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Pancreatite Profª Maria Lucia Araujo Caso clínico pancreatite aguda grave: Paciente A.S., 50 anos, sexo masculino, ex-etilista, está internado há 1 dia na UTI com pancreatite aguda grave. Foi admitido com dor abdominal de alta intensidade, náuseas e vômitos. O paciente está sedado e entubado. A equipe médica solicitou o início da terapia nutricional. Apresenta peso atual de 75Kg e altura de 1,75m. Amilase: 250mg/dL (até 125mg/dL); Lipase: 100mg/dL (até 50mg/dL). Caso clínico pancreatite crônica: Paciente L.M.K., sexo feminino, 58 anos, cabeleireira, internada há 1 dia. Está em dieta zero desde a admissão. Há 3 semanas não está conseguindo de alimentar bem. Refere dor abdominal, náuseas, vômitos pós-prandiais e diarreia aquosa. Relata DM e HAS e diagnóstico de pancreatite crônica há 2 anos. Foi etilista por 10 anos. Peso atual: 54,5Kg; peso usual: 58Kg (há 1 mês); estatura: 1,49m. MAHAN, RAYMOND, 2018 Pâncreas: MAHAN, RAYMOND, 2018 Pâncreas: Pancreatite: Inflamação do pâncreas que se caracteriza por edema, exsudato e necrose gordurosa. AGUDA CRÔNICA OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; MAHAN; RAYMOND, 2018 Pancreatite aguda: Processo inflamatório agudo e reversível do pâncreas, com possível envolvimento de outros tecidos próximos ou distantes. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Leve Moderada - Grave Epidemiologia: 5 a 35 casos por 100 mil pessoas; Números subestimados devido a casos leves não diagnosticados; Redução da morbimortalidade – avanços terapêuticos e diagnósticos. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Classificação da pancreatite aguda: Associação de: - Sinais e sintomas; - Achados laboratoriais e de imagem. 70 a 80% - leve a moderada; 20% - grave. A definição da gravidade é fundamental para a condução adequada do paciente. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016 Classificação de pancreatite aguda: Leve: ausência de disfunção orgânica e de complicações locais; Moderadamente grave: complicações locais e/ou disfunção orgânica transitória (<48h); Grave: disfunção orgânica persistente (>48h); Definição de disfunção orgânica: pressão sistólica <90mmHg; PaO2 < 60mmHg; creatinina > 2mg/dL após hidratação e sangramento gastrintestinal > 500mL/24h OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Pancreatite aguda grave: Resposta inflamatória sistêmica; Insuficiência orgânica múltipla; Aumento do gasto energético; Catabolismo proteico; Tratamento em UTI. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Diagnóstico: Dor abdominal; Elevação da amilase e lipase (3x mais do que o limite normal); Exames de imagem. **Presença de dois ou mais critérios OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Sintomas: Dor no quadrante superior do abdome, constante e de forte intensidade; Náuseas e vômitos. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Etiologia: Mecânicos (cálculo biliar, neoplasias); Tóxicos (etanol); Metabólicos (hiperlipidemia, hipercalcemia); Fármacos; Infecções; Traumatismo; Outras (LES, malformações pancreáticas). OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; CUPPARI, 2019 OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 75% dos casos Pancreatite de origem biliar: Obstrução e edema causados pelo cálculo em sua migração pela ampola de Vater; Refluxo de bile para o ducto pancreático. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Pancreatite de origem alcoólica: Fisiopatologia não é bem compreendida; Falha em inibir a atividade da tripsina; Falha no esvaziamento da tripsina para o ducto pancreático; Autodigestão e inflamação local. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Fisiopatologia: Ativação precoce da tripsina na célula acinar Ativação de outras enzimas (fosfolipase, elastase) Autodigestão Inflamação Necrose, pseudocistos, abcessos OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; CUPPARI, 2019 Avaliação nutricional: Triagem nutricional nas primeiras 24h; Antropometria; ASG; Exames laboratoriais; Avaliação dietética. