Boris Fausto (2004) destaca que 
essas duas forças permitiram a derrubada da monarquia na medida em que:
O episódio de 15 de novembro resultouda iniciativa quase exclusiva 
do Exército, que deu um pequeno, mas decisivo empurrão para 
apressar a queda da Monarquia. Por outro lado, a burguesia cafeeira 
permitiria à República contar com uma base social estável, que nem 
o Exército, nem a população urbana do Rio de Janeiro podiam, por 
si mesmos, proporcionar (FAUSTO, 2004, p. 235).
História do Brasil II88
Veja agora, como foram as movimentações partidárias e as correntes 
republicanas para a instauração do regime republicano efetivado em 15 de novembro 
pelos militares e apoiado pelas forças da burguesia cafeeira.
Os partidos e o movimento republicano
Conforme apresentado na terceira unidade deste módulo, já existiam 
inspirações republicanas em tempos passados como nas revoltas separatistas que 
proclamaram repúblicas separadas do império brasileiro. Entretanto, o crescimento 
do ideal republicano no Brasil ganhou expressividade a partir da década de 1870. 
Naquele período, foram fundados dois dos principais partidos republicanos, o do Rio 
de Janeiro em 1870 e o Paulista em 1873. Entretanto, os adeptos do republicanismo 
divergiam quanto ao processo de implantação da República no Brasil, coadunando 
apenas com a crítica ao centralismo exercido pelo poder imperial.
Para José Murilo de Carvalho, em A formação das Almas, os republicanos 
tinham uma tarefa difícil, substituir um governo e construir uma nação. Essa tarefa 
foi pensada a partir de três grupos diferentes: dos proprietários rurais, especialmente 
de São Paulo; dos setores da população urbana, exemplo dos profissionais liberais, 
jornalistas, professores e estudantes; e da versão positivista da república, construída 
a partir dos militares (CARVALHO, 1990).
A elite cafeicultora de São Paulo partia do pressuposto de que o melhor 
modelo para a República do Brasil seria o americano, evitando a participação popular 
na implantação e no desenvolvimento do governo. Essa perspectiva também 
consistia na aceitação do ideal americano de organização do poder, principalmente 
pela preocupação com a ordem social e política. Os setores urbanos da sociedade, 
por sua vez, viam a monarquia como representativa do atraso e da corrupção. Eram 
atraídas pelos apelos abstratos em favor da liberdade, da igualdade, da participação, 
sem, contudo, ficar claro de como essas ideias seriam colocadas em prática. Por 
fim, a versão do ideal republicano pensado a partir da influência positivista e suas 
adaptações. Os militares sentiam-se atraídos pela ideia de ditadura republicana, 
com um Executivo forte e intervencionista (CARVALHO, 1990).
Cabe destacar que o regime federalista representava para as elites provinciais 
total liberdade política, administrativa e econômica frente à centralização imposta 
pelo governo imperial. Assim, os cafeicultores, por exemplo, teriam liberdade para 
História do Brasil II 89
negociarem seus produtos diretamente no mercado externo, sem a ingerência do 
governo central. A tomada de partido pelo federalismo em São Paulo e a criação de 
um partido político, o Republicano Paulista em 1873, contou com a participação dos 
cafeicultores, além de elementos dos setores urbanos como nas demais províncias.
O povo bestializado
Para Hamilton Monteiro (1994), em Brasil Império, a instauração do 
regime republicano no Brasil não ensejou grandes transformações, mas sim, uma 
acomodação política. De acordo com o autor:
A República que se instala, passada a fase de depuração, é a do 
controle hegemônico dos fazendeiros do oeste paulista acrescida 
da descentralização, para contentar os interesses regionais. A nova 
ordenação política não significou reformas estruturais: continuaram 
a superexploração do trabalhador, a extroversão da economia e a 
dependência do país diante dos centros dinâmicos do capitalismo 
internacional. O autoritarismo e o elitismo mantiveram-se. As massas 
teriam que reiniciar sua luta (MONTEIRO, 1994, p. 75).
As forças que destituíram o governo imperial e instalaram um regime republicano 
não contaram com a participação política da grande massa da população brasileira, 
permitindo, assim, a manutenção dos privilégios da elite política e econômica do 
Brasil. Para Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves e Humberto Fernandes Machado 
(1999), o ideal republicano, pelo menos na Corte, “[...] não conseguia empolgar 
os segmentos mais humildes da população. O país real não estava sensibilizado 
com a República” (NEVES; MACHADO, 1999, p. 441). Segundo os autores, era um 
movimento intelectualizado que soube aproveitar as graves questões que abatiam a 
força do governo central. Para os autores, a maioria da população não participou da 
mudança do regime. Ademais, essa mudança não representou grandes alterações 
no cotidiano da maior parte da população.
Essa perspectiva da não participação popular e estranhamento do que ora 
ocorria ganhou a célebre frase de Aristides Lobo: “o povo assistiu bestializado” a 
mudança da monarquia para a república. Entretanto, essa visão da apatia popular e 
não participação política do povo na instalação do regime republicano é contestada 
por José Murilo de Carvalho (1987), em seu livro Os Bestializados. Para o autor, a 
partir da mudança de regime, o governo tratou de controlar a população, buscando 
a estabilidade pela supressão política da maior parte da população no processo 
História do Brasil II90
eleitoral. Além de uma diminuta parcela ter direito a participação no processo, 
cerca de 20% do Rio de Janeiro, existiam fraudes que desestimulavam também a 
participação de parte desses votantes.