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Terapia nutricional na pancreatite aguda leve a moderada: Iniciar dieta via oral quando houver: - Melhora da dor; - Redução dos valores séricos das enzimas pancreáticas. Início imediato e sensação de fome: sem aumento de inflamação, amilase e redução nos dias de internação. CASTRO et al, 2018 OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016 2 a 5 dias de jejum; Menos que 30% de lipídios; Moderada quantidade de proteínas e rica em carboidratos; Evoluir consistência até a dieta branda (ou iniciar com dieta branda). OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Terapia nutricional na pancreatite aguda leve a moderada: Dieta normal conforme aceitação; Sem restrição de lipídios; Pode contribuir para a diminuição da dor, do uso de medicações e da intolerância alimentar. CASTRO et al, 2018; CUPPARI, 2019 Terapia nutricional na pancreatite aguda leve a moderada: Objetivos da terapia nutricional na pancreatite aguda grave: Minimizar a perda de massa magra; Fornecer energia; Reduzir a resposta inflamatória. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; CASTRO et al, 2018; CUPPARI, 2019 Requerimentos nutricionais: Calorias: *25 a 35Kcal/kg/dia; Proteínas: 1,2 a 1,5g/Kg/dia; Lipídios: até 2g/Kg/dia; Carboidratos: 3 a 6g/Kg/dia. Calorias: *25 a 30Kcal/kg/dia; Proteínas: 1,5 a 2,0g/Kg/dia; Lipídios: 0,9 a 1,0g/Kg; Carboidratos: 35 a 65%. SILVA; MURA, 2016 OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 *extremo inferior quanto mais grave for o paciente Terapia nutricional na pancreatite aguda grave: Repouso do TGI – passado; Nutrição enteral o mais precoce possível (24 a 48h); Parâmetros de perfusão tecidual adequados. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; CASTRO et al, 2018 Argumentos para o uso da nutrição enteral: Preservar a integridade anatômica e funcional do TGI e de seu tecido linfoide; Reduzir a translocação bacteriana; Reduzir a resposta inflamatória sistêmica; Melhorar a perfusão pancreática; Evitar imunossupressão associada à nutrição parenteral. SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Nutrição enteral x parenteral: Menor mortalidade; Menos complicações infecciosas e falência de órgãos; Menor necessidade de intervenções cirúrgicas. SILVA; MURA, 2016; CASTRO et al, 2018 Posicionamento da nutrição enteral: Gástrica: Pode ser segura e bem tolerada. Pós-pilórica: Não se recomenda uso rotineiro. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; MCCLAVE et al, 2016 CASTRO et al, 2018 Dieta enteral: Polimérica; Semi/elementar: casos de intolerância; Imunonutrientes – dados conflitantes; Probióticos. MCCLAVE et al, 2016; CASTRO et al, 2018 Intolerância do TGI: Sonda pós-pilórica; Procinéticos; Sonda gástrica para drenagem; Fórmulas semi/elementares. CASTRO et al, 2018 Nutrição parenteral: NE não tolerada ou contraindicada; Quando as necessidades calóricas (até 60%) não forem atingidas com a NE: até 7 dias (eutróficos); 72 horas (desnutridos). Evitar lipídios quando TG>300mg/dL; Glutamina: 0,3g/Kg/dia. SILVA, MURA, 2016; CASTRO et al, 2018 Caso clínico pancreatite aguda grave: Paciente A.S., 50 anos, sexo masculino, ex-etilista, está internado há 1 dia na UTI com pancreatite aguda grave. Foi admitido com dor abdominal de alta intensidade, náuseas e vômitos. O paciente está sedado e entubado. A equipe médica solicitou o início da terapia nutricional. Apresenta peso atual de 75Kg e altura de 1,75m. Amilase: 250mg/dL (até 125mg/dL); Lipase: 100mg/dL (até 50mg/dL). 1) Qual via de alimentação deve ser indicada? 2) Qual o posicionamento da sondanasoenteral? 3) Qual tipo de fórmula enteral indicada? 4) Quais as necessidades nutricionais do paciente? Pancreatite crônica: Doença progressiva, caracterizada por processo fibroinflamatório do parênquima pancreático que resulta em lesão tecidual permanente; Insuficiência pancreática exócrina e endócrina; Emagrecimento, desnutrição, diarreia crônica e diabetes. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Etiologia: Álcool (70 a 80% dos casos); Causas genéticas (fibrose cística); Alterações estruturais (pseudocistos, neoplasias); Pancreatite autoimune; LES. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Fisiopatologia: Hipersecreção intrapancreática de proteínas Plugs proteicos Obstrução de ductos Acúmulo de cálcio com formação de cálculos pancreáticos Obstrução crônica Inflamação OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Sintomas: Dor abdominal (80% dos pacientes): - Principal sintoma; - Localização epigástrica; - Em faixa e de forte intensidade com irradiação para o dorso; - Pode piorar com a ingestão de alimentos e álcool. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Sintomas: Emagrecimento (90% dos pacientes): - Disabsorção de proteínas e gorduras; - Diabetes e dor abdominal. Esteatorreia: - Manifestação tardia (perda de 90% da função exócrina) Diabetes: - Manifestação tardia (lesão de 80% do pâncreas) Diagnóstico: Difícil nos estágios mais precoces – exames laboratoriais e de imagem normais; Calcificações pancreáticas em exames de imagem. Classificação: Calcificante crônica (95% dos casos – etiologia alcoólica); Obstrutiva crônica (obstrução do ducto pancreático – adenocarcinoma); Inflamatória crônica (autoimune). OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016 Avaliação nutricional: Sintomas clínicos - gastrointestinais; Antropometria e composição corporal; Consumo alimentar. 50% dos pacientes apresentam comprometimento do estado nutricional Dor abdominal; Má absorção; Diabetes; Processo inflamatório; Alcoolismo. Má digestão: OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016 Mais de 80% dos pacientes podem ser tratados com suplementação de enzimas e alimentação via oral. Objetivos da terapia nutricional: Controlar a dor; Corrigir a má-absorção; Evitar a perda de peso. PROJETO DIRETRIZES, 2011 Terapia nutricional: Via oral na maioria dos pacientes; Suplementos orais ricos em proteína hidrolisada com TCM, vitaminas lipossolúveis e micronutrientes; Sonda nasoenteral – 5% dos pacientes; Abstinência total do álcool. PROJETO DIRETRIZES, 2011; OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016 Requerimentos nutricionais: Calorias: 30 a 35Kcal/kg/dia; Proteínas: 1,0 a 1,5g/Kg/dia; Carboidratos: 50 a 60% SILVA; MURA, 2016 Risco de síndrome de realimentação: iniciar com 20Kcal/Kg de peso atual/dia e evoluir gradativamente. Requerimentos nutricionais: Lipídios: 30% do VET (se bem tolerado); Esteatorreia e ausência de ganho de peso: até 20% e TCM; Observar necessidade de suplementação de B12, tiamina, cálcio, zinco e magnésio. SILVA; MURA, 2016 Caso clínico pancreatite crônica: Paciente L.M.K., sexo feminino, 58 anos, cabeleireira, internada há 1 dia. Está em dieta zero desde a admissão. Há 3 semanas não está conseguindo de alimentar bem. Refere dor abdominal, náuseas, vômitos pós-prandiais e diarreia aquosa. Relata DM e HAS e diagnóstico de pancreatite crônica há 2 anos. Peso atual: 54,5Kg; peso usual: 58Kg (há 1 mês); estatura: 1,49m. 1) Qual a conduta nutricional a ser realizada durante o internamento hospitalar? 2) Após a alta hospitalar, foi encaminhada ao nutricionista pelo médico gastroenterologista para ajuste do plano alimentar. Nesta situação, qual a conduta nutricional indicada? Referências Bibliográficas: CASTRO et al. Diretriz Brasileira de Terapia Nutricional no Paciente Grave. Braspen, v. 33, p. 2-33, 2018. CUPPARI L. Nutrição Clínica no Adulto. 4ª Edição. São Paulo: Manole, 2019. MAHAN, L.K.; RAYMOND, J.L. Krause – Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 14ª Edição. São Paulo: Elsevier, 2018. McCLAVE, S.A. et al. Guidelines for the Provision and Assessment of Nutrition Support Therapy in the Adult Critically Ill Pacientes: Society of Critical Care Medicine and American Society for Parenteral and Enteral Nutrition. Journal of Parenteral and Enteral Nutrition, v. 40, n.2, 2016. SILVA, S.M.C.S; MURA, J.D.P. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. 3ª Edição. São Paulo: Paya, 2016. OLIVEIRA, A.M; SILVA, F.M; DALL´ALBA, V. Dietoterapia nas Doenças Gastrointestinais do Adulto. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Rubio, 2016.
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