Para José Murilo de Carvalho (1987), percebia-se uma participação ativa da 
população em questões de ordem religiosa, grandes festas e assistência mútua. Essa 
participação não era sentida nas questões políticas. Dentre as razões para isso, esteve 
o peso das tradições escravistas e colonial. Ademais, segundo o autor, a imagem de 
uma presente apatia política também era uma forma de resistência “[...] perante tal 
Estado, a cidade reagia seja pela oposição, seja pela apatia, seja pela composição” 
(CARVALHO, 1987, p. 155).
Por fim, cabe destacar que para o autor, “[...] bestializado era quem levasse 
a política a sério, era o que se prestasse a manipulação [...] quem apenas assistia, 
como fazia o povo o Rio por ocasião das grandes transformações realizadas a sua 
revelia, estava longe de ser bestializado. Era bilontra” (CARVALHO, 1987, p. 160).
História do Brasil II 91
LLEITURA OBRIGATÓRIAEste ícone apresenta uma obra indicada pelos(as) professores(as) autores(as) que será indispensável para a formação profi ssional do estudante. Le
História do Brasil II 93
GUIA DE ESTUDOGUIA DE ESTUDO
Após a leitura do livro, faça uma autoanálise crítica sobre o material e em 
seguida poste no Ambiente Virtual.
 Convidamos você a ler o livro O espetáculo das raças: 
cientistas, instituições e questão racial no Brasil (1870-
1930), de autoria de Lilia Moritz Schwactz. Importante obra 
sobre a História do Brasil. O estudo busca analisar cientistas, 
instituições e a questão racial no Brasil. Para a autora, mais 
do que uma simples cópia das teorias e modelos explicativos 
vindos de fora, os intelectuais brasileiros construíram suas 
ideias acerca da questão da raça. Este livro é considerado 
leitura obrigatória, pela excelente qualidade da pesquisa e 
análise proposta pela autora,
 
SCHWACTZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão 
racial no Brasil (1870-1930). São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
RsREVISANDOÉ uma síntese dos temas abordados com a intenção de possibilitar uma oportunidade para rever os pontos fundamentais da disciplina e avaliar a aprendizagem.
História do Brasil II 95
História do Brasil II está dividido em seis unidades, apresentando um norte 
para o estudante compreender a construção do Estado e da sociedade brasileira.
A Unidade I fala da Crise do sistema colonial, desde a chegada da família real 
ao Brasil até sua Independência. Esclarece as principaiscaracterísticas econômicas, 
sociais e políticas do Primeiro Reinado e detalha os acontecimentos que contribuíram 
para a crise e abdicação de D. Pedro I.
A Unidade II mostra a formação do Estado Brasileiro, o Primeiro Reinado, a 
criação da constituição e a Abdicação de D. Pedro I. Os acontecimentos surgidos na 
época como os movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas 
em processos de disputa pelo poder. 
A Unidade III aborda as Regências e revoltas surgidas na época. Nasce a Guarda 
Nacional e o Código de Processo criminal. Ainda nessa unidade, apresentamos os 
movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de 
disputa pelo poder.
Já na Unidade IV, foram abordados o Segundo Reinado e a consolidação do 
Império, gerando a Guerra do Paraguai e a construção da nação brasileira. Com um 
olhar crítico e ao mesmo tempo de historiador, vimos nessa unidade a construção 
do Estado, da história e da identidade nacional.
A Unidade V fala da Escravidão, economia e sociedade no Brasil Imperial. 
Foca nas transformações econômicas e sociais no Brasil Império e o movimento de 
abolição da escravidão. Mostra, ainda, as perspectivas analíticas acerca da escravidão, 
abolição e pós-abolição, destacando também os aspectos factuais.
A Unidade VI fala da transição da Monarquia para a República e as crises 
existentes na época. Apresenta, também, a relação entre Estado e Igreja no período 
imperial ao qual entrou em crise, principalmente devido à questão maçônica.
AvAUTOAVALIAÇÃOMomento de parar e fazer uma análise sobre o que o estudante aprendeu durante a disciplina.
História do Brasil II 97
1. Que mudanças ocorreram na relação metrópole-colônia com a vinda da 
familía real para o Brasil?
2. De que forma as disputas entre as potências europeias interferiram nas 
relações entre Portugal e suas possessões no Atlântico?
3. Analise de que forma a vinda da Corte para o Rio de Janeiro transformou o 
cotidiano da cidade.
4. De que maneira a Revolução do Porto em 1820 ajuda a entender o processo 
de independência do Brasil?
5. Explique o que foi a Confederação do Equador e quais os ideais que 
propunha.
6. A partir das concepções emanadas na Constituição de 1824, explique 
quem era considerado cidadão e de que forma esse exercício de cidadania era 
compreendido.
7. Por que podemos dizer que a Constituição de 1824 mesclava artigos liberais 
e conservadores ao mesmo tempo?
8. Analise os movimentos revolucionários ocorridos no período regencial 
a partir das seguintes questões: o que defendiam, quais os sujeitos que deles 
participaram, eram movimentos separatistas?
9. Explique de que forma a conjuntura política brasileira do Segundo Reinado 
permitiu a implementação do “parlamentarismo à brasileira”.
10. Discorra acerca das diferenças de concepções políticas adotadas pelos 
políticos Conservadores e Liberais.
11. De que forma a Guerra do Paraguai contribuiu para a contestação do 
regime monárquico?
12. Explique de que maneira o processo de abolição da escravatura contribuiu 
para o descontentamento de parte da elite econômica do país com o governo 
História do Brasil II98
imperial.
13. Quais eram os objetivos da elite política e econômica com a vinda dos 
imigrantes para o Brasil? 
14. De que forma o projeto de nação foi construído por D. Pedro II? Qual o 
papel do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro nesse projeto?
15. Explique a conjuntura interna e externa que proporcionou a queda do 
regime monárquico no Brasil.
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